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O MEC tinha uma interface pequena neste arranjo institucional. O MEC cuidava das
Universidades, porém tinha uma interface pequena com o Ministério da Ciência e
Tecnologia. Talvez tivesse um papel mais importante O Ministério da Saúde, através
da FIOCRUZ e o Ministério da Agricultura, através da EMBRAPA. Evidentemente
o Ministério da Defesa, com as três forças tinham um papel importante, porque tem
programas tecnológicos importantes na área de defesa (ENTREVISTADO 1).
Observa-se, porém que ligado ao MEC e ainda no âmbito federal tem-se a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES como importante instituição
componente do SNCT&I. A CAPES é responsável pela expansão e consolidação da pós-
graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) no País. Além de operacionalizar as bolsas de
apoio aos programas de pós-graduação stricto sensu, faz a avaliação da pós-graduação,
promove o acesso e a divulgação da produção científica e promove investimentos na
formação de recursos de alto nível no país e exterior.
A CAPES atua também na formação de professores da educação básica com o objetivo de
ampliar o alcance de suas ações na formação de pessoal qualificado no Brasil e no exterior.
Foi criada em 11 de julho de 1951, pelo Decreto n° 29.741. Em relação ao apoio dado aos
programas de Pós-graduação pode-se observar que o número de bolsas concedidas aos vários
programas de pós-graduação no Brasil tem aumentado continuamente durante o período de
análise.
Quando se analisa o Gráfico 2, percebe-se um aumento gradual e consistente do número de
bolsas concedidas pela CAPES para programas de pós-graduação, com o objetivo de melhorar
a competência técnica e científica dos profissionias brasileiros.
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Existem, porém, algumas limitações na abrangência de atuação do CNPq, pois o mesmo tem
tido o seu orçamento mais limitado, já que depende cada vez mais de recursos do FNDCT.
Para o Entrevistado 5 a FINEP é a principal agência de apoio ás políticas de ciência,
tecnologia e inovação no Brasil e a CAPES tem um papel mais importante do que o do CNPq.
Ainda para o Entrevistado 5 existe uma separação entre as atuações do CNPq, da CAPES e da
FINEP. O CNPq e a CAPES estão voltados, principalmente para ciência e tecnologia, para o
apoio à pesquisa básica e à aplicada. No entanto, as duas agências atuam apoiando empresas
em menor grau. A FINEP tem seu foco nas empresas, mas tem fomentado as universidades
através do CT-INFRA. Essa diversidade de atuações é importante para o equilíbrio do
Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil.
Veja, a forma pela qual as entidades trabalham é muito diferente. O CNPq trabalha,
principalmente, com um termo de concessão ao pesquisador individual, a CAPES
trabalha com as reitorias das Universidades, e a FINEP faz convênios com as
fundações, então eles também se comprometeram dessa maneira. As atuações são
diferentes e eu acho que, como eu falei, devido às descontinuidades e às dificuldades
ocasionais de algumas delas, essa diversidade de atuação é importante para dar um
certo equilíbrio ao sistema (ENTREVISTADO 5).
O MCT foi criado menos pela pujança e como uma opção estratégica do País em
fazer uma Política agressiva de Ciência e Tecnologia, mais pela redemocratização
do país e pela pressão que a comunidade científica, através da Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência - SBPC teve na redemocratização. Foi mais uma opção
política para responder aos desejos da comunidade científica, do que uma opção
estratégica de desenvolvimento que desse maior capacidade competitiva ao País. No
Brasil o Ministério de Ciência e Tecnologia sempre foi frágil em relação aos outros
ministérios, quando comparado, por exemplo, com o Ministério da Economia.
Tinham orçamentos pequenos. Não é um ministério de peso muito grande. Cabe a
ele a função, mas na verdade ele não tem peso necessário para fazer a coordenação
do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação (ENTREVISTADO 1).
Portanto, pode-se concluir que no caso do Estado Brasileiro a visão state-centered está
confirmada, ou seja, o Estado como foco analítico privilegiado, porque conforme analisa
Evans (2004) o Estado assumiu uma postura desenvolvimentista, ou seja, assumiu o papel de
principal agente no provimento do desenvolvimento econômico e social. Além disso, o Estado
está inserido em um conjunto concreto de alianças sociais que o ligam à sociedade e provêm
canais institucionalizados para negociação contínua de objetivos e planos de ação. No Brasil,
coube ao Estado promover poupança forçada e a realização de investimentos elevados que o
setor privado não tinha capacidade de financiar. Mais ainda o Estado assumiu um papel chave
no desenvolvimento econômico, como indutor do desenvolvimento, como responsável pela
criação de oportunidades de investimento lucrativo para os empresários no quadro de uma
estratégia nacional de desenvolvimento.
5 Considerações Finais
O objetivo desse artigo foi apresentar como o Estado Brasileiro atuou para desenvolver a
ciência, a tecnologia e a inovação e como se dá a articulação no Sistema Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação - SNCT&I, no período de 1999 a 2010.
A partir dos dados levantados e das análises realizadas conclui-se que o Estado Brasileiro tem
papel importante tanto no incentivo como na articulação do Sistema Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação no Brasil.
Tendo papel importante a FINEP tem atuado na implementação das políticas de Ciência,
Tecnologia e Inovação no Brasil, como o principal ator envolvido nesse processo.
Aponta-se como principais atores que atuam nesse sistema o MCTi, a FINEP, o CNPq, o
MEC através da CAPES e, ainda, de forma mais tímida as Secretarias Estaduais de Ciência,
Tecnologia e Inovação, principalmente através das FAPs (Fundações de Apoio a Pesquisa).
Além disso, faz-se necessário a descentralização das ações de implementação, com a
introdução das Fundações Estaduais de Apoio a Ciência, Tecnologia e Inovação nos moldes
das ações desenvolvidas pela FAPESP, FAPEMIG e FAPERJ, alavancando assim, o volume
de recursos disponíveis e o volume de ações de implementação de políticas de apoio a ciência,
tecnologia e inovação no Brasil..
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