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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA


INSTITUTO CIBER ESPACIAL
ENGENHARIA CARTOGRÁFICA E DE AGRIMENSURA

LARISSA MOURÃO PANTOJA

A IMPORTÂNCIA DO RADAR DE VISADA LATERAL NA


CARTOGRAFIA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Um estudo de caso na Serra do Acaraí – PA

BELÉM
2018
LARISSA MOURÃO PANTOJA

A IMPORTÂNCIA DO RADAR DE VISADA LATERAL NA


CARTOGRAFIA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Um estudo de caso na Serra do Acaraí – PA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura da
Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito
para o grau de bacharel em Engenharia Cartográfica e de
Agrimensura.
Orientador: MSc. Carlos Rodrigo Tanajura Caldeira
Co Orientador: Dr. Mário Ivan Cardoso

BELÉM
2018
LARISSA MOURÃO PANTOJA

A IMPORTÂNCIA DO RADAR DE VISADA LATERAL NA


CARTOGRAFIA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Um estudo de caso na serra do Acaraí – PA.

Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título
de Engenheira Cartógrafa e Agrimensora pela Universidade Federal Rural da Amazônia.

Data de Aprovação: Belém – PA, ______de__________de_________.

Banca Examinadora

________________________________________________________Orientador
Msc. Carlos Rodrigo Tanajura Caldeira
Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA

________________________________________________________ Membro 1
Msc. Mayara Cobacho Ortega Caldeira
Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA

________________________________________________________ Membro 2
Dr. Ulisses Silva Guimarães
Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia- CENSIPAM

______________________________________________________________________
PANTOJA; L.M.
Dedico infinitamente a Deus pelo milagre da
vida, a toda minha família, em especial, a minha
doce filha Isabela.

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PANTOJA; L.M.
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado sabedoria, saúde, luz e força para superar as dificuldades e sempre
seguir em frente.
Ao meu grande amor, minha filha, vieste ao mundo para trazer-me o sentindo de viver, toda
a minha força vem do teu amor. Isabela nasceu e eu renasci.
Aos meus pais Eriane e Leno, pelo amor, incentivo, motivação e apoio incondicional.
Aos meus irmãos Geovanna e João Pedro, por todo o carinho, amor e compreensão.
A minha amada Avó, Maria Gicelda, por todo carinho, amor, apoio e conselhos.
Aos meus avós in memoriam, Pedro Mourão, Lina Maria e José Alexandre por toda oração
concedida, no céu existem anjos.
Ao meu grande amigo e companheiro de vida Renan, por todo apoio, amor, ajuda e
companheirismo.
Aos meus amigos de graduação, em especial ao Arian Ferreira, Tiago Sousa, Adler
Henrique, Carlos Alberto, Thamyres Marques, Francinei Oliveira, Wellington Wagner,
Wendel Lopes, Ingridis Carolina, Kelly Amaral, Paulo Victor, Michele Moutinho, Luena
Ossana, Rafael Pompeu, Wesley Dan, Gilvrando Amoras, Soraia Oliveira, Ronaldo Matos,
Patrick Dias, Alanda Ribeiro, Dandara, Gerson Oliveira, Cristian Paixão e todos os outros
que desistiram dessa grande jornada, mas, que foram buscar outros sonhos.
A Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA pela oportunidade de realizar este curso.
Ao LAGAM (Laboratório de Geoprocessamento Análise Espacial e Monitoramento por
Satélite) pela oportunidade de oferecer um espaço na reta final do curso.
Aos meus orientadores Carlos Rodrigo Tanajura Caldeira e Mário Ivan Cardoso, pelo
suporte e apoio no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.
Ao coordenador do curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura, João Almiro, meu
muito obrigada por todo apoio em todos os momentos.
A todos professores do curso de Engenharia Cartográfica e Agrimensura, em especial a
Tabilla Verena da Silva Leite, Mayara Cobacho Ortega Caldeira, Robson Carrera e Jamer
Andrade Costa, por todo o conhecimento construído nesses anos, por todo apoio, amizade e
compreensão quando precisei me ausentar por conta da maternidade.
As minhas amigas de vida: Ruanne Ribeiro, Gabriela Oliveira, Daniela Martins, Brenda
Uliana e Deborah Rodrigues. Sou grata eternamente pela nossa amizade.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigado.
“Faça, porque se você não fizer, em breve, o
resto será silêncio.”
(Leandro Karnal)

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PANTOJA; L.M.
RESUMO

A utilização de sensores remotos do tipo Radar é de fundamental importância na região


Amazônica, devido a diversos fatores, como: longas distâncias, estradas e rodovias inviáveis,
o meio fluvial por vezes limitada e o longo período chuvoso. Dessa forma, inviabiliza o
mapeamento de certos locais remotos, como exemplo, para esse trabalho que consiste em
área de fronteira, visto que, essas áreas são de extrema importância, e faz-se necessário o
monitoramento diário ou mensal. Como a região Amazônica tem um clima muito específico
e grande parte do ano é recoberto por nuvens, a utilização de sensor do tipo Radar torna-se
muito benéfico, pois o mesmo consegue obter informações terrestres mesmo em clima
adverso. Todavia, em casos de nuvens densas e chuvas fortes causam algum tipo de
interferência, ao contrário do sensor óptico, com imagens multiespectrais, pois estes não
conseguem obter informações terrestres com presença de nuvens. É muito mais comum
utilizar sensores ópticos devido à grande facilidade visual das imagens, diferente das
imagens produzidas por Radar que são imagens complexas, bem como, o imageamento do
sensor. Então, o intuito dessa pesquisa é compreender a grande importância do Radar de
Visada Lateral na Amazônia, a partir de uma abordagem histórica até os dias atuais, através
de grandes projetos que ocorreram e os que estão em prática atualmente. Nessa pesquisa,
utilizou-se o sensor Radar Sentinel-1, lançado em 2014 que opera na banda C. Deste modo
o objetivo principal desse trabalho foi gerar uma carta-imagem na escala de 1:100.000 na
área de fronteira entre o Brasil e a Guiana, a partir de imagem corrigida e processada do ano
2018 do sensor Sentinel-1. Para efeito de comprovação da eficácia dos sensores Radar há
informações comparando a mesma área em mesma época do ano (fevereiro de 2017 a
fevereiro de 2018), com imagens orbitais de sensores ópticos.

Palavras-chave: Sensoriamento Remoto, Radar, Interpretação de imagens, Produto


cartográfico.

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PANTOJA; L.M.
ABSTRACT

The use of remote sensors of radar type are of fundamental importance in the amazon region,
due to many factors, like: high distances, roads and impossible highways and the fluvial way,
limited sometimes. In this way, unfeasible the mapping of certain places, for example to this
work which consists of border areas, as we can see that those areas have extremely important,
it is made necessary the daily or monthly monitoring. As the amazon region has a very
specific climate and much part of the year is cloud covered, the use of remote sensor from
radar type is very beneficial, because it can get terrestrial information even in adverse
weather. However, in cases of dense clouds and heavy rains they cause some kind of
interference, unlike the optical sensor, with multispectral images, since they can not obtain
terrestrial information with the presence of clouds. It´s much more common the use of optical
sensors due the visual ease of images, different from images produced by radar which are
complex images, as well the sensor imaging. So, the purpose of this research is to
understand the great importance of radar from lateral view of the amazon, from a historical
approach since the actual days, through great projects that occurred and those that are
currently in practice. In this research, was used the sensor Sentinel-1, recently released, it is
a Radar sensor which operates on C band. The main objective of this work was to generate
a 1: 100,000 image-chart in the border area between Brazil and Guyana, this cartographic
product was generated from the corrected and processed image of Sentinel-1. To validate
the effectiveness of Radar sensors, there is information comparing the same area at the same
time of year, with orbital images of optical sensors.

Key Words: Remote Sensing, Radar, image interpretation, cartographic product.

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PANTOJA; L.M.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cobertura de nuvens anual na Amazônia .......................................................... 15


Figura 2 - Espectro eletromagnético .................................................................................. 17
Figura 3 - Direções de propagação do campo elétrico na vertical e horizontal ................. 19
Figura 4 - Geometria do sistema SAR................................................................................ 20
Figura 5 - Elementos básicos de um sistema radar............................................................. 21
Figura 6 - Ângulos e parâmetros do sistema SAR ............................................................. 22
Figura 7 - Sombra de radar ................................................................................................. 22
Figura 8 - Encurtamento de rampa em imagens de radar ................................................... 24
Figura 9 - Inversão do relevo nas imagens de radar ........................................................... 24
Figura 10 - Retroespalhamento representado pelo vetor B ................................................ 25
Figura 11 - Speckle na imagem de radar ............................................................................ 27
Figura 12 - Missão espacial Sentinel-1 .............................................................................. 29
Figura 13 - Amazônia Legal ............................................................................................... 31
Figura 14 - Fotografia vertical Trimetrogon da cidade de Boa Vista/RO, 19/01/1940 ...... 32
Figura 15 - Fotografia Trimetrogon do rio Xingu .............................................................. 33
Figura 16 - Mapeamento do Rio Tapauá - Sensor Trimetrogon ........................................ 35
Figura 17 - Mapeamento do Rio Tapauá- Radar de visada lateral do projeto RADAM .... 36
Figura 18 - Diferença entre os métodos, em preto - Sensor Trimetrogon e em azul - Radar
de visada lateral do projeto RADAM. ................................................................................. 37
Figura 19 - Banda X e P do Projeto Radiografia da Amazônia.......................................... 38
Figura 20 - Ortoimagem de radar colorida no estado de Manaus em 29/08/2012 ............. 39
Figura 21 - Imagem de radar orbital- Projeto Amazônia SAR........................................... 41
Figura 22 - Mapa de localização da Serra do Acaraí, divisa entre Brasil e Guiana ........... 44
Figura 23 - Representação da cadeia de processamento da imagem de Radar .................. 46
Figura 24 - Cada etapa com a respectiva imagem da cadeia de processamento ................ 47
Figura 25 - Em A imagem e em B imagem já processada em destaque para o polígono
vermelho .............................................................................................................................. 48
Figura 26 - Carta-imagem da Serra do Acaraí.................................................................... 49
Figura 27 - Taxa de nuvens no período de um ano através do sensor Sentinel-2 .............. 50
Figura 28 - Cena do Sentinel-2 R2G3B4 com data de aquisição: 16/08/2017/ Órbita-Ponto
21NUB ................................................................................................................................. 52

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PANTOJA; L.M.
Figura 29 - Comparação entre Sentinel-1 (03/02/2018) e Sentinel-2 (02/02/2018) com
resolução espacial de 10 m. ................................................................................................. 53

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PANTOJA; L.M.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Bandas espectrais do radar ............................................................................... 18

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PANTOJA; L.M.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

1.1 Objetivos ................................................................................................................. 14

1.2 Justificativa ............................................................................................................. 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 16

2.1 Sensoriamento Remoto .......................................................................................... 16

2.1.1 Radiação Eletromagnética........................................................................................ 17

2.1.2 Radar ........................................................................................................................ 18

2.1.3 Polarização ............................................................................................................... 19

2.1.4 Geometria das imagens de radar .............................................................................. 19

2.1.5 Ângulo de incidência ............................................................................................... 21

2.1.6 Resoluções do sistema radar .................................................................................... 24

2.1.7 Parâmetros relativos à superfície ............................................................................. 25

2.1.8 Ruído (Speckle) ........................................................................................................ 26

2.1.9 Interferometria ......................................................................................................... 27

2.1.10 Missão Sentinel-1..................................................................................................... 28

2.1.10.1 Principais Características e modos de aquisição ...................................................... 29

2.2 Importância do Radar de visada lateral na Cartografia da Amazônia Brasileira


..................................................................................................................................30

2.2.1 Projeto RADAM ...................................................................................................... 34

2.2.2 Projeto Radiografia da Amazônia ............................................................................ 37

2.2.3 Projeto Amazônia SAR ............................................................................................ 40

2.2.4 Outros sistemas sensores .......................................................................................... 42

3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 43

3.1 Área de estudo ........................................................................................................ 43

3.2 Materiais ................................................................................................................. 44

3.3 Procedimentos metodológicos ............................................................................... 45

3.3.1 Cadeia de processamento ......................................................................................... 45


4 RESULTADOS ...................................................................................................... 48

5 DISCUSSÕES ......................................................................................................... 50

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 55

APÊNDICE A- CARTA- IMAGEM ..................................................................................... 59

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PANTOJA; L.M.
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1 INTRODUÇÃO

A Amazônia legal brasileira, devido sua abundância em riquezas, tais como: rios, lagos,
florestas, biodiversidade e recursos naturais, despertou o interesse de muitas nações durante
décadas. Conforme dados oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a
Amazônia legal tem uma extensão total de 5.020.000 km² e corresponde à área dos Estados da
Região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), acrescidos do
Estado do Mato Grosso e dos municípios do Estado do Maranhão (IBGE, 2014). Por ter uma
grande extensão territorial, torna-se custoso e oneroso desenvolver estudos significativos a
respeito da área.
Uma das maneiras práticas de se obter informações terrestres para grandes extensões, é
através da técnica de Sensoriamento Remoto. Para Florenzano (2008) o Sensoriamento Remoto
é uma das tecnologias de aquisição de dados da superfície terrestre, à distância, através de
sensores instalados em plataformas terrestres, aéreas ou orbitais. Os sensores podem ser
divididos em: ativos e passivos.
Os ativos operam na faixa das micro-ondas, no espectro eletromagnético, e os passivos
na região do visível e infravermelho. Todavia, essa última técnica apresenta algumas limitações
em seu uso, pois as imagens do sensor passivo (óptico) não conseguem extrair todas as
informações da superfície terrestre, em virtude de adversidades atmosféricas, como, por
exemplo, a alta incidência de nuvens e grande densificação de florestas. Diferentemente do
sensor ativo, o qual, consegue obter informações, mesmo com a problemática acima citada,
sendo possível devido às propriedades micro-ondas ter um comprimento de onda maior que na
região do visível.
O RADAR (Radio Detection and Ranging) consiste em um exemplo de sensor ativo, no
qual, não necessita de uma fonte de energia natural que irradie ao sensor, para seu
funcionamento. Segundo FITZ (2008) os sensores ativos são aqueles que possuem sua própria
fonte de energia, ou seja, eles emitem energia na direção do alvo e captam sua reflexão.
Com a necessidade de obter informações pertinentes à cartografia da Amazônia, em
meados dos anos de 1940, iniciaram-se os primeiros levantamentos aéreos na Amazônia
(CONCAR, 2017). Com o passar dos anos, novas tecnologias foram aprimoradas, bem como o
projeto RADAM (Radares da Amazônia). Conforme Lima (2012) o RADAM foi um dos
maiores projetos realizado pelo governo brasileiro para mapeamento da Amazônia, onde para
a sua execução foi necessário a utilização de aerolevantamento com sensores radar.

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Na atualidade, para fins de mapeamento com radar na Amazônia, tem-se o projeto do


exército brasileiro denominado Radiografia da Amazônia, que trabalha com levantamento
aéreo. Segundo informações do Geoportal do Exército Brasileiro (2016), o projeto citado, tem
a finalidade de mapear 1.142.000 km² da região amazônica, utilizando Radares de Abertura
Sintética. Um outro projeto realizado, foi o Projeto Amazônia SAR que segundo o CENSIPAM
(2012) conta com auxílio de radar orbital e aerotransportado em aeronaves para fazer o
monitoramento da Amazônia Brasileira.
Vale ressaltar, que para estudos na região Amazônica leva-se em consideração o tipo de
clima e condições atmosféricas, devido essa região ter alta incidência de nuvens, o que explica
a utilização do radar. Visto que, a técnica de radar não é tão abordada e disseminada devida sua
maior complexidade visual e processamento das imagens.
Diante deste exposto, este trabalho tem como finalidade mostrar a importância do radar
na região Amazônica e, com isso, fazer um estudo através das aplicações da técnica de radar,
realizando também uma abordagem teórica com imagens para mostrar a relevância do emprego
dos sensores ativos no território Amazônico. Além disso, construir uma carta imagem
correspondente a uma parcela da área do município de Oriximiná, precisamente, onde se
encontra uma cadeia montanhosa conhecida como Serra do Acarai, como forma de aplicação
dos dados de radar em benefício da cartografia para região Amazônica a partir das imagens do
satélite Sentinel-1.
Para a construção desse trabalho foi utilizado imagens do satélite europeu Sentinel-1.
Conforme a Agência Espacial Europeia (ESA) a missão Sentinel-1 compreende uma
constelação de dois satélites que operam dia e noite realizando imagens de radar, permitindo
adquirir imagens independentes do clima e condições meteorológicas. A missão sentinel-1 tem
uma órbita quase polar com o sensor C-SAR, ou seja, utiliza a banda C e consiste em um radar
de abertura sintética (ESA, 2013).

1.1 Objetivos
O propósito central deste trabalho consiste em demonstrar o estado da arte do
RADAR na Amazônia Brasileira, juntamente com a importância das aplicações do radar de
visada lateral na cartografia da Amazônia. Como objetivo específico pretende-se:
 Levantar principais projetos relacionadas a aplicação do Radar de abertura
sintética na Amazônia;
 Construir uma carta imagem a partir de dados do satélite Sentinel-1; e

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 Identificar na carta imagem os aspectos como drenagens e curvas de nível.

1.2 Justificativa

A escolha da região amazônica como área de análise teve como motivo principal a sua
importância no cenário mundial. Segundo Moreira (2009) a floresta amazônica é a que tem
maior biodiversidade do planeta, todavia, no decorrer dos anos vem perdendo sua área desde o
ciclo da borracha.
O monitoramento desta região torna-se mais complexo devido à grande quantidade de
nuvens e chuvas na região. De acordo com Bittencourt (2010), o inverno amazônico vai de
dezembro a maio, e nesse período é inviável obter imagens multiespectrais sem o recobrimento
de nuvens, devido às condições atmosféricas que dificultam aplicação adequada dos dados em
estudos na superfície. A Figura 1 representa a cobertura de nuvens anualmente encontrada na
Amazônia.

Figura 1 - Cobertura de nuvens anual na Amazônia

Fonte: Lima (2017)

A escolha da utilização da aplicação do Radar na Amazônia justifica-se pelo fato de que


a região Amazônica possui uma grande área de interesse econômico e também por suas
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condições atmosféricas serem muito específicas, visto que, estas condições atmosféricas têm
pouca influência nos dados Radar. Dessa forma, a pesquisa irá contribuir tanto para o acervo
científico quanto para a população acadêmica, devido as imagens de Radar do Sentinel-1
estarem a pouco tempo em uso, pois o seu lançamento foi realizado no ano de 2014.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Sensoriamento Remoto

O estudo da técnica de radar está dentro dos conceitos de Sensoriamento Remoto que,
segundo Jensen (2009), consiste no registro de uma informação sem nenhum tipo de contato
físico que pode ser feito através de sensores localizados em plataformas, aeronaves e satélites.
A análise da informação em forma visual (imagens), e computacional (matrizes), pode ser feita
através de processamento digital de imagens. Para uma análise mais científica do
Sensoriamento Remoto, Meneses e Almeida (2012) afirmam que é o desenvolvimento de
aquisição de imagens da superfície terrestre por meio da detecção das respostas espectrais das
interações da radiação eletromagnética.
Dentro deste estudo é comum subdividir os sensores em duas vertentes, os sensores ditos
imageadores e os não-imageadores. De acordo com Novo (2010) os sensores ditos imageadores
geram como produtos imagens a partir das detecções obtidas que advém da interação da
radiação eletromagnética com os alvos. Já os não-imageadores, geram como produtos finais,
gráficos e informações de forma numérica, a caracterizar tais respostas, usualmente numa escala
ou gama maior de possibilidades de caracterização. Com base no foco desta pesquisa, os
sensores imageadores ainda são divididos basicamente em dois grandes grupos, os sensores
ativos e os sensores passivos.
A principal diferença entre os sensores ópticos (passivos) e os sensores ativos é o tipo
de radiação eletromagnética que é utilizada em cada sensor, além disso, os ópticos dependem
da energia proveniente do sol (principal) e da Terra, diferentemente, do sensor ativo que não
depende de nenhum tipo de energia externa, pois ele mesmo tem sua própria fonte de energia,
devido a isto, pode operar tanto de dia quanto a noite.

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2.1.1 Radiação Eletromagnética

Em Sensoriamento Remoto é muito importante entender a interação entre a energia e a


matéria. Conforme Santos (2013) a propagação de energia tem duas teorias distintas que a
explicam, sendo elas: teoria do modelo corpuscular e teoria do modelo ondulatório. De acordo
com Meneses e Almeida (2012) o modelo ondulatório pode ser explicado através das
formulações de Maxwell, onde as perturbações nos campos magnéticos e elétricos derivam as
chamadas ondas eletromagnéticas e a teoria do modelo corpuscular é a energia que se propaga
pela emissão de fótons que se movimentam na velocidade da luz.
Conforme Novo (2010) o espectro eletromagnético representa o conjunto de
comprimentos de onda que caracteriza desde os raios gama até as ondas de rádio, no qual tem
como elementos principais o comprimento de onda, a frequência e a velocidade da luz. Na
Figura 2 destaca-se a distribuição da radiação eletromagnética.

Figura 2 - Espectro eletromagnético

Fonte: Micha et al (2011)

A partir da Figura 2 do espectro eletromagnético pode-se compreender que os sensores


passivos –ópticos- que operam na faixa do visível e infravermelho, possuem o comprimento de
onda eletromagnética menor que dos sensores ativos, que trabalham na faixa das micro-ondas.
Por esta razão, tais sensores quase não sofrem interferência atmosférica. No entanto, conforme
Polidori (2013) em caso de nuvens densas e carregadas, há certa dificuldade das ondas
eletromagnéticas de radar ultrapassa-las, e também em casos de chuvas fortes, pois das
microondas de radar não penetra na água, essas interferências causadas pelas nuvens densas e
chuvas fortes sofrem interferência na informação final, dependendo da banda utilizada com
relação em função do comprimento de onda

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Segundo Novo (2010) a radiação utilizada no sistema radar apresenta o comprimento


de onda entre 1 mm e 1 metro, ou seja, comprimentos de onda usados para comunicação. Os
radares possuem sua própria fonte de energia no qual há interação entre a energia incidente e a
superfície terrestre.

2.1.2 Radar

Para Polidori (2013) o radar é um sensor ativo que opera nas micro-ondas e produz
imagens através dos ecos refletidos ou retro espalhados. Em concordância, Florenzano (2008)
afirma que a imagem produzida por um sistema radar é uma função de retorno. Estes sinais de
retorno ou ecos são influenciados por parâmetros definidos pelo próprio sistema. Segundo
Oliveira et al. (2013) o imageamento por radar consiste na emissão de pulsos e sinais de retorno
provenientes da mesma região à medida que o sensor se desloca.
Dentre o intervalo do espectro eletromagnético tem-se uma subdivisão das micro-ondas
que são chamadas de bandas. Conforme Silva (2013) as bandas espectrais utilizadas no sistema
radar são identificadas pelas letras: K, X, C, L, S e P. O Quadro 1 mostra a frequência e
comprimento de onda de cada banda.

Quadro 1 - Bandas espectrais do radar


BANDA FREQUÊNCIA COMPRIMENTO DE ONDA
K 40 - 18 GHz 0,80 – 2,40 cm
X 12 – 08 GHz 2,40 – 3,75 cm
C 08 – 04 GHz 3,75 – 7,50 cm
L 04 – 02 GHz 7,50 – 15,0 cm
S 02 – 01 GHz 15,0 – 30,0 cm
P 01 GHz – 300 MHz 30,0 – 100 cm
Fonte: Silva (2013)

De acordo com Novo (2010) quanto maior o comprimento de onda maior a capacidade
da informação da superfície terrestre. A banda P, possui a capacidade de extrair informações
abaixo do dossel das árvores, já a banda K pode sofrer espalhamento em caso de chuvas fortes.
Para Polidori (2013) os comprimentos de onda mais curtos (banda K e X) sofrem espalhamento
em caso de chuvas torrenciais e em comprimentos de onda maiores sofrem atraso na ionosfera.

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2.1.3 Polarização

A polarização refere-se à direção de propagação das ondas eletromagnéticas. Segundo


Teixeira (2011) as antenas do sistema radar são configuradas para transmitir e receber a
radiação eletromagnética que pode ser polarizada verticalmente (VV) e horizontalmente (HH).
Conforme Oliveira et al. (2013) uma das principais características dos sensores SAR é a
capacidade de emitir sinais polarizados que consiste em definir a orientação no qual oscila.
De acordo com Ponzoni et al (2012), o sistema radar permite quatro tipos de
polarizações: HH, VV, HV, VH. Sendo HH e VV polarizações paralelas e HV e VH
polarizações cruzadas. Essas polarizações ajudam na identificação dos alvos. Os objetos
situados verticalmente como as árvores são melhor representados quando a polarização é VV e
objetos na horizontal melhor visualizados com a polarização HH. Na Figura 3 (a) é demonstrado
a polarização do campo elétrico na vertical, e na Figura 3 (b) a polarização do campo elétrico
horizontal.

Figura 3 - Direções de propagação do campo elétrico na vertical (a) e horizontal (b)

(a) (b)
Fonte: Teixeira (2011)

2.1.4 Geometria das imagens de radar

Meneses e Almeida (2012) afirmam que o sistema radar envia sucessivos pulsos de
energia eletromagnética (micro-ondas) através de uma antena em direção ao alvo (objeto), essa
antena é fixada na lateral da aeronave/satélite para melhorar a capacidade de resolução espacial,
dessa forma, os radares são chamados de SAR (Radar de Abertura Sintética). O mecanismo se
resume em enviar os pulsos e calcular o tempo de retorno do sinal, visto que, já se sabe o tempo

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de propagação e velocidade do pulso, assim, podendo calcular a posição do terreno. Conforme


Guimarães (2017) o sistema SAR ilumina a superfície do terreno com o pulso eletromagnético
e recebe um sinal de retroespalhamento da área.
De acordo com Fonseca e Fernandes (2004) a geometria de aquisição de dados do
sistema radar provocam distorções geométricas nas imagens devido a geometria ser lateral e
por medir distâncias, as distorções podem ser em escala, efeito da sombra, encurtamento de
relevo, deslocamento do relevo etc. Segundo Guimarães (2017) a visada lateral é utilizada para
minimizar efeitos de ambiguidade em direção ao alcance. Conforme Jensen (2009) a direção de
azimute consiste na configuração da visada lateral, e a direção de alcance é a direção de
iluminação do sensor de forma que os objetos situados ortogonal a iluminação tem maior sinal
de retroespalhamento. A Figura 4 configura na representação de uma plataforma móvel, dessa
forma, as imagens de radar são geradas a partir da geometria específica SAR.

Figura 4 - Geometria do sistema SAR

Fonte: INPE (2006)

Existe uma unidade que recepciona o sinal de retorno e depois é armazenado e


processado (Figura 5). O pulso de radar emitido pela antena instalado na plataforma transmite
e recebe o sinal de retorno, através de um comutador. A informação é captada no receptor e em
seguida é armazenada e processada, por fim, é gerado o produto final que é a imagem.

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Figura 5 - Elementos básicos de um sistema radar

Fonte: SILVA (2013)

2.1.5 Ângulo de incidência

Segundo Florenzano (2008) esse ângulo (θ) é formado entre a normal da superfície e o
feixe de iluminação do radar. A Figura 4 apresenta o ângulo de incidência (representada pelo
símbolo θ). Complementando a afirmação da autora acima, para Ponzoni et al (2012) além do
ângulo de incidência (θ) o sistema radar é definido por mais dois ângulos de visada (γ) e de
depressão (α) que se complementam na linha de transmissão. Na Figura 6 é representado os
ângulos citados.

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Figura 6 - Ângulos e parâmetros do sistema SAR

Fonte: Lima (1995)

De acordo com Teixeira (2011) o ângulo de incidência varia entre o alcance próximo e
o alcance distante, sendo que, qualquer mudança no ângulo irá modificar a geometria de visada
do radar, e com isso, ocorrem alguns efeitos na aquisição de imagens, sendo eles: deslocamento
do relevo, sombreamento, encurtamento de rampa (foreshortening) e inversão do revelo
(layover).
Segundo Florenzano (2008), o deslocamento de relevo que ocorre nas imagens de radar
se dá na direção do sensor, quanto maior o ângulo de incidência, menor será o deslocamento do
relevo. De acordo com mesmo autor citado anteriormente, a sombra nas imagens ocorre quando
não há o recebimento do sinal de retorno, este efeito ocorre atrás de declives muito acentuados.
Na Figura 7 mostra a sombra causada por relevo nas imagens de radar.
Figura 7 - Sombra de radar

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PANTOJA; L.M.
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Fonte: Lima (1995). Imagem RVL/GEMS, Pico da Neblina/AM

O encurtamento de rampa (foreshortening) representada pela Figura 8, consiste em uma


distorção que ocorre quando o ângulo de incidência local e a declividade frontal têm diferença
, dessa forma, a base e o topo do relevo são imageados em momento simultâneo, de acordo com
Polidori (2013) o encurtamento de rampa ocorre quando a iluminação é perpendicular ao relevo
em efeito máximo, porém há distorções menores em casos que o ângulo de incidência local é
maior que a declividade

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PANTOJA; L.M.
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Figura 8 - Encurtamento de rampa em imagens de radar

Fonte: Silva (2013). Imagem ERS-1 (ESA)

O efeito que provoca a inversão do revelo (layover), de acordo com, Florenzano (2008)
ocorre quando a energia refletida no topo do revelo é recebida antes daquela refletida na base,
e ocorre mais frequentemente com ângulos de incidência pequenos. Como pode ser visto na
Figura 9 esse fenômeno.

Figura 9 - Inversão do relevo nas imagens de radar

Fonte: Silva (2013). Imagem Radarsat-1.

2.1.6 Resoluções do sistema radar

Raney (1998) afirma que a resolução em radar é a distância mínima que descreve a
capacidade em diferenciar refletores em pequenos intervalos. A resolução espacial é medida
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PANTOJA; L.M.
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por dois parâmetros: Azimute e alcance (range). Consiste na dimensão de algum elemento
situado no terreno.
Segundo Shannon (1984) a resolução espacial é definida por dois parâmetros, em
alcance e azimute, que no qual é possível medir a forma do sinal com frequência maior ou igual
duas vezes o maior sinal produzida através de dois objetos. Conforme Florenzano (2008) a
dimensão em alcance (Range) significa a distância na direção de visada que é perpendicular ao
deslocamento da plataforma, à dimensão em azimute é paralela ao deslocamento da plataforma.
De acordo com Filho (2005) a Equação 1 demonstra a resolução espacial no sistema radar.

𝑐𝑡
𝑅𝑑 = (1)
2 𝑠𝑒𝑛 𝜃
Onde:
𝑅𝑑= Resolução espacial;
𝑐= Velocidade da luz;
𝑡= Tempo de duração do pulso;
𝜃= Ângulo de incidência.

2.1.7 Parâmetros relativos à superfície

Polidori (2013) afirma que o retroespalhamento caracteriza o tipo de superfície através


de dois parâmetros: rugosidade e umidade. Na Figura 10 é evidenciado o retroespalhamento na
superfície terrestre, o vetor A caracteriza a energia proveniente do sensor, o vetor B a energia
retroespalhada e em C a caracterização do retroespalhamento a partir de uma superfície rugosa.

Figura 10 - Retroespalhamento representado pelo vetor B

Fonte: Adaptado de Silva (2013)

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PANTOJA; L.M.
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Segundo Jensen (2009) uma superfície lisa gera mais refletividade em direção oposta
ao sensor e assim consiste em uma imagem escura, uma superfície rugosa gera uma imagem
mais clara, visto que, quanto maior o comprimento de onda menor a rugosidade da superfície.
A rugosidade é a característica que tem maior influência sobre o retroespalhamento,
dependendo também do comprimento de onda utilizado. Para Silva (2013) a umidade afeta as
propriedades dielétricas da superfície, a energia retroespalhada é elevada em decorrência do
conteúdo da umidade.

2.1.8 Ruído (Speckle)

Segundo Galo (2017) o speckle é um ruído que segue um padrão e está presente nas
imagens advindas do sistema radar, devido à própria natureza das micro-ondas, no qual, causa
uma interferência construtiva e destrutiva na imagem, o que resulta em áreas claras e escuras.
Coutinho e Ling (2014) afirmam que o processo de formação do speckle ocorre quando
o sinal de retorno é composto por diversos espalhamentos e as ondas recebidas são coerentes
em frequência, mas não são coerentes na fase. Este comportamento se denomina speckle,
causando ruídos na imagem.
Para melhorar a imagem é necessário aplicar um filtro que elimine ou atenue o ruído.
Porém antes de aplicar o filtro, realiza-se o procedimento de multilook, que segundo Silva
(2013) consiste em dividir em diversos look (visadas) a abertura sintética, dessa forma, é feita
a média de cada look, reduzindo o ruído. Na Figura 11 demonstra-se duas imagens de uma
mesma área, sendo subdivididas em Figura 11 (a) e Figura 11 (b), versão original da imagem e
a imagem após a correção, respectivamente.

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PANTOJA; L.M.
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Figura 11 - Speckle na imagem de radar

(a) (b)
Fonte: Zhang (2010)

Para a imagem do sensor Sentinel-1, utilizada nesse trabalho, o filtro específico aplicado
é o Lee Sigma que segundo Lee e Pottier (2009) esse filtro realiza a distribuição gaussiana do
ruído e realiza a filtragem do pixel central. Há também a técnica de preservação da assinatura
do alvo que foi desenvolvida para evitar que o alvo do ponto seja filtrado.
É utilizado um estimador do erro médio dos mínimos quadrados, para a redução do
speckle, todavia, existe uma grande desvantagem nesse filtro, pois o algoritmo desenvolvido
usa a média dos pixels dentro de dois sigmas, e é sempre subestimada, devido ao fato, de que
as distribuições não são simétricas. Para o filtro Lee Sigma são necessários os seguintes
parâmetros:
 Número de looks;
 Sigma;
 Tamanho da janela do filtro;
 Tamanho da janela do alvo.

2.1.9 Interferometria

De acordo com Paradella et al. (2015) a técnica de interferometria em radar de abertura


sintética, conhecido como InSAR, consiste em combinar imagens complexas registradas por
antenas em linhas de bases coerentes, no qual é definida por diferentes localizações ou instantes
de tomada de tempo, sendo assim, torna-se a medição mais acurada em distâncias relativas.

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Para Oliveira, Saldanha e Correia (2013) a interferometria é baseada na análise de sinal de fases
de radar recebidos através de duas antenas SAR ou por uma antena em que a época e posição
sejam diferentes. A técnica InSAR tem duas observáveis definidas: Amplitude e a Fase. A
amplitude é a energia da onda eletromagnética retroespalhada e a fase muda em – π e + π,
devido a onda eletromagnética propagar no espaço e percorrer distâncias discretas
(GUIMARÃES, 2017).
Conforme Gama (2007) a interferometria por radar é a interação dos ecos recebidos por
duas antenas, separadas por uma distância denominada baseline, e o valor pode ser obtido por
meio de duas passagens ou por uma única passagem. As imagens geradas pela técnica de
interferometria podem ser chamadas de interferogramas, e são formadas pela diferença de fase
dos pixels gerados a partir de ecos recebidos.

2.1.10 Missão Sentinel-1

Segundo informações da ESA (2013) a missão espacial Sentinel, iniciou com o primeiro
da série, Sentinel-1 foi lançado em 3 de Abril de 2014 e consiste em um instrumento de Radar
(SAR) avançado para fornecer imagens da superfície terrestre tanto de dia quanto a noite,
operando na banda C. O projeto Sentinel-1 tem o objetivo de fornecer cobertura global e rápida
entrega dos seus dados, e tem diversos benefícios como: monitoramento ambiental,
mapeamento rotineiro de mares, vigilância no meio marinho, monitoramento de derramamento
de óleo e detecção de navios, monitoramento da superfície terrestre para riscos de movimento,
mapeamento da floresta, água e solo. Na Figura 12, pode-se ver o Satélite Sentinel – 1.

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PANTOJA; L.M.
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Figura 12 - Missão espacial Sentinel-1

Fonte: ESA (2013)

2.1.10.1 Principais Características e modos de aquisição

Os dados adquiridos do Sentinel-1 são disponibilizados gratuitamente na internet com


intuito a promover o aumento dos estudos científicos a partir da análise de imagens de radar.
Abaixo se encontram algumas informações e configurações do Sentinel-1 conforme dados da
ESA (2013).
 Instrumento: Radar de Abertura Sintética de banda C a 5.405GHz;
 Órbita: Polar com altitude de 693 km;
 Vida útil: Mínimo de sete anos;
 Tamanho: 2,8 m de comprimento; 2,5 m de largura; 4 m de altura e uma antena de radar
com 12 m de comprimento;
 Massa: 2300 kg (incluindo 130 kg de combustível);
 Modos operacionais: Interferometric wide-swath mode a 250 km e resolução de 5 x
20m, Wave-mode de 20 x 20 km e resolução de 5 x 5m (com intervalos de 100km),
Stripmap mode de 80 km e resolução de 5 x 5m e Extra wide-swath de 400 km e
resolução de 20 x 40m;
 Missão: Desenvolvido e administrado pela ESA;
 Financiamento: Membros da ESA e União Européia.
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PANTOJA; L.M.
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Segundo Saraiva (2015) o sistema operacional do Sentinel-1 tem capacidade de operar


em dupla polarização (HH/HV ou VV/VH) e única polarização (HH ou VV) e possui quatro
modos de aquisição diferentes, sendo eles com suas respectivas siglas: Interferometric wide-
swath mode (IW), Wave-mode (WV), Stripmap mode (SM) e Extra wide-swath (EW).
Conforme Saraiva (2015) no modo SM a faixa do terreno é iluminada por uma sequência
de pulsos enquanto o feixe da antena é direcionado para o ângulo de azimute. O modo IW é o
principal modo de aquisição de dados da superfície terrestre pois tem uma larga faixa de 250
km e uma resolução de 5 x 20 m, utilizando a técnica TOPSAR (Terrain Observation with
Progressive Scans), que segundo ESA (2013) corresponde a uma técnica de scan SAR em que
os dados são adquiridos através da alternação cíclica do feixe da antena (ESA, 2013).
O modo EW também utiliza a técnica TOPSAR para adquirir dados de uma área bem
maior do que o IW. Por fim, o modo WV consiste em uma boa resolução espacial, mas a faixa
de imageamento é menor e tem o modo de polarização única (HH ou VV) (ESA, 2013). No
Brasil, os recobrimentos das imagens Sentinel-1 estão sendo realizadas apenas no modo IW,
dessa forma, a imagem utilizada para compor a carta-imagem é do modo IW.

2.2 Importância do Radar de visada lateral na Cartografia da Amazônia Brasileira

A Amazônia Legal foi denominada pelo governo brasileiro com a finalidade de


promover o desenvolvimento social e econômico local, e para integrar uma região pouco
povoada e desenvolvida. Sendo assim foi criada a Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia (SPVEA) com base na lei 1.806 de 06/01/1953. Hoje este órgão foi
extinto e substituída pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) que
coordena, supervisiona planos de órgãos federais (ECO, 2014). Na Figura 13 evidencia a área,
os estados, que compõe a Amazônia Legal.

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PANTOJA; L.M.
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Figura 13 - Amazônia Legal

Fonte: IBGE (2014)

A Amazônia legal tem diversas características peculiares que influenciam no


mapeamento desta área, como: grande extensão geográfica e longas distâncias, densa camada
de floresta tropical, presença de nuvens, difícil acesso por via terrestre e navegação fluvial por
vezes limitada. Dessa maneira, a análise da Cartografia através de mapeamento convencional
torna-se mais dificultoso. É importante ressaltar que a densidade demográfica na Amazônia é
baixa em comparação ao restante do Brasil, sendo assim, a infraestrutura nessa região é
considerada ruim, devido à baixa concentração de renda e pessoas.
Para Lourenção (2003) a biodiversidade é um fator de maior importância ambiental na
região Amazônica pois nela está contida diversas espécies de plantas e animais, e também em
termos de riqueza de madeira e jazidas minerais de metais nobres. Dessa forma, é importante
considerar a localização estratégica e geopolítica da Amazônia devido sua fronteira terrestree
fronteira marítima além da sua bacia fluvial que se conecta aos Estados Unidos e União
Europeia.
A exploração da Amazônia Legal sempre foi muito enfocada devido à grande
quantidade de riquezas naturais e minerais, dessa forma, a partir das dificuldades acima
mencionada a utilização de sensores remotos para análise e mapeamento da superfície terrestre

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PANTOJA; L.M.
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torna-se imprescindível. Essa busca do conhecimento à cartografia amazônica iniciou nos


meados do ano de 1942-1943. Conforme dados da CONCAR, a USAF (Força Aérea dos
Estados Unidos) fez o primeiro levantamento aerofotogramétrico dessa imensa região,
utilizando fotografias aéreas do tipo Trimetrogon, as quais representam-se por uma câmera
vertical e duas inclinadas em relação ao horizonte. A Figura 14 é uma fotografia vertical do
Trimetrogon de mapeamento por compilação na região da cidade de Boa Vista/Roraima.

Figura 14 - Fotografia vertical Trimetrogon da cidade de Boa Vista/RO, 19/01/1940

Fonte: Guerra (1957)

Outro exemplo de imagem aérea do trimetrogon, na região do médio rio Xingu, sul do
Estado do Pará (Figura 15), no qual percebe-se as distorções provocadas nas formas do relevo.

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PANTOJA; L.M.
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Figura 15 - Fotografia Trimetrogon do rio Xingu

Fonte: Guerra (1957)

Segundo Lima (2008), a evolução do conhecimento sobre meio ambiente na região


Amazônica foi muito lenta devido à ausência de uma cobertura aerofotogramétrica eficaz. As
fotografias aéreas do tipo Trimetrogon contribuíram para o conhecimento dessa região e assim
propiciando a elaboração de mapas planimétricos. No entanto, conforme Zarur (1948) tal sensor
devido à geometria de seus ângulos de visada, uma foto vertical e duas inclinadas de 60o em
relação ao horizonte, criou em seus produtos grandes distorções na representação das formas
de relevo e na rede de drenagem, dificultando, sobremodo, a cartografia da região.
De acordo com Barbosa et al. (1966) o governo federal, na década de 60, criou os
projetos Araguaia, Médio Tapajós e Rondônia através do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM) e do Ministério de Minas e Energia (MME). Esses projetos tiveram como
objetivo o mapeamento geológico a partir de imagens áreas com boas resoluções espaciais (3
m) e sem grandes problemas geométricos como o Trimetrogon. Mas, mesmo com a melhora da
fotografia aérea desses projetos, o produto final deixou a desejar devido pouco conhecimento
técnico e escasso conhecimento do terreno, e principalmente porque nessa região há grande
incidência de nuvens, no qual, dificulta a visualização da superfície. Dessa forma, pouco
contribuiu para os estudos geológicos principalmente por erros de distorções e cartográficos.
A partir do avanço tecnológico e científico foi possível extrair informações da faixa das
micro-ondas, o que levou a construção de novos sensores do tipo Radar tanto orbital como
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PANTOJA; L.M.
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aéreo. Dessa forma, a partir dos anos de 1970 iniciaram novos projetos de recobrimento
terrestre, especificamente na Amazônia, a partir do Radar, visto que, problemas como nuvens
e distorções foram minimizados, no qual, as nuvens só causam interferência nas imagens em
caso de nuvens densas e chuvas fortes, e as distorções causadas pelo sensor podem ser
corrigidas.

2.2.1 Projeto RADAM

Segundo Oliveira (2016) o projeto RADAM iniciou com intuito de obter informações
acerca de recursos naturais, solos, vegetação, Geologia, Geomorfologia, uso da terra e
Cartografia, organizado pelo Ministério de Minas e Energia, utilizando Radar de visada lateral,
visto que, essa nova tecnologia foi um grande avanço para época. Devido os bons resultados no
mapeamento da Amazônia, o projeto expandiu para todo o país denominado projeto
RADAMBRASIL.
De acordo com Lima (2008) na década de 70 criou-se o projeto RADAM. A região
amazônica foi totalmente coberta por imagens de radar do sensor GEMS (Good Year Eletronic
Mapping Sistem), que operava na banda X e com resolução espacial de 16 m. Por ser um sensor
ativo opera da faixa das micro-ondas que independe de cobertura de nuvens, sendo este o
principal obstáculo para qualquer tipo de levantamento fotográfico na região amazônica.
A partir dessa época, mais precisamente no ano de 1972, a Amazônia Brasileira deu um
grande passo no desenvolvimento para grandes descobertas minerais, visto que, o sensor radar
de visada lateral, utilizado no projeto, retratou a existência de um maior conhecimento
cartográfico e estudos específicos do terreno como geologia e geomorfologia.
É importante ressaltar também, que no mesmo ano, segundo Rocchio (2005) o satélite
Landsat-1foi lançado, na época conhecido como Earth Resources Technology Satellite (ERTS),
no qual foi o primeiro satélite de observação da Terra com a intenção de monitoramento e
estudo das massas terrestres. Dessa forma, para a época consistiu em mais uma ferramenta
importante para o conhecimento da cartografia da região. Apesar de que esse satélite era um
sensor passivo e assim sofria com os efeitos das condições atmosféricas, todavia, na época foi
essencial devido poucas informações acerca da cartografia.
O projeto RADAM consistiu em atividades de voo, ou seja, aerolevantamentos
utilizando sistemas ópticos (visível e infravermelho) e sensor radar (micro-ondas). Segundo
Lima (2008) o projeto utilizou o sensor GEMS-1000, com as seguintes configurações e

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PANTOJA; L.M.
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especificações: Antena abertura sintética, banda X, comprimento de onda de 3,12 cm,


polarização HH, resolução espacial de 16 m, faixa imageadora de 37 km e escala original de
1:400.000. Alguns equipamentos especiais como plataforma inercial, navegador doppler e
altímetro barométrico.
Para verificar como os dados do projeto RADAM foram eficientes as Figura 16 e Figura
17 mostram uma comparação entre a base cartográfica do tipo Trimetrogon e do radar de visada
lateral do projeto RADAM.

Figura 16 - Mapeamento do Rio Tapauá - Sensor Trimetrogon

Fonte: Lima (2008)

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Figura 17 - Mapeamento do Rio Tapauá- Radar de visada lateral do projeto RADAM

Fonte: Lima (2008)

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Figura 18 - Diferença entre os métodos, em preto - Sensor Trimetrogon e em azul - Radar de visada
lateral do projeto RADAM.

Fonte: Adaptado de Lima (2008)

Analisando a Figura 18, é notável a grande diferença da quantidade de informações a


respeito das drenagens na base cartográfica do projeto RADAM. Muitos dados foram
descobertos através desse levantamento na década de 70. A história do radar na Amazônia
iniciou com o RADAM, e é de extrema importância até nos dias atuais, apesar do mapeamento
ter sido na escala de 1:250:000, este projeto teve grandes descobertas, bem como, as
informações dos rios contido na base cartográfica.

2.2.2 Projeto Radiografia da Amazônia

De acordo com informações do Geoportal do Exército Brasileiro (2016) o projeto tem


objetivo de mapear uma área correspondente a 1.142.000 Km² na Amazônia legal, que consiste
na área conhecida como vazio cartográfico. A partir desse projeto tem-se o subprojeto
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conhecido como Projeto Amazônia SAR que conta com a parceria do CENSIPAM que
permitirá um conhecimento mais aprofundado sobre a Amazônia em escalas de até 1:50.000e
dar suporte a projetos de infraestrutura para serem instalados.
O mapeamento SAR, no projeto, tem o propósito de obter a topografia do terreno através
da técnica de interferometria, para geração de Modelo Digital de Superfície (MDS) e Modelo
Digital de Terreno (MDT), visto que, o projeto conta com as bandas X e P. A partir da
combinação dessas duas bandas é possível obter as alturas do nível do solo e da copa das árvores
(Geoportal do Exército Brasileiro, 2016). A Figura 19 exemplifica como essas informações são
extraídas através das duas bandas combinadas.

Figura 19 - Banda X e P do Projeto Radiografia da Amazônia

Fonte: Geoportal do Exército Brasileiro (2016)

Segundo Correia (2011) o projeto está na responsabilidade da Diretoria de Serviço


Geográfico (DSG) e tem por objetivo atingir cerca de 20.000 produtos cartográficos, sendo eles
do tipo: Ortoimagem SAR, carta topográfica, MDT, MDE etc. Utilizando a escala de 1:100.000
e 1:50.000 na região do vazio cartográfico. O aerolevantamento SAR interferométrico com as
bandas X e P está sendo executado pela empresa BRADAR e o projeto com as bandas X e L
está sendo executado pela FAB com as aeronaves R-99B.
Alguns produtos cartográficos do projeto radiografia da Amazônia já se encontram
disponíveis no portal do banco de dados geográficos do exército, como exemplo, tem-se a
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PANTOJA; L.M.
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representando uma ortoimagem colorida obtida pela fusão IHS da ortoimagem da banda X (com
realce no sombreamento obtido pelo MDS), com a ortoimagem vegetação, de onde são
extraídas as componentes H (Hue) e S (Saturation) das cores de cada classe. A ortoimagem
colorida é obtida pelo processo de classificação digital empregando-se todos os insumos
gerados na fase de processamento SAR na escala de 1:50.000

Figura 20 - Ortoimagem de radar colorida no estado de Manaus em 29/08/2012

Fonte: Imagem obtida do Projeto Radiografia da Amazônia no Banco de dados Geográficos do Exército.

A Figura 20 é uma ortoimagem, ou seja, sem distorções causadas devido ao relevo, sem
influências atmosféricas adversas como nuvens e uma característica muito interesse é a
coloração, pois facilita a maior interpretação visual. Os produtos cartográficos do projeto
Radiografia da Amazônia são disponibilizados gratuitamente sendo necessário apenas fazer um
breve cadastro. Essas imagens são um grande avanço principalmente pela qualidade e precisão
do produto, bem como a escala de 1:50.000 que evidencia maior detalhamento.

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2.2.3 Projeto Amazônia SAR

De acordo com Mendes (2015) a história do Sistema de Vigilância da Amazônia


(SIVAM) iniciou no ano de 1990, quando os ministros da aeronáutica e da justiça apresentaram
ao presidente Collor um documento relatando a realidade da Amazônia juntamente com toda a
sua problemática, todavia apenas em 1993 com o presidente Itamar Franco que foi aprovada e
implementado o SIVAM que consistia em proteger a Amazônia. No ano de 1990 segundo
Becker (2009) a política de “Terra sem homens para homens sem terra” do regime militar foi
substituída pelo programa Calha Norte que tem o propósito de proteger, desenvolver
sustentavelmente e promover a ocupação do território Amazônico.
Em 2002 o SIVAM foi substituído pelo Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM).
Segundo o autor Mendes (2015) os objetivos principais do SIPAM, são:
 Controle Ambiental;
 Desenvolvimento regional;
 Vigilância;
 Controle de tráfego aéreo;
 Coordenação de emergências;
 Monitoramento das condições meteorológicas;
 Controle de ações de contrabando.
O SIPAM passa a ser denominado Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção
da Amazônia- CENSIPAM. Dessa forma, o CENSIPAM conta com o projeto denominado
“Projeto Amazônia SAR”, assim, pode-se enfatizar que este órgão conta com apoio de radares
de visada lateral para a segurança e proteção da Amazônia. De acordo com informações do
próprio CENSIPAM (2012) o objetivo do projeto é fiscalizar e monitorar a Amazônia com foco
no desmatamento ilegal e enviando esses dados para Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) para compor dados do Sistema Nacional de Detecção de Desmatamento em Tempo Real
(DETER).
Segundo informações do CENSIPAM (2012) para o “Projeto Amazônia SAR” a Força
Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou uma aeronave denominada R-99, com Radar
aerotransportado. A imagem é adquirida em tempo real com resolução espacial de 18 a 22
metros à medida que o radar estiver varrendo no local. O intuito para uso do Radar nesse projeto
foi realizar o monitoramento nos meses onde o clima se apresentava adverso, ou seja, com

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grandes presenças de nuvens. O Amazônia SAR contou com ajuda financeira do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o fundo Amazônia que consiste
em apoiar o desenvolvimento de sistema de monitoramento e combate ao desmatamento,
todavia a partir de 2019 o CENSIPAM terá que arcar com custos de telemetria (sinal do satélite)
e a manutenção do mesmo. A Figura 21 mostra uma imagem de radar utilizado pelo
CENSIPAM, onde em destaque, observa-se uma área desmatada.

Figura 21 - Imagem de radar orbital- Projeto Amazônia SAR

Fonte: CENSIPAM (2012)

Este projeto iniciou em 20 de julho de 2015 e tem a previsão de término em 20 de julho


de 2019. Nesse período a Amazônia legal será monitorada sistematicamente com o Radar. Uma
das principais ações do projeto é a utilização de infraestrutura de software que garanta processar
os dados advindos do sistema radar, o software adquirido para o projeto é o SARscape for envi
que consiste em um programa completo para processamento de diversos dados de
Sensoriamento Remoto. O projeto conta também com imagens de radar orbital do satélite
Cosmo-Skymed. É um grande avanço devido à grande incidência de desmatamento, garimpos
clandestinos e pista de pouso ilegal como a Figura 21 retrata.

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PANTOJA; L.M.
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2.2.4 Outros sistemas sensores

Há diversos sensores do tipo Radar, sendo eles: orbitais, aerotransportados, marítimos,


terrestres e entre outros. Todavia, os custos financeiros de uma imagem/cena desse tipo de
sensor são altos, muitas vezes para a comunidade acadêmica e de pesquisa torna-se inviável.
Dessa forma, a finalidade é a obtenção de dados gratuitos, bem como o Sentinel-1, sendo assim,
é de grande importância ressaltar dois sensores Radar, sendo eles: SRTM (Shuttle Radar
Topography Mission) e o Alos Palsar-1.
De acordo com Barros et al (2005) a sigla SRTM não é o nome do satélite, e sim, o
nome da missão espacial que ocorreu em fevereiro do ano de 2000, com o propósito de gerar
modelo digital de elevação com alta resolução espacial de boa parte do planeta. Essa missão foi
liderada pela NASA com a parceria das agências espaciais da Alemanha e Itália. Segundo
informações da EMBRAPA (2013) a missão durou 11 dias a bordo do ônibus espacial
Endeavour, a nave percorreu por 16 órbitas diárias, totalizando 176 órbitas durante seu tempo
de utilização, os dados produzidos foram da região do planeta localizado entre os paralelos 56°
S e 60° N.
Conforme Sadeck (2013) a missão espacial contou com SAR, sendo dois sistemas de
radar interferométricos acoplados na aeronave. Foram utilizadas duas antenas para coletar
dados simultaneamente em diferentes fases e duas bandas C e X, resultando em 30 m de
resolução para ambas. Segundo Prates (2014) as informações de MDE com 30m de resolução
tem muitas aplicações, como, modelagem de paisagem, modelagem de bacia hidrográfica e
modelagem hidrológica. O interessante dos dados SRTM é que são disponibilizados
gratuitamente através de diversas plataformas online, como a do INPE e USGS (United States
Geological Survey).
De acordo com IBGE (2006) o satélite ALOS foi lançado pela JAXA (Agência Espacial
Japonesa) no dia 24 de janeiro de 2006, com participação efetiva do IBGE e da ASF (Alaska
Satellite Facility). O ALOS transporta três sensores, sendo dois óticos e um radar, o imageador
radar é chamado de Palsar, também conhecido como Alos Palsar-1, que capta imagens através
de micro-ondas. Foi desenvolvido para auxiliar na cartografia, levantamento de recursos
naturais, monitoramento de desastres ambientais e para mapeamento topográfico.
No endereço eletrônico do IBGE é possível baixar as imagens do Alos Palsar, com 10
m de resolução espacial. As imagens ortorretificadas são disponibilizadas da região norte e
nordeste do Brasil de forma gratuita. Essas imagens contribuem muito para o acervo científico

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devido à grande necessidade da obtenção de mais informações pertinentes a superfície terrestre.


Em 2011 o Alos Palsar-1 foi desativado por motivos técnicos e em 2014 foi lançado o Alos
Palsar-2, visto que, esse não é disponibilizado gratuitamente.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Nesta seção será abordada a metodologia juntamente com os materiais que foram utilizados
para alcançar os objetivos, citados no item 1.1.

3.1 Área de estudo

A área de estudo se encontra em região de fronteira entre Brasil e Guiana. A escolha foi
feita devida a uma cobertura de nuvens encontrada na região em grande parte do ano, no qual,
se torna inviável a utilização de alguns satélites imageadores, como por exemplo, os sensores
ópticos, visto que, nessa região é uma área de difícil acesso por meio de estradas, e dessa forma,
é uma área que pouco se conhece. Na região Amazônica há diversas áreas com a problemática
abordada. Dessa forma, o intuito principal é extrair informações terrestres através das imagens
do Sentinel-1, no qual, não é possível extrair as mesmas informações por sensores ópticos.
A área de análise da carta imagem, mais precisamente está localizada no município de
Oriximiná no estado do Pará, uma porção do Estado de Roraima e a Guiana (Figura 22). Nessa
área tem-se uma serra denominada Serra do Acaraí que é uma formação de relevo localizado
no planalto das Guianas na fronteira entre Brasil-Guiana, por ser uma referência de maior
relevância altimétrica, geomorfológica e geológica.

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Figura 22 - Mapa de localização da Serra do Acaraí, divisa entre Brasil e Guiana

Fonte: Autora, 2018

3.2 Materiais

Os materiais que foram utilizados para a construção da carta imagem, a fim de gerar os
resultados dessa pesquisa, estão listados em sequência:
 Imagem do sensor Sentinel-1 com a data de aquisição: 10/01/2018, adquirido de forma
gratuita para composição da carta-imagem;
 Imagem do sensor Sentinel-2 com a data de aquisição: 16.08.2017
 Uma cena do sensor SRTM para geração das curvas de nível na carta-imagem;
 Software livre SNAP (Sentinel Application Plataform) 5.0, para o processamento das
imagens do sensor Sentinel-1;
 Software QGIS 2.18.15, para processamento da imagem Sentinel-2, para vetorização
das drenagens e para construção do layout da carta-imagem;
 Software ArcGis 10.5 para geração das curvas de nível, no qual, a UFRA possui a
licença.

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3.3 Procedimentos metodológicos

Inicialmente foi realizado o download, na plataforma online da ESA, de uma imagem


Sentinel-1, com as seguintes características:
 Data de aquisição da imagem: 10/01/2018;
 Instrumento: SAR-C;
 Modo Operacional: IW- Interferometric wide-swath a 250 km e resolução de 5 x 20m;
 Órbita descendente;
 Polarização: VV e VH;
 Tipo de produto: GRD (Ground Range Detected).
A resolução de um produto GRD corresponde ao valor do intervalo médio na altitude
da órbita média, no modo IW o tamanho do pixel (Range x Azimuth) corresponde a 10 x 10 m
e 5 x 1 em números de looks (ESA, 2013).
Como o enfoque principal são as imagens de radar, nesse trabalho é abordado com
ênfase o processamento das imagens Sentinel-1, visto que, as imagens ópticas são utilizadas
como um comparativo para relevância da comprovação da importância do radar, e assim não
será visto o processamento das imagens ópticas.
Dessa forma, para o processamento das imagens do Sentinel-1, foi usado o programa
Snap 5.0, um software desenvolvido pela própria ESA, tendo como especificidade o quadro de
processamento em gráfico que permite ao usuário criar de acordo com suas necessidades a sua
própria cadeia de processamento. O download automático do MDE SRTM (Modelo Digital de
Elevação- Shuttle Radar Topography Mission) e reprodução precisa da ortorretificação para
projeções em mapas comuns.

3.3.1 Cadeia de processamento

Após a obtenção da imagem Sentinel-1 e a instalação do software Snap 5.0 foi gerado a
cadeia de processamento, com cinco passos específicos, para melhorar a qualidade da imagem
e torná-la mais coerente. A cadeia de processamento está representada pela Figura 23.

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Figura 23 - Representação da cadeia de processamento da imagem de Radar

Fonte: Autora, 2018

Em seguida, será visto como essa cadeia de processamento melhorou significativamente


a imagem através das etapas acima, visto que, os passos correspondentes ao read e write,
significa a leitura (entrada) e a escrita (saída), respectivamente, do processamento representada
na cadeia. Na sequência será abordado o que cada etapa significa dentro do processamento:
- Speckle filter: é utilizado para atenuar o efeito do ruído que degrada a qualidade da
imagem SAR, visto que, esse efeito causa uma interferência destrutiva e/ou construtiva na
imagem o que leva ao fenômeno do speckle. Há diversos tipos de filtro para a redução desses
ruídos, no qual, são baseados na média incoerente e aplicados na covariância ou matriz de
coerência.
Após diversos testes realizados com filtros especificos disponibilizados no Snap 5.0, o
que resultou em uma imagem com menos speckle foi com o filtro Lee-Sigma. Este é baseado
no filtro Lee, todavia, é feito um refinamento nos dados. Para a utilização desse filtro é
necessário ajustar alguns parâmetros, como: Número de looks que é usado na estimativa do
desvio padrão e o tamanho da janela alinhada. Os valores usados foram 7 x 7, 9 x 9 e 11 x 11;
- Calibration: o objetivo é fornecer imagens nas quais os valores dos pixels podem estar
diretamente relacionados a dispersão da cena. Embora, as imagens SAR não calibradas sejam
suficientes para uso qualitativo, as imagens SAR calibradas são essenciais para uso quantitativo.
Para converter valores de pixels digitais em estruturas radiométricas calibradas, todas as
informações necessárias podem ser encontradas no produto, o vetor de calibração está incluído
como uma anotação, dessa forma, permitindo uma conversão dos valores de intensidade da
imagem em valores de sigma;
- Terrain Correction: devido as variações ocasionadas no relevo e à inclinação do
sensor, as distâncias podem ser distorcidas nas imagens SAR. As correções do terreno
destinam-se a compensar essas distorções para que a representação geométrica da imagem seja
o mais próximo possível do real. A ortorretificação permite a sobreposição geométrica de dados
de diferentes sensores e/ou geometrias. O software Snap 5.0 faz o download automático do

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MDE STRM para ortorretificação do produto, dessa forma, é necessário também que o usuário
especifique as coordenadas e o elipsoide de referência.
A seguir, após a aplicação de cada etapa mencionada e descrita acima, pode-se visualizar
com aproximação (zoom) uma parte da área que compõe a carta-imagem. A Figura 24
representa cada etapa da cadeia de processamento com a referida imagem. Pode-se analisar a
melhora na qualidade da imagem de Radar após os procedimentos realizados.

Figura 24 - Cada etapa com a respectiva imagem da cadeia de processamento

Fonte: Autora, 2018

Pode-se perceber no processamento que as principais etapas de correção da imagem é


Terrain Correction, consiste na ortorretificação, realiza correção de deformações geométricas,
como o ângulo de aquisição das imagens, o relevo, a curvatura e a rotação terrestre. Para ter
uma ideia mais ampla da cena utilizada. A seguir a Figura 25 (a) representa a imagem bruta e
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na Figura 24 (b) a imagem já corrigida e processada, em destaque para o polígono vermelho


que representa a área da carta-imagem.

Figura 25 - Em (a) imagem GRD e em (b) imagem já processada em destaque para o polígono vermelho

(a) (b)
Fonte: Autora, 2018

O processamento foi realizado na cena inteira e depois foi apenas utilizado a área
representado pelo polígono em vermelho na carta-imagem. Percebe-se a grande diferença entre
a imagem GRD (Figura 24 (a)) e a processada (Figura 24 (b)), visto que, esse procedimento
requer um computador (hardware) robusto devido o programa Snap 5.0 e as imagens
necessitarem de uma grande memória computacional.

4 RESULTADOS

Como resultado e objetivo específico esperado desse Trabalho de Conclusão de Curso


– TCC, a construção de um produto cartográfico, carta-imagem, no qual foi baseada na
interpretação de imagem de Radar com suas devidas correções, vetorização de drenagens,
geração de curvas de níveis com equidistância de 200 m e identificação da Serra do Acaraí, foi
concluído como esperado. Baseado no layout padrão do IBGE e plotado na folha A1 (594 x
841 mm) encontrado no APÊNDICE A, com as devidas convenções e simbologias
cartográficas.
A seguir na Figura 26 encontra-se a representação da carta-imagem da Serra do Acaraí
correspondente a folha NA-21-Y-A-VI:

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Figura 26 - Carta-imagem da Serra do Acaraí

Fonte: Autora, 2018

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A partir da análise da carta imagem percebe-se com detalhamento as formas de relevo e


assim, facilitando vetorização das hidrografias de forma manual. De acordo com o produto
cartográfico apresentado pode-se obter outros estudos relacionado a Ciências da Terra, como:
Geomorfológicos, geológicos e uso da Terra. E outras pesquisas mais específicas, como:
 Detecção de desmatamento na Amazônia legal;
 Análise sazonal de vegetação de várzea;
 Monitoramento de instabilidade de minas;
 Detecção de mudança na paisagem;
 Investigação da dinâmica de áreas alagadas;
 Monitoramento de derramamento de óleo.
Essas análises podem ser feitas através de interpretação de imagens, todavia há
procedimentos que incluem outros processamentos de imagens SAR para outras análises de
pesquisas mais especificas, como: estimativa de retroespalhamento, técnicas de interferometria,
exploração de atributos de fases e da polarização do sinal, radargrametria e outros. Essas
análises requerem uma complexidade de dados e uma gama de análises inerente ao sensor e ao
objeto imageado na superfície.
A carta imagem é um documento cartográfico com coordenadas conhecidas que possui
legenda e informações de hidrografia, curvas de nível e toponímia. O produto gerado consiste
em recurso de análise da superfície terrestre a partir de uma imagem de Radar ortorretificada, e
serve para obter uma visão mais dinâmica do espaço e para o planejamento e gestão territorial.

5 DISCUSSÕES

De maneira, a justificar a utilização de sensor Radar para a construção da carta-imagem


realizou-se uma análise na porcentagem de nebulosidade nas imagens do Sentinel-2 (sensor
óptico) com a mesma resolução espacial do Sentinel-1 (Radar), correspondente a 10 m, os dois
sensores consistem na missão espacial Sentinel. A análise foi feita no período de um ano
(fevereiro de 2017 a fevereiro de 2018), a Figura 27 representa a variação entre a porcentagem
de nuvens em cada cena do sensor Sentinel-2 relacionada com o mês do ano:
Figura 27 - Taxa de nuvens no período de um ano através do sensor Sentinel-2

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Fonte: Autora, 2018

O período com menos quantidade de nuvens foram nos meses de agosto e setembro de
2017, como exemplo, a cena com a menor taxa do ano foi no mês de agosto de 2017 com a
porcentagem de nebulosidade 6,97% com a seguinte data de aquisição da cena 16/08/2017 e
órbita-ponto 21NUB (Sentinel-2). A Figura 28 representa a cena com a menor porcentagem de
nuvens descrita acima:

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Figura 28 - Cena do Sentinel-2 R2G3B4 com data de aquisição: 16/08/2017/ Órbita-Ponto 21NUB

Fonte: Autora, 2018

Apesar de que, a cena escolhida foi com a menor porcentagem de nebulosidade percebe-
se que ainda dificulta a visualização da superfície, dessa forma tornando inviável a utilização
desses sensores em locais onde o recobrimento de nuvens é intenso. Para efeito de comparação
entre o sensor radar e óptico foi analisado duas imagens, sendo, uma do Sentinel-1 (Radar) e
outra do Sentinel-2 (óptico), com a diferença temporal de apenas um dia, visto que,
anteriormente foi feito uma análise anual dessas cenas do óptico, e pode-se perceber que a carta-
imagem não teria uma gama de informações tão detalhadas, como, as formas de relevos e as
drenagens se fosse utilizado imagens de sensores ópticos. A Figura 29 representa essa
comparação entre os dois diferentes tipos de sensores, visto que, a área da comparação é a
mesma da carta-imagem com uma devida aproximação (zoom).

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Figura 29 - Comparação entre Sentinel-1 (03/02/2018) e Sentinel-2 (02/02/2018) com resolução espacial de 10
m.

Fonte: Autora, 2018

Não foi possível gerar a comparação com área toda utilizada da carta-imagem, pois a
cena do Sentinel-2 é bem menor, dessa forma, teria que utilizar cenas distintas e assim
aumentaria os dias de análise. Mas, é percebível através dos dados que a área de análise é
recoberta por nuvens densas anualmente. Dessa maneira, a utilização do sensor Radar torna-se
coerente. Através dessas imagens do Sentinel-1 pode-se gerar produtos e análises em diferentes
campos de estudos e com dados atuais.

6 CONCLUSÃO

A realização desse trabalho, atingiu o objetivo inicial proposto de elaborar uma carta-
imagem na escala de 1:100.000 em área de fronteira entre o Brasil e Guiana através do sensor
Sentinel-1. Neste projeto, deu-se ênfase na importância do Radar na cartografia da Amazônia,
buscando um histórico e os motivos para usar esse sensor em áreas com clima adverso.
Sendo assim, o produto cartográfico gerado mostrou-se satisfatório, em decorrência, de
um bom processamento digital que gerou uma imagem ortorretificada, calibrada e corrigida de
erros provenientes do próprio sensor. A partir, do tratamento na imagem foi possível a
drenagem e com um auxílio dos dados do SRTM, gerar as curvas de nível. Como a imagem de
Radar detalha bem as formas de relevo, foi possível detectar drenagens que ainda não foram
mapeadas ou que ainda não existe na base cartográfica.

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As curvas de níveis geradas foram através de dados SRTM, todavia, poderia ter sido
gerado por interferometria SAR com informações de elevação da própria imagem, mas
precisaria de informações de fase e um conjunto de imagens da área, por ser um procedimento
complexo demandaria grande parte da memória do computador e tempo, visto que, não teria
grande influência relacionadas a erro utilizando SRTM, o mesmo foi utilizado para fazer a
ortorretificação da imagem.
O Radar por ser pouco utilizado no meio acadêmico e de pesquisa, comparado com o
sensor óptico, torna-se mais complexo, em virtude de imagens com alto valor comercial e
financeiro e um elevado grau de dificuldade em processamento, pois não é qualquer software
que realiza os processamentos. Todavia, com o lançamento do Sentinel-1, por se tratar de
imagens gratuitas e o programa Snap 5.0 também ser de forma gratuita e disponibilizado pela
própria Agência Espacial Európeia, a tendência das utilizações das imagens Radar, nas
pesquisas e ensino, será maior.
A pesquisa contribuiu para estudos relacionados a Ciência Cartográfica. Todavia essas
imagens do Sentinel-1 podem ser amplamente utilizadas em diversas áreas das Ciências da
Terra. O desenvolvimento desse trabalho utilizando sensores remotos do tipo Radar, evidenciou
uma das áreas de atuação do Engenheiro Cartógrafo e Agrimensor. Através do conhecimento
adquirido na Universidade Federal Rural da Amazônia foi possível desenvolver com êxito essa
pesquisa, evidenciando o estado da arte do Radar na Amazônia, bem como, o resultado da carta-
imagem satisfatório a partir da metodologia aplicada.

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APÊNDICE A- CARTA- IMAGEM

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