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Fundamentos de
Lógica
1. Fundamentos de Lógica
Podemos dizer que Lógica Matemática é, essencialmente, o estudo da natureza
do raciocínio e das formas de aumentar ou melhorar sua utilização. Associa-
mos a Lógica Matemática a análise de métodos de raciocínio, a um conjunto de
regras para verificação se um pensamento é verdadeiro ou falso.
A Lógica está interessada, principalmente, na forma em detrimento ao con-
teúdo dos argumentos, estuda conceitos e juízos, e é uma ferramenta poderosa
que nos permite reconhecer contradições e eliminar probabilidades de erro.
De maneira geral, a Lógica Matemática ainda tem por objetivo demonstrar
se um argumento é válido ou mesmo ambíguo, evitando assim o duplo sentido.
OBJETIVOS
• Identificar a importância da Lógica matemática e sua contribuição às disciplinas correlatas.
• Resolver problemas intuitivos de Raciocínio Lógico e Lógica Matemática.
• Identificar e representar uma proposição.
• Analisar o valor lógico de proposição simples.
10 • CAPÍTULo 1
1.1 Problemas de raciocínio lógico
CAPÍTULo 1 • 11
Descrição do recurso: Neste software apresentamos o Princípio da Casa dos
Pombos e sugerimos três atividades com aplicações variadas: uma aplicação
geométrica, uma aplicação combinatória e outra em contexto de Teoria de
Números elementar.
EXEMPLO
1. Em uma sala há um grupo de pessoas reunidas. Quantas pessoas devemos ter, no
mínimo, nesta sala, de modo a que possamos garantir que duas delas tenham nascido em um
mesmo mês?
EXERCÍCIOS
01. Quantas pessoas, no mínimo, devemos ter em um grupo para que possamos garantir a
existência de, pelo menos, duas tendo nomes que começam com a mesma letra? (Considere
um alfabeto com 26 letras.)
12 • CAPÍTULo 1
02. Temos em uma caixa duas cores de bolas, de forma que 5 são vermelhas e 3 são azuis.
Quantas bolas devemos tirar da caixa para garantirmos que haja duas bolas de cores diferentes?
03. Tenho 16 meias em uma gaveta, sendo 8 meias brancas e 10 meias pretas. Quantas
meias, no mínimo, devem ser retiradas da gaveta, para se ter certeza de obter um par de
meias de cores diferentes?
1. Uma lagarta sobe em uma árvore. Todos os dias sobe 7 metros, porém,
à noite, escorrega e desce 5 metros. Ao anoitecer do 15º dia, a subida tem fim.
Qual a altura dessa árvore?
CAPÍTULo 1 • 13
2. Três irmãs - Ana, Maria e Cláudia - foram a uma festa com vestidos de
cores diferentes. Uma vestiu azul, a outra vestiu branco, e a terceira, preto.
Chegando à festa, o anfitrião perguntou quem eram.
• A de azul respondeu: “Ana é a que está de branco”;
• A de branco disse: “Eu sou Maria”;
• A de preto respondeu: “Cláudia é quem está de branco”.
O anfitrião sabia que Ana sempre diz a verdade. Ele foi capaz de identificar
quem era cada irmã.
As cores dos vestidos de Ana, Maria e Cláudia eram...
CAPÍTULo 1 • 14
3. Você está numa cela onde existem duas portas, cada uma vigiada por
um guarda. Existe uma porta que dá para a liberdade, e outra para a morte. Você
está livre para escolher a porta que quiser e por ela sair. Poderá fazer apenas
uma pergunta a um dos dois guardas que vigiam as portas. Um dos guardas
sempre fala a verdade, e o outro sempre mente e você não sabe quem é o menti-
roso e quem fala a verdade. Que pergunta você faria?
REFLEXÃO
Júlio César de Melo e Sousa (1895-1974), brasileiro, professor, pedagogo, matemático e
escritor, mais conhecido pelo seu pseudônimo, Malba Tahan, escreveu o clássico da literatura
O Homem que Calculava , premiado inclusive pela Academia Brasileira de Letras. Júlio César
de Melo e Sousa, considerado pioneiro da divugação da educação matemática no país, pro-
cura colocar a matemática de forma lúdica, interessante e divertida.
CAPÍTULo 1 • 15
LEITURA
O Homem que Calculava
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/o-homem-que-
calculava.html
© WIKIMEDIA.ORG
Figura 1.2 –
Neste livro, Julio Cesar conta a história de Beremiz, um jovem árabe que viaja para Badgá
com Hank Tade-Maiá, bagdali -natural de Bagdá. Beremiz, muito habilidoso em matemática,
vai resolvendo vários problemas surgidos de situações ao longo da viagem.
Um exemplo de situação resolvida no livro, é a do problema dos camelos. Vamos a ela:
“ Poucas horas havia que viajávamos sem interrupção, quando nos ocorreu uma aventura
digna de registro, na qual meu companheiro Beremiz, com grande talento, pôs em prática as
suas habilidades de exímio algebrista.
Encontramos, perto de um antigo caravançará meio abandonado, três homens que discu-
tiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios gritavam
possessos, furiosos:
- Não pode ser!
- Isto é um roubo!
- Não aceito!
O inteligente Beremiz procurou informa-se do que se tratava.
- Somos irmãos – esclareceu o mais velho – e recebemos, como herança, esses 35
camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo receber a metade, o meu irmão Ha-
med Namir uma terça parte e ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não
16 • CAPÍTULo 1
sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos e a cada partilha proposta segue-se
a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio. Como fazer a partilha se a terça
parte e a nona parte de 35 também não são exatas?
- É muito simples – atalhou o Homem que calculava. – Encarrego-me de fazer, com jus-
tiça, essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal
que, em boa hora, aqui nos trouxe!
Neste ponto, procurei intervir na questão:
- Não posso consentir em semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viagem se
ficássemos sem o camelo?
- Não se preocupes com o resultado, ó Bagdá!! – replicou-me em voz baixa Beremiz. –
Sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás no fim a que conclusão
quero chegar.
Tal foi o tom de segurança com que ele falou, que não tive dúvida em entregar-lhe o meu
belo jamal, que, imediatamente, foi reunido aos 35 ali presentes, para serem repartidos pelos
três herdeiros.
- Vou, meus amigos- disse ele, dirigindo-se aos três irmãos – fazer a divisão justa e exata
dos camelos que são agora, como vêem, em número de 36.
E, voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:
- Deverias receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade
de 36 e, portanto, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saístes lucrando com esta
divisão!
E, dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:
- E tu, Hamed Namir, deverás receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber
um terço de 36, isto é 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na
transação.
E disse, por fim, ao moço:
- E tu, jovem, Hamir Namir, segundo a vontade de teu pai, deverias receber uma nona
parte de 35. Isto é, 3 e tanto. Vais receber uma nona parte de 36, isto é, 4. O teu lucro é
igualmente notável. Só tens a agradecer-me pelo resultado!
E concluiu com a maior segurança e serenidade:
- Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos Namir – partilha em que todos os três
saíram lucrando – couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que
dá o resultado (18+12+4) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobraram, portanto dois. Um
pertence ao amigo e companheiro, outro toca a mim, por ter resolvido, a contento de todos, o
complicado problema da herança!
CAPÍTULo 1 • 17
- Sois inteligente, ó Estrangeiro! – exclamou o mais velho dos três irmãos – Acertamos
nossa partilha na certeza de que foi feita justiça e equidade!
E o astucioso Beremiz – o Homem que Calculava – tomou logo posse de um dos mais
belos “jamales” do grupo e disse-me entregando-me pela rédea o animal que me pertencia:
- Poderás agora, meu amigo, continuara viagem no teu camelo manso e seguro! Tenho
outro especialmente para mim!
E continuamos nossa jornada para Bagdá.”
Solução:
Dar o camelo em que montavam.
Total: 36 camelos.
Para o irmão mais velho 36/2 = 18
Para o irmão do meio, 36/3 = 12
Para o irmão caçula, 36/9 = 4
A Soma dos camelos dos irmãos é então:
18 + 12 + 4 = 34
E Beremis Samir, O Homem que Calculava, ganhou 1 camelo.
CONEXÃO
Texto do problema, com comentários, em:
http://www.uesb.br/mat/semat/seemat_arquivos/docs/mc4.pdf
18 • CAPÍTULo 1
CURIOSIDADE
Personagens Importantes na Lógica:
Aristóteles, o Pai da Lógica Formal.
Aristóteles (século IV a.C. 384 - 322 a.C.), um dos maiores pensadores de todos os tempos,
foi um filósofo grego, pode ser considerado o pai do pensamento lógico, o fundador da Ló-
gica Formal.
Segundo Aristóteles, que foi aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, a
Lógica era um instrumento para todas as ciências, e ainda defendia que, partindo de conhe-
cimentos considerados verdadeiros, podemos obter novos conhecimentos. Este pioneiro da
Lógica Formal formulou regras de encadeamento de raciocínios que, a partir de premissas
verdadeiras, chegava-se a conclusões verdadeiras.
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Figura 1.3 –
CAPÍTULo 1 • 19
a qual possui aplicações em construção de computadores, circuitos e sistemas de comu-
nicação. Observe que este estudo foi publicado quase um século antes dos computadores
digitais serem inventados.
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Figura 1.4 –
Figura 1.5 –
Figura 1.6 –
20 • CAPÍTULo 1
Leibniz construiu uma linguagem universal baseada em um alfabeto do pensamento
(characteristica universalis), utilizando procedimentos análogos aos procedimentos matemá-
ticos. Aos 20 anos, em 1666, o matemático alemão esboçou então um método para reduzir
pensamentos de qualquer tipo e assunto, a enunciados de perfeita exatidão: De Arte Combi-
natória (Sobre a Arte das Combinações).
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Augustus De Morgan (1806-1871) foi um matemático nascido
em Madura, Índia, que contribuiu significativamente com o desenvol-
vimento da moderna simbólica. Augustus, que perdeu a visão do olho
direito logo após o nascimento, introduziu as importantes leis de De
Morgan e reformulou a Lógica Matemática.
Figura 1.7 –
Frege e a Filosofia-Lógica
Gottlob Frege (1848-1925) foi um matemático e lógico alemão
que trabalhou na área da lógica com a filosofia da lógica matemática
e com a lógica da filosofia, enfim, na fronteira entre a Filosofia e a
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Lógica Matemática.
Figura 1.8 –
CAPÍTULo 1 • 21
Como um dos fundadores da "filosofia analítica", Russell, além de usar a lógica para
esclarecer questões nos fundamentos da matemática, utilizava a lógica para esclarecer ques-
tões de filosofia.
Em 1950, Bertrand Russell recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, "em reconhecimento
de seus variados e importantes escritos nos quais advoga ideais humanitários e a liberdade
de pensamento".
LEITURA
Bertrand Russell - Um lógico na Educação
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/bertrand-russell-logico-educacao-423329.shtml
MULTIMÍDIA
Sugestão de vídeo:
“Ser ou não ser” - Aristoteles e a Lógica - Viviane Mosé - Globo - Fantástico
disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=qd3OicLy0iM>.
Referências bibliográficas:
FERNANDES, DENISE CANDAL REIS. Lógica matemática / Denise Candal Reis Fernandes. Rio de Janeiro: SESES,
2016.