Você está na página 1de 3

Ep 50

Está na hora de ir
“Caminhando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro,
e André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes:
Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
Mateus 4: 18–19

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no


céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...”.
Mateus 28: 18–19

Pela leitura do texto bíblico no evangelho de Mateus, Jesus inicia Seu ministério fazendo
discípulos (Mt. 4:18-22), e conclui o Seu ministério dando a ordem para fazer discípulos (Mt. 28:18-
19). Fazer discípulos significa ensinar as pessoas a seguirem a Jesus. Não consistia somente em
convidar as pessoas para que acompanhassem de longe as maravilhas que o Mestre realizava,
mas sim para que se comprometessem com Cristo e Sua missão, inclusive arriscando a própria
vida.
Na cultura grega, já havia o conceito de discipulado. Mas, para os gregos, ser um discípulo
significava somente se colocar abaixo da tutoria de um professor ou mestre, o qual iria compartilhar
seus conhecimentos e sua filosofia de vida.
Entre os judeus, também havia o conceito do discipulado. Na maioria das vezes, se desenvolvia
nas escolas rabínicas, onde as tradições dos pais contidas no Targum, na Mishna, no Talmud e
outros materiais eram estudados. No entanto, a ideia do discipulado entre os judeus vem desde
o Antigo Testamento, quando as escolas dos profetas foram estabelecidas por Samuel, Isaías e
outros profetas.
O conceito de discipulado de Jesus foi diferente, no sentido de ultrapassar os limites da teoria
e da simples ideologia. Alcançou as profundezas do ser humano. Para o ensinar, na experiência
diária a andar juntos, a entender a si mesmo e aos semelhantes. Para o ajudar no caminhar diário,
a confiar no Pai e sem necessariamente O entender. O discipulado, para Jesus, era um assunto de
ser e não simplesmente fazer bem as coisas. Era uma consequência ou resultado de viver ao Seu
lado (Mt. 19:20,21), em uma experiência de permanência (Jo. 15:5,6). Unicamente permanecendo
em Jesus, seria possível permanecer na missão e na mensagem. Discipulado, para Jesus, não
tem nada a ver em ir a algum lugar de reunião uma vez por semana, ou ainda em estar na lista de
pessoas que aderiram a um grupo de crentes. Congregar-se, adorar, reunir-se para aprender e
compartilhar companheirismo seriam resultados de transformações profundas que aconteceram
na intimidade do ser.
Seguir a Jesus era a ordem aos primeiros discípulos, que haviam deixado tudo para seguir o
Mestre. Agora, antes de partir, Jesus ordenou-lhes que, por sua vez, fizessem outros discípulos,
seguidores de Cristo. É por isso que os primeiros cristãos eram conhecidos como “os seguidores
do caminho”.
Os discípulos da igreja primitiva foram chamados cristãos, pela primeira vez em Antioquia,
uma cidade síria, onde havia um grande núcleo de cristãos, na sua maioria de judeus cristãos que
haviam chegado ali fugindo da perseguição depois da morte de Estevão. Era uma comunidade
de cristãos que pensava em Cristo, falava de Cristo, vivia como Cristo havia ensinado, de modo
que as pessoas começaram a chamá-los propriamente de cristãos. Esses primeiros cristãos não
eram outra coisa senão discípulos comprometidos.
A ordem de Jesus era clara: “fazei discípulos”
(Mt. 28:19). Uma pergunta simples: Como? No
próprio texto, encontramos a resposta: “Ide”,
“batizem”, e “ensinem a guardar” (Mt. 28:19,20).
Homens, mulheres, jovens, pequenos, idosos.
Todos no reino de Deus têm o privilégio e a
obrigação de discipiular. No entanto, este não é um
trabalho de uma semana, nem de um mês. Não é
resultado de uma série de estudos bíblicos, ou de
uma campanha de evangelismo. Tampouco é fruto
de uma classe pós-batismal. O discipulado é uma
obra diária e constante. É a principal obra da igreja.
Qualquer atividade, projeto, programa ou ministério que se realize na igreja, mas não contribue
para a formação e o desenvolvimento de novos discípulos, está fora de lugar.
Não há como fazer discípulos sem ir. Se desejamos chegar a algum destino, só há uma maneira
de fazer: indo. Por isso, Jesus disse aos Seus discípulos: Vão! Este verbo indica ação. A igreja de
Deus nesta terra é um movimento que deve sacudir o mundo. Deve mover o mundo, comover o
mundo. Mas jamais o fará dentro de quatro paredes, somente cantando, apresentando bonitos
programas, orando e estudando a Bíblia. Para fazer discípulos, é imperativo ir, sair e avançar.
Para entendermos melhor a ordem de Jesus, é necessário considerá-la no conceito do Pai,
do Filho e do Espírito Santo. O grande Deus não é solidão. É um só Deus em três pessoas unidas
por Sua natureza de amor. Esta revelação de um Deus que é amor (I Jo. 4:13), chega até nós na
pessoa do Seu Filho (Rm. 5:8), e na missão que Lhe foi confiada. O eterno Deus enviou Seu Filho
por amor (Jo. 3:16). Ao contemplarmos Sua ação de enviar Seu Filho a este mundo, trazendo-nos
salvação, não temos a menor dúvida de que Ele é amor. Só se pode enviar ou compartilhar algo
por amor. O egoísmo não compartilha, pelo contrário, guarda todo para si próprio.
Por meio deste amor divino demonstrado no tempo e no espaço de Seu Filho, contemplamos
o mistério insondável de Sua eternidade e percebemos que cada uma das pessoas da Trindade,
de acordo com o ensinamento bíblico, participa em nossa salvação. O Pai entrega o Seu Filho
(Jo. 3:16). O Filho vem a este mundo e nos convida a seguí-Lo (Mt. 16:24). E o Espírito Santo nos
convence do pecado e nos atrai a Jesus (Jo. 16:8), para que nos arrependamos de nossa vã maneira
de viver e O sigamos.
Então, quando Jesus disse aos discípulos que fossem a todo o mundo, não estava ensinando
um conceito teórico de missão, mas Ele estava pedindo para seguir o Seu exemplo. Ele havia
vindo a este mundo. E agora Ele dizia a eles: “...Assim como o Pai Me enviou, Eu também vos envio”
(Jo.20:21). Aos primeiros discípulos, não restou outra alternativa: saíram e foram. Se espalharam
por todos os lugares conhecidos daqueles tempos, e fizeram discípulos.
Ore, hoje, para que esta maravilhosa história continue até o fim. É tempo de pedir e suplicar
pelo batismo do Espírito Santo, para que esta missão vá até o fim e haja uma multiplicação de
novos discípulos abreviando o dia que veremos Jesus voltando nas nuvens dos céus com poder
e grande glória. Vamos?

Pr. Alejandro Bullón

Você também pode gostar