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Comissão Diocesana

de Liturgia

Encontro de Ostiárias
Tema: “Espaço Litúrgico”

Coordenadores do encontro:
Pe. Carlos Rafael Casarin
e Diva Martim Furlan

26 de Setembro de 2009
O QUE É MINISTÉRIO?

Ministérios são serviços diversos realizados de modo permanente ou transitório pelo bem da comunidade. A
Igreja, para o cumprimento de sua missão, conta com diversidade de ministérios. Ao lado dos ministérios
ordenados, também os LEIGOS são chamados a colaborar com seus pastores no serviço à comunidade eclesial,
para o crescimento e a vida da mesma, exercendo ministérios diversos, conforme a graça e os carismas que o
Senhor aprouve conceder-lhes.
Os ministérios não ordenados são serviços realmente importantes na vida eclesial. São confiados a leigos com
estabilidade e que foram reconhecidos publicamente.
Alguns bispos desejam que a palavra ministério seja reservada às funções que representam as seguintes
características:

a) a pessoa que desempenha um ministério deve fazê-lo com humildade e somente aquilo que lhe compete;
b) é um serviço reconhecido pela Igreja local, por ato litúrgico ou simples nomeação;
c) deve ser conferido a pessoas que recebam uma formação pastoral, pois comporta uma verdadeira
responsabilidade. O ministro assume um encargo perante a Igreja de Deus e, portanto perante o Cristo e o Santo
Espírito;
d) é um serviço que deve surgir da necessidade da comunidade;
e) a pessoa deve ser parte integrante da comunidade.

Os ministérios existem em todos os setores de atividade da Igreja e também, sem dúvida, na liturgia.
Presidir, proclamar a Palavra, acolher, partilhar a comunhão, animar o canto, tocar um instrumento, cantar o
salmo, enfim cada um desempenha o seu papel.
De acordo com a CNBB, a classificação dos ministérios é a seguinte: (cf. doc. 43 da CNBB § 56)

a) ORDENADOS: Quem possui o diaconato, o presbiterado ou o episcopado. Os que exercem esses ministérios,
servindo de modo permanente à comunidade, são configurados por meio do sacramento da Ordem a Cristo,
pastor e mestre.

b) INSTITUÍDOS: Diz-se do leitor ou do acólito para realizar de modo estável determinada função na comunidade.
Esses ministérios não pertencem à ordem sagrada, porém quem aspira ao diaconato deve recebê-los.

c) CREDENCIADOS: Ministro extraordinário da Comunhão Eucarística. Quem exerce um serviço na


comunidade, mas não foi ordenado, nem instituído, mas apenas autorizado para esse ministério por certo
período de tempo.

d) COMUNS: Outros ministérios que não são instituídos, mas que podem ser serviços litúrgicos de forma estável
ou ocasional são: acólitos, pequenos acólitos, leitores, salmistas, grupo de cantores, instrumentistas, animador,
comentarista, sacristão, catequista, coordenador dos grupos de rua, ostiário, equipe de acolhimento, ceroferário,
cruciferário, librífero, turiferário, baculífero, mitrífero, etc.

MINISTÉRIO DO OSTIÁRIO

INTRODUÇÃO: Esta apostila é um simples guia destinado a pessoas que desejam iniciar-se no Ministério dos
Ostiários. A palavra ostiário vem do latim “Ostiarius” que significa o porteiro, aquele que abria e fechava a porta da
igreja. Era ele também que cuidava das alfaias, das vestes e dos objetos litúrgicos.
Podemos definir “Ostiário(a)” como sendo, aquele(a) que cuida da casa: limpa, lava coloca as coisas em ordem
mesmo que não tenha sido ele(a) que desarrumou. Por isso quem se responsabiliza por esses serviços são:
sacristão, equipe de limpeza e ostiários(as). Para isto é necessário que estas pessoas recebam informações e
estejam imbuídas do espírito litúrgico.
Para que uma celebração saia em ordem, é muito importante que o ambiente que será usado esteja limpo,
decorado e bem distribuído para que ele seja digno de uma celebração, tem de estar preparadas as vestes e os
objetos litúrgicos.

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Para ser um bom ostiário(a) é preciso em primeiro lugar ter vocação, gostar do que faz, fazer dessa vocação uma
missão, viver na verdade, na bondade e no amor à missão.
Devemos pensar nesta missão como fez Maria, aquela a quem coube o privilégio de revestir com sua carne
virginal o próprio Verbo Divino e de preparar com suas mãos maternas as vestes do Homem Deus, por isso nos
dediquemos a este trabalho sobre as vestes do altar e dos sacerdotes.
Quais são os serviços que os ostiários devem saber:
1) Conhecer a liturgia: espaço, cores, vestes, alfaias, objetos, livros, símbolos e tempos litúrgicos.
2) Providenciar sinais de acordo com o tempo litúrgico: Advento; Natal; Quaresma; Páscoa; Tempo comum e
Santoral.
3) Arrumar o espaço litúrgico: mesa da Eucaristia, mesa da Palavra, Cruz, credência, etc.
4) Cuidar da ornamentação
5) Ajudar os celebrantes: bispos, presbíteros, diáconos e ministros a se paramentarem.
6) Preparar a credência: observando antes de começar a celebração se nas galhetas estão o vinho e a água,
patena, âmbulas com partículas e as alfaias.
7) Para cada tipo de celebração observar os objetos e vestes necessários. Exemplo: Batismo: pia batismal, vela,
óleo, círio pascal, veste branca, sabonete, lavabo, algodão, caldeirinha com asperge, etc.
8) Cuidar dos livros litúrgicos (conservação).
9) Cuidar das alfaias (sanguinho, corporal, pala, manustérgio, etc).
10) Cuidar das vestes litúrgicas (túnica, estola, casula, etc).
11) Cuidar dos objetos litúrgicos (cálices, patena, âmbulas, etc).
12) Durante uma celebração a ostiária deve estar atenta, se faltar alguma coisa, providenciar.
13) Saber fazer o serviço com discrição e acolher as pessoas.

ESPAÇO LITÚRGICO

(Texto de Ir. Laíde Sonda, pddm para a Semana de espaço litúrgico em junho de 2009
na Diocese de Jundiaí, com alguns acréscimos feitos pelo Pe. Carlos Rafael Casarin.)

A igreja edifício é somente sinal da verdadeira Igreja, dos verdadeiros templos. Isto era muito claro para os
primeiros cristãos que não se preocuparam com o lugar em si, mas, com a edificação da comunidade. Somos
chamados a edificar sobre o único e verdadeiro templo, sobre o único fundamento Jesus Cristo. Ele é a pedra
angular desta edificação: “achegai-vos a Ele, pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos
olhos de Deus; e quais outras pedras vivas, vós também vos tornais os materiais deste edifício espiritual, um
sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais”. (1Pd 2, 4-5)

“Critérios para organizar o espaço da celebração: Para organizar o espaço de nossas celebrações, é bom
lembrar, em primeiro lugar, que o espaço da celebração é o espaço da assembleia, o lugar da reunião da
comunidade. Deve facilitar a comunicação entre os irmãos e irmãs e deixá-los o mais à vontade possível(...)
Como sacramento, o espaço deve ser digno e belo, sinal da beleza de Deus. O que não significa, de maneira
nenhuma, luxo ou requinte, mas apenas bom gosto! A importância espiritual da beleza não quer dizer que no
espaço da celebração vamos permitir enfeites desnecessários. É importante lembrar que os objetos devam ser
úteis, isto é, servir a alguma finalidade na dinâmica da celebração, e serem, ao mesmo tempo, verdadeiros.(...)
Devemos cuidar para que o espaço seja despojado e simples, levando-nos ao essencial. Assim como há poluição
nas cidades e nos lugares da natureza, podemos ter poluição no espaço da celebração. Tantas coisas, tantos
objetos, folhagens, cartazes, que perdemos o sentido do que realmente é importante. Uma regra prática que
pode nos ajudar é a de evitar duplicações: por exemplo, se temos uma cruz grande não precisamos ter outra
sobre o altar...” (Artigo publicado no Jornal Integração da Diocese de S. Cruz do Sul, julho de 1999, p. 11)

Os espaços e elementos que preparam a reunião são de grande importância:


Sino que, chama, que convoca a comunidade para o louvor.

Jardim, o pátio deve ser o lugar da paz, da beleza que emana do próprio Cristo, de Deus criador, que nos fez para
a comunhão com todos os seres da criação (cf. Gn 2,15; Jo 19,41).

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ESPAÇO LITÚRGICO

Presbitério - pg. 09

Sino - pg. 02
Jardim, o pátio - pg. 02

Sacrário - pg. 09
Fonte batismal - pg. 04
Lâmpada
Livro - pg. 06 do Santíssimo
pg. 11

Cátedra - pg. 05
Altar - pg. 08

Ambão - pg. 06

Cadeira - pg. 05
Credência - pg. 11 Capela Do Santíssimo - pg. 09

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Átrio, lugar da transição, onde se prepara o espírito, se toma consciência do ser um na unidade. Espaço para
inteirar-nos de tudo o que acontece na comunidade, acolhida mútua para poder celebrar levando as alegrias,
dores esperanças uns dos outros à Cristo para que aconteça a nossa Páscoa na d'Ele (Sl 84).

Entrada - A porta; transpor, passar, de um para outro mundo possível, onde a PORTA é o Cristo que nos leva para
a liberdade, para as melhores pastagens, para a vida (cf. Jo 10,7-10). O ritual sugere duas antífonas: “Oh portas,
levantai vossos frontões para que entre o Rei da glória”! (Sl 23) ou “Entrai em suas portas dando graças e em seus
átrios com hinos de louvor” (Sl 99).
A comunidade simbolizada na edificação acolhe o Cristo como sua cabeça e por Ele é acolhida.

Fonte batismal - batismo: Quase sempre, a fonte batismal é o primeiro sinal ou espaço que encontramos ao
transpor a soleira. Ela nos lembra o batismo, sacramento que nos faz Igreja e filhos de Deus, assumindo o seu
mistério de morte e ressurreição.

Assembleia: O primeiro elemento diria que é o espaço da assembleia, o templo em si. O espaço deveria revelar
que a Igreja é um corpo, é uma reunião de batizados, que querem celebrar e manifestar a sua fé, uma
comunidade aberta, não fechada em si mesma, a caminho rumo a Jerusalém celeste.

A partir do testemunho do Novo Testamento podemos estabelecer sete coordenadas fundamentais em relação à
assembleia litúrgica.
1- É a reunião do povo, convocado por Deus, reunido em algum lugar (s˝nasis).
2- É reunião de pessoas de todo tipo, não um cenáculo de puros, mas uma mistura de classes sociais, de línguas,
de idades... algo sempre atual.
3- É um lugar de conversão, de 'violência' no sentido do esforço que é pedido a cada um para se deixar transformar
pela presença do outro.
4- A assembleia nunca é completa, mas aberta aos outros, aos que estão ausentes, aos que virão (daqui nasce o
sentido de levar a comunhão aos ausentes por doença ou outro motivo). Por isso a solicitação feita na carta aos
Hebreus: “Estejamos atentos uns aos outros, para nos incentivar ao amor fraterno e às boas obras. Não
abandonemos as nossas assembleias, como alguns costumam fazer. Antes procuremos animar-nos
mutuamente” (Hb 10,25).
5- A assembleia é, portanto, manifestação da comunidade cristã, “epifania da Igreja”, disse João Paulo II.
6- A assembleia reforça a comunidade cristã suscitando a comunhão através da participação ativa.
7- A comunidade se estrutura através dos ministérios.

Segundo São Fulgêncio, é na celebração que a Igreja se manifesta e se torna Corpo. “A edificação espiritual do
corpo de Cristo realiza-se na caridade, segundo as palavras de São Pedro: Como pedras vivas, formai um edifício
espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo
(cf. 1Pd 2,5). Esta edificação espiritual atinge a sua maior eficácia no momento em que o próprio Corpo do
Senhor, que é a Igreja, no sacramento do pão e do cálice, oferece o corpo e sangue de Cristo; o cálice que
bebemos é a comunhão com o sangue de Cristo; e o pão que partimos é a comunhão com o corpo de Cristo.
Porque há um só pão, nós todos participamos desse único pão. (cf. 1Cor 10,16-17).Por isso pedimos que a
mesma graça que faz da Igreja o Corpo de Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da
caridade, perseverem firmemente na unidade do corpo” (Dos livros a Monimo de São Fulgêncio. In: Liturgia das
Horas, vol. II, 1995, p. 587).
Ora, se a comunidade se concebe como um corpo é mais que lógico esperar que a configuração espacial sugira
coesão, unidade, Igreja que de fato se manifesta como povo de Deus reunido para participar, celebrar, e
celebrando tornar-se cada vez mais corpo no Corpo, como diz São Leão Magno: “A nossa participação no corpo e
no sangue de Cristo age de tal modo que nos transformamos naquele que recebemos”. (Dos sermões de São
Leão Magno, Papa. In: Liturgia das Horas, vol. II, 1995, p.595).
Vistas nesta perspectiva, as nossas igrejas quase sempre pecam; são construídas em lotes longos e estreitos
dificultando a organização do espaço de forma que a assembleia possa sentir-se participante, envolvida, estar ao
redor dos vários pólos de celebração: altar, ambão etc...

Vejamos o testemunho de um padre a respeito de sua igreja reformada e a colocação da comunidade de uma
maneira nova:

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“Muitas coisas não são habituais: o estar um de frente ao outro. O olhar que não mais tem que percorrer todo o
comprimento da nave, mas se dirige às pessoas que estão na frente e à parede lateral(...). A posição do altar que
não é mais o único centro(...). O voltar-se antes para o ambão e depois para o altar. Tudo exige uma nova
apreensão... “
“De outra parte há o ganho: a comunidade se reúne novamente, agora se sente que a comunidade são as
pessoas, o grupo ao qual se pertence, e a fé é que une a todos. Não há mais anonimato, mas pertença a
comunidade. Comunidade somos nós unidos reciprocamente de forma que um pode escutar o outro, o que
anteriormente havia se perdido. A liturgia não é mais representação teatral, mas celebração da comunidade. A
liturgia tornou-se mais próxima, mais visível, mais palpável. A oração comum ganhou qualidade, intensidade”.
(Comentário sobre a reformulação do espaço de celebração feito pelo pároco da igreja St. Albert, Lutz Schulz).
Dessas 'igrejas corredor' Rudolf Schwarz (arquiteto alemão que trabalhou com o liturgista Romano Guardini) diz:
“Aqui falta a perspectiva dos olhos nos olhos, aqui ninguém vê o outro à sua frente, todos olham para frente. Aqui
falta o intercâmbio quente das mãos, a entrega de pessoa a pessoa, a circularidade de uma ligação cordial, já que
aqui cada um está solitário no contexto. Ombro a ombro, passo a passo simplesmente adicionados ao todo e
alinhados linearmente segundo uma cruz axial, cada um acorrentado ao seu vizinho...A forma longitudinal deixa
cada um sozinho no todo, o coração permanece na solidão. As pessoas não podem sentir-se cordialmente
próximas, já que o esquema não tem um coração” (RICHTER, Klemens. Espaços de igrejas e imagens de Igreja.
Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1998, p. 65).

Outro fator que pode impedir a participação são os bancos. Como sugere a Instrução Geral do Missal Romano -
IGMR 311: “disponham-se os lugares dos fiéis....de sorte que possam participar devidamente das ações
sagradas com os olhos e o espírito” (outras traduções trazem “com o corpo”). Quando são muito longos, impedem
qualquer movimento. Não é à toa que até o século XV não havia bancos. Começaram aparecer quando a homilia
foi substituída por grandes momentos de pregação desligados da liturgia da Palavra.
Em algumas igrejas é mais fácil sentir a unidade, a coesão e comunhão da assembleia-corpo, espaços com
“coração”.
Passemos agora para os lugares que dentro do espaço físico da igreja concentram alguma ação ritual: espaço da
Eucaristia (altar), espaço da Palavra (ambão), espaço do batismo (fonte), espaço da reconciliação
(confessionário) etc...

Cátedra/Cadeira - Presidência: Cátedra cadeira especial, usada quando o Bispo preside uma celebração.
Normalmente só existe nas igrejas catedrais que é a Igreja mãe da diocese, mas em cada igreja existe a cadeira
do presidente da celebração, que expressa o mistério da presidência de Cristo.
A cátedra /cadeira é o ícone de Cristo-cabeça que preside a comunidade, como expressa a monição sugerida na
bênção da cátedra. “Amados irmãos, louvemos a Deus nosso Senhor, “que se digna estar presente em seus
ministros, dedicados aos deveres sagrados, por meio deles ensinando, governando e santificando os fiéis; e
peçamos a ele que faça sempre mais dignos os que exercem tão santas funções”.
Arquitetonicamente, o espaço ocupado pelo presidente deve enfatizar a dignidade e o serviço desempenhado:
ensinar, governar e santificar a comunidade. Esta dignidade não implica em fazer da cadeira um trono; deveria
ser discreta o suficiente para diferenciá-la da cátedra do bispo; que também, não deve ter aparência de trono.
Segundo o Missal Romano “o lugar mais apropriado é de frente para o povo no fundo do presbitério, a não ser que
a estrutura do edifício sagrado ou outras circunstâncias o impeçam, por exemplo, se a demasiada distância torna
difícil a comunicação entre o presidente e a assembleia...” (IGMR 310).
O Missal diz que perto da cadeira do presidente estejam assentos para outros ministros. Esta não é uma invenção
recente, do Concílio. Nas igrejas dos primeiros séculos havia bancos de ambos os lados da cadeira da
presidência para que ficasse claro que a comunidade se estruturava a partir de seus ministérios ou serviços
desempenhados. “Com efeito, a celebração da Eucaristia é uma ação de toda a Igreja, onde cada um deve fazer
tudo e só o que lhe compete, segundo o lugar que ocupa no Povo de Deus...” (IGMR 5).
Fica mais visível o sentido de corpo-celebrante, quando não se estabelecem separações demasiado evidentes
entre clero e comunidade. Porém precisa tomar cuidado para não encher o espaço das ações rituais com
cadeiras e pessoas de modo que a visibilidade e o bom desempenho das funções fique prejudicado.
“Concelebrantes, diáconos, acólitos, leitores, cantores e ministros da comunhão deveriam, quando são
colocados próximos do altar, sentar-se de modo a não ofuscar o significado da sede presidencial” (RICHTER,
Klemens. Espaços de igrejas e imagens de Igreja. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1998, p. 80).
Quando o espaço é muito pequeno é conveniente que os que desempenham estas funções fiquem junto da
assembleia e se aproximem do altar somente no momento em que devem prestar o seu serviço.

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Ambão: “O Ambão, lugar da leitura das Escrituras, pertence de forma privilegiada à revelação judaico-cristã: o
ambão não tem precedentes em outras religiões como é o caso do altar. O cristianismo e a sua liturgia guardam
em si, desde a origem, esta relação radical com a palavra de Deus: a eucaristia dos cristãos, desde sempre, se
constitui de dois elementos fundamentais, a leitura das Escrituras, e a ação de graças sobre os dons. Nunca
houve mesa do pão e do vinho sem a mesa da Palavra” (VVAA. L'ambone tavola della parola di Dio. Magnano:
Qiqajon, 2005, texto da contracapa).
No entanto, durante alguns séculos deu-se pouco valor à palavra e por isso até o lugar de sua proclamação havia
deixado de existir. O Concílio Vaticano II resgata a palavra e o lugar da proclamação.
“As duas partes de que se compõe de certa forma a missa, isto é, a liturgia da Palavra e a liturgia eucarística, estão
tão estritamente unidas que formam um só ato de culto” (Sacrosanctum Concilium 56). E a Dei Verbum diz: “A
Igreja sempre venerou as Escrituras, como também o próprio corpo do Senhor, sobretudo na sagrada liturgia,
nunca deixou de tomar e distribuir aos fiéis, da mesa tanto da Palavra de Deus como do corpo de Cristo, o pão da
vida” (DV 21).
Segundo São Jerônimo: “...a carne do Senhor é verdadeiro alimento e o seu sangue verdadeira bebida (...) Nós só
temos este grande dom: comer a sua carne e beber o seu sangue não somente no mistério da Eucaristia, mas
também na leitura da Sagrada Escritura. O conhecimento da Sagrada Escritura é verdadeiro alimento e
verdadeira bebida, que recebemos da Palavra de Deus”.
Na mesma linha vai a reflexão que o então cardeal Ratzinger fazia comentando a SC 56: “A Igreja recebe o pão da
vida da mesa da Palavra e da mesa do Corpo de Cristo; dessa forma ela honra as sagradas escrituras como o
próprio corpo do Senhor...” . O lugar privilegiado onde a Palavra de Deus está presente e age, atua é a liturgia.
Na liturgia a palavra não é somente proclamada, mas, atualizada: por parte de Deus como ensinamento e graça,
por parte da pessoa como louvor, súplica, pedido de perdão. Isto sempre acontece por Cristo no Espírito Santo.
No espaço litúrgico a Palavra abrange diferentes espaços:

A assembleia, reunida no nome de Cristo, recebe a Palavra, escuta, eleva a Deus o louvor.

A presidência, que na pessoa de Cristo, preside a celebração litúrgica e também o anúncio da Palavra, buscando
manifestar a continuidade e a autenticidade da mesma, com a tradição. A homilia que faz a ligação prática da
Palavra com a vida cotidiana, para que os fiéis possam expressar na vida aquilo que receberam pele fé.

A Cruz, “uma coisa ainda é muito importante observar que nunca haja duas imagens do mesmo santo na Igreja e
nem mais de uma cruz no presbitério.” Se no espaço litúrgico houver uma cruz maior, fixa, a processional não
precisa ficar ao lado do altar. Um bom exemplo disso é o Santuário Nacional de Aparecida que hoje tem uma
grande cruz acima do altar, há uma cruz processional que não permanece ao lado do altar durante a celebração,
mas num outro local apropriado.

A iconografia, no espaço de celebração deveríamos sempre visualizar os santos mistérios. Ele deve ser
mistagógico, evocativo e narrativo. São Gregório, século VII, dizia ao bispo de Marselha que a “a pintura ensina
aos analfabetos aquilo que a escrita ensina aos letrados”. São João Damasceno dizia por sua vez que, ”aquilo
que a Bíblia é para as pessoas instruídas, a pintura o ícone é para os analfabetos: aquilo que a palavra é para o
ouvido, o ícone é para a vista”.

Os Sacramentos, todos têm ligação com a Palavra que de alguma forma é neles proclamada e atualizada.
As ações que acontecem no espaço litúrgico usam de sinais para ordenar as celebrações e seus ritos, como o
missal, rituais...

O Livro, ícone da Palavra; nele materialmente está contida a Palavra de Deus escrita. Muitas pessoas morreram
para defender estes livros. Há na História da Igreja, belíssimos exemplares de Evangeliários que testemunham
como a apresentação da Palavra era destacada e venerada . Além de invólucro havia também o esmero na
apresentação, as miniaturas ilustrando os livros sagrados. Como são os nossos livros, onde estão? O Elenco das
Leituras da Missa diz: “Os livros nos quais é extraída a Palavra de Deus, os ministros, os gestos rituais, o lugar
onde é proclamada devem suscitar nos ouvintes o sentido da presença de Deus que fala ao seu povo” (ELM 35).

O Leitor. “As palavras têm corpo. A verdade que essas expressam, não coincide somente com o conceito que
contêm. O conceito pode até soar incerto ou enganoso não fosse a expressão da voz e do rosto. O conteúdo pode

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ser exato, mas nem sempre depõe a favor da verdade. Aquilo que torna manifesto e o sentido autêntico e
verdadeiro das palavras normalmente está escondido no brilho do olhar, no tom da voz, na mímica do rosto, no
movimento do corpo. Nisto a pessoa humana é de uma transparência infalível. As palavras dizem porque o corpo
fala. As palavras escritas por vezes criam equívocos pela falta de reforço corpóreo. Basta o tom, o mexer dos
lábios, uma olhada; e uma frase que poderia soar mal pode se tornar um jogo afetuoso ou ao contrário, aquilo que
parecia uma cordial saudação pode se tornar um instante de sutil maldade. O modo como as coisas são ditas
pertence em profundidade ao conteúdo que elas querem dizer. É a pessoa inteira que fala. A palavra sempre deve
fazer-se carne para que nela resplandeça a verdade.
Quando a pessoa celebra momentos importantes na vida, a sua palavra se torna solene, o corpo se transforma
lugar de proclamação... Bastaria pensar no dia em que uma criança pela primeira vez se ergue, e cheio de
orgulho grita de maravilha, é o discurso inaugural. Mas nas boas ocasiões o homem, estando de pé, consegue
criar unidade, formar corpo, com o som de sua palavra. Neste caso se diz que ele “tomou a palavra” como se o
que tivesse para dizer lhe tenha sido dado por alguém, como se a faculdade de dizer viesse como dom de outro, e
expressando-se estaria manifestando a vida, que está presente no seu corpo. O homem sempre pode se servir
da palavra porque a palavra é uma ordem que o precede. A palavra é sempre dada. Pode ser oferecida porque
desde sempre ela é recebida.
Para dizer com as palavras do biblista, o homem sempre fala no Verbo. Esta condição do falar humano é
particularmente manifesta e evidente na liturgia. Na liturgia a palavra é tomada como texto e propagada pelo som,
pela voz. O texto não necessariamente deve ser escrito. O texto é também conto conservado na memória e
renovado pela voz. Foi assim que a primeira geração dos cristãos confeccionou os textos da memória oral de
Jesus. Eles viviam do contar. Muitas vezes Paulo diz que testemunha aquilo que ele mesmo ouviu. Por duas
vezes, nas primeiras páginas dos Atos dos Apóstolos (1, 15; 2,14), se conta que Pedro, estando no meio dos que
foram chamados, se levanta e toma a palavra; o que tem para dizer é o que aconteceu no meio deles. Tem uma
grandeza e uma eloquência dos gestos mais elementares, que nunca podemos perder de vista.
O ambão mais belo, no fundo é a pessoa de pé com o livro oferecendo o seu testemunho. Tudo o que se pode
construir para ampliar este ato primário será somente um reflexo. Quando se constroem ambientes se esta
criando extensões do próprio corpo” (Zanchi Giuliano, La forma della Chiesa, p.55-57).

Se notarmos no Ritual de Dedicação a honra é dada à Palavra, ao livro e leitor. Não há um rito específico que se
refira ao Ambão. Há somente um gesto ritual que precede e soleniza a proclamação da palavra: dois leitores, um
deles levando o Lecionário da Missa, e o salmista, se dirijam à cátedra do bispo. O bispo, de pé, tomando o
lecionário nas mãos, profere a seguinte oração: “A palavra de Deus ressoe sempre neste templo; que ela vos
revele o mistério de Cristo e opere na Igreja a salvação”. Em seguida entrega aos leitores o Lecionário e estes se
dirigem ao ambão enquanto a assembleia é convidada a acompanhar esta procissão com o olhar. Posto o
lecionário sobre o ambão, começa a leitura que sempre deve ser proclamada.
No texto de Neemias 8,1-4a, 5-6. 8-10 se realça a convocação, a reunião: “todo o povo se reuniu como um só
homem”, o espaço; “na praça de fronte da porta das Águas”, o leitor “pediu ao escriba Esdras que trouxesse o
livro da Lei de Moisés”, o livro; “o sacerdote Esdras apresentou a lei diante da assembleia... Esdras abriu o livro”,
a tribuna; “Esdras, o escriba, estava de pé sobre um estrado de madeira erguido para este fim... Visível a todos
por estar mais alto”, o leitor; “leram clara e distintamente o livro da Lei”, a escuta; “... explicavam a lei ao povo,
que dos seus lugares escutava”.
“O anúncio e a acolhida da lei de Deus faz nascer a comunidade do povo escolhido no pós-exílio. Este texto, lido
na liturgia da dedicação quer dizer que na celebração, a escuta da Palavra e a adesão a ela pela fé, cria a
comunidade e a constitui como assembleia litúrgica cultual” (FERRARO, Giuseppe. Cristo è l`altare. Roma:
Edizioni OCD, p.43). É o que diz também o Vaticano II: “O povo de Deus é reunido antes de tudo, pela palavra do
Deus vivo”.
Tanto no ritual da Dedicação como também no texto de Neemias a ênfase é dada ao leitor, ao livro, à escuta. Isto
não significa que o ambão não tem importância. Se assim fosse não teria sido preparado um local para a
proclamação, como relata o texto de Neemias. Ele é ícone, sinal, como diz a monição sugerida no Cerimonial dos
bispos para a bênção do ambão: “Aqui viemos, irmãos, para inaugurar este ambão e destiná-lo ao seu uso
sagrado, a fim de que seja para todos nós o sinal daquela mesa da palavra de Deus que fornece o primeiro e
necessário alimento da nossa vida cristã. Vamos participar atentamente desta celebração, ouvindo fielmente a
Deus que nos fala, para que suas palavras nos sejam realmente espírito de vida”.
Neste sentido o ambão é o ícone espacial que antecipa e permanece na Igreja como sinal do anúncio da boa nova
de Jesus, Palavra do Pai, como salienta a oração de bênção do ambão: “Ó Deus, que, por excesso de amor, vos
dignais falar-nos como a amigos, concedei-nos a graça do Espírito Santo, para que, experimentando a doçura da
vossa Palavra, nos enriqueçamos com a eminente ciência do vosso Filho”.
Se o ambão se localiza muito próximo do altar ou da presidência os gestos que conferem dignidade à palavra

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(procissão e ostentação do lecionário) perderão força de expressão e solenidade. Como seria interessante ter
que andar um pouco mais e porque não, fazer com que a assembleia se desloque para perto do ambão? Uma
assembleia estática, sem movimento, é mais espectadora, menos participante.
Geralmente nossos ambões não comportam mais que uma pessoa e não têm a mesma imponência do altar. Se
parecem com estantes, móveis usadas pelo comentarista, quando necessário. O missal enfatiza que a
dignidade da Palavra de Deus requer um lugar digno para o seu anúncio, lugar para onde deve convergir a
atenção de todos no momento da proclamação (cf. IGMR 309). O ambão segundo a sua etimologia significa
lugar alto, lugar envolvente, lugar ocupado por alguém que se põe na frente. Precisaria fazer jus ao termo e quem
sabe, encontrar a forma e o tamanho de ambão adequados para cada espaço.
A partir das considerações acima e da estreita ligação entre palavra e eucaristia não podemos pensar espaços de
celebração sem altar e ambão. A tendência é concentrar tudo num único presbitério. Quem sabe, não fosse
interessante pensar o espaço a partir das duas mesas, que se apresentam não de forma simultânea, mas
subsequente, contribuindo para uma compreensão maior do que se celebra e uma participação mais intensa,
envolvendo também o corpo? Para nós que vivemos num país onde se celebra mais a Palavra que a “eucaristia”
nunca deveria faltar também e, sobretudo o ambão.

Altar - O altar cristão nasce e tem origem na mesa da ceia do Senhor com os seus discípulos. É a mesa preparada
na sala de cima, lugar nobre, que aconchega, onde o Senhor vive com os seus discípulos um momento de
intimidade, de partilha, de refeição, de despedida.
Esta ceia, segundo explícito pedido do Senhor deverá ser perpetuada e repetida pelos seus: ”Fazei isto em
memória de mim”. Paulo chama o altar de mesa (cf. 1Cor 10,21).
Frédéric Van de Meer, patrólogo e arqueólogo, nos fala do altar e da eucaristia celebrada por Santo Agostinho na
principal basílica da cidade. (Nesta época as basílicas tinham na abside a cátedra e o altar era colocado mais
perto da assembleia).
“Agostinho desce os degraus que separam a cadeira que está situada na abside e dirige-se ao altar colocado mais
no centro da nave sob o olhar atento dos fiéis; cálices e pratos com o pão são colocados sobre o altar: são as
únicas coisas presentes sobre a mesa, sobre a toalha branca, e o brilho do ouro puro resplandece sobre o candor
do linho. O silêncio é absoluto. Inúmeras luzes brilham nos lampadários. Agostinho avança até o altar, e de pé,
sozinho dentro do espaço circundado, diante da pequena mesa revestida de branco, estende ainda uma vez as
mãos” (FERRARO, Giuseppe. Cristo è l`altare. Roma: Edizioni OCD, p.43).
Deste texto percebemos que o altar não é grande. Que há um respeito seja com relação ao lugar que está
circundado talvez pelo cibório ou elementos no piso que definiam o espaço do altar, mas, sobretudo no silêncio
das pessoas. Que o clima é festivo, pascal: as luzes brilhando, as toalhas brancas...
Do piso do altar Van de Meer diz: “O Altar se ergue esbelto e imaculado sobre um campo de cores azuis, verdes e
brancas. Sobre a mesa não há nem flores nem velas. Nada além da toalha branca sobre ele: 'ele espera',
aguarda” (FERRARO, Giuseppe. Cristo è l`altare. Roma: Edizioni OCD, p.43).

Podemos ver de forma muito rápida na oração de dedicação do altar e sentir como o altar não é um objeto, mas
alguém... que só percebemos se nos deixamos conduzir para dentro do mistério que nele se celebra.
O ritual tem um item sobre a natureza e dignidade do altar.
1- Cristo é apresentado como a vítima, o sacerdote, o altar do seu sacrifício (retoma a carta aos Hebreus 1,3).
2- Diz que “Cristo, Cabeça e Mestre é o verdadeiro altar; seus membros e discípulos são também altares
espirituais, oferecendo a Deus uma vida santa...” e cita diversos Padres da Igreja.
3- O altar é mesa do sacrifício e do banquete: “Santificou a mesa em torno da qual os fiéis se reuniriam, a fim de
celebrar a sua Páscoa.” Por conseguinte o altar é a mesa do sacrifício e do banquete; nela o sacerdote, tornando
presente o Cristo Senhor, realiza aquilo que o Senhor fez e entregou aos discípulos para que o fizessem em sua
memória...
4- O altar, sinal de Cristo: O altar cristão por sua natureza é a mesa própria para o sacrifício e o banquete pascal;
mesa onde o sacrifício da cruz se perpetua, até a vinda de Cristo. Mesa onde os filhos da Igreja se congregam
para dar graças e para receber o Corpo e Sangue de Cristo. Portanto, em todas as igrejas o altar é “o centro das
ações de graças oferecidas pela Eucaristia, para o qual de algum modo todos os ritos da Igreja convergem”.
5- O altar honra dos mártires: A dignidade do altar está toda inteira em ser ele a mesa do Senhor. Não são os
corpos dos mártires que honram o altar, mas muito ao contrário: é o altar que enobrece o sepulcro dos mártires...
Neste item fala-se das relíquias, de sua colocação e diz-se ainda que o testemunho dado pelos mártires possui
força espiritual e que suas relíquias, incrustadas no altar expressam de modo total e íntegro a comunhão dos
santos no mistério pascal de Cristo.

08
O espaço: sacramento de nossa aliança com Deus
Se olharmos para a realidade profunda de cada um de nós e da humanidade como um todo, percebemos a
importância do espaço na constituição de nosso ser. Não apenas ocupamos lugar no espaço, mas somos o
espaço que ocupamos. Por isso, hoje, a luta por um canto de terra para plantar, por um lugar na cidade para
morar, é, sobretudo, a luta pela dignidade de cada um na sociedade em que vivemos.
Os estudos da psicologia profunda e a experiência de cada um certamente confirma! revelam esta unidade entre
aquilo que a gente é e o espaço que nós vivemos. O espaço revela nosso ser. O “diga-me como moras e eu te direi
quem és” tem um certo fundo de verdade.
Da mesma forma, o espaço litúrgico apresenta-se como sacramento, através do qual fazemos a experiência da
aliança com Deus, nos constituímos como Igreja de Cristo e recebemos o seu Espírito. Recomenda-se que as
igrejas e todos os espaços sejam consagrados ou abençoados.

Capela do Santíssimo - é um espaço de oração pessoal, silenciosa, onde a presença de Jesus Cristo é
constante.

Tabernáculo ou sacrário
“Senhor, Pai Santo, que destes aos homens o verdadeiro pão do céu, dignai-vos lançar a bênção sobre nós e
sobre este tabernáculo, preparado para guardar o sacramento do Corpo e Sangue do vosso Filho, a fim de que
nós, adorando a Cristo aqui presente, sejamos sempre levados a unir-nos ao mistério de sua redenção” (Oração
de bênção do tabernáculo ou sacrário. In: Ritual de Bênçãos 921).
A oração faz referência ao Pão recebido, à comunhão, e pede que o Senhor abençoe as pessoas e depois o
tabernáculo onde se guarda a eucaristia. Deduzimos que nós somos os primeiros tabernáculos; recebemos o
Senhor como alimento e bebida, e por isso mesmo somos abençoados juntamente com o tabernáculo material,
que irá guardar a reserva eucarística.
Na oração final do rito aparece outro elemento importante: “... enquanto meditamos sobre o amor do vosso Filho,
que vive entre nós, frequentemos, também, com fruto o sacramento que é memorial de nossa salvação”. O local
da reserva é um local de oração, de meditação. Meditação sobre a obra da salvação; o amor manifestado a nós
pelo Senhor Jesus, na sua entrega ao Pai. Porém, é importante participar do sacramento-memorial, a celebração
da Eucaristia. A finalidade da capela é justamente esta: favorecer a oração pessoal, em momentos distintos da
celebração. Seria muito oportuno que a capela do Santíssimo pudesse ficar aberta durante todo o dia para
favorecer a oração. Como há uma certa confusão, por vezes se misturam dois momentos bem distintos,
celebração e adoração.
O Papa Bento XVI (Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, 69) diz que o local para a reserva eucarística é
na capela do Santíssimo. Nas igrejas antigas onde não há uma capela, o tabernáculo pode permanecer no antigo
altar-mor, deixando o devido espaço entre o antigo altar e o novo. Se não há outro lugar ficará no presbitério,
colocado não de forma que concorra com o altar, ou que um desvalorize o outro.
Sobre o sacrário se diz que deve ser fixo, sólido, inviolável, não transparente. (cf. IGMR 314) “Conforme antiga
tradição mantenha-se perenemente acesa uma lâmpada especial junto ao tabernáculo, alimentada por óleo ou
cera, pela qual se indique e se honre a presença de Cristo” (cf. IGMR 316).

Lugar da Reconciliação
No Ritual da Penitência se fala do lugar da celebração do Sacramento da Penitência, na introdução, capítulo IV.
“O Sacramento da Penitência, a não ser que haja justa causa, normalmente é celebrado na igreja ou oratório.
Quanto ao confessionário, estabeleçam-se normas pela Conferência dos bispos, cuidando-se, porém, que haja
sempre em lugar visível confessionários com grades fixas entre o penitente e o confessor, os quais possam usar
livremente os fiéis que o desejarem”.
Esta indicação é complementada pelo cân. 964 §2: “O local apropriado para ouvir confissões seja normalmente o
confessionário tradicional, ou outro recinto conveniente expressamente preparado para essa finalidade. Haja
também local apropriado, discreto, claramente indicado e de fácil acesso, de modo que os fiéis se sintam
convidados à prática do sacramento da penitência”.

Ainda podemos ver de uma maneira breve outros espaços litúrgicos que compõem nossas igrejas:
Presbitério - É o espaço físico que em um templo se distingue da nave (quer por sua elevação diferente, por sua
estrutura ou por seu ornato) lugar onde fica o altar, também o ambão, o presidente da celebração, ministros da
comunhão, leitores.

09
10
Credência - mesa localizada no presbitério onde são apoiados os vasos sagrados e outros elementos da
celebração enquanto não são utilizados, ali pode ser realizada a purificação dos vasos sagrados depois da
comunhão.
Lâmpada do Santíssimo - é o sinal da presença de Cristo. Deve estar acesa sempre que houver hóstias
consagradas no sacrário. Pode ser usada uma vela, chama de óleo ou mesmo lâmpada elétrica.
Sacristia - é uma sala onde são guardados os paramentos e objetos litúrgicos, onde os presbíteros e os acólitos
se paramentam.

ANO LITÚRGICO

O Ano Litúrgico revela todo o mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a Encarnação e Nascimento até a
Ascensão, ao Pentecostes e a expectativa de feliz esperança da vinda do Senhor. Consta-se de dois ciclos:
Temporal (Advento-Natal, Quaresma-Páscoa e Tempo Comum) e Santoral (solenidades, festas e memórias da
Virgem Maria e dos santos)
O calendário litúrgico divide-se em:
Ano A Evangelho de Mateus
Ano B Evangelho de Marcos
Ano C Evangelho de Lucas e o Evangelho de São João é para o tempo Pascal.
* Para se orientar corretamente existe o Diretório Litúrgico.

ADVENTO
Tempo com o qual começa o ano litúrgico. Significa “chegada” ou “espera”. É uma preparação para a festa do
Natal. Começa quatro domingos antes do Natal e termina no dia 24 de dezembro. A cor dos paramentos do
sacerdote e do diácono no tempo do Advento é roxa. Durante esse tempo não se recita o Glória.
Uma exceção é a cor usada no terceiro domingo, chamado Gaudete: nesse dia a cor pode ser rosa. Este Domingo
é o ”dia da alegria”, está ligado à seriedade e vigilância, à piedosa espera.

Coroa do Advento: é uma coroa onde são colocadas quatro velas que correspondem as quatro semanas que
antecedem o natal.

NATAL
Solenidade celebrada no dia 25 de dezembro em recordação ao nascimento de Jesus
Cristo. É a mais importante das festas fixas, precedida e preparada pelo tempo do Advento.
Estão incluídas nesse tempo a festa de Maria Mãe de Deus, no dia primeiro do ano. Possui
oitava e existe um Tempo do Natal que se prolonga até o domingo posterior à festa da
Epifania do Senhor, chamada de dia de Reis, domingo mais próximo ao dia 6 de janeiro. A cor
usada é a branca.

TEMPO COMUM
É o tempo mais longo do ano litúrgico. São 33 ou 34 semanas em que não se celebra nenhum aspecto especial do
mistério de Cristo, como no Natal ou na Páscoa. O Tempo Comum começa na segunda-feira seguinte ao
domingo depois de 6 de janeiro e segue até terça-feira antes da quaresma; recomeça na segunda-feira depois do
Domingo de Pentecostes e termina na véspera do primeiro domingo do Advento. Durante o tempo comum a cor
litúrgica é a verde.
Doc. CNBB 43 § 132 “O Tempo comum não é tempo vazio. É tempo de a Igreja continuar a obra de Cristo nas lutas
e nos trabalhos pelo Reino”.

QUARESMA
Tempo litúrgico penitencial durante o qual a Igreja se prepara para a celebração jubilosa da Páscoa. O tempo da
Quaresma vai da quarta-feira de Cinzas até a missa da Ceia do Senhor, na quinta-feira Santa, sem incluí-la.
Durante esse tempo não se diz o Aleluia, evita-se adornar o altar com flores, e os instrumentos musicais são
permitidos apenas para apoiar o canto. A cor litúrgica própria é a roxa.

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Doc. CNBB 43- § 126 - ”A Igreja preparou os catecúmenos para a iniciação cristã nos quarenta dias que precedem
a Páscoa. Hoje a Quaresma convoca-nos para a oração, o jejum e a caridade expressa pela esmola. Assim
manifestamos a nossa abertura para a Palavra de Deus, que nos leva à conversão de nossos pecados, para
vivermos a fraternidade em que fomos inseridos pelo Batismo.”

PÁSCOA
Festa da Ressurreição de Cristo. É a Eucaristia mais solene do Ano Litúrgico, sinal de vida nova, depois da
conversão acontecida na quaresma. É o tempo litúrgico que começa com a Vigília Pascal e se estende até o
domingo de Pentecostes. Durante todo o tempo litúrgico da Páscoa, os paramentos devem ser brancos e o círio
pascal deve ser mantido junto ao altar.

AS CORES LITÚRGICAS

Cores que servem para indicar os tempos litúrgicos, a festividade própria do dia ou o caráter de uma celebração.
As mais comuns são:

a) Branca: é sinal de festa, pureza e alegria. Usa-se na Quinta-feira Santa, na Vigília Pascal,
em todo o tempo pascal, no Natal, no tempo do Natal e nas festas do Senhor, de Nossa
Senhora e dos Santos, exceto dos Mártires.
b) Verde: é o sinal da esperança, usado nos domingos e nos dias feriais do tempo comum.
c) Roxa: é a cor do tempo do Advento e da Quaresma, como sinal de conversão e
penitência.
d) Vermelha: lembra o fogo do Espírito Santo e o sangue do Martírio. Usado nas festas de
Pentecostes, dos Apóstolos, dos Evangelistas e dos Mártires, no Domingo de Ramos e na
Sexta-feira Santa.
e) São permitidos tecidos dourados e prateados no lugar do branco.
f) Em duas ocasiões pode ser usada a cor rosa: no 3º Domingo do advento ”Gaudete” e no
4º Domingo da Quaresma “ Laetare” .

Nas celebrações marianas pode ser usada a cor azul celeste.

SÍMBOLOS LITÚRGICOS

IHS - pg. 13 XP - pg. 13


Alfa e Ômega - pg. 13

INRI - pg. 13 Triângulo - pg. 13

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Alfa e ômega - Primeira e última letra do alfabeto grego. No Cristianismo aplicam-se a Cristo, princípio e fim de
todas as coisas.
IHS - Iniciais das palavras latinas Ieus Hominum Salvator, que significam: Jesus Salvador dos homens.
Empregam-se sempre em paramentos litúrgicos, em portas de sacrário e nas hóstias.
INRI - São as iniciais das palavras latinas Iesus Nazarenus Rex Iudaerum, que querem dizer: Jesus Nazareno Rei
dos Judeus, mandadas colocar por Pilatos na crucifixão de Jesus (cf. Jo 19,19).
Triângulo - Com seus três ângulos iguais (equilátero), o triângulo simboliza a Santíssima Trindade. É um símbolo
não muito conhecido pelo nosso povo.
XP - Estas letras, do alfabeto grego, correspondem em português a C e R. Unidas, formam as iniciais da palavra
CRISTÓS (Cristo). Esta significação simbólica é, porém ignorada por muitos.

Símbolos litúrgicos ligados à natureza

Água: simboliza a vida. É essencial no batismo. Também é usada para ritos de purificação e de bênção. Misturam-
se algumas gotas de água com o vinho, no cálice, durante a apresentação dos dons.
Cinzas: As cinzas, principalmente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, são para nós sinal de penitência, de
humildade e de reconhecimento de nossa natureza mortal. Mas estas mesmas cinzas estão intimamente ligadas
ao Mistério Pascal. Não nos esqueçamos de que elas são fruto das palmas do Domingo de Ramos do ano
anterior, queimadas na Quaresma, para o rito quaresmal das cinzas.
Fogo: Na liturgia da Vigília Pascal abençoa-se o fogo novo e com ele se acende o círio pascal, sinal de Cristo
Ressuscitado, vencedor das trevas e da morte. É símbolo sobretudo da ação do Espírito Santo.
Incenso: Sinal de festa e oração. É um perfume que sobe com a fumaça produzida por pequenos grãos colocados
sobre brasas no turíbulo. Os grãos são feitos de uma resina aromática, que ao arder produz intensa fumaça de
odor suave que subirá ao ar, como a oração dos fiéis sobe até Deus.
Luz: a Liturgia Cristã sempre apreciou a luz pelo seu simbolismo. Jesus Cristo é a Luz do mundo, fonte e origem
de toda a Luz.
Óleo: Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do Crisma e dos Enfermos, usados liturgicamente nos
sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Nos três sacramentos, trata-se do gesto litúrgico
da unção. Aqui vemos que o objeto - no caso, o óleo - além ser um símbolo, faz nascer uma ação, isto é, o gesto
simbólico de ungir.
Pão e vinho: símbolos do alimento humano. Trigo moído e uva espremida, sinais do sacrifício da natureza, em
favor dos homens. Elementos tomados por Cristo para significarem o seu próprio sacrifício redentor.

VESTES LITÚRGICAS

Na Igreja, que é o Corpo de Cristo, nem todos os membros desempenham a mesma função. Esta diversidade de
ministérios se manifesta exteriormente no exercício do culto sagrado pela diversidade das vestes litúrgicas, que
por isso devem ser um sinal da função de cada ministro. Convém que as vestes litúrgicas contribuam para a
beleza da ação sagrada.

ALVA / TÚNICA BRANCA: veste litúrgica comum a todos os ministros: bispos, padres, diáconos e ministros
extraordinários da comunhão.

AMITO: É um retângulo de cambraia de linho com fitas que pode ser usado sobre os ombros e em volta do
pescoço, sob a alva para ocultar as vestes comuns.

CASULA: veste litúrgica, espécie de manto, usada somente pelos bispos e presbíteros na celebração da missa. É
usada sobre a alva e a estola e, segue as cores litúrgicas.

CAPA DE ASPERGE, PLUVIAL OU MAGNA: É uma capa que cobre os ombros do sacerdote e se estende até os
pés. Usado para: Bênção do Santíssimo, Matrimônio, Batismo, Procissões, Confirmação, Penitência, Ordenação
e para bênçãos em geral. Deve seguir as cores litúrgicas.

13
VESTES LITÚRGICAS

Alva - pg. 13
Sobrepeliz - pg. 15 Estola - pg. 57

Capa de Asperge - pg. 13


Casula - pg. 13

Dalmática - pg. 15
Cíngulo - pg. 15 Véu Umeral - pg. 15

14
CÍNGULO: Cordão nas cores litúrgicas, usado para firmar a alva na cintura.

DALMÁTICA: É a veste dos diáconos usada sobre a alva e a estola. Geralmente usada em dias solenes. Também
segue as cores litúrgicas.

ESTOLA: Sinal do serviço sacerdotal. Faixa larga de tecido, usada pelos bispos e sacerdotes pendente do
pescoço para o peito e, pelos diáconos de um ombro para a cintura, atravessando em diagonal as costas e o
peito. Deve ser nas cores litúrgicas.

SOBREPELIZ OU ROQUETE: Veste ampla usada sobre a batina para substituir a alva. Usada em procissões e
outras ocasiões semelhantes. O cerimoniário do Bispo apresenta-se revestido de alva ou sobrepeliz.

VÉU UMERAL OU VÉU DE OMBRO: Manto retangular que os presbíteros e diáconos colocam sobre os ombros
nas procissões do Santíssimo usando as extremidades para segurar a âmbula ou o ostensório. Sua cor é branca
ou dourada, na celebração da Paixão do Senhor a cor é vermelha.

ALFAIAS

CONOPEU: Cortina colocada na porta do Sacrário. Não é obrigatório quando a frente do sacrário é artisticamente
ornado.

CORPORAL: Toalha quadrada de linho branco, com aproximadamente 50x50 cm que no momento da
apresentação das ofertas é colocada no centro do altar, sobre a toalha. Na hora da preparação das ofertas o
sacerdote abre o corporal que está dobrado, e sobre ele coloca o cálice, a âmbula e a patena. Chama-se corporal
porque sobre ele será colocado o corpo de Cristo nas espécies de pão e vinho. Também deve ser usado o
corporal sobre o altar quando se faz a adoração ao Santíssimo, e sobre a mesa quando se leva a comunhão aos
doentes.
As ostiárias devem saber o modo correto de lavar o corporal e o sanguinho, porque ali podem ficar partículas
consagradas.
Como lavar: enxaguar em balde com água, por diversas vezes. A água utilizada deve ser jogada diretamente na
terra (pode conter partículas).
Depois lavar normalmente. Pode ser engomado para que fique bem o vinco das dobras, assim fica fácil para o
presbítero dobrar.
Como Passar: passar dos dois lados fazendo vincos próprios para as dobras, 3 dobras, formando 9 quadrados.
Fica dobrado no avesso e quando o presbítero abre o corporal fica no direito.

GREMIAL: Tecido branco retangular ou avental que o Bispo coloca na cintura no momento da unção com o óleo
do Crisma usado no sacramento da Confirmação, na ordenação sacerdotal e na unção do altar.

MANUSTÉRGIO: Toalha com que o presidente da celebração eucarística seca as mãos depois do rito do lavabo.
Também usada pelos ministros extraordinários da comunhhão para enxugarem os dedos.

PALA: Um dos linhos de altar de aproximadamente 15x15cm, que serve para proteger a boca do cálice durante a
celebração da Eucaristia.
Como lavar: retirar o cartão de dentro e lavar normalmente.
Como passar: sem formar vinco nenhum, deve ser engomado.

SANGUINHO: Pequena toalha branca, mais comprida do que larga, com a qual o sacerdote, depois da
comunhão, seca o cálice e, se for preciso, a boca e os dedos. É usado para limpar o cálice, a patena e a âmbula
depois da Comunhão.
Como lavar: mesmo procedimento do corporal, porém, NÃO ENGOMAR.
Como passar: fazendo 2 vincos no sentido do comprimento para dobrar.

15
ALFAIAS

Véu de Âmbula - pg. 17


Véu da Mesa da Palavra - pg. 17
Toalha do Altar - pg. 17

Pala
Sanguinho Manustérgio Corporal pg. 15
pg. 15 pg. 15 pg. 15

INSÍGNIAS DO BISPO

Mitra - pg. 17

Báculo - pg. 17

Anel - pg. 17

Solidéu - pg. 17
Barrete - pg. 17
Cruz Peitoral - pg. 17

16
TOALHAS DO ALTAR: Tecido que cobre o altar para demonstrar o caráter festivo da mesa eucarística. Deve ser
branca.
Como lavar: com cuidado, dependendo do tecido não colocar em máquina.
Como passar: sem fazer vincos, pode ser engomada.
Dobrar: ver a maneira mais fácil para se guardar.

TOALHAS (outras): Nas Celebrações Eucarísticas, no Crisma, no Lava-pés e na Quarta-feira de Cinzas, o


ministro serve-se de pequenas toalhas para secar as mãos. São necessárias também nos Batismos para secar o
rosto dos batizandos. No lava-pés existem toalhas especiais para esta celebração, são compridas para que o
celebrante use cingida na cintura com um cíngulo para enxugar os pés dos apóstolos.

VÉU DA MESA DA PALAVRA OU AMBÃO: Tecido branco ou nas cores litúrgicas, na largura e comprimento da
Mesa da Palavra. Podem ser bordadas de acordo com o tempo litúrgico. Pode-se também colocar somente faixas
nas cores litúrgicas.

VÉU DE ÂMBULA: Capa de tecido, às vezes ricamente bordada que cobre a âmbula, quando esta contém
partículas consagradas. É recomendado seu uso, dado o forte simbolismo. O véu vela (esconde) algo precioso,
ao mesmo tempo que revela (mostra) possuir e trazer tal tesouro. Sinal de respeito e reverência ao Santíssimo.

INSÍGNIAS DO BISPO

ANEL: Insígnia própria dos bispos, simboliza seu casamento com a Igreja. Símbolo da fidelidade e da união
nupcial com a Igreja, sua esposa. O anel fala de fidelidade. O Bispo deve usá-lo sempre.

BÁCULO: Bastão em forma de cajado usado pelo Bispo como sinal de que ele é pastor, representante de Cristo, o
Bom Pastor que guia as ovelhas, ou seja, os fiéis. Quando celebra, o Bispo segura o báculo na procissão de
entrada, durante a proclamação do Evangelho, na homilia, durante a oração do Creio ou profissão de fé. Nos
outros momentos o báculo fica na mão do acólito. O báculo será sempre empunhado pela mão esquerda, a fim de
que a direita, mão da bênção, esteja sempre livre para abençoar.
Em uma celebração onde houver vários bispos, somente o que preside a celebração deve usá-lo.

BARRETE: Chapéu quadrangular, de cor preta ou violácea.

CRUZ PEITORAL: Cruz que o bispo traz sobre o peito. Sinal do amor ao Cristo. Identifica a figura do Bispo como
aquele que, em primeiro lugar, se deixa reconhecer por cristão. Podem levá-la sobre a casula na celebração da
Missa.

MITRA: Grande “chapéu” pontudo e alto, feito de duas peças rijas, na frente e atrás, mas com os lados flexíveis de
modo a poder se dobrar quando não em uso. Duas faixas pendem da mitra, caindo pelas costas sobre os ombros.
O Bispo usa como sinal de que ele é a cabeça da Igreja.

O Bispo usa Mitra: quando está sentado; quando faz homilia; quando faz as saudações, os avisos, quando
abençoa solenemente o povo; quando executa gestos sacramentais; quando vai nas procissões.

O Bispo não usa a Mitra: nas preces introdutórias; nas orações (oração universal, na oração eucarística, durante
a leitura do evangelho) e diante do Santíssimo Sacramento exposto.

SOLIDÉU: Pequeno chapéu sem abas que cobre apenas o topo da cabeça do bispo. Sua cor é violácea. A palavra
solidéu quer dizer “só a Deus”.

17
OBJETOS LITURGICOS

É muito importante que as pessoas que exercem ministérios na Igreja, principalmente as ostiárias, conheçam os
nomes dos objetos litúrgicos, seu preparo, utilização e conservação.

ÂMBULA OU PIXIDE: É um cálice de boca larga, com tampa de metal, que serve para depositar as hóstias.
Quando está com hóstias consagradas, deve ser tampada coberta com o véu de âmbula e guardada no sacrário
ou tabernáculo.
Como purificar: derruba-se as migalhas das partículas no cálice, derrama-se água da galheta, bebe-se, e em
seguida enxuga-se com o sanguinho.

ASPERSÓRIO OU ASPERGE: Objeto usado para aspergir o povo com água benta.

BALDAQUINO: Peça de metal ou madeira ricamente ornamentada com quatro colunas, usado para exposição do
Santíssimo. O Baldaquino é colocado no altar, com castiçais e velas acesas e o ostensório é colocado no centro
do Baldaquino.

BOLSA PARA SANTOS ÓLEOS: Bolsa de veludo para acomodar os vidros dos santos óleos.

CALDEIRINHA: Um baldinho onde se coloca a água benta para aspersão.

CÁLICE: É uma taça de metal ou outro material nobre (não pode ser poroso e nem frágil), onde se coloca o vinho
que vai ser consagrado na Eucaristia. Por respeito ao sangue de Cristo o interior do recipiente costuma ser
dourado ou prateado.
Como purificar: derrama-se água da galheta, bebe-se, e em seguida enxuga-se com o sanguinho.

CASTIÇAIS: Suportes de velas colocados sobre o altar ou junto dele.

CANDELABRO: Grande castiçal, com várias ramificações, a cada uma das quais corresponde um foco de luz.

CíRIO PASCAL: Grande vela de cera que representa Cristo Ressuscitado. É aceso pela primeira vez na Vigília
Pascal. Deve ser preparado com antecedência para estar bem visível o desenho da cruz, as letras Alfa e Ômega,
primeira e última do alfabeto grego, que simbolizam Cristo, princípio e fim, e os 4 números do ano em curso,
lembrando a história da salvação e o tempo decorrido deste a vinda de Cristo. Na cruz são fixados cinco cravos,
feitos de pregos cobertos de cera misturada com incenso. Cada um deles representa uma das chagas de Jesus.
O círio deve ser colocado próximo ao altar, durante o tempo da Páscoa, levado em procissão nas Missas solenes e
estar em destaque nas celebrações do Batismo e da Crisma. É na chama do círio que são acesas as velas dos
batizados, para simbolizar a nova vida de ressuscitados em Cristo.

CRUZ PROCESSIONAL: Cruz com Cristo crucificado que vai à frente em procissões, com haste longa em
madeira ou metal.

GALHETAS: Recipientes onde se coloca a água e o vinho para serem usados na Celebração Eucarística. Ficam
sobre a credência até o momento da preparação das ofertas, quando o ministro as leva para o altar.

HóSTIA/PARTíCULA: Origem da palavra “hóstia”: Em latim, “hóstia” é praticamente sinônimo de “vítima”. Ao


animal sacrificado em honra dos deuses, à vítima oferecida em sacrifício à divindade, os romanos (que falavam
latim) chamavam de “hóstia”. Ao soldado tombado na guerra vítima da agressão inimiga, defendendo o
imperador e a pátria, chamavam de “hóstia”.
Ligada à palavra “hóstia” está a palavra latina “hóstis”, que significa: “o inimigo”. Daí vem a palavra “hostil”
(agressivo, ameaçador, inimigo), “hostilizar” (agredir, provocar, ameaçar). E a vítima fatal de uma agressão, por

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OBJETOS LITÚRGICOS

Aspersório - pg. 18
Caldeirinha - pg. 18
Pálio 1 - pg. 20

Candelabro - pg. 18

Pedestal
Hóstias - pg. 18 para Círio
pg. 20

Ostensório - pg. 20

Castiçais - pg. 18

Pálio 2 - pg. 20

Cruz Processional,
pg. 18

Badalquino - pg. 18 Sineta - pg. 21

Tríbulo - pg. 21

Porta Missal - pg. 20

Cálice - pg. 18 Galhetas - pg. 18

Âmbula - pg. 18

19
conseguinte, é uma “hóstia”.
O cristianismo, ao entrar em contato com a cultura latina, agregou no seu linguajar teológico e litúrgico a palavra
“hóstia”, exatamente para referir-se à maior “vítima” fatal da agressão: Cristo morto e ressuscitado. Os cristãos
adotaram a palavra “hóstia” para referir-se ao Cordeiro imolado (vitimado) e, ao mesmo tempo ressuscitado,
presente no memorial eucarístico.
A palavra “hóstia” passa, pois, a significar a realidade que Cristo mesmo mostrou naquela ceia derradeira: “Isto é o
meu corpo entregue... o meu sangue derramado”. O pão consagrado, portanto, é uma “hóstia”, aliás, a “hóstia”
verdadeira, isto é, o próprio Corpo do ressuscitado, uma vez mortalmente agredido e agora vivo entre nós feito
pão e vinho, entregue para ser comida e bebida: Tomai e comei..., tomai e bebei...
Comungar a “hóstia” significa assimilar o seu mistério na totalidade do nosso ser para se tornar o que Cristo é:
entrega de si a serviço dos irmãos, hóstia.
frei José Ariovaldo da Silva, Ofm, Livro Liturgia em Mutirão.

A hóstia maior fica na patena e é partida pelo sacerdote antes da comunhão, enquanto o povo canta o Cordeiro de
Deus. Na adoração ao Santíssimo, fica no ostensório.
As hóstias pequenas, antes da consagração, ficam na âmbula, e depois da consagração são distribuídas aos fiéis.
Mesmo partidas, são o próprio corpo de Cristo e por isso o ministro, os acólitos devem tomar todo o cuidado para
evitar que pessoas não preparadas levem a hóstia na mão sem comungar. Se cair no chão, deve ser consumida
por um deles. Se estiver suja, poderá ser dissolvida em água. Se sobrarem hóstias consagradas, devem ser
guardadas no sacrário.

Reserva Eucarística: nome que se dá às partículas consagradas, guardada no sacrário e destinadas, sobretudo
aos doentes e à adoração dos fiéis, em visita ao Santíssimo. Devem ser consumidas na missa seguinte.

LAVABO: Conjunto de jarra com bico e bacia utilizadas para os ritos de purificação, para lavar as mãos do
presidente da celebração depois da apresentação dos dons na Eucaristia. Usado também no Batismo, na
Crisma e na celebração do lava-pés.

LUNETA: Objeto em forma de meia lua, onde é fixada a hóstia grande dentro do ostensório.

MATRACA: Instrumento de madeira que emite um som surdo, usado durante as cerimônias quaresmais.

OSTENSÓRIO: Objeto que serve para expor a hóstia consagrada, para adoração dos fiéis e para dar a bênção
eucarística. É usado na procissão de Corpus Christi.

Custódia: parte central do ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada para exposição do Santíssimo. É fixa
no Ostensório.

PÁLIO 1: Insígnia do Arcebispo, ornamento que consiste numa espécie de faixa feita de lã branca e semeada de
cruzes negras que o Papa concede aos patriarcas e arcebispos.

PÁLIO 2: Sobrecéu portátil feito de pano, com hastes para ser transportado por quatro ou mais pessoas. Usa-se
como sinal de distinção e honra nas procissões solenes, particularmente para cobrir o ostensório com a hóstia
consagrada.

PATENA: Pequeno prato de metal ou outro material nobre, usado para conter a hóstia durante a celebração da
missa.
Como purificar: utilizando o sanguinho.

PEDESTAL PARA CÍRIO: Pode ser de madeira, metal ou outro material, serve para apoiar o Círio Pascal.

PORTA MISSAL: pode ser de metal, madeira, acrílico, ou mesmo uma almofada. Serve para deixar o Missal
Romano mais visível para o presidente da celebração.

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SABONETEIRA: Recipiente para colocar o sabonete que será usado para lavar as mãos após a unção.

SINETA OU CAMPANHIA: Sinos tocados pelo acólito no momento da consagração.

TURÍBULO: Recepiente de metal usado para queimar o incenso.


Naveta: Recipiente onde é depositado o incenso a ser usado na Liturgia.
Fogareiro: Usado para acender as brasas e mantê-las acesas durante a celebração.
Colherinha: Colherinha para colocar incenso no turíbulo.
Tenaz: Peça para pegar as brasas que serão usadas no turíbulo.

TECA: Pequena caixa redonda de metal, com tampa, em que se colocam as hóstias consagradas para levar aos
doentes. Em geral os ministros a carregam numa bolsinha de couro ou tecido.

UMBELA OU UMBRELA: Espécie de pálio redondo cuja forma se assemelha a um chapéu de sol, é conduzido
por uma só pessoa e supri o pálio quando o espaço é pequeno.

VASOS DOS SANTOS ÓLEOS: Recipientes grandes onde são consagrados os santos óleos na Quarta-feira
Santa.

FUNÇÕES

BACULÍFERO: Ministro designado para segurar o báculo, e para exercer esta função, usa-se toalhas que são
colocadas no pescoço da pessoa para que as mãos não toquem diretamente nas peças.

CEROFERÁRIOS: Ministros que são designados para segurar as velas durante as procissões de entrada e de
saída e durante o Evangelho.

LIBRÍFERO: Ministro que é designado para segurar o Missal durante a celebração.

MITRÍFERO: Ministro designado para segurar a mitra, e para exercer esta função, usa-se toalhas que são
colocadas no pescoço da pessoa para que as mãos não toquem diretamente nas peças.

TURIFERÁRIO: Ministro responsável pelo turíbulo durante a celebração.

LIVROS LITÚRGICOS

São livros que auxiliam na Liturgia: Missais, Lecionário, Evangeliário, Rituais. Devem ser tratados com cuidado e
respeito, pois é deles que se proclama a Palavra de Deus e se profere a oração da Igreja.

EVANGELIÁRIO: Livro em que estão escritos apenas os evangelhos e pode ser levado em
procissão antes da proclamação.

LECIONÁRIO: Livro com as leituras próprias para cada dia do ano litúrgico. Nele estão em
sequência a primeira leitura, o salmo, a segunda leitura e o Evangelho próprio para a Missa de
cada dia do ano. Há lecionários próprios para os domingos, para as celebrações eucarísticas
durante a semana e para as festas dos santos.

MISSAL COTIDIANO: Possui orações eucarísticas, rito completo da Eucaristia e todas as leituras de segunda a
sábado (manhã) sendo que para cada dia possui duas leituras, uma proclamada nos anos pares e outra nos anos
ímpares, o Evangelho é único para cada dia e o mesmo de todos os anos.

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MISSAL DOMINICAL: Possui orações eucarísticas, o Rito completo da Eucaristia, possui as leituras do Domingo,
anos A, B, C e explicações e comentários quanto aos tempos litúrgicos.

MISSAL ROMANO: É o livro de uso do sacerdote em que estão todas as orações da Missa, indicadas para cada
dia, com as variações próprias do tempo e do motivo da celebração.

RITUAIS: São usados para diferentes celebrações: ritual do Batismo, Confirmação ou Crisma, Penitência,
Consagração das Virgens, Consagração das Igrejas e Altares, Bênçãos, Exéquias, do Bispo, etc.

ORNAMENTAÇÃO DA IGREJA

Usar flores sempre naturais, nunca artificiais. “A ornamentação com flores deve ser sempre sóbria e, em vez de as
por sobre a mesa do altar, disponham-se junto dele” (IGMR 305).
As flores na igreja não devem ser colocadas como um amontoado, mas para evidenciar os lugares litúrgicos onde
Cristo está presente e operante e vem de encontro à Igreja: o altar, o ambão, a cruz, o tabernáculo, a pia batismal,
a imagem de Nossa Senhora, do Santo Padroeiro ou que se faz memória. A quantidade, a presença ou ausência
das flores devem assinalar a importância da festa e as características do tempo litúrgico.

No tempo do advento: pode usar flores, mas em quantidade moderada para não antecipar a alegria plena do
Natal. No 3º Domingo destacar o tom rosa.

No tempo do Natal: deixar expandir a alegria, usando cores que falem da alegria da vinda do Senhor.

No tempo da Quaresma: ornamentar o altar com folhagens ou verde. Excetuam-se, porém, o Domingo “Laetare”
isto é 4º Domingo da quaresma, solenidades e festas, usa-se flores com moderação. Guardando o respeito que
convém a este tempo.

NA SEMANA SANTA

Domingo de Ramos e da Paixão: verde com destaque para os ramos.


Quinta-feira Santa/ Ceia do Senhor: colocar flores discretas, destaque para o branco.
Sexta-feira Santa: altar sem flor e sem folhagem, ambiente sóbrio, altar desnudo.
Vigília Pascal e Domingo da Ressurreição: Alegria, arranjos bonitos e de bom gosto para manifestar a alegria
da Ressurreição do Senhor.

Pentecostes: colocar flores, pode ser com destaque para o vermelho.

Tempo Comum: em solenidades, festa da Padroeira, destacar os arranjos. Nas demais celebrações manter o
ambiente agradável e bonito.

Bibliografia:

CNBB. Animação da Vida Litúrgica no Brasil, documento 43.


CONCíLIO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium.
MOTTA, Susana Alves da. Pequeno Vocabulário Prático de Liturgia. São Paulo: Paulus.
BECKHÄUSER, Alberto. Símbolos Litúrgicos. Petrópolis: Vozes.
DOTRO, Ricardo Pascual; HELDER, Geraldo García. Dicionário de Liturgia. São Paulo: Loyola.
CNBB. Instrução Geral do Missal Romano e Introdução ao Lecionário. Brasília: Edições CNBB, 2008.
BENTO XVI. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis.

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