Gêmeo Sobrevivente Catia Monari e Equipe O Gêmeo Evanescente Gêmeo nascido sozinho
É essa a expressão usada por
terapeutas alemães, que primeiro observaram o trauma do gêmeo sobrevivente à morte dos seus irmãos e irmãs no ventre materno. Tem-se hoje que, a interferência do gêmeo desaparecido na vida do gêmeo sobrevivente é uma certeza. Para um gêmeo sobrevivente, todo o encontro, a interação, o ambiente do ventre materno, sua relação com seu irmão gêmeo, toda a experiência compartilhada no primeiro dia, na primeira semana, deixam um registro. O primeiro mês é a fase intrauterina em que o gêmeo sobrevivente é exposto ao sofrimento, porque passa a tomar conhecimento do desaparecimento de seus irmãos. Ocorrem diversas reorganizações para que se reestabeleça a harmonia intrauterina. Surgem desta forma, esquemas planejados de sobrevivência, ancorados estruturalmente em seu cérebro e durante o longo mês que passa a experimentar a completa solidão. É aqui que registros de traumas de sua raiz tem início. É aí que tudo começa. Esta conexão interrompida influenciará toda sua futura escolha de vida, este movimento interrompido passa a ser reproduzido em todos os âmbitos de seu viver. Futuramente, ao transformar-se em um profissional, todos estes efeitos sentidos por ele como sobrevivente, apresentarão sinais dentro de si como consequência do repetido trauma. A interrupção causada pela morte precoce gera um rompimento do fluxo entre os irmãos gêmeos, e como consequência o movimento contrário à vida. No concreto, isto se traduz em reação bioquímica que permanecerá na memória celular, mas antes no percurso dos caminhos neurais. Esta será a base que cada experiência futura e servirá como como modelo para suas escolhas. Cada contato interpessoal, cada voô único da vida cotidiana futura será percebido somente em ressonância com o que aconteceu na fase pré-natal. Em outras palavras, quando um sobrevivente encontra uma pessoa, mesmo que apenas rapidamente ativa sua memória celular e ele se volta para o estado inicial perceptivo, espelhando o gêmeo que partiu em cada pessoa, desencadeando a determinada experiência. Realmente, não é a intenção de nenhum embrião/feto, continuar a viver depois da morte dos irmãos. O desaparecimento deles é o fim de todo o seu mundo, gerando nele a intenção de segui-los. Ele continuará a retornar sempre a este ponto zero que a morte do irmão representa. Inconscientemente preservará em sua memória a tentativa de alcança-los, para poder identificar- se confirmando a sua primeira experiencia de vida. É o cordão umbilical que o liga com a mãe e que faz com que ele possa sobreviver. É ele também que vai estabelecer o afeto da relação até o nascimento. Portanto, o gêmeo sobrevivente não deixará os seus irmãos, ele nunca deixará realmente o útero. Permanecerá em uma condição de constante reatividade estimulada, necessariamente daquele que se vai em ressonância com sua experiência. Pesando, não fluindo. Nesta distância entre si e a vida ele passa a se cansar, consumindo toda sua energia, até render-se, tornando-se inatingivelmente ausente, algumas vezes por períodos prolongados e ainda permanentes, alienando-se e comprometendo a qualidade de sua vida em todos os âmbitos. Recontatá-lo, reconectar-se à cor original, voltando ao momento em que a interrupção gerou e ainda mais indireto até reconhecer e perceber novamente a presença dos irmãos e o fluxo entre eles, permite ao gêmeo sobrevivente ir além, além dos limites colocados no que se refere à sua consciência pessoal. A consciência da experiência deve necessariamente mover a atenção do gêmeo sobrevivente sobre si mesmo, sentindo sua própria respiração, assim como a de seu irmão. A empatia por seu destino o leva de volta à origem de seu vínculo, o movimento retoma de onde foi interrompido, retorna a fluir na partilha e no amor desse irmão para todos os gêmeos desaparecidos, honrando seu destino e, pagando o preço que ele exige: VIVER. “Querida mamãe, eu tomo a vida de você, tudo, a totalidade, com tudo o que ela envolve, e pelo preço total que custou a você e que custa a mim. Vou fazer algo dela, para a sua alegria. Que não tenha sido em vão! Eu a mantenho e honro e a transmitirei, se me for permitido, como você fez. Eu tomo você como minha mãe e você pode ter-me como seu(sua) filho(a). Você é a mãe certa para mim e eu o(a) filho(a) certo(a) para você. Você é a grande, eu sou o(a) pequeno(a). Você dá, eu tomo, querida mamãe. E me alegro porque você tomou meu pai. Vocês dois são os certos para mim. Só vocês!" “Entregar-se à mãe e ser aceito por ela é a experiência de relacionamento mais intensa e fundamental que podemos ter!" Bert Hellinger Obrigada!!!