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O texto apresenta uma visão detalhada sobre a Teoria da Contingência da

Estrutura Organizacional, que se tornou um paradigma dominante nos estudos


organizacionais. Este paradigma argumenta que não existe uma estrutura organizacional
universalmente eficaz, mas sim que a otimização da estrutura depende de fatores
específicos, chamados de fatores contingenciais, como estratégia, tamanho, incerteza de
tarefas e tecnologia. A estrutura organizacional precisa se adaptar a esses fatores e ao
ambiente externo para ser eficaz.
A pesquisa dentro desse paradigma ocorre dentro do conceito de ciência
normal, conforme definido por Kuhn, onde os pesquisadores resolvem problemas dentro
do paradigma existente sem questioná-lo. Houve uma mudança de paradigma na
pesquisa da estrutura organizacional quando a escola clássica de administração foi
substituída pela teoria da contingência. Desde então, a pesquisa neste campo tem sido
pluralista, com conflitos entre paradigmas e uma ênfase na ciência normal dentro do
paradigma contingencial.
Dentro desse paradigma, os pesquisadores se concentram em identificar os
fatores contingenciais que influenciam diferentes aspectos da estrutura organizacional.
Isso envolve a construção de modelos teóricos e sua validação por meio de dados
empíricos comparando diferentes organizações. A pesquisa contingencial tem sido
amplamente aceita e praticada, tornando-se uma das correntes mais importantes nos
estudos organizacionais, conforme evidenciado pelo volume significativo de pesquisa
neste campo.
Até o final dos anos 50, a pesquisa sobre estrutura organizacional era dominada
pela escola clássica de administração, que defendia uma única estrutura organizacional
eficaz para todas as organizações. Esta estrutura era altamente hierárquica, com tomada
de decisão centralizada no topo da hierarquia e tarefas detalhadamente especificadas
para os níveis inferiores. No entanto, a partir da década de 30, a escola de relações
humanas começou a contestar essa abordagem, destacando a importância das
necessidades sociais e psicológicas dos funcionários.
Na década de 50 e 60, as teorias contingenciais começaram a surgir, enfocando
a adaptação da estrutura organizacional a fatores específicos, como tamanho, tecnologia
e incerteza. Burns e Stalker (1961) distinguiram entre estruturas mecânicas e orgânicas,
argumentando que a estrutura adequada dependia do ambiente externo. Woodward
(1958; 1965) demonstrou que a tecnologia de operação era um determinante chave da
estrutura organizacional. Outros pesquisadores, como Lawrence e Lorsch (1967), Hage
(1965), Perrow (1967), Thompson (1967), Blau (1970), e outros, contribuíram com
insights sobre a relação entre contingências ambientais e estrutura organizacional.
A teoria da contingência estrutural enfatizava que diferentes ambientes e
tarefas exigiam diferentes estruturas organizacionais para otimizar o desempenho. Esta
abordagem foi pioneira na integração de conceitos da escola clássica de administração e
da escola de relações humanas, oferecendo uma síntese entre elas. Além disso, destacou
a importância da inovação e da adaptação da estrutura organizacional às mudanças
tecnológicas e ambientais.
No geral, a pesquisa sobre estrutura organizacional durante esse período foi
marcada pela emergência da teoria da contingência, que desafiou as visões tradicionais
sobre estrutura e destacou a importância da adaptação às contingências ambientais e
tecnológicas para o sucesso organizacional.

Até o final dos anos 50, a visão dominante na produção acadêmica sobre
estrutura organizacional era a da escola clássica de administração, que defendia a
existência de uma única estrutura organizacional eficaz para todas as organizações. Essa
estrutura era caracterizada por uma tomada de decisão e planejamento altamente
centralizados no topo da hierarquia, com os níveis inferiores seguindo ordens detalhadas
da gerência sênior. No entanto, a partir da década de 30, essa abordagem foi desafiada
pela escola de relações humanas, que enfatizava as necessidades individuais e sociais
dos funcionários e promovia a participação na tomada de decisão.
A tentativa de conciliar essas abordagens opostas levou ao desenvolvimento
das teorias contingenciais nas décadas de 50 e 60. Essas teorias argumentavam que a
eficácia da estrutura organizacional dependia de diversos fatores, como o grau de
incerteza da tarefa e o tamanho da organização. Por exemplo, tarefas mais rotineiras e
repetitivas seriam mais eficazes com uma estrutura centralizada e burocrática, enquanto
tarefas mais complexas e inovadoras exigiriam uma estrutura mais flexível e
participativa.
A incerteza da tarefa tornou-se o cerne do conceito de contingência,
influenciando não apenas a estrutura organizacional, mas também conceitos
relacionados, como inovação e tamanho da organização. Além disso, pesquisadores
como Woodward, Burns, Stalker e outros identificaram que a tecnologia também
desempenhava um papel crucial na determinação da estrutura organizacional, com
diferentes tipos de tecnologia demandando diferentes estruturas.
Outros fatores contingenciais, como a estratégia corporativa, hostilidade
ambiental e ciclo de vida do produto, também foram identificados como influenciadores
da estrutura organizacional. Isso levou ao reconhecimento de que não há uma estrutura
única que sirva para todas as organizações, mas sim a necessidade de adaptar a estrutura
às demandas específicas do ambiente e das tarefas da organização.
Essas teorias contingenciais foram desenvolvidas por meio de estudos
empíricos em diversas organizações e setores, com pesquisadores como Burns, Stalker,
Woodward, Lawrence, Lorsh, Hage, Thompson, Blau e outros contribuindo
significativamente para o campo. Suas pesquisas forneceram insights sobre como
diferentes fatores contingenciais influenciam a estrutura organizacional e como as
organizações podem otimizar sua estrutura para melhorar o desempenho e a eficácia.
O aumento do índice de inovação de uma empresa é frequentemente associado
à competição no mercado por meio de novos produtos, refletindo, em última instância,
as demandas do ambiente. Essa visão, conhecida como abordagem contingencial,
considera a organização em constante interação com seu ambiente. No entanto, a
inovação ambiental desencadeia um aumento na inovação planejada pela organização,
que é a causa direta da adoção de uma estrutura orgânica. Portanto, embora os fatores
ambientais sejam considerados contingências que moldam a estrutura organizacional,
uma explicação mais simplificada pode se concentrar apenas nos fatores internos como
contingências.
A teoria da contingência enfatiza que o tamanho e a complexidade de uma
organização influenciam sua estrutura. Em organizações menores, a estrutura é simples,
com poucos níveis hierárquicos e tomada de decisão centralizada no principal
executivo. Conforme a organização cresce, adicionam-se mais camadas hierárquicas,
delega-se autoridade para gerentes intermediários e ocorre uma divisão maior do
trabalho, resultando em especialização funcional e controle regulamentar por meio de
procedimentos e regras. Esse processo culmina em uma burocracia mecânica em
organizações de grande porte.
À medida que as organizações buscam inovar, as tarefas se tornam mais
incertas e não podem ser formalizadas pela burocracia. Isso exige equipes
interfuncionais e maior autonomia para os funcionários, especialmente em
departamentos como Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). A estrutura organizacional,
portanto, precisa ser mais orgânica para permitir flexibilidade e iniciativa na resolução
de problemas.
A diversificação das empresas em vários produtos ou serviços requer uma
mudança na estrutura funcional para uma estrutura multidivisional, onde cada divisão
decide sobre seus produtos e mercados. Isso simplifica as decisões, permite uma maior
velocidade decisória e alivia a alta administração, que pode se concentrar em decisões
estratégicas.
Em resumo, a teoria da contingência explica como a estrutura organizacional
evolui conforme as contingências internas e externas mudam, especialmente devido ao
crescimento da organização.
A pesquisa inicial sobre contingência estrutural, realizada principalmente
durante os anos 60, estabeleceu um paradigma de pesquisa bem definido por volta de
1970. Essa pesquisa foi influenciada pela teoria do funcionalismo sociológico, que trata
a estrutura social em termos de suas funções para o bem-estar da sociedade, similar ao
funcionalismo biológico que explica como os órgãos do corpo humano contribuem para
o bem-estar. Na teoria organizacional do funcionalismo estrutural, a estrutura
organizacional é vista como moldada para fornecer eficiência operacional, ajustando-se
às contingências ambientais. Esse paradigma é parte do funcionalismo adaptativo,
enfatizando a adaptação da organização ao ambiente.
A pesquisa seguia o método comparativo, frequentemente baseado no trabalho
de Joan Woodward, onde organizações diferentes eram estudadas e avaliadas em
relação a fatores estruturais e contingenciais. A associação entre esses fatores era
testada estatisticamente para verificar se havia adequação entre a estrutura
organizacional e suas contingências. Esse método evoluiu ao longo do tempo, com
maior atenção à definição operacional dos conceitos, melhoria da confiabilidade das
medidas, utilização de modelos teóricos mais complexos e sofisticação das técnicas
estatísticas.
Inicialmente, muitas pesquisas utilizaram o método seccional, inferindo a
causalidade da contingência para a estrutura. No entanto, essa abordagem correlacional
deixava espaço para outras interpretações causais. Por exemplo, algumas análises
sugeriram que a estrutura organizacional também poderia causar variações no ambiente,
desafiando a interpretação funcionalista-adaptativa predominante.
Essa evolução na pesquisa da teoria da contingência estrutural demonstra uma
busca por maior precisão conceitual, confiabilidade nos métodos, complexidade teórica
e rigor estatístico ao longo do tempo.
A teoria da contingência estrutural, embora tenha recebido muita atenção e
pesquisa ao longo dos anos, não desfruta de aceitação universal e pode ter perdido
importância desde a década de 70. Novas abordagens, como a teoria institucional nos
EUA e a teoria do agenciamento no Reino Unido, surgiram e têm recebido atenção
significativa. Além disso, os incentivos na carreira acadêmica muitas vezes favorecem a
criação de novos paradigmas em vez da persistência no estudo de paradigmas mais
antigos.
O pluralismo teórico crescente no campo dos estudos da estrutura
organizacional levou muitos pesquisadores a aceitar a teoria contingencial como o eixo
principal da pesquisa, mesmo quando incorporam variáveis e interpretações de outras
teorias mais novas, como a teoria institucional, de forma eclética. No entanto, tentativas
de reintegrar o campo são recomendadas, pois há dificuldades em integrar os diversos
paradigmas contemporâneos.
A teoria da contingência estrutural pode desempenhar um papel importante
como elemento de síntese para uma teoria organizacional mais ampla, assim como
começou como uma síntese entre ideias opostas da administração clássica e da escola de
relações humanas. O debate sobre o futuro dos estudos organizacionais pode girar em
torno da extensão em que a teoria da contingência estrutural contribuirá para essa nova
síntese, com alguns proponentes vendo-a como uma parte significativa e outros
acreditando que outras teorias terão um papel mais proeminente.

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