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FICHAMENTOS

LOUNSBURY, M.; BOXENBAUM E. Institutional logics in action. Research in the


Sociology of Organizations, v. 39A, 2013 p. 3-22

O trabalho inicial sobre lógicas institucionais foi o de Friedland e Alford (1991).

O campo de estudos tem crescido vertiginosamente. Os dois principais eixos de estudo


das lógicas institucionais são os Estados Unidos e os países escandinavos.

A pesquisa sobre lógicas inclui orientações qualitativas e quantitativas, além de


englobar abordagens macro-históricas e micro-processuais da realidade social.

“Research on institutional logics, seeded in North America but with contributions now
regularly produced by both European and North American scholars (almost equally),
has broadened over the past decade or so to focus not only on the effects of shifts in
dominant logics, but also on understanding the implications of plural logics and how
organizations respond to institutional complexity” (p. 4)

ACABAR DE LER

Thornton, P. H., & Ocasio, W. (2008). Institutional logics. In R. Greenwood, C. Oliver,


K. Sahlin & R. Suddaby (Eds.), The SAGE handbook of organizational
institutionalism (pp. 99–129). Thousand Oaks, CA: Sage.

As lógicas institucionais podem ser consideradas tanto uma meta-teoria quanto um


método de análise.

O campo de estudos das lógicas institucionais é vasto e possui uma infinidade de


aplicações.

O conceito de lógicas institucionais depende de um entendimento da teoria institucional


e suas análises. A teoria institucional possui duas abordagens significativas: uma
perspectiva macro, preocupada em analisar o isomorfismo da sociedade e das
organizações (MEYER e ROWAN 1977; DIMAGGIO e POWELL, 1983); e outra
perspectiva micro, focada na natureza tida como certa das instituições dentro das
organizações, permeadas pela cultura organizacional (ZUCKER, 1977). Dimaggio e
Powell rejeitaram o caráter racional das instituições, e definiram o “neo-
institucionalismo”.

Thornton e Ocasio (1999) apresentaram uma nova abordagem da análise insitucional na


qual lógicas institucionais ajudariam a explicar o conteúdo e o significado das
instituições. Essa abordagem concorda com as correntes anteriores quanto à
possibilidade das regras culturais e estruturas cognitivas moldarem as estruturas
organizacionais, porém apresenta diferenças significativas.

Seu foco não está no isomorfismo, mas nos efeitos que diferentes lógicas institucionais
implicam em indivíduos e organizações em uma variedade de contextos, incluindo
mercados, industrias, etc. Lógicas institucionais moldam comportamentos racionais e
conscientes, da mesma forma que indivíduos e atores organizacionais conseguem mudar
lógicas institucionais (Thornton, 2004). Essa abordagem promove uma ponte entre
perspectivas macro e micro institucionais.

“By providing a link between institutions and action, the institutional logics approach
provides a bridge between the macro, structural perspectives of Meyer and Rowan
(1977) and DiMaggio and Powell (1983) and Zucker’s more micro, process approaches.
Situated forms of organizing are linked with beliefs and practices in wider institutional
environments in ways that address the critique of isomorphism and diffusion studies
(Hasselbladh and Kallinikos, 2000)” (p. 100).

Definições de lógicas institucionais

Alford e Friedland (1985, 1991) desenvolveram o conceito de lógicas institucionais para


discutir como práticas e crenças contraditórias moldavam comportamentos de
indivíduos, organizações e sociedades. Para os autores, as instituições são padrões de
atividade supraorganizacionais enraizados em práticas materiais e sistemas
simbólicos pelos quais indivíduos e organizações produzem e reproduzem suas vidas
materiais e tornam suas experiencias significantes. A partir de uma concepção dualista,
eles afirmam que cada ordem institucional possui uma lógica central que guia princípios
organizacionais e constrói a identidade dos atores sociais.

Friedland e Alford (1991) discutem que existem cinco instituições principais na


sociedade: o mercado capitalista, o estado burocrático, as famílias, a democracia e a
religião. Cada uma possui uma lógica central que constrangem os meios e os fins do
comportamento individual ao passo que são constituídas pelos indivíduos, organizações
e sociedade.

Jackall (1988) definem as lógicas institucionais como os modos como o mundo social
opera. Para Jackall e Friedland e Alford, essas lógicas são personificadas por práticas e
reproduzidas por pressupostos culturais e disputas políticas.

“Thornton and Ocasio (1999: 804) defined institutional logics as ‘the socially
constructed, historical patterns of material practices, assumptions, values, beliefs, and
rules by which individuals produce and reproduce their material subsistence, organize
time and space, and provide meaning to their social reality.’” (p. 101). Esses autores
entendem que a abordagem das lógicas institucionais integra as dimensões
“estrutural, normativa e simbólica” como determinantes das instituições. (As
lógicas institucionais constrangem indivíduos e organizações nos níveis estrutural,
normativo e cultural).

É possível definir que: “to understand individual and organizational behavior, it


must be located in a social and institutional context, and this institutional context
both regularizes behavior and provides opportunity for agency and change” (p.
101-102).

Precursores

A abordagem precursora das lógicas institucionais é a abordagem das lógicas de ação


(um conjunto de lógicas que provê um contexto para a influencia social nas ações de
atores em um determinado domínio).

Alguns exemplos de autores que abordaram lógicas de ação: Fligstein (1990) “identified
three competing conceptions of control that guide the governance of large industrial
firms: the manufacturing, marketing, and finance conceptions” (p. 102). Esses conceitos
(ou lógicas), contudo, não são institucionalizados em um campo, uma vez que o foco é
na utilidade individual dos executivos que escolhem qual lógica irão operar.

DiMaggio (1991) mostrou como dois modelos diferentes estruturaram o campo de


museus de arte através de disputas de poder.

“Boltanski and Thevenot (1991) apply a taxonomy of cultural repertoires that present
different justifications of worth to understand how people disagree, compromise, and
conclude more or less lasting agreements” (p. 102-103). A cultura é um recursos social
que os indivíduos utilizam estrategicamente para justificar ações. O que é legitimado
muda de acordo com o contexto e mundo no qual a ação está inserida.

Nem toda lógica de ação é institucionalizada, de modo que não deve ser analisada como
uma lógica institucional

A meta-teoria das lógicas institucionais

“The institutional logics approach incorporates a broad meta-theory on how institutions,


through their underlying logics of action, shape heterogeneity, stability and change in
individuals and organizations”.

Os autores propõem cinco princípios que definem essa meta-teoria e possibilitam


oportunidades para desenvolvimento teórico.

A agência incorporada

A agência de indivíduos está incorporada (habilitada e constrangida por) em lógicas


institucionais. “(...) interests, identities, values, and assumptions of individuals and
organizations are embedded within prevailing institutional logics. Decisions and
outcomes are a result of the interplay between individual agency and institutional
structure (Jackall, 1988; Friedland and Alford, 1991; Thornton and Ocasio, 1999)” (p.
103).

“The embeddedness of agency presupposes the partial autonomy of individuals,


organizations, and the institutions in society in any explanation of social structure or
action (Friedland and Alford, 1991). Society consists of three levels – individuals
competing and negotiating, organizations in conflict and coordination, and institutions
in contradiction and interdependency. All three levels are necessary to adequately
understand society; the three levels are nested (embedded) when organizations and
institutions specify progressively higher levels of constraint and opportunity for
individual action” (p. 104).

“Rather than privileging one level over another, this perspective suggests that while
individual and organizational action is embedded within institutions, institutions are
socially constructed and therefore constituted by the actions of individuals and
organizations (Berger and Luckmann, 1967)” (p. 104).

Sistema como um sistema inter-institucional

A sociedade é formada por um conjunto setores societários que representam diferentes


expectativas de relações sociais para comportamentos humanos e organizacionais.
Setores institucionais podem ser: o estado democrático, o capitalismo, a família nuclear
(Friedland e Alford 1991).

“Thornton (2004: 44–45) elaborated this typology in a review of a series of empirical


studies to include six sectors – markets, corporations, professions, states, families, and
religions” (p. 104).

Ao observar a sociedade como um sistema inter-institucional é possível identificar a


heterogeneidade de agências e as contradições presentes nas diferentes lógicas
institucionais que operam esse sistema.

“Rather than positing homogeneity and isomorphism in organizational fields, the


institutional logics approach views any context as potentially influenced by contending
logics of different societal sectors. For example, the health care field is shaped by the
institutional logics of the market, the logic of the democratic state, and the professional
logic of medical care (Scott et al., 2000)” (p. 104).

As fundações cultural e material das instituições

Cada uma das ordens institucionais da sociedade possuem características culturais e


materiais. As instituições se desenvolvem e mudam como resultado da inter-relação
entre essas forças. Desse modo, a ação (agência) humana depende desse conflito ou
conformidade de lógicas institucionais constituídas por características materiais e
culturais.

Com relação ao papel da cultura na formação da ação, a abordagem das lógicas


institucionais incorpora componentes cognitivos, simbólicos e normativos da cultura.

Instituições em níveis múltiplos

Essa abordagem permite desenvolver teorias e análises em múltiplos níveis, “for


example organizations, markets, industries, inter-organizational networks, geographic
communities, and organizational fields” (p. 106).

“Theoretical mechanisms are elements of theory that operate at a different level of


analysis (e.g., individuals or organizational fields), than the main phenomenon being
theorized about (e.g., organizations or groups)” (p. 106).

Contingência histórica

As lógicas institucionais variam de acordo com o período histórico, ou seja, não são
estáticas e imutáveis.

“The objective of recognizing historical contingency as a meta-theoretical assumption is


to explore if the effects of economic, political, structural, and normative forces affecting
individuals and organizations are indeed historically contingent. Moreover, the goal is
not to develop universal theories of organizational behavior and structure but to
examine whether such theories, often assumed to be universal through time and space,
are instead particular to historical time and cultural environments (Thornton, 2004:130–
133)” (P. 109).

Lógicas institucionais como método de análise

“ (...) in our view researchers are rising to the challenges of measuring the effects of
content, meaning, and change in institutions using the institutional logics perspective. In
this endeavor, we comment on the use of event history analysis, interpretive methods,
triangulation, and ideal types” (p. 109).
“Event history models typically use historical time (not organization age) as the clock,
particularly when historical contingency is a focus of the analysis (Thornton, 2004:
126–127). They also can accommodate data at multiple levels of analysis, for example
at the individual, organizational, and environmental – making it possible to partition
material from cultural effects (DiMaggio, 1994). The challenge of measuring cultural
effects is often approached by examining how one or more of the institutional orders of
the inter-institutional system are changing in its strength of influence on individual and
organizational behavior. These types of studies require identifying a scientific boundary
to draw a population or sample for hypothesis testing – such as an industry, market, or
profession. Note that the organizational field concept is problematic in this sense, unless
it can be defined, for example as a geographic community, positional community, i.e.
CEOs of Fortune 500, or inter-organizational network” (p. 109).

Como as lógicas moldam a ação individual e organizacional

Identidades coletivas e identificação

“A mechanism by which institutional logics exert their effects on individuals and


organizations is when they identify with the collective identities of an institutionalized
group, organization, profession, industry or population (Tajfel and Turner, 1979; March
and Olsen, 1989). A collective identity is the cognitive, normative, and emotional
connection experienced by members of a social group because of their perceived
common status with other members of the social group (Polleta and Jasper, 2001).
Collective identities emerge out of social interactions and communications between
members of the social group (White, 1992). As individuals identify with the collective
identity of the social groups they belong to they are likely to cooperate with the social
group (Tyler, 1999; Brickson, 2000), abide by its norms and prescriptions (March and
Olsen, 1989; Kelman, 2006), and seek to protect the interests of the collective and its
members against contending identities (Tajfel and Turner, 1979; White, 1992)” (p. 111).

Indivíduos são membros de grupos sociais com uma identidade coletiva. Desse modo,
os indivíduos cooperam com grupos institucionalizados. Esses grupos formados por
uma identidade coletiva possuem uma lógica institucional específica que prevalece no
interior do grupo.
Disputas por status e poder

Na abordagem das lógicas institucionais, as disputas de poder e status são


condicionadas pelas institutuições prevalentes. Essas lógicas moldam e criam regras que
definem como o poder e o status são obtidos, mantidos e perdidos nas organizações.

“Social actors rely on their understandings of institutional logics in the competition for
power and status and in doing so generate the conditions for the reproduction of
prevailing logics” (p. 112).

Classificação e categorização

A classificação e categorização de categorias sociais e organizacionais é determinada


pelas lógicas institucionais.

“Given the institutionalization of categories, individuals take for granted that the
categories of organizing activity such as CEO, return on assets, human resources,
corporate governance, multidivisional structures, patents, restaurants, to name but a few
common subjects of study, are not categories that exist in nature but socially
constructed, institutional categories (Berger and Luckmann, 1967)” (p. 113).

Atenção

As lógicas institucionais moldam a atenção das organizações para determinados


fenômenos, ocorrências, prioridades e cenários.

Mudança nas lógicas institucionais

Como os atores podem mudar instituições se seu comportamento é influenciado pela


instituição que este quer mudar?

“The institutional logics approach sheds light on this problem of embedded agency by
conceptualizing society as an inter-institutional system in which logics are characterized
by cultural differentiation, fragmentation, and contradiction (DiMaggio, 1997)” (p.
115).

Existem três mecanismos de mudança de instituições.


Empreendedores institucionais

“By definition, institutional entrepreneurs can play a critical role in perceiving


institutional differentiation, fragmentation, and contradiction by virtue of the different
social locations they may occupy in the interinstitutional system and in taking advantage
of the opportunities it presents for institutional change (Thornton, 2004)” (p. 115).

“To use an analogy to the bricoler (Levi-Strauss, 1966), institutional entrepreneurs


creatively manipulate social relationships by importing and exporting cultural symbols
and practices from one institutional order to another. In theory, the different social
locations of the institutional orders bring to light different cultural tools for institutional
entrepreneurs (Thornton, 2004)” (p. 115).

“There are several mechanisms that institutional entrepreneurs use to manipulate


cultural symbols and practices, for example story telling (Zilber, 2006), rhetorical
strategies (Suddaby and Greenwood 2005; Jones and Livne-Tarandach, forthcoming),
and tool kit approaches (Swidler 1986; Boltanski and Thevenot 1991)” (p. 115).

Sobreposição estrutural

“Structural overlap occurs when individual roles and organizational structures and
functions that were previously distinct are forced into association (Thornton, 2004).
Mergers and acquisitions are an example of structural overlap when organizational
actors from divergent cultures are forced into association, triggering a change in
institutional logics guiding the firm. Structural overlap across systems with
differentiated logics creates contradiction in organizations and organizational fields,
creating entrepreneurial opportunities for institutional change” (p. 116).

Fusões e aquisições

Sequenciamento de eventos

“Event sequencing is defined as the temporal and sequential unfolding of unique events
that dislocate, rearticulate, and transform the interpretation and meaning of cultural
symbols and social and economic structures (Sewell, 1996: 844). For example, this can
be changes in cultural schemas, shifts of resources, and the emergence of new sources
of power. As noted above, because structures are often overlapping, any rupture has the
potential of cascading into multiple changes, particularly when the events are
characterized by heightened emotion, collective creativity, and ritual”. (p. 116)

Uma análise pode tratar de entender uma cadeia de eventos em diferentes décadas que
ocasianaram na mudança de uma lógica institucional determinante em um campo em
detrimento de outra.

Lógicas competitivas

Existe uma ecologia de lógicas institucionais.

“This diverse literature encompasses a wide variety of mechanisms to explain the


effects of competing logics on change, including environmental selection pressures,
political contestation, and social movements. We emphasize that competing logics are
not, by themselves, an explanation for change in institutional logics but na antecedent or
a consequence” (p. 117-118).

Research on competing logics has also


incorporated a social movement perspective.
For example, Rao, Monin, and Durand
(2003) show how social identity movements
underpin reinstitutionalization in the culinary
professions by contrasting the institutional
logics of the classic and nouvelle cuisine
movements. Change in logics and change in
the adherence to a logic take place through
four mechanisms, the sociopolitical legitimacy
of food critics as activists, the theorization
of new roles, prior defections by peers
and gains to peers, and gains to defectors as
identity-discrepant cues. In essence, institutional
logics and professions undergo change when activists gain control of professional
societies, critique the traditional logic, and
proffer a solution hinging on a new institutional
logic. Note, the theory doesn’t foreshadow
why critic activists chose to engage
in an institutional deconstruction project.
One can surmise the influence of other social
movements that are supported by other
domains in the professions and even other
institutional orders, for example the more
generic health movement. (p. 119)
Equívocos com relação às lógicas institucionais
A primeira diz respeito à justaposição entre estruturas de mercado e estruturas
institucionais. Mercados são estruturas econômicas, bem como instituições. Nesse
sentido, outras instituições (família) são baseadas em estruturas econômicas, mas não
necessariamente possuam ligação com a lógica de mercado.

“Second, institutional logics do not emerge from organizational fields – they are locally
instantiated and enacted in organizational fields as in other places such as markets,
industries, and organizations” (p. 119). Estas emergem de conjuntos de instituições
maiores.

A ordem institucional delimita os tipos de campos organizacionais.

FAZER LEITURA DE CONCLUSÃO.

COSTA, M. C; MELLO, C. M. Mudança e Lógicas Institucionais: Panorama e Proposta


de Conciliação Entre Três Diferentes Abordagens Institucionalistas. In: VII EnEO 2012,
Anais. Curitiba, 2012.

Como e por que as instituições mudam?

As três abordagens dominantes da teoria institucional se propõem a discutir essa


mudança, contudo ainda esbarram em problemas e contradições relevantes. Essas três
abordagens são: institucionalismo sociológico, perspectiva da escola racional e
institucionalismo histórico.

“Na perspectiva sociológica, a mudança institucional, conforme sugerem Garud, Jain e


Kumaraswamy (2002), ocorre no momento em que uma lógica institucional alternativa
substitui a lógica prevalecente” (p. 3).

Lounsbury, Michael. (2007). A Tale of Two Cities: Competing Logics and Practice
Variation in the Professionalizing of Mutual Fund. Academy of Management Journal,
50, 289-307.

O foco em lógicas institucionais concorrentes, conforme aponta com Lounsbury


(2007, p. 289), redirecionou os estudos da área, que “antes enfatizavam o conceito de
isomorfismo e segregação das forças institucionais e técnicas”, e passaram a enfatizar a
compreensão de como o conflito entre múltiplas lógicas institucionais serve de suporte
para a
mudança. (p. 3)
Nos últimos anos, tem sido compartilhada pelas três abordagens a ideia de que
instituições são composições de “elementos culturais-cognitivos, normativos e
regulativos que
juntamente com atividades e recursos associados, fornecem estabilidade e significado à
vida
social” (Scott, 2001, p. 48).

para pesquisadores da abordagem sociológica, a mudança institucional ocorre


quando uma lógica institucional alternativa substitui a lógica prevalecente (Garud et al,
2002),
dentro de um contexto espaciotemporal. As lógicas institucionais são construídas
socialmente
(Friedland & Alford, 1991; Thornton, 2002; Shipilov, Greve & Rowley, 2010), definem
normas, valores e crenças que estruturam a cognição dos atores nas organizações e
proporcionam uma compreensão coletiva de como interesses estratégicos e decisões são
formuladas (Thornton, 2002; Shipilov et al, 2010). Tais lógicas podem ser melhor
compreendidas dentro de um contexto histórico (Thornton, 2002) espaciotemporal, de
práticas
materiais e simbólicas que constituem os princípios institucionais (Scott, 2008). (p. 6)

Neste sentido, estudos têm demonstrado que algumas práticas institucionais e estrutura
imbricam diferentes atores que possuem diferentes backgrounds, resultando assim em
diferentes atribuições de significados e efeitos institucionais, possibilitando a mudança
por meio de diferentes mecanismos (Thornton, Ocasio & Lounsbury, 2012).
Consideramos que, não necessariamente restringindo lógicas institucionais como
propulsora da mudança por meio de ambiguidades de regras, mas, é por meio das
múltiplas racionalidades em jogo no contexto institucional que surge a possibilidade de
bricolagem entre as lógicas institucionais vigentes e por ventura, a mudança
institucional. Assim, apresentamos na próxima seção, o conceito e os constituintes de
lógicas institucionais. (p. 6)

Novas lógicas (que pressupõem mudança institucional), conforme ressaltam Purdy e


Gray (2009), são transmitidas por empreendedores institucionais, promovendo novas
práticas
organizacionais, ratificadas pelas instituições existentes. Longe de sugerir uma trajetória
linear, os resultados da pesquisa sugerem que os modelos de institucionalização
necessitam
refletir padrões complexos de movimentos políticos e reações entre os diferentes níveis
de
ação que compõem estes processos (Purdy & Gray, 2009). Reiteramos, não apenas no
que se
refere aos modelos de institucionalização, como também aos processos de
desinstitucionalização de ações, normas, padrões e práticas organizacionais.

É importante salientar que sobre lógicas institucionais, recentes pesquisas (Greenwood


et al., 2011; Purdy & Gray, 2009) tratam de mútiplas lógicas confitantes e
complementares
que interagem entre si, afastando-se da ideia de lógicas dominantes. Essas lógicas
múltiplas
podem ser ou não mutuamente incompatíveis. (p. 13)

QUATTRONE, P. Governing Social Orders, Unfolding Rationality, and Jesuit


Accounting Practices: A Procedural Approach to Institutional Logics. Administrative
Science Quarterly, Vol. 60, n. 3, pp. 411-445, 2015.

the development of modern accounting and its power of rationalization


(Weber, 1956; Carruthers and Espeland, 1991) took place in a cultural
context in which visual rhetorical representations were not aimed at providing
factual objectivity but were instead incomplete ways to classify, order, and
invent arguments for endless theological debates.

A retórica da contabilidade moderna não surgiu a partir de uma ação premeditada,


voltada a uma objetividade factual. Ao contrário, a linguagem que os Jesuítas utilizavam
era direcionada à discussões teológicas. Tal fenômeno mostra a dinamicidade de certas
lógicas institucionais.

As lógicas institucionais have been increasingly used to


illustrate the historical contingency of institutions and the dynamics of organizational
fields (Greenwood et al., 2011). (p. 413)

A contabilidade era uma instituição que representa a racionalidade (é taken for granted)

Práticas espirituais e práticas administrativas eram fundamentais para o entendimento da


contabilidade na ordem jesuíta. No trabalho foram estudadas as práticas de cuidado
espiritual e a contabilidade administrativa e registro.

The case of the Society of Jesus provides historical material to speculate systematically
on how the logic informing Jesuit behavior is inconsistent with a
substantive notion of logic, i.e., a logic with specific and fixed beliefs and
assumptions.

The Jesuit way was founded


in a constellation of ways of knowing rather than in a single or even hybrid logic
informing organizational and individual behaviors.
OLIVEIRA, J. S.; MELLO, C. M. As Lógicas Institucionais no Campo Organizacional
Circo Contemporâneo: uma Etnografia Multissituada no Contexto Brasil-Canadá.
ENANPAD 2014.

“Suddaby
(2010) ressalta que pouco esforço tem sido dispendido pelos pesquisadores
institucionais para
compreender como as instituições funcionam por meio da influência e da agência dos
atores
sociais.”

“deve-se compreender o contexto social e institucional que tanto regulariza


comportamentos como oportuniza a agência e a mudança (Thornton & Ocasio, 2008).

As autoras utilizaram a abordagem das lógicas institucionais para o estudo da


transformação do campo organizacional das artes circenses.

CRUZ, G. Lógica institucional e a mudança inovadora em campos institucionais: as


transformações no campo vitivinícola gaúcho. ENEO 2014
BONFIM; GONÇALVES. Lógicas institucionais no estudo da estratégia como prática:
uma proposta de relação entre o conceito e a abordagem. 2013.

É possível relacionar pontos de encontro da perspectiva da estratégia como prática e da


abordagem das lógicas insitucionais.

“[...] acredita-se que as lógicas institucionais podem contribuir de forma significativa ao


explicar os fenômenos extraorganizacionais e interorganizacionais que influenciam as
práxis e as práticas estratégicas” (p. 1).

As lógicas podem explicar o que os estrategistas fazem e o porquê fazem de uma certa
maneira e não de outra, não dependendo do cálculo e do resultado econômico strictu sensu.
Além disso, auxilia a demonstrar que as decisões e as ações estratégicas são tomadas sob
influência de um arranjo de lógicas institucionais, mesmo que não relacionadas ao trabalho
estratégico em si; possibilita entender o fenômeno da sobreposição de identidades sociais
orientando suas decisões devido a um sistema interinstitucional e ilustra que os conflitos
causados pela pluralidade e a complexidade envolvida no sistema de lógicas institucionais
podem ser resolvidos através de relações de poder e negociaçao que mudam as práticas
estratégicas e consequentemente as lógicas envolvidas naquele campo.

As instituições possuem lógicas de ação e influência constituídas por conjuntos de práticas


materiais e construções simbólicas (FRIEDLAND; ALFORD, 1991).

Tais lógicas influenciam na construção da racionalidade dos atores, orientando seus


interesses e ações em um dado contexto institucional.

Destaca-se, também, o caráter recursivo das lógicas e o fenômeno da agência imersa


(embedded agency). Da mesma forma que essas ordens influência o comportamento e as
práticas humanas, as instituições são construídas socialmente a partir da ação desses
indivíduos.

O ambiente institucional é constituído por uma pluralidade de lógicas que muitas vezes são
conflituosas ou complementares, podendo coexistir e influenciar de forma híbrida o
comportamento e ação dos praticantes.

Ressalta-se que lógicas conflitantes podem ser sustentadas por grupos de interesse
diferentes.

A metateoria das lógicas institucionais (Thornton; Ocasio, 2008) utiliza a noção de campo
organizacional para se referir ao conjunto de agentes e organizações nos quais as lógicas
exercem influência.

“A definição de campo usualmente adotada nos estudos institucionais fundamenta-se no


entendimento de DiMaggio e Powell (1983: 148), que consideram ser a unidade de análise
composta por “organizações que, em conjunto, constituem uma área reconhecida de vida
institucional: fornecedores chaves, consumidores de recursos e de produtos, agências
reguladoras, e outras organizações que produzem serviços ou produtos similares”, aliadas à
definição de Scott (1994: 204f), que considera o campo como sendo “uma comunidade de
organizações que compartilham de um sistema de significados comum, da qual os
participantes interagem mais frequente e necessariamente entre si do que com atores de fora
do campo” (p. 6).

Contudo, a definição de campo organizacional proposta pelos autores é a de que,

[...] partindo do pressuposto que as lógicas institucionais constituem “o


princípio de organização do campo” (Westenholtz, 2009: 285), assume-se
campo organizacional como constituído pelo grupo de atores que (1) operam
no mesmo domínio (Scott, 2005), (2) com suas ações sob orientação de um
mesmo conjunto de lógicas institucionais – seja por uma única lógica
dominante, seja por lógicas múltiplas e concorrentes (R. E. Meyer, 2008), (3)
compondo uma rede de interdependência mútua, tanto cooperativa quanto
competitiva (Delmestri, 2009), (4) fornecendo tanto recursos para a
realização dos objetivos dos atores, quanto limitação às suas oportunidades
(Beckert, 2010) (BONFIM; GONÇALVES, 2013 p. 8).

SAP

A virada prática foi idealizada por Theodore Schatzki (2001), “que propôs a definição
de um campo de práticas, i.e., “a total relação de práticas humanas interconectadas”,
argumentando pela importância da pesquisa em tal campo no qual ocorrem ‘fenômenos
como conhecimento, significado, atividade humana, ciência, poder, linguagem,
instituições sociais, e transformações históricas (...)’” (p. 9).

Praticantes: atores que recorrem à prática para agir (JARZABKOWSKI, 2004). Atores
que estejam envolvidos na estratégia.

Práxis:

“Deste modo, é válido inferir que há um ponto cego no estudo da estratégia como
prática, que é a análise de um nível além da práxis – tratada como a menor unidade de
análise social (Reckwitz, 2002): o nível da ação individual. Neste nível os agentes,
resgatando na definição aqui adotada de praticantes, agem intencionalmente (Chia &
Rasche, 2010), i.e., eles “refletem deliberadamente em quais os meios mais eficientes
para atingir seus fins” (Pouliot, 2008: 257) antes mesmo de estarem inseridos na práxis
estratégica. Este texto não tem o objetivo de pregar a adoção de uma visão utilitarista e
atomística da ação individual, entretanto acredita-se que a estratégia está altamente
relacionada à intencionalidade, à racionalidade e à reflexividade do sujeito, sendo,
talvez, o fato que diferencia o estudo da estratégia como prática do estudo das demais
práticas cotidianas, em especial daquelas esvaziadas de conteúdo, que consomem tempo
e esforços, mas que não vão além de mitos e cerimônias (J. W. Meyer e Rowan, 1977)”
(p. 10-11).

Relações entre Lógicas e SAP

O campo organizacional é o principal nível de análise da pesquisa em Lógicas


insituticionais.

Os praticantes da estratégia operam todos em um mesmo campo, é possível dizer.

A ação do indivíduo é influenciada por um conjunto de lógicas que podem ser


conflitantes ou complementares entre si. Não é possível que uma pessoa ou coletividade
seja direcionada a uma única lógica institucional durante toda a sua trajetória,
desconsiderando o contexto sócio-histórico.

Goodrick e Reay (2011) discutem a existência de constelações de lógicas, um conjunto


de ordens que obedecem a um padrão e que podem exercer influência por um longo
período de tempo e caracterizar um campo.

“Acredita-se que ao se estudar a estratégia como prática, ou os praticantes da estratégia,


longitudinalmente, há a possibilidade de encontrar os traços das lógicas não consideradas
por Goodrick e Reay (2011), pois, mesmo que esteja no contexto corporativo, o estrategista
não deixa de ter suas ações e decisões orientadas, por exemplo, pelos seus princípios
religiosos ou pelos princípios morais que carrega desde o princípio de sua socialização
primária.” (P. 14)

“Não cabe a este trabalho ignorar o fato de que realmente os praticantes tomam as práticas
estratégicas como modelos de ação (Jarzabkowski, 2004) – e.g. a prática X é a ideal para
que se resolva problema Y no contexto C (logicamente inspirado em Searle, 1995) –,
entretanto esse comportamento caracteriza-se pelo conteúdo racional e material da decisão
(March & Olsen, 2006). O que está além da prática é a porção cognitiva e simbólica da
ação, sendo que a mesma não pode ser percebida, sequer explicada pelo praticante no
momento da sua práxis estratégica” (p. 14)

As lógicas institucionais influenciam na construção de sentido e na racionalização do


indivíduo que o leva a tomar certos direcionamentos na tomada de decisão.

“Assim, ao se estudar a estratégia como prática como um campo permeado – e porque


não, delimitado – pelas lógicas institucionais, pode-se entender não apenas o que os
estrategistas fazem (Jarzabkowski, 2004; Whittington, 2006), mas também entender o
porquê de o fazerem de modo A invés de um modo B ou N (...), considerando que os
diferentes tipos de ação poderiam levar ao mesmo resultado. Reitera-se que a resposta
reside no fato de que a ação realizada pelo praticante não é “uma escolha entre
possibilidades ilimitadas, mas entre um conjunto de opções legitimadas estritamente
definidas” (Wooten & Hoffman, 2008: 130). Mas afinal, como são definidas tais
opções? Argumenta-se que elas são definidas pelo conjunto das lógicas que orientam as
ações do campo no qual o praticante está imerso, aliadas às demais lógicas que moldam
o self do indivíduo ao longo da sua existência. Tal assertiva deve ser foco de análises
empíricas que possam explicar a ação do estrategista, não apenas com foco na sua
racionalidade e conhecimento das práticas estratégicas – seja ele tácito ou explícito –,
mas também através da análise das lógicas que permeiam o campo no qual as práxis
estratégicas ocorrem” (BONFIM; GONÇALVES, 2013 p. 14-15).

As lógicas auxiliam a entender ação dos praticantes e consequentemente a práxis e as


práticas estratégicas, bem como são legitimadas, quando há a comparação entre as
mesmas práticas exercidas por diferentes atores, que tenham se relacionado ou não.
Essas lógicas criam diferentes elementos simbólicos que constituem a identidade social
dos praticantes, a depender do papel social que desempenham, e que recorrem a certos
vocabulários e narrativas para escolher qual prática deve adotar baseado em sua
identificação, o que leva a tomada de decisão para certos rumos e não outros.

“A relação aqui defendida, da identidade social moldada pelas lógicas institucionais,


caracteriza-se mais ao nível de orientação das escolhas e ações individuais, buscando
uma alternativa para a lacuna apontada a partir da literatura da estratégia como prática.
Deste modo, é possível apontar que a ação dos estrategistas no seu dia-a-dia é orientada
pelas práticas estratégicas, que aqui se chamou de conteúdo material da decisão (March
& Olsen, 2006), relacionados à racionalidade, à reflexividade e à intencionalidade do
sujeito coforme o proposto por Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007), mas é também
orientada pelas lógicas institucionais – que seria o conteúdo simbólico (Thornton &
Ocasio, 2008) e cognitivo – que moldam tanto a identidade dos praticantes (R. E. Meyer
& Hammerschmid, 2006), quanto às práticas nas quais baseiam as suas ações e
decisões” (p. 16)

“Conforme argumentado, as escolhas e decisões dos indivíduos são baseadas pelo


conjunto de lógicas institucionais presentes no contexto no qual estão inseridos, com as
quais se identificam socialmente – no caso, a práxis estratégica, adotando determinadas
práticas estratégicas – e as lógicas institucionais que moldaram o self do estrategista ao
longo de sua existência – instituições religiosas, familiares, profissionais, culturais,
entre outras. Assim sendo, cada ator que compõe a práxis estratégia (lembrando que
esses atores podem ser tanto intra como extraorganizacionais, como consultores) pode
possuir, além de interesses e objetivos distintos (Jarzabkowski, Balogun & Seidl, 2007),
orientação das suas ações e decisões por conjuntos de lógicas muito particulares, de
modo que podem ocorrer conflitos não apenas de interesse, mas entre as lógicas
institucionais (Pache & Santos, 2010; Purdy & Gray, 2009) que orientam a ação de cada
ator interagente. [...] as relações de poder devem determinar qual conjunto de lógicas
institucionais vai se sobressair, orientando a tomada de decisão do grupo estratégico de
modo que o conflito pode demandar concessões, negociações e formas híbridas das
lógicas (Haveman & Rao, 2006), possibilitando a mudança nas práticas e,
consequentemente, a possibilidade de mudança institucional (Johnson, Smith &
Codling, 2010). (p. 16-17)
“os praticantes, no momento em que vão realizar suas ações individuais, são orientados
inconscientemente pelas lógicas institucionais e reflexiva e intencionalmente pelas
práticas que tomam como certas. A partir desse conjunto de ações individuais os
praticantes formam as práxis, de modo que as práxis são capazes de moldar novas
práticas estratégicas. Tais práticas estratégicas trabalham em uma relação recursiva
entre a práxis e as lógicas institucionais, pois são constituídas por lógicas institucionais,
ao mesmo tempo em que as lógicas institucionais são produzidas e reproduzidas através
das práticas adotadas nas práxis estratégicas e, consequentemente, das ações dos
praticantes da estratégia. A escolha de qual prática será adotada pelo praticante é
dependente da identidade social, que o tornará mais propenso a se identificar e adotar a
prática A, invés de uma prática B ou N (...), sendo possível, então, identificar não
apenas o que os praticantes fazem, mas o porquê de fazerem do modo escolhido. A
tomada de decisão será então realizada durante a práxis estratégica, de forma que os
conflitos são resolvidos ou por relações de poder – indivíduos ou grupos que defendem
determinada lógica conseguem se impor – ou por meio de concessões e negociações,
que acarretarão novas práticas, as quais poderão moldar novas lógicas institucionais” (p.
18)..

“a noção de campo foi utilizada para demonstrar que uma vez que a estratégia pode ser
caracterizada como um campo, a mesma pode ser vista como um sistema interinstitucional
permeado por uma constelação de lógicas institucionais que moldam as decisões
estratégicas dos profissionais da estratégia (os praticantes)” (p. 19).
SANTOS, Manoela Silveira dos. Instituições e Estratégia como Prática: uma análise
das estratégias de aquisição de matéria-prima dos produtores de biodiesel da Região Sul
do Brasil. 2013. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – UFRGS.

“Ao tomar como base a Teoria Institucional para o estudo das estratégias, além de
considerar que as estratégias organizacionais podem ser influenciadas pelas instituições,
numa perspectiva mais recente da Teoria, também se reconhece a interconexão existente
entre as instituições e as ações dos agentes, revelando a ligação bidirecionada do
contexto macro (instituições) e micro (ações dos agentes), uma vez que as estratégias,
ao mesmo tempo em que recebem restrições e direcionamentos das instituições, agem
sobre elas reforçando-as ou alterando-as. Mesmo reconhecendo a existência de uma
relação bidirecionada entre instituições e estratégias, a Teoria Institucional não é capaz
de explicar sozinha este fenômeno por ter um enfoque maior no aspecto macro da
relação. Para tanto, faz-se necessário incorporar ao estudo deste problema elementos de
outra abordagem da estratégia que também reconheça esta ligação e venha a contribuir
com a compreensão do microcontexto” (p. 15).

A relação entre a Teoria Institucional e a Estratégia como Prática possibilita reconhecer


a atividade organizacional e a estratégia como uma construção constituída pela
interação entre aspectos macro (instituições) e aspectos micro (agência humana) do
strategizing. Além disso, ambas as abordagens entendem o indivíduo como um ator
social.

Em um campo organizacional coexistem diferentes instituições, sendo algumas mais


fortes do que outras.

Assim, Santos (2013 p. 16) procura responder às seguintes questões: “Como é a relação
entre as instituições e as estratégias organizacionais? Quais são os efeitos das
instituições sobre as estratégias, e os destas sobre as instituições?”

A perspectiva institucional contribui para a “inclusão do ambiente como centro para as


explicações dos fenômenos organizacionais, dando destaque às instituições no papel de
restringir e permitir a ação organizacional e, também, com o preenchimento do outro
lado da equação que representa o fenômeno da estratégia organizacional, que é a
influência da ação dos sistemas de significados objetivos e externos ao indivíduo” (p.
17).

A tomada de decisão e as estratégias são construtos humanos, desenvolvidos pela


interação humana, da mesma forma que recebem influências de um quadro institucional
externo.

“Ao longo da década de 1990, a análise da estratégia também recebeu insights de


diferentes direções da Sociologia, dentre elas a Teoria da Prática e a Teoria
Institucional. Ao reforçar o papel do homem como agente de ação e como indivíduos
que praticam, a Teoria da Prática fundamenta a visão da Estratégia como Prática, que
ganhou força nesta década; já a Teoria Institucional, no final dessa década, ressaltou o
papel das instituições na ação estratégica organizacional, dando origem ao uso da
Abordagem Institucional na compreensão da estratégia” (SANTOS, 2013 p. 24).
A inter-relação entre a Estratégia como Prática e a Abordagem Institucional no estudo
da estratégia organizacional.

“Nesse sentido, alguns autores da SAP se utilizam da Teoria Institucional como fonte
teórica para explicar e compreender a dinâmica do macrocontexto e sua interação com o
micro (WHITTINGTON, 2006; AMARAL FILHO; MACHADO-DA-SILVA, 2006;
JARZABKOWSKI, 2004; WILSON; JARZABKOWSKI, 2004).” (p. 25)

Tanto a SAP quanto a Teoria Institucional entendem o indivíduo como um ator social,
de modo que a “formulação da estratégia vai além dos elementos psicossociais,
incorporando as regras e normas de funcionamento da sociedade, objetivadas na prática
construída socialmente” (AMARAL FILHO; MACHADO-DA-SILVA, 2006, p. 7).

Visão baseada na instituição (tripé da estratégia juntamente com a RBV e a visão


baseada na indústria, na competição) (PENG et al. 2009).

A abordagem institucional na compreensão da estratégia

Rouleau e Sègun (1995) desenvolvem um estudo e classificam as correntes de


pensamento em estratégia como base nos direcionamentos de seus discursos com
relação aos indivíduos, organização e ambiente. Dessa forma, existem quatro
formas/discursos/visões de estratégia: clássica; contingencial; sociopolítico; e
sociocognitivo. Santos (2013) argumenta que outra perspectiva dos estudos de estratégia
refere-se à Abordagem Institucional, que vê o ambiente como uma construção permeada
por normas e costumes culturais, formais e informais, que influenciam o
comportamento dos indivíduos e nas estratégias organizacionais.

“Na Abordagem Institucional, o ambiente volta a ser o centro para as explicações dos
fenômenos organizacionais, dando destaque às instituições no papel de restringir e
permitir a ação organizacional e, atualmente, mostrando a ligação entre agente, agência,
instituição e mudança institucional, como na visão recursiva da instituição e ação. Essa
abordagem contribui com o preenchimento do outro lado da equação do fenômeno da
estratégia organizacional, que é a influência dos sistemas de significados objetivos e
externos ao indivíduo na ação (FONSECA; MACHADO-DA-SILVA, 2010)”
(SANTOS, 2013, p. 32).

“Na Abordagem Institucional, o ambiente volta a ser o centro para as explicações dos
fenômenos organizacionais, dando destaque às instituições no papel de restringir e
permitir a ação organizacional e, atualmente, mostrando a ligação entre agente, agência,
instituição e mudança institucional, como na visão recursiva da instituição e ação. Essa
abordagem contribui com o preenchimento do outro lado da equação do fenômeno da
estratégia organizacional, que é a influência dos sistemas de significados objetivos e
externos ao indivíduo na ação (FONSECA; MACHADO-DA-SILVA, 2010)” (p. 32).
Teoria institucional

O institucionalismo sociológico entende que a realidade é construída e percebida por


meio de elementos simbólicos e interpretativos. Os fenômenos que constituem o
ambiente institucional influenciam na ação e orientação de indivíduos, grupos,
organizações e das relações que permeiam o Estado. O ambiente não é apenas um
armazém de recursos e metas de saída das organizações, mas são também fonte de
significação para seus membros.

A atividade organizacional é permeada pelos ambientes técnico e institucional.

Para Santos (2013 p. 35) as instituições são “estruturas sociais compostas por elementos
culturais, normativos e regulativos que as legitimam, fornecendo estabilidade e
significado para a vida social”. Ou conforme Scott (2001) são estruturas sociais
multifacetadas e duráveis formadas por elementos simbólicos, atividades sociais e
recursos materiais, sendo relativamente resistentes a mudanças.

Instituições são formadas por três pilares ou elementos: regulativos (regras e normas
que promovem sanções ou premiam um bom comportamento; seu mecanismo de
controle é a coerção); normativos (valores, crenças e normas socialmente aceitos que
promovem a legitimidade de uma ação) e cognitivo-culturais (quadro de significados
construídos por grupos que legitimam a instituição e que consequentemente formam
regras e costumes). Assim, a institucionalização é a transformação de valores, costumes
e ações em regras culturais que promovem a legitimidade da ação de outros indivíduos.
Ao longo do tempo, ou gerações, tais regras passam a ser rotinizadas e amplamente
aceitas, assumindo um caráter natural.

As pressões são transmitidas ao campo via portadores institucionais, que são os sistemas simbólicos, os
sistemas relacionais, as rotinas e os artefatos. Os sistemas simbólicos são um fenômeno social externo aos
atores que consiste em esquemas simbólicos diversos, tais como os modelos, as classificações, as
representações e as lógicas, pelos quais as informações são codificadas e transmitidas no campo e nas
organizações, além de representarem um fenômeno social externo a qualquer ator; também são os frames
cognitivos e as crenças internalizadas que variam conforme o grau de institucionalização. Já os sistemas
relacionais incluem as ligações interpessoais e interorganizacionais e estão associados aos padrões
esperados de comportamento conectados a redes de posições sociais ou papéis sociais, enquanto as rotinas
são os comportamentos habituais que refletem o conhecimento tácito mantido e transmitido pelos atores e
estão associadas à estabilidade do comportamento organizacional. Por fim, os artefatos são os materiais
culturais criados pela ingenuidade humana para assessorar a execução das tarefas; ou seja, estão
relacionados às tecnologias utilizadas pelas organizações e têm como objetivo facilitar o desenvolvimento
das tarefas.

Alguns autores no escopo da teoria institucional discutem os efeitos da busca pela


conformidade e legitimação que as organizações se submetem, mostrando como efeitos
coercitivos, normativos e culturais provocam o isomorfismo entre empresas e as
contradições e conflitos junto ao ambiente técnico (causados pelo caráter isomórfico do
ambiente institucional) (DIMAGGIO; POWELL, 1983; MEYER; ROWAN, 1977).

Entretanto, correntes mais recentes no estudo da teoria institucional procuram


evidenciar que a relação de conformidade e isomorfismo não é determinada, mostrando
como a agência das organizações é capaz de transformar instituições e gerar mudança.

O processo de institucionalização toma como referência Berger e Luckmann (2004) e


Tolbert e Zucker (2010). Estes últimos entendem o processo como constituído por três
etapas: habitualização (criação de novas estruturas, inovação, que leva a pré-
institucionalização); objetificação (a generalização das estruturas para além de seu
ponto de origem, gerando consenso na organização, semi-institucionalização); e a
sedimentação (propagação das estruturas e disseminação de uma geração para outra, ao
longo do tempo,
Santos (2013) argumenta que para alguns autores, a institucionalização é um processo
contínuo e recursivo, de modo que procuram superar o dualismo entre estrutura e
agência, reconhecendo o papel da ação humana na institucionalização e vice-versa. Para
isso, muitos pesquisadores tem como referência a Teoria da Estruturação de Anthony
Giddens.

As instituições condicionam a utilização de práticas. Tais instituições, conforme Barley


e Tolbert (1997) são promulgadas por scripts. Ressalta-se que alterações no contexto, de
origem tecnológica, mercadológica, política, etc., podem fazem com que os atores ajam
de maneira reflexiva e questionem os padrões institucionalizados, promovendo mudança
institucional.

O campo organizacional

As organizações inseridas em um campo partilham de um sistema de significados e


símbolos que foram institucionalizados (SCOTT, 2001).

“O campo organizacional representa as organizações que, em conjunto, constituem uma


área reconhecida de vida institucional em que estão presentes os principais
fornecedores, os consumidores de recursos e produtos, as agências reguladoras e outras
organizações que produzem produtos e serviços similares (DiMAGGIO; POWELL,
2005)” (p. 45). Além disso, o campo determina as práticas específicas e a maneira como
serão produzidas e disseminadas entre as organizações. É um sistema de referência e
relacionamentos.

“A estruturação dos campos organizacionais passa pela construção de regras


constitutivas e compartilhadas que delineia categorias, fronteiras e tipificações que lhe
darão uma identidade de campo (SCOTT, 2001). A partir da estruturação dos campos é
institucionalizado um esquema interativo preponderante, que se torna coletivamente
aceito e reproduzido, originando um padrão coerente de ação que pode vir a se tornar a
lógica dominante do campo (DiMAGGIO; POWELL, 2005; MEYER; ROWAN,
1977)” (SANTOS, 2013 p. 46).

“O campo organizacional tem suas atividades norteadas por múltiplas lógicas


institucionais, além de receber influências das duas facetas do ambiente (técnica e
institucional) (SEO; CREED, 2002; BATTILANA, 2006; FONSECA; MACHADO-
DASILVA, 2010) que imprimem demandas distintas às organizações pertencentes ao
campo, orientando suas ações e podendo gerar conflitos que talvez venham a ser o
estopim para a mudança institucional”(p. 47).

As práticas e estratégias desenvolvidas em um campo visam a legitimação. Contudo as


pressões institucionais e isomórficas não são iguais e determinantes para todas as
organizações do campo. Uma série de fatores e aspectos diferenciam esta influência.
Um campo é constituído por uma multiplicidade de instituições que gera conflitos e
promovem uma discricionariedade na ação das organizações, de modo a evidenciar o
papel da agência nesse contexto. Oliver (1991) apresenta um conjunto de possíveis
estratégias de resposta a pressões institucionais que vão desde a conformidade total a
um cenário de desafio e manipulação de tais pressões. Lawrence, Suddaby e Leca
(2009) também discorrem sobre a relação entre a pressão institucional e a ação,
classificando três formas de trabalho institucional: criando instituições, mantendo
instituições e rompendo instituições.

A adequação às pressões institucionais também está relacionada a aspectos


intraorganizacionais.

“Percebe-se que, para a Teoria Institucional, mesmo que haja possibilidade e a


organização opte por não se conformar às pressões institucionais por meio do
isomorfismo, ainda assim essas pressões, os mitos racionalizados e a lógica institucional
farão parte do processo de decisão e formulação estratégica da empresa. Desta forma,
supõe-se que as respostas estratégicas de um ator se dão em função de sua sensibilidade
em relação à pressão, no sentido de como recebe seus impactos, e do uso do poder de
agência em relação à pressão (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; CRUBELATTE,
2010, ALBINO et al., 2010; GRAEFF et al., 2010)” (SANTOS, 2013 p. 53).

A relação entre a agência e o arranjo institucional (e as pressões institucionais) deve


considerar a existência de esquemas interpretativos, ou seja, a postura de conformidade
ou desafio às pressões são influenciadas pela leitura dos atores organizacionais por meio
de esquemas interpretativos (valores, crenças e interesses orientadores da maneira como
aspectos internos e externos da organização são percebidos).

Agente, agência e mudança institucional

Estudos recentes da Teoria Institucional tem reconhecido o caráter complexo dos


campos organizacionais e da pluralidade de instituições, muitas vezes contraditórias, de
modo que as pressões institucionais não provocam efeitos iguais em todas as
organizações do campo. Tal percepção auxilia no entendimento da mudança
institucional e na explicação da diversidade em organizações.

“No que tange à conformidade das organizações em um mesmo campo organizacional, diversos autores
reconhecem que ela é apenas uma das possíveis respostas organizacionais frente às pressões institucionais
(OLIVER, 1991; 1992; CHILD, 1997; BECKERT, 1999; SCOTT, 2001), uma vez que existem conflitos
entre as regras institucionais, por vezes contraditórias, não havendo coerência, e pelo fato de as
organizações não serem igualmente sujeitas aos processos institucionais que estão ocorrendo no campo
(BECKERT, 1999; GREENWOOD; HININGS, 1996; GOODSTEIN, 1994; SCOTT, 2001). Com isso, as
regras institucionais não promovem uma resposta unânime pela qual os agentes deveriam atuar, fazendo
com que a característica conflitante das regras taken-for-granted resulte na necessidade de
comportamentos discricionários (BECKERT, 1999; GOODSTEIN, 1994) ou até mesmo em modificações
ou no desaparecimento das instituições (DACIN; GOODSTEIN; SCOTT, 2002).” (p. 59)

“a agência passa a ser importante dentro da noção de complexidade e conflito das regras
institucionais, fazendo com que surjam comportamentos discricionários entre os
agentes. Aqui, a agência surge a partir da existência de pressões contraditórias de
diferentes instituições e de tensões internas entre traços sociopsicológicos de
personalidade. Desta forma, a diversidade de ação deriva das fontes exógenas e da
percepção, da interpretação e das representações das lógicas institucionais por parte dos
atores, que fornecem significado e vida às instituições (DACIN, GOODSTEIN;
SCOTT, 2002)” (p. 59).

Além disso, a ideia de empreendedor institucional é importante para o entendimento da


agência e da mudança institucional MAGUIRE; HARDY; LAWRENCE, 2004. “Seo e
Creed (2002) enfatizam a habilidade do agente em mobilizar artisticamente diferentes
lógicas institucionais e recursos apropriados a eles, presentes no ambiente institucional
contraditório, de forma a atender seus próprios interesses” (SANTOS, 2013 p. 60).

“É importante notar que o agente é um indivíduo que avalia o contexto e age no


ambiente institucional conforme seus esquemas interpretativos e os scripts existentes,
atuando como um agente psicossocial que apreende a realidade por meio de
categorizações mentais que utiliza para reconhecer e entender as situações e os eventos
que ocorrem no ambiente (FONSECA; MACHADO, 2010; HUFF, 1990; GIMENEZ;
HAYASHI JUNIOR; GRAVE, 2007)” (p. 60).

Com relação à incorporação da agência na Teoria Institucional,

“O resgate da agência na abordagem institucional, além de encorajar a atenção para


processos interativos que ocorrem entre atores em campos organizacionais na medida
em que eles se engajam na interpretação, sensemaking, tradução e negociação de
atividades (SCOTT, 2005), também traz argumentos em favor de um papel mais
proativo para atores individuais e organizacionais. Esta última contribuição vem da
aplicação de abordagens recursivas no âmbito da Teoria Institucional, pelas quais se
admite a influência dos atores sobre as estruturas (bottom up) e a mudança institucional.

O modelo recursivo da institucionalização auxilia na compreensão do papel do agente e


da agência ao discutirem a forma como a ação ocorre por meio do agente e a
importância deles no processo de institucionalização e da mudança institucional,
esclarecendo a ligação entre as ações e as instituições. Trata-se, assim, de reconhecer
que as instituições, ao mesmo tempo em que são propriedades estruturantes dos
sistemas sociais, também são estruturadas a partir das práticas sociais dos atores, num
sentido de interdependência recursiva de ação e estrutura (GIDDENS, 2003)” (p. 62).

As instituições são propriedades de um sistema social, de modo que precisam ser


constantemente reproduzidas por meio de práticas sociais (GIDDENS, 2003). Assim, as
instituições, além de dirigir o contorno da ação social, é transformada por esta, se
automodificando ao longo do tempo e auxiliando no entendimento da mudança
organizacional (institucional).

“Dentro do contexto da mudança institucional, Scott (2001) destaca a importância de se


estudar o processo de desinstitucionalização, já que o enfraquecimento e o
desaparecimento de um conjunto de crenças e práticas estão provavelmente associados à
legitimação de outras novas” (p. 63).

A desinstitucionalização pode ocorrer por meio de pressões políticas, pressões


funcionais e pressões sociais, decorrentes tanto das organizações quanto do ambiente.

Para Seo e Creed (2002) “a mudança é resultado da interação dinâmica entre as


contradições institucionais e a práxis humana, e não de estímulos de forças externas” (p.
66). “Esta perspectiva traz a visão de processo, em que o mundo social está em um
estado contínuo de “se tornar” (becoming), e é guiada por quatros princípios que
orientam a análise dialética, a construção social, a totalidade, a contradição e a práxis
[“reconstrução ou transformação dos padrões sociais presentes pelos agentes, que
resulta em uma nova interação social”]” (p. 67).

A mudança institucional ocorre por meio da confrontação e das contradições que


envolvem o ambiente institucional. Tais contradições são a força motriz da práxis,
“visto que ativam uma alteração na situação “parcialmente autônoma” dos atores, que
deixam de ser passivos aos arranjos institucionais e passam a ser coletivamente
conscientes e reflexivos, mobilizando diferentes lógicas institucionais em busca de
mudança, por meio da ação coletiva” (p. 69).
Estratégia como prática
Diálogo entre as duas abordagens (TI e SAP)

A autora discute as possibilidades de articulação entre a Teoria Institucional (sobretudo


em correntes recentes) e a Estratégia como Prática, explorando como estas duas
abordagens auxiliam no entendimento da relação entre macro e micro no fazer
estratégia.

Nesse sentido, as instituições tanto influenciam a agência organizacional, quanto a


agência pode transformar a configuração institucional na qual está inserida. Assim, ao
se pensar a estratégia como aquilo que as pessoas fazem, ou seja, sua agência dentro da
organização, Santos (2013) procura explorar uma relação de recursividade entre as
instituições e as estratégias, apontando, especificamente, para a possibilidade das
estratégias em transformar o ambiente institucional.

As estratégias podem tanto reforçar as instituições, por meio de comportamentos


isomórficos, quanto transforma-las/modifica-las.

Assim, elabora uma relação entre práxis (SAP) e agência (Teoria Institucional).

“A ideia mais ampla de agência trazida pela percepção do trabalho institucional liga-se
ao conceito de práxis da Estratégia como Prática, vista como a ação humana conectada
às instituições pelas quais os indivíduos atuam e com as quais contribuem, dando,
assim, uma perspectiva mais ampla à práxis trabalhada por Seo e Creed (2002) na
Teoria Institucional, que está associada à reconstrução e à transformação das
instituições. Este é um dos pontos de acoplagem entre as duas abordagens, em que para
ambas a agência está vinculada à práxis, que é o modo de ação do indivíduo, e,
especificamente, dentro do campo de estudo da Estratégia, reconhecida como as
atividades envolvidas na formulação e implementação da estratégia que interconecta as
microações dos praticantes com as instituições (WHITTINGTON, 2006;
JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007)” (p. 102).

Da mesma forma, a autora relaciona o conceito de práticas aos scripts.

Assim, Santos (2013) desenvolve um framework conceitual para a análise da relação


recursiva entre instituições e estratégias.

As práticas “ao mesmo tempo em que refletem e reforçam os arranjos


institucionalizados ao reproduzirem as lógicas institucionais correntes, também podem
alterá-las ou rompê-las quando novas práticas passam a ser socializadas e legitimadas
pelos atores, resultando em novas lógicas institucionais” (p. 107).

TEIXEIRA, M. G. A influência do hibridismo de lógicas institucionais no processo


decisório de adoção de prática de governança corporativa: o caso Cooperativa
Veiling Holambra. 2012. 262 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em
Administração – PPGADM, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba-PR,
2012.

“Movimentos sociais, apoiados em lógicas institucionais, são os articuladores das


pressões por mudança. Nesta afirmação, o pressuposto de agência imersa é respeitado a
medida que não se admite a mudança, seja ela organizacional ou institucional, como
resultado da ação proposital ou de escolhas conscientemente estratégicas. A realidade
social é compreendida como envolta em diversas lógicas, conflitantes ou não, que
podem ser combinadas e trabalhadas pelos atores (FRIEDLAND; ALFORD, 1991) de
modo a suscitar disposições que não refletem a mera reprodução das condições
estruturantes” (p. 2).

A abordagem das lógicas institucionais possibilita o estudo da heterogeneidade existente


nos campos organizacionais, oriunda da relação entre diferentes lógicas, podendo ser
conflitantes ou não, em um determinado campo, indo em oposição à ideia de
homogeneização e isomorfismo, recorrente em estudos da teoria institucional
tradicional.

A tomada de decisão não se apoia em uma racionalidade econômica universal. Tal


processo é contingente às lógicas institucionais que constrangem a interpretação das
pessoas quanto às condições econômicas do ambiente.

Teixeira (2012) questiona a pressuposição de dominância de uma ou poucas lógicas


institucionais dentro de um campo, apresentando uma proposta de hibridismo de lógicas
para se entender o processo de tomada de decisão e mudança. “acreditamos que a
análise do hibridismo de lógicas institucionais associado ao processo decisório
posiciona melhor a investigação para deflagrar a raiz das contradições e/ou
convergências que podem desencadear mudança organizacional e dar ensejo à mudança
institucional” (p. 3).

Assim, apesar da crescente dominância da lógica de mercado, este padrão é permeado


por elementos híbridos.

A autora adota uma perspectiva histórica para contextualizar a ação de lógicas


institucionais híbridas em um processo de tomada de decisão.

“Haveman e Rao (2006) observam que o fenômeno de hibridização exerce papel na


reestruturação das organizações. Ele possibilita a preservação de aspectos de história e
ideologia, enquanto novas facetas são integradas” (p. 9).

Haveman e Rao (1997) foi um dos primeiros trabalhos a recorrer ao conceito de


hibridismo em lógicas institucionais.

Referencial teórico empírico

“Com o sentido empregado pela abordagem prática de pesquisa, a tomada de decisão


adquire caráter processual e, enquanto processo, assume-se consideração dinâmica e
ampla do fenômeno” (p. 29). Nessa direção, a Teoria Institucional de base sociológica
fornece uma importante base para se entender a influência de processos sociais no
comportamento das organizações e, consequentemente, entender a tomada de decisão do
ponto de vista processual.

As lógicas institucionais possuem relação com os modelos de racionalidade propostos


por Weber, ou seja, são padrões normativos de ação, constituídos por práticas e
elementos simbólicos que direcionam a agência humana. Dessa forma, tal como a
racionalidade voltada para fins não é a única existente, a lógica institucional do mercado
também não o é.
Ocasio (1997) argumentam que as lógicas orientam a atenção dos tomadores de decisão
para um conjunto de questões e soluções específicas. Segundo Thornton (2002), as
lógicas reforçam ou constroem identidades e estratégias organizacionais.
A existência de diferentes lógicas institucionais evidencia a ocorrência diferentes tipos
de racionalidade (ou um panorama amplo de racionalidades), que influenciam em uma
multiplicidade de práticas, crenças e caminhos de ação. Reconhecer tal fenômeno
possibilita um estudo crítico sobre as práticas e modelos taken-for-granted de
determinado campo organizacional (LOUNSBURY, 2008).

Entretanto, o conflito de lógicas institucionais nem sempre pode ser entendido pela
suplantação de uma lógica pela outra. “Estudos têm paulatinamente sugerido que muitos
dos supostos conflitos entre lógicas institucionais deveriam ser reconsiderados e que
elementos característicos de uma ordem podem ser combinados com elementos de
outras” (TEIXEIRA, 2012 p. 34) em um fenômeno conhecido como hibridismo.

As organizações podem combinar diferentes orientações no momento de construção de


suas estratégias.

Mudança organizacional e institucional

Os dois conceitos são diferentes, uma vez que a mudança institucional transcende o
primeiro, focando em “regras e normas sociais permeando classes inteiras de
organizações delimitadas em campos organizacionais ou setores” (TEIXEIRA, 2012 p.
35).

As discussões teóricas sobre mudança organizacional foram classificadas em três


momentos históricos: a mudança vista como resultado; como episódio; e,
posteriormente, como processo. Da mesma forma a mudança institucional pode ser
dividida em três fases de discussão da Teoria Institucional: isomorfismo; arquétipos e
esquemas interpretativos; e lógicas institucionais.

Teoria Institucional e Lógicas Institucionais

O isomorfismo pode ser entendido como o primeiro movimento dentro da Teoria


Institucional que tratava de mudança organizacional. Tal fenômeno é entendido como o
fenômeno das organizações se tornarem similares em um determinado a medida em que
buscam legitimidade mediante mecanismos isomórficos voltados à conformidade. Esses
mecanismos podem ser coercitivos, miméticos e/ou normativos. As organizações
possuem a necessidade de se adequarem socialmente. Contudo, critica-se esta
abordagem por trazer um caráter por vezes determinístico para a realidade
organizacional e desconsiderar a heterogeneidade existente. Assim, o isomorfismo, por
si só, não consegue explicar toda a diversidade institucional que permeia as
organizações.

A sobrevivência organizacional independe apenas de resultados técnicos ou de


eficiência econômica.
A segunda abordagem dentro da Teoria Institucional a discutir a mudança
organizacional se baseava na utilização de arquétipos e esquemas interpretativos.
“Conforme Hinings e Greenwood (1988) e Hinings et al. (2003), as organizações
recebem pressões advindas do contexto institucional para se organizarem de acordo com
formas prescritas e tais prescrições constituir-se-iam nos arquétipos” (p. 47). Desta
noção advém a relação entre arquétipos e lógicas institucionais proposta por alguns
autores, o que motivou a difundiu a noção de uma lógica dominante em um campo que
forçava a estruturação das organizações naquele sentido.

O terceiro período de discussões sobre mudança organizacional no âmbito da Teoria


Institucional refere-se à abordagem das lógicas institucionais.

“As instituições mudam ao longo do tempo, não são uniformemente


aceitas/reconhecidas (taken-for-granted), têm efeitos pluralísticos e são desafiadas,
como também fortemente contestadas” (TEIXEIRA, 2012 p. 48).

Uma corrente de estudos dentro da Teoria Institucional passou a reconhecer que os


efeitos institucionais na agência humana não são determinísticos e que a conformidade
gerada pelo isomorfismo é apenas um dos efeitos possíveis da relação entre o ambiente
institucional e a atividade.

“O artigo de Kostova e Roth (2002) complementa esta discussão, ao inserir na análise a


influência da interpretação e da percepção dos atores sobre a adoção/institucionalização
de práticas. Verificou-se que a variação nas respostas dos atores às pressões para adoção
se deve aos contextos institucional externo e relacional interno, que exercem seus
efeitos por meio da agência ativa destes atores. Pressupõe-se, portanto, que, em algum
grau, o ator não é um “institutional doped”, isto é, não estaria apenas vagando de acordo
com as imposições estruturais e, sim, influencia nas condições que recaem sobre ele.
Porém, isso não se dá a despeito de referências para a ação” (p. 49).

Uma noção importante nesse sentido é a de complexidade institucional, referindo-se à


dinâmica de instituições concorrentes que proporcionam uma multiplicidade de ações
aos atores (KOSTOVA; ROTH, 2002). “os autores defendem que o estado mais ou
menos perene da institucionalização da mesma prática nas unidades organizacionais irá
variar de acordo com a combinação de características do contexto institucional
(regulatórias, cognitivas e normativas) e relacional (dependência, confiança e
identidade)” (TEIXEIRA; 2012 p. 50).

Estudos recentes tem se preocupado em investigar o “como” as organizações se


configuram em meio a diferentes lógicas institucionais situadas ao longo do tempo (ou
em um mesmo contexto, de forma plural) em um campo organizacional. Tais estudos
são uma alternativa à corrente institucional tradicional, que preconizava uma robustez
estrutural frente à agência humana.

“Para [LOUNSBURY, 2005], o foco em lógicas institucionais restaura a atenção para


estruturas sociais amplas de recursos e significado e desloca a consideração para a
análise de como estas próprias estruturas sociais mudam e mediam o fluxo de práticas”
(p. 54).

Não existe uma única racionalidade, mas sim diferentes ordens transracionais.
Em suma, Teixeira (2012, p 54) entende que:

(i) A multiplicidade de lógicas é que fornece a dinâmica para a mudança em


potencial (GREENWOOD; OLIVER; SAHLIN; SUDDABY, 2008); (ii) o
contexto em que as lógicas exercem efeito é contestado e, portanto, não cabe
adotar uma perspectiva determinista em que lógicas institucionais
‘determinam’ quais questões e problemas ou respostas e soluções a atenção
dos gerentes foca; (iii) a orientação das lógicas em um campo não ocorre de
forma simples e direta. Princípios de organizing (THORNTON; OCASIO,
1999) permeiam a interpretação dos atores que, por vezes, é ambígua e pode
originar hibridismo em formas e práticas organizacionais; e, (iv) a mudança
implicada em processos de lógica institucional não caracteriza um
movimento unicamente exógeno, ao passo que também não representa uma
tendência endógena, mas coevolucionária. Movimentos sociais, apoiados em
lógicas institucionais, são os articuladores das pressões por mudança.

O hibridismo consiste na emergência de práticas e normas organizacionais que se


baseiam em uma ou mais lógicas institucionais (TEIXEIRA, 2012).

A abordagem das lógicas institucionais

Apesar de sua primeira obra ser publicada em 1991, apenas em 2008 estabeleceu-se a
metateoria das lógicas institucionais.

Teixeira aponta que ainda é preciso discutir conceitualmente esta metateoria e denuncia
uma sobreposição do conceito de lógicas institucionais e o de instituições.

As lógicas institucionais, na verdade, são “componentes imbricados das instituições


sociais” (TEIXEIRA, 2012, p.60).

“De acordo com Scott (2008, p.48), instituições são estruturas sociais duráveis e
multifacetadas, constituídas de elementos simbólicos, atividades sociais e recursos
materiais” (p. 61). Nesse sentido, instituições estão diretamente relacionadas com
práticas (Instituições são práticas enraizadas, “tipificações recíprocas de ações
habitualizadas por tipos de atores” (BERGER; LUCKMAN)).

“Práticas, conforme Chia e Mackay (2007, p.227), seriam regularidades culturalmente e


historicamente transmitidas, detectáveis por meio de padrões de atividade. A partir dos
estudos de lógica institucional, sabe-se que práticas organizacionais corporificam as
lógicas do campo que, por sua vez, emanam de ordens ou setores societais
(THORNTON, 2004). É possível dizer, portanto, com base nestas colocações, que o
âmbito de uma lógica institucional ultrapassa um domínio institucional específico,
permeia inúmeros outros. Assim, a influência da lógica de mercado amplia-se , por
exemplo, em diversos setores, profissões e atividades que, antes, enfatizavam-se mais
lógicas de família, de Estado, de profissão e religião” (p. 62).

Nessa discussão, também é necessário considerar as lógicas como elementos culturais


cognitivos (as lógicas fornecem os repertórios interpretativos construídos socialmente
para a ação).
“Na medida em que lógicas institucionais conotam diferentes orientações legitimadoras
para os atores, eles têm mais oportunidades de questionar as bases de sua conformidade
com as pressões que advém do contexto. Como exemplo, pode-se citar o setor de
turismo que tem intensificado ações com orientação comercial. No entanto, em algumas
localidades, questões de preservação do meio ambiente têm prevalecido, sugerindo
imposição da lógica de bem estar coletivo sobre a lógica de mercado. Em outras
situações, o turismo com orientação comercial tem convergido com soluções visando o
bem estar coletivo” (p. 65).
“o conceito de lógicas institucionais tem mostrado muita valia ao apontar orientações
veladas na mudança organizacional e tornar mais clara a ligação entre agência e
estrutura. Lógicas refletem significados, valores e compreensões compartilhadas de um
campo, mais do que desejos ou pressões de um único componente institucional. A
realidade social é compreendida como envolta em diversas lógicas, que podem ser
combinadas e trabalhadas pelos atores (FRIEDLAND; ALFORD, 1991) de modo a
suscitar disposições que não refletem a mera reprodução das condições estruturantes”
(TEIXEIRA, 2012 p. 66-67).

Tomando como referência o pluralismo e institucionalismo cognitivo, uma organização


pode ter múltiplas identidades institucionalmente especificadas. “Cada vez mais se
entende que as organizações estão imersas em um pluralismo institucional (KRAATZ;
BLOCK, 2008), ou seja, inseridas em múltiplos regimes regulatórios, em múltiplas
ordens normativas e pressionadas por mais de uma orientação cultural” (p. 68).

Os estudos sobre lógicas tem origem na abordagem das lógicas de ação.

Conforme Friedland e Alford (1991), cada instituição possui um “princípio distintivo


que restringe tanto os meios quanto os fins de indivíduos, organizações e sociedade e
implica uma série de metas, estratégias e bases de avaliação” (TEIXEIRA, 2012 p. 69).
Tais princípios são as lógicas institucionais que dizem respeito ao ambiente institucional
e são, por vezes, conflituosas, possibilitando a agência e a mudança.

A agência é, portanto, imersa no ambiente institucional. E a chave para entender essa


relação está na teoria social de Weber dos setores societais (ou ordens institucionais).
Cada setor possui uma lógica central que reforça a ordem em seu interior. Cada setor
deve ser entendido como um tipo ideal.

Para Thornton (2004), as lógicas institucionais possuem um efeito moderador na


atividade organizacional. Dessa forma, “ao formular o que chamou de teoria geral da
atenção cultural, aplicada à tomada de decisão organizacional nos mercados, a autora
afirma que as lógicas (L1, L2, L3, etc.) moderam os efeitos de forças estruturais
econômicas e sociais, determinando certas orientações cognitivas para os tomadores de
decisão” (p. 72).

A atividade organizacional seria, então, influenciada por forças e estruturas econômicas


e sociais, moderadas pela influência de lógicas institucionais nas estruturas cognitivas
dos atores da organização (THORNTON, 2004).
Entretanto, conforme Teixeira (2012, p. 73) afirma,

A vertente de “prevalência” ou dominância como defendida por Thornton e


Ocasio (1999) e Thornton (2004) não parece a mais apropriada para dar
timbre às vantagens anunciadas pela abordagem de lógicas institucionais. Em
outras palavras, não favorece que, da variedade de alternativas, resulte
mudança e heterogeneidade, como preconizadas por Friedland e Alford
(1991).

Lógicas institucionais

“A consideração do hibridismo de lógicas institucionais, ao abarcar a possibilidade de


coexistência de lógicas tanto concorrentes quanto complementares, apresenta-se como
uma atraente perspectiva para elucidar questões deixadas inexploradas pelas outras.
Como resultado do hibridismo em lógicas institucionais há a emergência de formas
organizacionais que integram alguns elementos das lógicas, ao passo que outros
aspectos são desprezados. De acordo com Pieterse (1994), hibridismo descreve o
processo em que formas se tornam separadas de práticas existentes e são recombinadas
com novas formas para, assim, formar novas práticas. Pode-se perceber mais claramente
com a proposta de hibridismo em lógicas institucionais que, mesmo sob pressão
semelhante do contexto institucional, haverá respostas diferentes, tendo em vista a
variabilidade expressa por um repertório de opções ofertadas”.

Uma prática organizacional não é orientada apenas por uma lógica, mas é organizada de
forma híbrida, recebendo influências de diferentes orientações (A produtora de cachaça
que se orienta voltada ao mercado mas mantém traços da tradição cultural).

“As contradições que emergem da interação dos diversos níveis e setores institucionais
seriam os estímulos à mudança, encontrando na práxis a oportunidade para a
transformação dos arranjos sociais e da própria visão de mundo dos atores envolvidos.
A práxis aqui é entendida como a instância micro; ela corresponde à reconstrução
criativa dos padrões sociais, envolvendo tanto um momento reflexivo, que implica
crítica dos padrões sociais existentes e busca por alternativas, quanto um momento
ativo, que abrange mobilização e ação coletiva” (p. 75).
“faz-se uma ressalva para destacar as duas formas, não exclusivas, pelas quais o
hibridismo estaria se apresentando na literatura institucionalista. Hibridismo enquanto
movimento político para fazer prevalecer determinado esquema de leitura da realidade -
aproximando-se da concepção de hibridismo da tradição pós modernista em
administração – e o hibridismo enquanto condição adjetiva de práticas que resultam
desse processo político” (p. 76).

“A perspectiva do hibridismo de lógica institucional estabelece que, mesmo que uma


lógica institucional sobressaia na orientação de um campo, a estruturação da atenção
não ocorre de forma a anular o efeito de lógicas subsidiárias no direcionamento das
decisões, como é sugerido por Thornton (2004). Desta forma, argumenta-se que a
pressuposição de dominância nos estudos de lógica institucional carece ser
contextualizada ao longo de outros elementos, que também exercem impacto na atenção
dos atores, como a história da organização, as tradições e a ideologia por trás de sua
operação. A abordagem de lógicas híbridas, portanto, pode ser considerada como a
própria representação do requerimento de contextualizar melhor as suposições de
dominância em lógica institucional” (p. 77).

“A implicação da perspectiva do hibridismo de lógicas, para Rao, Monin e Durand


(2003), é de que se tomem decisões na tentativa de conciliação entre as novas demandas
que advém do ambiente e a identidade tradicional da organização. Os autores descrevem
a hibridização como o estabelecimento institucional por meio de processos bottom-up,
em que a identidade tradicional não é completamente substituída” (p. 78).
LAMONTAGNE, 2014

Conforme Lamontagne (2014, p. 7), a perspectiva das lógicas institucionais “implica


uma autonomia parcial da estrutura social e da ação; procura entender como as
instituições operam em diferentes níveis de análise; integram aspectos simbólicos e
materiais das instituições; e explicam contingências históricas das instituições”.

“O sistema interinstitucional pressupõe, assim, que as instituições operam em


patamares múltiplos, com potencial para efeitos cruzados (cross-level interaction
effects). Acredita-se, segundo essa perspectiva, que pesquisadores que combinam
diferentes níveis de análise podem observar os fatos mais nitidamente, por enxergar os
mecanismos que apontam as correlações e a natureza contraditória das lógicas
institucionais” (LAMONTAGNE, 2014, 8).

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