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2º ANO, 1º SEMESTRE
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NELSON RODRIGUES
DIREITO PENAL I – UAL - DIREITO 2017/18 – 2º ANO - 1º SEMESTRE - 1º TESTE
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DIREITO PENAL I – UAL - DIREITO 2017/18 – 2º ANO - 1º SEMESTRE - 1º TESTE
H.5.1 – Determinismo.............................................................................................................................24
H.5.2 – Os evangelistas...........................................................................................................................25
H.5.3 – Movimento Positivista................................................................................................................25
I – HISTÓRIA BREVE DO DP PORTUGUÊS........................................................................................................25
I.1 – DAS ORIGENS ATÉ ÀS ORDENAÇÕES..................................................................................................25
I.2 – DAS ORDENAÇÕES AO CÓDIGO PENAL DE 1852.................................................................................26
I.2.1 – Constituição de 1822...................................................................................................................26
I.2.2. – Constituição de 1826..................................................................................................................26
I.3 – DO CÓDIGO PENAL DE 1852 AO CÓDIGO PENAL DE 1982..................................................................26
I.3.1 – Do CP 1852 ao CP 1886................................................................................................................26
I.3.2 – CP de 1982...................................................................................................................................27
I.3.3 – CP de 1982/1995..........................................................................................................................27
J – MÉTODO SISTEMA E PLANO......................................................................................................................27
J.1 – PRRESSUPOSTOS POLÍTICO-FILOSÓFICOS...........................................................................................27
J.2 – MÉTODO.............................................................................................................................................28
K – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.......................................................................................................................28
K.1 – Evolução Histórica.............................................................................................................................28
K.2 – Dimensão Atual e Estado de Direito..................................................................................................28
K.3 – Garantias que contém o Princípio da Legalidade...............................................................................29
K.3.1 – Nullum Crimen, nulla poena sine lege previa..............................................................................29
K.3.2 – Nullum Crimen, nulla pena sine lege certa.................................................................................29
K.3.3 – nullum crimen, nulla pena sine lege scripta................................................................................29
K.3.4 – nulla poena sine judicio..............................................................................................................29
K.4 – FONTES DO DIREITO PENAL. RESERVA DE LEI E RESERVA RELATIVA DE LEI.......................................29
K.4.1 – Reserva de Lei e Leis penais em branco......................................................................................30
K.4.2 – Reserva de Lei e DI......................................................................................................................31
K.4.3 – Princípio da Legalidade e Integração de Lacunas - Analogia.......................................................31
K.4.4 – Conceção Formal ou substancial do crime – justificação das normas penais. A nomo dinâmica.
................................................................................................................................................................32
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Direito Penal é o sistema de normas jurídicas que atribuem ao agente de certo comportamento,
como pressuposto, uma pena ou medida de segurança como consequência.
A.2 – CRIME
Conjunto de pressupostos de que depende a aplicação ao gente de uma pena ou medida
de segurança criminal (artº 1º, do código de processo penal de 1987)
Facto descrito e declarável passível de pena por lei e o estado de perigosidade cujos
pressupostos estejam definidos por lei e a que seja aplicável medida de segurança criminal
(artº 1º do CP)
Em sentido amplo – A ciência penal tem por objeto não apenas as normas do direito penal
material mas também as do processo penal e do direito penitenciário.
Em sentido mais amplo – abrangendo a dogmática penal e outras ciências que se ocupam dos
crimes e dos criminosos.
Direito Penal em sentido Objetivo (Ius poenale) – complexo de normas e princípios consagrados
na lei, que dirigem e disciplinam concretamente o exercício da faculdade de punir, definindo os
crimes, as respetivas consequências jurídicas e as condições e modo de aplicação.
O Estado encontra no Direito Objetivo a fonte, o modo e o limite da própria ação punitiva
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A.6 –
Considerando a perspetiva do poder de punir como poder do estado de definir quais os
comportamentos criminosos e por isso proibidos. Pode afirmar-se que o dto penal é um poderoso
instrumento de estruturação política e social da sociedade. O dto penal compartilha com todas as
outros ramos do direito a ambição de obter das pessoas que conformem o seu comportamento a
um certo projeto, o projeto definido pelo poder.
Direito Penal em sentido restrito – Conjunto de normas que proíbem ou impõem determinado
comportamento humano sob ameaça de uma pena criminal aos violadores dos seus comandos e
ainda as que definem os pressupostos dos estados de perigosidade e as medidas de segurança
criminais aplicáveis às pessoas julgadas perigosas.
A análise dos fins do direito penal pode equacionar-se em 3 perspetivas: a do ser, a do dever ser
expresso pelo direito positivo e a do dever ser sem limitação a qualquer direito positivo.
Perspetiva do ser: funções sociais do direito penal. Cabe no âmbito das ciências sociais
Dever ser do direito positivo – quais os fins que um direito penal positivo se propõe
Dever ser sem limitações – construir uma teoria legitimadora do direito penal
As sanções são instrumentais relativamente aos fins do direito e servem para reforçar a
imperatividade das normas, que por sua vez têm por finalidade ordenar a vida social conforme à
justiça.
No aspeto prático a natureza das sanções é frequentemente utilizada para distinguir o Direito
penal dos demais ramos do direito.
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As sanções penais consistem num sofrimento imposto ao agente do crime como consequência do
facto ilícito praticado, e nessa medida, constituem um mal. As diversas teorias sobre os fins das
sanções penais buscam a legitimação deste mal.
Quando nos interrogamos sobre os fins do direito penal questionamos a razão por que deve existir
um ramo do direito de tão gravosas consequências. O denominador comum das respostas é de
que o direito penal é legítimo porque é um fator redutor da violência na sociedade. Sendo um mal
é um mal menor perante o mal maior que evita.
O direito penal tem um efeito dissuasório, de prevenção, que limita a violência. Ao mesmo tempo
impede que os cidadãos ofendidos se sintam compelidos a fazer justiça pelas suas próprias mãos.
Por fim, limita o poder punitivo do estado, limitando os possíveis abusos dos seus agentes.
Assenta em considerações utilitaristas de que o direito penal evita ou mantém a violência social
em níveis toleráveis, constituindo, desta forma, um mal menor do que o que resultaria da sua
ausência.
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Para tentar que os comportamentos sejam conformes à lei o sistema prevê consequências
desfavoráveis para os violadores. A previsão das consequências do incumprimento (sanções
penais) teria um efeito preventivo na medida em que as pessoas quereriam cumprir a norma para
não sofrerem o mal em que a sanção se traduz.
Foi esta a formulação de Feuerbach, segundo a qual, para dissuadir o potencial delinquente da
prática de um crime seria necessário ameaça-lo com um mal superior ao que lhe resultaria da
renúncia à sua prática. Esta teoria baseia-se na ideia do homem como um ser que pondera
racionalmente as vantagens e inconvenientes que lhe podem advir da prática de um determinado
ato.
Críticas
Pode conduzir a ameaçar e castigar uma pessoa não responsável, se isso se mostrar
como necessário ou útil para evitar um mal social grave.
Poderá subverter as exigências da proporcionalidade ao mal do crime e à culpabilidade do
agente;
Será necessário demonstrar que o direito penal pode exercer essa prevenção com
eficácia.
Na sua função de prevenção o direito penal não se mede pela irradiação do crime mas ela sua
contribuição para a contenção da criminalidade e que esta função resulta não da gravidade da
sanção mas essencialmente da grande probabilidade da sua aplicação.
O efeito dissuasório do DP não resulta simplesmente da sua existência e da sua efetiva aplicação,
mas sobretudo do conhecimento da existência da lei e da sua efetiva aplicação. Além desse
conhecimento, o grau de probabilidade de o agente vir a ser descoberto, julgado e condenado tem
também grande importância.
Os efeitos da prevenção geral negativa são tanto maiores quanto estes têm mais a perder no
plano social com a punição.
Acresce que a orientação das pessoas para a legalidade pela intimidação, pelo medo da pena é
incompatível com o ideal democrático que assenta no culto da liberdade.
Esta teoria considera que o DP não pode, nem deve, limitar-se à intimidação, mas deve procurar
influir positivamente sobre a comunidade para lhe reforçar a consciência jurídica e a sua
disposição para cumprir as normas.
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Desde que o DP moderno existe que se lhe reconhece, ao lado da prevenção geral do crime, a
missão de reduzir ao mínimo a própria violência estatal.
O princípio da intervenção mínima exprime a ideia de que o DP há-de reduzir a sua intervenção só
aos casos em que seja absolutamente necessária em termos de utilidade social geral.
A ideia de que a pena criminal só é admissível quando não haja outro mal menor que cumpra a
mesma finalidade tem duas manifestações:
Deve prescindir-se da incriminação sempre que seja possível esperar efeitos similares
preventivos, da intervenção de meios menos lesivos;
Deve prescindir-se de uma sanção penal mais grave sempre que possa esperar-se efeito
similar de outra sanção penal menos gravosa.
Os limites ao ius puniendi, em defesa das pessoas em face do poder punitivo do estado, assume-
se como fim do DP.
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O acento posto na proteção dos bens jurídicos faz olvidar a vítima dos crimes.
A caraterística comum destas teorias é o conceito de retribuição do mal com o mal, como relação
entre o crime e a pena. A legitimidade externa da pena não está condicionada por fins
extrapunitivos, como sucede com as teorias utilitaristas.
Estas doutrinas dividem-se consoante o valor religioso, moral ou jurídico atribuído à retribuição.
Esta conceção gira em torno de três ideias de cariz religioso: vingança, expiação e reequilíbrio.
Estas ideias entraram em crise durante o iluminismo, mas foram relançadas no Séc. XIX.
Kant – A pena é uma retribuição ética justificada pelo valor moral da lei violada;
Heggel – A pena é uma retribuição jurídica justificada pela necessidade de reparar o direito
violado com uma violência contrária que restabeleça a ordem legal.
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Propõem-se desviar o homem do crime pelos efeitos sobre o próprio delinquente a quem a pena é
aplicada, ao contrário das teorias da prevenção geral que pretendem exercer a sua influência
sobre as pessoas em geral.
B.5.4.3 – Doutrinas pedagógicas da emenda
São as mais antigas. Assentes numa concessão espiritualista do homem baseado no livre arbítrio,
desenvolvem uma antiga ideia repressiva segundo a qual os delinquentes podem não só ser
castigados mas também coagidos a corrigirem-se.
Os defensores desta doutrina consideram que a pena deve sobretudo impedir a recaída do
delinquente no crime, o que se consegue mediante o arrependimento do criminoso. O fim da pena
nestas doutrinas é a reeducação e recuperação moral do delinquente.
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O que há de caraterístico na tutela repressiva é a mesma constituir uma reação do direito contra
factos ilícitos; logo que estes ocorram segue-se-lhes como necessário efeito jurídico a adscrição
de suportar uma privação de bens.
A evolução histórico-social influi sobre os fins imediatos das penas e sobre os tipos de castigos
adotados como penas.
Retribuição – A pena deve servir para compensar a culpa pelo mal cometido. A aplicação
da pena ao culpado de um crime atua como ato de apaziguamento das emoções sociais
causadas pelo crime. A retribuição do mal do crime com o sofrimento da pena imposta ao
criminoso visa destruir os efeitos do crime mediante a justa compensação penal,
restabelecendo o equilíbrio, a autoridade, a confiança e a segurança perturbadas pelo
comportamento criminoso.
Prevenção Geral – A efetiva aplicação da pena serve para afastar a generalidade dos
cidadãos da prática de crimes, quer pelo temor do castigo (prevenção geral negativa), quer
pelo conhecimento, compreensão e consequente orientação em ordem aos valores que o
sistema jurídico consagra.
Prevenção Especial – Assenta sobre a ideia e que a aplicação da pena serve para evitar
que esse agente cometa novos crimes no futuro. O fim da pensa seria evitar a futura
delinquência.
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O crime tem, para a aplicação de medidas de segurança, valor sintomático e de prova, mas nunca
é o fundamento dessas medidas. A medida de segurança é útil na perspetiva do interesse social –
como meio de combate à perigosidade -, e sob a perspetiva do interesse individual – como meio
de recuperação da própria dignidade e liberdade interior do homem.
A ordem jurídica, como a ordem social, não é uma ordem da necessidade mas uma ordem da
liberdade, uma ordem da cultura.
O DP, como todo o direito, tem carácter normativo. Diz-se ético ou normativo quando só se
compreende do ponte de vista do dever ser. Não se limita à descrição de condutas humanas,
antes procura orientá-las, estabelecendo como as pessoas devem conformar os seus
comportamentos sociais.
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A ordem que o direito impõe é imperativa, tem a sua finalidade, realizar a justiça, a segurança e o
bem comum, aspira ao progresso e à cultura e tem força de agrilhoar as consciências,
condicionando a liberdade.
Nem sequer os atos preparativos devem ser puníveis porque equívocos, salvo quando representar
por si só um perigo grave para os bens jurídicos tutelados pelo direito penal (artº 21).
Esta doutrina do carácter minimamente sancionador do DP tem a ve com a estrutura técnica das
normas penais. O preceito penal esconde o juízo de valor e o imperativo de conduta social para
apresentar somente o imperativo de punição. Não diz “matar constitui um crime e por isso não
matarás”, mas sim “quem matar outra pessoa é punido com pena de prisão de X anos.” Este
imperativo pressupõe o prévio juízo de valor sobre o facto e o imperativo, o comando dirigido a
todas as pessoas que não matem outros.
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A razão pela qual devemos excluir o carácter puramente sancionador do DP está no interesse
coletivo especial que existe sempre a dominar a norma penal.
As regras morais e as jurídicas, ainda que com conteúdo rigorosamente idêntico, são regras
diversas, impondo-se por sim mesmas. A distinção entre direito e moral não significa
necessariamente separação: autonomia não é oposição.
De referir, como observou Bentham, que a ideia da proporcionalidade da pena ao crime não
oferece nenhum critério objetivo de ponderação dado que não existem critérios naturais, mas só
critérios pragmáticos baseados em valorações ético-políticas.
A dificuldade na definição da qualidade da pena e a sua relação com o crime respeita à noção da
gravidade do crime.
Visão objetiva – mede a gravidade do crime
Visão subjetiva – Mede o grau de culpabilidade.
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Se a opção penal deve representar a ultima ratio é consequente que se recorra à previsão
incriminadora só para as agressões mais graves de um bem merecedor de tutela penal, para os
quais o interesse público impõe o meio extremo de punição penal.
Significa que a pena se funda na culpa do agente pela sua omissão ou ação, isto é, em um juízo
de censura do agente por não ter agido em conformidade com o dever jurídico, embora tivesse
podido conhecê-lo, motivar-se por ele e realizá-lo.
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Ninguém é classificado como delinquente por ter certas caraterísticas segundo os critérios sociais
dominantes. O homem é delinquente por ter agido, violando o dever de não agir, ou omitindo o
cumprimento de um dever jurídico de agir, por própria opção, comm consciência e vontade de
desobedecer à lei.
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Uma parte completa a outra, a parte geral sem a especial não faz sentido e as regras da parte
especial têm de ser completadas com as da parte geral para se determinarem as normas de
conduta.
A parte geral tem a pretensão da universalidade, isto é, ser aplicável aos crimes do DP e a todos
os crimes previstos em legislação avulsa se esta não dispuser especialmente.
O crime de dano carateriza-se pela efetiva lesão do bem jurídico tutelado. No crime de perigo o
crime fica completo independentemente da lesão. Pode ser presumido pela lei (crime de perigo
abstrato) ou ser exigida a sua efetiva verificação no caso concreto, como elemento do próprio
crime (crime de perigo concreto)
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Já foram referidas as relações que o DP tem com o Direito Processual Penal e com o Direito
penitenciário, de tal forma que DP em sentido amplo abrange também o direito processual penal e
o direito penitenciário.
A constituição não contém normas penais incriminadoras mas contém normas que condicionam o
conteúdo das normas penais: as que proíbem a pena de morte (24/2), Tortura (25), penas ou
medidas de segurança com carater perpétuo ou de duração ilimitada ou indefenida (30), privação
por motivos políticos da cidadania (26) e que delimitam o sentido e o âmbito de aplicação no
tempo das normas penais (29) e as suas fontes (168/1/c).
Não há diferença substancial ou ontológica entre o iliciot penal e o ilícito civil: h´+a diferença nas
sanções. O ilícito civil determina sempre, como consequência jurídica, ou a execução forçada, ou
a obrigação de indemnização, ou a obrigação de restituição da coisa ou a nulidade do ato. O DP
acarreta uma consequência especial, a pena ou medida de segurança penais que consistem num
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mal infligido ao autor do facto ilícito e que afetam ou podem afetar a própria pessoa do autor. O
ilícito civil determina, em regra, coação patrimonial, o ilícito penal determina coação pessoal.
O ilícito civil afeta de modo principal o interesse de cada pessoa ou de um grupo, isoladamente
considerados, enquanto o ilícito penal representa um dano ou perigo público e geral.
É hoje geralmente aceite que a indemnização por perdas e danos causados pelo crime tem pelo
menos uma função adjuvante da pena criminal e não falta quem entenda que ela pode ou deve
ser estruturada como um tertium genius das sanções penais. Isto porque o interesse da vitima é
muitas vezes mas bem servido através da reparação dos danos que sofreu do que através da
aplicação ao agente de uma pena de prisão ou de uma multa.
As sanções disciplinares têm fins idênticos aos das penas criminais: reprovam e procuram
prevenir faltas idênticas por parte de quem quer que seja obrigado a deveres disciplinares em
especial àquele que as violou.
O ilícito disciplinar é diverso do ilícito criminal
As sanções disciplinares são independentes das penais, podendo existir sem elas ou
acumular-se com elas.
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O critério utilizado pelo prof. Figueiredo Dias para a distinção da ilicitude de mera ordenação
social da criminal é o da relevância ou irrelevância ética das condutas – critério material,
qualitativo e não apenas formal.
A lei distingue crime de contra-ordenação por um critério formal, ao definir no artº 1º, nº1 do DL
433/82 “constitui contra-ordenação todo o facto ilicito e censurável que preencha um tipo legal no
qual se comine uma coima”.
As sanções acessórias configuram-se como uma componente de uma pena mista, aplicável em
função da gravidade da infração e da culpa do agente.
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Filosofia – Conceito e ideia do direito, o que é, e para que serve. Não se pode elaborar o preceito
penal sem prévio juízo de valor, e esse juízo é operação ética, do domínio da filosofia de valores.
Maggiore afirma que a noção de crime, pena, etc, começam por ser conceitos filosóficos antes de
serem categorias jurídicas.
O direito penal pode ser analisado em períodos históricos, os quais, no entanto, não guardam
absoluta independência entre si.
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Esta obra tornou-se o símbolo da reação liberal ao panorama penal então vigente e que era
considerado desumano.
Os princípios base por si defendidos alicerçaram o direito penal moderno e muitos desses
princípios foram adotados pela Declaração dos Direitos do Homem da revolução francesa.
Deveria ser vedado ao magistrado aplicar penas não previstas na lei.
Alei seria obra exclusiva do legislador ordinário
A crueldade das penas era inútil, odiosa e contrária à justiça.
Dizia que as prisões do seu tempo “eram a horrível mansão do desespero e da fome”,
faltando dentro delas a piedade e a humanidade.
A sua obra revolucionou o direito penal e significou um largo passo na evolução do regime
punitivo.
Também John Howard defendia um tratamento mais digno ao preso e a construção de
estabelecimentos prisionais adequados às funções carcerárias.
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Esta escola concebeu o Direito natural como eterno, imutável e universal. Desta escola nasceu o
jusnaturalismo que se prolongou até à atualidade.
Romagnosi, um dos fundadores da escola clássica, fundamentou a sua obra “Génesis do Direito
Penal” concebendo este como um direito natural, imutável e anterior às convenções humana. O
jusnaturalismo atual constitui um conjunto de amplos princípios a partir dos quais o legislador
deverá compor a ordem jurídica. Os princípios mais apontados são o direito à vida, á liberdade e à
participação na vida social.
Existe uma correlação entre o direito natural e o direito penal. Os princípios defendidos pelo jus
naturalismo estão devidamente enquadrados no rol dos bens jurídicos assegurados pelo direito
penal. Esta corrente influenciou o período humanitário onde se buscava a valorização dos direitos
intocáveis dos delinquentes e a consequente suavização das sanções criminais.
Carrara define o crime como “infração da lei do estado, promulgada para proteger a segurança
dos cidadãos, resultante de um ato externo do homem, positivo ou negativo, normalmente
imputável e politicamente danoso”.
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H.5.1 – Determinismo
“Para cada facto há razões que o determinam”
Segundo esta filosofia todos os fenómenos do universo são subordinados a leis e causas
necessárias.
Lapalce – Corresponde ao carater de uma ordem os factos no qual cada elemento depende de
outros, de tal modo que se pode prevê-lo, provocá-lo ou controlá-lo segundo se conhece,
provoque ou controle a ocorrência desses outros.
O direito, como facto jurídico, deveria também obedecer a esta correlação determinista, já que por
trás de cada crime haveria sempre razões suficientes que a determinaram.
H.5.2 – Os evangelistas
César Lambroso, autor do livro “L’Uomo delinquente” apontou os novos rumos do direito penal
através do estudo do delinquente e a explicação causal do delito. O ponto nuclear é a
consideração do delito como fenómeno biológico e o uso do método experimental para o estudar.
Criou a “Antropologia Criminal”
Ferri – Criou a sociologia criminal
Garofalo – “Criminologia”
Estes 3 pensadores afirmavam que a pena não tem um fim puramente retributivo mas também
uma finalidade de proteção social que se realiza através dos meios de correção, intimidação ou
eliminação.
Enquanto para a escola clássica o direito preexistia o homem, para os positivistas o direito é o
resultado da vida em sociedade e sujeito a variações no tempo e no espaço, consoante a lei da
evolução.
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Nos primórdios da Monarquia o rei não tinha força para dominar os costumes que vigoravam e os
abusos da justiça pessoal eram numerosos. Desde a cúria de 1211 que se verificou uma
constante tendência para coartar esses abusos e disciplinar as várias formas de justiça privada e
a par do direito escrito através de leis que os monarcas iam promulgando, procurando marigerar
os costumes, arrogando-se o direito de os aprovar ou revogar.
Primitivamente as famílias dos crimes mais graves eram autorizadas a tirar desforço do autor do
crime, perseguindo-o até à morte, destruindo a sua casa, os seus campos e as suas culturas, mas
pouco a pouco passou a exigir-se que a inimizade fosse previamente sancionada pelos
magistrados e a ser imposta a composição nos crimes mas graves.
A par da composição – reparação dada diretamente pelo ofensor ao ofendido (podendo ser “per
aver, per açoutes, ou per guisa”), havia o pagamento de uma multa, a pena de morte era comum e
abundavam as penas infamantes. Consagravam-se o confisco e a morte civil.
A legislação era tão severa que muitas das leis caíram em desuso e com a queda do marquês de
Pombal e o movimento das ideias iluministas iniciou-se a reforma da legislação penal nos quadros
da escola clássica.
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O Código Penal de 1861 (Levy Maria Jordão), definia que a intimidação não era o fim principal,
antes a correção moral do delinquente. Até 1982 houve várias alterações, todas no sentido de ma
maior humanização e respeito pela dignidade humana.
I.3.2 – CP de 1982
Os princípios diretores da política criminal deste código eram:
Conformidade da matéria penal com a ideia do estado de direito que se traduz na plena
consagração do princípio da legalidade;
Congruência entre a ordem axiológica constitucional e a ordem legal de bens jurídicos. “
O DP só pode e deve intervir para a proteção de bens jurídicos, não para tutela de
normas morais ou de uma qualquer moralidade”
Culpa como fundamento e limite da punição. É um instrumento indispensável da garanti
da pessoa, fundada na dignidade da pessoa humana.
Humanidade – proibição da pena de morte e prisão perpétua. Penas mais suaves.
Monista das reações criminais – não aceita que ao mesmo delinquente fossem
aplicadas, pelo mesmo facto, uma pena e uma medida de segurança, o que se alcançou
através da pena relativamente indeterminada e da restrição das medidas de segurança
privativas da liberdade.
I.3.3 – CP de 1982/1995
Um dos propósitos da revisão foi a necessidade de corrigir o desequilíbrio entre as penas
previstas para os crimes contra o património e contra as pessoas, com estes últimos a sofrerem
uma substancial agravação.
Houve alterações significativas no domínio das sanções criminais.
“Privilegia-se a aplicação de penas alternativas às penas curtas de prisão, com particular
destaque para o trabalho a favor da comunidade e a pena de multa.”
“A finalidade a prosseguir com as penas e medidas de segurança é a proteção de bens jurídicos e
a reintegração do agente na sociedade”
De 1995 até ao momento o CP já sofreu muitas alterações.
A ciência do DP tem de ser uma ciência útil ao prático, isto é, tem de servir adequadamente a
finalidade de aplicação da lei para o que necessariamente terá de utilizar uma metodologia
adequada.
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Assim sendo a jurisprudência dos tribunais deve ser tida em conta como material base de
trabalho, quer revelando o direito, quer os problemas com mais interesse para a vida efetiva do
DP.
J.2 – MÉTODO
O trabalho do jurista realiza-se em 3 planos:
No plano da descrição ou da fixação do objeto
No plano da explicação e sistematização
No plano da aplicação à realidade.
K – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
No plano científico postula a prévia determinação dos factos criminosos e da penalidade que é
aplicável aos seus agentes.
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Depois da II Guerra o princípio da legalidade ressurgiu como elemento fundamental dos sistemas
jurídicos da maioria dos países e foi reconhecido e consagrado na DUDH (artº 11), na convenção
europeia dos direitos do homem e das liberdades fundamentais (artº 7º) e no pacto internacional
sobre os direitos civis e políticos (artº 15).
O princípio da legalidade é hoje um postulado de garantia que compõe a parte formal do princípio
do estado de direito, posto que é a essência do estado de direito a segurança contra a
prepotência e o arbítrio.
Daqui deriva: proibição da analogia para qualificar factos como crime; proibição da retroatividade
das leis penais prejudiciais ao agente do facto.
A norma penal incriminadora tem de ser certa, isto é, determinar com suficiente precisão o facto
criminoso. O crime não pode consistir numa situação, qualidade ou atitude pessoal. Também o
facto não pode ser inferido da lei, tem de ser definido na lei.
Não é válida a norma incriminadora cujo teor se apaga numa cláusula geral que remete o seu
preenchimento para o arbítrio do julgador.
A este princípio, como garantia da liberdade dos cidadãos, está ligado o principio da
jurisdicionalidade. A aplicação da lei penal pelos tribunais é uma das mais importantes garantias
da atuação do direito. Vem consagrado no 29, 1 e 5 da CRP, 32 da CRP, 10 DUDH.
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O artº 168, nº1 alinea c) dispõe que constitui matéria da reserva legislativa da AR a definição dos
crimes, penas e medidas de segurança e respetivos pressupostos.
O Artº 164, alínea g) refere que compete à AR conceder amnistias e perdões genéricos.
Apenas a AR e o governo, este mediante autorização legislativa, têm competência para legislar
em matéria penal.
O princípio da reserva de lei apenas abrange as normas penais que estatuem penas ou medidas
de segurança, isto é, restringe-se ao núcleo do direito penal constituído pelas:
normas positivas – todas as que prevêem crimes e as respetivas sanções e todas as que
estabelecem critérios positivos de punibilidade.
normas negativas – As que garantem ou favorecem os direitos individuais.
O princípio da legalidade tem a função de garantir os direitos individuais na medida em que são
sacrificados ou limitados pela aplicação de penas ou medidas de segurança.
O princípio da legalidade implica a exigência de conexão formal entre os pressupostos das penas
e das medidas de segurança e as respetivas penas e medidas de segurança aplicáveis (artº 29
CRP) – é necessário que por lei seja estabelecida a conexão entre o pressuposto e a respetiva
sanção.
Em virtude do princípio da reserva de lei o costume está excluído como facto normativo
relativamente às normas incriminadoras. Pode apenas interpretá-las e preencher o conteúdo de
conceitos normativos, nomeadamente o artº 7º, nº 1 do CC dispõe que a lei só deixa de vigorar se
for revogada por outra lei, pelo que o costume também não pode revogar as leis penais. O
costume internacional pode ser fonte do DP.
Leis penais em branco são leis incompletas. Tal sucede quando na previsão do tipo legal falta
elemento necessário para completar a norma incriminadora (CP 277, 278 e 279).
O que releva e é exigido pelo princípio da legalidade é que a norma incriminadora determine a
ilicitude e oriente suficientemente os destinatários da norma quanto às condutas que são
efetivamente proibidas de modo a não deixas a descoberto qualquer elemento essencial para a
compreensão da conduta proibida.
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O cerne do proibido, ou seja, o núcleo essencial da conduta punível tem de ser revelado na lei
penal, fundamentando-se na sua violação a culpa do agente. O que não é aceitável, por violar a
legalidade, é a pura e simples delegação na administração ou em diploma legislativo de hierarquia
inferior, a definição de conduta proibida.
Será inválida a norma que remeta para a autoridade administrativa a definição da conduta
proibida, limitando-se a norma penal a sancioná-la.
Será válida a norma que estabelece a conduta proibida, reenviando para a violação de
outras normas regulamentares a definição dessa conduta.
Relativamente ao direito da EU, o direito penal interno sofre os efeitos da prevalência das normas
comunitárias e por isso não deve ser aplicada pelo tribunal a norma penal interna que esteja em
conflito com um regulamento comunitário. Aplica-se o mesmo aos tratados.
Já não se passa o mesmo com as diretivas, pois estas só vinculam os estados membros a
adotarem as medidas necessárias à realização dos fins prosseguidos com a diretiva.
Para acautelar a aplicação uniforme do DUE pelos estados o tratado prevê um mecanismo de
cooperação entre o juiz nacional e comunitário: a questão prejudicial. Segundo este procedimento
o tribunal nacional pode suspender a decisão e consultar o Tribunal de Justiça Europeu sobre a
validade ou interpretação. Acresce a possibilidade de recurso para o Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias da decisão judicial interna que aplique norma penal que esteja em
conflito com norma comunitária.
Para que a norma comunitária prevaleça sobre a interna é necessário que possua eficácia direta e
tê-la-á sempre que “as suas disposições sejam claras e precisas e não deixem nenhum poder
discricionário ao legislador nacional para a sua aplicação”.
Para que se deva recorrer à analogia é necessário que exista uma lacuna. DE acordo com o
princípio da legalidade não se admitem lacunas, por isso o nº1 do artº 3º do CP proíbe a analogia
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para “qualificar o facto como crime, definir um estado de perigosidade ou determinar a pena ou
medida de segurança que lhes corresponda.”
Nos termos do Artº 10º do CC a integração analógica não é aplicável às normas excecionais,
sendo que é excecional a norma que interrompe a projeção lógica de uma norma de carater geral.
Atenta a ratio garantistica da proibição da analogia, a proibição não é aplicável in bonam partem, à
criação de normas permissivas, nomeadamente às normas sobre circunstâncias dirimentes ou
atenuantes da responsabilidade criminal. As normas que prevêm causas de justificação e de
exclusão da culpabilidade não são normas excecionais, mas emanações de princípios gerais do
sistema jurídico.
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