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Confins
Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia

22 | 2014
Número 22

A dinâmica de centralização e
descentralização politica e
administrativa e a revisão da malha
territorial municipal da região norte
do Brasil (1988 – 2010)
La dynamique de la centralisation et de la décentralisation politique et administrative et la révision de la structure territoriale
municipale nord du Brésil (1988 - 2010)
The dynamics of political and administrative centralization and decentralization and the revision of the municipal territorial
mesh of the northern Brazil (1988 - 2010)

Gilberto de Miranda Rocha


https://doi.org/10.4000/confins.9801

Resumos
Português Français English
Este artigo1 tem por objetivo analisar as alterações na malha territorial municipal da Região Norte do Brasil
no período entre 1988 a 2010. A revisão da malha político – administrativa municipal no Brasil, se associa
diretamente à múltiplos fatores, entre os quais destacamos: as mudanças na ordem política e institucional
brasileira, principalmente, no que diz respeito a alternância de períodos de centralização e descentralização
político administrativa; a redistribuição da população no território e ao processo de urbanização. Esses
fatores foram significativos na Região Norte do Brasil. No período entre 1988 a 2010,a referida região
conheceu, em termos percentuais, o maior índice de crescimento do número de municípios no país, 119%.
Igualmente, presenciou profundas transformações demográficas: mudanças na distribuição populacional
com a interiorização do povoamento e a urbanização. As taxas relativas ao ritmo de crescimento da
população urbana na região foram superiores á média nacional

Cet article vise à analyser Les changements dans le tissu municipale dans la région Nord du Brésil de 1988 à
2010. L'examen de la boucle politique - administrative de la ville au Brésil, serait directement liée à de
multiples facteurs, parmi lesquels citons des changements dans l'ordre politique et institutionnel du Brésil,
en particulier en ce qui concerne l'alternance de périodes de centralisation et de décentralisation de
l'administration politique, la redistribution de la population sur le territoire et le processus d'urbanisation.
Ces facteurs ont été importants dans le Nord du Brésil. Dans la période 1988 à 2010, cette région a connu
en termes de pourcentage, le plus haut taux de croissance du nombre de municipalités dans le pays, 119%.
Également assisté à de profonds changements démographiques: changements dans la répartition de la
population avec l'internalisation de la population et l'urbanisation. Les frais relatifs au rythme de la
croissance démographique urbaine dans la région étaient au-dessus de la moyenne nationale

This article aims to analyze the changes in the municipal grid in the Northern Region of Brazil from 1988 to
2010. The review of the political loop - administrative city in Brazil, would be related directly to multiple
factors, among which include: changes in Brazilian political and institutional order, especially with regard
to alternating periods of centralization and decentralization of political administration, the redistribution of
population in the territory and the urbanization process. These factors were significant in Northern Brazil.
In the period from 1988 to 2010, this region experienced in percentage terms, the highest rate of growth in
the number of municipalities in the country, 119%. Also witnessed profound demographic change: changes
in population distribution with the internalization of the population and urbanization. Fees relating to the
pace of urban population growth in the region were above the national average

Entradas no índice
Index de mots-clés : Région du Nord - maillage municipal - dynamique territoriale
Index by keywords: Northern Region - municipal lattice - territorial dynamics
Índice geográfico: Região Norte, Brasil, Amazônia
Índice de palavras-chaves: Região Norte – malha municipal – dinâmica territorial

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Créditos: Neli A. de Mello-Théry
1 O Município2 é uma organização jurídica e política e territorial que compõe a federação
brasileira. Muito embora constitua uma unidade político – administrativa que remonta o período
colonial, a estruturação da malha municipal brasileira ocorre somente a partir do século XX, por
meio do Decreto-Lei n. 311, de 02 de março de 1938, um marco legal de configuração do mapa
político do país, ao determinar a obrigatoriedade do mapeamento municipal e de definição de
seus limites3.
2 A evolução da malha municipal do Brasil, conforme LIMA (2010;35), é um elemento
fundamental para a compreensão da realidade territorial brasileira, uma vez que constitui um
traço central não só da história da divisão espacial do poder local no país, como também serve de
referência e, ao mesmo tempo, revela a dinâmica de ocupação demográfica, econômica e
territorial das diversas regiões ao longo do tempo. Trata-se, portanto, de uma referência
obrigatória para a compreensão da geografia brasileira tanto dos espaços territoriais
consolidados quanto daqueles de ocupação recente e em vias de consolidação.
3 Em outra perspectiva, as alterações na malha municipal, igualmente, expressa a dinâmica de
centralização e de descentralização politica e administrativa que tem marcado os diversos
ordenamentos jurídicos e político – institucionais brasileiros assim como as relações
intergovernamentais, entre o governo federal, os estados e municípios influenciado diretamente
na gestão territorial no país.
4 Este artigo tem por objetivo examinar a dinâmica da malha municipal da região norte do
Brasil focalizando as alterações ocorridas entre 1988 e 2010. Ainda que trata-se de um processo
associado a múltiplas determinações como mencionado anteriormente, relevamos três aspectos
como centrais na analise como uma contribuição ao entendimentos da dinâmica em causa: as
mudanças nas feições politicas e institucionais do pais (centralização e descentralização), as
alterações nas normas de definição das circunscrições politico - administrativas e o processo de
urbanização com a consequente alteração na distribuição espacial da população no Brasil e, em
especial na região norte. Antes porem, realizamos no apanhado no plano teórico, sobre a
municipalização do território assim como realizamos analise sobre os fatores que participam e
influenciam na revisão da malha politico – administrativa.

A revisão da malha territorial municipal: um


quadro teórico e conceitual!
Conceito de território e municipalização
5 As diferentes perspectivas analíticas que trabalham os temas de “redivisão territorial
municipal, descentralização e municipalização” sugerem um sentido cada vez mais proeminente
ao enfoque territorial. Academicamente, o território tem se consolidado como uma significante
unidade de análise conceitual, principalmente para a ciência geográfica 4. Em termos políticos, a
abordagem territorial 5 tem ganho interesse no âmbito dos planejadores e formuladores de
políticas públicas na Europa6, no Brasil7 e, particularmente, na região
amazônica(BECKER,2004). Os chamados territórios de desenvolvimento, territórios de
cidadania, pólos irradiadores de desenvolvimento e regiões de integração são apenas alguns dos
muitos exemplos do enfoque territorial hoje existente no Brasil e Amazônia. Na Franca a
abordagem territorial e presença marcante nas politicas publicas de aménagement du territoire.
« L'aménagement du territoire désigne à la fois l'action d'une collectivité sur son territoire, et le
résultat de cette action » como enfatizam BRUNET, FERRAS ET THÉRY(1992) 8 . Ou em outros
termos: “l'action et la pratique (plutôt que la science, la technique ou l'art) de disposer avec
ordre, à travers l'espace d'un pays et dans une vision prospective, les hommes et leur activités, les
équipements et les moyens de communication qu'ils peuvent utiliser, en prenant en compte les
contraintes naturelles, humaines et économiques, voire stratégiques”9.
6 A emergência da abordagem territorial sugere que o nível de tratamento analítico e conceitual
dos problemas concretos deva ser o espaço de ação em que transcorrem as relações sociais,
econômicas, políticas e institucionais. Significa dizer que a análise de uma realidade concreta
deva se dar dentro do espaço construído a partir da ação e interação entre os indivíduos em si e
entre os indivíduos e o ambiente onde estes estão inseridos. Isto porque o território se forma em
função de uma lógica e identidade própria formada a partir dessas relações que podem contar
com a presença ou ausência do Estado planejador.
7 A proeminência do conceito de território emergiu com o desgaste da noção de região e, mais
precisamente, de desenvolvimento ou planejamento regional. Este desgaste se deu pela
incapacidade de intervenção macroeconômica e macrossocial do Estado a partir de meados da
década de 1970 que, agravado na década seguinte, sofreu influência crescente do ideário
neoliberal sobre as perspectivas keynesianas que vigoravam desde o final da segunda guerra
mundial.
8 Em resumo, a abordagem regional perdeu seu poder explicativo enquanto referência teórica e
conceitual e tornou-se insuficiente como instrumento para o planejamento normativo das ações
práticas do Estado e dos agentes políticos.
9 Tem sido neste contexto que o conceito de território tem se destacado, agora como uma noção
com estatuto operacional que permite a superação dos condicionantes e limites do aporte
regional. Contudo, “o retorno do território”(SANTOS,2006,p.), também está relacionado às
mudanças socioespaciais e político - institucionais realizadas pelo Estado planejador. Trata-se
dos efeitos mais gerais da reestruturação dos processos produtivos, que não apenas se
internacionalizam (ou globalizam), mas também recompõem e afetam os territórios e as
localidades que são a projeção particular sobre um espaço determinado. Neste sentido, o
território emerge, queiramos ou não, como um processo vinculado à globalização, sobretudo
porque a nova dinâmica econômica e produtiva depende de decisões e iniciativas que são
tomadas e vinculadas em função do território.
10 O território é uma nova unidade de referência para a ação do Estado e a regulação das políticas
públicas 10. Consiste em uma resposta do Estado às intensas críticas a que vinha sendo
submetido, sobretudo em função da ineficácia e ineficiência de suas ações, seu alto custo para a
sociedade e a permanência das mazelas sociais mais graves como a pobreza, o desemprego, a
violência, etc. Nesse cenário, os movimentos de emancipação politica e administrativa com
impactos na revisão da malha municipal, as iniciativas de descentralização das políticas públicas,
e a redefinição do papel das instituições, fazem crescer a importância das esferas do poder
público, especialmente as prefeituras locais e os atores da sociedade civil.
11 Nestes termos, da interação entre os processos mais amplos, a níveis escalares mundiais, dos
quais derivam a globalização e processos a escalas locais, nos quais descentralização é operada
como uma forca de fazer existir regulações locais, emerge a necessidade de se tomar os espaços
territoriais locais como referencia de analise. Entende-se aqui a municipalização do território
como um processos polissêmico ancorado na centralidade municipal porem que não se reduz aos
limites territoriais da existência dos governos locais (porem os incluem) mas que apreende a
escala local como condensadora e feixe de articulação de escalas de ação. Para Bob JESSOP,
exercício dos poderes estatais é “uma condensação de forma determinada do equilíbrio de forcas
politicas a operar dentro e para além do Estado” (JESSOP, 2002, p. 40)11. Eric Swyngedouw
afirma que as escalas não existem por si mesmas e que não são politicamente neutras na
construção do que denomina “narrativas escalares”, ao contrario, seus significados e sua
delimitação estão imbricados em relações de poder, e como tal, estão sujeitas a disputa,
negociação e regulação12.
12 O termo municipalização do território se presta a múltiplos significados. A municipalização,
contemporaneamente, esta associada a redivisao territorial no plano das unidades politicas e
administrativas, as politicas de descentralização das esferas de poder central, dos serviços
públicos e de valorização do município no plano da gestão e do governo do território. No plano
acadêmico, difunde-se a ideia da emergência da escala local como nível de analise e artificio
teórico de apreensão dos processos de mudança do quadro de regulação estatal. Conforme
afirma Klein(1990:43), no contexto da globalização, o Estado-nação deixou de ser único no que
refere a reprodução do sistema capitalista em sentido amplo. As tendências globais mostram que
a esfera econômica se globaliza enquanto a esfera social está localizada, e, neste contexto, as
esferas de poder regionais e locais assumem uma nova importância. A espacialidade da regulação
se altera valorizando a escala local como componente importante de gestão e de recuperação da
coerência do sistema social em um período após a crise13.
13 Neste trabalho, advoga-se a favor do entendimento de que os processos de revisão da malha
territorial que estrutura a ação do estado (províncias, departamentos, municípios e comunas,
etc..) são elementos importantes no amortecimento das crises de legitimação e nos processos de
reestruturação e de regulação social e politica. Neste aspecto, para reflexão teórica tomaremos
como referencia de analise o significado e o sentido da municipalização do território expressos na
revisão das normas e regras de organização territorial no Brasil ao longo das ultimas décadas.
Quais os elementos constituintes e motivadores de mudança e alteração da malha municipal no
pais?

A revisão da malha territorial municipal: elementos


constituintes
14 Segundo a Base de Informação Territorial e o Censo Demográfico do IBGE (2010), o Brasil
conta atualmente com 5.567 municípios. Entre 1940 a 2010, em 70 anos, o Brasil criou 3.991
municípios. Esse grande dinamismo da malha político – administrativa municipal no Brasil está
associado a uma conjunção de fatores.
15 Inicialmente e preciso destacar o fato de que, a criação de municípios é um processo
eminentemente político e, como tal, envolve a organização (e interesses) de atores sociais e
políticos situados em escalas geográficas distintas e depende de alterações na ordem
institucional. Nesse caso, relaciona-se diretamente a mudanças na sociedade e no estado
brasileiro, em especial, nas relações intergovernamentais, e diz respeito também ao pacto
federalista.
16 A alteração na malha municipal, tem também relação estreita com as mudanças na estrutura
espacial do território nacional, em especial da região norte e do estado do Pará. Destacamos aqui,
os processos de urbanização, de redistribuição da população e de interiorização do povoamento
no país ocorrido nos últimos cinquenta anos, responsáveis pelo surgimento de novas vilas e
cidades.
17 Nos últimos trinta anos, por um lado, a modernização da economia e da sociedade brasileira e
seu espraiamento sobre o território nacional têm contribuído, por um lado, para produzir novas
estruturas espaciais por meio da expansão do povoamento principalmente nas regiões de
fronteira. Por outro lado, naqueles espaços de povoamento antigo, a modernização através da
ampliação da densidade técnica dos lugares e regiões(CATAIA,2006), tem também contribuído
para redefinir as estruturas espaciais locais herdadas do passado. A criação de novos municípios
representa, em certo sentido, e resultado dos processos de rearranjo das estruturas
socioespaciais locais e do poder local.
18 Existiria assim, associação entre a Multiplicação de novos municípios e a ampliação da
densidade técnica dos lugares e regiões. Na medida em que as transformações espaciais ocorrem
como fruto da expansão de redes técnicas e econômicas em escala mais ampla se necessita de
ampliação da regulação na escala local. O município exerceria um papel primordial na regulação
do território. Conforme Marcio Cataia(2006):
19 ...as bases econômicas do território são exigentes em regulação política. Acompanhando todo
esse processo de modernização econômica e urbana, o território conhece uma maior divisão
político-administrativa . A criação de novos municípios constitui um elemento de base política
essencial à regulação da atividade econômica, pois ela aprofunda disparidades sociais criando
atritos que só podem ser amenizados pelo Estado, única instituição que tem a legitimidade da
violência .
20 Ao estudar a nova geração ou nova família de cidades que surgem no Front agrícola do Centro-
Oeste Brasileiro, destacou a municipalização do território, como a urbanização produtora de
novos poderes locais. Para ele, a modernização do território (campo e cidade), promovida pelo
agronegócio, constituiu um motor potente de alianças entre a política do Estado (no nível
municipal) e a política das empresas.
21 Há que se destacar de forma complementar que a redivisão do território é também uma
expressão das necessidades de controle e regulação social. Essa abordagem destaca a
importância das instituições políticas, em especial da instituição municipal na regulação do
território, no caso do controle social. Gilberto Rocha(1999), destaca que face às transformações
espaciais que normalmente são desencadeadas por empreendimentos de grande escala, as
grandes usinas hidrelétricas por exemplo, a revisão da malha político – administrativa pode ser
entendida, entre outros aspectos, como um componente importante no reordenamento
territorial local, principalmente no que concerne ao controle e a regulação social e política,
indispensáveis para o estabelecimento da estabilidade e da coesão social em momentos de crise e
de reestruturacão sócioespacial local.
22 A nova ordem espacial derivada do empreendimento econômico (mineiro, industrial,
hidrelétrico, etc..) imporia a necessidade de novas normas derivadas da intervenção de caráter
técnico e político. O município e revalorizado como espaço privilegiado, alternativo para a
recomposição das relações sociais locais e para recompor a legitimidade do Estado perante a
sociedade local. Trata-se de formas de utilização da instituição local para a estabilidade política.
23 O que é relevante nesse processo de reorganização espacial do território induzido pelos
processos de modernização é o fato de que as novas formas de apropriação e de uso do território
e de dominação política exigem uma nova configuração. A magnitude e a intensidade da
intervenção transforma a estrutura e a dinâmica espacial, uma vez que altera a base material –
geográfica anterior e afeta os circuitos de produção e acumulação tradicionais, desestruturando
os atores sociais pré-existentes e seu poder político.
24 Em outro plano, as formas capitalistas de divisão técnica do trabalho que se implantam, junto
com a chegada dos fluxos migratórios de caráter heterogêneo desde o ponto de vista de sua
composição demográfica, social e econômica, trazem como conseqüência à reestruturação do
sistema de classes sociais e a complexificação sociedade civil.
25 Essas modificações econômicas e sócio – políticas, levam ao declínio as formas de dominação
política construídas historicamente e seus arranjos espaciais. A necessidade de construção de
novos pactos e do estabelecimento de novos laços entre os atores partícipes da nova realidade em
formação demandam a construção de novas identidades territoriais. No sentido político do
termo, a construção de novas identidades territoriais, no atual contexto histórico, podem ser
instrumentos de remodelagem das estruturas político – administrativas e à redivisão territorial.
26 Atores sociais, interesses e arranjos espaciais do poder permeiam permanentemente a busca
pelo exercício do poder. Assim, dependendo do poder de pressão e da capacidade dos atores de
mobilização e de articulação política, o Estado procurava institucionalizar o poder local,
municipalizando o território, para poder com ele negociar (LOINGER, 1983; BECKER,1984). A
instituição municipal para Bertha Becker (1984), atende, nesse contexto, a duas estratégias
básicas:
27 a – a estratégia de diversificação dos conflitos, isto é, da regionalização da crise financeira, de
racionalidade e legitimidade do Estado central, deslocando-se a crise estrutural da esfera federal
para a comunidade e engajando o Estado (nível local) na sua gênese, num processo que gera
demanda para a descentralização; b – a estratégia de cooptação que assegura a hegemonia
ideológica de duas maneiras: a cooptação pelo consumo pelo consumo de serviços, que isola os
problemas na escala local desviando-o da formação social mais ampla; e, se esta cooptação falha,
o Estado recorre à política eleitoral ou à participação da comunidade que legitima o poder local .
28 Ainda acrescenta a autora,

(...) é possível, contudo, considerando o lado da população, verificar alguns efeitos


contraditórios na função do poder local: a – ele garante a reprodução da força de trabalho
através dos serviços, mas isso também representa ganhos para ela; b – ele garante a
legitimação do Estado usando a “participação” da comunidade, mas é mais aberto a pressões
democráticas que podem influir na política através de lutas competitivas; c – assim o poder
local é parte do aparelho de estado, mas sua parte vulnerável, seu calcanhar de Aquiles – é a
parte que pode ser usada para alcançar ganhos reais e para defender ganhos reais
(Short,1982), isto é, mais capaz de um comportamento aleatório (BECKER,1984:54-55).

29 Por outro prisma, o processo de criação de novos municípios envolve e interessa, de perto,
atores sociais em outro nível escalar, a escala estadual. No Brasil, coube, a partir de 1988 às
Assembleias Estaduais a definição de critérios de criação de novos municípios, o
acompanhamento e a aprovação dos pleitos emancipacionistas. No seu conjunto, essas medidas
institucionais estimularam a emergência de movimentos emancipacionistas em todos os estados
brasileiros.
30 A legislação permissiva criada na maioria dos estados brasileiros, com requisitos poucos
exigentes, passa a revelar o espírito “municipalista” das Assembleias legislativas estaduais. A
criação das Comissões de Estudos Territoriais aponta para uma relação aparentemente
significativa no intuito do legislativo estimular o municipalismo como fator de desenvolvimento
das diferentes regiões dos estados. As emancipações municipais passam a ser consideradas pelos
parlamentares como medidas amplamente favoráveis ao desenvolvimento político, econômico e
social das novas coletividades. Esses processos políticos e institucionais são reveladores da
natureza clientelística de parte substancial das emancipações que ocorreram no país. As
emancipações distritais no âmbito das Assembleias Legislativas Estaduais, denotam a
necessidade premente dos deputados em ampliar o seu campo de atuação política.
31 A análise dos interesses envolvidos nas alterações na malha municipal, revela também a
dimensão econômica do território. Em geral, a redivisão político – administrativa é fruto de
estratégias de atores sociais diferenciados cujo maior intuito é a apropriação dos recursos
econômicos contidos no território em causa. Duas perspectivas podem ser destacadas:
32 Em primeiro lugar, o Território é sinônimo de recursos econômicos e a redivisão do território
como fruto de interesses econômicos e na perspectiva de viabilização econômica territorial de
novas municipalidades. Dependendo do contexto espacial de análise, está em jogo recursos
provenientes de royalties e compensações financeiras, no caso de municípios localizados em
áreas de influência de projetos hidrelétricos, petroquímicos, mineradores . A instalação de
fábricas e unidades industriais, comerciais que ampliam a dinâmica econômica territorial e por
esse curso a arrecadação através do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços(ICMS)
transformam espaços que mobilizam interesses econômicos locais, cujo sentido é a apropriação e
o usufruto do excedente econômico gerado. Em alguns casos no Brasil, a influência desses
mecanismos ou induziu a criação de novos municípios e/ou induziu ao remanejamento dos
limites e das configurações territoriais municipais da área de abrangência geográfica dessas
atividades.
33 Em segundo lugar, o Fundo de Participação dos Municípios(FPM) motiva redivisões
territoriais. No Brasil, esse fundo viabiliza a maioria dos municípios brasileiros. Tendo como
base de calculo o aporte demográfico dos lugares, o tamanho da população determina o índice de
arrecadação municipal. Nesse caso, a população é um verdadeiro trunfo como acentua Claude
Raffestin(1993).
34 Em todo o caso, e preciso considerar que as alterações na malha politico – administrativa
municipal de um pais e, especificamente, do Brasil depende de mudanças na ordem politica e
institucional do pais. Daremos especial atenção a essas mudanças considerando o papel
relevante das normas e regras que dimensionam a configuração politica e administrativa do
território.

Centralização, Descentralização e
Municipalização
35 Considerando o primeiro fator, o contexto político nacional e a ordem institucional, no Brasil,
tem se expressado, em muito pelos processos de centralização do poder, dos recursos e decisões e
de descentralização. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,2010),
apesar do grande dinamismo da malha municipal brasileira, há períodos em que novos
municípios são criados em grande quantidade, e outros períodos nos quais esse processo é
bastante reduzido.
36 O Atlas Nacional do Brasil Milton Santos (2010)14 aponta que os maiores aumentos em valores
absolutos do número de municípios ocorreram ao longo das décadas de 1950, 1960 e 1990. Já em
termos percentuais, as maiores elevações ocorreram entre 1950 e 1960 (32%), e entre 1960 e
1970 (30%). Observa-se um vinculo estreito entre as mudanças de natureza política e
institucional no país e a intensidade da alteração no quadro municipal brasileiro. Conforme
Hervé Théry(2008;p.48-49)15:
37 “Novos municípios têm sido criados ao longo de toda a história do país, mas em ritmos
variáveis, e alguns episódios importantes se destacam, como se a cada período forte da vida
política correspondesse uma onda de criação de municípios: foi o caso na proclamação da
Independência (1822), na proclamação da República (1889) e no restabelecimento da
democracia, após a queda do regime autoritário do Estado Novo (1945). Mas, se esse período de
regime democrático foi rico em emancipações, não foi o caso do regime militar (1964-1985),
quando poucos novos municípios foram criados, embora dezenas de milhares de quilômetros
quadrados de terras novas tivessem sido então conquistados, especialmente na Amazônia. Com a
volta ao poder dos civis, o impulso de independência tomou um novo vigor. Fortalecido pelas
frustrações acumuladas, quando a Constituição de 1988 facilitou a emancipação de novas
comunidades, a curva tomou, nos anos 1990, uma forma exponencial” (THÉRY,2008; p.48-49).
38 A emancipação municipal é matéria regulamentada pelas Constituições Federais e, conforme
sua determinação estendida às Constituições Estaduais. Em 1940 vigia a Constituição Federal de
1937 e o Decreto Lei n. 311, de 1938. Os dois períodos seguintes, 1950 e 1960 vigorou a
Constituição Federal de 1946, compreendida como a Constituição Federal municipalista
(LIMA,2010).
39 Durante os vinte anos de ditadura militar, 1964 a 1985, o número de municípios criados foi
praticamente insignificante dado o fato de que a competência sobre a redivisão territorial passou
a se constituir função do governo central. O papel do município na vida política e socioeconômica
brasileira foi diminuído, isto porque uma nova ordem política no país foi instituída por meio da
Constituição Federal de 1967 e Emenda Constitucional n. 1, de 17 de outubro de 1969. Em ambas,
destacam-se a concentração do poder na esfera federal em detrimento dos estados e municípios e
forte preocupação com a segurança nacional.

Fonte IBGE, Censos Demográficos, 1940 – 2010.


40 Na vigência da Carta de 1967, o art. 14 estabelecia que lei complementar federal fixaria os
requisitos mínimos de população e renda pública e a forma de consulta prévia às populações
locais, para a criação de novos Municípios, regra essa que foi mantida na Constituição de 1969.
41 De acordo com o art. 2º da Lei Complementar nº 1/67, que regulamentou o mencionado art. 14
da Constituição de 1967, nenhum Município seria criado sem a verificação da existência, na
respectiva área territorial, dos seguintes requisitos: população estimada, superior a 10.000 (dez
mil) habitantes ou não inferior a 5 (cinco) milésimos da existente no Estado; eleitorado não
inferior a 10% (dez por cento) da população; centro urbano já constituído, com número de casas
superior a 200 (duzentas); e arrecadação, no último exercício, de 5 (cinco) milésimos da receita
estadual de impostos16.
42 O Ato Complementar (ACP) nº 46, de 1969, determinava que nenhuma alteração no quadro
territorial do Estado poderia ser efetuada sem a prévia autorização do Presidente da República,
ouvido o Ministério da Justiça, o que praticamente inviabilizou a criação de novos Municípios.
Outras leis complementares posteriores pouco alteraram o panorama acima citado.
Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 1940 – 2010
43 A criação de novos municípios, foi ainda mais dificultada através do Ato Complementar no 46,
de 07/02/69, pelo qual nenhuma alteração no quadro normativo que instituía a divisão
territorial do Estado poderia ser feita sem a prévia autorização do Presidente da República,
ouvido o Ministério da Justiça. Durante 10 anos, até a Emenda Constitucional no 11, de
12/10/79, nenhum Município foi criado no Brasil.17
44 A centralização governamental que caracterizou o estado brasileiro no período entre 1964 a
1985 e o regime autoritário que vigorou no país, durante os vinte anos suprimiu o processo de
criação de novos municípios no país.
45 A partir da década de 1980 alterações profundas nas estruturas políticas e institucionais
brasileira conduzirão a transformações na malha político – administrativa brasileira. Uma
conjunção de fatores contribui para que se modifique a malha municipal do país. Entretanto, a
descentralização da ação pública se constitui em um dos processos mais marcantes no que diz
respeito a valorização do município no contexto da gestão dos espaços territoriais do país.
46 A descentralização da ação pública, se constituiu em um movimento em direção às bases
(MASSOLO,1986)18, às demandas da sociedade civil19 representando um papel transformador da
regulação social e, como tal, amortecedor das crises de legitimidade dos estados nacionais
(PETRECHELLE,1996).
47 Tratou-se de um processo que consiste em uma tendência global, mas que não tem se
manifestado da mesma forma em todos os lugares e países (TEISSERENC,2009)20. Pode-se
mesmo dizer, que as reformas administrativas locais, tendo como centralidade a
descentralização, se estabeleceram na maioria dos países, inclusive, em países centrais. Sendo
prioritariamente, parte de um processo de mudança das relações intergovernamentais, a
descentralização comporta, desde a transferência de recursos para os entes federados, à
delegação de poder de execução de ações a organizações sociais.
48 No Brasil, em particular, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 as
modificações nas relações intergovernamentais no país ampliaram o papel dos governos
regionais e locais na gestão do território e do processo de desenvolvimento. Para tanto, a
Federação brasileira traz uma inovação, ou melhor, um novo ente no pacto federativo: o
município. Em muito, contrariando, o papel secundário assumido historicamente pelo município
na vida econômica, social e política local. O Município parece renascer, nesse sentido, de suas
cinzas e alçado à categoria de reforma como uma vez foram as regiões
(CORAGGIO,1988;BECKER,1986).
49 O processo de redemocratização do Estado brasileiro, durante os anos de 1980, alterou
profundamente os rumos até então seguidos pela sociedade brasileira com a redefinição do papel
institucional dos diversos níveis de poder e governo que beneficiou as unidades político –
administrativas regionais e locais, principalmente, os municípios. As mudanças políticas e
institucionais possibilitaram a definição de novos critérios de criação de novos municípios e de
novos mecanismos de autonomia política.
50 O marco institucional dessa transformação política e mudança nas feições institucionais foi a
promulgação da Constituição de 1988. A partir da nova carta magna construiu-se todo um
arcabouço jurídico que possibilitou um novo ordenamento federativo e um novo "pacto
federativo". A redefinição das normas induziram a mudança da configuração político – territorial
municipal de todos os estados brasileiros. A Constituição de 1988, movida por um ideal de
descentralização, estimulou radicalmente esse cenário, como bem demonstra uma simples
leitura do § 4º do art. 18 da Carta Magna de 1988,que estatuía:
51 “Art. 18. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios
preservarão a continuidade e a unidade histórico-cultural do ambiente urbano, far-se-ão por lei
estadual, obedecidos os requisitos previstos em lei complementar estadual, e dependerão de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações diretamente interessadas.”
52 No período de 1991 a 2000, por outro lado, após a promulgação da Constituição Federal de
1988, foram emancipados 1.016 municípios, o que representou um acréscimo de 18% no total
nacional. Já entre 2000 e 2010, período de vigência da Emenda Constitucional n.19, surgiram
apenas 57 novos municípios, valor equivalente a 1% do total.
53 Diante o grande surto emancipacionista em todo o território nacional, o Estado brasileiro
resolveu intervir, agora para conter o processo. Em 1996 a Emenda Constitucional nº 15§ 4o do
art. 18 da Constituição:
54 A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei
estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação
de Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.(Emenda
Constitucional nº 15§ 4o do art. 18 da Constituição Federal)
55 Recentemente, em 2008, a lei Complementar Federal foi promulgada. Quanto ao Plano de
Viabilidade Municipal, ele foi elaborado e definido o seu conteúdo e, quem o definirá, as
Assembléias Estaduais. Como se pode perceber as mudanças político – institucionais relativas à
legislação e a competência de legislar e instituir novas unidades político – administrativas foram
em grande parte impulsionadoras da redivisão territorial.

Urbanização do Território e Município: uma


visão macrorregional
56 A experiência brasileira recente aponta que a criação de municípios se relaciona, em muito,
com o processo de urbanização. Ou, mais especificamente, com a expansão populacional de
grandes núcleos urbanos ou metrópoles, a multiplicação de núcleos populacionais e à abertura
de novos espaços de povoamento. Nesse sentido, devemos relevar a expressividade da
concentração populacional urbana no país. Dos 190.732.694 habitantes do Brasil, 160.879.708
habitam as cidades, segundo dados do Censo Demográfico de 2010. Ou seja, 84,35% dos
habitantes do território nacional são urbanos segundo o critério de definição oficial de cidades no
país21. 15,65% apenas da população total vivem no campo.
57 Apesar da redução no ritmo de crescimento populacional do país, em 2010, a um ritmo de
1,17% ao ano tomando-se por base o período entre 2000-2010, o crescimento da população
brasileira no referido período foi de 12,3%. Na década anterior foi 15,6% entre 1991 e 2000.
Observa-se na tabela abaixo o tamho da população brasileira, urbana e rural, em 2000 e 2010.
58 A concentração populacional urbana, principalmente nas cidades capitais e regiões
metropolitanas e a multiplicação de pequenos núcleos urbanos constituíram as principais
evidências da urbanização do território nacional. Se tomarmos como referência os anos de 1950,
podemos afirmar que nos últimos sessenta anos houve completa inversão no tamanho e na
distribuição populacional do país. Alguns dados são elucidativos: Em 1950, o país era
esmagadoramente rural. A população brasileira alcançava 51.941.767 habitantes em 1950, dos
quais, 18,8 milhões do total habitavam as áreas urbanas e 33,2 milhões os espaços rurais.
Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 2000 e 2010.

59 Os anos de 1970 representam um marco da inversão populacional no país em termos de sua


redistribuição interna. A integração nacional, a expansão e a interiorização do povoamento
foram marcas indeléveis desse processo. Naquela década 52,2% da população já se constituía
urbana. Em pouco mais de uma geração, de forma intensa e caótica, tornámo-nos um país de
mais de 80% de população urbana.
60 Quanto a sua distribuição interna, entre as macrorregiões brasileiras, em 1940 havia
concentração populacional na faixa litorânea e aglomerados populacionais dispersos pelo
interior, especialmente nas regiões Sudeste e Sul, mas já era possível perceber novas manchas de
povoamento na Região Centro-Oeste. Sessenta anos após, persistiram as diferenças regionais,
por exemplo, densidades demográficas de 3,4 hab/km2, no Norte do país, a 78,3 hab/km2, no
Sudeste. Entre 1940/2000, as maiores taxas de crescimento anuais da população ocorreram nas
regiões Centro-Oeste e Norte (4,1% e 3,6%).
61 Na ótica estadual, as maiores taxas de crescimento registradas foram em Rondônia (8,0%) e
Roraima (6,0%), áreas favorecidas por incrementos demográficos da expansão da fronteira
agrícola a partir da década de 1970. Na década de 1980, o POLONOROESTE em Rondônia, foi
um programa definidor da consolidação do povoamento ao longo do território. Já as menores
taxas de crescimento foram observadas nos estados da Paraíba (1,5%) e Minas Gerais (1,7%), em
geral, associadas a saldos migratórios negativos. Ver tabela a seguir sobre as taxa média
geométrica de crescimento anual entre 1940 – 2000.

Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 2000 e 2010.


62 Segundo IBGE(2000),a urbanização foi, sobretudo, significativa em termos espaciais e de
distribuição populacional. Pode-se dizer que: o Brasil rural tornou-se urbano. Na década de
1940, menos de um terço (31,3%) da população morava nas cidades, enquanto em 2000 já eram
81,2%. O contingente de população urbana, que correspondia a 12,8 milhões de habitantes, em
1940, atingiu 137,9 milhões, no último Censo. Em números absolutos, no entanto, a população
rural cresceu de 28,2 milhões para 31,8 milhões de habitantes, entre as duas épocas
(IBGE,2000).
63 Essa mudança na estrutura espacial proporcionou alterações na malha municipal brasileira:
64 No Censo de 1940, o Brasil contabilizava 1.574 municípios. Ao longo dos 60 anos posteriores,
foram criados 3.933 municípios, totalizando 5.507. Atualmente, existem 5.564. O grande
incremento quanto à criação de municípios incidiu naqueles até cinco mil habitantes. Em 1940,
54,4% dos municípios possuíam população até 20 mil habitantes. Em 2000, foram 73% dos
municípios do total (IBGE,2000).
65 Dados de 2010, considerando o período de 2000 a 2010, demonstram que o ritmo crescimento
populacional se manifestou principalmente nos municípios acima de 1 milhão de
habitantes(35,6%), seguido dos municípios nas faixas de 500 mil a 1 milhão de
habitantes(24,8%) e aqueles situados na faixa de 100 mil a 500 mil habitantes(22,6%). Em
percentuais menores, mas significativo, houve crescimento populacional nos municípios de 10
mil a 100 mil habitantes.
66 Em termos numéricos, dos 5.565 municípios brasileiros, 89,09% possuem até 50 mil
habitantes, segundo o Censo Demográfico de 2010, realizado pelo IBGE, sendo 45,19% na classe
até 10 mil habitantes e 43,90% naquela de 10 a 50 mil. 5,82% são municípios cujo tamanho
populacional encontra-se na classe de 50 a 100 mil habitantes. De 100 mil a 500 mil
representam 4,40%. Acima desse patamar, ou seja, 500 mil habitantes, temos menos de 1% do
total dos municípios.

O quadro das emancipações municipais na


Região Norte do Brasil: 1988 - 2010
67 Em 1980 existiam no Brasil 3.991 Municípios. Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, o Brasil conta com 5.563 municípios. No período entre 1980 e 2001
foram instalados 1.570. Segundo estudo realizado por François Bremaeker(2001,p.2), em termos
relativos o crescimento do número de Municípios no período entre 1980 e 2001 foi mais intenso
na região Norte (119,0%), seguido da região Sul (65,4%), Centro-oeste cresceu (64,2%) e as
regiões Nordeste (30,3%) e Sudeste (18,3%).
68 Entre as Unidades da Federação, aquelas que apresentaram maior número de novos
Municípios em números absolutos, no período entre 1980 e 2001, foram: Rio Grande do Sul
(265) e Paraná(109) na região sul; Minas Gerais (131) e São Paulo (74) na região sudeste; Piauí
(108) e Maranhão (87) no nordeste; Mato Grosso (84) e Goiás (75) no Centro - Oeste; e
Tocantins (87) e Pará (60) na região Norte.
69 No período entre 1980 e 2001 foram instalados no Brasil 1.570 municípios. Em termos
relativos, segundo estudo realizado por François BREMAEKER (2001,p.2), o crescimento do
número de Municípios no período entre 1980 e 2001 foi mais intenso na região Norte (119,0%),
seguido da região Sul (65,4%), Centro-oeste (64,2%) e as regiões Nordeste (30,3%) e Sudeste
(18,3%). Entre as Unidades da Federação da região Norte, as que apresentaram maior número de
novos Municípios em números absolutos, no período entre 1980 e 2001, foram os estados do
Tocantins (87) e do Pará (60).
70 O movimento de emancipação de municípios alterou significativamente a distribuição dos
municípios por tamanhos de população e por regiões. Em 1940 54,10% possuíam menos de 20
mil habitantes, em 2000, 72,94%. Em 2010, 94,5% dos municípios instalados, integram a
categoria dos que têm menos de 20 mil habitantes.
Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 1980 a 2001.

71 BREMAEKER (2001) destaca que no período intercensitário entre 2000 e 2010, apenas 58
municípios foram instalados. Porém, é importante enfatizar que a criação desses municípios
ainda seguiu as regras que antecederam a Emenda Constitucional n. 15/1996.
72 Quanto a tipologia dos municípios, a maioria (87,93%) são pequenos considerando tamanho
populacional. São municípios com população entre 2 mil a 10 mil habitantes. 8,62% do total são
municípios com população entre 10 mil a 50 mil habitantes. Apenas dois municípios são de
grande porte demográfico (3,45% do total). Uma delas possui entre 50 mil e 100 mil habitantes e
outra possui entre 100 mil e 200 mil habitantes (BREMAEKER,2010).
73 Na região Norte do Brasil (Mapa 1), em 2010, existiam 434 municípios. Em 1980 existiam 203
unidades político – administrativas (municípios). Entre 1980 e 2010 foram criados 221
municípios. Em termos percentuais, Rondônia, teve o maior incremento. De sete municípios em
1980, hoje apresenta 52. A que deve esse intenso processo de emancipação? Vários fatores,
certamente, participam dessa alteração na Malha político-administrativa da região Norte do
Brasil. ROCHA (2008; ROCHA, 2009), destaca que além de fatores de ordem política e
institucional, participam fatores como a organização de atores sociais, motivados principalmente
por interesses econômicos e políticos.
74 As novas frentes de povoamento e as ações públicas de estruturação do território e seus efeitos
como a urbanização são importantes fatores a considerar. Em outros termos, entre 1970 e 1990,
principalmente, as políticas públicas induziram a transformações profundas a estrutura espacial
regional. Não somente alterações na base produtiva e no uso do território, mas principalmente, o
processo de interiorização do povoamento, acelerou a urbanização do território. Povoados, vilas
e cidades se multiplicaram em todas as unidades da federação da Região Norte, com
intensidades e abrangência espacial diferenciada.
Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 1991 e 2000.

75 Considerado o espaço de abrangência regional, Região Norte, os estados do Pará, Rondônia e


Tocantins foram os territórios mais afetados por essas mudanças. Eles compõem com o
Maranhão e Matogrosso, o Arco do Povoamento Consolidado (BECKER,2006) ou, em outras
palavras o Arco de Municipalização do Território (ROCHA,2009).
76 No estado do Pará, foram criadas sessenta novas unidades político – administrativas. A
maioria dos novos municípios surgiu em função dos novos vetores de ocupação do território
implantados desde a década de 1970. Obras de infraestrutura como rodovias (Br – 230; Br –
010; Br – 163 e Pa – 150), usinas hidrelétrica Tucuruí e projetos técnico - econômicos de
exploração mineral (Carajás), agropecuária e madeireira induziram a ampliação do aporte
migratório e a definição de novos núcleos urbanos. Em termos regionais, as regiões de integração
do Xingu, Araguaia, Lago Tucuruí, Carajás, Capim evidenciaram o maior número de processos de
emancipação. Essas regiões foram palco dos processos de integração nacional, de implantação da
usina hidrelétrica de Tucuruí, do projeto ferro Carajás e foram definidas como espaços
prioritários para os investimentos públicos no contexto dos Planos Nacionais de
Desenvolvimento entre 1970 e 1990.
77 Nesse contexto de ação pública regional, o território do estado de Rondônia, igualmente,
sofreu modificações profundas. Ao longo da BR-364 (Rondônia), a fronteira de povoamento; a
implantação do POLONOESTE na década de 1980, associaram a criação de nódulos urbanos à
distribuição e/ou venda de terras (COY,1989;1992). Vilas e cidades surgiram sob o efeito dessas
ações públicas.
78 A institucionalização dessas cidades, transformando-as em sedes municipais ocorre após as
mudanças político - institucionais de 1988. Foram criados 45 municípios no estado de Rondônia.
Certamente, motivados por interesses ligados ao controle fundiário, mas também, associados à
ações necessárias de regulação de ordem política e institucional e territorial local.
79 Os estados do Amazonas, Roraima e Acre foram os estados em que as alterações foram pouco
representativas da alteração na estrutura espacial do povoamento do território. Roraima
conheceu, desde os anos de 1980, ampliação da sua estrutura espacial de povoamento. No
Sudeste e ao longo do eixo da rodovia Manaus – Boa Vista, foram implantados assentamentos
rurais motivando, em parte a criação de novas vilas e cidades.
80 Tocantins, entretanto, pertencente até 1988 ao estado de Goiás, teve na abertura da rodovia
Belém – Brasília e seu eixo central a indução a estruturação espacial do território desde os anos
de 1950. Porém, o avanço da fronteira agrícola ao longo das décadas de 1970 e 1980 interiorizou
o povoamento. De 52 municípios de herança goiana da década de 1980, o estado conta hoje com
139 municípios. Um acréscimo de 87 novos municípios. O maior incremento em números
absolutos da Região Norte.
Considerações Finais
81 Este texto privilegiou a dinâmica da malha municipal da região Norte do Brasil,
principalmente, entre 1988 e 1996, período correspondente ao surto emancipacionista municipal
do país e 2010, data do último Censo Demográfico do país. As alterações foram estimuladas por
vários fatores e têm envolvido universos e particularidades diversos. Aqui, foi possível perceber
que:
82 1. A dinâmica municipal está diretamente relacionada ao movimento de centralização e
descentralização político-administrativa e, tem sido tratada no contexto da redemocratização da
sociedade e das alterações na ordem política e institucional brasileira. Pouco, no entanto, tem
sido tratada de forma explicita no contexto de políticas de ordenamento do território nacional e
estaduais;
83 2. Em todas as regiões brasileiras, esse processo se evidenciou, ainda que com intensidades e
abrangências espaciais diferenciadas. As regiões Sudeste e Sul apresentaram o maior número de
emancipações, apesar de que a região Norte, revelou maior intensidade em termos relativos.
84 3. Certamente, na região Norte, a mudança no padrão de povoamento do território, no aporte
demográfico com elevada concentração populacional urbana assim como a multiplicação de
núcleos urbanos regionais são fatores que se associam a alterações namalha municipal regional;
85 4. Finalmente, a magnitude em que se deu as transformações regionais na malha municipal é,
em muito, determinada, pelos critérios facilitadores de criação de novos municípios definidos
pelas assembléias estaduais, demonstrando um grau de articulação política entre os agentes
políticos regionais; Esses elementos são, portanto, fundamentais para que se compreenda que a
redivisão do território, os processos de emancipação político-administrativa municipal não se
constituem em fatos isolados e apenas motivadores de interesses particularistas e portanto,
apartados da realidade e da dinâmica social geral.

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Notas
2 o município é a menor unidade territorial brasileira com governo próprio, é formado pelo distrito-sede,
onde acha-se localizada a cidade, que é a sede municipal e que leva o mesmo nome do município e, que
corresponde à zona urbana municipal e; também, pelo território ao seu entorno, a zona rural municipal,
que pode ser dividida em distritos, cuja maior povoação recebe, geralmente, o nome de vila. (PINTO, 2003,
p. 29).
3 BRASIL. Atlas Nacional do Brasil Milton Santos. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de
Janeiro, 2010.
4 HASBAERT,R. O Mito da Desterritorialização: Do “fim dos Territórios” a
Multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 2004.
5 ROCHA, G. M. Município e Território. Belem: Nucleo de Meio Ambiente/UFPA, 2011.
6 FERRÃO,J. A Emergência de Estratégias Transnacionais de Ordenamento do Território na
União Européia: reimaginar o espaço europeu para criar novas formas de governança
territorial? Revista Eure, Vol. XXIX, n. 89, p. 43-61, maio de 2004.
7 BRASIL. Para Pensar a Política Nacional de Ordenamento do Território. Brasília: Ministério de
Integração, 2005.
8 BRUNET,R. (DIR.), FERRAS, R. ET THÉRY,H. Les mots de la géographie : dictionnaire critique,
Montpellier, RECLUS,‎1992, 470 p. (ISBN 2-11-002852-1), p. 29.
9 MERLIN,P. ET CHOAY,F. (dir.), Dictionnaire de l'urbanisme et de l'aménagement, Paris, PUF,‎
2000, 3e éd., 902 p. (ISBN 2-13-050587-2), p. 38-43.
10 RÜCKERT, A. A Política Nacional de Ordenamento Territorial, Brasil: Uma Política
Territorial Contemporânea em Construção. Revista Electrônica de Geografía y Ciências Sociales. V.
XIn. 245(66), 2007.
11 JESSOP, B. The future of the capitalist state. Cambridge: Polity Press, 2002.
12 SWYNGEDOUW, Eric. Neither global nor local: ‘glocalization’ and the politics of scale. IN: COX, K.R.
Spaces of globalization: reasserting the power of local. New York/London: The Guilford Press, 1997, p. 140.
13 Conforme o geografo canadense J-Luis KLEIN, selon notre hypothèse, la désagrégation de l'Etat-nation
s'inscrit dans une dynamique de régulation et de gestion du social. Rappelons que la régulation peut être
définie comme le processus par lequel une cohésion sociale s'établit malgré les conflits et par lequel le
capitalisme se reproduit au travers de ses contradictions. La régulation n'est possible que lorsque les
rapports sociaux se configurent de façon stable. KLEIN, J-L. Les limites larégulation: crise de FEtat-nation
et gestion du local. EspacesTemps 43-44/1990, pp. 50-54.
14 BRASIL. Atlas Nacional do Brasil Milton Santos. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de
Janeiro, 2010.
15 THÉRY, H. As Malhas Territoriais Brasileiras: uma construção histórica e social. In: Revista Vivência,
n. 33, 2008, p.43 – 54.
16 BRASIL. Lei Complementar n. 1, 9 de novembro de 1967.Presidência da república, D.O.U, 10.11.1967.
17 Ver CATAIA, M. A. A geopolítica das fronteiras internas na constituição do território: o caso da criação
de novos municípios na região centro-oeste do Brasil durante o regime militar. Revista eletrônica de
geografia yciências sociales.Universidad de Barcelona, 2006.
18 MASSOLO, Alejandra. Em direção às bases: descentralização e município In Espaço e Debates - Revista
de Estudos Regionais e Urbanos. São Paulo: Parma Ltda, 1988. Ano VIII, nº 24, p.40-55.
19 Segundo ALMEIDA(2004) no contexto da luta contra um regime autoritário de fortes traços
centralizadores, a descentralização se tornou, para as oposições, sinônimo de democracia, de devolução à
cidadania da autonomia usurpada pelos governos militares. Segundo a percepção oposicionista dominante
na época, a descentralização era condição para o aumento da participação, e ambas compunham uma
utopia democrática cujo horizonte remoto era o autogoverno dos cidadãos. ALMEIDA, M.E.T. Federalismo
e Políticas Sociais. RBCS, n28, ano 10, Jun/95.
20 TEISSENRENC,P. Le Territoire de L´Action Publique. In: Rocha, G.M. Magalhães, S.M.B. e Teisserenc,
P. Territórios de Desenvolvimento e Ações Publicas. Belém: Edufpa, 2009.
21 O conceito de município no Brasil se associa diretamente ao conceito de cidade desde o Período do
Estado Novo. SOUZA (2010;28), acentua que oficialmente a cidade, independente de seu tamanho, é a sede
de um município. É o local onde se projeta e se exerce o poder sobre um território, o município. Segundo o
autor, “... os núcleos urbanos são as cidades e as vilas, sendo que as primeiras são sedes de municípios e as
segundas são sedes de distritos (subdivisões administrativas dos municípios). E, de fato, nenhum outro
conteúdo se associa a essa “definição” brasileira oficial de cidade e de vila: é certo, sem dúvida, que uma
vila, que sedia um simples distrito, é menor que uma cidade, que sedia todo um município; mas, a elevação
de uma vila à categoria de cidade, na estreira da emancipação do distrito e criação de um novo município
(pois, se um município pode comportar vários distritos e, portanto diversas vilas, não pode haver um
município com duas cidades), é um processo eminentemente político.”(SOUZA, 2010;29)
1 Este artigo apresenta resultados do projeto de pesquisa: ROCHA, G. M. Estudos de Viabilidade
Municipal. Analise e Proposições para o Ordenamento do Território na Amazônia Brasileira.
Relatório de Pesquisa. Edital. n. 14/2011. CNPq.2013.

Índice das ilustrações

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URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/9801/img-2.png
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Créditos Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 2000 e 2010.
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URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/9801/img-4.jpg
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Créditos Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 1980 a 2001.
URL http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/9801/img-5.png
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Créditos Fonte: IBGE, Censos Demográficos, 1991 e 2000.
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Ficheiro image/png, 3,4M

Para citar este artigo


Referência eletrónica
Gilberto de Miranda Rocha, «A dinâmica de centralização e descentralização politica e administrativa e a
revisão da malha territorial municipal da região norte do Brasil (1988 – 2010)», Confins [Online], 22 | 2014,
posto online no dia 26 novembro 2014, consultado o 02 agosto 2023. URL:
http://journals.openedition.org/confins/9801; DOI: https://doi.org/10.4000/confins.9801

Autor
Gilberto de Miranda Rocha
Geógrafo, Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo. Professor da Universidade
Federal do Pará: Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) e Programa de Pós-Graduação em
Gestão dos Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM), gilrocha@ufpa.br

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