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Como Funciona
Aparelhos, Circuitos e
Componentes Eletrônicos
Volume 11

Newton C. Braga

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São Paulo - Brasil - 2021

Instituto NCB
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Diretor responsável: Newton C. Braga


Coordenação: Renato Paiotti
Impressão: AgBook – Clube de Autores

Nosso Podcast

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos
- Volume 11
Autor: Newton C. Braga
São Paulo - Brasil - 2021
Palavras-chave: Eletrônica – aparelhos eletrônicos –
componentes – física – química – circuitos eletrônicos – como
funciona

Copyright by
INTITUTO NEWTON C BRAGA.
1ª edição

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por


qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos,
fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou
que venham a ser inventados. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou
parcial em qualquer parte da obra em qualquer programa juscibernético
atualmente em uso ou que venha a ser desenvolvido ou implantado no futuro.
Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua
editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e
parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e
multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenização diversas (artigos 122,
123, 124, 126 da Lei nº 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais).

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Índice
APRESENTAÇÃO DA SÉRIE..........................................................9
APRESENTAÇÃO......................................................................11
COMO FUNCIONAM OS ACOPLADORES E CHAVES ÓPTICAS........12
ACOPLADORES ÓPTICOS.........................................................13
CHAVES ÓPTICAS....................................................................17
CARACTERÍSTICAS...................................................................19
CARACTERÍSTICAS GERAIS......................................................22
UTILIZAÇÃO.............................................................................23
CONCLUSÃO............................................................................23
RELÉS DE ESTADO SÓLIDO.......................................................24
TIPOS DE RELÉS DE ESTADO SÓLIDO......................................26
DETECTOR DE PASSAGEM POR ZERO......................................28
SCR E TRIAC COMO RELÉS......................................................29
CIRCUITOS PRÁTICOS COM OPTO-ACOPLADORES...................30
PROTEÇÃO DE ENTRADA.........................................................34
MOC3010/MOC3020................................................................34
CONFIGURAÇÕES COM SEMICONDUTORES COMUNS..............36
CONCLUSÃO............................................................................36
COMO FUNCIONAM OS MOTORES DE PASSO.............................37
O QUE SÃO OS MOTORES DE PASSO?.....................................37
APLICAÇÕES TÍPICAS...............................................................38
TIPOS DE MOTORES DE PASSO................................................40
MODOS DE EXCITAÇÃO:..........................................................42
CONCLUSÃO............................................................................45
COMO FUNCIONAM OS REED-SWITCHES....................................46
COMO USAR UM REED-SWITCH...............................................48
APLICAÇÕES PRÁTICAS............................................................50
Reed-relé....................................................................50
Sensor de corrente.....................................................51
Sensor de proximidade...............................................52
Sensor de posição......................................................53
Chave comutadora.....................................................54
Contador de rotações.................................................54
CONCLUSÃO............................................................................55

5
COMO FUNCIONAM OS SENSORES DE DESLOCAMENTO..............56
SENSORES DE DESLOCAMENTO..............................................56
Potenciométricos........................................................57
Capacitivo..................................................................59
LVDT – Linear Variable Differential Transformer.........62
Transdutores Codificados (CDT).................................63
TIPOS COMERCIAIS..................................................................68
CONCLUSÃO............................................................................69
COMO FUNCIONAM OS SERVOS................................................70
O SERVO BÁSICO.....................................................................70
COMO FUNCIONA....................................................................73
CIRCUITO PRÁTICO.....................................................75
CONCLUSÃO............................................................................78
COMO FUNCIONAM OS MOTORES DE INDUÇÃO..........................79
COMO FUNCIONA....................................................................79
TIPOS......................................................................................84
Tipo A.........................................................................84
Tipo B.........................................................................84
Tipo C.........................................................................84
Tipo D.........................................................................84
PROJETO..................................................................................85
CONCLUSÃO............................................................................85
COMO FUNCIONAM AS CAIXAS DE REDUÇÃO PARA PEQUENOS
MOTORES................................................................................86
REDUTORES COMERCIAIS........................................................91
UTILIZAÇÃO DA CAIXA DE REDUÇÃO.......................................94
CONCLUSÃO............................................................................96
POLIAS E ENGRENAGENS.........................................................97
MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME (M.C.U).............................99
TRANSMISSÃO DO M.C.U.......................................................100
COMO FUNCIONA - PROBLEMAS DE LATÊNCIA EM
MICROCONTROLADORES........................................................103
LATÊNCIA POR SOFTWARE....................................................104
USANDO HARDWARE.............................................................107
IMPORTÂNCIA DE CONHECER LÓGICA DIGITAL......................108
COMO FUNCIONA A CRIPTOGRAFIA QUÂNTICA........................109
COMO FUNCIONAM OS MOTORES ELÉTRICOS – TODOS OS TIPOS
............................................................................................112

6
FUNDAMENTOS.....................................................................112
MOTOR DC COM ESCOVAS....................................................116
PERDAS NOS MOTORES DC...................................................122
Perdas nos enrolamentos.........................................123
Perdas pelos contatos..............................................123
Perdas no Ferro........................................................124
Perdas por Fricção....................................................124
Perdas por Curto-Circuito.........................................124
OUTRAS PERDAS...................................................................125
Ripple de Torque......................................................125
Desmagnetização.....................................................126
Ressonância Mecânica.............................................127
Contra - FEM Induzida..............................................127
Motores sem Escovas...............................................128
O MOTOR TRAPEZOIDAL........................................................132
O MOTOR SENOIDAL..............................................................134
TORQUE CONSTANTE............................................................134
SERVOS HÍBRIDOS.................................................................135
MOTORES DE ACIONAMENTO DIRETO...................................137
CONCLUSÃO..........................................................................138
COMO FUNCIONAM OS DIVERSOS TIPOS DE MICROFONES.......139
TIPOS DE MICROFONES.........................................................140
Microfone de carvão.................................................140
Microfones de cristal................................................141
MICROFONE DINÂMICO..........................................................142
Microfones de eletreto..............................................144
Outros tipos..............................................................146
CARACTERÍSTICAS DOS MICROFONES...................................147
Impedância..............................................................147
Sensibilidade............................................................147
Curva de Resposta...................................................148
Curva de Diretividade...............................................149
CONCLUSÃO..........................................................................150
COMO FUNCIONA A CAIXA PRETA..........................................151
SENSORES ULTRASSÔNICOS..................................................153
COMO FUNCIONA..................................................................153
TIPOS DE SENSORES.............................................................157
CUIDADOS NO USO...............................................................158
Reflexões indevidas.................................................158
Região limite............................................................159

7
Características direcionais........................................160
Utilização de cornetas..............................................160
O fenômeno da Reverberação..................................161
Uso Correto..............................................................162
CONCLUSÃO..........................................................................163
METAMATERIAIS - NOVAS PERSPECTIVAS PARA A ELETRÔNICA 164
O QUE SÃO OS METAMATERIAIS............................................164
UM PASSO ALÉM....................................................................167
CRIANDO OS PRIMEIROS METAMATERIAIS.............................168
APLICAÇÕES NO FUTURO......................................................170
OUTROS MAIS DE 160 LIVROS DE ELETRÔNICA E TECNOLOGIA DO
INCB.....................................................................................171

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NEWTON C. BRAGA

APRESENTAÇÃO DA SÉRIE
Esta é uma série de livros que levamos aos nossos leitores
sob patrocínio da Mouser Electronics (www.mouser.com). Os
livros são baseados nos artigos que ao longo de nossa carreira
como escritor técnico publicamos em diversas revistas, livros e no
nosso site. São artigos que representam 50 anos de evolução das
tecnologias eletrônicas e, portanto, têm diversos graus de
atualidade. Os mais antigos foram analisados com eventuais
atualizações. Outros pela sua finalidade didática, tratando de
tecnologias antigas e mesmo de ciência não foram muito
alterados a não ser pela linguagem que sofreu modificações. Os
livros da série consistirão numa excelente fonte de informações
para nossos leitores.
Os artigos têm diversos níveis de abordagem, indo dos
mais simples que são indicados para os que gostam de
tecnologia, mas que não possuem uma fundamentação teórica
forte ou ainda não são do ramo. Neles abordamos o
funcionamento de aparelhos de uso comum como
eletroeletrônicos, não nos aprofundando em detalhes técnicos
que exijam conhecimento de teorias que são dadas nos cursos
técnicos ou de engenharia.
Outros tratam de componentes, ideais para os que
gostam de eletrônica e já possuem uma fundamentação quer seja
estudando ou praticando com as montagens que descrevemos
em nossos artigos. Estes já exigem um pequeno conhecimento
básico da eletrônica. Estes artigos também vão ser uma
excelente fonte de consulta para professores que desejam
preparar suas aulas.
Temos ainda os artigos teóricos que tratam de circuitos e
tecnologias de uma forma mais profunda com a abordagem de
instrumentação e exigindo uma fundamentação técnica mais alta.
São indicados aos técnicos com maior experiência, engenheiros e
professores.
Também lembramos que no formato virtual o livro conta
com links importantes, vídeos e até mesmo pode passar por
atualizações on-line que faremos sempre que julgarmos
necessário.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Trata-se de mais um livro que certamente será importante


na sua biblioteca de consulta, devendo ser carregado no seu
tablete, laptop ou celular para consulta imediata.
Os livros podem ser baixados gratuitamente no nosso site
e um link será dado para os que desejarem ter a versão impressa
pagando apenas pela impressão e frete.

Newton C. Braga

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NEWTON C. BRAGA

APRESENTAÇÃO
Saber como funcionam componentes, circuitos e
equipamentos eletrônicos é fundamental não apenas para os
profissionais da eletrônica que usam de forma prática a
tecnologia em seu dia a dia como também para aqueles que não
sendo técnicos, mas possuindo certo conhecimento, precisam
conhecer o funcionamento básico das coisas.
São os profissionais de outras áreas que, para usar melhor
equipamentos e tecnologias precisam ter um conhecimento
básico que os ajude.
Assim, tratando de conceitos básicos sobre componentes e
circuitos neste primeiro volume e depois de equipamentos
prontos num segundo, levamos ao leitor algo muito importante
que já se tornou relevante em recente estudo feito por
profissionais.
A maior parte dos acidentes que ocorrem com o uso de
equipamentos de novas tecnologias ocorre com pessoas que não
tem um mínimo de conhecimento sobre o seu princípio de
funcionamento.
A finalidade deste livro não é, portanto, ajudar apenas os
estudantes, professores e profissionais, mas também os que
usam tecnologia no dia a dia e desejam saber um pouco mais
para melhor aproveitá-la e não cometer erros que podem
comprometer a integridade de seus equipamentos e até causar
acidentes graves.

Nota importante: componentes


básicos como os resistores,
capacitores, indutores,
transformadores, diodos, transistores,
também têm a seu princípio de
funcionamento explicado na nossa
série de livros “Curso de Eletrônica”.
Neste livro, abordamos alguns
componentes que especificamente
têm explicações mais detalhadas do
que as encontradas naquelas
publicações.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

COMO FUNCIONAM OS ACOPLADORES


E CHAVES ÓPTICAS
Os componentes de optoeletrônica são de grande
importância nas aplicações modernas. A luz permite o isolamento
entre componente e é o meio mais rápido de comunicações que
existe. Porque não a utilizar em dispositivos que podem ser úteis,
eficientes extremamente rápidos. Atualmente, nas aplicações de
controle e transmissão de informações os dois tipos mais
importantes de dispositivos usados são os acopladores e as
chaves ópticas. É de seus princípios de funcionamento e
características que trataremos neste artigo.
Dispositivos que envolvem o uso da luz como meio de
transmissão de sinais de controle e informações são bastante
comuns nas aplicações modernas e podem ser encontrados em
inúmeras versões.
Basicamente um dispositivo desta família de componentes
consiste num emissor de luz (um LED infravermelho, por
exemplo) e um receptor que, dependendo da aplicação do
dispositivo pode ser um fotodiodo, fototransistor, fotodiac, foto-
disparador etc. Na figura 1 mostramos o princípio básico de
operação desses dispositivos.

Em (a) temos um acoplador óptico e em (b) uma chave


óptica. Esses dispositivos se diferenciam pela sua forma de uso.
Analisemos os principais casos.

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NEWTON C. BRAGA

ACOPLADORES ÓPTICOS
Num acoplador óptico temos um LED emissor e um
elemento sensor encerrados num mesmo invólucro hermético que
não pode receber luz externa, conforme mostra a figura 2.

Quando o LED recebe um sinal elétrico ele o transforma


em luz, transferindo então pelo espaço para o foto-sensor. Como
esses elementos não mantém contacto elétrico o isolamento
entre o emissor e o sensor é enorme, alcançando tensões de 7
000 V ou mais para os tipos comuns, com uma resistência
praticamente infinita.
Os acopladores ópticos podem ser usados de duas
maneiras: linear e digital. Essas maneiras vão determinar o tipo
de dispositivo sensor e a configuração do circuito externo. Na
aplicação linear ou analógica, o sinal a ser transferido do LED
para o sensor deve manter sua forma de onda e fase. É o caso de
um sistema de isolamento de sinais num modem em que os sinais
não devem ter deformações, conforme mostra a figura 3.
Veja que neste caso, o elemento usado como sensor deve
ter características lineares de resposta para o sinal luminoso que
será modulado. Fotodiodos e fototransistores são os indicados
para aplicações em altas e médias frequências. Para baixas
frequências, obtendo-se maior sensibilidade podem ser usados
foto-Darlingtons.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Na figura 4 mostramos alguns tipos de acopladores ópticos


que fazem uso desses elementos.

Veja que, para obter resposta a sinais de corrente


alternada, podemos ter num mesmo acoplador dois LEDs ligados
em paralelo, mas com polaridades invertidas. Isso permite que o
circuito responda aos dois semiciclos do sinal transferido.
Observe, entretanto, que a luz modulada resultante de um sinal
alternado que module os LEDs não tem polaridade.

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NEWTON C. BRAGA

Na aplicação digital, o pulso de luz que o LED produz ao


receber o comando externo representa um bit ou então
simplesmente uma mudança do nível lógico que vai controlar um
circuito externo, conforme mostra a figura 5.

Podemos usar acopladores com fotodiodos e


fototransistores para esta aplicação, desde que sejam utilizados
circuitos de disparo apropriados em sua saída, conforme mostra a
figura 6.

Comparadores de tensão, portas digitais e mesmo


amplificadores operacionais com alto ganho (configurados como
comparadores), etc. podem ser usados. No entanto, existem
acopladores ópticos indicados para esta finalidade que já

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

possuem em seu interior dispositivos foto-sensores com


características de disparo rápido, conforme mostra a figura 7.

Assim, em (a) temos um acoplador óptico que utiliza um


fotodiac, elemento ideal para o disparo de triacs em controle de
potência. Quando o LED ilumina o fotodiac, suas características
de disparo fazem com que o TRIAC seja ativado (ligado)
conduzindo assim a corrente para o circuito de carga.
Em (b) temos um Opto-Disparador tipo NAND que tem
características acentuadas de histerese, fornecendo assim um
sinal retangular de saída ao comando do LED. Trata-se de
dispositivo ideal para o comando de circuitos lógicos ou
transferência de pulsos digitais.
Nas aplicações de controle, podemos ter os acopladores
ópticos diretamente ligados a dispositivos de potência como
SCRs, TRIACs, IGBTs e Power-MOSFETs, formando assim relés de
estado sólido, como o mostrado na figura 8.

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NEWTON C. BRAGA

Uma pequena corrente, suficiente para ativar o LED


interno do acoplador pode ser usada para controlar cargas de alta
corrente, graças ao circuito adicional no foto-receptor.
As características de isolamento e velocidade de
respostas, sem a necessidade de se utilizar dispositivos
mecânicos, tornam os relés de estado sólido os preferidos na
maioria das aplicações modernas.

CHAVES ÓPTICAS
As chaves ópticas são diferentes dos acopladores ópticos
no sentido de que seu acionamento é feito por algum tipo de
objeto que se interpõe ao feixe de luz que vai do elemento
transmissor (LED) ao elemento receptor (que pode variar
conforme a aplicação).
Na figura 9 temos a estrutura típica de uma chave óptica
que encontra uma enorme gama de aplicações em sistemas de
controle.

A luz do elemento emissor (LED) incide no elemento


sensor através de uma abertura. Quando um objeto interrompe o
feixe de luz fenda, um sinal de comando é produzido no sensor.
Numa primeira aplicação a chave óptica é usada para
detectar a posição de peças móveis, conforme mostra a figura 10.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Quando a abertura passa pela fenda, a luz incide num


elemento sensor, produzindo o sinal de comando. Na figura 11
temos uma outra aplicação em que a passagem dos dentes de
uma engrenagem pela fenda produz uma sequência de pulsos,
cuja velocidade serve tanto para determinar a velocidade (rpm)
como a posição dessa engrenagem.

Uma aplicação importante das chaves ópticas é nos


encoders, como o mostrado na figura 12.

A passagem das áreas claras e escuras de um disco


plástico na fenda da chave óptica produz pulsos que servem para

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NEWTON C. BRAGA

controle do dispositivo em que o disco está acoplado. Neste caso


temos o que se denomina “encoder incremental”, já que temos
apenas pulsos únicos sendo produzidos em qualquer sentido de
rotação. O circuito de controle faz a contagem dos pulsos
produzidos para determinar a posição ou velocidade da peça que
comanda o movimento do disco. Uma variação deste tipo de
chave óptica é usada no “encoder absoluto” que tem a
configuração mostrada na figura 13.

Nele temos diversos emissores e receptores (normalmente


8) que “leem” as informações correspondentes às diversas
carreiras de claros e escuros. Dessa forma, eles podem fornecer
uma informação paralela que corresponde digitalmente à posição
em que o disco e, portanto, a peça a ele acoplada se encontra.
A grande vantagem desse tipo de encoder é que ele
permite determinar a posição exata da peça quando o circuito é
ligado e pode detectar seu movimento em qualquer sentido.

CARACTERÍSTICAS
Para os profissionais que trabalham com acopladores
ópticos e chaves ópticas é importante saber interpretar as suas
características elétricas e gerais. Assim, separamos essas
características em três grupos: do emissor, do receptor e gerais.

As características do emissor são:


a) Corrente no LED para excitação
Essa corrente depende do tipo. Nos tipos para aplicações
lineares, evidentemente o que se tem é uma corrente máxima
com valores que determinam a faixa de modulação.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Nos comutadores, entretanto, como os dotados de opto-


diacs, podemos ter famílias de dispositivos com diversas
correntes mínimas exigidas para o disparo. Um exemplo disso é
dado pelos conhecidos acopladores ópticos da série MOC3009,
3010, 3011 3 3012, cuja configuração é mostrada na figura 14.

Assim, as correntes de disparo exigidas para travar a saída


(latch) são diferentes conforme a tabela abaixo:

Tipo Corrente típica de disparo Corrente máxima de Unidade


(LED) disparo (LED)
MOC3009 18 30 mA
MOC3010 8 15 mA
MOC3011 5 10 mA
MOC3012 3 5 mA

A corrente máxima admitida para os LEDs desse acoplador


óptico é 60 mA.

b) Tensão inversa máxima no LED


É a tensão máxima que pode ser aplicada no LED quando
polarizado no sentido inverso. É preciso tomar cuidado com essas
características, pois se trata de valores baixos. Assim, para os
dispositivos da série MOC essa tensão é de apenas 3 volts. A
proteção do LED com diodos paralelos - inversos, como mostra a
figura 15 é uma boa prática.

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NEWTON C. BRAGA

c) Tensão direta no LED


É a tensão mínima que, aplicada ao LED o torna condutor
e, portanto, provoca a emissão de luz. Para os tipos comuns essa
tensão está na faixa de 1,2 V a 1,5 V.

Características do receptor:

a) Foto diodos e fototransistores


Para os foto diodos e foto transistor temos a corrente
máxima que eles fornecem quando excitados. Para os
fototransistores poderemos ter famílias de curvas como as
mostradas na figura 16.

Os foto-Darlingtons têm a vantagem de fornecer correntes


de saída bem maiores que os fototransistores e foto diodos
comuns. A grande vantagem dos fotodiodos é a velocidade mais
rápida.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

A dissipação do fototransistor ou fotodiodo também é


importante pois ela vai influir na dissipação total do dispositivo.
Ela será dada em mW a uma temperatura ambiente
(normalmente 20 °C) e um fator de degradação que indica de
quanto ela diminui para cada grau de temperatura acima do valor
tomado como referência.

b) Foto diacs
Para os acopladores com fotodiacs duas são as
características que normalmente são especificadas. A primeira é a
corrente de pico do diac quando ele dispara. Essa corrente é
importante pois ela deve ser intensa o suficiente para disparar o
TRIAC externo. Os tipos da série MOC, por exemplo, possuem
correntes de pico de 1 A, o que é mais do que suficiente para
disparar a maioria dos TRIACs comuns
Também neste caso, como segunda característica
importante temos a dissipação máxima do componente, dada em
mW para uma temperatura de referência e um fator de
degradação para cada grau centígrado de elevação.

c) Circuitos disparadores
Para os circuitos disparadores temos informações sobre
sua compatibilidade com lógica TTL e CMOS, velocidade máxima,
e tensão máxima de alimentação.

CARACTERÍSTICAS GERAIS
A característica geral mais importante de um isolador
óptico é a tensão de isolamento. Normalmente especifica-se o
pico de tensão máxima que pode aparecer entre qualquer ponto
do receptor e o do emissor suportado pelo dispositivo. Os tipos
comuns podem ter tensões de isolamento de 5000 a 8000 V
tipicamente.
Também é dada como característica geral do dispositivo, a
dissipação máxima, que é a soma da dissipação máxima do
emissor e do receptor, em mW à temperatura ambiente, com um
fator de degradação.

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NEWTON C. BRAGA

UTILIZAÇÃO
A maioria dos isoladores ópticos e das chaves ópticas é
fornecida em invólucros DIL e SMD de fácil utilização. Seu
tamanho reduzido permite uma instalação fácil em qualquer placa
de circuito impresso.
No entanto, ao usar um isolador óptico ou uma chave
óptica o projetista deve estar atento para suas características na
aplicação específica.
De um modo geral podemos dar as seguintes
recomendações:

Aplicação Tipo Recomendado – Receptor


Sinais Analógicos de Baixa Foto transistor ou toto-Darlington
Frequência
Sinais Analógicos de Média Fotodiodo ou fototransistor
Frequência
Sinais Analógicos e Digitais de Fotodiodo
Altas Frequências
Sinais de Controle para SCRs e Foto-Darlington, Fototransistor, fotodiac ou
TRIACS foto-SCR
Sinais Digitais Fotodiodo, fototransistor ou foto-disparador
Controle digital Fototransistor ou foto-disparador

CONCLUSÃO
Acopladores e Chaves ópticas podem ser usados numa
infinidade de aplicações em que se exija transferência de sinais
entre circuitos de forma isolada.
A segurança da transferência óptica garante a integridade
dos equipamentos e de quem o manuseia.
O uso de chaves e acopladores ópticos como relés de
estado sólido é outra opção que deve ser levada em conta ao se
analisar esses componentes. Enfim, o leitor projetista deve estar
atento às características desses componentes de baixo custo,
eficientes e fáceis de obter ao pensar num novo projeto.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

RELÉS DE ESTADO SÓLIDO


Componentes semicondutores capazes de manusear
correntes elevadas a partir de pequenos sinais; componentes de
alta potência sensíveis à luz podem resultar em excelentes
opções de relés que substituem as versões tradicionais
mecânicas. Os relés de estado sólido, por suas vantagens, são
cada vez mais utilizados aparecendo em configurações as mais
diversas. Veja neste o que são os relés de estado sólido e onde
eles são utilizados.
Os Relés de Estado Sólido, ou se adotarmos o nome em
inglês Solid-State Relay com a sigla SSR são dispositivos
semicondutores que têm as mesmas funções dos relés mecânicos
convencionais: comutar circuitos de potências elevadas a partir
de sinais de pequenas intensidades, conforme mostra a figura 1.

Os relés de estado sólido derivam dos conhecidos


optoacopladores ou “opto-couplers” (ver artigo anterior) que
consistem num emissor de luz (normalmente um LED
infravermelho) e um foto sensor que pode ser um fototransistor,
fotodiac, fotodiodo, ou qualquer outro dispositivos sensível à luz.
Originalmente usados para transferir sinais, os opto-acopladores
podem também ser usados para comutar cargas e daí temos o
que se denomina de relé de estado sólido.
No tipo comum de relé de estado sólido a bobina é
substituída por um foto-emissor, normalmente um LED
infravermelho e os contatos são substituídos por um dispositivo
semicondutor sensível à luz como um fototransistor, fotodiodo,
fotodiac etc.

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NEWTON C. BRAGA

O elemento sensível pode então ser usado para comutar


um dispositivo de maior potência como, por exemplo, um TRIAC,
um SCR ou mesmo MOSFET de potência, conforme mostra a
figura 2.

Os relés de estado sólido possuem características elétricas


importantes dada tanto à velocidade de comutação como
também ao isolamento, mas também possuem desvantagens.
Assim, se compararmos os relés de estado sólido com os relés
mecânicos tradicionais veremos que os primeiros têm as
seguintes vantagens:
 Não possuem partes móveis
 Não existem contatos que podem provocar arcos
 Não existem materiais que se desgastam com o uso
 Não existe o problema do repique dos contatos (bouncing)
 Não existe ruído acústico
 Não há produção de EMI na comutação
 A velocidade de comutação é maior
 A vida útil é maior
 Possuem uma faixa de tensões e correntes de operação maior

No entanto, também existem as desvantagens a serem


consideradas como:
 O circuito de saída é sensível podendo ser danificado por
sobretensões
 A saída precisa de uma tensão e corrente mínima para operar
 Em alguns casos podem ser mais caros que os relés
convencionais
 Normalmente está restrito à operação com um único polo
 A resistência ON é maior do que a dos relés convencionais
 A capacitância de saída é maior
 É mais sensível a transientes
 Há aquecimento quando correntes elevadas são controladas

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

 A corrente de fuga no estado OFF é maior

No uso dos relés de estado sólido, devido às suas


características é preciso tomar cuidado quando certos tipos de
carga são comutados. Isso é válido para cargas indutivas, quando
existe o perigo de correntes e tensões de surto serem produzidas
no circuito comutado ou ainda quando cargas dinâmicas tais
como motores e solenoides são controladas. Também é preciso
tomar cuidado quando lâmpadas incandescentes e elementos de
aquecimento são controlados devido à menor corrente inicial,
quando estão ainda frios. O uso com lâmpadas de mercúrio,
fluorescentes e outros circuitos chaveados com altas indutâncias
devem ser evitados.

TIPOS DE RELÉS DE ESTADO SÓLIDO


Existem basicamente dois tipos de relés de estado sólido
que são especificados de acordo com a aplicação.

a) Relés pequenos para DC


Os relés de pequena corrente para DC normalmente são
fornecidos em invólucros DIP de 6 pinos, conforme o mostrado na
figura 3.

Nesses relés temos como emissor um LED infravermelho e


a saída é tipicamente acoplada a um transistor de potência ou
outro dispositivo semicondutor, conforme mostra a figura 4.

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NEWTON C. BRAGA

Existem casos em que o elemento de potência já está


embutido no próprio relé, não havendo assim a necessidade de
elementos externos de controle. Nos circuitos em que a saída
contém um MOSFET a resistência no estado ON pode ser da
ordem de 10 ohms ou menor. As tensões de saída podem chegar
aos 200 ou 300 V e as correntes entre 100 e 200 mA DC. Como o
emissor e o receptor são acoplados opticamente a resistência de
isolamento é extremamente elevada chegando a mais de 500 M
ohms com tensões da ordem de 2 000 Volts ou mais.

b) Relés AC para Controle de Energia a Partir da Rede


Os relés de estado sólido para aplicações em AC
normalmente possuem opto-diacs para serem ligados a um TRIAC
externo. Na figura 5 temos um dispositivo desse tipo. Em alguns
casos, o TRIAC já pode estar embutido no próprio dispositivo.

A etapa de saída quando possui um TRIAC embutido


normalmente pode manusear tensões de 24 a 250 V com
correntes da ordem de 1 a 4 ampères. Nos tipos em que existe o
TRIAC embutido deve ser levada em conta que existe uma queda
de tensão de 1 a 1,5 V nesse componente quando em condução.
Esse fato é importante para se determina o calor gerado no
dispositivo ao controlar uma carga. Para efeitos de cálculo pode-

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

se considerar uma potência de 1,2 W para cada ampère de


corrente conduzida.
A tensão de controle para esses relés varia tipicamente
entre 3 e 30 V dependendo dessa tensão a escolha do resistor
limitador de corrente, conforme mostra a figura 6.

A corrente de acionamento está entre 8 e 16 mA,


tipicamente. Da mesma forma que nos relés DC, como o
acoplamento entre o emissor e o receptor é feito por luz, temos
uma tensão de isolamento extremamente alta que pode ser da
ordem de 2 000 volts ou mais.

DETECTOR DE PASSAGEM POR ZERO


Quando se trabalha com controles de potência ligados à
rede de energia (AC), um fator importante no projeto é o instante
em que a tensão passa por zero. Trata-se do ponto de “zero
crossing” ou cruzamento por zero, mostrado na figura 7.

A detecção desse instante é importante porque ele serve


de referência para a medida do ângulo de retardo ou ângulo de

28
NEWTON C. BRAGA

fase para o disparo para o TRIAC ou outro elemento de controle.


Os relés mecânicos não conseguem fazer essa detecção, mas
para um relé de estado sólido isso é perfeitamente possível,
conforme mostra o simples circuito da figura 8.

SCR E TRIAC COMO RELÉS


Os SCRs e TRIACs podem ser usados como relés
controlando correntes alternadas mais intensas a partir de
acopladores que possuam os elementos apropriados
internamente ou diretamente a partir de sinais aplicados a suas
comportas (gates). Para o caso dos SCRs como eles conduzem a
corrente num único sentido temos de usar um artifício para o
controle dos dois semiciclos. Assim, na figura 9 temos um circuito
de relé semicondutor usando um SCR na configuração de meia
onda e outro de onda completa.

Para o caso do TRIAC temos um circuito de aplicação típico


mostrado na figura 10.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

O tempo de comutação do circuito com triac é


extremamente rápido, menor do que microssegundos para cargas
AC comuns. O valor de R1 deve ser calculado de tal forma a se
obter a corrente de disparo do TRIAC no início do semiciclo. O
TRIAC usado neste circuito deve ter uma tensão de pico de pelo
menos 200 V se a rede for de 110 V e pelo menos 350 V se a rede
for de 220 V.

CIRCUITOS PRÁTICOS COM OPTO-


ACOPLADORES
No circuito anterior não existe um isolamento do
componente controlado do circuito de controle, como ocorre com
um relé comum.
Para obtermos esse isolamento é importante o uso do
optoacoplador.
Assim, um primeiro cuidado para se projetar um relé de
estado sólido é saber como o optoacoplador deve ser excitado. A
configuração mais simples para essa excitação é a mostrada na
figura 11.

30
NEWTON C. BRAGA

Levando em conta que a queda de tensão no LED emissor


interno é da ordem de 1,5 V, o resistor R1 é calculado pela
seguinte fórmula:

R1 = (V – 1,5)/I

Onde:
R1 é o valor de R1 em ohms
V é a tensão de entrada
I é a corrente necessária à excitação do fotossensor do
opto acoplador

Veja que nesta aplicação é preciso que o sinal de controle


(V) seja fixo, já que uma variação muito grande pode implicar na
não excitação do relé ou ainda numa sobrecarga do LED emissor.
O ideal, para permitir que o emissor trabalhe com uma faixa mais
ampla de tensões de entrada consiste em se ter um circuito
excitador que forneça uma corrente constante. Para isso existem
diversas possibilidades.
A primeira possibilidade é a mostrada na figura 12 e faz
uso de um transistor NPN de uso geral como o BC548.

Neste circuito o resistor R2 determina a intensidade da


corrente, o que significa que seu valor deve ser determinado a
partir das características do emissor do optoacoplador. R2 é
calculado pela seguinte fórmula:

R2 = 0,7/I

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Onde:
R2 é a resistência em ohms deste componente
I é a intensidade da corrente no LED emissor

Uma outra configuração de fonte de corrente constante


usando um transistor bipolar é mostrada na figura 13.

O resistor R2, que determina a intensidade da corrente no


emissor é calculado da mesma forma que no caso anterior. Uma
vantagem deste circuito é que ele pode ser usado com tensões de
entrada que variam entre 3 e 30 V. Uma outra forma de se obter
uma corrente constante para o LED emissor é usando um
regulador fixo de tensão como o 7805 ou 7806, conforme mostra
a figura 14.

32
NEWTON C. BRAGA

Neste circuito o resistor R1 é calculado para fornecer, com


a tensão de saída do regulador, a corrente que o LED emissor
precisa para excitar o receptor. A tensão de entrada estará entre
2 V a mais que a tensão de saída do regulador e tipicamente 30
V. Observamos que nesse cálculo deve ser considerada a queda
de tensão de 1,3 a 1,5 V que ocorre no LED emissor. Assim a
fórmula para o cálculo de R será:

R = (Vs – 1,5)/I

Onde:
R é o valor do resistor limitador em ohms
Vs é a tensão de saída do regulador de tensão em volts
I é a corrente de excitação do LED em ampères

No entanto, com um regulador ajustável de tensão,


podemos elaborar uma fonte de corrente constante para o LED
excitador com mais facilidade e precisão, conforme mostra a
figura 15.

Neste circuito, o valor de R é dado por:

R = 1,2/I

Onde:
R é o resistor limitador em ohms
I é a corrente desejada no LED emissor em ampères

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Podem ser usadas versões do LM317 ou LM350 de menor


dissipação (200 mA) em invólucros TO-54.

PROTEÇÃO DE ENTRADA
Um fator importante para se garantir a integridade dos
opto-acopladores quando usados como relés de estado sólido é
evitar a inversão da polaridade do sinal de entrada. Se o LED de
um opto acoplador for submetido a uma tensão inversa de mais
de 3 V ele pode queimar-se. Para isso, é sempre interessante
utilizar um circuito de proteção que pode ser um diodo invertido,
em paralelo, conforme mostra a figura 16.

Diodos de uso geral como o 1N4148, 1N914 ou mesmo


diodos retificadores como o 1N4002, 1N4004 servem para esta
finalidade.

MOC3010/MOC3020
Dois opto-acopladores especialmente indicados para
aplicações como relés de estado sólido comutando diretamente
TRIACs de alta potência são os MOC3010 e MOC3020. O MOC3010
é indicado para aplicações na rede de 110 V ao mesmo tempo em
que o MOC3020 para a rede de 220 V. Esses componentes, cuja
pinagem e circuito equivalentes são mostrados na figura 17
possuem algumas variações (3009, 3011, 3012, 3021, 3022,
3023) que se diferenciam apenas pela corrente no LED para a
excitação.

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NEWTON C. BRAGA

Conforme podemos ver, esses componentes possuem


opto-diacs que são disparados diretamente pela luz emitida pelo
LED infravermelho. O MOC3010 precisa de uma corrente de 8 mA
para produzir o disparo (os de números mais altos são maios
sensíveis, chegando a 3 mA para o MOC3012). Para o MOC3020 a
corrente é 15 mA (o 3021 tem uma corrente de 8 mA). Para o
MOC3010 e para o MOC3020 temos o circuito típico para cargas
não indutivas mostrados na figura 18.

Os valores entre parênteses são para o caso do MOC3020.


Se a carga for indutiva deve ser usado o circuito da figura 19.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Os leitores interessados podem obter mais informações


sobre esses componentes no site da Motorola.

CONFIGURAÇÕES COM SEMICONDUTORES


COMUNS
Opto-isoladores como o 4N27 que usa em seu interior
como elemento receptor um transistor comum, também podem
ser usados em relés de estado sólido. Na figura 20 temos um
circuito típico em que um BC547 é usado para amplificar o sinal
do fototransistor e disparar um TRIAC ligado na rede de 220 V.

Veja que este circuito precisa de uma alimentação auxiliar


de 9 V para alimentar o circuito excitador. O circuito precisa de
uma corrente da ordem de 60 mA para disparar o TRIAC.

CONCLUSÃO
Os relés de estado sólido estão em uso cada vez mais
frequente nos equipamentos industriais e de todos os tipos,
principalmente em shields para microcontroladores. Conhecendo
suas configurações básicas o profissional não só pode saber como
fazer o diagnóstico de seus circuitos como também projetar um
relé para uma aplicação mais específica. Mais do que isso, o
profissional será capaz de substituir um relé convencional por um
relé de estado sólido com vantagens quando isso for possível. O
que vimos neste artigo é apenas um pouco das configurações
possíveis com que esses úteis relés podem ser encontrados. O
leitor deve se manter atento à novos artigos que abordam
configurações de relés de estado sólido.

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NEWTON C. BRAGA

COMO FUNCIONAM OS MOTORES DE


PASSO
Os motores de passo são usados numa infinidade de
equipamentos modernos, tais como: impressoras, scanners,
drives de disquetes em computadores, automatismos diversos,
robótica e mecatrônica. Conhecer o funcionamento destes
motores é de vital importância para qualquer profissional da
Eletrônica em nossos dias. Neste artigo abordamos alguns
fundamentos relevantes do funcionamento dos motores de passo.

O QUE SÃO OS MOTORES DE PASSO?


Podemos dizer que os motores de passo, assim como os
motores comuns, são dispositivos que convertem energia elétrica
em energia mecânica disponível na forma de torque.
No entanto, os motores de passo possuem algumas
características próprias que os diferencia dos motores comuns, a
saber:
a) os motores de passo funcionam como dispositivos
posicionadores, pois podem parar numa posição perfeitamente
controlada.
b) os motores de passo também podem funcionar como
motores de velocidade perfeitamente controlada, sendo
energizados numa determinada ordem.

Estas características são ainda acrescidas a outras que os


tornam ideais para aplicações em informática, eletrônica
industrial e de controle, robótica e mecatrônica:
a) Eles podem ter seu eixo posicionado em um ângulo
proporcional ao número de impulsos de entrada.
b) Os erros que ocorrem no posicionamento do seu eixo
são muito pequenos e não são cumulativos. Um motor de passo
pode ser posicionado com uma precisão de 1 milésimo de radiano
tipicamente, conforme sugere a figura 1.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

c) O controle sem realimentação (open loop) é possível


devido ao uso de sinais digitais para esta finalidade.

d) As respostas à partida, à parada e a reversão são muito


rápidas.

Tudo isso torna o motor de passo um elemento sem


equivalente em diversas aplicações.

APLICAÇÕES TÍPICAS
Na figura 2 temos uma aplicação industrial de um motor
de passo, que consiste numa bomba de líquido, com fluxo
constante.

38
NEWTON C. BRAGA

O motor de passo é controlado por um circuito processador


que recebe informações sobre o fluxo de líquido mantendo-o
desta forma constante. Na figura 3 mostramos a aplicação do
motor de passo no posicionamento da cabeça de leitura e
gravação de um drive de disco flexível.

Outra aplicação importante é ilustrada na figura 4, onde o


motor de passo é usado tanto para posicionar o papel,
avançando-o ou recuando, como também para movimentar com
precisão a cabeça de impressão sobre o papel.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Em robótica e mecatrônica o motor de passo pode ser


empregado em precisos controles de movimento com a estrutura
em blocos mostrada na figura 5.

TIPOS DE MOTORES DE PASSO


Existem três tipos básicos de motores de passo, que são:
 Relutância variável
 Imã permanente
 Híbrido

Analisemos as principais características de cada um.

a) Relutância variável:
Na figura 6 temos uma vista em corte da construção de
um motor de passo de relutância variável.
Conforme podemos ver, é a ação das bobinas criando
campos que posiciona os dentes de material ferromagnético
acoplados a um eixo móvel. O rotor multipolo deste motor é feito
de ferro macio, ao mesmo tempo em que o estator é
multilaminado.
O rotor deste tipo possui uma inércia pequena.

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NEWTON C. BRAGA

b) Imã permanente:
Na figura 7 temos uma vista em corte de um motor deste
tipo.

Este motor gira quando o campo magnético das bobinas


energizadas interage com um conjunto de ímãs permanentes.
O rotor é energizado radialmente.
Este tipo de motor é indicado para aplicações onde não se
exige precisão, e o custo seja importante já que tem um preço

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

baixo. Outra característica é sua operação com ângulos de passo


grandes, entre 45 e 90 graus.

c) Híbridos
Estes motores têm a construção do tipo visto na figura 8.

O rotor é energizado axialmente. Tanto o rotor como o


estator são do multipolares. A principal vantagem deste motor é a
sua precisão com passos de 1,8 graus nos tipos mais comuns, e
chegando mesmo a 0,36 graus nos tipos de maior precisão.

MODOS DE EXCITAÇÃO:
Os motores de passo são formados por 4 bobinas que
devem ser excitadas numa certa ordem, ou ainda de acordo com
o posicionamento desejado.
A configuração típica destas bobinas é apresentada na
figura 9 onde também vemos os modos de ligação mais comuns,
que são o unipolar e o bipolar.

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NEWTON C. BRAGA

A excitação de fase destas bobinas depende da aplicação


e pode ser feita das seguintes maneiras:

a) Uma fase ou onda (wave)


Nesta excitação cada bobina é energizada separadamente
em sequência de acordo com o movimento de posicionamento do
rotor, conforme mostra a figura 10.

b) Duas fases
Nesta modalidade de operação, exemplificada na figura
11, as bobinas são energizadas duas a duas de modo que o rotor
possa parar em posições intermediárias dadas pela resultante das
forças de atração entre as bobinas.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

c) Uma-Duas fases
Nesta modalidade de funcionamento, uma e duas fases
são excitadas alternadamente levando o rotor ao movimento ou
posição desejada, veja a figura 12.

d) Duas fases ou micro passo


Nesta modalidade temos a aplicação de níveis de tensão
diferenciados na bobina, o que permite o posicionamento do rotor
em pontos intermediários aos polos das bobinas energizadas, veja
a figura 13.

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NEWTON C. BRAGA

O escalonamento das tensões aplicadas às bobinas vai


determinar quantos pontos intermediários entre dois passos (90
graus) podem ser obtidos.

CONCLUSÃO
A escolha do tipo e do modo de operação depende da
aplicação. Assim, para saber usar corretamente um motor de
passo existem outras informações importantes que serão
abordadas oportunamente em novos artigos.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

COMO FUNCIONAM OS REED-SWITCHES


Um componente de grande utilidade que pode ser usado
como sensor em muitas aplicações mecatrônicas, robóticas e de
automação é o reed-switch ou interruptor de lâminas. Veja neste
artigo como ele funciona e como usá-lo como sensor, na
elaboração de sensíveis relés ou ainda como comutador em
circuitos de controle.
Os reed-switches ou interruptores de lâminas consistem
em dispositivos formados por um bulbo de vidro no interior do
qual existem lâminas flexíveis feitas de materiais que podem
sofrer a ação de campos magnéticos. O bulbo de vidro é cheio
com um gás inerte de modo a evitar a ação corrosiva do ar sobre
as lâminas, o que afetaria o contacto elétrico em pouco tempo.
Na sua versão mais simples temos duas lâminas,
montadas conforme mostra a figura 1.

Nas condições normais, as lâminas estão separadas e


nenhuma corrente pode circular através do componente. Ele
opera como uma chave aberta.
Aproximando um ímã permanente do dispositivo, conforme
mostra a figura 2, a ação do campo magnético faz com que as
lâminas se magnetizem e com isso se atraiam, unindo-se. Nestas
condições o contacto elétrico é fechado.

46
NEWTON C. BRAGA

Em outras palavras, o reed-switch abre e fecha seus


contatos conforme a ação de um campo magnético externo.
É importante observar que para termos uma ação
apropriada das lâminas fechando os contatos o campo magnético
precisa ser corretamente orientado. Se o campo não magnetizar
as lâminas de modo que elas se atraiam, não há a atuação da
chave. Na figura 3 mostramos as posições corretas que devem
ser usadas para que imãs permanentes acionem um reed-switch.

Além do tipo básico com duas lâminas, podemos encontrar


reed-switches que funcionam como chaves reversíveis. Assim, no
tipo mostrado na figura 4 a ação é de uma chave de 1 polo x 2
posições.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Quando não há campo magnético externo atuando sobre o


dispositivo, o contacto C (comum) permanece ligado ao NF
(normalmente fechado), como num relé. Quando aplicamos um
campo magnético, as lâminas se magnetizam e o movimento do
contacto C é no sentido de encostar no contacto NA
(normalmente aberto). Temos então a comutação do circuito
externo.

COMO USAR UM REED-SWITCH


Os reed-swtiches comuns são dispositivos de baixa
corrente. Os tipos comuns são especificados para controlar
correntes que não vão muito além dos 200 mA.
Assim, nunca devemos usar esses componentes para
controlar diretamente cargas de maior potência, como motores,
solenoides, lâmpadas cujas correntes sejam maiores do que os
valores indicados.
Para controlar uma carga maior temos duas possibilidades
que são mostradas na figura 5.

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NEWTON C. BRAGA

Numa delas, usamos o reed-switch para controlar um relé


cujos contatos possam suportar a corrente drenada pela carga
que deve ser controlada. Na outra usamos o reed-switch para
comutar um transistor ou outro semicondutor que tem a carga
controlada no seu coletor. O resistor de polarização do
componente determina a corrente através do reed-switch.
As tensões máximas que esse componente suporta
quando os contatos estão abertos também não é das mais
elevadas. Normalmente eles não devem ser usados com tensões
acima de uns 50 V tipicamente. Para valores maiores, as
especificações do componente devem ser consultadas.
Finalmente, o reed-switch é um componente que tem uma
velocidade de resposta relativamente alta. Podemos usá-lo para
abrir e fechar os contatos rapidamente pela passagem de um
campo magnético rápido.
Isso permite que ele seja usado como sensor de rotações
ou de movimento, conforme mostra a figura 6.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

A cada volta do volante, o pequeno ímã passa diante do


reed-switch acionando. Com isso é produzido um pulso que vai
para um contador de revoluções. Até mais de 100 voltas por
segundo podem ser contadas com um sensor deste tipo.

APLICAÇÕES PRÁTICAS
Podemos usar os reed-switches em diversos circuitos
interessantes para aplicações em mecatrônica. Vamos dar
exemplos:

Reed-relé
Enrolando fio esmaltado em torno de um reed-switch de
modo a formar uma bobina podemos elaborar um sensível relé,
conforme mostra a figura 7.

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NEWTON C. BRAGA

A sensibilidade do relé vai depender do número de espiras.


Para termos um relé sensível de 6 V, por exemplo, sugerimos
enrolar pelo menos 500 voltas de fio esmaltado fino (32 ou 34
AWG).
Esse relé pode ser acionado por circuitos sensíveis de
sensores, como o mostrado na figura 8, com a vantagem de isolar
o circuito de acionamento do circuito acionado.

Apenas lembramos que a carga controlada não deve


consumir mais do que uns 200 mA, se for usado um reed-switch
comum de baixa corrente.

Sensor de corrente
Enrolando algumas voltas de fio grosso (24 a 28 AWG) em
torno de um reed-switch, conforme mostra a figura 9, temos um
sensor de corrente.

Esse sensor pode ser usado para disparar um sistema de


segurança quando a corrente numa carga (um motor, por

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

exemplo) ultrapassa certo valor. Na figura 10 temos um circuito


para essa finalidade.

A corrente de acionamento do número de voltas da


bobina, além da sensibilidade do reed-switch usado. O leitor deve
obter o número de voltas da bobina experimentalmente em
função da corrente que deve ser detectada.

Sensor de proximidade
Para detectar a aproximação de um objeto ou mesmo um
movimento, basta usar um reed-switch e um imã, conforme
mostra a figura 11.

A distância na qual ocorre o disparo depende tanto a força


do imã como da sensibilidade do reed-switch. Veja que este
circuito pode ser usado para fazer a detecção através de objetos
não metálicos.
Podemos usar esta configuração para detectar a passagem
de um robô por um determinado local, ou ainda para fazer o seu
acionamento com uma chave secreta, conforme mostra a figura
12.

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NEWTON C. BRAGA

Sensor de posição
Dois ou mais reed-switches podem ser usados para
sensoriar a posição de um objeto que gira, uma cabeça robótica,
por exemplo, conforme mostra a figura 13.

Um pequeno ímã é preso ao objeto para fazer o


acionamento dos reed-switches nas posições indicadas.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Chave comutadora
Uma chave comutadora pode ser elaborada com base num
conjunto de reed-switches e um ímã preso ao comando, conforme
mostra a figura 14.

A grande vantagem desta chave é que o ímã preso ao


cursor pode ficar de um lado de um painel de material isolante e
os reed-switches do outro lado.

Contador de rotações
Finalmente temos um circuito que produz pulsos de
duração constante a partir da passagem de um imã diante de um
reed-switch. Esse circuito, mostrado na figura 15, pode ser usado
como base para um contador de rotações ou ainda um
velocímetro.

A frequência dos pulsos do circuito é dada pela rotação do


objeto. Podemos integrar esses pulsos e obter uma tensão
proporcional para indicação num instrumento comum, como um
miliamperímetro.

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NEWTON C. BRAGA

A saída deste circuito é compatível tanto com lógica TTL


como também CMOS.

CONCLUSÃO
Reed-switches são fáceis de obter e baratos. O leitor pode
elaborar muitos dispositivos interessantes usando essas chaves
como sensores, comutadores ou relés.
Neste artigo vimos apenas algumas das muitas aplicações
que o leitor pode ter para esses úteis componente.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

COMO FUNCIONAM OS SENSORES DE


DESLOCAMENTO
Os sensores de deslocamento pertencem à família dos
sensores de movimento amplamente usados em aplicações
industriais, automotivas, médicas e militares. Neste artigo
analisamos o princípio de funcionamento desses sensores dando
exemplos de sua utilização prática e focalizando alguns tipos
comerciais. Os tipos comerciais tomados como exemplo são
indicados pela Vishay Intertechnology.
Os sensores de deslocamento, conforme o nome sugere,
são usados para monitorar o movimento de uma máquina ou
outro dispositivos.
Existem diversas formas de se fazer isso e em
consequência existem diversas tecnologias que levam em conta a
precisão da medida ou detecção do objeto em movimento, a sua
velocidade e o tipo de objeto cujo movimento deve ser
monitorado.

SENSORES DE DESLOCAMENTO
Existem vários tipos de sensores de deslocamento, os
quais recebem as denominações específicas dadas a seguir:
Potenciométrico – onde o objeto monitorado se
comporta como o cursor de um potenciômetro.
Capacitivos – o deslocamento do objeto faz com que as
armaduras de um capacitor se aproximem e se afastem. A leitura
da capacitância dá a posição do objeto.
Transformador Diferencial Linear Variável ou LVDT
(Linear Variable Differential Transformer) onde o objeto cuja
posição é monitorada movimenta o núcleo de um transformador
de três enrolamentos.
Codificado – onde o objeto se movimenta sobre uma
superfície marcada com códigos e um transdutor lê esses códigos
indicando sua posição.

56
NEWTON C. BRAGA

Além desses, existem outros, mas para efeito de


introdução ao assunto com algumas informações importantes nos
deteremos apenas neles.
Vamos analisar em pormenores cada um de modo que o
leitor possa perceber onde eles são usados com mais vantagens
além de outras características que possam ser importantes numa
aplicação específica.

Potenciométricos
Nesses sensores a posição do objeto num determinado
curso é indicada pela posição que um cursor acoplado a este
objeto se mantém numa trilha ou elemento resistivo, conforme
mostra a figura 1.

O material resistivo pode ter diversos formatos, conforme


o tipo de movimento a ser monitorado.
Assim, nos sensores lineares de movimento, a trilha de
material resistivo é uma tira sobre a qual corre o cursor, conforme
mostra a figura 2.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Podemos ter um sensor para movimentos rotativos ou


angulares em que a trilha tem a forma de uma bobina ou é
circular, conforme mostra a figura 3.

Observe que esta última construção se assemelha muito a


de um potenciômetro comum, mas deve-se ter em mente que um
sensor de movimento não é um potenciômetro comum. Suas
características de precisão, tipo de movimento a ser detectado
fazem deste dispositivo algo bem diferente.
Em alguns casos, podemos ter construções semelhantes á
dos potenciômetros multivoltas caso em que é possível obter
maior precisão.
Os sensores potenciômetros tem vantagens e
desvantagens que devem ser levadas em conta no seu uso:

Vantagens:
 Leitura e processamento do sinal muito fácil
 Resposta linear, ou de qualquer outro tipo bastando
configurar a tira resistiva com a curva desejada
 São baratos

Desvantagens:
 Exige força para deslizar o cursor o que significa esforço
mecânico adicionado ao sistema.

58
NEWTON C. BRAGA

 Tem precisão limitada


 Gasta-se
 Só tem precisão na medida de deslocamentos
relativamente grandes.

Capacitivo
Não existe um símbolo próprio para se representar esse
tipo de sensor e normalmente eles são encontrados em duas
configurações: placas móveis e dielétricos móveis, conforme
mostra a figura 4.

Neste tipo de sensor o movimento do objeto faz com que a


capacitância do sensor mude. Isso pode ocorrer basicamente de 3
formas:
a) O objeto se move numa direção normal ao plano das
armaduras do capacitor.
b) O objeto se move paralelamente ao plano das armaduras
do capacitor
c) A armadura móvel forma uma meia-lua que giram em
relação a armadura circular fixa.

As três tecnologias de montagem deste tipo de sensor são


mostradas na figura 5.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Para os sensores em que o dielétrico é que se move temos


duas possibilidades mostradas na figura 6.

No primeiro caso, o dielétrico “escorrega” entre as


armaduras, alterando a capacitância conforme sua posição. No
segundo caso, o dielétrico é um fluído que preenche o espaço
entre as armaduras. A quantidade de fluido no capacitor
determina sua capacitância.
No caso deste tipo de sensor, não temos uma saída de
sinal que seja propriamente uma função linear da posição do
objeto, o que exige circuitos de processamento relativamente
complexos.

60
NEWTON C. BRAGA

Os sensores capacitivos funcionam basicamente com dois


tipos de circuitos. Numa primeira configuração eles são ligados de
modo a determinar a frequência de um oscilador. A leitura dessa
frequência dá a posição do objeto, conforme mostra a figura 7.

Numa outra possibilidade aplica-se uma frequência fixa ao


capacitor e é medida a reatância, conforme mostra a figura 8.

Da mesma forma que os sensores resistivos, estes


possuem vantagens e desvantagens:

Vantagens:
 Não há necessidade de contacto físico com o objeto cuja
posição é monitorada pois ele pode ser uma das
armaduras do capacitor.
 Não há desgaste
 Pode ser usado para detectar pequenos deslocamentos

Desvantagens:
 Pode medir apenas pequenos deslocamentos
 Os circuitos de condicionamento do sinal mais críticos

61
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

LVDT – Linear Variable Differential Transformer

Este tipo de sensor tem o símbolo mostrado na figura 9.

Nesse sensor temos três enrolamentos que formam um


transformador com um núcleo móvel. O enrolamento primário
cobre todo o transformador ao mesmo tempo em que que cada
secundário cobre apenas metade do transformador, conforme
mostra a figura 10.

Os secundários são ligados em série, mas em oposição de


fase e o objeto que se deseja monitorar a posição é acoplado ao
núcleo.
Quando o núcleo está na posição central as tensões
induzidas nos dois enrolamentos se igualam e, como eles estão
em oposição de fase, se cancelam. A saída é zero.
Quando o núcleo se desloca, dependendo da sua posição,
temos indução de maior tensão num enrolamento do que no outro

62
NEWTON C. BRAGA

e na saída aparece a diferença. A tensão obtida na saída é uma


função linear da posição do núcleo.
As tensões do enrolamento primário usadas neste tipo de
sensor variam entre 1 e 10 V e a frequência do sinal aplicado
varia entre 50 Hz e 25 kHz. Também temos vantagens e
desvantagens para este tipo de sensor:

Vantagens:
 Pequeno desgaste
 Alta velocidade de resposta, pode ser usado para medir a
amplitude de vibrações.
 Pode me3dir deslocamentos muito pequenos, da ordem de
0,1 nm.
 Pequenos erros de repetição

Desvantagens:
 Os circuitos de condicionamento de sinal não são muito
simples
 É caro em relação aos demais

Transdutores Codificados (CDT)


Os transdutores codificados podem ser de diversos tipos:

a) Relativo
Os transdutores relativos, como os encoders, indicam a
mudança de posição e não a posição real.

b) Absoluto
Indicam a posição real do objeto.

Os sensores deste tipo podem ser usados para medir tanto


deslocamentos lineares como angulares, conforme mostra a
figura 11.

63
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Na figura 12 temos a construção física de um sensor deste


tipo.

Uma tira de material, como o plástico, é montada de modo


a ficar sobre um cursor acoplado ao objeto cuja posição deve ser
monitorada. Esta tira tem marcas codificadas que indicam as
posições.
O transdutor acoplado ao cursor pode então ler as marcas
e fornecer ao circuito um sinal identificando a posição. Diversos
tipos de transdutores podem ser usados para ler as marcas.
Observe que este tipo de sensor fornece uma leitura digital
da posição. Para a medida da posição angular de um objeto a
montagem é feita da forma mostrada na figura 13.

64
NEWTON C. BRAGA

O disco que é acoplado ao objeto que se move, tem


marcas que são lidas por um sensor. Essas marcas indicam a
posição angular e da mesma forma, elas podem ser do tipo
incremental ou absoluto.
Uma das desvantagens deste tipo de sensor é que na
versão incremental torna-se difícil detectar o sentido do
movimento. Assim, uma técnica usada consiste no uso de
transdutores de deslocamento codificados, mas de dois sentidos,
conforme mostra a figura 14.

Este sistema é usado quando o deslocamento se faz em


passos iguais de ângulos nos dois sentidos. Conforme podemos
ver, na fita onde se desloca o sensor temos três tipos de marca
que indicam a posição do cursor (sensor), a direção em que ele se
move e o index que indica o ponto de partida.
Observa que as marcas de posição e direção estão
levemente deslocadas, de modo que o circuito possa detectar
isso, dando com precisão o sentido de rotação do sensor.
Na figura 15 mostramos como isso pode ser feito,
utilizando-se contadores up-down.

65
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

A codificação dos transdutores de deslocamento absolutos


tem a aparência mostrada na figura 16.

Observe que neste caso temos 6 trilhas e, portanto, 6 bits,


o que permite ler 26 posições diferentes ou uma definição de 64
posições.
Observe que neste tipo de sensor temos marcas de clock.
Sua finalidade é muito importante. Sem as marcas de clock, na
transição da leitura de posição para outra ocorrem estados
intermediários dos níveis lógicos que podem causar erros. Por
isso, é importante que a marca de clock diga ao circuito o
momento exato em que deve ser feita a leitura.
Na figura 17 temos um transdutor de deslocamento em
que a codificação é feita em binário.

66
NEWTON C. BRAGA

Trata-se de uma forma intuitiva de se fazer a marcação de


posições, porém existem alguns problemas a serem considerados
na adoção desta forma de numeração das posições.
Para evitar estes problemas muitos transdutores de
deslocamento absolutos adotam uma numeração com o código
Gray. No código de Gray, a passagem de um valor numérico para
outro sempre se faz com a mudança de valor de um único bit.
Isso facilita a leitura.
Por exemplo para passar do 11 decimal para 12 decimal
temos duas possibilidades:

Binário: 01011 para 01100


Gray: 01110 para 01010

Observe que em binário tivemos 3 bits mudando e no


código Gray apenas 1, conforme mostra a figura 18.

Na figura 19 mostramos duas tiras de sensores de


deslocamentos, um programa em código binário de 8 bits e outra
em código Gray de 9 bits.

67
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Os transdutores de deslocamento codificados também


apresentam suas vantagens e desvantagens:

Vantagens:
 São lineares ou podem ser programados para qualquer
outro tipo de resposta.
 São precisos
 Possuem desgaste muito baixo
 O circuito de condicionamento é simples

Desvantagens:
 É preciso ter um acoplamento mecânico com o objeto

TIPOS COMERCIAIS
A Vishay Interchnology possui uma grande linha de
sensores de movimento lineares e rotacionais que operam
segundo os princípios que analisamos.
A principal linha de transdutores de deslocamento é
composta de componentes que usam a tecnologia do plástico
condutivo. Nela, um material plástico forma a trilha onde corre o
cursor.
Essa trilha pode ser circular ou reta conforme o tipo de
transdutor que se deseja.

68
NEWTON C. BRAGA

Nesse tipo de sensor, a trilha ou elemento resistivo do


sensor é ligado a uma fonte estabilizada de baixa corrente e o
dispositivo é ligado como um divisor de tensão variável
fornecendo uma tensão de saída proporcional ao deslocamento
objeto acoplado ao sensor.
As resistências típicas dos elementos resistivos desses
sensores de uso profissional variam entre 1 k ohms e 10 k ohms.
A vida útil de um transdutor de rotação desse tipo é 50
milhões de revoluções tipicamente. A resolução é virtualmente
infinita. Os transdutores desta linha podem ser obtidos com
funções lineares e não lineares.
Mais informações sobre os transdutores de deslocamento
da Vishay Intertechnology podem ser obtidas no site
www.vishay.com.

CONCLUSÃO
A monitoração precisa da posição de uma parte móvel de
uma máquina ou de um objeto num determinado percurso pode
ser feita com a ajuda de sensores de deslocamento.
Fabricados em diversos formatos, para movimentos
circulares e lineares, os sensores podem empregar diversas
tecnologias, sendo a mais simples a que faz uso de elementos
resistivos (potenciométricos). Neste artigo demos uma breve
visão do princípio de funcionamento dos principais tipos de
sensores e onde eles são usados.

69
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

COMO FUNCIONAM OS SERVOS


Um dos dispositivos mais importantes no controle de robôs
e automatismos é o servomotor, ou simplesmente servo. Como
funciona este tipo de dispositivo e quais são os seus circuitos
básicos é o que veremos neste artigo.
O movimento suave de um braço de robô até uma posição,
ou ainda o deslocamento de uma parte móvel de uma máquina
até o local exato desejado não precisa necessariamente ser feito
com a ajuda de motores de passo ou outros dispositivos
sofisticados.
A solução simples representada pelo servo já é conhecida
há muito tempo pelos praticantes de rádio controle, utilizando
dispositivos denominados servos para movimentar com precisão
lemes e flaps de barcos e aeromodelos.
A simplicidade de tais dispositivos torna-os ideais para o
controle de automatismos e robôs. Neste artigo analisaremos o
princípio de funcionamento e como podem ser usados os servos.

O SERVO BÁSICO
O tipo mais comum de servo empregado em controle
remoto é o exemplificado na figura 1, que contém em seu interior
um circuito de controle e um pequeno motor com redução que
movimenta uma alavanca.

A partir de um sinal de entrada (uma tensão) aplicada à


entrada deste dispositivo podemos movimentar o braço até uma
posição determinada de modo proporcional.

70
NEWTON C. BRAGA

Por exemplo, se variarmos a tensão de 0 a 6 V, o braço


tem seu ângulo de movimentação variado entre 0 e 90 graus,
conforme mostra a figura 2.

Isso significa que podemos usar este dispositivo para


colocar na posição desejada um leme, um flap ou ainda uma roda
de direção simplesmente emitindo um sinal que corresponde à
posição desejada, observe a figura 3.

Para os adeptos de Robótica e Mecatrônica esta


possibilidade é fantástica, pois basta, por exemplo, ligar na saída
de um PC um conversor analógico digital (A/D) como o ilustrado
na figura 4, e através de software posicionar a alavanca do servo
para qualquer ângulo desejado.

71
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Pode-se utilizar os canais da porta paralela para enviar a


posição desejada e também, num sistema de multiplexação,
controlar mais de um servo.
Um conjunto deles pode ser usado para controlar um braço
de robô ou qualquer outro automatismo, conforme se vê na figura
5.

Mas, para fazer tudo isso é interessante começar


analisando o princípio de funcionamento dos servos, porque a
partir desse princípio é possível até construir o próprio dispositivo
com uma potência maior do que a disponível na maioria dos
modelos comerciais.

72
NEWTON C. BRAGA

COMO FUNCIONA
Na figura 6 temos o circuito básico de um servo que utiliza
um amplificador operacional ligado como comparador, dois
transistores de potência e um motor de corrente contínua
acoplado a uma caixa de redução.

No eixo da caixa de redução temos acoplado um


potenciômetro de realimentação, que funciona como um sensor
de posição da alavanca.
A caixa de redução é um elemento muito importante no
servo, pois ela tem diversas funções:

a) Reduzir a velocidade de ação de modo que o


potenciômetro acoplado não envie variações de posição muito
rápidas ao circuito a ponto de causar sua instabilidade de
funcionamento, e do próprio dispositivo mecânico externo que vai
ser controlado.

b) Aumentar o torque (força) de modo que a alavanca


possa movimentar pesos maiores.

A taxa de redução desta caixa depende da aplicação. Há


no comércio caixas de redução com taxa elevada de redução que,
a partir de um pequeno motor de corrente contínua de 3 ou 6 V,
podem movimentar grandes pesos sendo, portanto, recomendada
para este tipo de aplicação (figura 7). Com ela é possível elaborar
bons servos para aplicações em Robótica e Mecatrônica.

73
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

O funcionamento do circuito é simples de entender.


Quando ligamos a alimentação do circuito (observe que a
fonte de alimentação deve ser simétrica) na entrada do
comparador de tensões, que é o amplificador operacional,
aparecem duas tensões.
Uma delas é a tensão aplicada por um potenciômetro de
controle externo ou de um circuito que envia ao servo a
informação sobre a posição em que seu braço deve ser levado. A
outra é a tensão aplicada pelo potenciômetro ligado ao eixo da
caixa de redução, que diz em que posição o braço do servo se
encontra.
Se a tensão aplicada pelo potenciômetro sensor for maior
do que a aplicada pelo comando, indicando que o braço está além
da posição desejada, o comparador envia um sinal que faz com
que o transistor Q1 conduza o braço e o motor gire no sentido de
trazer de volta à posição desejada.
O ganho do comparador deve ser tal que, quando o
potenciômetro chegar perto da posição desejada, a tensão caia
rapidamente e o motor pare.
Se o potenciômetro sensor, por outro lado, enviar um sinal
que corresponda a uma tensão que "diga" ao comparador que o
braço está antes da posição desejada, a saída do comparador
será invertida e o transistor Q2 é que vai conduzir avançando o
braço até onde se queira.
Se o ganho for muito alto, poderá ocorrer uma oscilação, já
que o circuito e o motor têm certa inércia, e o motor passará

74
NEWTON C. BRAGA

então da posição original devendo voltar conforme mostra a


figura 8. O motor inverte a rotação e isso pode ocorrer diversas
vezes.

No projeto de um servo é muito importante dotar o circuito


de recursos de amortecimento rápido e de ganho do operacional
para que esta oscilação não ocorra.
Quando o comando de posição do servo é mudado (o
potenciômetro de controle é movimentado ou a tensão de
controle muda), o comparador percebe imediatamente a
diferença entre a tensão enviada pelo potenciômetro sensor e e
trata de fazer a correção com a condução de Q1 ou Q2, conforme
o caso.
Veja que o processo é muito simples e não envolve
dispositivos móveis como chaves ou relés.

CIRCUITO PRÁTICO
Para um pequeno motor de corrente contínua de até 12 V
com corrente de até 1 ampère, é simples projetar um circuito de

75
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

servo, lembrando que a caixa de redução é importante neste


caso.
Na figura 9 temos um circuito prático que pode ser
adaptado com facilidade para aplicações didáticas e
experimentais em Robótica e Mecatrônica.

O ganho do amplificador operacional é determinado pelo


resistor de realimentação entre a saída e a entrada inversora
(pino 2). Este resistor pode ter valores entre 0 (ganho unitário) e
1 M ohms. O uso de um potenciômetro de 1 M ohms será
interessante para aplicações experimentais de modo a se ajustar
o funcionamento para o ponto desejado. Depois disso, pode-se
trocar o valor de resistência ajustado por um resistor fixo.
O capacitor de entrada também pode ser alterado de
acordo com a aplicação. Este componente determina a inércia do
circuito e depende da aplicação.
A combinação da realimentação com o capacitor vai
determinar a oscilação final que o braço de comando terá quando
alcançar uma determinada posição.
A sensibilidade deste circuito é excelente o que permite
usar não só um potenciômetro de controle na entrada, como
sinais de diversos outros tipos de circuitos. Um deles é
apresentado na figura 10 e consiste no uso de um LDR.

76
NEWTON C. BRAGA

Com este tipo de sensor óptico pode-se usar um cartão


com uma fenda para determinar a posição do servo, sendo o
cartão acoplado em dispositivos mecânicos. O uso de uma lente
convergente diante do sensor permite que o sistema seja usado
como um "olho" de robô conseguindo determinar ações em
função de pontos de uma imagem detectada. Por exemplo, se o
sensor for colocado diante de um robô, ele pode controlar a sua
aproximação até um local, de modo que ele pare exatamente
onde exista um determinado nível de iluminação. Na figura 11
ilustramos isso: o robô se aproxima de uma parede branca
iluminada somente até uma distância em que o nível de luz
captado seja aquele ajustado previamente no circuito.

77
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Se o robô se aproximar demais, o servo "inverte" sua


rotação e o robô volta, ou é posicionado de modo a ficar mais
longe.
Observe que não só potenciômetros comuns podem ser
adaptados ao eixo da caixa de redução, mas também os tipos
multivoltas, dependendo da aplicação.
Outra aplicação é a indicada na figura 12 em que temos
um conversor analógico digital que permite controlar o nosso
circuito de exemplo, a partir de um computador usando a porta
paralela.

Neste circuito, geram-se tensões de 0 a 6 V em 256 passos


de modo a termos 256 posições diferentes para o braço do servo,
dadas pelos valores digitais de 0000 0000 a 1111 1111.
Programas em Basic ou em Delphi (veja nosso Curso)
podem ser desenvolvidos facilmente para levar o servo a
qualquer posição desejada dentro do giro do potenciômetro de
realimentação.

CONCLUSÃO
Como o leitor pode perceber, o acoplamento da parte
eletrônica de um projeto de robô ou automação com a parte
mecânica, fica sensivelmente simplificado com a ajuda dos
servos. E, para aqueles que gostam do assunto, existem duas
possibilidades para se contar com servos: podem ser montados
com certa facilidade, e até podem ser utilizados os tipos
encontrados em casas especializadas em aeromodelos e
carrinhos de controle remoto.

78
NEWTON C. BRAGA

COMO FUNCIONAM OS MOTORES DE


INDUÇÃO
Em outros artigos focalizamos o princípio de
funcionamento dos motores de corrente contínua, apresentando
um interessante projeto experimental para o próprio leitor
construir seu motor. É claro que os motores de corrente contínua
não os únicos que existe e muitas tecnologias para a construção
de motores podem ser encontradas nos tipos usados em
dispositivos de automação, mecatrônica e robótica. Um dos
motores que encontramos em projetos ligados à rede de energia
é o Motor de Indução. Por suas características ele pode ser uma
solução interessante para muitos projetos, mas é preciso que o
leitor o conheça para saber onde pode usá-lo. É justamente deste
motor que vamos falar neste artigo.
Uma característica não muito desejável em motores
elétricos é a presença de escova que comutam as bobinas. Essas
escovas, ao comutarem geram transientes e outras perturbações
que tanto podem afetar o próprio circuito onde o motor funciona
como até circuitos próximos de outros aparelhos na forma de EMI
ou Interferência Eletromagnética.
Os motores de indução, entretanto, não usam escovas e
por esse motivo podem consistir numa solução bastante
interessante para alguns projetos. É claro que eles, como
qualquer outro tipo de motor têm suas vantagens e desvantagens
que ficarão claras no decorrer deste artigo.

COMO FUNCIONA
A não presença de escovas comutadoras e apenas uma
bobina fixa torna bastante simples entender o princípio de
funcionamento do motor de indução.
Um motor típico do tipo de indução possui um rotor em
curto-circuito com defasamento indutivo de campo e possuem
uma estrutura básica conforme a mostrada na figura 1.

79
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Encontramos esses motores no acionamento de toca-


discos antigos, de ventiladores, ventoinhas de chuveiros
pressurizados, bombas d’água de aquários e muitos outros
aparelhos eletrodomésticos e mesmo em alguns equipamentos
eletrônicos que possuam um sistema de ventilação ligado à rede
de energia, já que os motores de indução operam exclusivamente
com corrente alternada.
Temos então um eletroímã em forma de “U” formado por
diversas placas de ferro doce, como as usadas nos
transformadores comuns. A finalidade de se usar um núcleo
laminado é evitar as correntes de turbilhão induzidas num
condutor sólido que causariam seu aquecimento excessivo,
conforme mostra a figura 2.
Entre os polos do ímã, denominado estator, é colocado um
rotor cilíndrico que também é feito de chapas e tem a finalidade
de fechar o percurso das linhas do campo magnético criado pelo
eletroímã em forma de “U”.
A eficiência deste tipo de motor depende da fenda ou
espaço que existe entre o eletroímã e o rotor. Tanto menor o
espaço entre os dois, menor será a corrente necessária para a
magnetização do conjunto.

80
NEWTON C. BRAGA

Observamos nesta construção que em pontos opostos das


peças que denominamos estator que formam o eletroímã duas
fendas nas quais são colocados dois anéis de cobre, conforme
mostra a figura 3.

A finalidade destes anéis é formar uma espira de “curto-


circuito” e sua ação no sistema é justamente a de retardar a
formação do campo magnético em relação ao restante do
eletroímã.
Conforme mostra a figura 4, se representarmos o campo
na bobina e o campo na espira através de um gráfico,

81
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

observamos que existe uma defasagem entre os dois com o


campo na espira se atrasando em relação ao primeiro.

O retardo obtido com esta configuração é de ¼ do ciclo da


alimentação alternada. O efeito deste retardo é como se
houvesse na peça polar um campo magnético rotativo entre os
polos com uma velocidade que corresponde justamente ao tempo
de um ciclo por volta.
Isso significa que o campo entre as peças polares dá 60
voltas por segundo, já que nossa rede de energia é de 60 Hz, ou 3
600 voltas por minuto, que será traduzida em 3 600 rpm para o
motor (rotações por minuto).
Para que o rotor possa responder à esse campo rotativo
ele precisa ter uma construção especial que é visto na figura 5.

Esse rotor possui sulcos ou canaletas no sentido axial nos


quais são embutidos fios de cobre todos tendo suas extremidades
interligadas de modo a formar espiras em curto.
Ao cortar os condutores, o campo magnético rotativo induz
uma corrente. Como esses condutores estão em curto, a corrente

82
NEWTON C. BRAGA

induzida é muito alta criando um campo magnético no próprio


rotor. Esse campo interage com o campo da peça polar ou
estator, aparecendo uma força de atração tal que um tende a
seguir o outro. Como os condutores estão fixos, o rotor vai girar
no mesmo sentido do campo magnético criado pelo estator.
Na prática o rotor não consegue acompanhar o campo
exatamente na mesma velocidade, pois se isso acontece a
indução cessaria, de modo que o motor gira um pouco mais
devagar que os 3 600 rpm teóricos. A velocidade desses motores
é da ordem de 95% a 98% da velocidade teórica o que
corresponde a algo entre 3400 e 3560 rpm.
Uma variação do motor que descrevemos é o motor de
indução de 4 polos mostrado na figura 6.

O princípio de funcionamento desse motor é o mesmo,


mas o campo vai dar uma volta completa a cada dois ciclos da
corrente alternada. Assim, a velocidade teórica máxima desse
tipo de motor é 1800 rpm.
Podemos também encontrar tipos com maior número de
polos que terão uma velocidade que será dada por:

rpm = 3600/n

Onde n é o número de bobinas.


Um motor de 4 bobinas ou 8 polos girará a 900 rpm (valor
teórico).
Observe também que, na rede de 50 Hz, esses motores
giram mais devagar.

83
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

TIPOS
A NEMA (National Electrical Manufacturers Association)
classifica os motores de indução em 4 categorias conforme o
torque, corrente e outras características importantes para os
projetos. Essas categorias são designadas pelas letras A, B, C e D.
Analisemos as características dos motores das diversas
categorias:

Tipo A
Tem um torque normal na partida (150 a 170% da
potência nominal) e uma corrente de partida relativamente alta.
Pode manusear cargas mais pesadas. Na indústria são usados em
máquinas injetores.

Tipo B
É o tipo mais comum. Seu torque de partida é semelhante
ao do tipo A, mas tem uma corrente inicial menor. A eficiência e o
fator de carga são relativamente altos. Aplicações típicas incluem
sistemas de ventilação, ferramentas, bombas etc.

Tipo C
Tem um torque de partida elevado (maior do que o dos
tipos anteriores, ou aproximadamente 200% da potência nominal)
sendo por isso indicados para o acionamento de cargas maiores.

Tipo D
Tem o maior de todos os torques de partida e a velocidade
final é menor. Trata-se de tipo ideal para aplicações em que
ocorram grandes variações de velocidade.

84
NEWTON C. BRAGA

PROJETO
Na figura 7 mostramos um simples ventilador feito com um
motor de indução “de sucata” que serve justamente para
experimentos de bancada envolvendo vento tais como:
 Usina eólica experimental
 Túnel de vento
 Acionamento de um anemômetro
 Acionamento de um cata-vento

CONCLUSÃO
Motores de indução de baixa potência na faixa de 5 a 50 W
podem ser retirados de velhos toca-discos, chuveiros
pressurizados fora de uso, bombas de aquário e outros
eletrodomésticos. Ligados na rede de energia eles podem
movimentar diversos tipos de projetos mecatrônicos que não
exijam torques elevados.
Trata-se de uma boa (e barata) opção para se obter
movimento sem ruídos (o motor de indução não tem escovas),
velocidade com pequena variação (dependendo da carga) e boa
eficiência.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

COMO FUNCIONAM AS CAIXAS DE


REDUÇÃO PARA PEQUENOS MOTORES
Na montagem de robôs, modelos controlados pelo rádio,
dispositivos mecatrônicos ou simples automatismos residenciais e
industriais que usam motores, o principal problema que os
leitores encontram é com a parte mecânica. Utilizando elementos
comuns ou módulos de redução, a elaboração de projetos com
motores fica facilitada, mas para isso é preciso conhecer alguns
fatores que explicaremos nesse artigo.
Os pequenos motores de corrente contínua, alimentados
por pilhas ou bateria, apresentam um inconveniente – possuem
rotação elevada demais para a maioria das aplicações, e nestas
rotações seu torque não é grande. Não devemos acoplar
diretamente nos eixos dos motores rodas propulsoras e outros
dispositivos para movimentar os modelos que queremos.
A única possibilidade que ainda existe para esse
acoplamento direto é no caso de barcos e aviões onde a hélice
realmente deve movimentar-se em regime de alta rotação e tanto
a resistência do ar como da água não exigem um torque elevado.
Para a movimentação de modelos em terra ou estáticos
como robôs, carros, mecanismos de um guindaste, ou mesmo de
abertura de portas ou acionamento de mecanismos, temos que
utilizar recursos adicionais.
A força que podemos obter de um pequeno motor depende
tanto da sua potência como da redução de sua velocidade através
de mecanismos se dividirmos a velocidade por 10 teremos um
aumento da força de igual proporção.
Assim, para que um pequeno motor movimente de
maneira apropriada um modelo, por exemplo, um carrinho,
devemos levar em conta este fator: diminuindo a velocidade
teremos mais força.
Veja que ocorre com veículos “de verdade”, um carro, por
exemplo, onde a primeira marcha não tem velocidade, mas sim
força! Na quarta marcha temos velocidade, mas não força. Isso é
devido justamente às reduções obtidas na caixa de mudanças
através de engrenagens.

86
NEWTON C. BRAGA

Para a movimentação de modelos ou mecanismos


precisamos de reduções que variam de 10 a 200 vezes ou mesmo
mais. Isso pode ser conseguido de diversas formas. A maneira
mais simples, e também mais acessível, é a que faz uso de um
simples elástico e uma roda maior, conforme mostra a figura 1.

A roda maior (pode ser obtida de velhos equipamentos que


tenham partes móveis, fora de uso) deve ter um sulco para a
passagem do elástico, e a razão de redução depende justamente
da relação entre o diâmetro da roda e o diâmetro do eixo do
motor.
Podemos obter reduções na faixa de 20 a 200 vezes com
este sistema simples. Na roda maior será então acoplado o
dispositivo que desejamos movimentar.
Uma segunda maneira, que já exige a disponibilidade de
peças especiais, uma montagem mais eficiente e mais compacta,
é mostrada na figura 2.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

São usadas engrenagens que tanto podem ser de plástico


(aproveitada de brinquedos) como de metal. A razão da redução é
calculada pelo número de dentes da engrenagem. Assim, se a
maior tiver 100 dentes e a menor 10, a redução será de 100
dividido por 10, ou seja, 10 vezes.
A vantagem deste sistema em relação ao elástico é que
não ocorre a “derrapagem”, pois as engrenagens não
escorregam. Se um par de engrenagens não for suficiente para se
obter a redução desejada, deve-se utilizar o sistema da figura 3.

Neste caso, pode ir acoplando engrenagens


sucessivamente, sendo este sistema muito usado nas chamadas
caixas de redução, onde se exige muita redução e muita força.
Cada redução multiplica a força e diminui a velocidade na mesma
razão que o quociente dos dentes da engrenagem maior pela
menor.
O acoplamento de um motor a uma roda propulsora é um
outro problema que aflige muitos leitores que desejam fabricar
seus modelos. Uma solução interessante e simples faz uso de
elástico e duas rodas, conforme mostra a figura 4.

88
NEWTON C. BRAGA

Uma roda menor é colada ou presa de modo firme a uma


roda maior, de borracha, que é a propulsora. Na roda menor
existe um sulco por onde passa o elástico que vai ao pequeno
motor.
A roda menor pode ser feita com três folhas de plástico,
CDs e outros materiais de fácil trabalho, sendo uma de menor
diâmetro. Desta forma, temos um “sanduíche” em que a menor,
no meio, forma o sulco para a passagem do elástico.
Em certas aplicações, como o controle de direção, é
preciso que o sistema tenha a possibilidade de reverter
rapidamente sua direção e isso em posições bem definidas. Isso
pode ser conseguido tanto com a ajuda de “micro switches” como
também de “reed switches”.
Os reed-switches são pequenos interruptores vedados com
lâminas que podem ser acionados pelo campo magnético de um
imã. Assim, se prendermos um imã no elemento que deve girar, a
fixação dos reed-switches em pontos apropriados permite seu
acionamento nas posições certas (figura 5).

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Nestas condições, o acionamento dos reed-switches pode


ativar um relé de reversão da rotação do motor, O circuito para
isso será dado mais adiante.
Já os micro switches são interruptores miniaturizados bem
delicados que seriam fixados perto do elemento móvel é
acionados por um ressalto.
A reversão de um motor de corrente contínua é feita de
maneira muito simples: basta inverter a polaridade de sua
alimentação. Um processo mecânico simples de fazer isso é
através de uma chave de 2 polos x 2 posições ou H, ligada
conforme mostra a figura 6.

90
NEWTON C. BRAGA

Com a chave n uma posição (S1) temos a movimentação


do motor num sentido, e na outra ele inverte o sentido de
rotação. A chave S2 serve para ligar e desligar. Um redutor com
um carretel e este sistema pode resultar num projeto de um
guindaste que sobe e desce mercadorias.

REDUTORES COMERCIAIS
É claro que a disponibilidade de um sistema redutor
eficiente e compacto pronto facilitará a construção de qualquer
modelo. Na figura 7 temos um exemplo.

Na verdade, quando especificamos um motor de corrente


contínua para 6 V, isso significa que, na verdade ele girará com

91
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

tensões entre 4 e 6 V e até um pouco mais normalmente, apenas


apresentando alterações de velocidade e torque.
Esse redutor tem recursos que possibilitam sua fixação
fácil, e o acesso ao eixo com velocidade reduzida pode ser feito
de diversas maneiras. Para a transmissão a uma roda maior ou
outro dispositivo podemos usar um prolongador, reto ou mesmo
flexível, conforme mostra a figura 8.

Um circuito prático para controle deste motor é


mostrado na figura 9. Este circuito permite a mudança de sentido
de rotação com um simples pulso de controle.

92
NEWTON C. BRAGA

Quando o imã passa perto do reed-switch, um pulso é


gerado disparando o circuito integrado 555 que funciona como
um monoestável. O pulso de saída do 555 é então levado a partir
do pino 3 ao pino 11 de um flip-flop com o circuito integrado
4013. Este flip-flop muda de estado. Se o relé estava desativado
ele é ativado e vice-versa.
Ligando os contatos do relé a um motor, conforme mostra
a figura 10, temos a inversão do sentido de rotação.

Veja então que podemos utilizar este circuito em conjunto


com um sistema de controle para evitar que se atinja o fim de
curso, quando então automaticamente o motor inverte sua
rotação. Para abertura de portas, de sistemas de guindastes e
controles diversos, este circuito é um recurso é importante.

93
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Na figura 11 temos um controle eletrônico que também


pode ser usado com o redutor para controlar sua velocidade
numa certa faixa de valores.

Trata-se de um simples reostato eletrônico, em que o


potenciômetro controla a corrente do motor de zero até o ponto
de máximo. Este dispositivo funciona com motores de 3 a 12 V
com correntes até 1 A. O transistor deve ser dotado de um
radiador de calor e o potenciômetro admite valores na faixa de
4k7 a 22k.

UTILIZAÇÃO DA CAIXA DE REDUÇÃO


Algumas utilidades práticas para controle com um redutor
comercial são dadas a seguir, se bem que a imaginação do leitor
deve trabalhar no sentido de conseguir variantes.
Na figura 12 temos um sistema de arame rígido para
controle do leme de um barco. O pino fixado à roda do redutor
deve estar distante do eixo numa relação que permita o
movimento do leme em todo seu curso.

94
NEWTON C. BRAGA

O sistema de conexão do arame ao eixo, para maior


movimentação pode ser feito de diversas formas. Na figura 13
temos a utilização do sistema no controle de um carrinho, da
maneira mais simples, movimentando todo o eixo dianteiro (o
sistema tem bastante força para isso).

No caso, a haste que determina o ângulo de giro deve ter


limitadores com micro switches para fazer a inversão de fim de
curso, e o motor será ativado por controle remoto, com ou sem
fio. A atuação sobre as rodas de forma independente exige menos
força.
Finalmente, na figura 14 temos um sistema “sem fim” que
movimenta uma porca fixa no cursor de um potenciômetro para
frente e para trás, conforme o sentido de rotação do motor.

95
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Uma aplicação interessante para este circuito é num


controle remoto de volume ou intensidade de luz (dimmer), em
que o potenciômetro está ligado ao circuito controlado. No fim do
percurso da porca devem ser colocados reed-switches ou micro
switches para fazer a reversão como no circuito proposto no
decorrer do artigo.

CONCLUSÃO
A disponibilidade de redutores deste tipo e semelhantes
pode gerar inúmeros projetos interessantes. Em diversos artigos
que publicamos já abordamos essas aplicações.
Os leitores dotados de imaginação certamente não se
limitarão ao que explicamos nesse artigo criando seus próprios
projetos e se forem realmente bons, podem enviá-los à nossa
redação pois eles podem resultar num interessante artigo.

96
NEWTON C. BRAGA

POLIAS E ENGRENAGENS
Em muitos projetos práticos de Mecatrônica, o movimento
necessário para o acionamento de um mecanismo é obtido a
partir de um motor elétrico. A frequência de rotação desse motor
não é, na maioria das vezes, a que se necessita para o correto
funcionamento do mecanismo. Para corrigir esse problema são
utilizados conjuntos formados por polias e engrenagens que são
capazes de modificar a frequência motora atendendo assim às
necessidades operacionais do mecanismo.
As polias e as engrenagens são rodas utilizadas na
transmissão do movimento circular. São constituídas por uma
coroa, em cubo de roda e em conjunto de braços ou disco, cuja
função e ligar rigidamente a coroa ao cubo de roda. A figura 1
mostra algumas representações de polias e engrenagens.

Inseridas num mecanismo essas rodas transmitem o


movimento circular através de uma correia ou pelo contato direto
entre coroas enquanto seus cubos de roda ficam acopladas a
eixos (figura 2).

97
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Quando se transmite o movimento circular utilizando um


par de rodas, a roda que origina o movimento é chamada de roda
motora ao mesmo tempo em que que chamamos de roda movida,
a roda que capta esse movimento. Normalmente a roda motora
tem seu cubo de roda conectado ao eixo de um motor (figura 3).

98
NEWTON C. BRAGA

MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME (M.C.U)


Para compreender melhor como se dá a transmissão do
movimento circular no acoplamento de polias ou engrenagens, é
necessário revisar alguns conceitos físicos.
Considere uma partícula movendo se em trajetória circular
de raio r, com velocidade escalar v constante (M.C.U). O intervalo
de tempo necessário para completar uma volta é constante e
chamado de período de rotação (T). (figura 4)

Para esse movimento chamamos de frequência (f) a


quantidade de voltas executadas em determinada unidade de
tempo. As unidades usuais de frequência são o Hz (hertz) que

99
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

significa “rotações por segundo” e o r.p.m cujo significado é


“rotações por minuto”.
A seguir são apresentadas algumas relações entre as
grandezas envolvidas no estudo do movimento circular uniforme:

TRANSMISSÃO DO M.C.U.
Ao acoplar polias objetivo principal é a obtenção de uma
frequência de rotação na polia movida diferente daquela tida na
polia motora.
Para os acoplamentos por correia ou por contato, as
velocidades escalares das coroas das rodas associadas são iguais.
No caso do acoplamento por correia as velocidades escalares das
coroas correspondem a própria velocidade da correia (figura 5).

V1 = V2 = Vc

100
NEWTON C. BRAGA

V1: velocidade escalar na coroa da roda (1);


V2: velocidade escalar na coroa da roda (2);
Vc: velocidade escalar na correia.

Considere o acoplamento de duas rodas (1) e (2) de raios


respectivamente iguais a r1 e r2. A roda (1) gira com frequência
f1.
Podemos determinar a frequência de rotação f2 da roda
(2) à partir da igualdade das velocidades escalares das coroas
dessas rodas (figura 6).

Como o diâmetro de uma roda é o dobro de seu raio, a


relação entre as frequências de rotação f1 e f2 também pode ser
dada por:

D1 = diâmetro da roda (1);


D2 = diâmetro da roda (2).

Considere agora duas engrenagens (1) e (2) sendo n1 e n2


as quantidades de dentes nas coroas dessas engrenagens. Se T1

101
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

eT2 são os períodos de rotação das rotas (1) e (2), as velocidades


escalares v1 e v2 de suas coroas podem ser dadas por:

com v1 e v2 medidas, por exemplo, em "dentes/s" ou


"dentes/min"
Igualando essas velocidades escalares temos:

Existe ainda uma outra possibilidade de acoplamento,


que consiste em montar duas rodas sobre um mesmo eixo de
rotação. Nesse caso as frequências de rotação são iguais.
f1 = f2

102
NEWTON C. BRAGA

COMO FUNCIONA - PROBLEMAS DE


LATÊNCIA EM MICROCONTROLADORES
Você já teve problemas de latência com seu projeto
eletrônico, principalmente se ele usa um microcontrolador. Você
parou para pensar se o problema se deve a um programa mal
elaborado, um circuito que não funciona, desacoplamento ou
ainda a latência? Neste artigo vamos analisar uma das principais
causas de problemas de funcionamento de circuitos que
envolvam processamento: a latência.
A latência existe em todos os circuitos eletrônicos podendo
ocorrer por hardware (em todos os circuitos), e por hardware e
software nos casos dos microcontroladores.
O que ocorre é que existem um intervalo entre o instante
em que um circuito recebe um comando e instante em que ele
fornece uma saída.
Mesmo num simples controle de um relé, existe um tempo
entre o instante em que o sensor tem a luz cortada e o relé fecha
seus contatos, conforme o circuito da figura 1.

Figura 1 – Latência por hardware

São apenas microssegundos, mas pode significar muito em


uma aplicação em que esse tempo seja importante.

103
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Todos os circuitos possuem latências, que podem variar


entre nano segundos e microssegundos, dependendo dos
componentes usados e do número de etapas.
Mas, o problema maior ocorre com os microcontroladores,
pois a latência por hardware para estes componentes é pequena,
mas a latência por software pode influenciar, e muito seu
funcionamento num projeto.

LATÊNCIA POR SOFTWARE


O que ocorre é que os microcontroladores realizam suas
funções processando um programa sequencialmente. É uma
instrução após outra, e isso leva tempo. Em alguns casos, até
introduzimos um “delay” entre a execução e outra de propósito.
Por exemplo, se mandarmos um microcontrolador ler
duas entradas em que estejam ligados dois sensores para
verificar se foram acionados simultaneamente, ele o faz
sequencialmente, primeiro uma e depois a outra conforme mostra
a figura 2.

104
NEWTON C. BRAGA

Figura 2 – Leitura sequencial

Pois bem, vamos supor que na aplicação desejada, os dois


sensores ficam fechados por intervalos de tempo muito
pequenos, conforme mostra a figura 3.
Se ao terminarmos de ler um o outro já não mais estiver
ativado, a leitura não será de mesmo tempo, conforme mostra a
figura 3.

105
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Figura 3 – Leitura de tempos

Veja então que, quando é feita a leitura de A, o sensor se


encontra no nível 1, mas quando a leitura é feita no sensor B, ele
já voltou ao nível 0, e na comparação dos resultados o
microcontrolador os toma como não simultâneos.
Isso se agrava se entre uma instrução e outro for
introduzido um atraso. Neste caso, conforme vimos o atraso
“delay 500” foi introduzido apenas no final da execução do bloco
(sub-rotina). No entanto, se esse delay estiver entre uma leitura e
outra o problema será maior.
Delay 500 significa meio segundo entre uma operação e
outra e isso pode significar que uma leitura é feita de um sensor e
a do outro apenas meio segundo depois o que para um circuito
eletrônico é muito tempo.
Se o programa que você elaborou para seu projeto inclui
muitos “delays” tome cuidado, pois eles podem influenciar no
resultado que você vai obter.

106
NEWTON C. BRAGA

Talvez aquele funcionamento esquisito que você obteve


para seu projeto que não faz realimente o que você quer quando
os sensores são ativados, ou existe um funcionamento errático
dos dispositivos controlados como motores quando você liga seu
projeto possa estar em latências produzidas na execução do
programa.
Analise, pois talvez uma alteração no software pode
resolver o problema.
Verifique também a possibilidade de contornar o problema
usando lógica externa, ou shields lógicos de entrada.

USANDO HARDWARE
Você pode ter a leitura simultânea de dois sensores sem
depender da execução sequencial do programa com circuitos
externos (hardware) e alguns deles são simples.
Por exemplo, uma porta NAND ou AND permite saber se
dois sensores são acionados simultaneamente mesmo que a
duração de seu contato seja da ordem de microssegundos,
conforme mostra a figura 4.

Figura 4 – Usando lógica externa

Veja que neste caso usamos apenas uma entrada do


microcontrolador e, portanto, sabemos os estados dos sensores
com uma leitura.
E, as funções lógicas também podem ser obtidas com
diodos e transistores como descrevemos no artigo MIC185.

107
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

IMPORTÂNCIA DE CONHECER LÓGICA DIGITAL


Muitos desprezam o conhecimento de eletrônica digital,
achado que basta saber usar um microcontrolador e seus
programas, para que nenhuma função lógica externa seja
necessária.
No entanto, a lógica digital é importante justamente para
os casos em que o microcontrolador não faz tudo, ou tem
problemas quando desejamos que faça tudo.
É neste momento que um bom conhecimento de eletrônica
digital (e analógica também) pode ajudar a resolver problemas de
latência e muitos outros.

Nota: na introdução falamos de


desacoplamento. Este é um outro
problema que pode ocorrer com
projetos que envolvem circuitos
lógicos, analógicos e
microcontroladores que estaremos
explorando em outro artigo.

108
NEWTON C. BRAGA

COMO FUNCIONA A CRIPTOGRAFIA


QUÂNTICA
Da antiga máquina Enigma usada pela criptografia dos
nazistas na segunda guerra mundial, as novas tecnologias
chegam a versões que ultrapassam a barreira do imaginável com
recursos da física quântica. Veja neste artigo como pesquisadores
da Universidade de Rochester estão a caminha da criptografia
quântica usando fótons na transmissão de mensagens
codificadas.
Os pesquisadores partem das ideias de Shannon, o pai da
teoria da informação que, segundo afirmava, uma mensagem só
pode ser segura sob três condições: a chave deve ser aleatória,
ela deve ser usada apenas uma vez e ela deve ser tão longa
como a mensagem.
No entanto o estudante de física graduado Daniel Lum e o
professor John Howell publicaram recentemente um trabalho no
“Physical Review” mostrando que podem ser usados conceitos da
física quântica na criptografia de dados.
A ideia é usar as fronteiras entre ondas e matéria que se
manifestam nos fótons, usados na transmissão de dados. Os
fótons, diferentemente do que ocorre num sistema convencional
de transmissão não assumem apenas dois níveis lógicos, ou seja,
bits 1 ou 0, conforme estejam presentes ou não.
As ondas de fótons podem ser alteradas de muitas formas,
por exemplo, o ângulo de inclinação, o comprimento de onda e
mesmo a amplitude podem ser modificados.
Além disso, os fótons seguem o princípio da incerteza, o
que significa a possibilidade de se acrescentar a um sinal óptico
muitas variáveis que poderiam ser usadas na criptografia. Os
pesquisadores acabaram por desenvolver uma versão quântica da
máquina de criptografia enigma dos nazistas.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

A máquina de encriptar Enigma

A ideia é transmitir a mensagem através de fótons que


passam através de um modulador especial (spatial light
modulator ou SLM) que altera as propriedades dos fótons
individualmente de tal forma a modificar de forma aleatória o
foco.

Versão quântica da Enigma – Foto Universidade de Rochester

Usando o princípio da incerteza, os pesquisadores


conseguiram determinar as alterações no receptor e com isso
recuperar a mensagens. Segundo os pesquisadores, o
equipamento ainda não é 100% seguro, pois ainda existem

110
NEWTON C. BRAGA

perdas, mas já é um ponto de partida mostrando de que a ideia é


viável.
No entanto, ainda existe um ponto importante a ser
considerado. Segundo a teoria quântica, quando recebemos o
sinal para recuperar a informação ele é alterado e não mais
podemos fazer uma recuperação adicional.
Em outras palavras, se alguém interceptar o sinal para o
sinal, no caso uma intrusa que eles denominaram “Eve”, ela tem
apenas uma oportunidade para decifrar o sinal, o que
virtualmente é impossível, pois a sua interceptação modifica o
sinal.
Em artigos anteriores, já tínhamos tratado dessa
possibilidade como algo apenas teórico, mas vimos agora que
nossas ideias estavam certas.
Veja mais em nossos artigos Esteganografia (ART1175) e
Criptografia (ART1070) no site do autor

111
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

COMO FUNCIONAM OS MOTORES


ELÉTRICOS – TODOS OS TIPOS
Motores elétricos são parte integrante de uma infinidade
de equipamentos. Máquinas industriais, automatismos
domésticos e automotivos, portões elétricos, dispositivos
mecatrônicos, robôs são alguns exemplos de lugares onde
podemos encontrar motores. Os motores podem ser dos mais
diversos tipos, formas e tamanhos o que leva a todo profissional
da eletrônica a ter um conhecimento mais profundo destes
dispositivos se quiser saber como trabalhar com eles. Neste artigo
especial analisaremos os diversos tipos de motores, suas
vantagens e desvantagens e a tecnologia que cada um emprega.
Os motores são transdutores que convertem energia
elétrica em energia mecânica. Nesta função, eles fazer parte de
uma grande quantidade de equipamentos que encontramos no
dia a dia. Nos últimos tempos com a união cada vez maior da
eletrônica à mecânica com a criação de dispositivos
mecatrônicos, os motores aparecem em cada vez maior
quantidade e numa variedade de tipos até então nunca vista.
Como funcionam os diversos tipos de motores que
encontramos nos equipamentos de nosso dia a dia, como
trabalhar com eles é algo que todo profissional precisa saber e é
isso que vamos levar neste artigo.

FUNDAMENTOS
A ideia de se obter energia mecânica a partir de energia
elétrica, criando-se assim o primeiro motor de corrente contínua
vem de 1830 quando Michael Faraday desenvolveu o primeiro
motor de disco. Na figura 1 temos uma ideia de como ele
funcionava.

112
NEWTON C. BRAGA

No entanto, naquela época as próprias fontes de energia


elétrica eram limitadas o que fez com que este motor apenas se
tornasse uma curiosidade de laboratório sem aplicação prática
alguma.
Os motores modernos se baseiam num princípio muito
conhecido de todos os estudantes de física e eletrônica e que é
mostrado na figura 2.

Quando uma corrente elétrica percorre um fio imerso num


campo magnético surge uma força perpendicular ao fio que tende
a movê-lo. Se em lugar de um simples condutor usarmos uma
bobina com muitas espiras de fio, mesmo uma corrente
relativamente fraca pode gerar forças bastante intensas quando a
mesma configuração for montada.

113
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Uma bobina com o formato mostrado na figura 3 quando


percorrida por uma corrente e imersa num campo uniforme ficará
sujeita a um binário que tende a girá-la.

Evidentemente, nestas condições, se a bobina puder girar


livremente ela só vai fazê-lo por um certo percurso, até que as
forças não mais atuem no sentido de produzir este movimento,
conforme mostra a figura 4.

A configuração é interessante pois pode produzir força


mecânica em boa quantidade, mas existe o problema de se obter
um movimento contínuo da bobina, ou seja, fazê-la girar sem
parar. Isso pode ser conseguido por um processo denominado

114
NEWTON C. BRAGA

comutação e que é mostrado na figura 5 e que já nos leva a um


motor com possibilidade de aplicações práticas.

A bobina é enrolada num cilindro que é montado num eixo


capaz de girar sobre mancais. Neste eixo deixamos duas regiões
isolantes em que colocamos "meia calhas" de contatos
comutadores que são ligados aos fios da própria bobina.
Dois contatos fixos ou "escovas" fazem contato elétrico
com estas meia-calhas de modo a transferir energia para as
bobinas. A ligação destes comutadores é tal que em meia volta do
percurso, os comutadores A e B são ligados a bobina e com isso a
corrente circula num sentido. Na outra meia volta os comutadores
C e D é que são ligados na bobina e a corrente circula no sentido
oposto.
Tudo isso nos leva ao seguinte comportamento mecânico
do dispositivo assim formado.

a) Quando aplicamos a corrente nos contatos que alimentam


a bobina circula uma corrente num sentido tal que tende a
movimentar a bobina de meia volta num sentido que
depende justamente do sentido de circulação desta
corrente.
b) Quando a bobina alcança a posição que seria de repouso,
meia volta depois, as escovas comutadoras mudam os
contatos e com isso a corrente inverte seu sentido de
circulação.
c) O resultado disso, é que a posição em que a bobina
alcançou não é mais a posição de repouso, já que surge
uma nova força que tende a fazê-la continuar girando. A
nova posição de repouso estará agora meia volta adiante.

115
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

d) A bobina gira mais volta para alcançar a nova posição de


repouso, mas ao chegar próxima dela, novamente entram
em ação os comutadores e a corrente é invertida. Uma
nova posição de repouso aparece.
e) A nova posição de repouso estará novamente meia volta à
frente e a bobina continua girando.

É fácil perceber que a bobina nunca vai parar enquanto


houver disponibilidade de corrente para alimentar o circuito e
obteremos com isso um movimento giratório da bobina e de seu
eixo constante. A figura 6 ilustra o que ocorre.

A força que aparece no eixo deste tipo de motor vai


depender de diversos fatores tais como o número de espiras da
bobina, a intensidade do campo magnético e também a
intensidade da corrente.

MOTOR DC COM ESCOVAS


Este tipo de motor é o mais tradicional conhecido por
"brush DC motor" onde "brush" significa escova, para designar a
operação com o sistema comutador.
Na figura 7 temos um motor deste tipo visto em corte,
como os muito encontrados em aplicações comuns tais como
brinquedos, ventiladores de carro etc.

116
NEWTON C. BRAGA

Observe que são usados imãs permanentes no estator,


que o rotor onde é enrolada a bobina é feito de metal ferroso para
concentrar as linhas de força do campo magnético criado pela
bobina, tornando-o mais intenso e que as escovas são feitas ou
de pedaços de grafite ou ainda com lâminas de cobre,
dependendo do tipo.
Motores deste tipo podem ser encontrados em versões de
todos os tamanhos e tipos, sendo as mais comuns as alimentadas
por pilhas na faixa de 1,5 a 12 V conforme mostra a figura 8.

Estes pequenos motores podem operar com potências de


poucos watts, já que as correntes drenadas variam entre 50 mA e
2 A tipicamente.

117
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Características:
Os motores deste tipo na realidade são especificados para
operar dentro de uma faixa de tensões. Assim, um motor de 3 V,
realmente funcionará quando alimentado com tensões na faixa de
1,5 a 4,5 V sem problemas.
Acima desta tensão o problema maior é a dissipação de
calor pelo enrolamento. Aquecendo demais os fios podem ter sua
isolação queimada já que são do tipo esmaltado. A velocidade de
rotação deste tipo de motor depende da tensão aplicada e
também da carga, ou seja, da força que devem fazer.
Assim, é comum termos um gráfico para especificar a
relação tensão x velocidade conforme mostra a figura 9.

Pequenos motores para a faixa de 1,5 a 12 V podem ter


rotações sem carga na faixa de 1 000 a 10 000 rpm. Quando
carregados, a corrente aumenta e a rotação cai, nos levando a
um gráfico conforme mostra a figura 10.

118
NEWTON C. BRAGA

Por este motivo, numa aplicação prática é preciso


especificar tanto a tensão aplicada como a carga para que se
possa ter uma ideia exata da rotação em que ele vai trabalhar.
Nas aplicações mais críticas em que o motor precisa manter uma
rotação constante existem diversas técnicas que podem ser
empregadas para esta finalidade.
Uma delas é regulagem mecânica da velocidade que pode
ser conseguida com contrapesos conforme mostra a figura 11.

Esta regulagem opera fazendo com que, ao aumentar a


velocidade os pesos se afastem do eixo de rotação e com isso
seja preciso uma força maior para mantê-los em rotação
compensando desta forma o ganho de velocidade.

119
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Outra possibilidade é a regulagem eletrônica que pode


empregar diversas configurações práticas. Uma delas consiste no
uso de algum tipo de circuito regulador de corrente ou fonte de
corrente constante, conforme mostra a figura 12.

Este circuito é usado quando o motor deve acionar uma


carga com uma força constante e manter a velocidade dentro de
certos limites. Parte-se da ideia de que a corrente depende da
carga e da rotação e uma vez ajustada, uma alteração na
velocidade tende a modificar a corrente que é compensada pelo
circuito.
Outra possibilidade consiste no uso de algum tipo de
sensor acoplado ao eixo do motor que faça a leitura de sua
rotação, conforme mostra a figura 13.

Um sensor magnético ou ainda óptico informa ao circuito


qual é a rotação e compara com o valor ajustado gerando um

120
NEWTON C. BRAGA

sinal de erro. Este sinal é usado para aumentar ou diminuir a


tensão no motor, corrigindo-se assim a velocidade até que ela
chegue ao valor desejado. Este tipo de motor tem várias
limitações como:

a) A velocidade máxima está limitada tanto pelas


características mecânicas das escovas como também pelo
núcleo. Em altas rotações, a corrente inverte e desinverte
milhares de vezes por segundo gerando assim correntes
de Foucault no núcleo ferroso do motor. Esta corrente faz
com que o núcleo se aqueça fazendo cair o rendimento do
motor.
b) Nas comutações é gerado ruído elétrico que pode interferir
nos circuitos mais sensíveis do aparelho em que o motor
funciona. Se bem que possam ser usados filtros para
eliminar estes ruídos, como por exemplo capacitores em
paralelo, existe um limite para sua ação.
c) As escovas ou contatos gastam com o tempo reduzindo a
vida útil do motor.

Diversas tecnologias possibilitam a construção de motores


DC com escovas com rendimento mais elevado. Uma delas é a
que possui uma armadura em forma de disco gravada e que é
mostrada na figura 14.

Este tipo de motor não possui partes de ferro móvel o que


elimina os problemas do aquecimento do núcleo nas altas
rotações pelas correntes de turbulência ou Foucault geradas pelas
altas frequências. Na figura 15 temos um outro tipo de motor DC
que possui uma armadura em forma de concha, sendo chamado
também de "shell armature" em inglês.

121
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

A grande vantagem destes motores em relação aos


tradicionais é que eles podem alcançar rotações muito mais altas.

PERDAS NOS MOTORES DC


A finalidade básica de um motor é converter energia
elétrica em energia mecânica. Evidentemente, o melhor motor é o
que consegue converter a maior parte da energia elétrica em
energia mecânica, ou seja, tem o maior rendimento ou menores
perdas. As perdas nos motores de corrente contínua, além das
que já comentamos no item anterior podem ter diversas outras
origens.
Na figura 16 mostramos num gráfico os diversos tipos de
perdas que podem afetar o rendimento deste tipo de motor.

122
NEWTON C. BRAGA

Perdas nos enrolamentos


Estas perdas ocorrem porque o fio usado nos
enrolamentos dos motores apresenta certa resistência elétrica.
Para vencer esta resistência, energia elétrica é convertida em
calor e não em força mecânica. As perdas pela resistência do
enrolamento podem ser calculadas pela expressão:

P = R x I2

Onde:
P é a potência elétrica perdida - transformada em calor (W)
R é a resistência do enrolamento (ohms)
I é a intensidade da corrente no motor

Um fator importante que deve ser levado em conta nestas


perdas é que a resistência do enrolamento aumenta quando ele
se aquece, ou seja, quando o motor passa a rodar em regime de
maior potência.

Perdas pelos contatos


As escovas não possibilitam a realização de um contacto
elétrico perfeito quando o motor gira. Na verdade, a eficiência
deste tipo de contacto diminui bastante à medida que a
velocidade do motor aumenta. Com a diminuição da eficiência do
contacto, a resistência aumenta e com isso a quantidade de calor
que é gerado neste ponto do motor.
A análise da forma como os contatos atuam é bastante
complexa já que existe o problema do repique que gera pulsos de
transientes quando comutam uma carga altamente indutiva como
é o enrolamento do motor.
Em lugar do simples estabelecimento da corrente
conforme mostra a figura 16(a) temos a produção de uma
sequência de pulsos muito rápidos que, atuando sobre a
indutância do motor fazem com que a corrente estabelecida não
alcance imediatamente o valor esperado além disso sejam gerada
uma tensão de retorno mais alta. Isso é mostrado na mesma
figura 16(b).

123
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Perdas no Ferro
As características de magnetização do ferro usado como
núcleo nos motores devem ser consideradas quando analisamos o
funcionamento de um motor de corrente contínua com escovas. A
principal se deve às correntes de turbulência ou Foucalt. que são
geradas devido à histerese do material usado no núcleo.
Como este material não consegue acompanhar as
inversões muito rápidas de polaridade do campo magnético
quando o motor gira em alta velocidade. são induzidas correntes
no núcleo que causam seu aquecimento. Este aquecimento pode
influir no aumento da resistência do enrolamento (como já vimos)
e nas próprias características magnéticas do material usado no
núcleo do motor.
Em suma, maior velocidade para este tipo de motor pode
significar perdas consideráveis pelas correntes induzidas desta
forma. O uso de chapas de metal em lugar de núcleos sólidos
reduz o problema, mas não o elimina completamente.

Perdas por Fricção


Estas perdas se devem às características mecânicas do
motor que deve rodar sobre mancais com o mínimo de atrito
possível. Evidentemente, na prática não podemos reduzir este
atrito a zero e as perdas ocorrem.
A própria pressão mecânica das escovas sobre os contatos
no rotor do motor também induz perdas por atrito que além do
inconveniente de atuar como um freio, também geram calor que,
conforme vimos, são um dos fatores que causam uma perda de
rendimento para este tipo de motor.
Materiais como a grafite, que além de serem bons
condutores elétricos têm um coeficiente de atrito muito baixo
ajudam bastante a se obter motores com baixas perdas por atrito
dos contatos, mas elas não são totalmente eliminadas e devem
ser consideradas em certas aplicações mais críticas.

Perdas por Curto-Circuito


Quando as escovas mudam de contacto passando de um
enrolamento para outro no giro de um motor, por uma fração de
segundo, o contacto ocorre em dois enrolamentos ao mesmo
tempo, conforme mostra a figura 17.

124
NEWTON C. BRAGA

Neste instante temos um curto-circuito de curta duração


que absorve energia convertendo-a em calor. Outro problema que
este curto causa é atuar como um freio eletrodinâmico já que as
espiras são momentaneamente colocadas em curto gerando
assim uma carga para o motor.

OUTRAS PERDAS
Além das causas analisadas existem outras que afetam o
desempenho de motores de corrente contínua que fazem uso de
escovas. analisemos algumas delas.

Ripple de Torque
Devido as características indutivas do enrolamento do
motor e também devido à inversão da corrente constantemente
pela ação nas escovas dos motores de corrente contínua não é
possível manter constante a corrente e com isso o torque.
Na prática, o torque varia conforme uma curva ondulação
(ripple) que é mostrada na figura 18.

125
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Esta característica costuma trazer problemas de


funcionamento principalmente em altas velocidades e pode ser
minimizada com a utilização de enrolamentos múltiplos no motor
ou ainda aumentando-se o número de polos de comutação, mas
isso sem dúvida encarece o dispositivo.
Outras técnicas podem ser empregadas para se minimizar
este tipo de problema.

Desmagnetização
Os ímãs permanentes usados nos motores de corrente
contínua para criar o campo sobre o qual se baseia seu
funcionamento não são tão permanentes assim, perdendo seu
magnetismo com o tempo. Outro fator que tem influência na
desmagnetização do ímã permanente é a própria corrente que
circula pelos enrolamentos.
O campo magnético criado pelos enrolamentos atua sobre
o ímã permanente e com o tempo faz com que seu magnetismo
se reduza até o ponto em que ele começa a afetar de modo
sensível no rendimento do motor. É importante observar que uma
intensidade de corrente acima de certo valor nos enrolamentos
do motor pode criar um campo suficientemente intenso para
desmagnetizar de modo completo os imãs permanentes.
Assim, pulsos de correntes intensas devem ser evitados de
qualquer forma pois eles podem causar este tipo de problema.

126
NEWTON C. BRAGA

Ressonância Mecânica
Todos os corpos tendem a vibrar com maior intensidade
em certas frequências e isso é válido para as partes mecânicas de
um motor. Assim, se deixarmos um motor de corrente contínua
girar livremente sem carga ele tende a se acomodar numa
rotação em que suas partes mecânicas oscilem na sua frequência
de ressonância. Nesta frequência, podem surgir esforços
mecânicos que tanto pode afetar a integridade do motor como
seu rendimento.
Na prática, o que se faz é utilizar partes que tenham
frequências bem diferentes de ressonância e até girem em
sentidos contrários para que este efeito seja anulado.

Contra - FEM Induzida


A comutação rápida das escovas de uma carga indutiva faz
com que surja uma tensão induzida que é conhecida como força
contra eletromotriz. Na figura 19 mostramos a característica
desta força com a velocidade de rotação de um motor comum.

Observe que esta força contra eletromotriz aumenta com a


velocidade de rotação do motor. Normalmente, para os motores
comuns ela é expressa para uma rotação de 1000 rpm. Esta força
faz com que o motor funcione como um gerador que "devolve"
parte da energia para o circuito que o alimenta atuando assim
como uma espécie de freio.

127
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Motores sem Escovas


Conforme vimos, a maior limitação para a operação dos
motores de corrente contínua está na necessidade de se adotar
um sistema comutador mecânico que inverta e desinverta a
corrente durante o movimento para se manter as forças atuando
sempre no mesmo sentido e assim ser obtida uma rotação
contínua.
Estas escovas gastam, geram ruídos além disso estão
sujeitas à problemas de contatos que se agravam à medida que
as rotações aumentam. A terminologia usada especifica os
motores sem escova como um tipo especial de servomotor. Esta
observação deve ser feita, pois os motores de passo também são
motores sem escovas do mesmo modo que um motor de indução
de corrente alternada.
Na categoria dos motores sem escovas temos dois tipos
básicos: o motor trapezoidal e os motores para ondas senoidais. O
motor trapezoidal, na verdade é um servo DC enquanto o
senoidal se assemelha a um motor AC síncrono. Para entender
melhor como eles funcionam vamos partir da evolução dos
motores sem escovas.

Um motor convencional com escovas, conforme mostra a


figura 20, consiste num rotor com uma bobina que fira num
campo magnético produzido pelo estator. Se as conexões da
bobina são feitas através de anéis deslizantes, este motor se
comporta como um motor de passo (invertendo a corrente o rotor
gira de 180 graus).

128
NEWTON C. BRAGA

Incluindo o comutador e escovas a reversão da corrente


será feita automaticamente e o rotor vai continuar girando na
mesma direção. Para transformar este motor num motor sem
escovas devemos partir da eliminação dos enrolamentos do rotor.
Isso pode ser conseguido virando "ao avesso" o motor. Em outras
palavras, colocamos o ímã permanente como parte rotativa do
motor e colocamos as bobinas nos polos do estator.
É claro que precisamos ainda pensar em algum meio de
inverter a corrente automaticamente - uma chave acionada por
um ressalto poderia ser usada para esta finalidade conforme
mostra a figura 21.

É claro que um arranjo que ainda inclua um dispositivo


mecânico de comutação não é a melhor solução para o problema.
Podemos, em lugar da chave mecânica, usar um amplificador
para excitar as bobinas e que seja acionado por algum dispositivo
que possa verificar a posição do rotor em cada instante, por
exemplo, um sensor óptico ou um sensor de efeito Hall, conforme
mostra a figura 22.

129
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Este circuito de leitura da posição e acionamento das


bobinas é denominado "encoder de comutação" na linguagem
técnica. Fica claro que um motor deste tipo não pode ser
conectado diretamente a uma fonte de corrente contínua para
funcionar.
O motor deve ser ligado a um circuito que inverta
constantemente a corrente, o que em última análise significa que
o motor é acionado por uma corrente alternada. Voltando aos
motores comuns com escovas, vemos que um rotor que tenha
apenas uma bobina apresenta uma característica de grande
variação de torque com a rotação.
De fato, a característica será senoidal com o máximo
torque já que o rotor corta o campo magnético numa forma que
resulta neste comportamento, conforme mostra a figura 23.

130
NEWTON C. BRAGA

Um motor DC na prática possui diversas bobinas no rotor e


cada uma é ligada não somente ao seu próprio par de
comutadores como também a outras bobinas. Desta forma,
temos um toque mais constante pelo efeito da média da corrente
circulando através delas.
Como obter o mesmo comportamento para um motor sem
escovas? Isso vai exigir muitas bobinas no estator, o que em
princípio não é difícil de conseguir, mas tem o agravante de que
precisaremos de um circuito excitador para cada uma delas.
Na prática um motor sem escovas possui dois ou três
conjuntos de bobinas ou "fases" conforme mostra a figura 24.

No motor mostrado na figura é do tipo de dois polos e três


fases. O rotor normalmente possui quatro ou seis polos no rotor

131
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

com um aumento correspondente no número de polos do estator.


Veja que isso não aumenta o número de fases pois elas podem
ser distribuídas entre diversos estatores.
A característica de torque deste tipo de motor é mostrada
na figura 25.

Através desta figura podemos ver que o torque máximo é


conseguido quando os campos do estator e do rotor estão com
uma defasagem de 90 graus. Limitando o número de fases a três
isso significa que se pode avançar o campo do estator apenas em
incrementos de 60 graus da rotação do eixo, o que significa que
não dá para manter esta diferença de fase de 90 graus.
Na prática o que se faz é manter esta diferença oscilando
entre 60 e 120 graus de modo que na média teremos 90 graus
com o que se consegue uma boa aproximação da condição de
maior torque.

O MOTOR TRAPEZOIDAL
Com uma intensidade de corrente fixa nos enrolamentos,
pode-se conseguir um bom aumento do torque. Consegue-se com

132
NEWTON C. BRAGA

isso um achatamento de sua característica de toque mostrada na


figura 26, que, pela sua forma dá nome a este tipo de motor.

Na prática isso não é muito simples, já que um certo grau


de não linearidade sempre permanece. O efeito principal é um
pequeno "soquinho" no ponto de comutação do circuito, o que
pode ser importante nas aplicações de muito baixa rotação. O
ripple ou ondulação de torque resultante desta característica
tende a produzir uma espécie de modulação de velocidade na
carga. No entanto, num sistema que use um feedback de
velocidade de grande ganho o problema é eliminado. Isso
significa eu um pequeno aumento da velocidade gera um grande
sinal de erro, reduzindo a demanda de torque para corrigir a
velocidade.

Na prática, a corrente do amplificador tende a ser um


espelho da característica de torque resultando numa modulação
de velocidade muito pequena conforme mostra a figura 27.

133
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

O MOTOR SENOIDAL
No motor senoidal que também é chamado de servo AC
sem escovas, nenhum cuidado é tomado para se corrigir as
características senoidais básicas de torque. Este motor pode ser
alimentado como um motor AC sincronizado simplesmente
aplicando-se aos enrolamentos tensões senoidais com o
deslocamento de fase apropriado, 120 graus no caso de motores
de três fases.
Se for necessária uma precisão em baixas velocidades
uma precisão maior nas tensões deve ser conseguida. Isso
significa que o drive deve gerar três correntes que estejam em
fase de acordo com a posição do eixo. Para obter a necessária
precisão nesta codificação normalmente são usados codificadores
ópticos.

TORQUE CONSTANTE
Para entender melhor como pode-se obter torque
constante deste tipo de motor, é melhor analisar um caso em que
tenhamos apenas duas fases.
Este motor tem dois conjuntos de bobinas que são
alimentadas com um sinal trapezoidal defasadas de 90 graus,
uma em relação a outra.

Se representarmos a posição do eixo por um ângulo x, as


correntes nos enrolamentos estarão na forma:

I = Io sen x
I = Io cos x

Voltando ao modelo básico de motor, podemos observar


que a característica de torque fundamental do motor também é
senoidal, o que quer dizer que o torque instantâneo será dado
por:

T1 = Io K sen x

Onde:
k é a constante de torque do motor.

134
NEWTON C. BRAGA

Tornando a corrente no motor senoidal, e em fase com as


características de torque do motor, o toque obtido de uma das
fases será:
T1 = (Io sen x) K sen x = I k sen2x

E, da mesma forma, o torque obtido será dada por:

T 1= Io K cos2 x

O torque total obtido (nas duas fases) será então:

T1 + T2 = Io K (sen2x + cos2x)

Mas:

sen2x + cos2x = 1

Onde obtemos:

T1 + T2 = Io x k

Assim, para correntes senoidais aplicadas ao motor, o


torque resultante será independente da posição do eixo. Veja,
entretanto, que, para que isso ocorra, deve haver uma precisão
na aplicação destas correntes no motor, o que exige o emprego
de um encoder apropriado para enviar a informação necessária
ao circuito de processamento que a gera.

SERVOS HÍBRIDOS
Com relação ao princípio de funcionamento, o motor de
passo e o servo motor sem escovas são semelhantes. Cada um
possui um sistema de ímãs rotativos e um estator com bobinas
enroladas.
A única diferença está no fato de que eles possuem
números de polos diferentes. São apenas 3 pares no servo híbrido
e até 50 no motor de passo.
Assim, para efeito de análise podemos considerar um
servo híbrido como um motor de passo simplificado. Baseados
nos mesmos princípios podemos usar um motor de passo como

135
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

servo simplesmente agregando algum recurso de feedback, como


por exemplo um encoder óptico.
O nome híbrido vem justamente do fato de que sua
construção tanto se baseia nos princípios de funcionamento dos
servos comuns como dos motores de passo. Eles até são
chamados em alguns de "servos de passo". Na figura 28 temos
uma vista em corte de um motor deste tipo.

Neste tipo de motor um drive de 2 fases fornece as


correntes defasadas (seno e cosseno) que os enrolamentos
precisam para a excitação sempre comandados pelo dispositivo
de realimentação. Este dispositivo tanto pode ser um encoder
óptico como um sensor de contatos. Como o motor tem 50 pares
de polos, devem ser gerados 50 ciclos de sinal para cada volta do
eixo.
Um servo híbrido tem aproximadamente o mesmo torque
do motor equivalente de passo quando alimentado pela mesma
tensão e corrente, mas deve-se considerar que a operação deve
ser sempre em laço fechado.
Um servo híbrido é mais caro que um motor de passo num
determinado sistema, mas mais barato do que um servo sem
escovas. Da mesma forma que nos motores de passo a operação

136
NEWTON C. BRAGA

contínua em altas velocidades não é recomendada para este tipo


de motor já que podem ocorrer muitas perdas no núcleo. Outra
vantagem deste tipo de motor é que ele costuma operar de modo
mais silencioso e aquecer menos do que os motores de passo
comuns.

MOTORES DE ACIONAMENTO DIRETO


Este tipo de motor é acoplado diretamente nas cargas que
devem movimentar sem o uso de caixas de redução,
engrenagens ou correias. Em algumas aplicações motores sem
escovas e mesmo motores de passo podem apresentar torque e
resolução adequadas para este tipo de aplicação.
Em outros, entretanto, as caixas de redução e correias são
usadas para se modificar o torque e a velocidade de acordo com
as especificações exigidas pelo projeto. Na figura 29 temos um
tipo de motor de acionamento direto em corte.

137
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Um motor deste tipo não possui escovas e nem


engrenagens de modo a se obter maior torque e maior resolução,
sacrificando, entretanto, a velocidade e a precisão. Uma
vantagem importante do acionamento direto e a eliminação do
atrito e fricção das engrenagens que são responsáveis por perdas
importantes de potência.
Este tipo de motor contém componentes de precisão e um
sistema de feedback num invólucro muito compacto. O torque
deste tipo de motor depende de seu diâmetro e em segundo lugar
do número de dentes de que criam o campo magnético de modo
a se obter o maior número de passos de acionamento.
Estes motores têm como principais vantagens a alta
precisão, maior velocidade de reposta, maior torque em altas
velocidades e rotação suave.

CONCLUSÃO
Motores de todos os tipos são encontrados numa
variedade enorme de aplicações na indústria, na eletrônica de
consumo e embarcada. O profissional deste setor deve conhecer
cada tipo, e se for um projetista deve saber que tipo empregar
numa aplicação específica. O que vimos neste artigo foi apenas
uma breve introdução ao princípio de funcionamento dos
principais tipos de motores que podemos encontrar nos diversos
equipamentos modernos.
O leitor interessado pode ir além aprofundando-se em
cada tipo de modo a saber como fazer projetos específicos e
tirando o máximo proveito das vantagens que cada um oferece.

138
NEWTON C. BRAGA

COMO FUNCIONAM OS DIVERSOS


TIPOS DE MICROFONES
Este é um artigo atual e de grande importância para os
que estão aprendendo eletrônica. Recomendamos como apostila
para cursos de iniciação tecnológica e mesmo eletrônica. Nele
explicamos o princípio de funcionamento dos principais tipos de
microfones.
O microfone é um transdutor usado principalmente nos
equipamentos que envolvem sons, ou seja, sinais de áudio. A
finalidade de um microfone é transformar sons, incluindo a voz
humana, em sinais elétricos, consistindo, portanto, em elementos
de interface do homem com circuitos eletrônicos os mais
diversos. Existem diversos tipos de microfones, que evoluíram ao
longo do tempo, e que apresentam características diferentes.
Neste artigo mostramos os principais tipos de microfones que
existem ou existirem, analisando seu princípio de funcionamento
e seu modo de usar.
Microfones são transdutores eletroacústicos, ou seja,
convertem energia acústica (som) em energia elétrica. Conforme
a técnica de construção e o material usado os microfones
apresentam características especiais que os tornam úteis para
determinadas aplicações. Assim, existem vários tipos de
microfones. Na figura 1 mostramos os principais símbolos usados
para representar os microfones.

139
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

O princípio de funcionamento da maioria dos microfones é


dado pela maneira como a energia acústica é transformada ou
provoca uma alteração de uma grandeza elétrica num circuito. De
um modo geral dizemos que a finalidade de um microfone é
converter sons em uma corrente ou tensão cuja forma de onda,
frequência e intensidade correspondam ao som original.
Nas aplicações práticas podem ser encontrados diversos
tipos de microfones, alguns dos quais mais raros e não mais
usados, mas que será interessante analisar por motivos
históricos.

TIPOS DE MICROFONES
Damos a seguir uma relação de tipos de microfones
comuns:

Microfone de carvão
Trata-se de um tipo de microfone que já não é mais usado,
tendo sido inventado no século 19 e usado nos primeiros sistemas
telefônicos. Na figura 2 temos uma vista em corte de um
microfone deste tipo.

140
NEWTON C. BRAGA

Dentro de uma cápsula de material isolante existem


minúsculos grãos de carvão ou grafite os quais em conjunto
apresentam uma certa resistência elétrica, medida entre os
eletrodos. A tampa da cápsula é um diagrama fino que tem por
finalidade captar as ondas sonoras.
Quando o som incide nesse diafragma ele pressiona e
distende os grãos de carvão, provocando assim uma alteração
correspondente da resistência. Isso significa que, ligando esse
microfone a uma bateria e uma carga, por exemplo, um fone de
ouvido, a corrente circulante será um retrato do som incidente,
podendo ser reproduzida pelo fone de ouvido. Esses microfones
possuem resistências típicas na faixa de alguns ohms até 600 a 1
000 ohms.
A principal vantagem no uso destes microfones está na
sua robustez e a principal desvantagem está na baixa fidelidade,
já que a qualidade de som obtida não é das maiores. Atualmente,
estes microfones já não mais são usados.

Microfones de cristal
Na figura 3 temos a representação em corte de um
microfone, também algo antigo e não mais usado, que é o
microfone de cristal. O elemento sensível deste tipo de microfone
é o sal de Rochelle que, infelizmente absorve facilmente umidade,
perdendo suas características piezoelétricos com o tempo.

141
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Conforme podemos ver pela figura, um cristal piezoelétrico


é preso ao diafragma possuindo dois eletrodos em suas faces.
Quando a onda sonora incide no diafragma, ela deforma o cristal
de tal maneira a gerar uma tensão elétrica com a forma de onda
e frequência do som. Essa tensão aparece nos terminais do
microfone podendo ser aplicada á entrada de um amplificador.
A principal vantagem deste tipo de microfone de alta
impedância está na sua sensibilidade, já que ele fornece um sinal
intenso, entre 100 mV e 1 Vpp, o qual pode ser usado
diretamente pela maioria dos amplificadores. A desvantagem está
na deterioração do cristal com a umidade.

MICROFONE DINÂMICO
Na figura 4 temos uma vista em corte de um microfone
dinâmico, que é mais comum atualmente, pela sua qualidade de
som.

142
NEWTON C. BRAGA

Em torno de um ímã permanente é enrolada uma bobina


formada por muitas voltas de fio esmaltado muito fino. O número
de voltas desta bobina determinará as características elétricas do
microfone, como sua impedância e sensibilidade. Os microfones
dinâmicos são de baixa impedância, entre alguns ohms até
algumas centenas de ohms) e o sinal fornecido é muito fraco,
exigindo o uso de circuitos pré-amplificadores.
Quando uma onda sonora incide no diafragma de metal
ferroso, um material que pode concentrar as linhas de força do
campo magnético do ímã ocorre uma modificação dessas linhas
de força, com o que é induzida uma tensão na bobina cuja forma
de onda corresponde ao som incidente.
Este tipo de microfone é bastante usado em aplicações
profissionais pela sua qualidade de reprodução. Como variação
deste tipo de microfone temos o tipo mostrado na figura 5 que se
assemelha a um alto-falante invertido. Na verdade, os alto-
falantes também funcionam como microfones deste tipo,
bastando que eles sejam ligados na entrada de circuitos
apropriados de amplificação do sinal.
Neste tipo de microfone, que é bastante usado atualmente
nos tipos de baixo custo encontrados em karaokês e outras
aplicações semelhantes, o que temos é um diafragma de plástico
ou outro material mole presa a uma bobina móvel. Essa bobina
pode mover-se em torno de um ímã quando o diafragma recebe
uma onda sonora. Com esse movimento, é gerada nesta bobina
uma tensão cuja forma de onda corresponde ao som original.

143
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Os microfones deste tipo são de baixa impedância


exigindo bons circuitos amplificadores, mas têm como vantagem
sua robustez e a boa qualidade de som.

Microfones de eletreto
Conforme mostra a figura 6, estes microfones possuem
como elemento sensível um material denominado eletreto que
têm propriedades elétricas interessantes.

Estes materiais apresentam cargas elétricas permanentes,


que se alteram quando eles sofrem deformações mecânicas.
Assim, se prendermos um material deste tipo a um diafragma, a

144
NEWTON C. BRAGA

tensão que aparece em suas faces vai variar conforme o som que
incidir no diafragma.
Como estas tensões são muito baixas e a impedância do
eletreto é extremamente alta, estes microfones já levam
embutidos um circuito amplificador que consiste num transistor
de efeito de campo de junção (JFET) conforme mostra a figura 7.

Por este motivo, para usarmos este tipo de microfone


precisamos de um circuito de polarização que é mostrado na
figura 8.

Nela temos o modo de se usar um microfone de dois e de


três terminais com os valores típicos dos componentes de

145
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

polarização. As principais vantagens desses microfones são seu


baixo custo, grande sensibilidade, tamanho reduzido e facilidade
de uso, o que os torna ideais para uma grande gama de
aplicações práticas modernas. A única desvantagem, que não
chega a afetar sua preferência por muitos projetistas, está na
necessidade de um circuito externo de polarização.

Outros tipos
Além dos tipos indicados existem outros que podem ser
incluídos em nossa lista. O primeiro deles é o microfone cerâmico,
que nada mais é do que um microfone de cristal em que o sal de
Rochelle é substituído por uma cerâmica piezoelétrica. A
cerâmica piezoelétrica é muito mais robusta e não absorve
umidade.
Outro tipo de microfone, apenas encontrado em aplicações
profissionais é o capacitivo. Conforme mostra a figura 9, o
diafragma deste microfone é a armadura de um capacitor.

Quando o som incide neste diafragma a capacitância do


capacitor se modifica conforme a intensidade e frequência do
som. Este microfone é usado num tipo especial de circuito em que
ele modula um sinal em frequência. Demodulado, o sinal fornece
a saída de áudio para amplificação. Este tipo de microfone possui
excelentes qualidades, mas pela dificuldade de uso não é muito
empregado em aplicações comuns.

146
NEWTON C. BRAGA

CARACTERÍSTICAS DOS MICROFONES


Para se obter o desempenho correto de um microfone é
preciso que suas características sejam observadas de modo a
combinar com a do circuito em que ele vai ser conectado. Assim,
precisamos observar as seguintes características num microfone
ao utilizá-lo:

Impedância
Um microfone só pode transferir totalmente o sinal ele
gera a partir do som se sua impedância for igual à da entrada do
amplificador, conforme mostra a figura 10.

Dizemos que é preciso haver um casamento de


impedâncias entre o microfone e o circuito utilizado para que seu
funcionamento seja perfeito. Se ligarmos um microfone de baixa
impedância na entrada de alta de um amplificador, ele não
funcionará corretamente. O sinal ficará fraco.

Sensibilidade
Esta característica nos dá a intensidade do sinal que o
microfone fornece. Normalmente, esta característica é dada em
volts pico a pico (Vpp) e para os microfones comuns pode variar
entre microvolts e milivolts para os menos sensíveis até perto de
1 V para os mais sensíveis. Esta característica é importante para

147
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

sabermos se o microfone que for utilizado num equipamento pode


excitá-lo.
Por exemplo, se um amplificador precisar de 600 mV de
entrada para dar a potência total de saída e o microfone só
fornecer 100 mV, evidentemente, ao ligar este microfone no
aparelho a saída não chegará ao máximo e ele vai “falar baixo”.
Neste caso, será preciso ligar um pré-amplificador entre o
microfone e o amplificador, conforme mostra a figura 11.

Curva de Resposta
O ideal para um microfone é que ele capte todas as
frequências com a mesma sensibilidade. Na prático isso não
ocorre e os microfones não só respondem a uma faixa limitada de
frequência como também de modo irregular, conforme mostra a
figura 12.

148
NEWTON C. BRAGA

Assim, precisamos estar atentos à curva de resposta de


um microfone para que ela corresponda à aplicação. Um
microfone para locução pode ter uma faixa mais estreita e
concentrada mais nos graves e médios do que um usado para
música que precisa ter uma faixa mais ampla.

Curva de Diretividade
Os microfones podem ter características diferentes quanto
á direção em que sua sensibilidade é maior. Na figura 13
mostramos as diversas curvas de diretividade de microfones
comuns.

149
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Assim, um microfone omni (tudo ou todo em latim) é


aquele que capta o som com a mesma sensibilidade em todas as
direções. Já um microfone cardioide (diagrama de diretividade em
forma de coração) capta apenas os sons que incidem pela sua
parte frontal. Para cada aplicação, a curva característica
apropriada deve ser escolhida.

CONCLUSÃO
Não basta ligar qualquer microfone na entrada de um
amplificador ou outro equipamento para que ele funcione da
maneira esperada. Para as aplicações profissionais é preciso
saber escolher o microfone ideal. Mesmo nas aplicações comuns,
deve-se levar em conta certas características que, se não forem
observadas, podem significar a diferente entre ele funcionar e
não funcionar. Neste artigo devemos uma visão geral dos
diversos tipos de microfones que existem e quais são as suas
características.

150
NEWTON C. BRAGA

COMO FUNCIONA A CAIXA PRETA

Os FDR e CVR – Os cilindros aparentes são os sinalizadores


acústicos emissores de pings. As caixas pretas, alias de cor
laranja, ficaram muito em evidência, principalmente após o
desaparecimento do avião do voo MH370 da Malasyan Airlines.
Vamos descrever neste artigo algumas características desses
equipamentos que na realidade são dois em cada avião.
Escrito por Yoji Konda (http://www.yojikonda.com/)

Flight data recorder – (FDR) Gravador de dados do voo.


Cockpit voice recorder – (CVR) Gravador de dados de
voz da cabine do piloto.

As características desses equipamentos obedecem às


rígidas normas da International Civil Aviation Organization (ICAO).
Para a sua localização, são empregados dois tipos de
sinalizadores:

1 – Sinalizador de rádio.
Frequência antiga: 125.5 MHz – VHF
Frequência atual: 406 MHz – UHF
Localizável através de satélites, navios e aviões mesmo a
milhares de quilómetros.

2 - Sinalizador acústico
Frequência: 37.5 kHz

151
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Quando um avião submerge, as ondas de rádio são inúteis,


não atravessando a água para atingir a superfície. São utilizados
sinalizadores acústicos que trabalham em uma frequência
inaudível para o ser humano: 37,5 kHz.
Esta frequência foi escolhida para ficar fora de ruídos
provocados pelas ondas do mar, navios e principalmente seres
marinhos como baleias, focas e cachalotes. O único animal capaz
de emitir um som nesta frequência é o golfinho nariz de garrafa,
mas a forma de onda é diferente, podendo a sondas diferenciá-los
dos pings do sinalizador.
O sinal é detectado através de sonda acústica colocadas
em navios através de cabos que podem mediar de 30 a 1.000
metros.
Para tornar audível os pings, o sinal de 37.5 kHz é
misturado com outro de 38.5 kHz, gerando por batimento, uma
terceira frequência de 1 kHz.
O ping pode ser visualizado através de um computador.
Os pings tem um alcance restrito de apenas uns 2 ou 3
quilômetros, as sondas captadoras também, o que torna
extremamente difícil localizar um avião em local incerto, na
imensidão dos mares.
Existem projetos de adaptar um sistema usado em alguns
aviões militares.
Quando o avião cai na água, existe um tubo semelhante a
um lança torpedo de submarino, só que em miniatura, capaz de
ejetar o chip de dados juntamente com o sinalizador e uma boia.
Mesmo que o conjunto seja levado longe, pelas ondas e ventos,
fica gravado no chip a localização do ponto da queda do avião
através do GPS.
Embora pouco cogitado, a melhor solução é simplesmente
eliminar as caixas pretas dos aviões. Os dados telemétricos do
voo e de voz da cabine poderão ter transmitidos continuamente
para uma rede de satélites, que retransmitirão para a terra e
serão armazenados por um super-computador.

152
NEWTON C. BRAGA

SENSORES ULTRASSÔNICOS
Um tipo de sensor bastante usado em aplicações
industriais é o que faz uso de ultrassons. Esses sensores podem
ser usados para detectar a passagem de objetos numa linha de
montagem, detectar a presença de pessoas ou ainda de
substâncias em diversos estados num reservatório permitindo a
medida de seu nível. Veja nesse artigo como funcionam esses
sensores, quais os tipos disponíveis e como são utilizados.
Os sensores que fazem uso de ultrassons encontram uma
grande gama de utilizações na indústria e mesmo em outros
campos de atividades. Esses sensores se caracterizam por operar
por um tipo de radiação não sujeita a interferência
eletromagnética e totalmente limpa, o que pode ser muito
importante para determinados tipos de aplicações.
Podendo operar de modo eficiente detectando objetos em
distâncias que variam entre milímetros até vários metros, eles
podem ser usados para detectar os mais variados tipos de objetos
e substâncias.

COMO FUNCIONA
O princípio de operação desses sensores é exatamente o
mesmo do sonar, usado pelo morcego para detectar objetos e
presas em seu voo cego.
Conforme mostra a figura 1, o pequeno comprimento de
onda das vibrações ultrassônicas faz com que elas reflitam em
pequenos objetos, podendo ser captadas por um sensor colocado
em posição apropriada.

153
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

O comprimento de onda usado e, portanto, a frequência,


são muito importantes nesse tipo de sensor, pois ele determina as
dimensões mínimas do objeto que pode ser detectado.
De fato, conforme mostra a figura 2, só ocorre reflexão em
intensidade suficiente para se obter um bom sinal, quando o
objeto tem dimensões que se aproximam do comprimento de
onda do sinal, ou seja, maior.

Os sinais passam através de objetos cujas dimensões


sejam muito menores do que o comprimento de onda. Por esse
motivo é que sons comuns não podem ser usados nesse tipo de
detector. Um sinal de 1000 Hz, por exemplo, teria 34 cm de
comprimento de onda, sendo teoricamente esse o tamanho do
menor objeto que poderia ser detectado por essa frequência,
considerando-se uma velocidade aproximada do som de 340 m/s.

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NEWTON C. BRAGA

Na prática um sensor ultrassônico é formado por um


emissor e um receptor, tanto fixados num mesmo conjunto como
separados, dependendo do posicionamento relativo desejado,
conforme mostra a figura 3.

O emissor pode ser tanto do tipo magnetostritivo como


piezoelétrico, conforme mostra a figura 4.

No primeiro caso um diafragma de metal vibra a partir do


campo magnético alternado produzido por um circuito oscilador.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

No segundo caso, temos uma cerâmica do piezoelétrico (titanato


de bário, por exemplo) que vibra por deformação quando uma
alta tensão alternada lhe é aplicada.
É interessante observar que, por efeito Doppler, o
movimento do objeto detectado pode também ser determinado
por precisão. Conforme mostra a figura 5, o comprimento de onda
de um sinal refletido num objeto em movimento se altera com o
esse movimento.

Temos uma alteração no sentido de aumentar o


comprimento de onda e, portanto, diminuir a frequência se o
objeto se afasta da fonte emissora. Por outro lado, o comprimento
de onda diminui e, portanto, temos uma frequência maior para o
sinal refletido, se o objeto se aproxima da fonte emissora.
Levando-se em conta a velocidade do som, pode-se determinar
com precisão a velocidade de aproximação ou afastamento do
objeto pela medida da alteração de sua frequência, com um
circuito mostrado em blocos como o da figura 6.
O leitor deve ter percebido que o princípio de
funcionamento é o mesmo dos radares usados nas rodovias, mas
que naquele caso utilizam micro-ondas.
Como os ultrassons passam através de materiais sólidos,
sofrendo alterações de velocidade com a mudança das
características do meio, eles podem ser usados de forma muito
eficiente para detectar falhas internas de materiais como
rachaduras e bolhas, conforme mostra a figura 7.

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NEWTON C. BRAGA

Nesse artigo trataremos basicamente dos sensores usados


na detecção de objetos deixando esse seguindo tipo para uma
abordagem mais profunda em outra oportunidade.

TIPOS DE SENSORES
O tipo de sensor usado depende do que se deseja
detectar. Assim, os objetos podem ser classificados em três
categorias, conforme a reflexão dos ultrassons que proporcionam:
a) Superfícies planas como fluídos, caixas, folhas ou placas
de plástico ou papel, vidros etc.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

b) Objetos cilíndricos como latas, garrafas, canos e o corpo


humano.
c) Pós e grãos como minerais, cereais, areia, plásticos em pó
etc.

A figura 8 mostra os três casos.

É importante saber exatamente qual é formato do que vai


ser detectado, pois esse formato influi na capacidade de reflexão
dos ultrassons e, portanto, na distância máxima em que os
sensores podem ser usados.

CUIDADOS NO USO
Como qualquer tipo de sensor, o posicionamento correto e
a observação de eventuais fontes capazes de interferir no
funcionamento são fundamentais para se obter o bom
desempenho de um sistema. A seguir algumas indicações
importantes para o leitor que vai trabalhar com esse tipo de
sensor.

Reflexões indevidas
Dependendo da natureza do material a ser detectado, o
ultrassom pode tanto penetrar como passar por reflexões
múltiplas. Essas reflexões, conforme mostra a figura 9, podem
falsear as indicações por um efeito de interferência destrutiva.

158
NEWTON C. BRAGA

Região limite
Conforme mostra a figura 10, é preciso definir a faixa de
distância de detecção do sensor para que problemas de sinal não
ocorram.

A distância mínima que o objeto vai passar diante do


sensor e a distância máxima, delimitam a região limite.
O que ocorre é que entra o sensor e o objeto em sua
posição de detecção mais próxima, existe uma zona de incerteza
em que efeitos de reverberação podem prejudicar o
funcionamento do sistema.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Características direcionais
Numa aplicação em que se utilizem elementos que
irradiam sinais de qualquer tipo deve-se considerar a diretividade
tanto do sensor como do emissor.
Para os sensores ultrassônicas a característica de
diretividade normalmente varia entre 8 e 30 graus conforme uma
curva característica semelhante à mostrada na figura 11.

Isso significa que tanto o objeto que vai ser detectado


deve passar pela região de maior intensidade de sinal como o
sensor deve apontar para ela.
É comum nas especificações dos sensores ser indicado o
“ângulo de meia pressão sonora”. Trata-se do ângulo em relação
à normal para a qual aponta o sensor em que a intensidade do
ultrassom cai à metade.
Também deve ser observado pela figura, que existem
normalmente lobos laterais de irradiação e de recepção nas
características dos sensores. A presença desses lobos é
importante, pois significa a possibilidade de se detectar objetos
que estejam na sua direção de forma indevida.

Utilização de cornetas
Para concentrar mais os sinais numa determinada direção
é possível fazer uso de cornetas como a mostrada na figura 12.

160
NEWTON C. BRAGA

Com essa concentração aumenta-se o alcance e obtém-se


uma resolução maior para o sensor, evitando-se a eventual
detecção de objetos de forma indevida.

O fenômeno da Reverberação
Quando um pulso ultrassônico é aplicado a um objeto ele
consiste numa forma de energia que será parte absorvida e parte
refletida por esse objeto. O que ocorre é que a energia absorvida
pode levar o objeto a vibrar na mesma frequência por alguns
instantes.
O resultado é que o pulso refletido pode ter uma duração
maior do que a do pulso transmitido por esse efeito de
“prolongamento” ou reverberação, conforme mostra a figura 13.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Uso Correto
A orientação correta do sensor é fundamental para se
obter um bom desempenho do sistema. Nesse caso, especial
atenção deve ser tomada com os ângulos para que o objeto passe
pela região de maior intensidade do sinal e a reflexão ocorra na
direção em que está o sensor.
Conforme mostra a figura 14, deve-se ainda tomar cuidado
com a eventual presença de objetos que estejam na proximidade
e que possam causar reflexões indevidas do sinal.

Outro problema que deve ser considerado, alertado pela


OMRON (www.omron.com) está na possibilidade de perturbações
do ar afetarem a propagação dos ultrassons, fornecendo
indicações errôneas.
Conforme mostra a figura 15, os ultrassons utilizam o ar
para se propagar e são extremamente sensíveis à variações de
pressão e à própria movimentação do ar.

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NEWTON C. BRAGA

Assim, a presença de uma corrente de ar no local em que


é feita a detecção pode causar detecções erradas ou
funcionamento indevido do sistema.

CONCLUSÃO
Os sensores ultrassônicos consistem numa excelente
alternativa para determinados tipos de aplicações na indústria e
mesmo em outros campos.
No entanto, conforme vimos nesse artigo existem algumas
considerações de ordem prática que devem ser levadas em conta
quando da sua escolha, instalação e uso.
Empresas como A OMRON possuem uma vasta linha de
sensores desse tipo que possuem características que se adaptam
às mais variadas aplicações.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

METAMATERIAIS - NOVAS
PERSPECTIVAS PARA A ELETRÔNICA
Novos materiais, com propriedades ópticas fantásticas
abrem as portas para novas tecnologias na optoeletrônica e na
mais recente das ciências relacionadas com o comportamento da
luz e de ondas eletromagnéticas: a plasmônica (*). Os
metamateriais, até há pouco tempo considerados existentes
apenas na imaginação das cientistas, começam hoje a se tornar
realidade, podendo fazer partes dos chips dos computadores e de
muitos equipamentos do futuro. Veja nesse artigo o que são os
metamateriais e para que servem.
Novas tecnologias são antes discutidas nos corredores dos
grandes centros de pesquisas antes de passarem aos laboratórios
e finalmente, quando desenvolvidas se tornarem parte de
equipamentos que usamos no dia a dia.
Quando utilizamos telefones celulares, computadores,
DVDs e outros equipamentos de alta tecnologia não nos damos ao
trabalho de pensar em quanto tempo de discussões, trabalhos
teóricos e depois práticos foram gastos antes de que eles se
tornassem realidade.
No dia a dia também não nos preocupamos muito no que
está sendo agora discutido nesses centros, e quando as notícias
sobre novos produtos e novas tecnologias aparecem, elas sempre
causam surpresas. Esse é o caso dos metamateriais, que devem
encontrar uma ampla gama de aplicações numa outra ciência
emergente que é a plasmônica.

O QUE SÃO OS METAMATERIAIS


Para entender o que são esses fantásticos materiais,
voltemos no tempo, até aproximadamente 40 anos atrás quando
o cientista V. G. Veselago trabalhava no estudo das propriedades
de substâncias com simetria de mão-esquerda.
Lembrando os velhos tempos da química, sabemos que
existem substâncias que possuem a mesma fórmula química, mas
estruturalmente são diferentes, da mesma forma que a mão
direita é diferente da mão esquerda. Essas substâncias, por esse

164
NEWTON C. BRAGA

motivo apresentam propriedades ópticas diferentes, através das


quais podem ser detectadas.
Na figura 1 temos duas moléculas com a mesma fórmula,
mas diferentes na disposição espacial, como se fossem objeto e a
imagem refletida num espelho.

Nesses estudos o pesquisador concluiu que seria possível


obter substâncias com índice de refração negativo. Voltando à
física do nível médio podemos explicar melhor o que ocorre.
Quando um raio de luz passa de um meio de certa
densidade para outro de densidade diferente, ele sofre um desvio
que é dado pelo índice de refração existente entre os dois meios,
conforme mostra a figura 2.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

O índice de refração é dado pela relação entre o seno do


ângulo de incidência e o seno do ângulo de refração, sendo
sempre um número positivo.
Segundo o pesquisador Veselago, se o material apresentar
valores negativos tanto para permeabilidade elétrica quanto para
a permeabilidade magnética, o índice de refração será negativo e
se desviará, com uma trajetória conforme mostra a figura 3.

Na prática é difícil imaginar o que ocorre se não


utilizarmos um experimento bastante conhecido dos estudantes
de óptica do nível médio. Quando enfiamos um lápis num copo
com água ele parece “quebrado” devido ao índice de refração da
água maior do que o do ar.
No entanto, se imaginarmos uma substância que tenha um
índice negativo de refração, os efeitos serão estranhos. A figura 4
mostra o que ocorre nesse caso, o que aparentemente seria uma
contradição para as leis da física, especificamente a lei de Snell,
mas isso não ocorre se fizermos um exame profundo do
fenômeno.

166
NEWTON C. BRAGA

O que ocorre é que na prática as substâncias comuns


apresentam uma resposta magnética muito baixa às frequências
ópticas, o que significa que suas propriedades são determinadas
basicamente pela permissividade elétrica. Isso fez com que o
trabalho de Veselago fosse apenas citado como uma curiosidade
acadêmica.

UM PASSO ALÉM
As coisas começaram a mudar, entretanto, com o trabalho
do Prof. J. B. Pendry que propunha a utilização de metamateriais
para se obter uma permeabilidade magnética.
Materiais artificiais com constantes de rede cristalina
muito menor do que o comprimento de onda da radiação
luminosa que recebem foram criados. Assim, a luz “vê” esses
materiais como estruturas homogêneas. No entanto, os átomos
não são reais, mas estruturas artificiais que se comportam como
ressonadores.
Com um projeto bem feito dessas estruturas é possível
fazer com que elas se comportem como uma substância natural
com propriedades tais como a permeabilidade magnética
negativa. Os metamateriais podem então ser usados em
dispositivos fotônicos e plasmônicos de uma forma totalmente
inédita.
O que fazer com materiais com índices de refração
negativos?

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Em princípio pode parecer difícil para o profissional comum


da eletrônica entender o que se pode fazer com um material que
refrate a luz “ ao contrário” , como ocorre com os metamateriais.
No entanto, se conseguirmos criar nanosestruturas de
metal que tenham essas características e elas forem
dimensionadas para serem ressonantes a certas frequências já
teremos aplicações práticas possíveis.
Uma ideia é o que se denomina de Split-Ring Resonator
(SSR) que consistem em nanoestruturas que, pelo seu formato se
comportam como osciladores LC (bobina+capacitor), conforme
mostra a figura 5.

Um metamaterial seria formado por uma grande


quantidade desses ressonadores que operariam na frequência da
luz incidente. Nessa frequência, devido à ressonância, a
permeabilidade efetiva do dispositivo seria negativa e o conjunto
apresentaria um índice de refração negativo.
Outra possibilidade que pode ser considerada como uma
análoga consiste em se criar dipolos com fios muito curtos no
material. Esses dipolos ressonariam na frequência da luz
incidente e o conjunto apresentaria um índice de refração
negativo. Pode-se combinar as duas tecnologias, de fios e SSRs e
com isso obter materiais com índices negativos de refração.

CRIANDO OS PRIMEIROS METAMATERIAIS


Em 2001, o pesquisador V. G. Veselago, finalmente
conseguiu criar um material que apresentava as propriedades

168
NEWTON C. BRAGA

previstas nas pesquisas. O material apresentava índice de


refração negativo na faixa das microondas, sendo formado por
um prisma com dois conjuntos de tiras de cobres e um conjunto
de SSRs.
Atualmente, as pesquisas mais intensas estão dirigidas
para a criação de metamateriais nas frequências ópticas. Para ter
as propriedades esperadas na faixa do infravermelho-próximo e
ainda na parte visível do espectro, a resolução espacial exigida
para a montagem do dispositivo deve ser de menos de 50
nanômetros.
Além disso, como os dispositivos devem ser obtidos em
grande quantidade, a tecnologia empregada deve ter uma grande
capacidade de reprodução das estruturas.
A técnica que está sendo usada para essa finalidade é da
litografia por feixe de elétrons. Com essa tecnologia é possível
fabricar nanoestruturas planares capazes de apresentar as
propriedades desejadas. Pesquisadores americanos conseguiram
criar metamateriais com uma resposta magnética na faixa de 100
THz a 300 THz (1 THz – terahertz = 1 000 GHz).
Na figura 6 mostramos a sequência de operações usada na
produção de metamateriais através da litografia por feixe de
elétrons.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos – Volume 11

Essa faixa de frequências corresponde a comprimentos de


onda de 1 um a 3 um.

APLICAÇÕES NO FUTURO
Um dos sonhos de muitos autores de ficção científica e
mesmo de muitos leitores que pensam numa invenção milionária
é a roupa que tornaria uma pessoa invisível.
Pois, bem com os metamateriais, que apresentam índices
de refração negativos, esse sonho começa a tomar um aspecto
que o torna altamente provável no futuro. A ideia seria dotar a
roupa de microcilíndros de metamateriais capazes de fazer a luz
contornar o corpo e sair do outro lado, como se nada houvesse no
percurso. Isso o tornaria absolutamente transparente e, portanto,
invisível.
Um espelho magnético absoluto, ou seja, com índice de
reflexão de 100% seria outra possibilidade já testada em
laboratório. Construído com nanoestrutura numa superfície
metálica ele funciona invertendo o campo magnético de uma
onda luminosa incidente, funcionando como um “supercondutor
óptico”.
Ressonadores de BaTiO3 (óxido de titânio e bário) já foram
usados como chaves eletrônica em linhas de transmissão,
roteadores e filtros para microondas.
Outra possibilidade, em estudos por diversos centros de
pesquisas, consiste na construção de lentes quase perfeitas de
modo barato e simples. Essas microlentes poderiam focalizar
muito melhor os feixes de Laser de DVDs possibilitando assim a
leitura de pontos muito menores, com um notável aumento da
capacidade de armazenamento. Enfim, o que pode vir no futuro
com o uso dos metamateriais na eletrônica e plasmônica é algo
que só o tempo e as fantásticas descobertas porvir podem dizer.

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NEWTON C. BRAGA

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