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MEMORIA DE CÁLCULO PARA DISSIPADOR DE ENERGIA

1. Definição

Dissipadores de energia são estruturas que promovem a redução da velocidade e dissipação de


energia a jusante.
Pode ser uma forma de evitar a erosão e degradação do canal receptor (leito e margens). A
dissipação de energia passa pela criação de mecanismos de absorção do impacto do escoamento
e redução da velocidade para níveis aceitáveis, ou seja, não erosivos e degradantes para o meio.
Inclui-se nesses mecanismos os ressaltos hidráulicos.

A necessidade de instalação de Bacia de Dissipação de Energia bem como o seu tipo/capacidade


está relacionada com o Fr(número de Froude)

do escoamento e as características do meio receptor do escoamento.


Pode-se considerar as seguintes situações:
• Fr = 1 (regime crítico) não ocorre Ressalto Hidráulico.

• 1<Fr<1,7 escoamento de montante ligeiramente abaixo do crítico e a mudança do


regime rápido para lento corresponde à uma tênue perturbação da superfície do
escoamento.
• 1,7≤Fr≤2,5 corresponde a fase de “pré‐ressalto hidráulico” com uma taxa de dissipação
de energia muito baixa. Para esta gama de Fr não existe nenhum problema particular
concernente à Bacia de Dissipação de energia selecionada com comprimento adequado
devendo dar‐se preferência às de pequeno comprimento.

Geralmente o Fr do escoamento na saída das passagens hidráulicas situa‐se entre 1,5 e 4,5 (1,5
≤Fr ≤ 4,5).

Pelo exposto, considera‐se que o recurso à Bacias de Dissipação só se justifica para situações
em que Fr>1,9, devendo optar‐se por bacias de enrocamento em situações de baixos valores de
número de Froude (até um limite de Fr = 2,4).
2. Alguns tipos de bacias de dissipação de energia

Podem ser adotados os seguintes tipos de bacias

a. Bacia de dissipação por Enrocamento ( 1,7 < Fr < 2,5)

b. PWD

c. WES

d. CONTRA COSTA – para situações de Fr < 3

e. SAF – para situações de 1,7≤ Fr ≤ 17

f. UBSR Tipo II ( para 4 < Fr < 14), Tipo III (para 4,5< Fr < 17) e Tipo IV ( para 2,5 < Fr
< 4,5 ). Essas bacias são pouco usadas – geralmente conduzem a um comprimento muito
superior ao da bacia do tipo SAF.

2.1. BACIA DE DISSIPAÇÃO POR ENROCAMENTO


É usual optar‐se por uma bacia de dissipação por enrocamento (leito de pedra) visto que implica
baixo custo e fácil instalação. O seu dimensionamento varia de acordo com as condições de
descarga e a capacidade do meio receptor.
Os fracassos associados a este tipo de estruturas está geralmente relacionado com erros de
dimensionamento de comprimento insuficiente do enrocamento, colocação de enrocamento de
dimensão demasiado pequena para a velocidade do escoamento.
Para precaver esta situação recomenda‐se que o enrocamento dever ser colocado até uma
distância a jusante que corresponda ao alcance das condições de estabilidade mesmo que exceda
a distância correspondente ao controle da velocidade de dimensionamento; sempre que a
descarga é feita num canal de secções bem definidas, o declive das margens do canal não deve
exceder 1:2 (vertical:horizontal); a extensão em comprimento do enrocamento (medido a partir
do local de descarga do aqueduto no sentido de jusante) deve ser cerca de 6 vezes superior ao
diâmetro do aqueduto (D); a largura de colocação do enrocamento deve ser 4 vezes superior ao
diâmetro do aqueduto (D).
Os dois últimos parágrafos indicam que o enrocamento deve ocupar uma área retangular e com
as dimensões definidas na Figura 3.
Figura 3

Material

Deve-se utilizar uma mistura de material rochoso razoavelmente bem calibrado onde
predominem as frações de maior dimensão. O maior diâmetro não deve ser superior a 1,5 vezes
o diâmetro médio da rocha utilizada. É aconselhável a colocação de um filtro de geotêxtil (em
alternativa, o filtro pode ser feito de materiais de pequena dimensão (areia) – figura 3) entre o
enrocamento e o terreno subjacente. Deve ter-se em atenção o fato do enrocamento ser de rocha
dura (granito, basalto, riolito, gabro, etc), ser angular, resistente a abrasão e bem calibrado.

É razoável estimar o diâmetro médio, d50 através da equação clássica de ISBASH analisada por
RICHARDOSN et al., 1990 e SAMORA, 1993:

0,68𝑣 2
𝑑50 = (1)
𝑔𝛾𝑧 /𝛾𝑤

v – velocidade média do escoamento;

g – aceleração da gravidade (9,8 m/s2)

γz e γw – densidade da água e densidade do material rochoso (N/m³)

Considera-se ainda que a equação desenvolvida para determinar d50 do enrocamento a ser
colocado a jusante de Bacias de Dissipação do Tipo II (USBR), apresentada na nota técnica de
Repair Evaluation Maintenance Rehabilitation (REMR), pode ser utilizada para estimar o
diâmetro médio d50 (m), do material a usar em Bacias de enrocamento:
3
𝛾𝑤 0,5 2
𝑑50 = 0,40𝐷 [( ) 𝐹𝑟 ] (2)
𝛾𝑧 − 𝛾𝑤

D – altura do escoamento que pode considerar-se, por simplificação, igual ao diâmetro do tubo
(m);
γz e γw – densidade da água e densidade do material rochoso (N/m³)

Fs – numero de Froude do escoamento à saída do tubo

A determinação do diâmetro médio d50 pode ser, preferencialmente, o maior valor da aplicação
das equações (1) e (2).

Inclinação

A inclinação de colocação do enrocamento deve ser igual ou inferior ao do canal receptor


(preferencialmente a inclinação igual a 0%)

Alinhamento

O enrocamento deve ser rigorosamente alinhado ao longo de sua extensão em área e de acordo
com a morfologia do meio receptor.

O nível superior do enrocamento deve coincidir com o nível do meio do receptor ou ser
ligeiramente inferior a este. Não deve nunca ser colocado a um nível superior.

Espessura

A espessura mínima da camada de enrocamento deve ser de 1,5 vezes o máximo diâmetro do
enrocamento utilizado.

Inspeção e manutenção

Este tipo de estrutura deve ser inspecionada imediatamente após os primeiros acontecimentos
de precipitação para verificar a ocorrência de erosão, deslocamento do material e deposição de
sedimentos.

Operações de manutenção devem ser feitas sempre que se verifique alguma não conformidade
durante a inspeção, por exemplo para evitar a obstrução dos interstícios existentes entre os
materiais rochosos usados para o enrocamento.

Em situações de declive e velocidade elevados (Fr ≥ 2,5) deve ponderar-se a adoção de outros
tipos de bacias de dissipação de energia.

As bacias de dissipação do tipo SAF e USBR são especialmente adequadas em situações de


elevado desnível entre a descarga da PASSAGEM IDRÁULICA E O LEITO DA LINHA DE
ÁGUA RECEPTORA A JUSANTE.

Além das bacias supracitadas existem outros tipos de cabias ( bacia de dissipação por ressalto,
bacia de dissipação por impacto, bacia de dissipação por poço, etc.).

2.2. BACIA DE DISSIPAÇÃO DO TIPO PWD

Os critérios de dimensionamento deste tipo de bacia são os seguintes (ver Figura 5):

450mm ≤ D ≤ 1850 mm

V ≤ 6,264D0,5, com v=Q/A


Onde: D(m) é o diâmetro da seção de entrada na bacia; v(m/s) é a velocidade de aproximação
do escoamento; Q(m³/s) é a vazão de dimensionamento do tubo e A(m²) é a seção transversal
do tubo.

2.3. BACIA DE DISSIPAÇÃO DO TIPO WES

Os critérios de dimensionamento deste tipo de bacia são os que se seguem (ver Figura 6):

Adota-se h3 ligeiramente superior a altura em MPU, determina-se

E verifica-se a condição:
2.4. BACIA DE DISSIPAÇÃO DO TIPO CONTRA COSTA

Cálculos conforme anterior para y 1, 2 e 3, no lugar de h3, na sequência, sendo a altura MPU
as novas alturas calculadas.
2.5. BACIA DE DISSIPAÇÃO DO TIPO SAF

A bacia de dissipação tipo SAF ou St. Anthony Falls (BLAISDELL, 1959) é de uso
generalizado e uso o ressalto hidráulico para dissipar a energia. O seu dimensionamento baseia-
se nos modelos estudados por Soil Conservation Service no laboratório de Hidráulica de St.
Anthony Falls na Universidade de Minsesota. Este tipo de bacia contém blocos de queda (chute
blocks), blocos de leito (baffle or floor blocks) e uma soleira de jusante (end sill) que permite
que seu comprimento seja muito mais curto que os das bacias com ressalto hidráulico livre.

Seu uso é recomendado em situações em que 1,7 ≤ Fr ≤ 17, sendo a sua instalação referida na
bibliografia como opção econômica.

Os procedimentos de cálculos são os já vistos para perda de energia nos ressaltos hidráulicos.
Deve ser colocado a jusante da bacia do tipo SAF enrocamento com uma extensão mínima de
1,50m; o muro de ala deve ter altura igual à da parede lateral da bacia e largura variável
consoante com os taludes de canal natural. Uma alternativa à aplicação da expressão de cálculo
do diâmetro de enrocamento a ser colocado a jusante pode residir na colocação de enrocamento
de diâmetro ≥

3. Dimensionamento

3.1. Dados da sarjeta

3.1.1. Vazão: 40,79l/s

3.1.2. Altura: 7,2cm

3.1.3. Velocidade: 1,57m/s

3.1.4. Raio hidráulico: 7,2 cm

3.1.5. Regime de escoamento

Cálculo do número de Froude Fr


𝒗
𝑭𝒓 =
√𝒈. 𝑯𝒎

Onde v – velocidade em m/s

g – aceleração da gravidade 9,8m/s

Hm – raio hidráulico em m

𝟏, 𝟓𝟕
𝑭𝒓 = = 𝟏, 𝟖𝟔
√𝟗, 𝟖. 𝟎, 𝟎𝟕𝟐
O regime é considerado turbulento.

Conforme o item 2 podemos usar os tipos a, d, ou e.

3.1.6. Opção Bacia de enrocamento

Cálculo
Resumo:
Elementos para dimensionamento da bacia de amortecimento
V= 4,43m/s
Vazão = 40,79l/s
Área = Vazão/Velocidade = 0,04079/4,43 = 0,0092m²
Como a largura = 50cm, a altura da lâmina de água é:
Area = H x L => H = Area/L = 0,018 ou 2cm.
Raio hidráulico Rh = Am/Pm => 0,0092/(0,5+0,04)=0,017m
Numero de Froude
𝒗 𝟒, 𝟒𝟑
𝑭𝒓 = = = 𝟏𝟎, 𝟖𝟓
√𝒈. 𝑯𝒎 √𝟗, 𝟖. 𝟎, 𝟎𝟏𝟕

0,68𝑣 2
𝑑50 = (1)
𝑔𝛾𝑧 /𝛾𝑤

A rocha disponível na região é basalto.

A densidade media é de 29000N/m³

A densidade da água é 9800N/m³

Substituindo nas fórmulas (1)temos:

0,68𝑣 2 0,68. 1,572


𝑑50 = = = 0,056𝑚 𝑜𝑢 5,6𝑐𝑚(1)
𝑔𝛾𝑧 /𝛾𝑤 9,8 . 29000/9800

3 3
0,5 0,5 2
𝛾𝑤 2 9800
𝑑50 = 0,40𝐷 [( ) 𝐹𝑟 ] = 0,40. 0,02 [( ) 10,85] = 0,17𝑚
𝛾𝑧 − 𝛾𝑤 29000 − 9800

Adotando-se o diâmetro médio de 15 cm, com o mínimo de 10cm e o máximo de


20cm.
As dimensões calculadas são:

Largura: 1,20 m

Comprimento: 1,50 m

Espessura do filtro: 10cm

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