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A ATD, método criado pelo professor Roque Moraes, é uma abordagem

de análise de dados que transita entre a AC e a AD, assumindo um sentido


muito específico, em que a interpretação de significados é atribuída pelo/a
autor/a, viabilizando as condições de produção de um determinado (outro)
texto, pois ao final é escrito um meta-texto. A ATD é constituída por um
processo de cinco etapas que se inicia com uma unitarização (ou
desmontagem dos textos) onde os textos são separados em unidades de
significado atribuídas pelo/a autor/a. Neste movimento de interpretação do
significado exercita-se a apropriação das palavras de outras vozes para
compreender melhor o texto. Depois da realização desta unitarização, passa-se
a fazer a articulação de significados semelhantes em um processo denominado
de categorização. Neste processo reúnem-se as unidades de significado
semelhantes, podendo gerar vários níveis de categorias de análise. Na
sequência, segue-se à etapa de descrição, em que se apresenta elementos
emergentes dos textos analisados, utilizando-se recortes dos textos originais
produzidos pelos/as interlocutores da pesquisa. Na etapa seguinte, a
interpretação, realiza-se uma leitura teórica dos fatos empíricos de forma
profunda e complexa, trazendo o referencial teórico para embasar os dados
coletados, estabelecendo uma relação entre as descrições empíricas e os
aspectos teóricos da pesquisa bibliográfica. Por fim, na etapa de
argumentação, apresentam-se as informações teóricas emergentes do
processo de análise - momento em que se pode perceber insights ou intuições
não previstas durante o processo - na forma de um meta-texto de caráter
descritivo com uma argumentação centralizadora que explica o todo a partir
das relações entre argumentos produzidos para as categorias (Moraes;
Galiazzi, 2016).
A ATD tem no exercício da escrita seu fundamento enquanto ferramenta
mediadora na produção de significados e por isso, em processos recursivos, a
análise se desloca do empírico para a abstração teórica, que só pode ser
alcançada se o/a pesquisador/a fizer um movimento intenso de ir e vir, de
(re)construir, de interpretação e de produção de argumentos.

MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise Textual


Discursiva. Ijuí, RS; Editora Unijuí, 2016.

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