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memórias, histórias
e brincadeiras
APRESENTAÇÃO
O
Serviço Social do Comércio - SESC desenvolve o Projeto Era Uma Vez...
fância das pessoas idosas contadas através de áudios pelo whatsapp, sendo
essas histórias enviadas para as crianças que ouviam e as materializavam
por meio de reuniões virtuais semanais pela plataforma Google Meet, sendo
Nesse sentido, o produto desse trabalho foi materializado através deste Ebook
Elizabeth da Silva
Apoio:
APDMCE
Luciana Marinho
ÍNDICE
MÓDULO 1
ROSA: A METIDA
CHICO PANTECA
A PORQUINHA JUJU
LOBINHO
SOU BANDEIRANTE
ASSOMBRAÇÃO
CIDADE DA CRIANÇA
APELIDOS E TRAVESSURAS
SAUDADE DO CARNAVAL
O PÉ DE GOIABA
BRINCADEIRA DE BONECA
PRIMEIRAS LETRAS
FÃ DE MÚSICA
PARQUE DA CRIANÇA
A FESTA DO PADROEIRO
ANA MARIA CRUZ
ROSA: A METIDA
M
eu nome é Ana Maria Cruz, eu tenho 63 anos e sou professora de matemática já afas-
tada da sala de aula. Vou compartilhar com vocês algumas das histórias vividas du-
Na história de hoje vamos dar o nome de “Rosa: a metida”. Aos cinco anos eu morava em
uma casa pequena com meus pais e quatro irmãos. Apesar de pequena, a casa tinha um
grande quintal e várias árvores frutíferas. Minha mãe gostava de criar bichos, principalmen-
A grande curiosidade é que todos os bichinhos tinham nome e atendiam quando chamados.
Dentre os animais tinha uma franguinha que se destacava e o nome dela era Rosa. Assim
como nos seres humanos existe uma diversidade de pessoas (alegres, tristes, caladas, ta-
garelas etc), no mundo animal também tem essa diversidade. Rosa era o tio metida. Suas
penas eram avermelhadas e brilhosas. Vivia na porta de casa e quando íamos para o quin-
tal era aquela festa, pois corríamos atrás dela e vice-versa. Não podíamos chegar no quintal
com algum alimento na mão que depressinha Rosa nos roubava e lá estávamos nós a gritar:
Rosa também tinha um lado carinhoso. Quando estávamos sentados no batente do quintal,
ela vinha e se acomodava entre nossas pernas para que acariciássemos sua cabecinha. Era
ceu um belo galo. Em pouco tempo estava pondo ovos e começou a chocá-los, gerando aí
vários pintinhos. Uma lição que tive desse tempo é que os animais têm muito a nos ensinar,
por isso devemos respeitá-los e tratá-los com muito amor e muito carinho. Um grande beijo!
A
ntigamente, há uns 50 ou 60 anos atrás, era costume das residências ter um grande
caixote. Um caixote onde tinha várias divisórias e que servia para guardar os mantimen-
tos tipo arroz, feijão, farinha e outras coisas que houvesse necessidade. E na minha casa
Ela arrumava e ali seria o ninho das galinhas onde todos os dias elas vinham colocar ovos.
Às vezes duas, três, quatro, não importava quantas galinhas viessem, mas elas já estavam
acostumadas a colocar os ovos naquele local. Eu sempre fui uma criança muito ativa, às ve-
zes um pouco peralta. Então diariamente a minha mãe solicitava um de nós, somos cinco
Geralmente, como eu falei, eram quatro ou cinco ovos por dia. E todas as vezes ela começou
a observar que sempre que ela me pedia para ir coletar os ovos, eu voltava sem nenhum.
E eu sempre dizia: “Mãe, não tinha nenhum ovo”. E ela dizia: “Como não tem nenhum ovo?
Somente você volta com as mãos vazias e os outros todos sempre trazem três, quatro, cin-
co ovos e você nunca traz nenhum. O que está acontecendo? ” E eu sempre dizia: “Não sei.
Só cheguei lá e não tinha nenhum ovo. ” Então minha mãe ficou meio encucada com essa
Então certo dia ela pediu para eu ir pegar os ovos e sem me avisar se escondeu e ficou ob-
servando. De repente, quando ela viu a situação, ela ficou chocada. Ficou paralisada. Eu
pegava os ovos e simplesmente quebrava e bebia. Isso mesmo. Bebia os ovos! Então eu
nham ali. Se tivessem três ovos, eu bebia os três. Se tivesse quatro ou cinco, eu bebia todos.
Eu tinha mais ou menos uns 7 anos nessa época e aí minha mãe deu aquele flagra, deu
aquela bronca. Não me bateu, mas pediu para eu não fazer mais isso, porque em alguns
momentos o ovo era o nosso único alimento de proteína e se eu bebesse todos iríamos co-
Aprendi a lição, mas não deixei de beber ovos. Pegava só um e os outros eu trazia. Hoje eu
lembro dessa história e acho graça, pois naquela época as crianças não gostavam de ovo
cru e depois de adulta não tomei mais, mas posso tomar se tiver uma pitadinha de sal e uma
A
historinha é de um homem que marcou a minha infância e o nome da historinha vai ser
“Chico Panteca”. Existem pessoas que passam pela vida da gente somente passam,
Esse homem de quem eu falei se chamava Francisco Alves da Silva, conhecido como Chico
Panteca e eu o conheci através de minha tia Edite, irmã mais velha de minha mãe. Eles eram
Chico Panteca era mestre de obras e trabalhava na construção civil. Era um excelente pe-
dreiro. Segundo as pessoas da época, o apelido de Panteca deu-se ao fato de ele gostar
muito de fazer petecas com as penas das galinhas mortas. Ao invés de as pessoas chama-
Diariamente minha tia vinha para minha casa ajudar minha mãe nas tarefas do dia-a-dia,
pois a minha mãe ainda tinha criança muito pequena e minha tia vinha para ajudá-la. Dessa
forma, o Chico Panteca também passava todos os dias lá em casa para namorar um pou-
quinho ou às vezes para pegar minha tia para levá-la pra casa e assim ficava.
Ele geralmente vinha para almoçar e eu e meus irmãos esperávamos a chegada dele, pois
ficávamos observando. Ele pegava uma bacia grande e colocava feijão e farinha e mistura-
va. A gente ficava observando isso com água na boca e ele percebia. Então uma das vezes
ele sentou no chão com aquela bacia, nos chamou, sentamos ao redor dele e ele fazia bo-
nequinhos de feijão e colocava na nossa boca. E era aquela farra! Era muito bom.
tro de casa e a gente se divertia bastante com ele. A gente era muito apegada a ele. Chico
Panteca tinha um probleminha que era a bebida, mas ele não fazia mal a ninguém, o mal
Ele casou com a minha tia Edite, tiveram três filhos do sexo masculino e foram casados du-
rante quinze anos. Em 1979, aos 44 anos, Chico foi chamado de volta ao padre espiritual.
Ele foi vítima de uma infecção no intestino e essa infecção deu-se ao fato de ele ter recebido
uma visita em casa e quando essa visita chegou ele sentiu vontade de soltar um pum, mas
prendeu. A visita demorou muito e ele ficou com aquilo preso. Quando a visita foi embora ele
sentiu uma grande dor no estômago e foi levado às pressas para o hospital.
Ele ficou hospitalizado e o médico disse que tinha dado um nó nas tripas dele devido a ele
ter prendido esse pum e infeccionou e ele não resistiu a essa infecção e nos deixou. Foi
muito triste pra gente, porque éramos apegados. Nós choramos muito pela ausência dele,
mas o que ficou na nossa memória é que ele era uma pessoa do bem e nos fez muito bem.
Hoje eu conto isso para vocês e falo quanto a questão do pum. O pum é uma necessidade
fisiológica da gente. A gente não pode tá soltando pum na frente de qualquer pessoa, mas a
H
oje vou contar mais uma historinha e, como já falei para vocês, a minha infância foi
muito ligada aos animais devido ao amor que minha mãe sempre teve por eles. A his-
Em 1965, minha mãe ganhou uma bacurinha. Na época, era assim que se chamava uma
porquinha nova e ela tinha um mês de vida. Quando minha mãe chegou com a bacurinha
foi aquela festa e logo colocamos o nome dela de Juju. Tratávamos Juju como uma criança,
Ela passou a ser mais um membro da nossa família. Foi criada com muito amor e muito mimo.
Passava o dia todo dentro de casa brincando conosco. Corria atrás da gente, subíamos na
cadeira e ela tentava nos pegar. Era aquela farra! Ríamos, brincávamos e assim passáva-
Juju era muito limpinha, tomava dois ou três banhos por dia. Logo que ela fazia suas neces-
má-la. Colocávamos o perfume e ficava maravilhosa. Só que Juju cresceu e, como acredito
que vocês saibam, esse tipo de animal, o porquinho, não fica sempre pequenininho. Ele au-
menta muito e chega a ficar muito pesado. Até pra correr e coisas desse tipo fica mais difícil.
Então Juju cresceu e não tinha mais condições de ficar dentro de casa e já não brincava
mais como antes. O que se podia fazer? Como morávamos em uma casa pequena, não ti-
nha muito como acomodá-la. Primeiro minha mãe falou em matar a Juju. Foi aquela tristeza
nhum. Foi aquela confusão. Então minha mãe resolveu vendê-la e nós só pedimos que ela
não nos falasse o que foi feito com a Juju, pois queríamos guardar os bons momentos com
ela na lembrança. O que eu tenho a dizer para vocês é isso. Vamos cuidar com muito amor
e muito carinho os nossos animais, porque eles também fazem parte da nossa vida. Um
E
u estudava em uma escola e nós tínhamos um colega cujo nome era Eduardo. O ape-
lido desse coleguinha era Lobinho, porque ele tinha umas orelhas grandes e um rosto
realmente parecido com um lobo, então chamávamos ele de Lobinho. O Lobinho era muito
danado. Gente, pense em um meninozinho danado! Ele gostava de levar para a escola umas
cordinhas e amarrava os colegas sem eles perceberem. Ele amarrava as pernas e às vezes
até o próprio cadarço do sapato ele amarrava na cadeira sem o colega perceber e quando
O Lobinho adorava fazer isso, ele se divertia fazendo essas coisas. Já tinha tentado fazer
algumas vezes comigo, mas não deu certo. Aquilo foi me irritando e teve um belo dia que
eu fiquei com tanta raiva dele por causa dessas coisas que ele fazia, a gente falava para a
professora e ninguém tomava nenhuma atitude. Então eu e mais dois coleguinhas levamos
umas cordinhas para a escola e teve um dia em que ele estava muito concentrado fazendo
Sem ele perceber eu amarrei os dois pés dele e depois pedi para um coleguinha levar as
coisas para a professora. A professora saiu antes e ainda deixou alguns alunos na sala. Os
outros alunos saíram e eu fiquei. O Lobinho ainda estava terminando a tarefa dele e a gente
amarrou ele. Eu amarrei também as mãos deles para trás. Eu e meus dois coleguinhas saí-
mos da sala, ele ficou sozinho na sala e deixamos ele lá e fomos para o intervalo. Como na
hora do intervalo é aquela algazarra, muito grito e muita conversa, ele ficou gritando e nin-
te não ser prejudicado. Desamarramos ele e ele não podia mais ir para o intervalo. Ele não
brincou nesse dia, porque quando a professora chegasse na sala ele já estaria desamarra-
do e ele não tinha como provar que a gente tinha amarrado. E assim fizemos, quando aca-
bou o intervalo desamarramos ele. Pegamos as cordinhas dele, picamos e jogamos no lixo.
Falamos para ele que se ele ainda fizesse isso a gente faria pior. A gente ameaçou mesmo.
Não foi certo o que nós fizemos. Na realidade, a gente não deve fazer isso. A gente deve to-
mar uma outra atitude. Quando acontecem essas coisas, a gente deve procurar a direção,
deve procurar um adulto, falar para os nossos pais para ter uma resolução. A gente tinha
falado para a professora, mas como não tinha resolvido nada, a gente resolveu tomar essa
atitude. De qualquer forma, não foi certo o que nós fizemos, não devemos fazer esse tipo de
coisa, mas em compensação nunca mais o Lobinho fez isso com ninguém. Eu acho que ele
aprendeu a lição, mesmo que tenha sido de uma forma brusca, mas ele acabou aprenden-
do a lição e não fez mais nada. Espero que vocês jamais façam isso com seus coleguinhas.
C
omo já falei para vocês, eu nasci em Fortaleza, mas minha mãe nasceu em Canindé e
ela veio para Fortaleza muito nova, mais ou menos com 6 anos de idade, por aí. A mi-
nha avó materna costurava e ela sempre ia para Canindé para poder levar as costuras dela
Quando a minha mãe cresceu, casou e, uma vez, eu acho que eu tinha mais ou menos 7
anos de idade, chegaram as férias e a minha mãe falou que iríamos para Canindé, para o
Na época, só existia o trem para chegar até o sertão e assim mesmo era muito difícil, por-
que a gente tinha que ir para uma outra cidade e lá na estação de trem vinham pessoas lá
do sertão buscar a gente em jumentos que era para levar as coisas da gente e também as
crianças que iam em cima. A maioria ia a pé mesmo, andando. Foi uma coisa esplêndida.
Nós acordamos muito cedo e meu pai levou a gente para deixar lá na estação de trem, que
era a estação João Felipe. Em Fortaleza, a estação João Felipe ficava na praça da estação,
Naquela época, os trens eram considerados maria fumaça, porque eles eram todos movidos a
lenha. Então colocava aquelas lenhas no motor, acho que era motor do trem, e eles soltavam
aquela fumaça danada. O que eu achava mais legal era quando o maquinista puxava uma
cordinha e o trem fazia “PIUÍÍÍÍ”. Eu achava o máximo! Adorava também ir na janela, porque
a gente via as coisas passando mais rápido. A gente via muita coisa, na verdade, naquela
Para ir para Canindé, a gente tinha que ir para o município de Itapiúna. Quando chegávamos
lá, nós descíamos e pegávamos esse jumento que o pessoal geralmente estava esperando
a gente, porque a gente avisava quando ia. A gente ia em cima dos jumentos e levava as
coisas da gente tudo em cima. Era uma farra! Foi muito bom.
Uma das lembranças que eu tenho e que foi muito gostosa, foi dessa época e, principalmen-
te, da viagem de trem. Viajar de trem pela primeira vez foi uma das coisas mais hilariantes
O
movimento bandeirante surgiu há muitos anos mesmo e eu tive a oportunidade de fa-
zer parte desse movimento. Em 1968 eu estava com 10 anos de idade e entrei para o
Sesc, outro acho que na Cidade da Criança e havia outro que não lembro bem onde era,
mas cada um tinha o seu nome. O do Sesc era o grupo Baden Powell e eu entrei no bandei-
meninas que entravam com 6 ou 7 anos de idade e ficavam até 9 anos. Depois mudavam de
nível, que era o B1, bandeirante nível 1, e ficavam dos 10 anos até mais ou menos 12, nessa
faixa, e então vinha o B2. O B2 era o bandeirante nível 2 que ficava entre 13 e 16 anos de
idade. Havia também o nível 3 que era o preparatório, que eram meninas que tinham 17 ou
Nossas reuniões eram aos sábados, era mais ou menos de 13h até 17h da tarde, como eram
muitas meninas, eram divididas em grupos e cada grupo tinha uma espécie de coordenado-
ra, que a gente chamava de chefe na época. havia uma chefe que coordenava aquele grupo
e a chefe geral também. Nesses grupos a gente fazia várias atividades, então quando che-
gávamos no Sesc a gente participava de atividades de moral e civismo, nós tínhamos orien-
tações sobre respeito ao idoso, respeito ao jovem, à natureza, aos animais, nós tínhamos
todas essas orientações. Tínhamos também a parte esportiva onde a gente participava de
Dentre tudo isso, uma das coisas que eu gostava muito era do acampamento. Nós tínhamos
ficávamos em um sítio e dormíamos dentro da casa, no chão, cada uma tinha seu colchone-
te e levava suas coisinhas. As dormidas eram no chão, mas a gente passava o dia fora da
e foi muito bom, porque nós tivemos essas orientações de como sobreviver na mata, como
des fisiológicas e tinha um banheirinho onde você fazia os seus asseios. Tinha uma cozinha
Foi um aprendizado muito grande e eu queria passar isso para que vocês pudessem ter a
oportunidade de conhecer o movimento bandeirante que eu acredito que hoje deva ser só
escotismo, eu não sei bem, mas vocês podem procurar na região de vocês esses movimen-
Era isso que eu queria passar para vocês, que vocês tivessem a oportunidade de conhecer
E
stou aqui para contar mais uma historinha da minha infância, a historinha de hoje vou
Quando chegou as férias, eu tinha mais ou menos de nove para dez anos, eu fui para a casa
de um tio meu, fui passar mais ou menos umas duas semanas por lá, fui eu e meu irmão, tam-
bém tinha um primo meu lá. Então a casa do meu tio era grande, a gente ia pra lá e brincava
bastante, era pega-pega, brincávamos de pega vareta, brincávamos de desafios, era muito
legal, muito legal mesmo, eram muitas brincadeiras durante as férias que a gente brincava.
No período que a gente tava lá, chegou um casal amigo do meu tio que morava no interior
em Limoeiro do Norte. Esse casal chegou com o filho deles que tinha mais ou menos a nos-
sa idade, mas era um menino muito cheio de vontade, então todas as brincadeiras que nós
íamos fazer esse menino só queria do jeito dele, a gente idealizava uma coisa ele ia lá e
desmanchava, que não dava certo, sempre ele queria que prevalecesse a ideia dele, e não
a nossa, então nós fomos ficando chateados com isso, já faziam uns três a quatro dias que
ele estava lá, e a gente já tava “pê da vida” né! Ninguém tava gostando da atitude daquele
O meu tio que é professor ele tinha na casa dele um esqueleto, aqueles esqueletos gran-
des que geralmente usam em escolas, para estudar o corpo humano, estudar os ossos do
esqueleto, que na época a gente chamava de caveira, então meu tio tinha um daqueles. O
que é que a gente fez, um dia à noite, o menino foi dormir, nós fingimos que tava dormindo,
quando percebemos que o menino tinha dormido nós nos levantamos, e pegamos aquele
uma vela e pusemos por trás da cabeça do esqueleto, porque com a vela acessa fica com
os olhos, como não tem olho fica aquele fogo aparecendo e a boca também como se fosse
fogo, porque o quarto tava escuro, as luzes apagadas, e a gente fez isso.
O meu irmão e o meu primo jogaram o lençol por cima deles e também ficou um do lado
e o outro do outro lado da cama do menino, confrontando a cabeça desse menino. Nesse
lençol branco os meninos pegaram um palito de fósforo queimado e deixava só aquela bra-
sinha, quando colocava dentro da boca, também ficava assim vermelho. Eu fiquei por trás
de uma cortina, ai quando tava tudo armado, aí eu comecei “psiiiuuu, psiiiuuu, êêêêiii, acoo-
orda, acooorda” aí fiquei fazendo isso “ psiu, psiu” aí o menino acordou. Quando o menino
acorda, ele deu um grito porque a caveira tava lá, com os olhos vermelhos e a boca, e os
dois, um do lado e outro do outro, “hruuuuuurr, hruuur” esse menino gritou e ficou em cho-
que, nós três corremos e nos escondemos, mas não deu tempo tirar a caveira, aquele es-
queleto, aí quando todo mundo correu, meu tio quando chegou lá, percebeu logo que tinha
alguma armação ali né, e aí o menino ficou em choque mesmo, e graças a Deus que na
época, ele não morreu, porque a gente ficou depois preocupado né, porque o menino ficou
com aqueles olhos arregalados, não conseguia falar nada, mas aí também a gente apren-
deu essa lição, porque o meu tio brigou muito com a gente, e acabou botando eu e meu ir-
mão pra casa, fomos embora por causa da peraltice da gente. Mas isso aí a gente não deve
fazer com ninguém né! É claro que foi um momento daquele de raiva e tudo, mas depois a
gente aprendeu a lição, a gente tem que respeitar os outros e tem que tentar envolver nas
nossas brincadeiras da melhor forma possível. Tá bom?! Então gente, um grande beijo, um
A
historinha de hoje eu vou chamá-la de cidade da criança. Cidade da Criança é um lo-
cal que existe em Fortaleza, atualmente denominado parque das crianças, fica no cen-
tro da cidade, em frente à igreja do Coração de Jesus. A cidade da criança é um local que é
dedicado às crianças, é um local grande, uma quadra. O parque, na minha época, era muito
bem, assim, tinha uma arborização muito grande, tinha um local para as brincadeiras.
Lá também tinha uma escolinha, o nome da escolinha era escola Alba Frota, meus dois ir-
mãos mais velhos, estudaram lá na escolinha da Alba Frota, na cidade da criança. Então
era um local que era muito bem frequentado aos domingos, principalmente pelos pais que
levavam seus filhos para lá, pela segurança que tinha de deixar as crianças bem livres, para
brincar, correr, para extravasar, hoje já não existe mais isso, hoje você não pode mais con-
fiar em deixar uma criança em local aberto, porque é muito perigoso, mas na minha época
Uma das épocas que que gostava mais, lá da cidade da criança, era em outubro, dia doze
que é consagrado o dia das crianças, era muito bom. A prefeitura de Fortaleza realizava
um evento que tinha de tudo. Às oito horas da manhã já se abria os portões do parque das
crianças e só encerrava às cinco horas da tarde, a gente só ia embora porque tinha que sair
mesmo, né! Mas eram muitas crianças, e lá quando a gente chegava, eram muitas coisas,
muitas brincadeiras, eram jogos, então em todo lugar tinham áreas, tem muitas áreas de la-
zer lá. Então tinham jogos, gincanas, atividades, contação de histórias, shows de palhaços,
músicas e tinha também o parque que eles levavam, tinha uma roda gigante, gangorra, na
Tinha também as barraquinhas com os lanches, esses lanches geralmente eram cachorro
quente com suco. Mas também tinham barraquinhas de outras coisas, tipo a barraquinha
da pipoca, a barraquinha do algodão doce. Era um dia que nós passávamos lá, era um dia
Quando chegava ao final do dia que tínhamos que sair, ninguém queria, era aquela loucura.
Mas se vocês tiverem a oportunidade de um dia vir a Fortaleza, vão lá, hoje como chamam
parque das crianças, não sei como está hoje, faz tempo que não ando lá. Acredito que os
cuidados não sejam mais como eram antes, na minha época de infância era muito bem cui-
dado, muito propício para as crianças. Mas se vocês tiverem oportunidade peçam aos pais
de vocês para conhecerem lá, pelo menos para ver como é o parque das crianças, é um lo-
cal muito legal, a minha cidade da criança que eu tenho muita saudade. Um grande beijo,
Q
uando eu era criança eu gostava de brincar de boneca, de cozinhar, fazer comida para
as bonecas e andar de bicicleta, tomar banho de piscina no Náutico. Ah, meu tempo
de criança! Como eu tenho saudade! Meu tempo de criança foi assim. Brincava com as bo-
necas, fazia comida para as bonecas, tirava a roupa, botava roupa nas bonecas.
V
ou contar a minha historinha de infância. Quando eu era
chamam de Tubão.
danava comigo!
A
lô garotadas, lindas e maravilhosas, como vocês estão? Eu
E
u era uma criança muito danada, muito traiçoeira. Então, às vezes eu saía da sala de
Quando tinha prova no colégio, eu pegava as provas, copiava, jogava debaixo da mesa e
dava para os meus amigos copiarem a prova, eu fazia isso na aula, eu era uma menina mui-
to traiçoeira na aula.
BRINCADEIRA DE BONECA
O
lá, sou Edna, gostaria de compartilhar com vocês uma lembrança muito importante da
minha infância que foi a brincadeira de boneca com as minhas amigas. Brincávamos
todos os dias com as bonecas, mas nós deixávamos os domingos para comemorar o bati-
e depois de todo o almoço pronto a gente ia comemorar o batizado da boneca das amigas.
Uma era “cumadre” da outra e a gente dava as bonecas para ser afilhadas das amigas e fa-
zia aquela troca. Foi maravilhoso! Uma experiência que a gente não esquece.
Hoje eu vejo que as crianças não brincam mais de bonecas e eu vejo que hoje as crianças
nem querem receber bonecas de presente. Eu fico muito triste, porque era tão importante,
tão gratificante a gente brincar ali com as amigas. Hoje a gente não tem mais essa integra-
E
u me chamo Edna Lopes, nasci na cidade de Fortaleza, no
sete anos fui para a escola e como minha mãe já tinha me ensi-
Q
uero compartilhar com vocês uma lembrança da minha infância que ficou registrada na
memória pro resto da minha vida. Eu tinha entre 9 e 10 anos e tinha em Fortaleza uma
emissora de rádio chamada Rádio Iracema, que ficava na praça José de Alencar, próximo ao
Aos sábados à tarde tinha um programa com o radialista Irapuan Lima que trazia artistas do Rio
de Janeiro e São Paulo para se apresentar no programa. Roberto Carlos, Wanderléa, Martinha,
Erasmo Carlos, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Gretchen e outros. E todos os sábados eu ia
Era muito emocionante ver todos aqueles artistas bem próximos e jovens no auge do sucesso.
Desde criança eu já gostava de música assim como gosto até hoje. Também gostava de ver as
disputas entre os fã-clubes de Jerry Adriani e Wanderley Cardoso. Eu amo música e principal-
mente MPB!
A
proveitando a chegada de junho, que é podiam nem brincar e nem ficar perto da fo-
o mês junino, queria compartilhar com gueira, pois era muito perigoso. Poderíamos
vocês uma lembrança da minha infância. Nas nos queimar ou causar um acidente pior. Nós
vésperas das datas de Santo Antônio, São obedecíamos muito aos nossos pais, pois sa-
João e São Pedro, os adultos que moravam bíamos que não podia desobedecer por conta
na minha rua e vizinhanças próximas se reu- de risco de acidentes mais graves. Foi uma
niam para comemorar essas datas. época muito boa! Brincávamos muito, nos di-
nho e dedicação.
E
u tenho uma tia que morava com a minha família e ela gos-
há tempos atrás.
vamos com todos os brinquedos que existiam lá. Era muito di-
N
o mês de julho, no bairro em que eu morava, tinha a festa do padroeiro da igreja. Essa festa
era comemorada assim, tinhas as quermesses para arrecadar dinheiro para a igreja, tinha
as disputas dos partidos de quem arrecadava mais. Tinha o partido azul e o partido vermelho.
Tinha o leilão com as prendas que os fiéis levavam para as pessoas arrematarem e o dinheiro
arrecadado também ficava para as obras da igreja. As barraquinhas com comidas também. E
toda a arrecadação era feita para fazer obras da igreja e cada vez a igreja ficava mais bonita,
Na frente da igreja, na praça principal, vinha um parque de diversões que tinha brinquedos
para a gente brincar. Tinha a roda gigante com barquinhos, tinha carrossel de cavalinhos,
pista com carrinho para você dirigir, pescaria onde quem acertava ganhava os brindes. Era