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Demonstrações

Financeiras Básicas
Material Teórico
Balanço Patrimonial

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Alexandre Saramelli

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Selma Aparecida Cesarin
Balanço Patrimonial

• Arte e Tecnologia;

• Necessidades, Fluxos Econômicos


e Empresas;

• O Balanço Patrimonial;

• Estrutura do Balanço Patrimonial.

Aprenderemos, sim, a estrutura básica de um balanço, mas a


intenção desta Unidade é que você aprenda a ler um balanço,
buscar informações e desenvolver habilidades para “bater os
olhos” e entender as informações que um Balanço Patrimonial
quer comunicar, ou seja, criar habilidades de análise.
Ao final do estudo desta Unidade da Disciplina “Demonstrações
Financeiras Básicas”, espera-se que você tenha facilidade para
interpretar um Balanço Patrimonial.

lembre-se: Você está se preparando para ser um profissional no Mercado e, definitivamente,


ansiedade não faz sentido para este assunto que estamos estudando!
Dê importância ao significado de cada conceito, “mastigue” len ta men te cada “peça” de
informação, observe o todo, mas também observe cada detalhe.
E se diferencie das demais pessoas. Enquanto muita gente vai ter preguiça de ler aquele
“amontoado de números”, você vai fazer dos dados que estão ali presentes a sua profissão.
Trate esses dados com muito carinho! Em muitos casos, eles são o resultado do seu trabalho.
É claro que você não vai querer demonstrar o seu trabalho com desleixo, de “qualquer jeito”.
Você vai se sentir orgulhoso(a) quando as outras pessoas olharem para você e perguntarem,
impressionadas: Onde você enxergou isso?

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Unidade: Balanço Patrimonial

Contextualização

Como aquele menino gostava de skate!


Maurício já não estava mais aguentando tanto barulho de batidas com aquele skate de madeira,
quando sua bonita esposa, a Emília, lhe fez um pedido que o deixou ainda mais irritado:
– Poderia ficar com o Pedrinho amanhã de manhã? Vou ter entrevista de emprego e vai
demorar. Não tenho ninguém para ficar com ele!
Já sabendo o que iria escutar, Emília coloca dois dedos nos lábios do Maurício e diz
calmamente:
– Leva o Pedrinho junto, ora!
Maurício então argumentou furioso se a Emília não estaria ficando louca. Como levar um
menino desses em uma agência bancária, vai destruir tudo!
E Emília lhe respondeu:
– Claro! Esse menino fica tanto em casa que não vai aprender nada. E outra: ele quer
ir ao Banco!
Pedrinho, que estava ouvindo a conversa de seus pais entrou na sala todo enlameado e com
o joelho em pele viva, mas não estava chorando. Acabara de cair de novo do skate, mas estava
todo contente. Apenas ia pedir para sua mãe fazer um curativo, como de praxe. E falou bem alto:
– Oba! Vou levar meu skate!
Emília quase riu mas conteve o riso e disse bem impositiva:
– Nem pensar! Você vai de roupa social, com terno e gravata. Que nem o seu pai! E lá você
vai se comportar como um verdadeiro homem de negócios! Entendeu, Pedrinho?
No dia seguinte aparecem na porta da agência bancária o Maurício e o Pedrinho. Maurício
estava envergonhado, mas vai lá que seja. Pedrinho, mais parecia um robozinho com roupa
social. Estava maravilhado com tudo, com os carros, com os equipamentos, com o movimento.
Estava fora de seu ambiente, com os olhinhos perdidos. Depois de um tempo na recepção do
setor de contas corporativas, Maurício foi chamado para conversar com o gerente, o Sr. Luis,
que atendeu atenciosamente e ficou todo entusiasmado com a presença do Pedrinho, a quem
tratou exatamente igual ao pai, como manda a regra! Este foi o diálogo entre os dois:
Maurício:
– Um bom dia, Seu Luís. Trouxe meu “sócio”!
Luís
– Ah sim! O sócio! Então, Pedrinho trouxe o que eu pedi para o seu pai?
Pedrinho, sem entender muito bem o que estava acontecendo, entregou uma pasta recheada
de documentos para o Sr. Luís.

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Luís
– Sim, sim, sim!
– Vejamos, senhores empresários. Aqui temos! O Balanço Patrimonial, perfeito, perfeito...
Alguns minutos de silêncio sepulcral. O Luís olhava para aqueles papéis, fazia umas caretas
estranhas. Até mesmo o Pedrinho estava quietinho, coisa que nunca aconteceu!
Luís
– Acho que vai dar para te conceder um empréstimo. Sim! Sua proposta é muito boa. Mas
antes de enviar o processo para o depto. de crédito, vou te pedir algumas informações
complementares.
Luís tirou um formulário da gaveta, e marcou “x” em pelo menos umas dez coisas que estavam
ali. Circulou vários dados no balanço patrimonial e escreveu umas mensagens estranhas. E se
voltando ao Pedrinho disse para ele entregar essa relação para o contador da empresa do
Maurício, para ele preparar alguns relatórios especiais. Maurício então perguntou:
Maurício
– Ué? Para quê isso agora? Você não disse que estava tudo certo?
Luís
– Sim, e está mesmo! Mas como você tem uma empresa pequena e que atua no setor
aeroespacial. É necessário que o Banco tome certos... cuidados.
Depois de muito conversarem e após outras formalidades, Maurício e Pedrinho saem da
agência bancária. E Pedrinho, que ficou absolutamente calado o tempo todo, perguntou ao seu
pai que caretas estranhas eram aquelas. Maurício então lhe disse:
– Filho, se uma rodinha do seu skate se soltar, você vai perceber?
Pedrinho:
– Vou!
Maurício:
– E você sabe quando a rodinha vai se soltar?
Pedrinho:
– Não! Nunca saiu rodinha dos meus skates!
Maurício:
– Então, esse pessoal aí quer descobrir (e às vezes acham que descobrem) quando a rodinha
de um skate novo vai se soltar, mesmo sem ter skate pronto ainda!
Pedrinho:
– Hã?

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Unidade: Balanço Patrimonial

Arte e Tecnologia

O Dinheiro
A seguir, como um “esquentar de motores”, uma preparação para o estudo da demonstração
contábil/financeira Balanço Patrimonial, convidamos você a ler parte de uma interessante
reflexão de Siegel & Mattick (2010, p. 29) sobre a importância do dinheiro em nossa sociedade.

“O dinheiro é fundamental para o capitalismo porque este é o primeiro sistema social em que a maior
parte da atividade produtiva – com exceção das atividades diretamente relacionadas ao consumo
individual, como preparar uma refeição, limpar a casa ou consertar objetos domésticos – consiste
em trabalho assalariado, executado em troca de dinheiro. A maioria das pessoas, não dispondo de
aceso à terra, às ferramentas e às matérias-primas, nem tendo dinheiro suficiente para adquiri-las,
está impossibilitada de produzir os bens de que precisa; são obrigadas a trabalhar para outras que
têm o dinheiro para empregá-las e fornecer-lhes materiais e ferramentas. O dinheiro retorna aos
empregadores quando os empregados compram bens que eles mesmos, enquanto classe, produziram.
Ao mesmo tempo, os empregadores vendem e compram bens – matérias-primas, maquinário, produtos
de consumo – uns dos outros. Assim, os fluxos monetários conectam todos os indivíduos envolvidos
num sistema social. Existem outros princípios de organização atuando na sociedade moderna:
alguns, como nacionalidade e raça, são invenções modernas; outros, como religião e gênero, são
adaptações de ideias mais antigas. Porém, cada vez mais, os liames do dinheiro perpassam todos os
agrupamentos, conectando os povos do mundo.
Quem produz para uma empresa não tem nenhuma relação direta com os compradores e
consumidores de seus bens ou serviços, ainda que, em última análise, produza para o consumo
destes. Uma empresa só sabe em que medida está atendendo às necessidades dos clientes ao avaliar
o próprio sucesso ou fracasso em vender seus produtos a preços suficientemente altos.

Dessa maneira, a produção que supre as necessidades de todos é conduzida por empresas que,
enquanto propriedade de indivíduos ou corporações, conectam-se ao resto da sociedade apenas pela
troca de bens por dinheiro, comprando matéria-prima e força de trabalho e vendendo seus produtos.
Quando os produtos são vendidos, o trabalho de fazê-los passa a contar como parte do trabalho
social – aquele executado pela e para a sociedade como um todo. É a rede de trocas de produtos por
dinheiro que une todas as formas de trabalho, constituindo um sistema econômico. O dinheiro tem
papel central na sociedade moderna, fundada no princípio da propriedade privada, pois representa o
caráter social da atividade produtiva sob uma forma – peças metálicas, símbolos de papel ou pulsos
eletrônicos – que pode ter um indivíduo como proprietário (Siegel & Mattick, 2010 p. 29).

Necessidades, Fluxos Econômicos e Empresas


“A empresa deve gerar lucro, ou morrerá. Mas se tentarmos fazer funcionar uma
empresa unicamente para obter lucro, ela também morrerá, pois não terá outra
razão de existir.” Henry Ford (apud LAVILLE, 2009, p. 21).

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Neste exato momento em que você está lendo este texto, como está a temperatura do
ambiente? Está quente ou frio?
Se estiver quente, provavelmente você está usando uma roupa mais fresquinha, mais arejada.
E se estiver frio (a menos que você não se importe em deixar todo mundo preocupado com sua
saúde e, eventualmente, pegar uma pneumonia), está bem agasalhado (a), quentinho (a), bem
confortável para estudar!
Mas... você mesmo(a) produziu a roupa que está vestindo? Sabemos que algumas pessoas
tem o hábito, muito saudável, de produzir e/ou personalizar suas próprias roupas. No entanto,
a maioria não tem como fazer suas próprias roupas e provavelmente as que você está vestindo
foram produzidas por outras pessoas.
Essa roupa que está vestindo neste momento é mais básica ou mais fashion, isto é, desenhada
por um profissional da área da moda e que expressa algo, seja o seu estado de espírito, suas
vontades ou seus desejos? O certo é que essa roupa está atendendo às suas necessidades.
Assim como as roupas que você está usando, as pessoas têm muitas outras necessidades,
como se alimentar, falar ao telefone, limpar a casa, cuidar dos filhos, etc. etc.
As pessoas sentem necessidades básicas, como se alimentar e se proteger do frio e da chuva
em casas seguras, mas também necessidades complementares como o sentimento de viver em
comunidade, ser aceito em um grupo social, relacionar-se com outras pessoas.
Satisfeitas essas necessidades, conforme Fauzi Timaco (1999), que se baseou no trabalho de
Abraham Maslow, as pessoas buscam outros objetivos que também geram necessidades, como
a procura por reconhecimento, status, poder.
E uma vez alcançados esses objetivos, surgem outras necessidades relacionadas à autorrea-
lização, como o sentimento de participar de projetos arrojados ou sofisticados, explorar regiões
ou se lançar às mais variadas experimentações e aventuras.

Para Pensar
Quem é o cliente de uma agência de turismo? Certamente é o mesmo que consome os serviços de
um supermercado ou de um restaurante em um aeroporto ou um centro comercial, financeiro ou de
compras. Mas quem aceitaria pagar milhões de dólares para viajar ao espaço, dentro de um foguete
da NASA ou da Agência Espacial Russa?

Pesquise na Internet o trabalho do psicólogo norte-americano Abraham Maslow


(1908-1970), em particular a “Pirâmide de Maslow”.

Na sociedade moderna, capitalista, essas necessidades são supridas pelas empresas.

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Unidade: Balanço Patrimonial

As pessoas trabalham nas empresas e são remuneradas pelo seu trabalho com dinheiro. O
dinheiro, por sua vez, é usado para comprar bens e serviços necessários à vida das pessoas, em
um fluxo real de bens e serviços e de dinheiro (monetário) na sociedade, na Economia.
Como bem disseram Siegel & Mattick, os “fluxos monetários conectam todos os indivíduos
envolvidos num sistema social” (2011, p. 29). Uma representação gráfica desses fluxos real e
monetário pode ser vista na figura a seguir:

Figura 1. Fluxos real e monetário e os mercados de


fatores de produção e de bens e serviços finais.
Fonte: Jorge e Silva (1999, p.31).

A “empresa” foi uma forma que as pessoas encontraram ao longo do tempo para organizar
os meios de produção. As primeiras empresas foram formadas há mais de mil anos, desde a
época das Cruzadas e do Feudalismo.
Com a queda da Influência da Igreja, ou seja, do Sagrado e do Clero, o homem tornou-se
centro do Universo e, com isso, as descobertas e tecnologias passaram a ser livres.
A Revolução Francesa foi base para a Revolução Industrial (Inglaterra – século XVIII), que
trouxe o progresso e fez com que as empresas passassem a ser estruturadas de maneira que
pudessem atender às demandas de Mercado.

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Algumas empresas criadas há mais de mil anos ainda existem. Leia interessante matéria do jornalista
Márcio Juliani para a Revista Exame disponível no link https://bit.ly/3ZVbrvA

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Na Economia e na Administração, empresa é definida por autores como Drucker (2001)
ou Vasconcellos e Garcia (2008) como um agrupamento de pessoas que reúnem os fatores
de produção (considerados atualmente como terra ou recursos naturais, recursos humanos ou
trabalho, capacidade empresarial, capital e tecnologia) para produzir bens ou serviços para
atender as necessidades humanas.
O papel do empresário é dos mais importantes na Economia atual e se entende que é o
empresário que consegue reunir, da forma mais eficiente possível, os fatores de produção de
maneira a atender melhor as necessidades das pessoas.
Como dizem Jorge e Silva (1999, p. 31):
Ao conjugar capital, terra, trabalho e tecnologia, o empreendedor estará reu-
nindo os elementos que possibilitarão, sob sua orientação, uma participação no
processo produtivo, que será tanto mais eficaz e duradoura quanto mais eficien-
te forem suas ações de planejamento, organização, produção, comercialização,
administração financeira, administração do fator humano e outras.

O empresário é aquele que faz “negócios”, uma palavra que tem em sua origem o latim e
que nada mais é do que a negação do ócio. Assim, o “empresário” ou “negociante” é alguém
que se dispôs a fazer algo pela sociedade em que vive, correr riscos, realizar vontades, desejos,
aventurar-se. Poderia ficar parado, fazendo nada, mas optou pela ação naquilo que entende ser
o melhor a fazer.
Mas o fato de o empresário ou negociante ser alguém que se dispôs a fazer algo de útil para
a sociedade, não quer dizer que ele é um herói. Muitas vezes, as pessoas se movem pelo lucro,
pela vontade de ganhar dinheiro e enriquecer, fazer fortuna e riqueza.
É o que o economista John Maynard Keynes chamava de “espírito animal”. É certo que
os empresários não se movem necessariamente pela vontade de ajudar o próximo, como
diz Smith (1983):
Não é da benevolência do açougueiro, do fabricante de cerveja ou do padeiro
que podemos esperar nosso jantar, mas da consideração deles aos seus interesses
pessoais. Não nos dirigimos à sua humanidade, mas ao seu egoísmo, e nunca
lhes falem de vossas necessidades, mas da vantagem deles.

O empresário enfrenta a concorrência e busca sua riqueza, seu lucro e, fazendo isso, acaba
por contribuir com os interesses da sociedade também.
Como declara Weber (2008, p. 129):
A riqueza (...) é condenável eticamente só na medida em que constituir uma
tentação para vadiagem e para o aproveitamento pecaminoso da vida. Sua
aquisição é má somente quando é feita com o propósito de uma vida pos-
terior mais feliz e sem preocupações. Mas, como o empreendimento de um
dever vocacional, ela não é apenas moralmente permissível, como direta-
mente recomendada.

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Unidade: Balanço Patrimonial

Importante
Há uma especialização na ciência do Direito que é o “Direito Empresarial”. É muito importante que
você se interesse pelas questões de Direito, pois, como contador ou profissional da área de finanças,
certamente você terá alguma interação com profissionais dessa área.

Em um esforço para equilibrar o “instinto animal” do empresário ou negociante com os interesses


da sociedade, para evitar uma busca desenfreada pelo lucro a custa do sofrimento e infelicidade
de terceiros, a ciência do Direito produziu o conceito de “bem comum”, de acordo com o qual se
enxerga a empresa como atividade econômica exercida de forma profissional por alguém.
É o que expõe Coelho (2010, p. 12-3):

Se empresário é o exercente profissional de uma atividade econômica organizada,


então empresa é uma atividade; a de produção ou circulação de bens ou serviços.
É importante destacar a questão. Na linguagem cotidiana, mesmo nos meios
jurídicos, usa-se a expressão empresa com diferentes e impróprios significados.
Se alguém diz “a empresa faliu” ou “a empresa importou essas mercadorias”, o
termo é utilizado de forma errada, não técnica. A empresa, enquanto atividade,
não se confunde com o sujeito de direito que a explora, o empresário. É ele que
fala ou importa mercadorias.
Similarmente, se uma pessoa exclama “a empresa está pegando fogo!” ou
constata “a empresa foi reformada, ficou mais bonita”, está empregando o
conceito equivocadamente. Não se pode confundir a empresa com o local
em que a atividade é desenvolvida. O conceito correto nessas frases é o de
estabelecimento empresarial; este sim pode incendiar-se ou ser embelezado,
nunca a atividade. Por fim, também é equivocado o uso da expressão como
sinônimo de sociedade. Não se diz “separam-se os bens da empresa e os dos
sócios em patrimônios distintos”, mas “separam-se os bens sociais e os dos
sócios”; não se deve dizer “fulano e beltrano abriram uma empresa”, mas “eles
contrataram uma sociedade”. Somente se emprega de modo técnico o conceito
de empresa quando for sinônimo de empreendimento.
Se alguém reputa “muito arriscada a empresa”, está certa a forma de se
expressar: o empreendimento em questão enfrenta consideráveis riscos de
insucesso, na avaliação desta pessoa. Como ela se está referindo à atividade,
é adequado falar em empresa. Outro exemplo: no princípio da preservação da
empresa, construído pelo moderno Direito Comercial, o valor básico prestigiado
é o da conservação da atividade (e não do empresário, do estabelecimento ou
de uma sociedade), em virtude da imensa gama de interesses que transcendem
os dos donos do negócio e gravitam em torno da continuidade deste; assim os
interesses de empregados quanto aos seus postos de trabalho, de consumidores
em relação aos bens ou serviços de que necessitam, do fisco voltado à
arrecadação e outros.

É essa empresa, ou essa “entidade”, termo também é empregado no Direito e nas Ciências
Contábeis, que é demonstrada nos Balanços Patrimoniais, como você aprenderá a seguir:

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O Balanço Patrimonial

Imagine que alguém peça a você para descrever a Empresa X. Como você faria?
Vamos imaginar, por exemplo, a empresa multinacional brasileira “Embraer”, uma das
maiores indústrias aeroespaciais do Planeta.
Certamente você irá dizer que essa empresa é gigantesca, que nasceu de uma iniciativa bem
sucedida de militares brasileiros, que tem muitos galpões, muita gente trabalha nela, e mais
vários de aspectos que vierem à sua lembrança.
Imaginemos que você se lembre de ter visto uma matéria jornalística na qual se relatava
que a empresa estava procurando novos mercados, que o mercado de aviação estava em
crise, que a Embraer viu uma possibilidade de produzir aviões militares... enfim, muitos
detalhes virão à sua mente!

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Veja interessante matéria da Revista Época na qual o jornalista Robson Viturino e o fotógrafo Luiz
Maximiano mostram uma nova fase na Embraer: http://glo.bo/3yMi1c6

Agora, imagine mostrar todos esses detalhes em apenas uma folha de papel! É isso que
fazemos em um Balanço Patrimonial: mostramos o patrimônio, a posição econômico-financeira
de uma empresa em um determinado período de tempo (geralmente um ano ou um trimestre)
em apenas uma folha de papel.

Para Pensar
Como é possível demonstrar ou resumir todo o patrimônio de uma empresa em apenas uma folha
de papel? É necessário, acima de tudo, usar técnicas que são conhecidas pela maioria das pessoas, o
que chamamos de “estrutura do balanço”.

Quer ver como?


Vamos lá!
A explicação a seguir é baseada em autores conhecidos de Contabilidade como Iudícibus et
al. (2010) e/ou Griffin (2012).

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Unidade: Balanço Patrimonial

Vamos pegar uma folha de papel sulfite em branco:

Vamos dividir essa folha em duas partes, ou melhor, em dois lados, o da direita e o da esquerda.
No lado da direita, vamos mostrar os “Passivo”, e no lado da esquerda, o “Ativo”:

No lado esquerdo, consideraremos todos os bens da empresa, dinheiro em caixa, no banco,


os estoques, veículos, os prédios e eventuais propriedades da empresa, os investimentos etc.
E no lado direito, consideraremos todas as dívidas da empresa com fornecedores, com o
Banco, com o governo, com os sócios.
Imaginemos, por exemplo, que um empresário acaba de comprar um restaurante sobre rodas
para vender refeições na rua.
Para abrir esse restaurante, que receberá o nome de “Restaurante Rosa e Silva”, o empresário
decide investir a quantia de R$ 400.000,00.

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Faremos o seguinte:

Para Pensar
Ué? Por que o professor colocou Caixa do lado esquerdo, na parte de cima, e Capital do lado
direito, na parte de baixo?

Observe que foi feita uma primeira “operação” comercial, que será registrada nos livros
contábeis da empresa, de acordo com o procedimento das “partidas dobradas”.
O registro no Livro Diário seria o seguinte:

São Paulo, 20/01/2XX.


Abertura da empresa “Rosa e Silva”, de acordo com Contrato Social registrado na Junta Comercial
do Estado de São Paulo, “JUCESP”, número XXXX integralizado em dinheiro.
Débito: Caixa R$ 400.000,00
Crédito: Capital Social R$ 400.000,00

Observe, também, que foram usadas nessa operação duas contas contábeis.
No dia seguinte, o empresário compra um caminhão adaptado para restaurante, que custa
bem caro, R$ 600.000,00!
Como esse empresário é bem conceituado no mercado e conhecido cozinheiro, conseguiu
crédito, um financiamento, no Banco Exempel, para pagamento em 100 meses.

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Unidade: Balanço Patrimonial

O contador, então, fará o seguinte lançamento contábil:

São Paulo, 21/01/20XX.


Compra de um caminhão da marca Chevrolata, modelo XXY1, ano de fabricação 20XX, adaptado
para restaurante pela empresa Furletto Ltda., conf. NF XXX, financiado pelo Banco Exempel, conf.
Contrato XXXXX.
Débito: Veículos R$ 600.000,00
Crédito: Financiamentos R$ 600.000,00

Essa operação é demonstrada da seguinte forma no Balanço Patrimonial:

Observe que as contas contábeis que já existiam no dia 20/01/20XX permaneceram intactas,
porque não tiveram movimentação, e foram adicionadas duas novas contas: Veículos e
Financiamentos, sendo que essa foi dividida em duas: CP (Curto Prazo) e LP (Longo Prazo).

Para Pensar
Ué? Por que o professor colocou Veículos do lado esquerdo, na parte de baixo, e Financiamentos,
no lado direito, na parte de cima e dividida em duas partes?

No outro dia, esse empresário, como é de se esperar, comprou R$ 100.000,00 em produtos


alimentícios para servirem de matéria prima para as refeições.

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No distribuidor, conseguiu uma negociação interessante: comprou 50% a vista e 50% para
pagamento em 90 dias.
O contador, então, fará o seguinte lançamento contábil no Livro Diário:

São Paulo, 22/01/20XX.


Compra de estoques de produtos alimentícios do Empório Amigão Ltda., conf. NF XXX, com 50%
de pagamento à vista e em dinheiro e 50% para pagamento em 90 dias.
Débito: Estoques R$100.000,00
Crédito: Caixa R$ 50.000,00
Crédito: Fornecedores a pagar R$ 50.000,00

Essa operação é demonstrada da seguinte forma no Balanço Patrimonial:

Observe que, novamente, as contas contábeis que já estavam com saldo permanecem com
saldo, mas a conta Caixa que estava com R$ 400.000,00 de saldo agora está com R$ 350.000,00.
Mas isso não é o correto?
Veja só:
No dia 20/01, o empresário integralizou R$ 400.000,00
E agora, dia 22/01, usou desse montante (R$ 50.000,00)
Portanto, ele tem no Caixa R$ 350.000,00

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Unidade: Balanço Patrimonial

Para Pensar
Ué? Por que o professor colocou estoques abaixo do Caixa, na parte de cima, do lado esquerdo do
Balanço Patrimonial, e Fornecedores como a primeira conta contábil, na parte de cima, do lado direito?

Logo cedo, no dia seguinte, um caminhão do Empório Amigão Ltda. buzinou na sede do
restaurante Rosa e Silva e entregou os produtos comprados para formar o estoque.
Só que o empresário descobriu um grande problema: Onde colocar esses produtos se grande
parte deles são refrigerados?
Ele não tinha uma geladeira industrial ainda!!!!! Então, correu na Comercial de Refrigeração
Antártica, comprou a vista um refrigerador industrial e pediu para que entregassem imediatamente
– o que em São Paulo não é algo muito fácil.
Entretanto, o pessoal, vendo o desespero dele, fez esse favor e como, felizmente, tinham um
caminhão de pequeno porte, um VUC (Veículo Urbano de Carga) que não tem restrições de
circulação, conseguiram entregar!
Ainda bem... acontece!
O contador fez, então, o seguinte lançamento contábil no livro diário:

São Paulo, 23/01/20XX.


Compra de um refrigerador industrial, marca Gelão, modelo CRI, registro 45678, conforme NF. XXX
da Comercial de Refrigeração Antártica Ltda.
Débito: Máquinas e Equipamentos R$ 50.000,00
Crédito: Caixa R$ 50.000,00

Essa operação é demonstrada da seguinte forma no Balanço Patrimonial:

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Observe que surge uma nova conta contábil, Máquinas e Equipamentos. As outras
permanecem intactas e Caixa agora está com um saldo de R$ 300.000,00, o que é muito
coerente. Olhe só:

No dia 20/01, o empresário integralizou R$ 400.000,00

No dia 22/01, usou desse montante (R$ 50.000,00)

No dia 23/01, usou desse montante mais (R$ 50.000,00)

Portanto, ele tem no Caixa R$ 300.000,00

Para Pensar
Ué? Por que o professor colocou Máquinas e equipamentos acima de Veículos, na parte de baixo, do
lado esquerdo do Balanço Patrimonial?

No final do mês, conforme o contrato com o Banco Exempel, o empresário teve de pagar
a primeira parcela do financiamento do caminhão adaptado, no valor de R$ 6.000,00 (R$
600.000,00 dividido por 100 meses = R$ 6.000,00 por mês).

Importante
Neste exemplo, estamos simplificando os cálculos para facilitar a explicação. Em um caso
real, é necessário separar os juros do montante do veículo.

O contador fez, então, o seguinte lançamento contábil no Livro Diário:

São Paulo, 30/01/20XX.


Pagamento da primeira parcela do financiamento do Caminhão adaptado, conforme Nota
Promissória 1/100.
Débito: Financiamentos CP R$ 6.000,00
Crédito: Caixa R$ 6.000,00

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Unidade: Balanço Patrimonial

Essa operação é demonstrada da seguinte forma no Balanço Patrimonial:

Observe que não surgiu nenhuma nova conta contábil, mas o saldo de duas delas foi alterado.
No caso, a conta Caixa teve a seguinte movimentação ao longo do exercício contábil (período
de apuração contábil):
No dia 20/01, o empresário integralizou R$ 400.000,00
No dia 22/01, usou desse montante (R$ 50.000,00)
No dia 23/01, usou desse montante mais (R$ 50.000,00)
No dia 30/01, usou desse montante mais (R$ 6.000,00)
Portanto, ele tem no Caixa R$ 294.000,00

E na conta Financiamentos CP, houve a seguinte movimentação:

No dia 21/01, houve a entrada do seguinte saldo: R$ 72.000,00


No dia 30/01, foi pago desse financiamento: (R$ 6.000,00)
Portanto, temos o saldo de R$ 66.000,00

Até este momento, temos um Balanço Patrimonial com as principais movimentações do


Restaurante Rosa e Silva, mas é necessário realizar uma apuração mensal ou, como popularmente
se diz no jargão contábil, realizar um “fechamento” das contas.

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Sendo assim, observe o Balanço Patrimonial após a apuração:

Qual é a diferença com a versão anterior ao encerramento do exercício contábil (do período
de um mês, ou seja, janeiro)?
Somando-se todas as contas do Ativo e do Passivo, os saldos tanto do Ativo como do Passivo
são absolutamente idênticos!
Observe o que se ressalta abaixo:

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Unidade: Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial segue exatamente a equação patrimonial básica, conforme Iudícibus


et al. (2010 p. 47):

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÕNIO LÌQUIDO

É claro que esse Balanço Patrimonial não está correto, porque ele não segue a estrutura
conceitual que iremos discutir no próximo capítulo, mas já é possível obter algumas informações
muito úteis.
Nos balanços patrimoniais, o lado direito representa as origens de recursos e o lado esquerdo,
as aplicações desses recursos.
Assim, temos o seguinte:

Como origens de recursos, observe que o empresário aplicou na empresa R$ 400.000,00


do seu próprio dinheiro.
Esse dinheiro, na forma de Capital Social, é considerado dívida da empresa para com o empresário,
mas essa dívida não será cobrada pelo empresário, é um dinheiro que ele não vai exigir.
Ele está interessado é nos lucros que a empresa vai dar no futuro, mas não nesses R$
400.000,00. Assim, o sócio ou empresário é considerado um “Terceiro em Especial”.
Agora, essa empresa não contou apenas com dinheiro próprio do empresário. Outras entidades
também estão disponibilizando recursos para essa empresa e confiando em seu sucesso, e irão
receber esses valores no futuro.
No caso, como terceiros temos o seguinte:

Total de Capital Próprio (Terceiros em Especial)............... R$ 400.000,00

Capitais de Terceiros
Banco Exempel ................................................................. R$ 594.000,00
Empório Amigão................................................................. R$ 50.000,00
Total de Capital de Terceiros ............................................. R$ 644.000,00

Total de Origens de Recursos.............................................R$ 1.044.000,00

Assim, essa empresa tem 62 % de Capital de Terceiros.

22
Importante
No mercado financeiro, costuma-se chamar essa distribuição entre capital de terceiros e
capital próprio de “Estrutura de Capital”.

Os usuários externos da Contabilidade entendem que quanto menor o capital de terceiros,


melhor para a empresa. Esse empresário está em risco de não conseguir mais crédito no mercado
com esse índice, por exemplo.
Observe também que, ao final do mês, o empresário conseguiu formar ativos para sua
empresa, ou seja, bens e direitos que dão a oportunidade de ele trabalhar e obter benefícios
futuros. O empresário montou a estrutura da empresa!
Assim, ele aplicou os recursos que foram para ele disponibilizados, seja do seu próprio
dinheiro, seja de terceiros.
Assim, esse empresário aplicou o dinheiro da seguinte forma:

- Dinheiro em caixa, para usar a qualquer momento:................... R$ 294.000,00


- Dinheiro que está na forma de estoques
(Precisa ser transformado em refeições e vendido
para se transformar em dinheiro)............................................... R$100.000,00
- Geladeira Industrial
(Não é tão simples de vender, com algum esforço
pode ser vendida rapidamente. Mas a intenção é
a de usar e não vender)............................................................. R$ 50.000,00
- Veículos
(Caminhão adaptado, se for necessário vender vai ser difícil,
mas a intenção é a de usar e não vender)..................................R$ 600.000,00
Total de Aplicações de Recursos................................................R$ 1.044.000,00

23
Unidade: Balanço Patrimonial

Importante
No mercado financeiro, costuma-se chamar os ativos circulantes de “Capital de giro”.

Observe que, entre os valores aplicados, há algumas contas que podem se transformar em
dinheiro mais rapidamente, e outras que demoram mais tempo.
As contas que se transformam em dinheiro rapidamente são Caixa e Estoques, que somam
um total de R$ 394.000,00. E as contas que não se transformam rapidamente em dinheiro, que
são Máquinas e Veículos, somam R$ 650.000,00
O que é mais fácil de se transformar em dinheiro, considera-se “Circulante”, e o que não é
rápido para se transformar em dinheiro, considera-se “Não Circulante”.
Veja a seguir a distribuição de circulante e não circulante dessa empresa:

A distribuição entre os capitais circulantes e os não circulantes é vista com muito cuidado
pelos usuários externos da Contabilidade.
Entende-se que quanto maior o ativo circulante, mais confortável. Mas isso pode ser
considerado ruim também, dependendo do contexto da análise.
A seguir, você vai conhecer a estrutura conceitual básica dos Balanços Patrimoniais.

Estrutura do Balanço Patrimonial

A estrutura básica do Balanço Patrimonial (assim como de todas as demonstrações contábeis/


financeiras) está definida na Lei 6.404/76 das Sociedades Anônimas e foi alterada pelas Leis
11.638/07 e 11.941/09 por ocasião da convergência às Normas Internacionais de Contabilidade.

24
O conteúdo do balanço passou a ser o seguinte:

Quadro 1. Conteúdo do Balanço de acordo com as Leis 11.638/07 e 11.941/09, após as


Normas Internacionais de Contabilidade.

Fonte: Iudícibus et al. (2010, p.163 ).

Essa estrutura também consta de dois pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos


Contábeis, o CPC:
- CPC 00 Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro;
- CPC 26 Apresentação das Demonstrações Contábeis.
Além do CPC PME, específico para pequenas e médias empresas.
O Balanço Patrimonial apresenta, em determinado período, a situação financeira e patrimonial
da Organização. Por isso, é comparado por muitos a uma espécie de “foto”, que apresenta uma
dada situação e que não vai ser modificada.
Há dois grandes grupos – Ativo e Passivo – e esses, por sua vez, são subdivididos em Ativo
Circulante e Ativo Não Circulante (composto por realizável a longo prazo, investimentos,
imobilizado e intangível) e, ainda, o Passivo Circulante e Passivo Não Circulante (composto
pelo exigível a longo prazo) e Patrimônio Líquido (composto por capital social, reservas e ajuste
de avaliação patrimonial, entre outras contas).

25
Unidade: Balanço Patrimonial

Ao observamos as contas do Balanço Patrimonial, imaginamos que as contas de cima, do Ativo


e do Passivo Circulante, estão em ação, ou seja, giro, muito mais rapidamente do que as contas
que são dispostas abaixo, que são mais estáticas, tem movimentação, mas muito mais lenta.

O Ativo é composto por bens e direitos necessários para o desenvolvimento da atividade


da empresa e representa os recursos aplicados por ela para a sobrevivência, ou seja, sua
estrutura para se manter competitiva num mercado globalizado, altamente mutável e exigente
como o que vivemos.

O Ativo Circulante (AC) é composto por bens e direitos que serão recebidos em dinheiro
num prazo após o término do exercício social subsequente (o que dá após 1 ano e 12 meses).
O Ativo Circulante, também conhecido por Ativo a Curto Prazo, compõe geralmente as
seguintes contas:

• caixa e equivalente de caixa (contas correntes bancárias e aplicações financeiras);


• clientes;
• estoques.

Existem outras, porém sempre apresentadas em ordem de liquidez, ou seja, em ordem da


facilidade em se tornar dinheiro.
O Ativo Não Circulante (ANC), além de compor os bens e direitos que serão recebidos em
dinheiro num prazo após o término do exercício social subsequente (o que dá após 1 ano e
12 meses), os “realizáveis a longo prazo”, também considera os investimentos, sendo que os
mais comuns são:

• as aquisições de participações em outras empresas;


• o imobilizado, representado pelos bens corpóreos, como máquinas, móveis, equipamentos
de informática;
• o intangível, bens e direitos não corpóreos.

O subgrupo Passivo representa todas as dívidas contraídas pela empresa, sendo que as com
vencimento a curto prazo, isto é, que vencerão até o término do exercício social subsequente
(o que dá 1 anos, 12 meses), são classificadas como Passivo Circulante, ficando as demais
registradas como Passivo Não Circulante.

No Passivo Circulante, são registradas dívidas como salários a pagar, impostos a pagar,
fornecedores, entre outras, e no Passivo Não Circulante, as dívidas mais comuns são os
financiamentos bancários e outras com vencimento a longo prazo.

As dívidas registradas tanto no Passivo Circulante quanto no Passivo Não Circulante são
contraídas com terceiros, isto é, com pessoas físicas e/ou jurídicas. Normalmente possuem
rígidos vencimentos predeterminados, ou seja, possuem alta exigibilidade.

26
Importante
As dívidas com terceiros, se não saldadas no tempo exigido, normalmente levam a empresa a
sanções (juros e multas) no caso de não pagamento. Em casos mais extremos, as empresas são
protestadas em Cartório, sujando sua reputação na “praça“ e diminuindo seu crédito.

Já no Patrimônio Líquido, são registradas as dívidas contraídas pela empresa junto aos
seus proprietários, como, por exemplo, o “capital social”. Por isso, os empresários, sócios ou
proprietários são considerados “terceiros em especial”; são dívidas, mas com baixa ou nenhuma
exigibilidade, porque no caso hipotético de uma empresa devolver o Capital Social para os
proprietários, haverá o encerramento das atividades.
Dessa forma, no Balanço Patrimonial, as contas são dispostas em ordem de liquidez e de
exigibilidade, conforme podemos observar na seguinte figura:

27
Unidade: Balanço Patrimonial

Material Complementar

Leia atentamente o texto a seguir, que irá ajudar no aprofundamento de seus estudos

12º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade


São Paulo/SP 26 e 27 julho de 2012
Demonstrações Contábeis no Brasil após Adoção do CPC 13: reação do mercado
de Ações e consequências econômicas
Alexsandro Broedel Lopes
RESUMO
Este estudo buscou avaliar se as demonstrações contábeis emitidas de acordo com o CPC 13,
o qual representa o primeiro passo do Brasil em direção à convergência das normas internacionais
de contabilidade, aumentaram a relevância das informações contábeis no mercado brasileiro.
Além disso, busca-se verificar se a informação contábil foi oportuna, isto é, se a informação
contábil apresenta informação nova para o mercado de capitais que é refletida por meio de
variações nos preços das ações. Para isso foi feito teste de sinais e regressão linear múltipla.
A amostra com todas as empresas apresentou um retorno anormal positivo e significante
estatisticamente em nível de 1% na data do evento, o que indica que o mercado reagiu à
divulgação das demonstrações contábeis de acordo com o CPC 13, ou seja, que as informações
foram oportunas. Os resultados da regressão fornecem evidência de que a divulgação das
demonstrações contábeis seguindo a adoção parcial das normas internacionais representada
pela proxy ERN revelou novas informações para o mercado, ou seja, que a informação contábil
foi value relevant. Portanto, a partir dos testes pode-se afirmar que a informação divulgada a
partir do CPC 13 foi oportuna e value relevant.

• O arquivo está disponível em: https://bit.ly/3JIXzim

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Referências

DRUCKER, P. F. O essencial de Drucker. Lisboa: Actual, 2001.

GRIFFIN, Michael P. Contabilidade e Finanças. (Série Fundamentos – Conhecimento real


para o mundo real). Tradução de Giovanna Matte e Giuliana Castorino. São Paulo: Saraiva,
2012. 250p.

IUDÍCIBUS, S. (Coord.) et al. Contabilidade introdutória. Equipe de professores da


FEA/USP. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

JORGE, Fauzi Timaco; SILVA, Fabio Gomes da. Economia aplicada à administração. São
Paulo: Pioneira, 1999.

SIEGEL, Katy; MATTICK, Paul. Arte & Dinheiro. Tradução de Money, realizada por Ivan
Kuck. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. 223p.

VASCONCELLOS, M. A.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 3.ed. São Paulo:


Saraiva, 2008.

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