Você está na página 1de 26

FICHAMENTOS TEORIA INSTITUCIONAL E SAP

SMETS, M.; GREENWOOD, R.; LOUNSBURY, M. An institutional perspective


on strategy as practice. In D. GOLSORKHI, L. ROULEAU, D. SEIDL, E. VAARA
(Eds.), The Cambridge handbook of strategy as practice, 2 ed.: 283-300.
Cambridge: Cambridge University Press, 2015.

Conforme Smets, Greenwood e Lounsbury (2015), as articulações entre os


institucionalistas e a SAP tem se desenvolvido principalmente no âmbito dos estudos
sobre complexidade institucional (GREENWOOD et al. 2011), trabalho institucional
(LAWRENCE; SUDDABY, 2006), os micro fundamentos das instituições (POWELL;
COLYVAS, 2008) e abordagem das lógicas institucionais (THORNTON; OCASIO;
LOUNSBURY, 2012).
A teoria institucional em sua dimensão sociológica, também conhecida como
institucionalismo sociológico ou organizacional (SCOTT, 2008) é provavelmente a
perspectiva dominante nos estudos sobre as organizações (GREENWOOD et al. 2008).
Ela se desenvolveu principalmente durante a década de 1970, como resposta à “Teoria
da Contingência Estrutural”, que defendia a ideia de que a estrutura organizacional
deveria se adequar com as contingências técnicas do ambiente. No entanto, para
pesquisadores como Meyer e Rowan (1977), as organizações, ao invés de constituírem
diferentes arranjos estruturais, tendem a ser similares devido à influência de seu
contexto social e histórico, constituído por regras institucionais que definem formas
apropriadas, ou legítimas, de atuação.
Conforme Smets, Greenwood e Lounsbury (2015), para os institucionalistas, os
motivos dessa similaridade nas estruturas organizacionais é devido ao atendimento de
certas regras e normas de natureza institucional, gerando legitimidade nas ações diante
dos participantes de um campo e possibilitando maior acesso a certos recursos valiosos
para as organizações.
Para DiMaggio e Powell (1983) essas pressões para a atuação em conformidade
com padrões de ação e sistemas simbólicos institucionalizados podem ser de natureza
mimética (por meio da observação e cópia de outras organizações), coercitiva (devido à
conformidade com sistemas regulatórios) ou normativa (devido a um senso de
obrigação moral de ação) e levam ao isomorfismo nos campos organizacionais, ou seja,
torna as estruturas organizacionais semelhantes.

Segundo alguns autores dessa corrente teórica, as instituições são construtos com
grande resistência à mudança (ZUCKER, 1987), contudo, outros autores vieram a dar
mais ênfase aos aspectos cognitivos das instituições e a forma com que os indivíduos as
interpretam, aumentando então os estudos sobre mudança institucional (DIMAGGIO,
1988). Nesse sentido, conforme Smets, Greenwood e Lounsbury (2015), duas questões
passaram a chamar atenção dos institucionalistas: onde e como os atores agem de forma
reflexiva, imaginando alternativas institucionais e iniciando a mudança, e como essas
novas ideias são institucionalizadas?
Para autores como Meyer (1982), Thornton (2002), Battilana, Leca e
Boxembaun (2009), a mudança institucional emergiria de turbulências externas ao
campo que viriam a colocar em que cheque instituições estabilizadas e habilitariam a
ação reflexiva nos atores para pensar em cursos de ações e comportamentos
alternativos. Essas turbulências afetariam principalmente atores periféricos, que teriam
maior motivação para atuar como empreendedores institucionais
Por outro lado, outros autores entendiam que a reflexividade que levaria à
mudança não ocorreria por turbulências externas ao campo, mas sim por tensões
internas ao mesmo (GREENWOOD; SUDABBY, 2006; SEO; CREED, 2002), conceito
que seria chave para o desenvolvimento da abordagem das lógicas institucionais
(THORNTON; OCASIO; LOUNSBURY, 2012). Essas lógica são entendidas como
elementos materiais e simbólicos que compreendem os princípios de organização de um
campo.
Segundo Smets, Greenwood e Lounsbury (2015, p. 4), as lógicas institucionais
“provêm aos indivíduos e organizações sistemas de significado e critérios pelos quais
entendem os papéis, identidades e o comportamento social apropriado para as relações
sociais”.
É provável que em diferentes campos organizacionais existam diversas lógicas
institucionais que muitas vezes atuam de modo conflitante, gerando um ambiente de
complexidade institucional (GREENWOOD et al. 2011). Essa complexidade muitas
vezes é a causa de conflitos e pressões internas no campo que podem levar à
identificação de alternativas de ação e à mudança institucional.
Nesse processo de mudança, a identificação de uma alternativa de ação não é
unicamente capaz de mudar a configuração do campo. É necessário que os atores
convençam seus pares quanto a essa alternativa de modo a institucionaliza-la (SMETS;
GREENWOOD; LOUNSBURY, 2015). Esse processo é denominado “teorização” e
pode acontecer por meio da apropriação de recursos tais como capital social, controle
dos meios de imprensa, autoridade legal, etc. que levam a uma legitimidade discursiva
dessa nova ideia.
Para os autores, a dimensões política e discursiva desse processo são
fundamentais para o sucesso do empreendedorismo institucional (PHILLIPS;
LAWRENCE; HARDY, 2004).

Outra perspectiva desenvolvida pelos institucionalistas é a do trabalho


institucional, interessada em entender como atores organizacionais se articulam para
criar, alterar e manter instituições. Ou seja, também procura entender a mudança
institucional.

Lógicas institucionais

Smers, Greenwood e Lounsbury (2015) argumentam que a abordagem das


lógicas institucionais tem se tornado o principal esforço dentro da teoria institucional
para uma reorientação do campo voltada à heterogeneidade e aos micro fundamentos
das instituições. Dessa forma, essa abordagem tem articulação direta com as teorias da
prática.
Baseando no trabalho de Friedland e Alford (1991), diversos autores tem
publicado estudos em periódicos com alto fator de impacto nas áreas de Administração
e Sociologia, tornando um foco central para pesquisadores ao submeterem à divisão de
teoria das organizações da Acadamy of Management (LOUNSBURY; BECKMAN,
2007).
O estudo da complexidade institucional no contexto das lógicas também tem
sido frequentemente explorado nas articulações entre lógicas institucionais e teorias da
prática (e da própria SAP), sobretudo para o estudo da mudança (GREENWOOD et al.
2011).

Simply put, if institutional logics constitute the ‘rules of the game’, then
institutional complexity resembles an organization playing ‘in two or more
games at the same time’ (Kraatz and Block 2008: 2). Ensuring that different
games are played in different places makes sense, because playing by the
rules of one ‘game’ breaks the rules of another (SMETS; GREENWOOD;
LOUNBURY, 2015).

Embora para alguns autores a complexidade institucional pode ser vista como
algo prejudicial ao desempenho da organização, para outros autores, ela poder ser
favorável (PACHE; SANTOS, 2013, SMETS; MORRIS; GREENWOOD, 2012).
Nesse contexto de complexidade institucional, a literatura de lógicas
institucionais tem reconhecido a existência “organizações híbridas”, ou efeitos de
lógicas híbridas, causados pela coexistência voluntária de lógicas que estão em
competição (BATILLANA; LEE, 2014).

While we know how organizations can structurally facilitate the


accommodation of institutional complexity, we know very little about
the individuals who inhabit these structures and the ways in which
they employ them. The nascent understanding of individual-level
responses to institutional complexity (for example, McPherson and
Sauder 2013; Pache and Santos 2013a) is surprising, however, given
the increasing prevalence of individuals working across institutional
divides (Jarzabkowski, Lê and Van de Ven 2013; Smets, Morris and
Greenwood 2012). In fact, in most complex organizations, conflicting
prescriptions collide in everyday operations, and institutional
complexity must be managed continuously. Here, the ‘institutional
work’ of accomplishing institutions in the throes of practical work is
particularly relevant, and, we argue, practice-theoretical approaches to
institutions offer a powerful conceptual toolkit for understanding these
situations (SMETS; GREENWOOD; LOUNSBURY, 2015, p. 8).

Em suma, conforme Smets, Greenwood e Lounsbury (2015) existe uma frutífera


articulação entre a teoria institucional e a estratégia como prática no que se refere ao
estudo dos efeitos da complexidade institucional e de diferentes lógicas institucionais no
strategizing.

As Barley (2008: 510) prosaically puts it:

Institutions and actors meet in the throes of everyday life. In this sense, as the
British might say, everyday life is institutional theory’s coalface; it is where
the rubber meets the road of reality. For over 30 years, the coalface has lain
largely idle while institutionalists have sought their fortunes in the cities of
macro-social theory. As a result, there is plenty of coal left to mine. What we
need are more miners.

Os autores também entendem que a dimensão da prática pode trazer grandes


contribuições para o entendimento da coexistência entre lógicas (sejam compatíveis ou
contraditórias), do trabalho institucional e da mudança. Ainda é preciso entender melhor
como atores podem construir lógicas, mais ou menos compatíveis, ou coletar
complementaridades de diferentes lógicas conflitantes.

Como a SAP pode se conectar à pesquisa em instituições

A SAP e a Teoria Institucional, primeiramente, possuem diferentes chamadas de


estudos que procuram integrar os níveis macro-organizacionais (englobando as
instituições) e a atividade micro-organizacional (a atividade cotidiana, a produção de
sentidos, etc.).
Em seguida, essa conexão pode se dar por meio da abordagem das lógicas
institucionais, que é hoje um dos principais conceitos dentro do campo, e abre a
possibilidade de investigação dos efeitos das instituições na ação dos praticantes da
estratégia. “The institutional logics concept opens broad avenues for connecting
institutional and practice scholarship, because logics are expressed in ‘material
practices, assumptions, values, beliefs and rules’ (Thornton 2004: 69, emphasis added)”
(p. 11). Em outras palavras, as lógicas institucionais são percebidas na prática social.
Essa conexão também pode ser frutífera na investigação da complexidade
institucional, sobretudo ao se considerar como essa complexidade é interpretada e
construída pela práxis.

Agenda de pesquisa
First, we need to be sensitive to what organizations do – that is, what problems they
address and what business they are in – because the practice in which coexisting logics
come together matters for the degree of conflict, compatibility or complementarity that
practitioners experience (Smets et al. 2015). In short, the same two logics may appear more
conflicting in the context of one practice than another. Logics of science and commerce, for
instance, are easily constructed as complementary in industrial science, but not in academic
science (Sauermann and Stephan 2013). Likewise, professional and commercial logics are
more compatible in business services to large corporations (Greenwood and Suddaby 2006;
Smets, Morris and Greenwood, 2012) than, for instance, in medical services (Reay and
Hinings 2009). More attention should be paid to the interactions between the logics that
come together, the nature of the work in which they do, and the practices individuals use to
construct their relationality. (p.19)

DE MELLO, Cristiane Marques; GONÇALVES, Sandro Aparecido.


Contribuições do Institucionalismo Sociológico em Abordagens de Estratégia.
Revista Cesumar–Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, v. 20, n. 1, 2015.

A abordagem institucional começou a influenciar o campo da estratégia a partir


da década de 1970 ao entender que a escolha estratégica não seria um processo
puramente racional e intencional, mas constrangido por forças de natureza cognitiva,
culturais, normativas, entre outras presentes no ambiente institucional que permeia as
organizações.
Assim, Mello e Gonçalves (2015) procuraram discutir as contribuições do
institucionalismo sociológico para as escolas da cognição, cultura e ambiente descritas
por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010).

SUDDABY, Roy; SEIDL, David; LÊ, Jane K. Strategy-as-practice meets neo-


institutional theory. Strategic Organization, v. 11, n. 3, p. 329-344, 2013.

Segundo Suddaby, Seidl e Lê (2013), essas duas perspectivas podem se inter-


relacionar e oferecer importantes contribuições aos estudos organizacionais de forma
mais ampla.
Apesar das teorias do neoinstitucionalismo e da estratégia como prática terem se
desenvolvido de forma separada, ambas possuem muito em comum.
Enquanto o neoinstitucionalismo tem como foco de análise principal o nível do
campo organizacional, a estratégia como prática investiga as relações no nível micro-
organizacional e está interessada em discutir como a interação entre os praticantes
influencia na tomada de decisão e no comportamento organizacional. Contudo, as duas
abordagens emergiram como uma reação a correntes que pressupunham uma
racionalidade econômica.
A NIT tem sido criticada por seu foco na dimensão macro, de modo que existem
diferentes agendas de pesquisa que recorrem ao estudo da ação individual e da prática
dos atores organizacionais, ao passo que a SAP tem reconhecido a necessidade de se
investigar o contexto no qual a estratégia é desenvolvida e que constrange os sentidos
que os praticantes atribuem a sua atividade, de modo que é possível afirmar que tanto a
NIT quando a SAP podem oferecer esforço de pesquisa para cada uma de suas
demandas.

O neoinstitucionalismo surgiu em meados da década de 1970 como uma resposta


à visão da organização como organismo racional, que responderia apenas às pressões
econômicas. Ao contrário, essa perspectiva entende que a organização representaria um
conjunto de atores que responderiam a pressões de natureza reguladoras, normativas e
cognitivas-culturais construídas pelo conjunto de organizações que compõem os
denominados campos ou setores organizacionais.
Dessa forma, as organizações estariam atentas a pressões sociais e simbólicas
presentes em seu ambiente institucional. Dentre os conceitos centrais da NIT, destacam-
se: os mitos de racionalidade (MEYER; ROWAN, 1977; TOLBERT; ZUCKER,
1983), relacionados a padrões de comportamento tidos como corretos e necessários para
o funcionamento efetivo da organização, e que, portanto, devem ser perseguidos e
difundidos, trazendo uma falsa noção de racionalidade econômica, quando na verdade o
que a organização busca é legitimidade junto às outras organizações do campo. Assim,
a partir da difusão desses mitos de racionalidade, as organizações acabam por
reproduzir práticas e estruturas organizacionais semelhantes, fenômeno denominado por
DiMaggio e Powell (1983) como isomorfismo.
Tais estudos se propagaram amplamente no campo dos estudos organizacionais,
contudo receberam críticas quanto à sua ineficiência em explicar fenômenos como a
agência dos tomadores de decisão e a mudança organizacional e institucional.
Nesse sentido, novas direções da teoria institucional foram se desenvolvendo no
sentido de atribuir maior valor à agência dos sujeitos e aos próprios processos de
institucionalização que existentes no interior da organização. Tais estudos constituíram
a construção das linhas de pesquisa do empreendedorismo institucional (DIMAGGIO,
1988), das lógicas institucionais (THORNTON; OCASIO, 2008), do trabalho
institucional (LAWRENCE et al. 2009; LAWRENCE; SUDDABY, 2006), entre outros.
O movimento do trabalho institucional possui grande proximidade com as
teorias da prática pois está interessado em compreender os processos de
institucionalização e de atribuição de sentidos dos indivíduos quanto as pressões
institucionais externas. Essa compreensão se da por meio da análise da prática social.

A SAP, por sua vez emergiu a partir da junção de dois movimentos na pesquisa
em gestão. O primeiro deles, voltado aos estudos processuais, marcou o interesse pela
ação baseada na prática, na descrição dos processos gerenciais (WEICK, 1979) e no
caso da estratégia, na ênfase ao “fazer” a estratégia, estudado por meio da prática. O
segundo movimento diz respeito à influência da “virada para a prática” nas ciências
sociais e de modo específico nos estudos organizacionais (SUDDABY; SEIDL; LÊ,
2013).

Segundo Suddaby, Seidl e Lê (2013), apesar de se basearem em pressupostos


ontológicos e epistemológicos diferentes, a estratégia como prática e o
neoinstitucionalismo sociológico compartilham do mesmo pragmatismo teórico e
empírico.
Asssim, os autores identificam três espaços conceituais chave em que a SAP e a
NIT se articulam. O primeiro deles refere-se a temas nas duas abordagens que
direcionam atenção a processos comportamentais ao invés dos ganhos e dos resultados
de tais processos. O segundo, diz respeito à tendência das abordagens em privilegiar os
aspectos cognitivos e emocionais no nível dos indivíduos ao invés das expectativas de
ação no nível macro. Por fim, identificam a ênfase, pelas duas abordagens, no papel da
linguagem como elemento constitutivo da realidade social e organizacional.

O comportamento na NIT é representado pelos estudos em trabalho institucional,


focando nos comportamentos dos indivíduos de criar, manter e mudar instituições. Essa
abordagem dentro da NIT reconhece a reflexividade do ator organizacional (em meio às
estruturas que o cercam) e entende que a compreensão do modo como as
macroestruturas exercem sua influência só é possível mediante a investigação das
práticas cotidianas e dos modos os sujeitos exercem sua agência. Por sua vez, o
comportamento na SAP é representado pelas práticas, que são uma espécie de
comportamento rotinizado.

No âmbito da cognição na NIT, esse conceito tem sido recorrentemente trabalho


no campo, sendo considerado inclusive um dos pilares das instituições (SCOTT, 2008).
Dessa forma, as instituições são entendidas como um conjunto de estruturas ou sistemas
de significados que resultado de um entendimento coletivo compartilhado. Dessa forma,
é importante estudar como são produzidos sentidos e os processos cognitivos
envolvidos no trabalho institucional, e que são acessados pela prática. Na SAP, o
conceito é tratado de forma semelhante, ou seja, o trabalho estratégico é entendido
como uma construção de sentidos compartilhados coletivamente pelos praticantes.

Por fim, o estudo da linguagem tem sido utilizado na NIT para compreender
como os discursos produzem efeitos no ambiente institucional, tais como legitimação,
demarcam conflito de lógicas, etc.

CORAIOLA, Diego Maganhotto; DE MELLO, Cristiane Marques; JACOMETTI,


Márcio. Estruturação da estratégia-como-prática organizacional: possibilidades
analíticas a partir do institucionalismo organizacional. Revista de Administração
Mackenzie, v. 13, n. 5, p. 204, 2012.

Os autores argumentam a noção de strategizing tem sido “abraçada


incondicionalmente” como uma unidade de análise universal da organização, ignorando
os aspectos do organizing que a fundamenta. Ou seja, pesquisadores na estratégia como
prática tem reduzido todas as práticas (ou no sentido de Whittington, práxis) da
organização como práticas de estratégia.

A abordagem da estratégia empresarial surge nos Estados Unidos durante a


década de 1960, com influência de correntes da Economia e da Sociologia. Com seu
desenvolvimento emergente, os pesquisadores do campo se destacam dos Estudos
Organizacionais para constituir área autônoma e multidisciplinar (com influência de
áreas como Biologia, Matemática, Estatística, etc.).
De acordo com Hosking (1999), os estudos em estratégia ao longo do tempo
podem ser descritos a partir de um movimento pendular. Em sua primeira fase, o foco
da investigação estava na organização, na sua capacidade de planejamento e
interpretação do ambiente. Adiante, os estudos passaram a considerar que não mais a
organização mas o mercado e as características da indústria eram as condições
necessárias para a elaboração da estratégia. Em uma terceira virada nos estudos, o foco
da investigação voltou a ser o interior da organização, destacando suas competências
internas e seus recursos.
Conforme Vasconcelos (2001), as escolas de estratégia descritas por Mintzberg,
Ahslatrand e Lampel (2000[2010]) podem ser classificadas quanto à intenção, a
inovação e o contexto social. As escolas que se adequam quanto a intenção entendem a
estratégia como um plano deliberado e racionalmente planejado (englobam as escolas
do planejamento, design e posicionamento). Por sua vez, as abordagens classificadas
quanto à inovação veem a estratégia como um processo emergente, que está relacionado
à inovação, a visão e ao aprendizado (escolas do empreendedorismo, cognitiva e
aprendizagem). Por fim, as escolhas classificadas como voltadas ao contexto social
referem-se à ambiental, cultural e poder.
FRIEDLAND, R.; ALFORD, R. R.. Bringing society back in: Symbols, practices
and institutional contradiction. In: W. W. POWELL & P. J. DIMAGGIO. The
new institutionalism in organizational analysis: 232-263. Chicago, IL: The
University of Chicago Press, 1991.

Friedland e Alford desenvolvem um ensaio cuja tese está relacionada à


necessidade da teoria social, e dos estudos organizacionais, de “trazer a sociedade de
volta” para as análises dos fenômenos sociais e das organizações. No entanto, os autores
não procuram defender as correntes teóricas da teoria institucional contemporânea ao
texto, mas apresentar outra abordagem, compromissada com a superação dos dualismos
epistemológicos e com a investigação do conteúdo das instituições.
Para Friedland e Alford (1991), as instituições são tanto padrões de atividades
supraorganizacionais pelos quais os indivíduos conduzem sua vida material no tempo e
no espaço, quanto os sistemas simbólicos pelos quais os indivíduos atribuem sentido e
significado a suas ações e à sua existência. Ou seja, as instituições são caracterizadas
por sua dimensão material e simbólica, compreendem tanto signos quanto símbolos,
tanto aspectos racionais quanto transracionais.
Os autores entendem que a sociedade é constituída por um sistema
interinstitucional que apresenta diferentes ordens institucionais que competem e
colaboram entre si.
Nessa direção, a teoria social deve considerar três níveis de análise: os
indivíduos competindo e negociando; as organizações em conflito e coordenação e; as
instituições em contradição e interdependência. Esses três níveis de análise devem ser
articulados conjuntamente, de modo que “a ação humana só pode ser entendida em um
contexto social, ao passo que o contexto só pode ser entendido por meio da consciência
e do comportamento individual”. Ou seja, o contexto constrange e possibilita a ação, e o
mundo simbólico só existe em um contexto.

As lógicas institucionais “são simbolicamente fundamentadas,


organizacionalmente estruturadas, politicamente defendidas e tecnicamente e
materialmente constrangidas, de modo que possuem limites históricos definidos” (p.
249).

YU, K. Institutional Pluralism, Organizations, and Actors: A Review. Sociology


Compass, v. 9, n. 6, p. 464-476, 2015.

Conforme Yu, a existência de múltiplas lógicas institucionais influenciando a


construção de identidades, valores, estruturas cognitivas e práticas é entendida pelo
campo como pluralismo institucional.
Os campos institucionais são espaços heterogêneos.
Segundo Thornton, Lounsbury e Ocasio (2012), é o relacionamento contraditório
que existe entre diferentes ordens institucionais que proporciona a autonomia para
indivíduos e organizações.
A abordagem das lógicas institucionais, diferentemente de certas correntes
dentro do neoinstitucionalismo organizacional preocupadas com a explicação da
homogeneidade como resultado da busca pela legitimidade, está interessada na
investigação da heterogeneidade presente nos campos organizacionais resultantes da
existência de diferentes ordens ou lógicas que competem ou coordenam-se
influenciando na construção de identidades, valores e práticas.
Conforme Thornton e Ocasio (2008), as lógicas institucionais são incorporadas
nas práticas e sustentadas e reproduzidas pela cultura, bem como por disputas políticas.
A sociedade é constituída por um sistema interinstitucional.

“The isomorphism school, whose lineage the authors trace to Meyer


andRowan (1977),DiMaggio and Powell (1983), and DiMaggio (1991),was preoccupiedwith
rationalization as a legitimizing mechanism. Rationality was conceived as manifesting in
organizations as the acquisition of formal bureaucratic structures and processes. DiMaggio and
Powell (1983) built on and refinedMeyer and Rowan’s (1977) notion that organizations adopt
formal structures in an effort to obtain legitimacy by theorizing themechanisms driving
isomorphism, the diffusion of dominant organizational forms and practices from center to
periphery. (p. 465)

A existência de múltiplas lógicas autônomas, muitas vezes conflitantes,


possibilita que os indivíduos desenvolvam visões alternativas de racionalidade
(THORNTON; LOUNSBURY. OCASIO, 2012).
Para Yu (2015), existem duas abordagens principais que tratam do pluralismo
institucional. A primeira, que considera que a relação entre o campo e a organização é
dependente de atributos que a organização desenvolve (GREENWOOD et al. 2011,
PACHE; SANTOS, 2010). Ou seja, a organização escolhe deliberadamente sua resposta
ao pluralismo.
Tais autores também apresentam a noção de complexidade institucional,
presente quando existe a incompatibilidade de uma ou mais lógicas no campo. Por sua
vez, o pluralismo, para Yu (2015) refere-se à co-existência de múltiplas lógicas no
campo.
Para Besharov e Smith (2014), atores organizacionais influenciam na forma com
que múltiplas lógicas são colocadas na prática na organização. Da mesma forma, a
extensão pela qual diferentes lógicas podem co-existir variam no tempo.
As respostas estruturais ao pluralismo são entendidas por Greenwood et al.
(2011) em termos de um hibridismo que se divide entre o “misturado/misto” (em que
diferentes lógicas são combinadas ou assentadas em camadas) e o “estruturalmente
diferenciado” (onde as lógicas são compartamentalizadas em unidades organizacionais
separadas).
Ler: Battilana e Lee (2014), Pache e Santos (2013), Creed et al. (2010), Lok
(2010) e Pedersen e Dobbin (2006), Binder (2007). Hibridismo e lógicas institucionais.

Os atores interpretam as lógicas institucionais por meio de uma incorporação


culural. As ações dos indivíduos é caracaterizada pela intencionalidade limitada uma
vez que suas ações intencionais refletem uma identidade social, metas carregadas de
valor e limitações cognitivas. Essa ação também é influenciada pelo acesso e
disponibilidade de lógicas aos atores (THORNTON et al. 2012). Para esses autores, os
indivíduos utilizam as lógicas criativamente, como ferramentas para direcionar ações
moldar decisões. No entanto, aqueles sujeitos com maior sofisticação cultural possuem
mais acesso a diferentes ordens institucionais (e possibilidade de interpreta-las e
combina-las reflexivamente e criativamente) tendo maiores condições de realizar a
mudança no ambiente institucional.
Thornton, Lounsbury e Ocasio (2012) se referem a esses sujeitos como
empreendedores culturais, aqueles que criam novas formas organizacionais por meio
da combinação entre lógicas. Esses empreendedores agem por meio de práticas
discursivas e pela manipulação de símbolos culturais na organização, com fins a obter
recursos e mudar práticas.
Em suma, para Thornton, Lounsbury e Ocasio (2012), o indivíduo possui uma
independência situacional, ou seja, tem capacidade de agir criativamente mediante as
pressões institucionais que o cerca.

A agenda de pesquisa proposta por Yu (2015) consiste basicamente na


consideração dos aspectos políticos e das relações de poder na aceitação/resistência à
lógica; a investigação da responsabilidade social das organizações pelos seus resultados
produzidos pela influencia das lógicas; o papel de outros atores com menos recursos e
que não se enquadram como empreendedores culturais na identificação e interpretação
das lógicas; e o papel dos movimentos sociais.

GREENWOOD, R.; RAYNARD, M.; KODEIH, F.; MICELOTTA, E.;


LOUNSBURY, M. Institutional complexity and organizational responses. The
Academy of Management Annals. v.5, n.1, p.317-371, 2011.

As organizações encaram a complexidade institucional sempre que percebem a


incompatibilidade de prescrições advindas de múltiplas lógicas institucionais.
O objetivo dos autores é entender como lógicas institucionais plurais são
percebidas pelas organizações e como estas respondem à complexidade. Essas
organizações possuem um repertório de estratégias e estruturas que utilizam para lidar
com demandas múltiplas e concorrentes.
Campos organizacionais mais recentes são mais prováveis de encontrarem maior
complexidade institucional.
A posição no campo e as características da organização (estrutura, características
dos líderes, governança e identidade) podem também influenciar na sensibilidade da
organização frente a uma certa lógica, diferentemente de outra.
Como as organizações experimentam a complexidade me diferentes níveis, suas
respostas serão diferentes.

Para Greenwood et al. (2011), os estudos que compreendem a complexidade


institucional tem se desenvolvido em duas correntes: uma primeira interessada em
descrever as estratégias utilizadas pelas organizações quando confrontadas com a
complexidade e a pluralidade de lógicas; e a outra corrente, cujo enfoque está na
investigação de como as múltiplas lógicas se refletem nas estruturas e nas práticas,
destacando o fenômeno do hibridismo (ou das organizações híbridas).
A maioria dos estudos que abordam a complexidade institucional adotando
como nível de análise as próprias organizações utilizaram de estudos de caso
comparativos.
A maioria dos estudos, conforme os autores, adotam como nível análise o campo
e como método o estudo de caso.
Future research, in other words, should appreciate that a multiplicity of
logics are in play in any particular context and be more explicit about the justification
of which logics are incorporated into the analysis. There is an especial
need for fuller examination of settings in which more than two competing
logics are to be found.(p. 332)

Lógicas institucionais
Conversely, some studies show how logics can be combined and reconfigured
to create hybrid organizational forms (e.g., Binder, 2007; Pache &
Santos, 2010; Tracey, Phillips, & Jarvis, 2011), hybrid logics (Binder, 2007;
Glynn & Lounsbury, 2005), hybrid practices (Goodrick & Reay, in press), or
hybrid identities (Lok, 2010; Meyer & Hammerschmid, 2006; see also Albert
&Whetten, 1985). In some contexts, in other words, conflicting logics are relatively
compatible, or can be tailored to be so. (p. 332)

While studies have


highlighted the presence of multiple institutional logics, we suggest that
future research should delve deeper into the dynamic patterns of complexity
that confront organizations, arising from the multiplicity of logics to which
organizations must respond, and the degree of incompatibility between those
logics. (p. 334)

A complexidade institucional é moldada pela estrutura do campo em que as


organizações estão inseridas. O campo é considerado o construto central da análise
organizacional (SCOTT, 2008) e, além de ser classificado como emergente ou maduro,
pode ser compreendido a partir de três dimensões: a fragmentação, a estrutura
formal/racionalização e a centralização/unificação.
Adiante, além da complexidade estar relacionada à estrutura do campo, a forma
com que as organizações acessam, interpretam e constroem repertórios de resposta à
complexidade depende de certos atributos organizacionais, quais sejam: a posição da
organização no campo, sua estrutura, os grupos de poder o sistema de governança e a
identidade organizacional.

Os estudos dos das respostas das organizações à complexidade estão


organizados em duas correntes: aqueles voltados às estratégias das organizações e
aqueles voltados às estruturas organizacionais.

BATTILANA, Julie; LEE, Matthew. Advancing research on hybrid organizing–


Insights from the study of social enterprises. The Academy of Management
Annals, v. 8, n. 1, p. 397-441, 2014.
Battilana e Lee (2014)

PACHE, Anne-Claire; SANTOS, Filipe. Inside the hybrid organization: Selective


coupling as a response to competing institutional logics. Academy of Management
Journal, v. 56, n. 4, p. 972-1001, 2013.

As organizações híbridas são organizações que incorporam elementos de


diferentes lógicas institucionais e frequentemente são arenas de contradição.

A emergência de organizações hibridas está relacionada à emergência de campos


organizacionais e institucionais cada vez mais complexos. Nesses campos, as diferentes
lógicas apresentam orientações normativas diversas (possuem definições sobre o que
legítimo ou não), o que pode gerar contradições e conflitos na tomada de decisão e na
ação.

Organizações híbridas articulam e relacionam lógicas concorrentes de modo


sistematizado, combinando de forma seletiva, no nível organizacional, elementos
intactos retirados de cada lógica. Isso permite que a incompatibilidade das lógicas seja
gerenciada e que os riscos e custos de estratégias alternativas ao nível das práticas
organizacionais sejam reduzidos.
Além disso, conforme Pache e Santos (2013), a origem da organização
determina como a organização híbrida implementa ou realiza a combinação seletiva.

Quando há uma carência de legitimidade, as organizações híbridas podem


manipular os padrões providos pelas múltiplas lógicas que permeiam sua atividade a fim
de ganhar aceitação.

As respostas das organizações à influência de lógicas institucionais concorrentes


é tratada na literatura de três formas: por meio de dissociações (a adoção superficial de
determinado pressuposto de modo a atende-lo simbolicamente enquanto a prática, de
fato, se baseia em outra lógica); comprometimentos (o alcance de um meio tempo entre
as lógicas conflitantes, atendendo aspectos de todas as lógicas); e as combinações de
diferentes lógicas (noção utilizada em trabalhos que exploram o hibridismo de lógicas
institucionais).
Com relação a essa combinação, os autores argumentam que as organizações,
frente à pluralidade de lógicas, se apoiam nos diferentes repertórios que cada lógica
possibilita. Os atores combinam atividades e conceitos de cada lógica numa tentativa de
assegurar o reconhecimento e endosso de outros membros do campo.
Outro aspecto que diferencia essa noção é o reconhecimento da reflexividade e
agência dos sujeitos que selecionam a combinação dos aspectos das lógicas de forma
deliberada, visando atender aquilo que considera como melhor estratégia para a tomada
de decisão.

Descrição dos procedimentos utilizados para identificar as lógicas do campo;


Stage 1: Identification of the field-level competing logics.
During the first stage of analysis, we attempted to validate the assumption that
the WISE field was embedded in persistently competing logics. We further attempted to
characterize these logics. As a first step in identifying the main discussion themes, we
read and coded selected archival material (the two books and the magazines produced
by the federation of WISEs), expert interviews, and a conference program. As we
clustered these themes, we observed a recurrence of discussions about the duality of the
world in which WISE actors operate and its associated tensions (see, e.g., Hugues &
Gasse, 2004). In a second step of analysis, we coded each mention of this duality to
identify the opposing views at the source of the debate. Four main themes emerged:
What is the appropriate goal for an organization? What is the appropriate
organizational form to achieve that goal? How is control legitimately exerted in an
organization? What are the sources of professional legitimacy in an organization?
To confirm that the four identified themes were accurately characterizing the
logics, we triangulated this analysis with research material describing the institutional
contexts of the social sector (Austin, Stevenson, & Wei-Skillern, 2006; DiMaggio &
Anheier, 1990; Frumkin, 2002; Hansmann, 1980) and the market sector (D’Aunno,
Succi, & Alexander, 2000; Fligstein, 1996; Friedland & Alford, 1991). Finally, to cross-
validate this analysis, we asked two field experts to confirm the description of the logics
that we identified. Table 2 summarizes the belief systems that characterize these two
competing logics and how they play out in the field of WISEs.

SMETS, Michael; JARZABKOWSKI, Paula. Reconstructing institutional


complexity in practice: A relational model of institutional work and complexity.
Human Relations, v. 66, n. 10, p. 1279-1309, 2013.

Smets e Jarzabkowski (2013) desenvolvem um estudo no qual procuram


entendem o trabalho institucional diante da complexidade insttucional a partir de uma
dimensão da prática social, ou seja, do que os atores realizam em seu cotidiano.

Para os autores, essas duas perspectivas (trabalho e complexidade institucional)


estão diretamente relacionados com a agência do ser humano. Assim, procuram
entender como os indivíduos resolvem a complexidade institucional em seu cotidiano,
fazendo uma relação entre os níveis macro (no nível do campo) e o nível micro (no
nível da organizacional). O trabalho institucional está diretamente relacionado com a
capacidade de agência dos indivíduos diante das pressões institucionais.

Os autores se apoiam na classificação de Emirbayer and Mische (1998) sobre os


tipos de agência, que são: interativa (reprodução de práticas taken for granted);
projetiva (voltada para projeções, planejamento, mudança futura) e; prática-avaliativa
(que possibilita o julgamento do indivíduo em uma dimensão prática, julgar para poder
fazer algo).

This view draws upon three dimensions of agency: iterative, projective and practical-
evaluative (Emirbayer and Mische, 1998). The iterative dimensions underpins the
reproduction of established practices and institutions, which institutionalists have traditionally
considered taken for granted and subconscious (DiMaggio and Powell, 1991).
Emirbayer and Mische (1998) and other practice theorists (e.g. Giddens, 1984;
Jarzabkowski, 2005), by contrast, consider iterative agency far from mindless, as it
requires actors to recognize specific situations and choose appropriate behaviours from
an almost infinite repertoire. The projective dimension, which supports planning
and future change, dominates concepts of institutional entrepreneurship or creation
(Battilana et al., 2009; Lawrence et al., 2009). The practical-evaluative dimension enables
actors to exercise judgment and ‘get things done’ in the here and now (Tsoukas and
Cummings, 1997). As such, it is arguably the most relevant dimension for studying how
actors respond to, and construct, institutional complexity; albeit one that has received
little attention in discussions of institutional work so far.

Na direção desse ultimo tipo, os autores entendem que os indivíduos, em sua


atividade cotidiana, se apoiam em entendentimentos práticas compartilhados e na
estrutura social.

“A abordagem da prátca ajuda [na investigação de aspectos práticos do trabalho


institucional] por meio de uma ontologia relacional que assume que ordens sociais
complexas estão sempre em um fluxo e continuamente sendo construídas por meio da
prática”. (p. 1284).

Os resultados mostram que é possível que a complexidade institucional, a


depender do contexto e do tipo de agência empregado, pode tanto ocasionar conflitos
nos negócios e na tomada de decisão quanto pode gerar cooperação a partir de uma
relacionalidade constituída pela prática.

Em seus resultados, Smets e Jarzabkowski (2013) discutem que nem sempre os


indivíduos são empreendedores institucionais, mas apenas pessoas realizando um
trabalho prático para cumprir alguma atividade.
Nesse sentido, nem sempre os indivíduos agem intencionalmente para combinar
as lógicas no ambiente complexo. Muitas vezes esse movimento acontece por meio de
uma agência orientada para a prática, preocupada basicamente com a resolução de
problemas e questões de natureza cotidiana, mas que produzem efeitos na dimensão
institucional.

BESHAROV, Marya L.; SMITH, Wendy K. Multiple institutional logics in


organizations: Explaining their varied nature and implications. Academy of
Management Review, v. 39, n. 3, p. 364-381, 2014.

Meyer e Rowan (1977) já destacam nos primeiros trabalhos do


neoinstitucionalismo de base sociológica que os ambientes institucionais são
frequentemente constituídos em meio a um pluralismo de normas, práticas e sistemas
simbólicos, de modo que é comum que as organizações, ao procurarem legitimidade,
incorporem diferentes elementos estruturais muitas vezes incompatíveis.
Contudo, conforme Besharov e Smith (2014), somente recentemente a
pluralidade tem sido considerada pelos institucionalistas interessados em compreender
as organizações e suas características.

A pluralidade de lógicas ainda carece de estudos: em alguns casos ela produz


conflito interno, ao passo que em outros acontece uma junção de lógicas. Em certas
organizações, múltiplas lógicas trazem prejuízos à atividade, enquanto em outras
possibilitam a sobrevivência.

Besharov e Smith (2014) consideraram certos aspectos das lógicas insituticionais


para a formulação de seus estudos: primeiramente, as lógicas atuam em diferentes
níveis; as organizações incorporam diferentes lógicas; da mesma forma que a lógica
influencia a cognição e a ação humana, os atores influenciam a forma com a lógica é
fundamentada (reconhecendo a agência humana nessa relação); e por fim, a prevalência
e a relação entre lógicas em uma organização varia a depender do contexto e do tempo.
Com relação ao esse ultimo aspecto, que trata da mudança institucional, os
autores consideram que pode ocorrer tanto por ações individuais empreendedoras, ou
por dinâmicas e práticas intraorganizacionais, quanto por eventos exógenos que criam
estruturas, funções e papéis que se sobrepõem na organização.

Para os autores, as organizações incorporam diferentes lógicas em sua atividade,


entretanto “as implicações da multiplicidade de lógicas dependem de como as lógicas
são fundamentadas no interior da organização” (BESHAROV; SMITH, 2014, p. 365).
Ou seja, o pluralismo provoca efeitos heterogêneos que são dependentes de duas
dimensões: a compatibilidade (que refere-se à extensão pela qual as fundamentações das
múltiplas lógicas dentro das organizações implicam em ações consistentes) e a
centralidade (a extensão pela qual as lógicas se manifestam nos aspectos fundamentais –
core aspects – para o funcionamento da organização).
Em outras palavras, a compatibilidade diz respeito à utilidade e aplicabilidade
das diferentes lógicas na produção de atividades consistentes com os objetivos da
organização, à quantidade. Por sua vez, a centralidade trata da importância das múltiplas
lógicas para o funcionamento da organização.
Assim, o modo como a organização lida com a pluralidade depende da
compatibilidade e centralidade das lógicas segundo aspectos internos da organização e
do campo em que estão inseridas. Assim, essas dimensões são influenciadas pelos níveis
individual, organização e pelo campo institucional.

As lógicas, em alguns casos, podem ser muito similares de modo que se


misturam (blending), promovendo um conjunto híbrido de práticas, valores e
pressupostos. Por outro lado, em outros casos, uma lógica pode ser tão dominante que
encobre outras lógicas.

As duas dimensões são organizadas de modo que os autores propõem um


framework para a investigação da heterogeneidade dos efeitos da multiplicidade de
lógicas. Assim, são formulados quatro tipos ideais de organizações e relações com as
lógicas. São elas: contestadas, distantes, alinhadas e dominantes.
BINDER, Amy. For love and money: Organizations’ creative responses to multiple
environmental logics. Theory and society, v. 36, n. 6, p. 547-571, 2007.

The recent “inhabited institutions” research stream in organizational theory


reinvigorates new institutionalism by arguing that organizations are not merely the
instantiation of environmental, institutional logics “out there,” where organizational actors
seamlessly enact preconscious scripts, but are places where people and groups make sense
of, and interpret, institutional vocabularies of motive

THORNTON; OCASIO; LOUNSBURY. 2014,

MACHADO-DA-SILVA, Clóvis L.; DA FONSECA, Valéria Silva;


CRUBELLATE, João Marcelo. Estrutura, Agência e Interpretação: Elementos
para uma Abordagem Recursiva do Processo de Institucionalização. Revista de
Administração Contemporânea, v.1, n. 1, p. 9, 2005.

Machado-da-Silva, Fonseca e Crubellate (2005) discutem que a teoria


institucional deve ser entendida de maneira multiparadigmática e que a atribuição de um
caráter determinístico da mesma é apenas uma leitura equivocada de toda a
possibilidade analítica que a mesma pode fornecer aos estudos organizacionais. Dessa
forma, propõem uma visão intersubjetiva da mesma, destacando a influência da
estrutura, agência e interpretação nesse processo e defendendo a institucionalização
como um processo recursivo.

Os autores questionam que muitas críticas endereçadas à teoria institucional,


sobretudo no Brasil, são fruto de interpretações equivocadas de textos seminais do
campo. As críticas recaem sobretudo ao caráter de “não-mudança”, a tendência à
conformidade e ao não reconhecimento da agência nas organizações. Entretanto, não se
pode entender o institucionalismo como uma abordagem que se baseia apenas nesses
pressupostos.

O velho institucionalismo (Selznick) preconizava a mudança e a transformação


por meio competências distintas das organizações diante das instituições. Por sua vez, o
novo institucionalismo (Meyer e Rowan; DiMaggio e Powell), ao discutirem a
legitimidade e o isomorfismo preconizam a conformidade de formas organizações e a
homogeneidade. A mudança é substituída pela reprodução. Entretanto, Machado-da-
Silva, Fonseca e Crubelatte (2005) argumentam que essa interpretação é fruto da intensa
dicotomização que constitui muitos estudos críticos do institucionalismo. Na prática, os
efeitos institucionais não seguem esses dois extremos, mas ocorrem de forma dualista.

“A teoria neo-instituciona se situa mais apropriadamente em posição


intermediária no continuum entre as orientações determinista e voluntarista da ação
organizacional” (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; CRUBELATTI, 2005, p. 17).
A relação entre ação, organização e ambiente é baseada numa reciprocidade.

Para esses autores, a teoria institucional deve ser pensada de modo


multiparadigmático.

O principal pressuposto desse modelo de teoria institucional é a consideração de


que a ação do indivíduo é cognitivamente estruturada; ou seja, assume-se que os
indivíduos são racionais, embora limitados cognitivamente por padrões de ação
institucionalizados.

Nessa perspectiva, reconhece-se o papel da agência no processo de


institucionalização, que pode produzir tanto mudança como conformidade, tanto
autonomia quanto imersão social. Assim, a institucionalização ocorre tanto por meio de
aspectos microssociais quanto macrossociais.
Em suma, Machado-da-Silva, Fonseca e Crubellate (2005) entendem a
institucionalização como um processo recursivo, que se propõe a romper com a
dicotomia entre reprodução e reconstrução como os produtos das instituições. Os
autores se apoiam em uma orientação sociológica baseada na ação prática.

Nessa
perspectiva, estrutura e agência se conectam de modo recursivo, com base na
interpretação enquanto mecanismo cognitivo básico, que possibilita a reciprocidade
entre tais elementos e, em conseqüência, a sua simultaneidade na prática social,
além do desenvolvimento do processo ao longo do tempo. Assim os atores se
tornam os portadores dos significados institucionais, nos termos definidos por
Zilber (2002), ao infundirem ações nas organizações por meio da interpretação
de fatores externos e internos, a serem legitimadas mediante compartilhamento
e socialização.

A interpretação (processo cognitivo) de aspectos institucionais internos e


externos permite a agência dos indivíduos nas organizações. Essa agência é imbricada
na estrutura social que provê legitimidade.

Aquiescer a um padrão social pressupõe interpretação


e, como tal, implica escolha e ação. Portanto a homogeneização não deriva de
reprodução irrefletida, mas de regularidade proveniente da aceitação de
determinada ação, que justamente em função de ser interpretada como legítima,
é reproduzida pelos agentes na prática social e se consolida como padrão
institucionalizado, por ser consentida como escolha desejável e viável.

A homogeneização de comportamentos está relacionada a uma agência voltada à


conformidade com certas práticas tidas como legítimas. A legitimidade é que o
impulsiona o efeito da agência.

As lógicas institucionais plurais são mecanismos que influenciam na mudança


institucional.
MEYER, John W.; ROWAN, Brian. Institutionalized organizations: Formal
structure as myth and ceremony. American journal of sociology, p. 340-363, 1977.

“As regras institucionalizadas funcionam como mitos que as organizações


incorporam, ganhando legitimidade, recursos, estabilidade e provendo sobrevivência”
340).
Nas organizações modernos, as estruturas formais emergem a partir de contextos
altamente institucionalizados.

As organizações refletem os mitos racionalizados de seus ambientes


institucionais ao invés das demandas de suas atividades técnicas.

Institutionalized rules are classifications built into society as reciprocated typifications or


interpretations (Berger and Luckmann 1967, p. 54). Such rules may be simply taken for granted or
may be supported by public opinion or the force of law (Starbuck 1976). Institutions inevitably
involve normative obligations but often enter into social life primarily as facts which must be taken
into account by actors. Institutionalization involves the processes by which social processes, obliga-
tions, or actualities come to take on a rulelike status in social thought and action

EMIRBAYER, Mustafa; MISCHE, Ann. What is agency? 1. American journal of


sociology, v. 103, n. 4, p. 962-1023, 1998.

Os autores fazem uma discussão em relação ao conceito de agência.

Emirbayer e Mische (1998) definem agência como “um processo incorporado


temporalmente que pode ser orientado tanto pelo passado (em seu aspecto habitual ou
rotineiro), quanto para o futuro (como uma capacidade projetiva de imaginar
possibilidades alternativas) e para o presente (uma capacidade prático-avaliativa de
contextualizar hábitos passados e projetos futuros a depender das contingências do
momento” (p. 963).
Em outra definição dada pelos autores, agência é

O engajamento temporalmente construído por atores de diferentes ambientes


estruturais – os contextos de ação temporais e relacionais – que por meio da
interrelação entre hábito, imaginação e julgamento, ambos reproduzem e
transformam estas estruturas em respostas interativas aos problemas postos
por situações históricas mutáveis (p. 970).

As visões atribuídas à agência humana costumam compreender apenas uma


única direção para este fenômeno. Para teóricos da prática tais como Bourdieu e
Giddens, a agência humana é entendida como o comportamento habitual, repetitiva e
tida como certa. Outras abordagens tais como a “escolha racional” e a fenomenologia
entendem a agência como busca por atender objetivos, um comportamento proposital.
Por sua vez, teorias da publicidade e da comunicação, bem como algumas abordagens
feministas superenfatizam a deliberação e o julgamento na agência. Ou seja, a teoria
social de modo geral vê a agência em três dimensões isoladas: rotina, propósito e
julgamento.
Contudo, estas três dimensões são interelacionadas. A agência humana só pode
ser compreendida se analisada em uma dimensão temporal. A ação pode ser orientada
ao passado, presente e futuro em qualquer momento. Assim, a relação com as estruturas
sociais irá variar a depender da contingência.

Since social actors are embedded within many such temporalities at once,
they can be said to be oriented toward the past, the future, and the present at
any given moment, although they may be primarily oriented toward one or
another of these within any one emergent situation. As actors move within
and among these different unfolding contexts, they switch between (or
"recompose") their temporal orientations-as constructed within and by means
of those contexts-and thus are capable of changing their relationship to
structure. W e claim that, in examining changes in agentic orientation, we can
gain crucial analytical leverage for charting varying degrees of
maneuverability, inventiveness, and reflective choice shown by social actors
in relation to the constraining and enabling contexts of action (p. 964).

A partir desta perspectiva é possível pensar como ambientes estruturais de ação


são dinamicamente “sustentados” e ao mesmo tempo alterados por meio da agência
humana (por atores capazes de formular projetos para o futuro e por resultados
imprevistos realizados no presente).

Teorizando agência

As discussões em torno da agência humana remontam ao debate iluminista sobre


a liberdade humana entre a racionalidade instrumental (free-will) e a ação baseada nas
normas e na moral. Nesse período, emerge a noção do homem como um “agente livre”
para tomar decisões racionais para si e a para a sociedade.
A partir do rompimento de Locke, pensou-se na agência como a capacidade de
seres humanos moldarem as circunstâncias em que vivem. Esse pensamento influenciou
Adam Smith, Jeremy Bentham e John Stuart Mill, que atribuíram à agência uma
concepção de ação calculista e individualista.
Por outro lado, pensadores como Jean Jacques Rousseau discutem a questão da
liberdade de uma consciência e vontade moral, uma moralidade autolegislada. Ou seja,
o homem não tem livre escolha para ação racional uma vez que o mesmo se orienta a
partir de aspectos morais.
Kant, por sua vez, procura integrar as duas vertentes ao defender que a liberdade
é uma vontade individual fundamentada pelas normas. Talcott Parsons vem adiante
trazer contribuições nesse sentido.
In this line, the early action theory of Talcott Parsons can be read as a Kant-
inspired attempt to synthesize the rational-utilitarian and nonrational-
normative dimensions of action. In The Structure oj Social Action, for
example, Parsons (1968, p. 732) argued that "conditions may be conceived at
one pole, ends and normative rules at another, means and effort as the
connecting link between them." Agency, for Parsons, was captured in the
notion of effort, as the force that achieves, in Kantian terminology, the
interpenetration of means-ends rationality and categorical obligation (p. 965).
De qualquer modo, a discussão em torno do conceito de agência na teoria social
se baseou na dicotomia entre abordagens instrumentais (ação baseada em fins) e
normativas (ação baseada em normas), apesar de autores como Parsons e Alexander
terem proposto sínteses dessa dicotomia.
Alexander, para os autores, contribuiu de forma significativa para se pensar nos
processos interpretativos dos indivíduos diante de contextos estruturais, de modo que
auxiliou a se pensar os aspectos inventivos e críticos da agência.
Emirbayer e Mische (1998) entendem que o processo agêntico só pode ser
entendido se forem consideradas as orientações baseadas no tempo dos atores situados
em um contexto mutável.
Para se pensar nesse quadro de análise, os autores se apoiam no “pragmatismo
americano” (John Dewey e George Mead) e em fenomenologistas (Alfred Schutz).
Estas abordagens entendem que a ação não é percebida como a perseguição de fins pré-
estabelecidos, abstraídos de situações concretas, mas sim que meios e fins
desenvolvem-se coligadamente em contextos que estão sempre mudando, ou seja,
sujeitos a reavaliações e reconstruções por uma inteligência reflexiva.

As dimensões

O elemento iteracional: “the selective reactivation by actors o f past patterns of


thought and action, as routinely incorporated in practical activity, thereby giving
stability and order to social universes and helping to sustain identities, interactions, and
institutions over time” (p.971).

O elemento projetivo: “the imaginative generation by actors of possible future


trajectories o f action, in which received structures of thought and action may be
creatively reconfigured in relation to actors' hopes, fears, and desires for the
future”(p.971).

O element pratico-valorativo: the capacity of actors to make practical and


normative judgments among alternative possible trajectories of action, in response to the
emerging demands, dilemmas, and ambiguities of presently evolving situations.

Venkataraman, H., Vermeulen, P., Raaijmakers, A., & Mair, J. (2016). Market
Meets Community: Institutional Logics as Strategic Resources for Development
Work. Organization Studies, 0170840615613370.

Os autores mostram como atividades baseadas em uma lógica de mercado


aplicadas por uma ONG em vilas tribais atuaram como meios de promover condições
sociais e econômicas de famílias.
A ONG utilizou de forma instrumental as lógicas do mercado e da comunidade
para desenvolver novas estruturas sociais nestas comunidades.
A principal contribuição do estudo foi mostrar como as lógicas foram utilizadas
como recurso estratégico para organizações a partir da criação de frames para ação.

Understood as organizing principles of society which are socially constructed (Friedland & Alford,
1991), institutional logics provide shared patterns of beliefs, values and assumptions for organizations
and prescribe ways of thinking and doing (Thornton, Ocasio, & Lounsbury, 2012).

We show how an NGO strategically


uses and leverages two distinct logics – a market logic and a community logic – to create social
structures to fill institutional voids and enable market participation of women in rural areas (Mair
& Martí, 2009; Mair et al., 2012).

A lógica de mercado e a lógica da comunidade referem-se:

In our research context the market logic emphasizes transactions, money


transfer and the accumulation of money, whereas the community logic is
characterized by group membership, personal investment in the group,
relations of affect, loyalty, common values, and reciprocity (Smets,
Jarzabkowski, Burke, & Spee, 2015).

Lógicas institucionais podem ser empregadas instrumentalmente, como


ferramentas.

More recently, McPherson and Sauder (2013, p. 181) explained that logics
are “comparable to tools – shared instruments that can be ‘picked up’ by
actors to achieve individual and organizational goals – and that actors
use these tools”. As such, the use of logics is instrumental to social actors
working with and giving meaning and relevance to different logics. Smets et
al. (2015) showed how market and community logics could be segmented,
discriminated and demarcated by individual actors, depending on “their
applicability and relevance in a specific situation” (Thornton et al., 2012, p.
84). As such, the relationship between competing logics may be negotiated
between different actors (Mair & Hehenberger, 2014) (p. 3).

O estudo

Our study deals with the interplay of market and community logics and how
this has an effect on the ability of women and their families to participate in
the market and thereby have an effect on the role of women within their
families in rural India. Both logics are partly in conflict with local customs
and norms about the role of women. Women in rural India have had only
limited involvement in monetary transactions and sharing concerns of daily
life with other women has been uncommon (p.6).

As such, we were able to show how the introduction of market-based activities by


PRADAN is best understood as an ongoing and staged process that starts with contextual bridging
and the creation of a social structure as a recognized way to improve market literacy, sustaining the
SHG by creating social obligations and establishing a governance system, and institutionalizing
the social structure by building social loyalty and a business ecosystem to further nurture and
extend the market logic.

A relação entre as lógicas do mercado e da comunidade foi interpelada a partir


da criação, por parte da ONG, de uma nova estrutura social, os Grupos de Auto-Ajuda
(SHG), espaços nos quais princípios da lógica de mercado e da comunidade eram
discutidos em conjunto de modo a gerar maior familiaridade e legitimidade nas ações.

“The concept of the SHG was based on market principles, such as transactions, money transfer and the
accumulation and use of money, and community principles, such as trust, cohesion, reciprocity, and a
sense of belonging” (p. 8-9).

Este processo foi dividido em três fases, conforme as imagens:

Você também pode gostar