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Fichamentos Revisão Sistemática

BOTELHO, Louise Lira Roedel; CUNHA, Cristiano Castro de Almeida; MACEDO,


Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e
sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.

Botelho, Cunha e Macedo (2011), em “O método da revisão integrativa nos estudos


organizacionais”, afirmam que estudos de revisão de literatura têm sido realizados
frequentemente no campo da Administração. Esses estudos empregam desde métodos
tradicionais, como a revisão narrativa, até mecanismos mais sofisticados, oriundos de
outras áreas do conhecimento como as ciências exatas e da saúde, tais como a revisão
sistemática de literatura. Além disso, essa temática está alinhada às perspectivas da
Prática Baseada em Evidências e do Gerenciamento Baseado em Evidências.

Nas palavras dos autores, “a revisão da literatura é um primeiro passo para a construção
do conhecimento científico, pois é através desse processo que novas teorias surgem,
bem como são reconhecidas lacunas e oportunidades para o surgimento de pesquisas
num assunto específico” (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011, p. 123).

Nesse contexto, os autores estão interessados em apresentar e discutir diferentes meios


de se realizar revisões sistemáticas no campo dos Estudos Organizacionais. Botelho,
Cunha e Macedo (2011) apresentam quatro tipos de revisões sistemáticas: meta-análise,
revisão sistemática, revisão qualitativa e revisão integrativa. Todavia, nesse artigo
atribuem maior interesse na descrição desse último tipo.

Segundo Botelho, Cunha e Macedo (2011), a revisão integrativa permite que os


pesquisadores se aproximem de problemáticas ou temas que têm interesse em estudar,
explorando o panorama da produção científica nesse contexto. Dessas informações, é
possível visualizar o desenvolvimento de um dado campo e identificar lacunas de
pesquisa.

Ao final do artigo, os autores apresentam um protocolo para a realização de revisões


integrativas. Esse protocolo é composto por seis etapas, a saber: identificação do tema e
seleção da questão de pesquisa; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão;
identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados; categorização dos estudos
selecionados; análise e interpretação dos resultados e; apresentação da síntese do
conhecimento.

HOON, Christina. Meta-synthesis of qualitative case studies: An approach to theory


building. Organizational Research Methods, v. 16, n. 4, p. 522-556, 2013.

Em “Meta-synthesis of qualitative case studies: An approach to theory building”, Hoon


(2013) teve como objetivo apresentar um desenho de pesquisas para a elaboração de
meta-sínteses de estudos de casos qualitativos. Esse interesse advém da importância dos
estudos de casos para a produção de conhecimento no contexto dos estudos em
Administração e, da mesma forma, da lacuna existente de estudos que exploram esta
relação.
A meta-síntese é um tipo de desenho de pesquisa exploratório e indutivo que sintetiza
resultados de pesquisas em certos campos, de modo a produzir contribuições que vão
além do interesse desses estudos. Esse método permite que pesquisadores construam
teorias a partir de dados primários de estudos de casos qualitativos que não foram
planejados como parte de efeitos multi espaços ou, de certa forma, generalizáveis. Ou
seja, por meio desse método, é possível refinar ou ampliar abordagens teóricas.
Diferentemente de outros tipos de revisões de literatura, a meta-síntese sintetiza
variáveis chave e relações subjacentes entre um conjunto de estudos de caso qualitativos
em novas teorias.

A autora chama atenção para a necessidade de se considerar as sinteses de literatura


conforme posições paradigmáticas (sínteses como agregações, interpretações e
traduções). Nesse sentido, a proposta de meta-síntese apresentada pela autora se apoia
na noção de que a síntese de pesquisas é um tipo de reinterpretação de evidências
qualitativas fundamentada em uma perspectiva pós-positivista. Por isso, Hoon (2013)
propõe oito etapas para a realização de uma meta síntese de estudos de casos
qualitativos. Essas etapas são: Estruturação da questão de pesquisa; localização de
pesquisas relevantes; Definição de critérios de inclusão/exclusão; Extração e
codificação de dados; Realização de análises específicas ao nível dos casos; Síntese de
estudos no nível multi-casos; Construção de teorias a partir da meta-síntese; e Discussão
dos resultados. Para explorar estas etapas, a autora apresenta uma ilustração da
aplicação deste método direcionada ao campo de estudos sobre capacidades dinâmicas.

Ao final, são enumeradas as opções disponíveis para pesquisadores interessados em


produzir meta-sínteses, destacando desafios potenciais bem como uma agenda de
pesquisas endereçada ao uso deste método nos estudos organizacionais.

Importância de se remeter ao conhecido já produzido no campo para a promoção de


novos insights. Considerando o rigor da pesquisa, é possível que isso gere mais
contribuições para o desenvolvimento teórico dos campos do conhecimento.

FINFGELD-CONNETT, Deborah. Use of content analysis to conduct knowledge-


building and theory-generating qualitative systematic reviews. Qualitative Research, v.
14, n. 3, p. 341-352, 2014.

Finfgeld-Connett (2014) também defende que revisões sistemáticas podem contribuir


para a construção de teorias, o que, por sua vez, auxiliam na formulação de políticas e
no entendimento de diferentes disciplinas. Todavia, conforme a autora, esse potencial é
pouco explorado haja visto que poucos métodos de pesquisa têm sido empregados com
consistência e rigor necessários para este fim. Por isso, seu objetivo foi discutir aspectos
da análise de conteúdo para conduzir revisões sistemáticas que visam produzir teorias.

Por isso, a autora apresenta um modelo de revisão sistemática de trabalhos qualitativos a


partir do método da análise de conteúdo. Entretanto, para que esse método seja
empregado de forma rigorosa é necessário considerar o contexto dos dados analisados.
Os trabalhos de revisão estão alinhados às demandas para estudos próximos à “prática
baseada em evidências”. Considerando as características próprias da pesquisa
qualitativa, Finfgeld-Connett (2014) mostram que estudos de revisões sistemáticas têm
sido cada vez mais empregados. Desta feita, é necessário que mais reflexões sejam
desenvolvidas em direção à natureza do processo de análise de dados nesse tipo de
pesquisa.

A análise de conteúdo qualitativa é um método de análise de dados flexível que permite


tanto interpretações impressionistas à análises altamente sistemáticas de textos. De
modo geral, permite integrar, interpretar e sintetizar resultados qualitativos de múltiplos
métodos de coleta de dados qualitativos.

Em seu texto, Finfgeld-Connett (2014) apresenta conceitos e aspectos caracterísiticos da


análise de conteúdo. Nisso, explora o processo de análise de conteúdo a partir de
algumas etapas, a saber: identificação de segmentos de dados, definição de matrizes de
dados e codificação, produção de memorandos, diagramações e reflexões. Para a
realização da análise de conteúdo é importante, ainda, a consideração da saturação e
ajuste dos dados. Esse processo também perpassa a discussão em torno dos aspectos
epistemológicos da construção de conhecimento em torno de revisões sistemáticas.

FAKIS, Apostolos et al. Quantitative analysis of qualitative information from


interviews: A systematic literature review. Journal of Mixed Methods Research, v. 8,
n. 2, p. 139-161, 2014.

Fakis et al. (2014), em “Quantitative Analysis of Qualitative Information From


Interviews: A Systematic Literature Review” realizam uma revisão sistemática do tipo
“revisão de escopo” direcionada ao uso de múltiplos métodos de pesquisa. Apesar do
distanciamento clássico, essa abordagem tem sido empregada em diferentes campos da
ciência e refere-se ao desenho de pesquisa que combina métodos, técnicas, conceitos ou
linguagem quantitativos e qualitativos em um único estudo ou conjunto de trabalhos. De
modo específico, os autores analisaram como dados qualitativos, coletados a partir de
entrevistas, têm sido analisados utilizando métodos quantitativos em diferentes áreas do
conhecimento científico.

Para tanto, empregaram um protocolo de revisão sistemática que considerava diferentes


campos do conhecimento. Os artigos que compuseram a amostra foram coletados em 11
bases de periódicos e selecionados a partir de critérios de inclusão e exclusão,
primeiramente coletados por meio de palavras-chave que representavam os interesses
dos pesquisadores. Após a aplicação dos critérios, a amostra final foi composta por
1710 artigos. Para a análise destes, empregaram um instrumento de extração de dados
baseado no cadastro de referências da amostra no software EndNote. Esse procedimento
permitiu que fossem identificados temas comuns entre os artigos analisados.

Dos 1710 artigos coletados, os autores aplicaram filtros direcionados aos objetivos da
pesquisa (retirando duplicações, resumos inconclusivos e trabalhos que não
evidenciavam a relação de interesse). Após isso, apenas 14 artigos foram selecionados,
a partir dos quais um conjunto de evidências foi sintetizado. Dessa forma, Fakis et al.
(2014) descrevem métodos empregados por pesquisadores para analisar
quantitativamente dados qualitativos. Cada artigo foi analisado conforme um quadro
comparativo. Nessa direção, também identificaram lacunas e uma agenda de pesquisas
direcionada a esses elementos.

Ao final, Fakis et al. (2014) destacam a necessidade do uso de métodos múltiplos de


coleta e análise de dados, especialmente considerando a junção de pesquisas de natureza
qualitativa e quantitativa. Dessa relação, é possível que estudos em diversos campos, tal
como na Administração e Estudos Organizacionais, contribuam de forma ampla para a
compreensão de fenômenos sociais, notadamente complexos. Como os autores
abordam, a triangulação de métodos permite que estudos de natureza quali-quanti sejam
realizados sem que ocorram necessariamente incongruências teóricas.

É interessante ressaltar que a síntese dos artigos foi estabelecida por meio de técnicas de
revisão de escopo, já que Fakis et al. (2014) objetivaram identificar lacunas na literatura
e fazer recomendações para pesquisas futuras.

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