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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto


Departamento de Engenharia de Produção,
Administração e Economia

Relatório:
Escola Contingencial

Disciplina: PRO600 – Administração e Economia/Gestão de Qualidade

Professor: Elisângela Fátima de Oliveira

Data: 07/06/2023

Alunos – Curso:
Maria Clara Pimenta Senra – Farmácia
Rafaella Emmily Martins – Farmácia
Daniella Cardoso Ferreira - Farmácia

Ouro Preto, Junho de 2023


1.0 Introdução
A Escola da Contingência é uma das escolas de administração mais divulgadas e
comentadas atualmente. Surgiu em um contexto em que a maioria das organizações
utilizava os princípios da teoria clássica em sua gestão. Essa teoria enfatiza a ideia de
que "tudo é relativo" e "tudo depende", levando em consideração diversos fatores
contingenciais para a tomada de decisões e definição dos rumos das organizações. Esses
fatores incluem o ambiente, a tecnologia, o tamanho da organização, a estratégia e o
ciclo de vida.
A teoria Contingencial conseguiu unir pressupostos tanto da teoria clássica quanto da
teoria dos sistemas, e também recebeu influências de outras teorias antecedentes. Ela
adota uma visão sistêmica que considera tanto o ambiente externo quanto as
necessidades dos funcionários.
Os elementos constituintes da teoria da contingência estrutural são os atributos e
variáveis relacionados ao objeto de interesse da pesquisa. Essa teoria destaca-se por sua
abordagem integrada, coordenando os princípios básicos da administração, como as
tarefas, a estrutura, as pessoas, a tecnologia e o ambiente. Além disso, é considerada a
mais eclética das teorias da administração, uma vez que incorpora contribuições das
diversas teorias anteriores.
Palavras-chave: Teoria da contingência estrutural, teorias da administração, ambiente
determinístico, gestão, economia, tipologia, tecnologia.

2.0 Desenvolvimento Teórico


2.1 Teoria Contingencial
A Teoria da Contingência surgiu a partir dos trabalhos de Burns e Stalker e Joan
Woodward. Essa teoria enfatiza que não existe um único "melhor jeito" de administrar,
pois o ambiente interno e externo de uma organização são influenciados por diversos
fatores que determinam os caminhos a serem seguidos. ..
De acordo com Chiavenato (2004), a Teoria da Contingência foi desenvolvida para
verificar se empresas de sucesso seguiam os princípios da Teoria Clássica. No entanto,
percebeu-se que o desempenho dessas empresas dependia das suas relações com o
ambiente externo. Ao longo do desenvolvimento das empresas, diferentes etapas
exigiram abordagens administrativas distintas.
Após a mudança na forma de gestão, as empresas experimentaram um crescimento
significativo, principalmente devido à melhoria das redes de distribuição e aumento das
vendas. No entanto, essa mudança também resultou em uma diminuição das diferenças
entre as empresas, tornando o mercado mais competitivo e os lucros menores. Como
resultado, surgiu a necessidade de racionalizar os recursos em expansão, a fim de
melhorar as técnicas de marketing, tanto na produção, com a busca por novas linhas de
produtos, quanto na distribuição e comercialização, visando conquistar novos mercados.
Burns e Stalker identificaram dois tipos de abordagem administrativa influenciados
pelo ambiente: Organizações Mecanísticas e Organizações Orgânicas. A primeira
caracteriza-se por uma estrutura burocrática, com decisões centralizadas, hierarquia
rígida, controle rígido, interação vertical e ênfase em regras e procedimentos formais.
Essa abordagem é adequada para condições ambientais estáveis.
Já a segunda no entendimento Chiavenato (2004) é uma estrutura flexível com
pouca divisão do trabalho, interação entre os cargos, decisões descentralizadas e
delegadas a cargos de nível inferior, visão sistêmica da empresa, hierarquia flexível com
predomínio da interação lateral, ampla amplitude de controle e maior confiabilidade nas
informações informais, ênfase na Teoria das Relações Humanas, apropriada para
condições ambientais instáveis
Lawrence e Lorsch realizaram pesquisas sobre a influência do ambiente no
desempenho das empresas e identificaram dois fatores antagônicos que afetam
diretamente os resultados: diferenciação e integração. A diferenciação refere-se aos
setores ou departamentos criados pela empresa para melhor controle e gerenciamento
das atividades. Já a integração refere-se à necessidade de que as decisões dos
departamentos sejam integradas e complementares. Ambos trabalham com o objetivo de
crescimento da empresa como um todo.
Desta pesquisa surge o nome teoria da contingência. Joan Woodward, socióloga
industrial, também contribuiu para a Teoria da Contingência ao analisar a correlação
entre as práticas administrativas e o sucesso das empresas.
A abordagem contingencial destaca a importância dos fatores ambientais e
tecnológicos para o equilíbrio e eficiência das organizações. Esses fatores podem
representar oportunidades ou restrições que influenciam a estrutura e os processos
internos da organização. Portanto, é essencial identificar, especificar e reformular
constantemente esses fatores para uma administração equilibrada e alinhada com os
objetivos da organização.
2.2 Pesquisas
2.2.1 Chandler Em 1962, Alfred Chandler Jr. conduziu uma investigação histórica
abordando a estratégia de negócios. Ele estudou quatro grandes empresas americanas:
DuPont, General Motors, Standar Oil Co (New Jersey) e Sears Roebuck & Co.
Chandler demonstrou que as estruturas dessas empresas foram adaptadas e ajustadas às
suas estratégias ao longo de um processo histórico com quatro fases distintas:
1. Acumulação de Recursos: As empresas ampliaram suas instalações de produção
e organizaram uma rede de distribuição. Elas adquiriram empresas fornecedoras
para controlar o mercado de matérias-primas, resultando em integração vertical e
economia de escala.
2. Racionalização do Uso de Recursos: Foi criada uma estrutura funcional para
redução de custos. Essa racionalização e a nova estrutura estavam alinhadas com
as oscilações de mercado. Planejamento, organização e coordenação eram
prioridades.
3. Continuação do Crescimento: As empresas optaram pela diversificação em
novos mercados e produtos. A antiga estrutura funcional não estava preparada
para essa diversificação, resultando na criação de departamentos de pesquisa e
desenvolvimento, engenharia de produto e desenho industrial.
4. Racionalização do Uso de Recursos em Expansão: A estrutura funcional não
conseguia lidar com a complexidade crescente de produtos e operários. Isso
levou à adoção de uma nova estrutura divisional departamentalizada,
descentralizando as operações e centralizando os controles administrativos.
2.2.2 Burns e Stalker
Os autores observaram que o sistema mecanista era apropriado para empresas que
operavam em condições ambientais estáveis, enquanto o sistema orgânico era exigido
por condições ambientais em constante transformação. O sistema mecanista era
caracterizado por uma hierarquia vertical de comando, onde as operações e as
informações seguiam o fluxo do superior para o funcionário. No sistema orgânico,
adaptado a condições instáveis, as tarefas eram atribuídas a especialistas que entendiam
sua importância global para a empresa. Havia interação entre os indivíduos, tanto
horizontal como verticalmente.
2.2.3 Lawrence e Lorsch
Esses pesquisadores estudaram a relação entre organização e ambiente, o que deu
origem à Teoria da Contingência. Concluíram, a partir de três empresas diferentes, que
os problemas básicos de organização são a diferenciação e a integração. A busca pela
unidade de esforços e coordenação entre vários departamentos é impulsionada pelas
pressões ambientais.
Essas quatro pesquisas revelaram que: A organização em relação ao seu ambiente e a
tecnologia adotada surgiu a Teoria da Contingência. As organizações precisam ser
ajustadas ao sistema das condições ambientais. Os aspectos universais devem ser
substituídos pelas normas de acordo entre organização ambiente e tecnologia.

2.2.4 Joan Woodward


Uma socióloga industrial inglesa, conduziu um estudo em 100 empresas de diferentes
tipos e tamanhos, com base em certos tipos de produção: produção unitária, produção
em massa e produção em processo. Ela concluiu que a tecnologia adotada por uma
empresa determina sua estrutura e comportamento organizacional.

2.3Ambiente
Ambiente é tudo o que acontece externamente, mas influenciando internamente
uma organização. A análise do ambiente foi iniciada pelos estruturalistas, como a
análise tinha abordagem de sistemas abertos aumentou o estudo do meio ambiente como
base para verificar a eficácia das organizações, mas nem toda a preocupação foi capaz
de produzir total entendimento do meio ambiente.
As condições legais constituem a legislação, são leis trabalhistas, fiscais, civis, de
caráter comercial, entre outros; as condições políticas são decisões e definições
políticas; e as condições econômicas constituem o que determina o desenvolvimento
econômico.
O ambiente é um só, mas as organizações estão expostas à apenas uma parte dele
que pode ser diferente das demais, é dividido em tipologias e são características do
ambiente de tarefas. Os ambientes podem ser homogêneos ou heterogêneos de acordo
com a estrutura. É homogêneo quando há pouca mistura de mercados; e heterogêneo
quando existe diferenciamento múltiplo nos mercados.
Os ambientes podem ser classificados estáveis ou instáveis de acordo com sua
dinâmica. É estável quando quase não ocorrem mudanças e quando ocorrem são
previsíveis. É instável quando há mudanças o tempo inteiro, essas mudanças geram a
incerteza. O ambiente homogêneo terá diferenciação menor e os problemas poderão ser
tratados de forma simples, com pouca departamentalização. O mesmo acontece com a
estabilidade e instabilidade. Quanto mais estável menor a contingência, permitindo uma
estrutura burocrática e conservadora, porém quanto mais instável, maior a contingência
e maios a incerteza, porque há uma estrutura organizacional mutável e inovadora.
Existem três níveis organizacionais: institucional, intermediário e operacional.
O Nível institucional ou Nível estratégico
é o mais alto e é composto pelos diretores, proprietários e acionistas. Nesse nível, são
tomadas as decisões estratégicas e são definidos os objetivos da empresa.
O nível intermediário ou Nível mediador
Atua como mediador entre o nível institucional e o operacional. É composto pela média
administração e tem como objetivo alinhar as ações e decisões do nível institucional
com a implementação realizada pelo nível operacional. Além disso, é responsável por
lidar com as incertezas do ambiente e garantir o bom funcionamento das operações
internas.
O nível operacional ou Nível técnico
E responsável pela execução das tarefas diárias da organização. Engloba as atividades
de produção de produtos ou serviços e é onde estão localizados os equipamentos,
máquinas e instalações físicas. Esse nível trabalha de forma eficiente, seguindo rotinas e
procedimentos padronizados.
As organizações podem ser consideradas sistemas abertos, pois se adaptam e respondem
às incertezas do ambiente. No entanto, também podem ser sistemas fechados, já que
operam de forma racional e eficiente, seguindo padrões estabelecidos.
Aplicações
A Ford Motor Company
A teoria contingencial enfatiza a importância de adaptar a estrutura e as práticas
organizacionais em várias áreas, adaptando sua estrutura, processos de produção,
relações trabalhistas e responsabilidade social. Na Ford motor Company essas
aplicações incluem:
1. Estrutura organizacional descentralizada: A Ford adota uma estrutura
descentralizada, o que permite maior flexibilidade e agilidade na tomada de
decisões, especialmente em uma indústria em constante evolução.
2. Processos de produção diferenciados: A empresa utiliza diferentes processos de
produção, dependendo do tipo de veículo. A produção em massa é utilizada para
modelos populares, enquanto a produção sob encomenda é usada para veículos
de luxo personalizados. Essa abordagem maximiza a eficiência e reduz os
custos.
3. Relações trabalhistas sólidas: A Ford valoriza a proximidade e o bem-estar de
seus funcionários. Desde os primórdios, a empresa foi pioneira em oferecer
remuneração justa e benefícios aos seus trabalhadores. Além disso, a Ford se
esforça para garantir a segurança e o bem-estar de seus funcionários em todo o
mundo.
4. Responsabilidade social: A empresa demonstra responsabilidade social ao se
preocupar com questões de sustentabilidade e apoiar programas comunitários. A
Ford investe em tecnologias mais limpas e busca minimizar o impacto ambiental
de seus produtos. Além disso, a empresa desenvolve programas de apoio às
comunidades em todo o mundo.
Em resumo, a Ford Motor Company adapta-se às circunstâncias e demandas específicas
por meio da aplicação da teoria contingencial. Ela ajusta sua estrutura, processos de
produção, relações trabalhistas e práticas de responsabilidade social para garantir seu
sucesso a longo prazo.

A amazon,
Na amazona a teoria contingencial é amplamente aplicada, pois a empresa utiliza vários
princípios que levam em consideração a situação, o ambiente e a estratégia para
determinar a abordagem gerencial mais apropriada. Algumas dessas aplicações incluem:
1. Abordagem adaptativa: A Amazon é conhecida por sua capacidade de se adaptar
a mudanças e situações diversas. A empresa tem a habilidade de ajustar suas
operações para atender às necessidades e exigências do mercado. Essa
abordagem adaptativa está alinhada com os princípios da teoria contingencial.
2. Personalização da experiência do cliente: A Amazon adapta a experiência do
cliente com base em seus interesses e hábitos de compra. Através da análise de
dados e algoritmos, a empresa personaliza recomendações e sugestões para cada
cliente, maximizando sua vantagem competitiva e oferecendo uma experiência
única.
3. Gestão da complexidade: Com uma ampla variedade de produtos e serviços, a
Amazon enfrenta o desafio de gerenciar a complexidade de suas operações. A
empresa utiliza sistemas avançados de gerenciamento de vendas, distribuição e
logística para lidar com a complexidade do mercado. A tecnologia desempenha
um papel fundamental na busca de soluções em tempo real e na manutenção da
flexibilidade operacional.
4. Gerenciamento de riscos: A Amazon emprega diversas técnicas e ferramentas
para gerenciar riscos, tanto externos quanto internos. A análise de dados, a
inteligência artificial e outras tecnologias avançadas são utilizadas para prever
riscos em tempo real. Essa abordagem proativa permite que a empresa tome
medidas preventivas e minimize perdas.
Em suma, a Amazon aplica a teoria contingencial por meio da abordagem adaptativa,
personalização da experiência do cliente, gestão da complexidade e gerenciamento de
riscos. Essas práticas ajudam a empresa a se adaptar às circunstâncias específicas,
maximizar a eficiência operacional e manter sua vantagem competitiva no mercado.
4.0 Conclusão
Em resumo, a Teoria da Contingência reconhece que não há uma única forma ideal
de administração e destaca a importância de adaptar as práticas gerenciais às
circunstâncias específicas de cada organização. Essa teoria considera as organizações
como sistemas abertos, influenciados por fatores internos e externos, e enfatiza a
necessidade de análise criteriosa do ambiente para responder aos desafios e
oportunidades. Ao longo do desenvolvimento do texto, podemos notar que a Teoria da
Contingência destacou a importância da estrutura organizacional, das relações
trabalhistas, da tecnologia e da estratégia, reconhecendo também a importância da
coordenação entre os níveis organizacionais. Exemplos como a Ford e a Amazon
demonstram a aplicação bem-sucedida dos princípios dessa teoria. Em um mundo em
constante mudança, a Teoria da Contingência oferece uma abordagem flexível e
adaptativa que permite às organizações serem mais eficientes e bem-sucedidas,
compreendendo e enfrentando os desafios do ambiente empresarial.
5.0 Referências bibliografias

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