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RELATÓRIO FINAL

AVALIAÇÃO DOS FACTORES DE RISCO DAS DOENCAS NÃO


TRANSMISSIVEIS NA POPULAÇÃO MOÇAMBICANA

STEPS 1,2,3

Moçambique 2014/2015

Maputo, 2017

1
AUTORES:
Albertino Damasceno
Faculdade de Medicina, Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique

Basílio Cubula
Instituto Nacional de Estatística, Moçambique

Nuno Lunet
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Portugal

Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Portugal

COLABORADORES
Raquel Mahoque
Organização Mundial da Saúde

Edithe Thuzine
Ministério da Saúde Departamento das Doenças Não Transmissíveis

Celeste Moreira
Ministério da Saúde Departamento das Doenças Não Transmissíveis
ÍNDICE

Abreviaturas 4

Resumo 5

Abstract 6

Introdução 7

Objetivos 8

Métodos 9

Resultados

Discussão e conclusões

Referências bibliográficas

3
ABREVIATURAS

AE – Área de enumeração

CNBS – Comité Nacional de Bioética para a Saúde de Moçambique

DNT – doenças não transmissíveis

IMC – Índice de Massa Corporal

INCAM – Inquérito Nacional sobre Causas de Mortalidade

INE – Instituto Nacional de Estatística de Moçambique

MISAU – Ministério da Saúde de Moçambique

OMS – Organização Mundial da Saúde

RGPH – Recenseamento Geral da População e Habitação

STEPS – STEPwise approach to Surveillance

UEM – Universidade Eduardo Mondlane

UPA – Unidade primária de amostragem

4
Resumo

5
Abstract

6
Introdução

Muitos dos países em desenvolvimento passam atualmente por mudanças demográficas e


epidemiológicas no sentido do envelhecimento da população e de uma maior proporção de habitantes
em áreas urbanas (REF), assim como de uma frequência crescente das doenças não transmissíveis
(DNT), que tradicionalmente eram menos importantes nestes contextos (REF). Particularmente as
doenças cardiovasculares e oncológicas, que correspondem às principais causas de morte na
generalidade dos países mais desenvolvidos, tendem a ganhar uma cada vez maior importância como
causas de morbilidade e mortalidade também nos países em desenvolvimento (REF), que se deparam
com novos desafios aos sistemas de saúde já sobrecarregados.

O mais recente Inquérito Nacional sobre Causas de Mortalidade (INCAM) em Moçambique estimou
que em 2006‐2007 menos de um décimo dos óbitos na população com mais de 14 anos tiveram como
causa “doenças do sistema circulatório” ou “neoplasmas malignos”, enquanto a proporção de óbitos
por estes dois grandes grupos de causas foi de 20% na província de Maputo Cidade (REF). Num registo
de base hospitalar de casos de acidente vascular entre os residentes da cidade de Maputo efectuado
durante 12 meses, entre 2005 e 2006, foram identificados 651 casos incidentes, correspondendo a
uma taxa de incidência de 148,7 casos por 100000 habitantes com idade superior ou igual a 25 anos
(Damasceno et al., 2010). Relativamente à mortalidade intra‐hospitalar, no período 2009‐2011, as
“doenças do aparelho circulatório” e as “neoplasias” foram consideradas a causa básica de morte em
12,4% dos óbitos, sendo essa percentagem de 17,6% no Hospital Central de Maputo (REF).

A monitorização da incidência e mortalidade por DNT, assim como dos níveis de exposição aos seus
principais factores de risco são de grande importância para definir prioridades de investigação e
intervenção, assim como para avaliar o impacto de políticas de saúde e prever os recursos necessários
para fazer face as necessidades de prevenção e controlo. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
incentivou todos os países de baixo e médio rendimento a usar a metodologia STEPwise approach to
Surveillance (STEPS) como forma de promover a padronização da avaliação dos principais factores de
risco das DNT, de modo a facilitar a comparação de resultados entre populações e ao longo do tempo
(REF).

Em Moçambique, foi efectuado um estudo STEPS em 2005, que avaliou uma amostra representativa
da população moçambicana com idades compreendidas entre 25 e 64 anos. A hipertensão arterial
afetava cerca de um terço da população adulta, e os níveis de diagnóstico e controlo eram
insuficientes, particularmente entre os homens e nas áreas rurais (Damasceno et al., 2009).

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Observaram‐se níveis elevados de ingestão de bebidas alcoólicas, predominantemente as bebidas
tradicionais e a cerveja, com consumos mais elevados no fim‐de‐semana (Padrão et al., 2011).
Relativamente ao uso de tabaco, quase um quinto das mulheres e dois quintos dos homens eram
consumidores atuais de tabaco, observando‐se a coexistência do consumo de cigarros
manufacturados, especialmente nos homens urbanos mais jovens, com formas tradicionais de uso de
tabaco, particularmente nas zonas rurais e nas mulheres (Padrão et al., 2013). Menos de 4% dos
adultos Moçambicanos não cumpriam o mínimo de actividade física estabelecido pela Organização
Mundial da Saúde; contudo a actividade física no trabalho foi a que mais contribuiu para os elevados
níveis de actividade encontrados (Padrão et al., 2012). As prevalências de obesidade (Gomes et al.,
2010) e de diabetes (Silva‐Matos et al., 2011) foram das mais baixas em Africa. No entanto, a
prevalência de excesso de peso/obesidade foi mais elevada nas áreas urbanas correspondendo ao
esperado num país sob transição epidemiológica. Apesar da baixa prevalência de diabetes, observou‐
se uma larga margem para a melhoria do conhecimento, tratamento e controlo da doença.

No seu conjunto, os resultados do primeiro estudo STEPS conduzido em Moçambique mostraram a


importância dos factores de risco para DNT neste contexto, reforçando a necessidade de produzir
periodicamente informação que permita monitorizar a evolução destas exposições. Deste modo, no
programa do governo para o quinquénio 2009‐2014 foi prevista a realização de um segundo estudo
com objectivos e metodologia semelhantes, tendo sido possível o início da sua implementação no final
de 2014, pelo Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU), em parceria com o Instituto Nacional de
Estatística de Moçambique (INE) e a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), com ajuda financeira da
OMS.

Objetivos

O presente estudo teve como objectivo estimar a prevalência de exposição a factores de risco para
DNT na população Moçambicana com idade entre 15 e 64 anos, com base na metodologia STEPS
proposta pela OMS.

Para além de contribuir para um conhecimento detalhado da frequência de exposição aos principais
factores de risco para DNT em Moçambique, a informação produzida deverá permitir quantificar a
variação nestas exposições na última década, através da comparação com o observado no primeiro
estudo STEPS, efectuado em 2005.

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Métodos

Foi efectuada a avaliação de uma amostra representativa da população adulta Moçambicana, através
de um estudo transversal conduzido entre 15 de dezembro de 2014 e 3 de fevereiro de 2015. Foi
seguida a metodologia STEPS proposta pela OMS, com recolha de informação por questionário,
medições físicas e medições bioquímicas. O estudo foi aprovado pelo Comité Nacional de Bioética para
a Saúde (Ref. 98/CNBS/14).

Amostra

Foi seleccionada para fazer parte do estudo a população adulta moçambicana, de ambos os sexos e
com idade compeendida entre 15 e 64 anos. A amostra foi desenhada para obter estimativas precisas
a nível nacional, urbano e rural, regional e provincial, abrangendo somente a população residente em
agregados familiares. Foi excluída a população que residia em instituições residenciais colectivas, como
hotéis, hospitais, quartéis militares, lares de estudantes e os sem casa/habitação, representando
menos de 4% em todo o país (INE: Censo 2007).

A base de amostragem do STEPS é a Amostra Mãe derivada dos dados e cartografia do Recenseamento
Geral da População e Habitação (RGPH) de 2007 (REF), tendo este estudo sido realizado numa
subamostra da Amostra Mãe. O desenho da Amostra Mãe foi estratificado, com três estágios de
selecção. A unidade primária de amostragem (UPA) é definida como um conjunto de áreas de
enumeração adjacentes, que contêm entre 400 e 600 agregados na área urbana, e entre 400 e 500
agregados na área rural; a Amostra Mãe é constituída por 1660 UPAs em todo o país. A unidade
secundária de amostragem é a área de enumeração (AE) delimitada para o RGPH de 1997 (REF), que
contêm entre 100 e 150 agregados na área urbana, e entre 80 e 100 agregados na área rural. A
actualização da base de amostragem é feita através de uma nova operação de listagem de agregados
familiares dentro das AEs seleccionadas. Todos os agregados familiares dentro dos limites das AEs
amostrais foram listados, e a listagem foi usada para a selecção de agregados familiares no último
estágio de amostragem.

As UPAs são estratificadas por províncias, urbano e rural e, em capitais provinciais, cidades grandes
(com mais de 20000 agregados), em estratos sócio‐económicos e estratos agro‐ecológicos. Na primeira
etapa de amostragem para o presente estudo, foi efectuada a selecção de um total de 120 UPAs, com
probabilidade proporcional ao tamanho de agregados para a amostra do inquérito cobrindo os

9
diferentes estratos citados. Em seguida, na segunda etapa, foi seleccionada uma única Unidade
Secundária (corresponde a AE) em cada UPA, portanto, foram seleccionadas 120 AEs com
probabilidades iguais. Nas AEs abrangidas, procedeu‐se a uma actualização do número de agregados
familiares através da listagem de todos os agregados aí residentes. A partir desta lista foram
seleccionados, na terceira etapa, aleatória e sistematicamente 24 agregados familiares para as
entrevistas individuais.

Para a selecção dos indivíduos de cada agregado familiar a convidar para participar no estudo foram
listados todos os seus elementos e excluídos os que tinham idade inferior a 15 anos ou superior a 64
anos. Em cada agregado familiar foram seleccionados até dois indivíduos, um com idade entre 15 e 44
anos e outro com idade entre 45 e 64 anos, sempre que possível. Quando se identificou mais do que
um membro do agregado familiar em algum destes escalões etários foi seleccionado aleatoriamente
apenas um indivíduo de cada grupo etário, utilizando uma tabela de Kish.

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RESULTADOS

A descrição das características socio‐demográficas da amostra avaliada relativamente ao local de


residência, idade e escolaridade dos participantes, na globalidade e por sexo e residência em zonas
urbanas ou rurais, é apresentada na tabela 1. A província com maior contributo para a amostra
ponderada foi a de Nampula e a com menor contributo foi a de Gaza. Os participantes com idades
entre 15 e 24 anos representam cerca de um terço da amostra, com uma percentagem mais elevada
nas zonas urbanas, enquanto o escalão etário 55‐64 anos corresponde a cerca de um décimo da
totalidade da amostra. Os níveis de escolaridade dos participantes foram mais baixos nas mulheres e
nas zonas rurais; quase metade das mulheres rurais não reportaram nenhum ano de escolaridade e
quase um décimo dos homens urbanos referiram ter completado mais de 12 anos de escolaridade.

Consumo de tabaco

A prevalência de consumo de qualquer tipo de tabaco atualmente foi de 13,7% (IC95%: 11,4‐16,0),
sendo mais alta nos homens (22,8%, IC95%: 18,9‐26,7) do que nas mulheres (7,3%, IC95%: 5,5‐9,0).

Na tabela 2 são apresentados resultados referentes ao consumo, atualmente, de tabaco fumado,


incluindo cigarros manufacturados ou enrolados à mão, charutos ou cigarrilhas, cachimbo ou shisha,
ou consumido sem fumo, mascado ou inalado.

A prevalência de fumo foi mais elevada na província de Cabo Delgado (20,6%) e cerca de quatro vezes
mais baixa em Maputo Cidade (5,2%) e as diferenças regionais foram ainda mais acentuadas para o
consumo de cigarros enrolados à mão (âmbito de variação:0,0%‐8,1%) e para o consumo de tabaco
sem fumo (âmbito de variação:0,3%‐9,1%).

Globalmente, a prevalência de consumo de cigarros manufacturados foi de 8,3%, e a de cigarros


enrolados à mão de 4,7%; em ambos os casos o consumo foi mais frequente nos homens. A prevalência
de consumo de tabaco sem fumo foi de 3,1%, sendo mais elevada entre as mulheres.

O consumo das diferentes formas de tabaco referidas na tabela 2 foi mais baixo nos indivíduos com
idades entre 15 e 24 anos, sendo as diferenças entre este escalão etário e os restantes mais acentuadas
para as “formas tradicionais” de consumo de tabaco, nomeadamente os cigarros enrolados à mão e o
tabaco em fumo.

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Tabela 1. Descrição geral da amostra

Mulheres rurais Homens rurais Mulheres urbanas Homens urbanos Total


n (%) % ponderada n (%) % ponderada n (%) % ponderada n (%) % ponderada n (%) % ponderada
Local de residência (província)
Cabo Delgado 110 (11,2) 8,7 68 (9,8) 6,8 57 (5,9) 5,3 51 (8,6) 7,8 286 (8,9) 7,2
Gaza 112 (11,4) 6,8 48 (7,0) 3,7 85 (8,9) 5,2 38 (6,4) 3,8 283 (8,8) 5,2
Inhambane 102 (10,3) 7,8 40 (5,8) 3,8 75 (7,8) 5,0 46 (7,8) 5,0 263 (8,2) 5,6
Manica 88 (8,9) 6,5 92 (13,3) 8,6 74 (7,7) 6,5 30 (5,1) 4,2 284 (8,8) 6,7
Maputo Cidade 0 (0,0) 0,0 0 (0,0) 0,0 219 (22,8) 15,3 142 (24,0) 15,9 361 (11,2) 6,0
Maputo Província 94 (9,5) 7,5 72 (10,4) 7,2 93 (9,7) 6,1 53 (9,0) 5,9 312 (9,7) 6,8
Nampula 62 (6,3) 15,7 93 (13,5) 29,8 73 (7,6) 17,7 60 (10,2) 20,6 288 (8,9) 20,7
Niassa 112 (11,4) 7,6 62 (9,0) 5,3 61 (6,4) 6,3 20 (3,4) 3,4 255 (7,9) 6,1
Sofala 92 (9,3) 9,0 68 (9,8) 8,4 81 (8,4) 7,5 52 (8,8) 6,4 293 (9,1) 8,1
Tete 127 (12,9) 11,8 87 (12,6) 9,9 43 (4,5) 5,4 36 (6,1) 7,3 293 (9,1) 9,1
Zambézia 87 (8,8) 18,6 61 (8,8) 16,5 98 (10,2) 19,7 63 (10,7) 19,6 309 (9,6) 18,5

Idade (anos)
15‐24 276 (28,0) 27,2 176 (25,5) 25,4 301 (31,4) 32,7 217 (36,7) 36,7 970 (30,1) 29,4
25‐34 272 (27,6) 28,3 164 (23,7) 21,4 257 (26,8) 27,1 129 (21,8) 20,2 822 (25,5) 25,0
35‐44 209 (21,2) 22,3 147 (21,3) 22,5 145 (15,1) 15,2 67 (11,3) 12,9 568 (17,6) 19,3
45‐54 124 (12,6) 12,2 121 (17,5) 18,6 152 (15,8) 13,4 114 (19,3) 17,8 511 (15,8) 15,0
55‐64 105 (10,6) 10,0 83 (12,0) 12,1 104 (10,8) 11,5 64 (10,8) 12,3 356 (11,0) 11,3

Escolaridade (anos completos)


0 433 (45,0) 44,7 130 (19,8) 18,9 175 (18,7) 20,4 35 (6,2) 8,1 773 (24,8) 26,6
1‐5 307 (31,9) 34,7 249 (37,8) 40,5 246 (26,3) 28,2 108 (19,2) 21,9 910 (29,2) 32,8
6‐7 109 (11,3) 11,2 147 (22,3) 22,9 114 (12,2) 11,8 111 (19,7) 19,2 481 (15,4) 15,7
8‐10 88 (9,1) 7,2 91 (13,8) 12,5 200 (21,4) 21,3 131 (23,2) 21,9 510 (16,3) 14,2
11‐12 21 (2,2) 1,6 29 (4,4) 3,7 158 (16,9) 15,3 119 (21,1) 20,6 327 (10,5) 8,2
>12 5 (0,5) 0,5 12 (1,8) 1,4 43 (4,6) 3 60 (10,6) 8,3 120 (3,8) 2,5

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Observou‐se uma tendência para menores consumos de cigarros enrolados à mão e tabaco sem fumo com o
aumento da escolaridade, mas uma variação menos consistente relativamente ao consumo de cigarros
manufaturados.

Tabela 2. Consumo de tabaco atualmente.

Prevalência de consumo de:


tabaco com cigarros cigarros enrolados à tabaco sem
fumo manufaturados mão fumo
% IC95% % IC95% % IC95% % IC95%
Todos os participantes 11,3 [9,6‐13,3] 8,3 [7,0‐9,7] 4,7 [3,3‐6,5] 3,1 [2,2‐4,4]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 20,6 [15,0‐27,6] 14,2 [10,3‐19,2] 8,1 [4,7‐13,9] 9,1 [5,6‐14,5]
Gaza 8,1 [4,5‐14,1] 6,2 [2,9‐12,7] 2,2 [1,0‐4,8] 1,1 [0,4‐3,1]
Inhambane 5,5 [2,3‐12,5] 5,0 [2,3‐10,6] 0,0 1,3 [0,5‐3,6]
Manica 10,1 [6,1‐16,2] 6,7 [4,3‐10,4] 4,9 [1,8‐12,6] 1,6 [0,5‐4,7]
Maputo Cidade 5,2 [3,4‐8,0] 3,9 [2,4‐6,3] 0,0 0,3 [0,0‐1,9]
Maputo Província 6,9 [4,1‐11,3] 6,2 [3,6‐10,5] 0,8 [0,2‐3,0] 0,8 [0,2‐2,8]
Nampula 13,8 [8,5‐21,6] 10,3 [6,6‐15,9] 6,8 [2,8‐15,5] 5,3 [2,6‐10,7]
Niassa 8,3 [4,8‐13,7] 4,4 [2,8‐6,7] 5,0 [2,1‐11,6] 5,0 [2,2‐10,9]
Sofala 11,2 [6,6‐18,4] 9,9 [6,0‐16,0] 4,4 [2,0‐9,4] 4,6 [1,7‐11,8]
Tete 11,2 [7,2‐16,9] 4,8 [2,6‐8,8] 7,0 [3,4‐13,9] 1,1 [0,4‐3,1]
Zambézia 12,6 [9,2‐17,0] 10,0 [7,2‐13,7] 4,6 [2,5‐8,3] 1,2 [0,3‐4,6]

Sexo
Feminino 3,2 [2,3‐4,5] 1,8 [1,2‐2,8] 1,6 [0,9‐2,9] 4,6 [3,2‐6,5]
Masculino 22,8 [19,1‐27,0] 17,3 [14,7‐20,4] 9,0 [6,3‐12,7] 1,1 [0,4‐2,7]

Idade (anos)
15‐24 2,8 [1,8‐4,3] 2,4 [1,4‐3,9] 0,5 [0,1‐1,8] 0,2 [0,0‐0,7]
25‐44 14,2 [11,7‐17,1] 11,0 [8,9‐13,5] 5,2 [3,4‐7,7] 3,5 [2,1‐6,0]
45‐64 16,1 [13,0‐19,6] 10,1 [7,7‐13,3] 8,4 [6,2‐11,4] 5,7 [3,7‐8,8]

Escolaridade (anos
completos)
0 12,8 [10,2‐16,0] 7,6 [5,4‐10,5] 6,9 [4,8‐10,0] 7,1 [4,6‐10,9]
1‐7 13,6 [11,2‐16,6] 10,5 [8,6‐12,8] 5,5 [3,6‐8,3] 2,4 [1,3‐4,2]
>7 4,9 [3,6‐6,7] 4,2 [2,9‐5,9] 0,5 [0,2‐1,3] 0,3 [0,1‐1,1]

Entre os indivíduos que fumavam atualmente, 29,1% (IC95%: 22.9‐35.3) referiram que nos últimos 12 meses
tinham tentado deixar de fumar.

De todos os participantes, 11,2% (IC95%: 9,6‐12,7) referiram ter sido aconselhados por um médico ou outro
profissional de saúde, nos três anos anteriores, a deixar de fumar ou a não começar a fumar.

13
14
Consumo de bebidas alcoólicas

Na tabela 3 são apresentados resultados referentes ao consumo de bebidas alcoólicas.

Tabela 3. Consumo de bebidas alcoólicas.

Prevalência de consumo de bebidas alcoólicas (pelo menos uma vez):


superior ao recomendado excessivo, num só dia
entre os bebedores entre os bebedores tradicionais
nos últimos 12 meses na última semana na última semana na última semana
% IC95% % IC95% % IC95% % IC95%
Todos os participantes 31.1 [27.1,35.4] 49.5 [44.1,55.0] 26.7 [22.8,31.1] 39.5 [31.9,47.7]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 29.6 [21.1,39.9] 53.1 [44.3,61.8] 16.5 [11.2,23.6] 43.4 [31.7,55.9]
Gaza 28.1 [22.9,33.9] 51.5 [33.2,69.4] 45.5 [29.4,62.5] 57.5 [41.6,72.0]
Inhambane 34.8 [25.0,46.2] 54.6 [40.1,68.4] 38.0 [20.0,60.1] 46.1 [22.8,71.3]
Manica 28.2 [20.2,37.9] 37.2 [26.0,50.0] 20.4 [11.4,33.9] 55.4 [29.6,78.6]
Maputo Cidade 62.1 [55.4,68.4] 47.2 [34.3,60.5] 27.1 [18.3,38.1] 1.3 [0.4,4.4]
Maputo Província 40.8 [33.9,48.0] 53.8 [36.7,70.0] 28.8 [16.9,44.6] 18.8 [8.0,38.0]
Nampula 22.6 [11.1,40.5] 54.8 [37.6,70.9] 23.2 [16.5,31.6] 74.5 [59.7,85.2]
Niassa 17.9 [11.5,26.9] 42.7 [23.0,64.9] 38.0 [19.6,60.6] 33.3 [16.0,56.8]
Sofala 41.5 [30.1,54.0] 52.3 [32.7,71.2] 24.8 [9.4,51.1] 33.6 [7.9,74.9]
Tete 45.0 [35.7,54.6] 38.7 [28.7,49.9] 27.2 [19.6,36.4] 35.3 [21.0,52.7]
Zambézia 22.0 [14.2,32.5] 57.9 [44.5,70.1] 23.8 [10.2,46.3] 35.5 [19.1,56.3]

Sexo
Feminino 23.5 [20.0,27.5] 47.6 [40.4,55.0] 24.2 [18.0,31.7] 36.5 [26.5,47.9]
Masculino 41.8 [36.0,47.9] 50.9 [45.4,56.3] 28.5 [23.5,34.0] 41.6 [34.5,49.1]

Idade (anos)
15‐24 19.5 [15.6,24.0] 35.9 [28.1,44.5] 18.0 [12.4,25.5] 22.4 [14.0,33.9]
25‐44 34.1 [28.5,40.1] 55.7 [48.0,63.1] 30.5 [25.3,36.2] 39.0 [28.2,51.1]
45‐64 39.2 [33.5,45.1] 48.1 [39.1,57.2] 26.1 [19.6,33.9] 49.2 [41.2,57.2]

Escolaridade (anos completos)


0 25.8 [20.6,31.9] 50.1 [38.3,61.9] 29.5 [20.1,41.2] 62.5 [48.8,74.4]
1‐7 29.1 [23.7,35.1] 53.9 [47.5,60.2] 27.3 [22.6,32.5] 47.4 [37.3,57.7]
>7 40.6 [36.0,45.4] 43.1 [35.9,50.6] 24.1 [18.7,30.6] 12.0 [7.9,18.0]

15
A prevalência de consumo de bebidas alcoólicas nos 12 meses anteriores à entrevista foi de 31,1%, sendo
mais alta em Maputo Cidade (62,1%) e mais baixa em Niassa (17,9%), e cerca de duas vezes mais alta nos
homens do que nas mulheres. Observou‐se ainda uma tendência para o consumo aumentar com a idade e
com a escolaridade.

Entre os indivíduos que referiram ter consumido bebidas alcoólicas na semana anterior e que foram capazes
de quantificar esse consumo a prevalência de consumo acima do recomendado (até uma bebida padrão por
dia para mulheres e até duas bebidas padrão por dia para os homens) pelo menos num dia da semana foi de
49,5% e a prevalência de consumo excessivo num só dia (mais de quatro bebidas para as mulheres e mais de
cinco bebidas para os homens) pelo menos num dia da semana foi de 26,7%. Os valores observados nas
diferentes províncias variaram entre 37,2% em Manica e 57,9% na Zambézia para o consumo acima das
recomendações e entre 16,5% em cabo Delgado e 45,5% em Gaza. As diferenças entre homens e mulheres
foram relativamente reduzidas e as variações com a idade e a escolaridade foram menos consistentes do que
para a prevalência de consumo nos 12 meses anteriores, apesar das prevalências mais baixas terem sido
observadas no escalão etário 15‐24 anos, sendo 35,9% para consumo acima das recomendações e 18,0%
para consumo excessivo num só dia. Também na última semana, a prevalência de consumo de bebidas
alcoólicas tradicionais, entre os consumidores de qualquer tipo de bebida alcoólica, foi de 39,5%, com
diferenças regionais muito acentuadas, variando entre 1,3% em Maputo Cidade e 74,5% em Nampula. Apesar
das diferenças por sexo serem relativamente reduzidas, observou‐se um aumento da prevalência com a
idade (de 22,4% nas idades 15‐24 anos a 49,2% no escalão etário 45‐64 anos) e uma diminuição com a
escolaridade (entre 62,5% nos indivíduos nenhum ano de escolaridade completo e 12,0% nos participantes
com mais de 7 anos de escolaridade).

Entre os indivíduos que referiram ter consumido bebidas alcoólicas nos 12 meses anteriores à entrevista,
11,1% referiram que, pelo menos uma vez nesse período, não conseguiram fazer o que normalmente
faziam devido ao consumo de álcool.

Consumo de frutas e vegetais

De todos os participantes, 12,2% (IC95%: 10,7‐13,6) referiram ter sido aconselhados por um médico ou outro
profissional de saúde, nos três anos anteriores, a consumir pelo menos cinco porções de frutas e/ou vegetais
por dia.

Na tabela 4 são apresentados resultados relativos ao consumo de frutas e vegetais.

16
A prevalência de consumo de frutas e vegetais pelo menos cinco vezes por dia foi de 10,3%, observando‐se
diferenças regionais muito acentuadas; a prevalência variou entre 1,4% em Maputo Província e 30,5% em
Manica. Os resultados foram semelhantes para homens e mulheres e para os diferentes escalões etários.
Observou‐se uma tendência para diminuição da prevalência com o aumento da escolaridade.

Tabela 4. Consumo de frutas e vegetais.

Prevalência de consumo de fruta e/ou de vegetais


pelo menos 5 vezes por dia numa semana típica a
% IC95%
Todos os participantes 10.3 [8.3,12.7]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 9.0 [5.9,13.4]
Gaza 24.3 [15.8,35.4]
Inhambane 11.5 [7.7,16.9]
Manica 30.5 [20.0,43.5]
Maputo Cidade 3.2 [1.5,6.6]
Maputo Província 1.4 [0.6,3.4]
Nampula 8.9 [4.8,16.1]
Niassa 12.7 [7.1,21.5]
Sofala 18.0 [9.9,30.4]
Tete 3.0 [1.5,5.7]
Zambézia 5.7 [1.9,16.2]

Sexo
Feminino 10.7 [8.4,13.5]
Masculino 9.7 [6.9,13.5]

Idade (anos)
15‐24 10.4 [7.9,13.5]
25‐44 10.3 [7.5,14.1]
45‐64 10.0 [7.7,12.9]

Escolaridade (anos completos)


0 12.4 [9.0,16.9]
1‐7 10.3 [8.0,13.3]
>7 7.8 [5.8,10.4]
avalores obtidos dividindo por 7 a soma do produto do número de dias por semana que come fruta pelo número de peças que
come nesses dias com o produto do número de dias por semana que come vegetais pelo número de vezes que come vegetais
nesses dias.

17
Consumo de sal

De todos os participantes, 16,4% (IC95%: 14,7‐18,1) referiram ter sido aconselhados por um médico ou outro
profissional de saúde, nos três anos anteriores, a reduzir a quantidade de sal na comida.

Na tabela 5 são apresentados resultados relativos à adição de sal “à mesa”, a alimentos já confeccionados, e
o consumo de alimentos com muito sal.

Tabela 5. Consumo de sal.

Adiciona sal/caldos salgados Consumo de alimentos com muito sal


à comida já preparada (sempre/várias vezes) (sempre/várias vezes)
% IC95% % IC95%
Todos os participantes 25.9 [23.1,29.0] 16.5 [14.3,18.9]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 6.0 [2.9,12.3] 11.1 [6.9,17.2]
Gaza 6.2 [3.9,9.8] 10.3 [7.7,13.8]
Inhambane 30.0 [25.1,35.4] 26.7 [22.8,30.9]
Manica 18.8 [13.8,25.1] 12.5 [7.3,20.7]
Maputo Cidade 10.6 [6.3,17.4] 20.7 [16.9,25.1]
Maputo Província 11.0 [7.2,16.3] 7.8 [5.5,10.8]
Nampula 28.5 [21.8,36.4] 19.3 [14.3,25.6]
Niassa 9.0 [3.5,21.1] 4.3 [1.0,16.3]
Sofala 19.8 [14.2,26.9] 18.3 [14.0,23.5]
Tete 9.4 [5.1,16.7] 4.9 [2.3,10.2]
Zambézia 63.7 [56.4,70.5] 25.8 [18.0,35.5]

Sexo
Feminino 25.0 [21.8,28.5] 15.6 [13.1,18.4]
Masculino 27.3 [24.2,30.6] 17.8 [14.9,21.2]

Idade (anos)
15‐24 29.4 [25.2,33.9] 20.6 [17.7,23.8]
25‐44 23.8 [20.5,27.5] 15.1 [12.8,17.8]
45‐64 25.6 [21.5,30.3] 14.4 [11.2,18.3]

Escolaridade (anos completos)


0 22.4 [18.1,27.3] 14.6 [11.6,18.2]
1‐7 27.8 [23.1,33.1] 16.4 [13.4,20.0]
>7 26.5 [22.1,31.4] 18.9 [15.6,22.7]

18
Cerca de um quarto dos participantes referiram que adicionam frequentemente (sempre/várias vezes) sal ou
caldos salgados à comida já preparada, sendo esta prevalência mais de dez vezes mais elevada na Zambézia
do que em Cabo Delgado (63,7% v. 6,0%), as províncias em que as percentagens foram mais elevadas e mais
baixas, respetivamente. Não se observaram diferenças relevantes ou consistentes em função do sexo, idade
ou escolaridade dos participantes, apesar da prevalência mais elevada ter sido observada nos indivíduos mais
novos.

Atividade física

Na tabela 6 são apresentados resultados relativos à prática de desporto e a actividade sedentária.

Tabela 6. Atividade física.

Pratica desporto, ginástica ou atividades recreativas Passa mais de 90 minutos por dia
com intensidade elevada ou moderada sentado ou deitado
% IC95% % IC95%
Todos os participantes 21.7 [19.0,24.6] 48.1 [44.8,51.4]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 12.6 [6.5,23.2] 41.8 [36.8,47.0]
Gaza 12.9 [8.9,18.4] 62.7 [59.1,66.1]
Inhambane 17.9 [11.1,27.7] 60.4 [50.0,69.9]
Manica 29.4 [22.8,37.0] 59.9 [54.2,65.4]
Maputo Cidade 20.2 [14.8,26.9] 66.7 [62.7,70.4]
Maputo Província 10.7 [7.4,15.2] 62.8 [55.6,69.4]
Nampula 22.9 [16.2,31.5] 43.0 [35.6,50.8]
Niassa 9.3 [4.9,17.0] 53.8 [45.0,62.4]
Sofala 12.4 [8.8,17.2] 30.6 [21.9,40.8]
Tete 13.0 [8.6,19.0] 15.2 [6.1,33.0]
Zambézia 41.5 [31.4,52.4] 54.5 [42.7,65.8]

Sexo
Feminino 13.8 [11.0,17.0] 51.0 [47.1,54.9]
Masculino 32.9 [28.9,37.3] 44.0 [40.0,48.0]

Idade (anos)
15‐24 36.4 [32.3,40.8] 46.2 [41.5,51.0]
25‐44 17.2 [14.1,20.9] 46.5 [42.4,50.6]
45‐64 12.7 [9.6,16.5] 52.8 [48.3,57.3]

19
Escolaridade (anos completos)
0 12.4 [8.9,17.0] 43.2 [38.4,48.2]
1‐7 19.3 [15.7,23.5] 47.3 [42.6,52.0]
>7 36.5 [32.5,40.6] 49.9 [45.6,54.1]

A prática de desporto foi reportada por 21,7% dos participantes, com os valores mais altos na Zambézia
(41,5%) e os mais baixos em Niassa (9,3%). Os homens referiram praticar desposto mais frequentemente que
as mulheres (32,9% vs. 13,8%). A prevalência foi quase o triplo no escalão etário 15‐24 anos em relação aos
participantes com 45‐64 anos (36,4% vs. 12,7%), assim como nos participantes mais escolarizados em relação
aos que tinham menor escolaridade (36,5% vs. 12,4%).

Quase metade dos participantes referiram passar 90 minutos diários em actividade sedentária. A prevalência
foi mais alta em Maputo Cidade (66,7%) e mais baixa em Tete (15,2%). As diferenças em função do sexo e
idade foram no mesmo sentido das observadas para a prática de desporto, mas muito menos acentuadas.
Observou‐se uma tendência no sentido de maior sedentarismo dos indivíduos mais escolarizados.

De todos os participantes, 9,1% (IC95%: 7,7‐10,4) referiram ter sido aconselhados por um médico ou outro
profissional de saúde, nos três anos anteriores, a praticar mais actividade física.

Obesidade

Na tabela 7 são apresentados resultados relativos à prevalência de obesidade em Moçambique,


globalmente e por variáveis socio‐demográficas.

Tabela 7. Obesidade (Índice de Massa Corporal ≥ 30 Kg/m2).

Obesidade
% IC95%
Todos os participantes 7.3 [6.0,8.8]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 3.8 [1.9,7.3]
Gaza 10.5 [7.1,15.2]
Inhambane 8.0 [3.9,15.5]
Manica 3.9 [2.4,6.2]
Maputo Cidade 24.5 [21.2,28.0]
Maputo Província 13.6 [9.1,19.9]
Nampula 5.7 [2.9,10.6]
Niassa 8.2 [4.1,15.8]
Sofala 3.4 [1.6,7.2]

20
Tete 9.3 [4.3,18.9]
Zambézia 3.0 [1.1,7.6]

Sexo
Feminino 9.8 [8.1,11.9]
Masculino 3.9 [2.7,5.6]

Idade (anos)
15‐24 1.2 [0.5,2.5]
25‐44 7.6 [5.9,9.7]
45‐64 13.3 [10.8,16.2]

Escolaridade (anos completos)


0 7.3 [5.1,10.3]
1‐7 6.3 [4.8,8.3]
>7 9.2 [7.5,11.2]

A prevalência de obesidade foi de 7,3%, com acentuadas diferenças regionais, variando entre 3,0% na
Zambézia e 24,5% em Maputo Cidade. A obesidade foi cerca de duas vezes e mais frequente nas mulheres
do que nos homens e aumentou de 1,2% no escalão etário 15‐24 anos para 13,3% nas idades 45‐64 anos.

De todos os participantes, 7,1% (IC95%: 5,7‐8,4) referiram ter sido aconselhados por um médico ou outro
profissional de saúde, nos três anos anteriores, a manter um peso saudável ou a perder peso.

Hipertensão arterial

Na tabela 8 são apresentados resultados relativos à prevalência de hipertensão arterial em Moçambique,


globalmente e por variáveis socio‐demográficas.

Tabela 8. Hipertensão arterial.

Hipertensão arterial
% IC95%
Todos os participantes 31.4 [29.0,33.9]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 39.5 [34.1,45.1]
Gaza 26.6 [22.0,31.7]
Inhambane 29.9 [23.1,37.6]
Manica 28.3 [21.2,36.6]

21
Maputo Cidade 34.2 [26.9,42.3]
Maputo Província 31.1 [22.4,41.4]
Nampula 32.0 [25.5,39.3]
Niassa 33.1 [22.9,45.1]
Sofala 21.7 [17.6,26.5]
Tete 31.3 [23.7,40.0]
Zambézia 33.7 [28.5,39.3]

Sexo
Feminino 31.5 [28.6,34.7]
Masculino 31.2 [28.2,34.4]

Idade (anos)
15‐24 13.1 [10.1,16.8]
25‐44 30.2 [27.1,33.5]
45‐64 53.8 [49.5,58.1]

Escolaridade (anos completos)


0 38.0 [33.6,42.6]
1‐7 32.0 [28.9,35.2]
>7 22.3 [18.8,26.3]

A prevalência de hipertensão arterial foi de 31,4%, semelhante entre homens e mulheres, tendo sido
observados os valores mais baixos em Sofala (21,7%) e os valores mais altos em Cabo Delgado (39,5%). Nos
indivíduos com idades entre 15 e 24 anos a prevalência foi de 13,1%, aumentando com a idade, até 53,8%
no escalão etário 45‐64 anos. A proporção de indivíduos hipertensos diminui com a escolaridade, sendo de
22,3% nos participantes com mais de sete anos de escolaridade.

Entre os indivíduos classificados como hipertensos, a prevalência de conhecimento dessa condição


(awareness), tratamento farmacológico e controlo foram de 16,6% (IC95%: 13,2‐20,0), 6,8% (IC95%: 4,7‐
8,8) e 3,1% (IC95%: 1,8‐4,5), respetivamente.

Diabetes

Na tabela 9 são apresentados resultados relativos à prevalência de diabetes, em participantes com idade
entre 25 e 64 anos.

Tabela 9. Diabetes, em participantes com idade entre 25 e 64 anos.

Diabetes
% IC95%

22
Todos os participantes 7.4 [5.4,10.0]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 1.0 [0.3,4.2]
Gaza 20.2 [10.8,34.5]
Inhambane 16.3 [9.2,27.2]
Manica 10.9 [5.9,19.1]
Maputo Cidade 15.1 [9.5,23.3]
Maputo Provincia 3.4 [1.4,8.3]
Nampula 13.2 [5.3,29.5]
Niassa 1.8 [0.5,7.0]
Sofala 2.2 [0.5,8.5]
Tete 2.1 [0.9,4.8]
Zambezia 3.7 [1.5,8.7]

Sexo
Feminino 6.0 [4.3,8.4]
Masculino 9.5 [5.6,15.5]

Idade (anos)
25‐44 5.7 [4.0,8.1]
45‐64 10.1 [6.8,14.8]

Escolaridade (anos completos)


0 5.6 [3.4,9.2]
1‐7 8.4 [5.7,12.2]
>7 7.8 [4.8,12.5]

A prevalência de diabetes foi de 7,3%, tendo sido observados os valores mais baixos em Cabo Delgado
(1,0%) e os valores mais altos, superiores a 15%, em Maputo Cidade e em Inhambane. A diabetes foi mais
frequente nos homens (9,2% vs. 6,0%) e nos indivíduos mais velhos (10,1% vs. 5,7%). Não se observaram
diferenças consistentes em função da escolaridade dos participantes.

Saúde oral

Na tabela 10 são apresentados resultados referentes a aspectos relacionados com a saúde oral.

Tabela 10. Saúde oral.

Dor ou desconforto nos dentes ou boca Nunca consultou um


nos últimos 12 meses dentista

23
% IC95% % IC95%
Todos os participantes 29.9 [27.5,32.4] 66.7 [63.7,69.5]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 29.5 [22.2,38.0] 61.0 [50.3,70.7]
Gaza 26.6 [20.8,33.3] 50.8 [43.3,58.3]
Inhambane 38.2 [31.4,45.6] 45.1 [37.5,52.8]
Manica 36.7 [29.5,44.6] 57.4 [48.7,65.7]
Maputo Cidade 34.6 [29.6,39.9] 34.2 [27.0,42.2]
Maputo Província 26.8 [22.5,31.5] 47.7 [42.7,52.8]
Nampula 24.8 [18.7,32.2] 77.0 [71.0,82.0]
Niassa 29.2 [22.6,36.8] 71.7 [62.6,79.3]
Sofala 39.7 [29.8,50.5] 76.3 [68.4,82.7]
Tete 33.1 [28.6,38.0] 71.0 [62.5,78.3]
Zambézia 26.5 [20.0,34.2] 80.5 [70.3,87.8]

Sexo
Feminino 31.9 [29.3,34.6] 64.8 [61.4,68.0]
Masculino 27.2 [23.5,31.3] 69.4 [65.9,72.6]

Idade (anos)
15‐24 23.6 [20.2,27.4] 78.8 [75.2,82.1]
25‐44 31.0 [27.5,34.7] 66.8 [63.2,70.3]
45‐64 35.0 [31.2,39.0] 52.6 [48.0,57.2]

Escolaridade (anos completos)


0 32.4 [27.8,37.4] 72.4 [68.3,76.1]
1‐7 29.6 [26.8,32.6] 67.4 [63.8,70.8]
>7 27.7 [24.2,31.5] 58.9 [54.9,62.8]

Cerca de um terço dos participantes reportaram dor ou desconforto nos dentes ou boca nos últimos 12
meses. A prevalência foi mais baixa na Zambézia (26,5%) e mais elevada em Sofala (39,7%). Relativamente
às restantes variáveis sociodemográficas analisadas, observou‐se um aumento com a idade, de 23,6% nos
indivíduos mais novos até 35,0% nos mais velhos, assim como valores mais altos nas mulheres e nos
participantes com menor escolaridade, apesar de nestes casos as diferenças serem menos acentuadas.

Dois terços dos participantes referiram nunca ter consultado um dentista. Esta prevalência foi mais baixa
em Maputo Cidade (34,2%) e mais alta na Zambézia (80,5%). Relativamente às restantes variáveis
sociodemográficas, as diferenças mais acentuadas foram a diminuição da prevalência com a idade, de78,8%
no escalão etário 15‐24 anos a 52,6% nas idades entre 45 e 64 anos, e com a escolaridade, de 72,4% entre
os indivíduos menos escolarizados até 58,9% nos mais escolarizados.

Comportamentos relacionados com acidentes de viação

24
Na tabela 11 são apresentados resultados relativos com a prevenção de acidentes rodoviários.

Tabela 11. Utilização de cinto de segurança e capacete.

Nunca utilizou o cinto de segurança Nunca utilizou capacete (quando andou de mota ou chopela)
nos últimos 30 dias nos últimos 30 dias
% IC95% % IC95%
Todos os participantes 68.8 [65.2,72.3] 87.7 [85.2,89.8]

Local de residência (província)


Cabo Delgado 57.1 [42.2,70.8] 79.0 [71.9,84.7]
Gaza 82.1 [73.8,88.2] 94.0 [85.4,97.7]
Inhambane 71.6 [57.8,82.3] 79.5 [71.9,85.4]
Manica 71.0 [61.7,78.9] 79.7 [71.9,85.8]
Maputo Cidade 31.1 [23.3,40.1] 94.6 [90.2,97.1]
Maputo Província 44.7 [35.1,54.7] 95.4 [91.6,97.5]
Nampula 81.8 [73.5,88.0] 92.2 [86.5,95.6]
Niassa 80.2 [70.7,87.2] 81.5 [74.1,87.1]
Sofala 41.6 [28.7,55.7] 80.0 [65.2,89.5]
Tete 57.1 [43.8,69.5] 67.2 [57.3,75.8]
Zambézia 85.3 [72.6,92.7] 94.2 [87.0,97.6]

Sexo
Feminino 73.7 [70.3,76.8] 90.9 [88.3,93.0]
Masculino 62.4 [57.1,67.5] 83.7 [79.9,86.9]

Idade (anos)
15‐24 67.1 [62.1,71.8] 87.9 [84.4,90.8]
25‐44 67.9 [63.0,72.4] 86.0 [82.3,89.1]
45‐64 72.5 [66.8,77.5] 90.5 [87.0,93.2]

Escolaridade (anos completos)


0 83.0 [76.5,88.0] 93.5 [90.4,95.6]
1‐7 74.8 [70.5,78.6] 88.5 [85.5,90.9]
>7 48.0 [42.8,53.2] 81.3 [77.1,84.9]

Mais de dois terços dos participantes referiram nunca ter utilizado de cinto de segurança enquanto
conduziam ou eram passageiros de veículos de quatro rodas nos últimos 30 dias. A prevalência variou entre
31,1% em Maputo Cidade e 85,3% na Zambézia, foi mais elevada nas mulheres (73,7% vs. 62,4%) e diminuiu
com a escolaridade, de 83,0% para os níveis de escolaridade mais baixos para 48,0% entre os participantes
mais escolarizados. As diferenças por idade foram menos acentuadas.

25
Relativamente ao uso de capacete, nos últimos 30 dias, enquanto condutor ou passageiro de mota ou
chopela a prevalência de não utilização foi de 87,7%, sendo mais baixa em Tete e atingindo pelo menos 94%
em Gaza, Maputo Cidade e Província e Zambézia. A não utilização de capacete foi mais frequente nas
mulheres (90,9% vs. 83,7%) e diminui com a escolaridade, entre 93,5% nos participantes sem educação
formal e 81,3% nos que tinham pelo menos sete anos de escolaridade. As diferenças em função da idade
foram pouco acentuadas.

Evolução de indicadores entre 2005 e 2015

Na tabela 12 são apresentados, para alguns dos indicadores avaliados, os resultados obtidos no estudo STEPS
conduzido em Moçambique no ano de 2005 e no estudo STEPS mais recente, realizado em 2014/2015,
considerando apenas os participantes com idades entre 25 e 64 anos.

Tabela 12. Evolução de indicadores entre 2005 e 2015, em participantes com idade entre 25 e 64 anos.

Prevalência, % (IC95%)
2005 2014/2015
Consumo de tabaco com fumo (atualmente) 22.0 14.9
(18.0‐25.9) (12.5‐17.3)
Consumo de bebidas alcoólicas (últimos 12 meses) 41.9 35.9
(35.4‐48.4) (30.8‐41.0)
Consumo de fruta e/ou de vegetais (≥5 vezes/dia) 4.2 10.2
(2.8‐5.5) (7.6‐12.7)
Comportamento sedentário (>90 min/dia sentado ou deitado) 61.2 48.8
(54.7‐67.8) (45.4‐52.2)
Obesidade (índice de massa corporal ≥30 kg/m2) 5.0 9.7
(3.6‐6.4) (7.8‐11.7)
Hipertensão arterial 33.1 39.0
(28.2‐38.0) (35.9‐42.0)
Diabetes 2.8 7.4
(1.8‐3.9) (5.2‐9.6)

Na última década observou‐se uma diminuição do consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas e de


comportamento sedentário e um aumento do consumo de frutas e vegetais. As prevalências de obesidade,
diabetes e hipertensão arterial aumentaram.

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Discussão e conclusões

Em primeiro lugar, é importante salientar que o projecto STEPS foi desta vez realizado num espaço de
tempo muito curto devido a necessidade de se ter que concretizar ate ao final do quinquénio para o qual
estava orçamentado. Esta urgência teve como principais consequências uma formação acelerada dos
inquiridores que no final da sua formação não foram submetidos a um estudo piloto devidamente
estruturado. Assim não foi possível identificar lacunas existentes na formação destes inquiridores e corrigi‐
las antes do trabalho de campo. Um outro aspecto prendeu‐se com a pouca experiencia de alguns
responsáveis provinciais em inquéritos deste tipo. Esta falta de experiencia resultou na não tomada
atempada de atitudes para corrigir os erros com que as equipes de inquérito se foram deparando. Ainda
por outro lado, o inquérito teve que ser realizado de 15 de Dezembro a 3 de Fevereiro. Como é fácil
entender, a inclusão da época das festas no meio do inquérito obrigou a paragens com as consequências
que dai advieram. Por outro lado, fazer‐se o inquérito em lena época das chuvas levou a que algumas áreas
de enumeração não pudessem ser inquiridas, principalmente em Manica e no Niassa. Parece‐nos que uma
actividade como este inquérito nacional deva ser planeada com mais tempo e executada de seguida e na
época seca para evitar os problemas com que nos defrontamos nesta experiencia.

Passamos agora a analisar os resultados obtidos neste inquérito comparando com os resultados do
inquérito de 2005 em relação a cada factor de risco.

Em relação ao consumo de tabaco o inquérito de 2014 mostra uma redução significativa do número de
consumidores de tabaco com fumo, ou seja cigarros manufacturados e tabaco enrolado de 22% para
14,9%. Esta diminuição pode ser o resultado por um lado das campanhas anti tabaco levadas a cabo nos
últimos anos, associada a proibição do consumo de tabaco em lugares públicos. No entanto verifica‐se que
a redução foi mais importante nos consumidores de tabaco enrolado que nos de cigarros manufacturados,
e portanto mais nas áreas rurais que nas zonas urbanas onde as campanhas são mais intensas e onde a
proibição de consumo em áreas públicas se faz sentir. Este aspecto torna mais difícil encontrar uma
explicação para a diminuição do consumo verificada. Há a vaga possibilidade pouco provável de esta
diminuição não ser real e ser o resultado de uma ma interpretação do questionário por parte de alguns
inquiridores. No entanto o baixíssimo consumo encontrado no grupo etário dos 15 aos 24 anos dá‐nos a
ideia que de facto a mensagem sobre os malefícios do tabaco esta a passar e que esta redução é real.

Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas assiste‐se a uma diminuição não significativa do consumo de
41,9% para 35,9%. Esta diminuição verifica‐se apesar de o inquérito se ter efectuado numa altura de festas
associadas normalmente a um elevado consumo alcoólico. È de salientar que se verifica já no grupo etário
dos 15 aos 24 anos a um consumo considerável de álcool retractando a sensação que se tem do elevado
consumo de álcool entre os jovens.

Analisando o consumo de frutas e vegetais, verificou‐se que de 2005 para 2014 houve um aumento
significativo do consumo de 5 ou mais porções diárias de frutas e vegetais de 4,2% para 10,2% das pessoas.
Este dado positivo deve no entanto ser analisado com precaução pois pode ser em grande parte o
resultado de uma maior disponibilidade de frutas e vegetais na época das chuvas em que se realizou o
presente inquérito contra uma menor disponibilidade na época fria e seca em que se realizou o inquérito
de 2005. De qualquer forma é positivo verificar este aumento de consumo de frutas e vegetais que agora se
verificou.

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Em relação a actividade física registou‐se uma diminuição significativa da percentagem de pessoas que
passa mais que 90 minutos por dia sentado ou deitado de 61,2% para 48,8%. Um aspecto interessante e
que confirma a opinião subjectiva que se tem de que há mais gente a fazer exercício de manha e ao fim da
tarde e o aumento importante do número de pessoas que faz actividade desportiva ou lúdica. Este aspecto
está em contrasto com o que se verificou no inquérito de 2005 em que esta componente de actividade
física era negligenciável e era actividade no trabalho e no caminho de e para o trabalho as principais
componentes da actividade física global.

Ao contrário do relatado nos factores de risco anteriores, a obesidade aumentou significativamente de 5%


para 9,7%. Este aumento era já de esperar pois Moçambique, pelos resultados do inquérito de 2005 tinha
dos níveis mais baixos de obesidade entre os Países da região. Apesar de ser esperado este aumento, algo
deve ser feito para combater esta tendência uma vez que a obesidade tem uma relação directa com a
prevalência da diabetes e da hipertensão arterial. Por outro lado, verifica‐se que apesar de se ter assistido a
um aumento da actividade física e do consumo de frutas e vegetais estes ganhos não conseguiram evitar
uma quase duplicação dos níveis de obesidade.

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Referências

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