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Maceió
2023
Portfólio
A profissão de docente carrega em si diversas potências biográficas das
mais diversas, e sem entrar no mérito das descrições, devido o escopo desta
produção, privilegiamos aqui as possibilidades que o olhar humano denota.
Aprender é ofício laborioso. Por isto, impomos, enquanto futuros professores,
maior interação e sensibilidade com o comportamento que devemos carregar.
O dever de não subestimar as diversidades que encontramos nos indivíduos,
principalmente daqueles que encontramos na EJA. Articular nossos saberes
com os saberes prévios dos alunos é necessário para nos conectar com o real
motivo de ser e estar professor: O ser humano.
A educação de jovens e adultos representa para alunos o retorno para
um lugar que muitas vezes se mostrou carregado de emoções e impressões
negativas, desde a falta de apoio e acolhimento, até a violência e
marginalização que há muito tempo ocorria quando se tratava de educação e
ensino nas escolas. E para os professores, o que significa participar das vidas
de homens e mulheres que estão retornando para as salas de aulas? Para que
estamos ali? Quem são aqueles alunos? E como podemos contribuir para a
formação daqueles indivíduos? Tais questões norteadoras estão dispostas logo
nas primeiras páginas da obra da professora Tânia Maria de Melo Moura,
intitulada A Prática Pedagógica dos Alfabetizadores de Jovens e adultos:
Contribuições de Freire, Ferreiro e Vygotsky, 2004, sendo nosso primeiro
contato com as conexões históricas, sociológicas, pedagógicas e psicológicas
da educação de jovens e adultos, importando delinear como a abordagem
importa nessa seara, afinal, os sujeitos que frequentam a EJA dispõem da
coragem que faltam para muitos de encarar o medo de frequentar lugar por
onde estiveram e não foram recepcionados da maneira mais humana e digna
necessária para sua permanência e progressão. Já com os cadernos
produzidos e organizados pelo MEC, fomos destacados sobre o papel que a
organização, planejamento, execução didática dentro da EJA, como devemos
produzir conhecimento através de ensino organizado a partir do olhar
diferenciado que aqueles alunos demonstram, impondo ao professor as
possibilidades que o diálogo proporciona.
As estruturas básicas da disciplina estavam delimitadas, mas não
poderíamos imaginar como aqueles encontros seriam suplementares para a
formação acadêmica e biográfica que aprendemos durante a disciplina. Agora,
através da estrutura proposta como forma de avaliação, iremos destacar como
cada aula fora importante, a partir dos olhares compartilhados e emoções
vivenciadas.
Aula 1 6/7/2023
Fomos apresentados a professora Abdizia Barros nesta data, e neste dia
foi destaque, mais uma vez, a força da personalidade e da experiência de uma
docente que há mais de três décadas ajuda na formação de seres humanos em
nosso estado de Alagoas, em momentos e com públicos diferentes, renovando
suas energias a cada ano que se passa, nos fazendo lembrar a potência que a
frase sintética do grande pensador alemão Johan Wolfagng Goethe (1749-
1832) “... A maior força que existe é a personalidade humana...” pode
representar bem os atributos que comportam a professora.
Destacamos as orientações sobre o texto disponibilizadas que seguiria
sobre a análise textual e das leituras que iriamos produzir diante do texto de
Moura. No livro, segundo a autora, a necessidade da investigação teóricas
eram necessárias para traçar as origens empíricas e metodológicas da EJA,
como eram produzidas as discussões sobre os conteúdos, como seriam
produzidos os objetivos de ensino e aprendizagem, quais características e
como cada época trabalhou a demanda da alfabetização formação continuada
e progressiva daqueles alunos, bem representada nas preocupações sobre as
questões que educação Popular infligiu deste excerto: “... Dentre os inúmeros
problemas que identificamos durante as investigações, o que chamou mais a
atenção foi a pobreza teórica existente na área trazendo como consequência a
inconsistência nas práticas...” (2004, p. 11). E assim, podemos dialogar, pensar
e analisar as contribuições que Moura proporciona ao defender o lugar teórico
que os conteúdos de EJA deve trazer, referenciando as conexões temporais e
tecnológicas que cada época carrega.
Aula 2 13/7/2023
Como sequência, a leitura segue reforçando o caráter investigativo e
expositivo dos problemas característicos que a modalidade evidencia. Através
da dita “evolução histórica”, segundo Moura, somos conduzidos a pensar a EJA
com os pés fincados em três dimensões basilares: “... a linguística, a
pedagogia e a política.” (2004, p.22). devido as necessidades de formação
cada vez mais tendenciosa para produção de homens e mulheres de força
produtiva que possam reproduzir analogicamente as necessidades laborais.
Além de suprir a necessidade da nova organização do trabalho, o letramento e
suas práticas sociais de leitura e escrita devem estar subordinadas ao
desenvolvimento social que a alfabetização regular deve proporcionar. Por isto,
as bases linguísticas são necessidades no mundo do trabalho atual,
pedagogicamente organizada em currículos que desenvolvam as mínimas
condições para complementar as exigentes percepções educacionais e
politicamente ligadas umbilicalmente as necessidades econômicas vigentes.
Nos trechos, podemos entender melhor as questões circulares da alfabetização
de jovens e adultos: “... A mobilização brasileira em favor da educação do
povo, ao longo de nossa história parece realmente ligar-se às tentativas de
sedimentação ou de recomposição do poder político e das estruturas sócio-
econômicas, fora e dentro da ordem vigente...” (2004, p. 23). Cada época,
grupos de interesse são formados e suas demandas caracterizadas. A aula se
encaminha para o fim, mas antes, somos impulsionados a refletir sobre as
passagens do tempo e como entendemos as demandas que nos são impostas.
A bela canção de Gilberto Gil evoca em nós as particulares percepções das
inescapáveis mudanças que a temporalidade e a história carregam.
Aula 3 20/7/2023
A contextualização do texto de Moura preambula as antessalas para a
chegada interventiva e necessária de Paulo Freire. Compreender que a
educação de jovens e adultos sofre mudança a partir de Freire é essencial.
Como marco temporal citamos o II Congresso Nacional de Educação de
Adultos, ocorrido em 1958, elencado por Moura como modelo de pensar a
educação de jovens e adultos, mesmo que não tenha até aquela época “...
maior envolvimento com o analfabetismo entre adultos...” (2004, p. 27)
anunciava novo enfoque para aquela demanda ao focar em “... colaboração, a
decisão, a participação e a responsabilidade social e política...” (2004, p.27). A
figura do aluno passa a ser norteada pela sua colaboração durante o processo,
evidenciando suas vivências, histórias, bagagens experienciadas como
combustível pedagógico, alterando assim a visão sobre os conteúdos e teorias
aplicadas e adotadas em salas de aulas. O congresso mobiliza avanços e
discussões sobre o tema, proporcionando mudanças estruturais, que
porventura encontravam se focadas em técnicas com pouco resultado efetivo.
O método Paulo Freire e suas aplicações em Angicos-RN, que a partir de uma
“... visão cristã de mundo... nos oferece em termos teóricos-metodológicos uma
formulação original...” (2004, p. 29). Tornando se “a pedra angular” da
alfabetização de adultos no Brasil (2004, p.29). Avançando um pouco mais no
tempo, a interferência do regime militar nos métodos e práticas de Freire, ao
exila-lo, demonstra o quanto havia de desacordo entre a concepção humana e
religiosa dos métodos aplicados por Freire e a visão econômica e
centralizadora da conjuntura da época, que até rivalizam como as principais
norteadoras do trabalho didático em salas de aulas para alfabetizar adultos,
como o trecho a seguir explica “...Nos últimos quarenta anos da história da
alfabetização de adultos, identifica-se um confronto de ideias entre as duas
formulações predominantes...” (2004, p.32).
Aula 4 27/7/2023
A apreensão contida no texto de Moura sobre o que seria necessário
para a aprendizagem, se abordagem Freiriana ou abordagem Tradicional,
fornecia tempero para as acirrar as concepções de sujeitos em cada uma
dessas abordagens. Sem mencionar a adequação aos valores que a nova
sociedade impunha. Se até os anos 80, a política era enfatizada pelas lutas
contra a tirania e a favor da redemocratização, no fim dos anos já havia terreno
fértil para se pensar e refletir sobre tais métodos com maior liberdade. Finaliza
se a discussão dobre a abordagem retrospectiva da alfabetização de adultos
no Brasil.
Após atividade sobre letramento e adultos, leitura do poema Eva viu a
Uva, propõe se formações de grupos para a próxima demanda que será
apresentar as características dos cadernos disponibilizados pelo MEC. As
apresentações se sucedem nas aulas nas semanas seguintes.
Aulas nos dias 3, 10, 17 e 24/8/2023
Apresentações dos grupos.
Aula 9 31/8/2023 atividades assíncronas
Pesquisa de campo sobre currículos
Aula 10 14/9/2023
Pesquisa de campo sobre currículos e planejamento, avaliação em
Alagoas.
Aula 11 21/9/2023
Neste dia retornamos a discussão em sala de aula a partir de
apresentação de seminário e textos que tratam sobre como a EJA é vista em
nosso estado. Partilha de experiencias em que demonstramos diversas
opiniões sobre o tema, tentando articular com os textos basilares de Moura e a
construção histórica da EJA no Brasil, analisando as concepções que
constituem os sujeitos da EJA, docentes e currículos.
Aula 12 28/9/2023
Socialização das visitas em escolas que disponibilizaram o espaço,
incluindo toda a solidariedade que as salas de EJA conferem, seus sujeitos
ricos em solidariedade, esperança, humor, capacidade de mudança e
resistência exemplar. Diversos relatos emocionam e consternam, diante da
humildade daquelas mulheres e homens adultos, que percebem o valor que a
educação oferece, a vastidão do observar o mundo com novo olhar.
Aula 13 5/10/2023
Socializamos nossa visita a instituição Escola estadual Dra. Eunice de
Lemos Campos, localizada no bairro de Benedito Bentes, em Maceió. Encoraja
e fortalece a percepção que encontramos na escola, no que tange a forma
guiada com a qual os professores, pois são diversas turmas de EJA, no
período noturno que encontramos. Frequentada em sua maioria por mulheres,
as salas de aula borbulhavam de interesse naqueles rostos marcados e
histórias de superação. Escolhemos o aluno para entrevistar e disponibilizamos
o conteúdo a seguir:
Introdução