Você está na página 1de 12

Intertextualidade e gêneros

textuais
Professora Fabiana Ferreira
O que são gêneros textuais?
• Diferentemente dos tipos textuais, que dizem respeito a
natureza linguística da composição de um texto – aspectos
lexicais, sintáticos, tempos verbais, ligações lógicas..., a
expressão gêneros textuais se referem aos textos
materializados que encontramos na nossa vida diária e que
apresentam características sociocomunicativas definidas por
CONTEÚDOS, PROPRIEDADES FUNCIONAIS, ESTILO E
COMPOSIÇÃO CARACTERÍSTICA.
TODOS OS GÊNEROS SÃO INTERTEXTUAIS?
RESUMO
Neste trabalho buscamos observar os modos de dizer o Camponês e as
Ligas Camponesas, compreendendo os discursos que alicerçam esses
modos de nomeá-los em dois periódicos editados durante parte do
período de existência da Liga Camponesa de Galileia: o periódico “Liga”,
produzido como parte das ações de luta do movimento, e o “Diário de
Pernambuco”, jornal da cidade do Recife, de grande circulação no
estado de Pernambuco. Constitui nosso corpus de análise, portanto,
recortes (ORLANDI, 1984) do Jornal Liga, no período que compreende
os anos de 1962 a 1963, e do Diario de Pernambuco, entre 1959 e
1964.
Todo o trabalho é realizado a partir da Análise do Discurso fundada por
Michel Pêcheux cuja institucionalização no Brasil ocorreu pelos trabalhos de
Eni Orlandi. É a partir da mobilização de noções caras à AD, tais como,
Formação Ideológica, Formação Imaginária, Formação Discursiva, Memória
Discursiva que buscamos compreender como a imagem do camponês é
construída nos discursos dos dois periódicos e, a partir da mobilização desse
imaginário, entender os processos discursivos pelos quais se constitui a
nomeação, na luta pelo sentido das palavras, reconhecendo-se que “as
contradições ideológicas que se desenvolvem através da unidade da língua
são constituídas pelas relações contraditórias que mantém [...], entre si e os
processos discursivos já que se inscrevem em relações ideológicas de
classes.”(PÊCHEUX, [1975] 2009, p.81)
Formalmente, o trabalho é dividido em cinco capítulos. Ao primeiro,
capítulo introdutório, segue-se o segundo capítulo que mostra as
condições de produção dos discursos do e sobre o campesinato,
enfatizando a forma como se dá a relação do camponês com o capital e
o trabalho, assim como as lutas pela terra travadas pelos camponeses.
No terceiro capítulo, situamos as questões metodológicas, dando
destaque à composição do corpus de análise. Apresentamos ainda os
periódicos Liga e Diario de Pernambuco a fim de situar sua importância
nas lutas/disputas pela posse da terra, entre 1959 e 1964, inicialmente,
em Pernambuco e, posteriormente, em vários estados brasileiros. No
quarto capítulo, situam-se as análises das sequências discursivas.
Nele, são abordados os processos de nomeação, com ênfase nas
disputas entre as formações discursivas. Enquanto O Diario de
Pernambuco produz um discurso que criminaliza a luta pela terra,
desqualificando, principalmente, quem luta por ela, o Jornal Liga é visto
como resposta a esse discurso, funcionando como um espaço de
resistência por traduzir um desejo de instrução dos camponeses e por
servir como um espaço de luta do campesinato, onde o Camponês
pode tomar a palavra e falar por si.
Por fim, como um último movimento, buscamos entender como o
discurso do periódico Liga constrói-se como um gesto de resistência em
relação ao discurso hegemônico, à época, sobre os camponeses em
luta pela terra e pelo controle dos próprios meios de produção. E essa
resistência, marca de subjetividade inscrita na língua, vê-se, também,
quando o Camponês toma a palavra. A resistência do Camponês se faz
ressignificando sentidos e deslocando processos de interpretação
inscritos historicamente.
Palavras-chave: Discurso; Nomeação; Resistência; Campesinato; Luta.

Você também pode gostar