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Painéis de Discussão

Articulações entre as teorias de Alfred Schutz e Hildegard Peplau:


vivências de pesquisas qualitativas em estudos de enfermagem em
saúde mental
Aldair Weber1, Vanessa Pellegrino Toledo2
1 Faculty of Nursing - State University of Campinas, Brazil. aldairweberr@gmail.com
2 Faculty of Nursing - State University of Campinas, Brazil. vtoledo@unicamp.br

Resumo: Como objetivo principal desta proposta de painel de discussão, propõe-se um debate dos
principais conceitos e pressupostos de Hildegard Peplau e de Alfred Schutz, a fim de buscar
compreender as possibilidades de diálogos existentes entre ambos e responder ao motivo pelo qual
os pressupostos da fenomenologia social se aplicam aos estudos de enfermagem em saúde mental e
psiquiátrica. Contextualiza-se que a mudança das formas de cuidar em enfermagem de saúde mental
e psiquiátrica em um âmbito global exigiu que os profissionais de enfermagem buscassem novas
perspectivas de ofertar cuidado, com foco nas boas práticas de saúde, no respeito ao sujeito com
transtorno mental e baseadas na singularidade de cada indivíduo (Silva et al., 2020). Dessa maneira, é
importante que o enfermeiro psiquiátrico figure como agente terapêutico e tenha também, como
campo de trabalho, a relação que estabelece com o paciente, utilizando-se de ferramentas
disponibilizadas pelas teorias de enfermagem para ofertar o melhor cuidado (Happell et al., 2020).
Assim, para desenvolver o cuidado de enfermagem, é necessário avançar em pesquisas científicas que
articulem teorias que fundamentam a relação terapêutica com referenciais teórico-metodológicos
qualitativos, para sustentar tal propositura. Isso se deve ao fato de que tais abordagens proporcionam
ao pesquisador o acesso ao conhecimento dos significados que os indivíduos atribuem a determinadas
questões de saúde e de doença, por exemplo, com foco na exploração de um fenômeno em específico
(Doyle et al., 2020). Na enfermagem em saúde mental e psiquiátrica, abordagens qualitativas de
pesquisa são empregues pelos enfermeiros com o objetivo de auxiliar na compreensão dos sujeitos
com transtornos mentais, possibilitando conhecer formas de cuidar a partir dos sentidos atribuídos às
vivências e às experiências (Collins & Stockton, 2018). Dentre os diversos desenhos de investigações
teórico- metodológicos existentes, tem-se a fenomenologia social do sociólogo Alfred Schutz. O
objetivo da fenomenologia social é estudar os fatos conforme experimentados na consciência, no
mundo social, mediante ações cognitivas e perceptivas, tentando assim perceber como as pessoas
estabelecem seus significados diante das experiências vividas (Schutz, 1973; Gros, 2017; Garcez, 2014).
O sociólogo defende que cada pessoa interpreta o mundo com base no seu acervo de conhecimento
e que tais vivências estruturam suas ações (Schutz, 1973). Cada ação é conduzida por motivos
existenciais relacionados tanto a suas experiências, chamados de “motivos porque” quanto a suas
expectativas e projetos, chamados de “motivos para” (Schutz, 1973). Para além da pesquisa, o
desenvolvimento da prática profissional do enfermeiro de saúde mental e psiquiátrica é fundamental,
existindo perspectivas teóricas que a sustentam, entre elas a de Hildegard Peplau. O modelo teórico
de Peplau baseia-se na psicodinâmica, com foco na relação interpessoal entre enfermeiro e paciente
e suas distintas fases, compreendendo o envolvimento dos fatores internos de ambos na relação, isto
é, das pré-concepções que cada um carrega (Adams, 2017; Callaway, 2002). Os cuidados de
enfermagem encontram, na dimensão social dos referenciais teóricos da fenomenologia, seu
desenvolvimento mais significativo, valorizando o sujeito, a vivência e a experiência única deste,
permitindo que possa ser significado o vivido (Jesus et al., 2013). Este encontro pode ocorrer por meio
do estabelecimento da relação interpessoal do enfermeiro com o paciente, momento no qual ambos
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apresentam suas pré-concepções e buscam o aprendizado construtivo com metas e objetivos claros e
bem estabelecidos (Joaquim et al, 2017). Justifica-se a realização deste estudo reflexivo diante da
ampla prática da enfermagem e dos avanços no trabalho em saúde mental, requerendo cada vez mais
investimentos na formação e na qualificação dos enfermeiros (Pereira et al., 2020). Atuar como agente
terapêutico na saúde mental requer aplicar construções teóricas no cuidado para com o sujeito em
sofrimento psíquico (Pinheiro et al., 2019). Em nossos estudos, mencionamos a partir de Peplau que a
relação terapêutica se desenvolve em quatro fases: a primeira, denominada orientação, constitui uma
experiência de aprendizado dinâmico entre profissional e paciente, isto é, ambos vão conhecendo as
necessidades de saúde e iniciando o processo de desenvolvimento da empatia, a qual é facilitadora do
entendimento de seu estado, a fim de obter o esclarecimento do seu problema (Peplau, 1988). O
profissional de enfermagem pode lançar mão do uso do problema pela perspectiva do paciente – base
para a avaliação que pode ser traduzida no diagnóstico de enfermagem. Na segunda fase, a de
identificação, o profissional de enfermagem permite que o paciente expresse seus sentimentos. Isso
faz com que o paciente saiba lidar com a sua doença, considerando-a como uma experiência para que,
assim, mude seus sentimentos e seja encorajado a ter pensamentos positivos para elaborar essa
situação (Peplau, 1988). Já a terceira fase, a de exploração, compreende o reconhecimento do
problema pelo paciente e o estabelecimento de laços com esse profissional. Dessa forma, é aberto
espaço para a demanda dirigida à resolução de seu problema junto com o profissional – que utiliza a
empatia como estratégia norteadora do cuidado (Peplau, 1988). A fase de resolução, última dessa
classificação, corresponde à recuperação do paciente e implica o alcance da autonomia (Peplau, 1988).
O cuidado de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica implica a necessidade de preparo para
assumir a posição de agente terapêutico. Isso se dá mediante uma formação articulada entre a teoria
e a prática, bem como por meio da adoção de um referencial teórico (Happel et al., 2020). No entanto,
observa-se que ainda há lacunas entre a formação do enfermeiro e as competências e habilidades
práticas requeridas no contexto da assistência a pacientes em sofrimento psíquico (Happel et al.,
2020). Fica evidente que, quando convocado a esse lugar, o enfermeiro necessita fundamentar o
cuidado de enfermagem e a relação terapêutica a ser sustentada, o que só é possível por meio de um
referencial teórico que abarque a concepção do adoecimento psíquico com vistas a subsidiar o manejo
da relação terapêutica enfermeiro-paciente (Happel et al., 2020). Salientamos que para que o
enfermeiro possa sustentar sua posição é necessário manter uma postura em que priorize o
estabelecimento da relação terapêutica enfermeiro-paciente, a qual é compreendida como uma
tecnologia de cuidado no âmbito da enfermagem (Katorski et al., 2005). A referida relação terapêutica
permite o reconhecimento de experiências de vida do paciente em sofrimento psíquico, bem como o
estímulo à sua responsabilização na produção de seu sintoma e, por consequência, no processo de
tomada das decisões terapêuticas (Katorski et al., 2005). Além disso, viabiliza a promoção do
crescimento pessoal e do desenvolvimento de atitudes que levem o paciente a atenuar seu sofrimento
diante de suas vicissitudes (Katorski et al., 2005). Os propositores deste painel, consideram necessário
que haja um avanço nas teorias a partir do momento que mais pesquisas são realizadas, e, nesse
sentido, utilizar um referencial teórico-metodológico para desenvolver pesquisa qualitativa é de
extrema importância enquanto prática de produção científica. Portanto, olha-se para o enfermeiro
como responsável pelos cuidados, mas também como aquele que produz conhecimento, prática esta
que retroalimenta a sua constante transformação profissional e pessoal. Schutz (Schutz, 1973) e
Peplau (Peplau, 1988) mostram a importância da utilização dos seus conceitos para a Enfermagem,
porém pouco se exploram os diálogos possíveis entre tais perspectivas teóricas, postura essa que pode
impulsionar ainda mais os conhecimentos produzidos. Interrogamos como é para o enfermeiro
desenvolver seu cuidado apoiado por um determinado referencial teórico enquanto realiza pesquisas
pautadas em outro, pois em distintos momentos haverá a confluência de ideias e de reflexões das duas
correntes teóricas para este profissional. Assim, qual diálogo é possível entre os principais conceitos
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das duas correntes teóricas, sendo que ambas se articulam na prática e na pesquisa de enfermagem
em saúde mental e psiquiátrica? Assim, como possibilidade de compartilhar esse diálogo, propõe-se
apresentar conceitos teóricos de Alfred Schutz utilizados pelos membros do painel para o
desenvolvimento de pesquisas e versar sobre o suporte teórico de Peplau para a prática do enfermeiro
psiquiátrico. Ainda, os conceitos teóricos de motivos porque e motivos para, ação social, biografia de
vida, acervo/estoque de conhecimento e mundo vida, são os principais conceitos que serão abordados
na apresentação e no diálogo (Schutz, 1973). Uma tabela elaborada pelos próprios autores será
apresentada no painel, em que os apresentadores traçam paralelos de aproximações entre os dois
conceitos teóricos de Peplau e Schutz, na perspectiva de facilitar a compreensão e a comunicação
entre os diferentes atores.
Palavras-Chave: enfermagem psiquiátrica; cuidado de enfermagem; relacionamento interpessoal;
pesquisa qualitativa; saúde mental.
Referências Bibliográficas:
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Z7w3ASm--Ie1_1oEQ#v=onepage&q=hildegard peplau biography&f=false
Comaru, N. R. C., Ramos, I. C., Silveira, L. C., & Monteiro, A. R. M. (2020). Interpersonal
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Doyle, L., McCabe, C., Keogh, B., Brady, A., & McCann, M. (2020). An overview of the
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Garcez, E. F. (2014). Weber, Schutz e a busca de “sentido” na ação social: uma análise
comparativa. Em Tese,11(1), 63–90.https://doi.org/10.5007/1806-5023.2014v11n1p63
Gros, A. E. (2017). Alfred Schutz on phenomenological psychology and transcendental
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https://doi.org/10.1163/15691624-12341329
Happell B, Waks S, Horgan A, Greaney S, Manning F, Goodwin J, Bocking, J., Scholz, B., Hals,
E., Granerud, A., & Doody, R. (2020). “It is much more real when it comes from them”: The
role of experts by experience in the integration of mental health nursing theory and practice.
Perspectives in Psychiatric Care, 56(4), 811–819. https://doi.org/10.1111/ppc.12496
Painéis de Discussão

Jesus, M. C. P., Capalbo, C., Merighi, M. A. B., Oliveira, D. M., Tocantins, F. R., Rodrigues, B.
M. R. D., & Ciuffo, L. L. (2013). The social phenomenology of Alfred Schütz and its
contribution for the nursing. Revista da Escola de Enfermagem, 47(3), 736–741.
https://doi.org/10.1590/S0080-623420130000300030
Joaquim, F., Joaquim, F. L., Silva, R. M. C. R. A., Pereira, E. R., & Camacho, A. C. L. F. (2017).
Produção do conhecimento sobre o cuidado fenomenológico na enfermagem. Revista
Cubana Enfermeria, 33(4).
http://www.revenfermeria.sld.cu/index.php/enf/article/view/1166
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terapêutico e ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental: tendências no Estado de
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Oliveira, G. C., Schneider, J. F., Pinho, L. B., Camatta, M. W., Nasi, C., Guimarães, A. N., &
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Peplau, H. E. (1988). Interpersonal relations in nursing: A conceptual frame of reference for
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Pereira, M. O., Reinaldo, A. M. D. S., Villa, E. A., & Gonçalves, A. M. (2020). Superando os
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Pinheiro, C., Pinheiro, C. W., Araújo, M. Â. M., Rolim, K. M. C., Oliveira, C. M., & Alencar, A. B.
(2019). Teoria das Relações Interpessoais: Reflexões acerca da função terapêutica do
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https://doi.org/10.21675/2357-707X.2019.v10.n3.2291
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Schneider, J. F., Nasi, C., Camatta, M. W., Oliveira, G. C., Mello, R. M., & Guimarães, A. N.
(2017). O referencial Schutziano: contribuições para o campo da enfermagem e saúde
mental. Revista de Enfermagem UFPE On Line, 5439–5447.
Schran, L. D. S., Machineski, G. G., Rizzotto, M. L. F., & Caldeira, S. (2019). Percepção da
equipe multidisciplinar sobre a estrutura dos serviços de saúde mental: Estudo
fenomenológico. Revista Gaúcha de Enfermagem, 40, e20180151.
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Schutz, A. (1973). A fenomenologia del mundo social. Paidos, Ed. Buenos Aires.
Schutz, A. (2008). El problema de la realidad social. Amorrortu, Ed. Buenos Aires.
Schutz, A. (2012). Fenomenologia e Relações Sociais. Editora Vozes, Ed. Petrópolis.
Schutz, A. (2018). A construção significativa do mundo social: uma introdução à sociologia
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Silva, F. P., Siqueira, D. F., Marchiori, M. R. C. T., & Colomé, J. S. (2020). Abordagens teórico-
práticas e metodológicas na formação em enfermagem para a saúde mental. Revista de
Enfermagem da UFSM, 10, e77. https://doi.org/10.5902/2179769240141
Toledo, V., Pacheco, I., Oliveira, A., & Garcia, A. (2019). Segurança do paciente psiquiátrico:
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doi:https://doi.org/10.5205/1981-8963.2019.242325

Recursos Necessários: Para o desenvolvimento do painel de discussão, será utilizado o computador e


videoprojector da sala, podendo o material ser acessado pela internet ou através de dispositivo
externo (pendrive) em que estarão os materiais utilizados.

1- Breve contextualização do tema: Tem-se como objetivo propor a discussão sobre os principais
conceitos do sociólogo Alfred Schutz e da teórica Hildegard Peplau e sobre as possibilidades
de diálogos entre ambos, respondendo os motivos pelo qual esse referencial teórico
metodológico se articula em pesquisas na área de enfermagem em saúde mental e
psiquiátrica. Serão utilizados alguns conceitos das principais produções bibliográficas dos
teóricos. O mundo intersubjetivo da enfermagem em saúde mental e psiquiátrica é espaço de
encontro com o outro na perspectiva de desenvolver ações de cuidado com o que é conhecido
e para o que se almeja. O relacionamento interpessoal e a relação face a face valorizam e
reconhecem as dimensões de um sujeito em seu mundo. Considera-se então, em um diálogo
possível, que os conceitos teóricos de Schutz e Peplau, utilizados na enfermagem em saúde
mental e psiquiátrica valorizam os sujeitos participantes das relações estabelecidas, seus
aspectos biográficos e motivações, bem como as vivências registradas pelo ato de estar com
outra pessoa.

2- Objetivo(s):

● Propor o debate e a discussão de pesquisas qualitativas realizadas a partir da articulação


entre conceitos da fenomenologia social e uma teoria de enfermagem psiquiátrica, com a
perspectiva de ampliar e dinamizar sua implementação em pesquisas científicas.
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● Conhecer as aplicabilidades dos conceitos teóricos e compreender como o


autor/pesquisador pode utilizá-los.

3- Dinâmica/estratégia:
a. Apresentação, boas vindas e acolhimento dos participantes: os participantes irão se
apresentar de forma breve, como primeira etapa das atividades do painel.

b. Exposição teórica do tema


Cada membro do painel usufruirá de um tempo de 30 minutos para apresentar o
conteúdo, restando um tempo de 30 minutos para interação com o público presente,
propondo o debate, compartilhando reflexões e respondendo perguntas que
surgirem.
Aldair Weber - 30 minutos - Fenomenologia social de Schutz (introdução, pesquisa
qualitativa na área da saúde, pesquisa qualitativa na área da enfermagem, os
principais conceitos de Schutz utilizados nas pesquisas)
Vanessa Pellegrino Toledo - 30 minutos - Teoria de Hildegard Peplau (principais
conceitos, fases da relação enfermeiro paciente e sua aplicabilidade no cuidado de
enfermagem e no desenvolvimento de estudos científicos).
Aldair Weber e Vanessa Pellegrino Toledo - 30 minutos - discussão dos temas
abordados com os participantes, articulando os estudos realizados pelos autores
como exemplos de prática.

c. Aplicação em outros contextos


A proposta de discussão a ser realizada, tem aplicação direta na realidade vivida, pois
esta surgiu da vivência dos profissionais de saúde enfermeiros ao depararem-se com
a perspectiva de desenvolver pesquisa qualitativa e utilizar um referencial teórico,
além de continuar utilizando as bases teóricas que sustentam a prática de enfermeiro
psiquiátrico. Porém, Schutz aplica-se em outras realidades, indo para além da saúde,
figurando em estudos nas áreas de educação e comunicação. Os estudos realizados
pelos autores nos últimos 5 anos através do método de ALfred Schutz, abordam
diversas perspectivas da saúde, tais como: conhecer as percepções da equipe de
enfermagem ante o cuidado de crianças e adolescentes com transtornos mentais
internados (Barbosa et al., 2023); compreender o significado da segurança do paciente
para a equipe multiprofissional de uma unidade de internação psiquiátrica de um
hospital geral (Oliveira & Toledo., 2021); compreender a ação do enfermeiro que
realiza acolhimento da pessoa em sofrimento mental em Unidade de Emergência
Referenciada em um hospital universitário (Lopes et al., 2020); compreender como o
enfermeiro se sente ao acolher o paciente psiquiátrico agitado e agressivo em uma
unidade de emergência (Lopes & Toledo., 2020) e conhecer a percepção do erro na
visão da equipe de Enfermagem que trabalha em uma unidade de internação
psiquiátrica de um hospital geral universitário (Toledo et al., 2019). Outros estudos
buscando conhecer distintos fenômenos estão sendo desenvolvidos pelos
pesquisadores.

d. Discussão
Painéis de Discussão

- Iremos dinamizar nossa discussão apresentando estudos que já foram realizados por
componentes do grupo de pesquisa que os membros do painel fazem parte, trazendo
a vivência prática do debate proposto.

4- Aplicação da proposta na realidade/exemplos práticos: serão compartilhadas as pesquisas


realizadas com o referencial teórico metodológico através de artigos publicados, trazendo
para a cena do debate a prática e experiência dos expositores no cuidado de enfermagem
psiquiátrica e saúde mental, amparado pela teoria de Hildegard Peplau. Também, menciona-
se a tese de livre docência da Professora Dra. Vanessa Pellegrino Toledo, desenvolvida
pensando no cuidado de enfermagem dentro da relação terapêutica enfermeiro paciente,
culminando em artigo científico intitulado “Processo de Enfermagem e Fases da Relação
Interpessoal: uma reflexão” que está em apreciação na Revista Portuguesa de Enfermagem
em Saúde Mental.

5- Resultados esperados: com este painel, esperamos propor discussões que fortaleçam e
potencializem os estudos qualitativos realizados na área de enfermagem psiquiátrica e saúde
mental, sinalizando a importância da adoção e imersão em referenciais teóricos como parte
da formação de pesquisadores na área da saúde.

Nota biográfica
Aldair Weber - Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, Campus
Chapecó (2017), Mestre em Ciências (2019) pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNCAMP) na área de
concentração em Saúde Mental (Bolsa FAPESP), Doutorando em Enfermagem pelo Programa de Pós
Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem (FEnf)/UNICAMP (2020), com pesquisas
realizadas na área de enfermagem psiquiátrica, relação terapêutica enfermeiro-paciente e
fenomenologia social. Membro do grupo de pesquisa Processo de Cuidar em Enfermagem e Saúde
Mental - PROCENF/SM - FEnf/UNICAMP. Atualmente, também atua como enfermeiro de saúde mental
junto ao Serviço de Saúde Cândido Ferreira (SSCF) - Campinas/SP.
Vanessa Pellegrino Toledo - Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Herminio Ometto de
Araras (1994), mestrado (2000) e doutorado (2004) em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. Atualmente é Professora Associada Livre
Docente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Tem
experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Saúde Mental, Enfermagem Psiquiátrica, atuando
em pesquisas nos seguintes temas: processo de enfermagem, saúde mental, relação enfermeiro-
paciente, saúde mental na atenção básica, pesquisa qualitativa e fenomenologia social. Líder do grupo
de pesquisa Processo de Cuidar em Enfermagem e Saúde Mental - PROCENF/SM - FEnf/UNICAMP.
Coordenou o Curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP, no período de 2018 a 2022.

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