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É Proibido Proibir?

França, maio de 1968


Em 1968 ocorreu o ápice da ousadia de um processo revolucionário secular de
degradação humana. Assim, em maio daquele ano, estudantes da Sorbonne e da
Naterre deram andamento a uma revolução doentia que não tinha qualquer
programa, ou seja, contestava-se tudo sem nada propor explicitamente. Deste
modo, observou-se que tais manifestações estudantis não incidiam apenas sobre
questões restritas, mas atingiam de modo direto ou indireto todos os resquícios
sobreviventes de uma tradição cultural e até religiosa já enfraquecida. Munidos
com slogans como: “é proibido proibir”, “gozar sem freios” e “nem Deus, nem
mestre”; os sorbonianos pregavam o igualitarismo, o liberalismo e a
sensualidade, ou seja, aludiam a um “modus vivendi” regido pelas paixões
desenfreadas.
Como na Revolução Francesa, na revolução sorboniana há de se observar,
cautelosamente, o termo liberdade, que para os incautos sempre pressupõe algo
bom, belo e dignificante. Porém, o benéfico sentido de tal palavra foi
desvirtuado. Apesar da acepção que aparentemente ostenta, a liberdade
apregoada pela Revolução Sorboniana constitui-se numa verdadeira receita de
degradação do homem. Isso se dá pelo fato de que Deus em sua onipotência
imprimiu na alma humana uma hierarquia, onde a inteligência deve guiar a
vontade, e esta deve governar a sensibilidade.
O lema “faça o que tu queres” denota justamente a inversão de uma ordem
natural, é o agir do homem pautado pelas suas paixões e não mais pela sua razão.
Logo, entende-se que o fulcro do liberalismo sorboniano é “o direito de pensar,
sentir e fazer tudo quanto as paixões desenfreadas exigem”.
Com a mesma prudência deve ser observado o igualitarismo, pois dele irá
emanar todo o desprezo e ódio contra estruturas hierárquicas e contra a ordem
social. Por isso, a massificação do povo, o nivelamento geral, a busca alucinada
pela quebra das desigualdades foram algumas das metas mais buscadas pelos
revolucionários. A ruptura das desigualdades (lato sensu), atingiu, inclusive, a
seara metafísica e religiosa, revelando-nos o ódio da revolução contra a infinita
superioridade divina. Santo Tomás ensina que a diversidade das criaturas e seu
escalonamento hierárquico são um bem em si, pois melhor resplandecem, na
criação, as perfeições do Criador.
Finalmente, após uma rápida análise dos alvos visados pelos revolucionários,
podemos certamente afirmar que aquele movimento serviu como um catalisador
das tendências desordenadas e anti-naturais. Vivemos, hoje, os frutos de um
movimento que teve na “Revolução da Sorbonne” a sua explicitação máxima.
Luiz Carlos Starling Peixoto
FONTE: http://www.lepanto.com.br/Sorbonne.html

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