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PHIL LIPS

MATERIAIS
DENTÁRIOS

DÉCIMA EDIÇÃO

Kenneth J. Anusavice, D.M.D., Ph.D.


Professor and Chairman
Department of Dental Biomaterials
College of Dentistry
University of Florida
Gainesville, Florida

GUANABARA KOOGAN
NO'T'A DA EDITORA: A área da saúde é um campo em constante mudança . As normas de
segurança padronizadas precisam ser obedecidas ; contudo, à medida que as novas pesqui-
sas ampliam nossos conhecimentos , tornam-se necessárias e adequadas modificações tera-
pêuticas e medicamentosas . Os autores desta obra verificaram cuidadosamente os nomes
genéricos e comerciais dos medicamentos mencionados , bem como conferiram os dados
referentes à posologia . de modo que as informações fossem precisas e de acordo com os
padrões aceitos por ocasião da publicação . Todavia . os leitores devem prestar atenção às
informações fornecidas pelos fabricantes , a fim de se certificarem de que as doses preconi-
zadas ou as contra-indicações não sofreram modificações . Isso é importante . sobretudo em
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Phillips' Scicnce of Dental Materiais, lOth edition


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6 Materiais de Moldagem Hidrocolóides
• Objetivos e Quesitos de um Material de Moldagem
• Classificação dos Materiais de Moldagem
• Colóides
• Características Gerais dos Géis
• Ágar (Hidrocolóide Reversível)
• Manipulação do Ágar
• Precisão da Moldagem com Ágar
• Alginato ( Hidrocolóide Irreversível)
• Manipulação dos Alginatos
• Outras Aplicações dos Hidrocolóides
• Cuidados e Manuseio dos Hidrocolóides de Moldagem

TERMINOLOGIA Embebição - absorção de água.


Hidrocolóide irreversível - alginato.
Aerossol - sol coloidal composto de um líquido ou sólido em ar. 1.iofílico - grande afinidade entre as fases dispersa e dispersora
Ágar (hidrocolóide reversível ) - material de moldagem aquo- eni um colóide.
so empregado na reprodução precisa de detalhes, como aque- Liosol - sol coloidal de gás, líquido, ou sólido em um líquido.
les necessários para produzir troquéis em restaurações indi- Modelo - réplica positiva tridimensional de uma dentição e suas
retas. estruturas adjacentes e circunvizinhas empregada como meio
Alginato ( hidrocolóide irreversível ) - material de moldagem auxiliar de diagnóstico.
aquoso empregado na produção de detalhes, como aqueles Hidrocolóide reversível - ágar.
necessários para produzir modelos de estudo. Sinérese - exsudato fluido que ocorre quando uma estrutura gel
Elastômeros aquosos - hidrocolóide reversível ( ágar ) e hidro- se reconfigura para alcançar o equilíbrio por meio de relaxa-
colóide irreversível (alginato). mento de suas tensões internas.
Modelo de trabalho - uma reprodução tridimensional deta-
Termoplástico - reação de presa reversível baseada no efeito
lhada de unia porção da cavidade bucal e de estruturas extra- físico produzido por alteração de temperatura - quente/sol
H frio/gel.
orais confeccionada em material duro e empregada como base
para construção de aparelhos ortodônticos ou protéticos. Presa induzida por reação termoquímica - reação de presa
Colóide - suspensão de duas fases. que envolve unia alteração química que não é facilmente re-
Fase dispersa , partículas dispersas - partículas em uma so- versível (thennosetting).
luçào. Retenção ( undercut ) - áreas retentivas que ocorrem nas es-
Fase dispersora , meio dispersor - solução na qual as partí- truturas bucais, incluindo dentes, áreas edentadas. aparelhos
culas se acham suspensas. e restaurações.
Elastômero - material de moldagem com ligação cruzada fra-
ca. com propriedades elásticas.
Evaporação - conversão de água do estado líquido para esta-
OBJETIVOS E QUESITOS DE UM
do de vapor (gasoso). MATERIAL DE MOLDAGEM
Gel - rede de fibrilas que forma uma fraca estrutura , ligeira-
mente elástica, de forma entrelaçada. A construção de modelos e troquéis é unta etapa muito im-
Geleificação - transformação de sol em gel. portante em diversos procedimentos clínicos. Vários tipos de
Hidrocolóide - colóide que contém água como fase dispersora. modelos e trxluéis podem ser confeccionados em gesso utilizan-
Hidrofílico - forte afinidade com água. do-se unta moldagem ou cópia negativa como molde para o ges-
Hidrófobo - sem afinidade com água. so. E sobre este modelo em gesso que o profissional desenha e

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68 Materiais de Moldagem 1lidrocolóides

constrói próteses parciais removíveis ou fixas. Assim sendo, o enólica e o gesso Paris (tipo 1 - gesso de moldagem) são deno-
modelo necessita ser a reprodução fiel das estruturas hucais. minados materiais de moldagem mucoestútieo.c, porque não com-
Para produzir unta moldagem precisa. o material de moldagem primem os tecidos durante seu assentamento na boca. Antes do
empregado para reproduzir fielmente a réplica dos tecidos intra- desenvolvimento, relativamente recente, de um material de gran-
e extra-orais deve preencher os seguintes critérios. Primeiro, ser de fluidez (material de grande escoamento) para moldagem. a
fluido o bastante para se adaptar aos tecidos bucais e. ao mesmo pasta zinco-enólica e o gesso Paris eram, freqüentemente. os
tempo, ter viscosidade suficiente para ficar contido em unia materiais de escolha para moldagem das estruturas bucais em
moldeira que o leva à boca. Segundo, enquanto na boca, se "trans- próteses totais. O outro material classificado como anclástico é
formar" em uri material borrachóide em tempo não muito lon- a godiva.
go; o ideal seria que o tempo total de presa não excedesse sete Materiais elásticos definem a segunda categoria de utilização.
minutos. Finalmente. unta vez tornado presa. o material de Estes materiais são capazes de reproduzir com precisão de deta-
moldagem não deve distorcer ou rasgar quando removido da boca, lhes ambas as estruturas intra -orais (tecidos moles e duros). in-
mantendo-se diniensionalmente estável para poder ser vazado. cluindo áreas retentivas e espaços interproximais. Embora esses
As condições ambientais e as características dos tecidos. fre- materiais possam. também, ser utilizados em moldagens de bo-
qüentemente, ditam a escolha do material, a qualidade da cas edêntulas, são mais empregados na confecção de modelos
moldagem e a qualidade do modelo. Este capítulo e os outros dois para próteses fixas e removíveis, bem como para restaurações
que o seguem discutem as propriedades dos materiais de unitárias indiretas.
moldagem empregados atualmente e como estas características O Quadro 6.1 mostra a classificação dos diferentes materiais
afetam a qualidade da moldagem e, por conseguinte, dos mode- de moldagem baseada no mecanismo de presa, aplicação em clí-
los e troquéis confeccionados a partir desta impressão. nica e comportamento mecânico de deformação.

CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE COLÓIDES


MOLDAGEM
Os colóides são, freqüentemente, classificados como o quar-
Os materiais de moldagem podem ser classificados como re- to estado da matéria - o estado coloidal - devido à sua dife-
versíveis ou irreversíveis, de acordo com a sua forma de presa renciação estrutural, constituição e reação. De que forma uni
("endurecimento*'). O termo irreversível implica a ocorrência de colóide difere de uri sólido ou de uni líquido? Vamos primeiro
unta reação química, assim o material não pode reverter ao seu examinar a solução de açúcar em água. As moléculas de açúcar
estado inicial (-pré-presa-). Por exemplo. os alginatos. as pastas (ou soluto) se dispersam uniformemente na água (ou solvente).
de óxido de zinco-eugenol (ZOE) e os gessos endurecem por Não há nenhuma separação visível ou física entre o soluto e o
reação química, e os elastómeros tomam presa por polinerização. solvente. Se, no entanto, o açúcar for substituído por partículas
Por outro lado, o termo reversível significa que o material "amo- maiores e visíveis, que não se solubilizem, como a areia (em
lece" sob calor e se solidifica quando resfriado, sem que nenhu- água). o sistema será denominado suspensão. Se estas partícu-
ma alteração química ocorra. O hidrocolóide reversível (ágar) e las tornarem-se líquidas, como óleos vegetais em água, o siste-
a godiva pertencem a esta categoria. As godivas são misturas de ma será. então, denominado emulsão.
resinas e ceras e são classificadas como materiais ternwplásti- Essas partículas suspensas ou gotículas de líquido não se di-
cos. fundem e tendem a se separar do meio, a menos que sejam man-
Uma outra forma de se classificar estes materiais de moldagem tidas por meios mecânicos ou químicos. Em algum ponto entre
é de acordo com seu emprego e utilização. Alguns materiais as diminutas moléculas da solução e as partículas em suspensão
tornam-se de tal forma rígidos após a presa, que não podem ser existe unta solução coloidal ou sol.
removidos de áreas retentivas sem fraturar ou distorcer o molde. A verdadeira solução existe como fase única. Contudo, ambas
Estes materiais anelásticos foram utilizados antes do advento do - a coloidal e a solução - apresentam duas fases: dispersa e
ágar. Embora eles sejam obsoletos para o emprego em pacientes dispersora. No colóide, partículas da fase dispersa consistem em
portadores de dentes naturais, apresentam algumas vantagens na moléculas que se agrupam devido a forças primárias ou secundá-
moldagem de pacientes desdentados. De fato, a pasta zinco- rias. O tamanho das partículas coloidais varia de 1 a 200 rim.

QUADRO 6.1 Classificação dos materiais dentários de moldagem

Aplicações ou Propriedades Mecânicas


Rígidos ou Anelásticos Elásticos
Mecanismo de Presa (bocas edcntulas) (com dentes naturais)

Por reação química Gesso Paris Algittatos (hidrocolóidc irreversível)


(irreversível) ZOE Elastômeros não-aquosos
Polissulfetos
Poliéteres
Silicones de condensação
Silicones de adição
Por alterações de temperatura Godivas (moldagem preliminar) Ágar (hidrocolóide reversível)
(reversível) Ceras
Materiais de Moldagens Hidrz,colOides 69

As duas fases são ou compatíveis ou incompatíveis. Assim, comporão. até que todas se decomponham , aumentando a con-
a fase dispersa pode ou não ficar suspensa no meio dispersor. versão . Nesta temperatura , a liquefação do estado gel ocorre. A
Além do tamanho das partículas, fatores comuns de qualquer resistência do gel irreversível não é afetada por alterações nor-
sistema hinário (duas fases) devem ser considerados na determi- mais de temperatura , devido à ação química envolvida na for-
nação da estabilidade de um colóide como, por exemplo, siner- mação das fibrilas, e não reverte ao estado sol por aumento de
gia (energia) superficial, carga superficial e ângulo de contato de temperatura do meio.
molhamento (weltahilitv). A resistência de ambos os géis pode ser aumentada adicionan-
do-se pequenas porções de agentes modificadores, como cargas
Tipos de Colóides. Substâncias coloidais podem ser combina- ou substâncias químicas . As cargas. geralmente, consistem cm
das em qualquer estado da matéria, com exceção do estado ga- pós muito finos de unia substância inerte. Estas partículas iner-
soso. Por exemplo. líquidos ou sólidos com ar são chamados de tes são aprisionadas na rede de micelas de tal forma que o ema-
aerossol; gases, líquidos ou sólidos com uni líquido são chama- ranhado era forma de escova se torna mais rígido e menos flexí-
dos de liosol; gases, líquidos, e sólidos com um sólido são deno- vel.
minados espuma, emulsão sólida e suspensão sólida. respecti-
vamente. Toda a dispersão coloidal é denominada sol, sem se ater Efeitos Dimensionais (Alterações Dimensionais ). Como é de
ao tipo da fase dispersora. Quando um líquido é usado como fase se esperar de uma estrutura como o hidrocolóide. a maior parte
dispersora. o colóide é chamado de liofílico, para aqueles que de sua composição em volume é de água. Se o conteúdo de água
apresentam líquido-afinidade, ou de licí%oho, para o que mostrar em um gel for reduzido, o gel se contrairá, se o gel absorver água
líquido-aversão. Os materiais coloidais empregados como ma- adicional. irá se expandir ou inchar. Estas alterações dimensio-
terial de moldagem são o ágar e o alginato dissolvidos em água, nais são importantes na clínica odontológica, uma vez que po-
por este motivo são denominados hidrocolóides. dem ocorrer após a moldagem, levando forçosamente à obten-
ção de modelos imprecisos.
Transformação de Sol em Gel . Se a concentração da fase dis- O gel pode perder água por evaporação de sua superfície e/
persa em um hidrocolóide é suficiente. a fase sol pode ser altera- ou por fluidos exsudativos que são emanados de sua superfície
da para uri material semi-sólido conhecido como ,gel. No estado por uni processo conhecido como sinérese. Esta é unia das pro-
de gel. a fase dispersa se aglomera, formando cadeias ou fibrilas priedades inerentes de um gel. O exsudato que aparece na su-
chamadas de nsicelas. As fibrilas podem se ramificar e se ema- perfície do gel, durante e após a sinérese, não é água pura. Pode
ranhar para formar unia estrutura tipo escova, que assemelha-se ser alcalina ou ácida, dependendo da composição química do gel.
a um conjunto de fios de cabelo embaraçados. O meio dispersor Em quaisquer circunstâncias, se a água ou fluido for removido
é aprisionado entre as fibrilas por atração capilar ou adesiva. da rede micélica do gel por evaporação ou sinérese, o gel se con-
Para o material ágar, as fibrilas são "presas" juntas por forças trairá.
secundárias. Esta atração é muito fraca, rompendo-se com um Se o gel for colocado em água, irá absorvê-la por uni proces-
leve aumento da temperatura, tornando a se restabelecer como so conhecido como embebição. O gel "incha" durante a
hidrocolóide sol quando esta temperatura atinge a do meio am- embebição, alterando, portanto. sua dimensão original. A
biente. A temperatura na qual essas alterações ocorrem é deno- embebição pode ocasionar tanto distorção quanto sinérese ou
minada temperatura de geleificação, e é de aproximadamente evaporação. Os efeitos da sinérese, evaporação e embebição de-
37°C ou um pouco acima para o ágar. O processo é, portanto, vem ser limitados para assegurar as dimensões apropriadas do
reversível. Desta forma, o ágar é também chamado de hidroco- molde. Embora o profissional não tenha nenhum controle sobre
lóide reversível. a sinérese, o grau de distorção do molde pode ser reduzido pelo
Para o alginato, as fibrilas são formadas por ação química. vazamento imediato do molde. A obtenção imediata do modelo,
Neste caso, a transformação é irreversível, daí a denominação pelo vazamento do molde. também irá inibir a evaporação. Se
hidrocolóide irreversível. não for possível o vazamento imediato, o molde deverá ser en-
volvido em uma toalha de papel umedecida. Isto cria um ambi-
ente com 100% de umidade relativa, o que reduz o processo de
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS GÉIS evaporação. A toalha não deve ser muito molhada, tuna vez que
a água provoca embebição do gel.
Resistência do Gel. O gel suporta uma carga considerável, prin-
cipalmente esforços de cisalhamento. sem escoar, desde que estes
sejam aplicados rapidamente. A dureza e a resistência do gel ÁGAR (HIDROCOLÓIDE REVERSÍVEL)
estão diretamente relacionadas com a densidade e a concentra-
ção de seus filamentos entrelaçados. Por exemplo, no gel rever- Composição . O constituinte básico do hidrocolóide reversível é
sível, quanto maior a concentração da fase dispersa no sol, mai- o ágar. mas de forma alguma constitui-se no elemento principal
or será o número de fibrilas formadas na geleificação. Contu- no que se refere à proporção por peso (Quadro 6.2). O ágar é uni
do, se a carga for mantida, o material escoará, possivelmente colóide hidrofílico orgânico (polissacarídeo) extraído de certas
como resultado de distúrbios na formação da rede, alterando a algas marinhas. O ágar é um polímero linear do éster sulftirico
relação entre o meio dispersor e a estrutura fibrilar. da galactose. Está presente na concentração de 8 a 15 1k, depen-
Para o gel reversível, quanto mais baixa for a temperatura, mais dendo das características desejadas do material, quanto às suas
resistente o gel e vice-versa. Quando o gel é aquecido, a energia propriedades. O ingrediente principal por peso é a água (> 801/).
cinética das fibrilas aumenta, resultando em um aumento na dis- Agentes modificadores estão presentes em pequenas quantida-
tância interfibrilar e na redução de sua coesão. O aumento da des, a fim de influenciar as propriedades do material. Unia pe-
temperatura também favorece a formação do sol. Se esta tem- quena quantidade de bórax é adicionada ao ágar para aumentar a
peratura continuar subindo paulatinamente, mais fibrilas se de- resistência do gel. E possível que o borato formado aumente a
70 Materiais de Moldagem Hidrocolóides

QL- ADRO 6. 2 Composição de um hidrocolóide reversível comercial


Componente Função Composição (%)

Agar Estrutura fihrilar 13-17


Borato Resistência 0,2-0.5
Sulfato Endurecedor de gesso 1,0-2,0
Cera (dura) Carga 0.5-1.0
Materiais tixotrópicos Consistência do material (1.3-0.5
Água Meio de reação Equilíbrio

resistência ou a densidade da rede micélica no gel. Quase todos rial de moldagem. O profissional pode liquefazer o gel, assentá-
os boratos solúveis, quer inorgânicos ou orgânicos, produzem o lo na moldeira e reduzir sua temperatura de tal forma que o paci-
mesmo efeito. Infelizmente. o bórax é também um excelente re- ente possa tolerá-lo, mantendo ainda um estado de fluidez capaz
tardador da presa do gesso. Sua presença no hidrocolóide é pre- de capturar os detalhes das estruturas bucais. Unta vez na boca.
judicial, porque retarda a presa do gesso vazado no molde de ágar. deve-se resfriá-lo abaixo da temperatura bucal, para assegurar sua
A presença da água no ágar também inibe a presa do gesso. Con- completa geleificação. Precauções devem ser tomadas no proces-
seqüentemente, a incorporação de bórax retarda, ainda mais, a so de resfriamento do material, porque o resfriamento muito
presa do gesso. abaixo da temperatura bucal pode causar, ao paciente, sensações
Para contrabalançar o efeito da água e do bórax, o sulfato de desagradáveis, além de produzir distorções na moldagem, quan-
potássio é acrescentado à fórmula devido à sua capacidade de do o material é removido da boca e se iguala à temperatura am-
acelerar a presa do gesso. Alguns produtos comerciais adicio- biente.
nam à fórmula alguma carga, para controlar e conferir massa,
resistência, viscosidade e rigidez ao produto, como visto anteri-
ormente. Algumas cargas empregadas são: terra diatomácea, ar- MANIPULAÇÃO DO ÁGAR
gila, sílica, ceras. borrachas e outras partículas similarmente iner-
tes. Outros ingredientes como o timol e a glicerina são adiciona- O emprego do hidrocolóide reversível envolve um procedi-
dos ao produto para conferir-lhe um efeito bactericida e mento em 3 etapas: (1) preparo prévio do material; (2) prepara-
plastificador, respectivamente. Pigmentos e aromatizantes po- ção imediatamente antes da tomada da impressão; e (3) tomada
dem, igualmente, ser incluídos. da moldagem. Cabe, aqui, uni rápido comentário a respeito des-
sas 3 etapas. Comecemos pelo fato do material ser fornecido em
Processo de Geleificação . O método de presa de um hidroco- tubos e em forma de gel. à temperatura ambiente. A primeira etapa
lóide reversível, freqüentemente denominado geleificação, é um é liquefazer o material e mantê-lo em estado de sol. Imediata-
processo de solidificação. A reação é expressa da seguinte for- mente antes da moldagem. este material geleificado deve ser
ma: assentado em uma moldeira e condicionado a unia temperatura
passível de ser suportada pelos tecidos bucais. Então, procede-
Sol t--> Gel se à terceira etapa. urna vez que o material é assentado à boca.
Neste ponto, o material deve ser resfriado a fim de ocorrer rapi-
A alteração física de sol para gel, e vice-versa, é induzida por damente a geleificação. Faz-se circular água pela moldeira até
alterações de temperatura. Contudo. o gel hidrocolóide não re- completar a geleificação. A moldeira é removida e o molde va-
torna ao seu estado de sol na mesma temperatura em que se "so- zado em gesso-pedra ou gesso-pedra melhorado. A técnica de
lidifica'. O gel necessita ser aquecido a uma temperatura mais moldagem com ágar (hidrocolóide reversível) é um tanto com-
alta, designada como temperatura de liquefação (70 a 100°C). plexa e, compreendendo-se o processo. as dificuldades deste
para retornar à sua condição de sol. Quando esfriado, o material procedimento são rapidamente superadas.
permanece como sol muito abaixo da temperatura de liquefação.
transformando-se em gel entre 37° e 50°C. A exata temperatura Preparo do Material . O emprego de equipamento específico
de geleificação depende de vários fatores, incluindo peso mole- para liquefazer e condicionar o material é primordial. Diversos
cular, pureza de ágar e proporção do ágar em relação aos demais tipos de unidades condicionadoras para o preparo e estocagem
ingredientes. A temperatura de geleificação é crítica. Se a tem- do material estão disponíveis no mercado. tal como o da Fig. 6. 1.
peratura de geleificação for muito alta, a temperatura da massa O hidrocolóide é, geralmente, fornecido de duas formas:
de material, em estado sol, poderá produzir queimaduras nos te- material para seringa e material para moldeira. Tubos para pre-
cidos bucais ou. se a superfície do sol transformar-se imediata- encher a moldeira refrigerada à água e tubetes para utilização em
mente em gel, tão logo entre em contato com os tecidos mais frios, seringas são mostrados na Fig. 6.2. As únicas diferenças entre o
uma superfície com alta concentração de esforços (.stress) pode- material para a seringa e o material para a moldeira são a cor e a
rá se desenvolver. Por outro lado, se a temperatura de geleif ïcação maior fluidez do material a ser injetado pela seringa.
for muito abaixo daquela da boca, será muito difícil. ou mesmo A primeira etapa é reverter o hidrocolóide de gel para o esta-
impossível, se esfriar superficialmente o material a fim de se obter do de sol. Água fervente é um meio conveniente de liquefazer o
um gel rígido adjacente aos tecidos. material. Este deve ser mantido a esta temperatura (1(X)°C) por
O intervalo entre a temperatura de geleificação e a tempera- um mínimo de 10 minutos. Em lugares de grande altitude, como
tura de liquefação torna possível o emprego do ágar como mate- Denver. Colorado (EUA). a temperatura de ebulição da água é
Materiais de Moldagem Hidrocolóides 71

A1xís ser liquefeito. o material deve ser estocado em estado


sol. até ser ingetado na cavidade ou preencher a moldeira. Devi-
do ao tempo necessário para o processo de liquefação, e como o
material pode ser estocado por vários dias, é praxe preparar vá-
rios tubos e tubetes para serem utilizados na semana. O material
liquefeito é, então, estocado em uni compartimento, cuja tempe-
ratura permite seu uso imediato. Baixas temperatura, podem re-
sultar em materiais com alta viscosidade, tornando-os incapazes
de reproduzir os detalhes com precisão. Geralmente, a unidade
condicionadora compõe-se de 3 compartimentos, tornando pos-
sível a liquefação, esttcagent e têmpera do ágar, simultaneamente
(ver Fig. 6.1). A temperatura necessária para cada etapa do pre-
paro é decisiva. Verifique as temperaturas dos compartimentos
semanalmente.

Condicionamento ou Têmpera . Sendo 55 C a temperatura


máxima de tolerância tecidual, a temperatura de esiocagem de
65°C seria muito alta para os tecidos, principalmente devido à
Fig. 6.1 Aparelho de condicionamento para hidrocolóide reversisel tágar). Os
espessura de material da moldeira. Portanto, o material que pre-
três compartimentos são empregados . respectivamente, para liquefazer o mate- enche a moldeira deve ser resfriado ou temperado. Assim, o tubo
rial. para armazenagem atxSs a fervura e para a têmpera da moldeira em cuja com material a ser colocado na moldeira deve ser temperado no
superticie foi assuntado o ágar . (Cortesia de Van R Dental Products . Inc.. Los
compartimento. cuja temperatura não ultrapasse cerca de 45"C,
Angeles. CA.)
sendo, então, a moldeira colocada nesta seção por aproximada-
mente 3 a 10 minutos , para que a massa de ágar atinja uma tem-
peratura tolerável (555°C).
muito baixa para liquefazer o gel. assim, adiciona-se propileno Como o grau de geleificação é influenciado pela temperatura
glicol à água para se obter a temperatura de I(X)C. Caso contrá- na qual o hidrocolóide é mantido, várias combinações de tempe-
rio. materiais que se gelcificani a unta temperatura mais baixa ratura de têmpera e tempo podem ser empregadas para produzir
devem ser formulados para utilização em locais de tais altitudes. uni resultado satisfatório. O tempo pode variar para determina-
É possível retornar ao estado de sol a porção não-utilizada de do lote do material, marca comercial do hidrocolóide e para o
material. Contudo, após sua Iiquefação prévia, torna-se mais di- escoamento (fluidez) desejado. de acordo com a preferência do
fícil quebrar a estrutura filamentar embaraçada do gel; assim, três profissional. Por exemplo, moldagem para prótese parcial requer
minutos adicionais no tempo de geleificação devem ser adicio- trenos massa. Portanto, um tempo de têmpera mais curto é indi-
nados aos 10 minutos (tempo de liquefação). teoricamente. o cado. De qualquer forma, quanto mais baixa a temperatura,
material usado na confecção de urna moldagem pode ser reutili- menor deverá ser o tempo de estocagem no compartimento de
zado. embora cuidados na desinfecção e na prevenção de conta- têmpera. O material da moldeira não deveria ser mantido por mais
minação cruzada, que são de primordial importância, devam ser de 10 minutos na têmpera , uma vez que a geleificação poderia
tomados. O baixo custo unitário do material acaba levando à uti- se processar e o material tornar-se inútil para uso.
lização somente da porção de material não-empregada do tutxt e A fins de se eliminar o efeito da enibebição. é aconselhável
à sua reciclagem, descartando o hidrocolóide empregado previa- colocar-se uma gaze sobre o material que foi previamente assen-
mente em unta moldagem. tado à moldeira, enquanto no compartimento de têmpera. Quan-

Fig. 6.2'rubetes de ágar e seringa tipo carpule empregados na injeção do material na cavidade preparada e dentes adjacentes . Pode- se ver, também , o porta-luhetes
para tesura tcondicionamenàu do material no aparelho.
72 Materiais de Moldagem 1 lidrocolóides

do o material é colocado no banho de têmpera, começa a absor- tempo além dos minutos necessários à geleificação aumenta con-
ção da água e um filme com aspecto horrachóide se forma na sideravelmente a resistência do material à ruptura. Também.
superfície do ágar. A gaze não previne isto: contudo, quando a quanto mais baixa for a temperatura da água circulante, mais
moldeira é retirada do banho e a gaze removida, o material "con rapidamente ocorrerá a geleificação e. de certo modo, mais re-
taminado ' gruda-se à gaze. sendo, então, eliminado. Esta super- sistente se tornará o material.
fície limpa gruda-se mais facilmente ao material injetado pela Mesmo com o ágar gelei ficando-se por último contra os den-
seringa nos dentes preparados. tes (devido à sua alta temperatura), cuidados devem ser toma-
Além do compartimento de têmpera abaixar a temperatura do dos para prevenir qualquer movimentação da moldeira, à medi-
material, também aumenta a viscosidade do hidrocolóide. faseado da que o material se geleilica. A estrutura emaranhada do gel
com que este não escoe da moldeira ao ser assentado na boca. resiste melhor à distorção ou fratura se a força de remoção da
Embora isto seja uma vantagem para o material da moldeira, o moldeira, da boca, for rápida, ao invés de lenta. Por conseguin-
aumento da viscosidade do material injetável não é desejado. te, quando a moldeira é removida, é necessário que o seja de forma
Assim, o material injetável nunca deve ser temperado, unia vez abrupta. devendo-se evitar movimentos de torção ou de rotação.
que o efeito produzido pela extrusão do material pela ponta da Quando o procedimento de moldagem é feito corretamente e com
seringa reduz a temperatura deste material o suficiente para torná- critério, o ágar reproduz com precisão máxima os detalhes teci-
lo confortável ao paciente. duais. duros ou moles (Fig. 6.4).

Confecção da Moldagem . Pouco antes de terminar o tempo de Técnica de Moldagem com Campo úmido . Os elastõmeros
aquosos são os verdadeiros materiais hidrolïlicos. Recentemen-
têmpera do material da moldeira, o ágar acondicionado na serin-
te, unia técnica de moldagem em campo úmido tornou-se popu-
ga é removido diretamente do compartimento de estocagem
lar. Ela difere das demais, pois os tecidos e os dentes podem ser
(65 C) e aplicado às cavidades preparadas. Primeiro, injeta-se o
deixados molhados (úmidos). As áreas são lavadas copiosamen-
ágar nas regiões cervicais dos dentes e, então, procede-se à inje-
te com água morna, o material da seringa é introduzido rapida-
ção do resto do material nas porções mais oclusais dos dentes
mente de forma a cobrir somente as superfícies oclusais e inci-
preparados e íntegros. A ponta da seringa deve ser mantida o mais
sais. Então, o ágar da moldeira é assentado sobre aquele injeta-
próximo possível do dente. ficando o corpo desta seringa mais
do. Sabe-se que a pressão hidráulica do material viscoso força o
alto, para prevenir o aprisionamento de bolhas.
atais fluido (ágar da seringa) em direção às áreas preparadas. Este
Em um procedimento padronizado. enquanto o material da
movimento desloca o material "leve" para o sulco gengival. ex-
seringa preenche todos os dentes, o ágar acondicionado na mol-
pulsando sangue e debris. Teoricamente, há menos chances des-
deira é removido do compartimento de têmpera, a gaze contami-
se material (pesado) rasgar no ato de sua remoção.
nada também é removida ca moldeira, assentada à boca. Se aque-
la película "contaminada" não for totalmente removida, o ágar
presente na moldeira não se grudará ao da seringa. Assim, a PRECISAO DA MOLDAGEM COM
moldeira é assentada na boca com unia leve pressão. e segura ÁGAR
imóvel e passivamente. Uma pressão excessiva deslocará o sol
injetado da superfície dos dentes. O hidrocolóide reversível está entre os materiais de maior
A geleificação é acelerada pela circulação de água fria, apro- precisão na reprodução de detalhes . Este material tem sido utili-
ximadamente entre 18 e 2 I`C, através da moldeira por três a zado com grande sucesso na confecção de restaurações unitárias
cinco minutos (Fig. 6.3). Durante o processo de geleificação, é indiretas e próteses parciais fixas . Para demonstrar a precisão e
importante que a moldeira seja mantida estática (sem movimen- acuidade desses materiais, estudos têm sido feitos sobre a con-
to). até que a total geleificação se complete, a ponto de o gel ter fecção de restaurações metálicas fundidas sobre troquéis de aço
suficiente resistência a deformações ou fratura. Aguardar algum padronizados . conto mostra a Fig. 6.5. Estes troquéis padroni-
zados simulam restaurações tipo inlavs/onlavs, MOD e coroas
totais. Devido à angulação dos ângulos diedros e triedros ser de
90° e à sua conicidade ( expulsividade) ser de 1 a 2%, esses tro-
quéis representam uma dificuldade a mais no assentamento das
restaurações produzidas , em comparação com as situações clí-
nicas. Portanto, qualquer moldagem capaz de reproduzir o assen-
tantento de restaurações sobre esses troquéis mais do que satis-
faz os quesitos de reprodutibilidade clínica. Para alcançar tal
acuidade, cuidados devem ser tomados para assegurar que as
seguintes variáveis relacionadas com as suas propriedades sejam
satisfeitas.

Viscosidade do Sol . A viscosidade do sol é extremamente inr


portante na manipulação bem-sucedida do material. Após o
material ser liquefeito, ele necessita ser suficientemente viscoso
para não escoar da moldeira, quando esta é invertida (colocada
de cabeça para baixo), como no caso de unia moldagens na arca-
da inferior. Por outro lado, sua viscosidade não deve ser tão gran-
Fig. 6. 3 Moldeiras refrigeradas à água utilizadas para levara massa densa de ágar de que não permita seu pronto escoamento e penetração nos mais
à toca. finos detalhes a serem reproduzidos dos dentes e tecidos moles.
Materiais de Moldagem Hidrocolóides 73

Fig. 6.4 ,\spcctu do molde com ágar. contendo preparos cavitários e os dentes adjacentes.

Mesmo que o material tenha viscosidade suficiente para ser aplicada. Esta é uma característica do comportamento viscoe-
mantido pela moldeira e não oferecer resistência ao assentamento. Iá.stico, que também pule ocorrer com elastômeros não-aquo-
é fácil o paciente "morder" o material. Por este motivo. moldeiras sos, a ser visto no Cap. 7. Como o nome indica, o comportamento
de finalidades múltiplas (triplo, trav.v) são comumente usadas com viscoelástico é um processo intermediário entre o comportamen-
hidrocolóide reversível. Comi essas moldeira~, unta moldagem única to elástico de um sólido e o viscoso de uni líquido. Um sólido
registra as estruturas bucais de ambas as arcadas, ao mesmo tempo elástico pode ser visto como uma mola, que se deforma instan-
em que registra sua relação de "mordida" oclusal, tudo em uni só taneamente quando unta força é aplicada. A quantidade de de-
procedimento. lista manobra técnica é uni tanto crítica. unta %e/ formação irá ser recobrada completamente assim que a força for
que o profissional deve guiar a mandíbula do paciente eni máxima removida. Por outro lado, um líquido viscoso mais se asseme-
intercuspidação ou em relação céntrica, à medida que o paciente lha a uni pistão (amortecedor) a óleo, que não responde de pronto
morde" o material de moldagem. Neste procedimento. o ágar não quando uma força é aplicada, mas deforma-se quando esta age
deve resistir ao contato dos dentes do paciente. A maioria dos hi- por um certo tempo. O amortecedor continuará a se deformar
drocolóides modernos tem rigidez suficiente para permitir que essa até que a força ou carga seja removida. Inversamente ao
técnica seja empregada com sucesso. comportamento do sólido elástico, o grau de deformação mos-
trado pelo pistão é permanente, e não se recobrará inteiramente
Propriedades Viscoelásticas. A relação entre a torça aplicada mesmo que a carga seja removida. Podemos, de certo modo,
e a deformação dos hidrocolóides altera-se com o grau de carga demonstrar o comportamento viscoelástico do material através

Fig. 6.5 Truquéis de aço empregados na determinação da precisão das técnicas que envolvem moldagem e restaurações fundidas. Eles representam um preparo
meses-ocluso-distal (à esquerda). uma cones total (centro) e uma restauração de uma face (à direita).
74 Materiais de Moldagem 1lidrocolóides

de um aparelho simples contendo uni sistema de molas e amor- Distorção durante a Geleificação. Certo estresse interno na
tecedores. massa se apresenta durante a fase de geleificação. Alguma con-
O modelo mais simples de aparelho é o Maxwell -Voigt (Fíg. tração ocorre devido a mudança de estado físico na massa de
6.6.A ), que consiste em uma mola ( S I) e um amortecedor (M)) hidrocolóide. quando da transformação de sol para gel. Se o
em série, e ura segundo conjunto ( S2 e D2) em paralelo . Quando material for firmemente contido na moldeira, a nassa se contrairá
se aplica a força ( de tração ou compressão ) como demonstrado em direção ao seu centro (em direção às paredes da moldeira).
pela seta, a mola S 1 responde instantaneamente com urna quan- originando modelos mais largos que o objeto original. Devido à
tidade de deformação definida . Nesse instante , o pistão Dl não baixa condutividade térmica do ágar, um resfriamento rápido
exibirá qualquer deformação e o pistão D2 evitará que a mola pode causar unia concentração de esforços próximo à moldeira.
S2 se deforme, devido à sua inércia (Fig. 6.68). Se a mesma car- onde a geleificação irá se iniciar. Conseqüentemente, o emprego
ga continuar exercendo força no sistema, ambos os amortecedo- de água circulante de resfriamento em torno de 20°C torna-se
res começarão e continuarão a se deformar durante o tempo que menos pernicioso que o de água gelada.
a carga permanecer aplicada (Fig. 6.6C). Enquanto isso, a mola
S I manterá a mesma deformação . No momento que a carga for Reprodutibilidade . Esta propriedade representa a habilidade em
removida , a deformação exibida pela viola S 1 se extinguirá e ela permitir seguidamente o vazamento do molde em gesso diver-
recobrará sua forma original, enquanto as demais porções do sis- sas vezes, para obtenção de modelos e troquéis separados. Em
tema continuar ão deformadas (Fio. 6.6D). Com o tempo. a mola alguns materiais de moldagem, é possível proceder-se desta for-
S2 superará, vagarosamente , a inércia do amortecedor D2 e re- nma, sem que existam alterações dimensionais significastes.
tomará ao seu comprimento original juntamente com D2.O pro- Embora os hidrocolóides sejam precisos nas moldagens, eles não
cesso geralmente leva tempo, e não há recuperação completa. A permitem tais procedimentos. Para a obtenção de uni modelo de
deformação em D1 será permanente (Fig. 6.6E). trabalho e troquéis separados. devem-se tomar duas ou arais
Este comportamento viscoelástico é extremamente importante impressões, ou proceder à técnica de modelos de trabalho com
em clínica. Ele demonstra a necessidade de se deformar o molde pinos. Um Modelo é tirado para a obtenção dos trcxluéis st para-
rapidamente quando removido da boca, o que reduz a quantida- dos e uma outra moldagem é feita com uma moldeira do tipo tripla
de de deformação permanente ( ou distorção ) atribuída ao pistão trav, por exemplo, para obter o molde de ambas as arcadas e o
Dl. O molde não deve nunca ser removido com movimentos registro da oclusão do paciente ao mesmo tempo, sendo então
ondulatórios ou vibratórios. mas sim em uni só movimento abrup- montada em uni articulador, contanto que ambos os lados sejam
to no sentido mais paralelo possível do longo eixo dos dentes. vazados ao mesmo tempo. Os padrões de cera são confecciona-
Uma remoção vagarosa do molde é uma das causas mais comuns dos nos troquéis separados e transferidos para o modelo monta-
de distorção e rasgamento. do. para se ajustar a oclusão e os pontos de contato proximais.
Como explicado anteriormente , independente do tipo de car- Para a maioria dos moldes produzidos com materiais de
ga. a recuperação elástica do hidrocolóide nunca é completa, e moldagem ativados por reação química (presa por polimerização)
ele não retorna à sua forma original após a deformação . Contu- não é possível transferir-se padrões de cera obtidos em duas
do, a quantidade de deformação permanente é clinicamente in- moldagens diferentes. Assim, empregando-se a técnica dupla, o
significante , uma vez que ( 1) o material se geleifique adequada- clínico pode vazar o gesso duas vezes ou mais no mesmo molde.
mente; (2) o molde seja removido rapidamente ; e (3) as áreas Entretanto quando o ágar é manipulado corretamente, esta trans-
retentivas presentes sejam mínimas. ferência entre troquéis de modelos, confeccionados de duas

D2 D2

S2
82

A B D E
Fig. 6.6 Modelo mecânico mostrando a resposta viscoelástica do material à torça (carga) externa. no momento de sua aplicação e após serem removidas. A. um
modelo viseoelãstico de htaxwcll-Vuigl. onde a força ainda não foi aplicada. !t. no momento da aplicação da torça. somente S I responde. C. quando a mesma força
persiste, todos os elementos apresentam unia deformação, dependendo da duração desta carga. Nenhuma alteração é esperada em SI. D. quando a força é removida.
SI se recupera instantaneamente. enquanto os demais elementos permanecem deformados. E. com o tempo. S2 e 1)2 se recuperam da maior parte da deformação,
enquanto 0I pestoanece deformado. A linha pontilhada no alio de cada modelo indica o nível de deformação ocorrido.
Materiais de Moldaçem Hidroioloides 75

IOH OH
H H C=0
C-O c-C C-o

Ij/H \ C^ \/ÓH ÓH\ I I /tlt \


C%
\_,-\ --- 1 )_ J. -- / \
1 1/ \I / ^II I
c-c cII -O C-C
H H C=0 H H
1
OH

Fig. 6 .7 t'ónnula estrutural do ácido algínico.

moldagens diferentes, é possível sem que haja diferenças de adap- 6.3 mostra a composição de pó de alginato com as respectivas
tação, podendo, portanto. haver este intercâmbio. funções de cada substância.
A proporção precisa de cada componente químico pode vari-
ar com o tipo de elemento in natura adicionado. A finalidade da
ALGINATO ( HIDROCOLÓIDE terra diatomácea é agir corno carga. Se a carga fia adicionada
IRREVERSÍVEL) em proporções corretas, haverá tua aumento na resistência e na
dureza do gel de alginato, produzindo urna superfície de textura
No final do século passado. uni químico escocês observou que lisa, assegurando que a superfície do gel não fique pegajosa. laa
certas algas marrons produziam um extrato mucoso , que chamou auxilia também na formação do sol pela dispersão do pó de algi-
de algin . Esta substância natural foi mais tarde identificada como nato na água. Sem a carga. o gel produzido torna-se desprovido
sendo uni polímero linear com inúmeros grupamentos de ácido de consistência e torna-se "grudento ' em sua superfície. apresen-
carboxílico , denominado anidro-R-d -ácido mantírico ( também tando um excesso de exsudato produzido pela sinérese. O óxido
chamado de ácido algínico ) cuja fórmula estrutural acha-se na de zinco também atua como carga e influencia as propriedades
Fig. 6.7. O ácido afgínico e a maioria de seus sais inorgânicos físicas e o tempo de presa do gel.
são insolúveis em água, irias os sais obtidos com sódio . potássio Quaisquer das formas de sulfato de cálcio são empregadas
e amônia são solúveis em água. como ativador da reação. A forma diidratada é geralmente utili-
Quando o ágar. como material de moldagem , tornou-se escas- zada sob certas circunstâncias, o hemiidrato produz um aumen-
so devido à II Guerra Mundial ( o Japão era o principal fornece- to da vida útil do pó (tempo de armazenamento) e unia estabili-
dor), inúmeras pesquisas foram necessárias para encontrar-se uni dade dimensional no gel mais satisfatória. Fluoretos, como o tlu-
substituto. O resultado foi, naturalmente , o hidrocolóide irrever- oreto de potássio e o Fuoreto de titânio, são acrescentados à fór-
sível ou alginato . Sua aceitação foi além das expectativas. Os mula como aceleradores de presa do gesso, assegurando que a
principais fatores responsáveis por este sucesso foram : (1) fácil superfície deste gesso tenha dureza e densidade.
manipulação : ( 2) conforto para o paciente; e (3) baixo custo, por
não exigir equipamentos sofisticados. 'tempo de Armazenamento. A temperatura e a umidade na ar-
nmazenagem são os dois principais fatores que afetam a vida útil
Composição. O principal ingrediente do hidrocolóide irreversí- dos alginatos. Materiais armazenados por uni mês, a 65°C, for-
vel é uri dos alginatos solúveis, como o alginato de sódio, o al- nam-se inúteis para utilização como material de moldagem. ou
ginato de potássio ou o alginato trietanolamina. Quando os não geleif icam ou isto se dá de fornia muito rápida. Mesmo a 54C
alginatos solúveis são misturados à água. formam uni sol. Os sóis existem evidências de deterioração, provavelmente devido à
são viscosos mesmo em pequenas concentrações, mas os despolimerização do alginato.
alginatos solúveis formam sóis rapidamente corno se estes pós O alginato é fornecido em pacotes pré-pesados separadamente.
misturados à água tivessem sido espatulados vigorosamente. O contendo pó suficiente para a tomada de uma impressão. ou em
peso molecular dos alginatos pode variar dependendo do trata- grandes envelopes ou latas. Os pacotes individuais são preferí-
mento efetuado pelo fabricante. Quanto maior for seu peso veis, devido à sua menor chance de deterioração e contaminação
molecular, mais viscoso será o sol. Os fabricantes produzem o durante a armazenagem, além de permitir uma correta propor-
pó de alginato contendo vários outros componentes. O Quadro ção ptí/líquido. uma vez que medidores de água sejam forneci-

QUADRO 6.3 Fórmula do pó de um alginato

Componente Função Peso percentual

Alginato de Ixnássio Alginato solúvel 15


Sulfato de cálcio Reator 16
óxido de /.loco Partículas de carga 4
Fluoreto de potássio titánio Acelerador 3
Terra diatomácea Partículas de carga 611
Fosfato de sódio Reator 2

1
76 Materiais de Moldagem Hidrt)colóides

dos. No entanto, envelopes ou latas são menos dispendiosos. Se Estrutura do Gel. No alginato de potássio ou de sódio, o cátion
envelopes grandes forem empregados , quando abertos deverão é ligado ao grupamento carboxílico para formar o éster ou o sol.
ser colocados em potes com tampa hermética logo que possível, Quando o sal insolúvel formado pela reação do alginato de só-
a fim de evitar que ocorra contaminação. dio na solução reage com o sal de cálcio, os íons de cálcio to-
A data de validade deve constar impressa na embalagem for- iriam o lugar dos íons de sódio nas duas moléculas adjacentes para
necida pelo fabricante . De qualquer modo, não é aconselhável produzir uma ligação cruzada entre as duas moléculas. À medi-
armazenar-se o material por tempo superior a um ano . O algina- da que a reação progride, uma ligação cruzada molecular com-
to deve ser estocado em locais de temperatura amena e baixa plexa ou uma rede polimérica se forma. Esta rede pode consti-
umidade. tuir a estrutura embaraçada do gel.
A ligação cruzada do hidrocolóide está diagramada na Fig. 6.8.
Alginatos Modificados . Como pôde ser visto, o material é em- A base molecular representa o sal sódico do ácido algínico. onde
pregado como um sistema composto: pó/água. Não haverá rea- os átomos de hidrogênio (H) do grupamento carboxílico são subs-
ção química alguma se a água não for incorporada ao pó. tituídos pelos átomos de sódio. Com exceção do grupo polar. os
Contudo, o alginato pode também ser adquirido em forma de demais lados da cadeia foram omitidos para simplificar o esque-
sol contendo água. mas sem nenhuma fonte de íons de cálcio. Um ma. Alguns dos íons de sódio não reagiram ainda, mas serão
reator de gesso Paris pode, então, ser adicionado ao sol. Assim. substituídos por íons de cálcio, como indicado em outros grupos
o segundo componente é o reator e não a água. polares. Assim, a unidade molecular do alginato de sódio pode
Existe, ainda, unia outra fornia disponível. O sistema compo- ligar-se para formar grandes moléculas ou, teoricamente, uma
nente duplo pode ser fornecido sob a forma de duas pastas: uma única grande molécula. A reação pode serclassificada como uma
contendo o sol de alginato e a outra, o cálcio reator. Os materiais forma de polimerização, uma vez que ligações cruzadas ocor-
desse tipo podem, também, conter silicone e ser fornecidos em rem.
ambas as consistências, isto é, material viscoso para a moldeira Se uni sal solúvel como o cloreto de cálcio for utilizado como
e um outro menos viscoso para a seringa. reator, a ligação cruzada será completa virtualmente em poucos
segundos. e todo o sol será convertido em alginato de cálcio ins-
Processo de Geleificação. A reação sol-gel típica pode ser des- tantaneanmente, tornando-se uma massa inútil. O sulfato de cál-
crita simplesmente como unia reação de alginato solúvel com cio, que é menos solúvel que o cloreto de cálcio, supre íons de
sulfato de cálcio e a formação de um alginato insolúvel de cál- cálcio mais vagarosamente, fazendo com que somente uma fra-
cio, obtido a partir de unia reação com um alginato de potássio ção das moléculas de alginato formem uma ligação cruzada. O
ou um alginato de sódio em uma solução aquosa. A produção de sol remanescente torna-se, então, encapsulado por uma camada
alginato de cálcio, nesta reação, é tão rápida que não permite um de alginato de cálcio insolúvel. Como resultado, a reação não se
tempo de manipulação adequado. Assim, um terceiro sal solú- esgota. A estrutura final do gel pode, então, ser dita como um
vel em água, como o fosfato trissódico, é incorporado à solução emaranhado de redes de fibrilas. constituídas por alginato de
para retardar a presa e aumentar o tempo de trabalho. A estraté-
gia é que o sulfato reagirá preferencialmente com o sol. Assim.
a reação entre o sulfato de cálcio e o alginato solúvel é retardada
até que haja fosfato trissódico não-reagido. Por exemplo, se cer-
tas quantidades de sulfato de cálcio. alginato de potássio e fosfa- 4
Na
to trissódico fossem misturadas e parcial ou totalmente dissolvi-
das em água, em proporções adequadas, a seguinte reação ocor- O
reria primeiro: c=o c=o
L ; -U
`\ i-^ ° /^\
2Na1PO4 + 3CaSO4 -4 Ca; (PO4 ), + 3Na,SO; ^/ `o"'
o^c c- / é-o/ \° é c C
I
=O G=O
Quando o suprimento de fosfato trissódico se esgota , os íons
de cálcio iniciam sua reação com o alginato de potássio para pro-
Na
duzir o alginato de cálcio como: Na
ó ó
o c=o
K,nAlg + nCaSO; -* n KSO; + Ca11Alg c-c -o c-c ^_O
\ / \o,/ \ / \O.
c, c c c c^ . c c
O sal adicionado é chamado de retardador. Existem vários c-o^ ° c-c çc- o ° c - c
sais solúveis que podem ser utilizados na formulação, como o
fosfato de potássio ou de sódio. oxalato de potássio ou carbona-
to de potássio, fosfato trissódico e pirofosfato tetrassódico. Es-
^=O
O o
=U
Na
tes dois últimos agora são os mais empregados. A quantidade de Na Ça
1
retardador (fosfato sódico) deve ser proporcionada corretamen- o o
te para propiciar um tempo de geleificação adequado. Geralmen-
te, se aproximadamente 15 g de pó forem misturados com 40 ml
hig. 6.8 Representação esquemática da ligação cruzada das moléculas de algi-
de água, a geleificação ocorrerá em cerca de três a quatro minu- nato de sódio para formar o alginato de cálcio. Observe que somente algumas
tos, na temperatura ambiente. moléculas apresentam ligação cruzada.
Materiais de Mohdagenr Hidrocolóides 77

cálcio, encapsulando o sol de alginato de sódio não-reagido, água de 10°C de temperatura . Alguns materiais comerciais têni-se
excedente, partículas de carga e subprodutos catabólicos, como mostrado sensíveis a ponto de alterar seu tempo de presa em 20
sulfato de cálcio e fosfato de cálcio. segundos para cada grau Celsius de mudança na temperatura.
Neste caso , a temperatura da massa de alginato misturada deve
Controle do Tempo de Geleificação . O tempo de geleificação, ser controlada cuidadosamente em uni ou dois graus Celsius da
medido do início da manipulação do material até que a sua presa temperatura padrão, geralmente de 20°C. a fim de manter-se o
ocorra. deve ser o suficiente para permitir ao profissional mistu- tempo de presa constante e confiável . Se o tempo de presa não
rar o material, carregar a moldeira e colocá-la na boca do paci- puder ser alcançado pela variação de temperatura da água den-
ente. Uma vez que a geleificação se inicia, o material deve ser tro de limites razoáveis, será melhor selecionar uni outro algina-
mantido imóvel, caso contrário as fibrilas em crescimento podem to menos sensível , em vez de tentar modificar a técnica ele mani-
se romper e tornara massa significativamente friável (enfraque- pulação.
cida).
Uni método prático de se determinar o tempo de geleificação
na clínica é o de observar o tempo decorrido entre o início da MANIPULAÇÃO DOS ALGINATOS
mistura até aquele ponto em que o material não se apresenta pe-
gajoso e grudento, quando tocado com a ponta do dedo, provido . Os materiais são de fácil uso. Eles são hidrofílicos, assim a
de luva limpa e seca. Provavelmente, o tempo ótimo gira em tor- umidade tecidual superficial não é um problema. Geralmente, os
no de 3 a 4 minutos à temperatura ambiente (20°C). Normalmen- alginatos são empregados para obtenção de modelos de estudo e
te, os fabricantes produzem materiais de presa rápida (1 a 2 mi- para a construção de moldciras individuais para que urna segun-
nutos) e de presa normal (2,5 a 4 minutos) para permitir ao clíni- da e mais precisa moldagem possa ser tomada e, ainda, para a
co a oportunidade de escolher o que melhor lhe aprouver. obtenção de modelos, onde um plano de tratamento e apresen-
Na clínica, alguns profissionais tentam alterar o tempo de presa tação do caso clínico possa ser exposto ao paciente. Diferente-
dos alginatos, alterando a proporção água/pó ou o tempo de es- mente dos outros materiais de moldagem, os alginatos não se
patulação. Estas leves modificações podem produzir efeitos de- caracterizam por apresentar unia gama de viscosidades.
letérios nas propriedades dos géis, reduzindo sua resistência à Por ser unia só mistura de alginato, a massa de material é
ruptura ou à elasticidade. Assim, o tempo de geleificação é me- colocada na moldeira. Contudo, o clínico pode aplicar, cora o
lhor regulado pela quantidade percentual de retardador presente dedo enluvado, as sobras de alginato remanescente nas regiões
na formulação do fabricante. de difícil reprodução, como fossas e fissuras oclusais. Esta téc-
Uma outra forma, mais segura, de influenciar o tempo de presa nica reduz as chances de aprisionamento de bolhas de ar, quan-
é a alteração da temperatura da água de manipulação (mistura). do a moldeira é assentada na boca. Devido à limpeza da técnica
O efeito da temperatura da água rio tempo de geleificação do e à sua presa rápida, este material é facilmente tolerado pelo pa-
alginato pode ser visto na Fig. 6.9. É evidente que altas tempera- ciente. Os ortodontistas utilizam, geralmente, o alginato para
turas aceleram o tempo de presa. Em ambientes com altas tem- moldar seus pacientes jovens. Para este mercado, os fabricantes
peraturas. precauções devem ser tomadas para que água gelada adicionam aromatizantes ao material. dando ao paciente um odor
seja empregada, evitando a geleificação prematura. Pode até ser e sabor agradável, como o gosto de chiclete ou de canela. Um
necessário resfriar-se a cuba e a espátula de manipulação. prin- outro produto idealizado altera a cor quando atinge seu início de
cipalmente quando pequenas porções de material estão sendo estado gel, indicando o fim da manipulação e que o material está
manipuladas. De qualquer forma, é melhor errar obtendo-se urna pronto para ser inserido na boca, e nova alteração de cor ocorre
mistura resfriada do que unta muito aquecida. para indicar o término de sua geleificação e sua imediata remo-
Os materiais demonstram diferentes níveis de sensibilidade a ção.
alterações de temperatura. Por exemplo, a Fig. 6.9 mostra um
minuto na redução do tempo de geleificação para cada aumento Preparando a Mistura . O pó é vertido sobre a água pré-
mensurada, que foi previamente colocada em uma cuba limpa e
seca. Então o pó é incorporado à água, criteriosamente, com uma
espátula de metal. Cuidados devem ser tomados para não incor-
porar bolhas de ar à mistura. Muitos protesistas empregam a
manipulação a vácuo para evitar esses problemas. A manipula-
ção descuidada pode prejudicar a qualidade final da moldagem.
Uma espatulação vigorosa, representando a figura de uni oito. é
o melhor procedimento de manipulação. com a mistura sendo
espremida ou amassada de encontro às paredes da cuba, execu-
tando uma rotação constante e intermitente da espátula (180
graus). pressionando as bolhas de ar e promovendo a completa
dissolução do pó, como ilustrado na Fig. 6.10. Esse movimento
é eficaz na eliminação da maioria das bolhas de ar. além de pro-
mover unia dissolução completa. E importante ter-se todo o pó
dissolvido, pois se o pó residual permanecer, não se formará uma
o 10 20 30 40 50 °C
massa em estado gel, comprometendo as propriedades do mate-
132) 60) (68) 186) noa 1122) 1°F)
rial.
TEMPERATURA
O tempo de espatulação também é primordial. Por exemplo.
Fig. 6. 9 O efeito da temperatura da água na presa de um alginato. (Cortesia de J. a resistência do gel poderá ser reduzida tanto quanto 50%%, se a
Cresson.) mistura não estiver completa. Um tempo de manipulação de 45
78 Materiais de Moldugern Hidrocolóides

produtos são vendidos como sendo isentos de poeira (dustless


alginate ou dus(free alginate).

Realização do Molde. Antes de assentar o material na moldei-


ra, o alginato deve adquirir uma consistência de massa para não
escoar da moldeira e impedir a respiração do paciente. Os clíni-
cos devem saber reconhecer as alterações de viscosidade a fim
de assentar a moldeira na boca durante a fase crítica, entre o
estágio de escoamento e de viscosidade.
A massa-mistura é colocada em uma moldeira apropriada,
levando, assim, o material à boca. É imperativo que o material
tenha aderência à moldeira para que o alginato possa ser retirado
de áreas retentivas em uma só etapa. Para tanto. moldeiras per-
furadas devem ser empregadas. Se uma moldeira de plástico ou
de metal liso (sem perfurações) for selecionada, deverá ter re-
tenções adicionais (rim lock) para reter o hidrocolóide, ou um
adesivo apropriado deverá ser aplicado nesta moldeira, deixado
secar inteiramente, antes de municiar a moldeira com o hidroco-
Fig. 6.10 A manipulação do alginato é feita por unia vigorosa espatulação do
lóide. Porções delgadas de alginato estão mais sujeitas à fratura
material de encontro às paredes da cuba. e ruptura, portanto, a moldeira com alginato deve assentar na boca
de forma tal que haja suficiente espessura de material. A espes-
sura mínima de alginato entre os tecidos e a parede da moldeira
deve ser de 3 mm.
segundos a 1 minuto é, geralmente, suficiente, dependendo da A resistência dos alginatos aumenta alguns minutos após sua
marca e do tipo de alginato. O resultado final da espatulação deve geleificação inicial. Como visto no Quadro 6.4, a resistência de
ser unia massa lisa e cremosa, que se solta da espátula. quando gel, neste caso, realmente dobrou durante os primeiros quatro
esta é retirada da cuba. Com produtos de boa qualidade, uma minutos. A maioria dos alginatos melhora sua elasticidade com
mistura lisa e cremosa é a expectativa final. Vários espatulado- o tempo, o que minimiza a distorção durante sua remoção da
res mecânicos também são encontrados no comércio para a ma- boca, desta forma permitindo uma melhor reprodutibilidade nas
nipulação dos alginatos, e a vantagem desses aparelhos está na áreas retentivas. Tais dados indicam claramente que a moldagem
conveniência e na velocidade de espatulação, reduzindo as variá- com alginato não deve ser removida por pelo menos dois a três
veis humanas. minutos após a geleificação, o que é, em linhas gerais, o tempo
Equipamento limpo é importante. porque muitos problemas etn que o material perde seu aspecto grudento.
e fracassos afins são atribuídos à contaminação da mistura e dos Embora haja a tendência de se remover a moldagem prema-
aparelhos de manipulação, o que resulta em presa rápida do al- turamente, é possível deixar-se o alginato na boca por mais tem-
ginato, fluidez inadequada, ou mesmo ruptura do material quan- po. Em certos produtos, como tem sido demonstrado, se o mate-
do removido da boca. Por exemplo, pequenas quantidades de rial for deixado de seis a sete minutos, em vez de dois ou três
gesso deixadas na cuba aceleram a presa do alginato. Seria pre- minutos após a geleificação, haverá um aumento significante e
ferível utilizar-se cubas distintas para ambos os materiais, unia definitivo de distorção.
para o alginato e outra para o gesso.
Idealmente. o pó de alginato deveria ser pesado e não medido Resistência. O gel necessita adquirir máxima resistência a fim
volumetricamente por meio das cubetas, como muitos fabrican- de prevenir fraturas e assegurar recuperação elástica, quando
tes sugerem. Contudo, a menos que se utilize grosseiramente este removido da boca. Todos os fatores de manipulação que este-
método volumétrico, é improvável que a variação de pó pesado jam sob o controle do clínico afetam a resistência do gel. Por
e medido por meio das cubetas e afofado antes, seja maior do que exemplo, se muita ou pouca água for empregada na manipula-
0,2 a 0,4 g. Estas variações em misturas individuais não trazem ção, o resultado final será um gel fraco e sem elasticidade. A
nenhum efeito mensurável às propriedades físicas do material. proporção água/pó deve ser empregada de acordo com as reco-
A menos que as recomendações dos fabricantes quanto às mendações do fabricante. Espatulação deficiente resulta na dis-
proporções e manipulação não sejam seguidas, é pouco prová-
vel que o resultado final seja adverso. Por exemplo. uma varia-
ção de somente 15e% daquela recomendada na proporção pó/lí- QUADRO 6. 4 Resistência à compressão de um gel
quido trará forte influência à presa e à consistência do alginato. de alginato em função do seu
Se o pó de alginato for "afofado" antes de ser proporcionado,
tempo de geleificação
será importante evitar-se a inalação dessa poeira no momento da
abertura do recipiente. Algumas partículas de sílica, presentes na Tempo de Geleificação Resistência à Compressão
composição do material, são suficientemente grandes em forma (minutos) (MPa)
e tamanho para ser inaladas, o que traria uni enorme prejuízo à
saúde do profissional. Na tentativa de reduzir esta inalação oca- 0 0,33
sionada pela abertura do recipiente, alguns fabricantes incorpo- 4 0,77
ram glicerina ao pó de alginato, para aglomerar as partículas do 8 0,81
pó. Assim, após a abertura do recipiente, não haveria liberação 12 0.71
16 0,74
de poeira. comum em materiais não-tratados desta forma. Estes
Materiais de Moldagem Hidrocolóides 79

solução inadequada dos ingredientes, o que inibe a reação quí- manas em unia temperatura pronta para o uso , e seu custo é ra-
mica uniforme da massa. Super-espalulação quebra a formação zoável.
de fibrilas do alginato de cálcio, reduzindo a resistência do pro- Os hidrocolóides de duplicação têm a mesma formulação
duto final. As instruções fornecidas com o material devem ser química. exceto quanto ao seu conteúdo de água. que é maior.
seguidas à risca em todos os aspectos. Conseqüentemente. o conteúdo de ágar ou alginato na massa
geleificada é menor. o que influencia sua resistência à compres-
Viscoelasticidade . Os hidrocolóides são passíveis de deforma- são e presa. Estas propriedades são identificadas na Especifica-
ção. Assim, a resistência à ruptura (rasgamento ) aumenta quan- ção ti." 20 da ADA.
do o molde é removido abruptamente. A velocidade de remoção
dei e estar compreendida entre o moi intento rápido e o conforto
do paciente. Geralmente, o alginato não adere fortemente aos
CUIDADOS E MANUSEIO DOS
tecidos, como os elastõnccros não-aquosos. desta forma é possí- HIDROCOLÓIDES DE MOLDAGEM
vel removê-lo comi um só golpe. Contudo. é preferível evitar
torções na nucldeira na tentativa de remoção rápida. Desinfecção. A necessidade de desinfetar unta moldagem foi bem
esclarecida. Como o material deve ser vazado tão logo seja re-
Precisão de Reprodução . A maioria dos alginatos não é capaz movido da boca, o procedimento de desinfecção (leve ser rápi-
de reproduzir minúsculos detalhes da mesma forma que outros do, a fim de prevenir alterações dimensionais.
elastõmceros. Os fabricantes têm procurado aumentar a concen- A maioria dos fabricantes recomenda um desinfetante espe-
tração de alginato na formulação do produto, para torná-lo mais cífico, e este deve ser preparado de acordo com as orientações.
preciso. embora isto não represente aumento de sua estabilida- O agente desinfetante pode ser iodo. água sanitária ou
de dimensional. A rugosidade da superfície a ser moldada já é o glutaraldeído. A distorção será mínima se o tempo de imersão
suficiente para causar distorções nas margens da cavidade. Re- for curto e o molde vazado prontamente.
dutor e condicionador de superfície podem ser empregados para Os hidrocolóides irreversíveis podem ser desinfetados por 10
produzir unia superfície mais lisa. mas em contrapartida esta minutos em banho de imersão, ou borrifados com um agente
camada adicional sobre a superfície do preparo reduz a precisão antimicrobiano, como o hipoclorito de sódio ou o glutaraldeído.
de reprodutibi1idade. Para assegurar que o material propicie uma sem alteração dimensional mensurável. Porém alguns desinfe-
reprodução fiel dos modelos. a moldagem deve ser manuseada tantes podem produzir unia redução na dureza superficial do gesso
co^rret;nnente ou a reprodutibilidade superficial do modelo.
O protocolo atual para desinfecção de hidrocolóides recomen-
dado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças é o uso
OUTRAS APLICAÇOES DOS de água sanitária caseira (1 para 10. em diluição), iodo ou fenóis
HIDROCOLÓIDES sintéticos. Após a moldagem ser lavada em água corrente, o de-
sinfetante é borrifado (com um sprav) livremente sobre ela. A
Técnica Laminada. Unia modificação recente no procedimen- moldagem não deve, segundo a recomendação, ser submersa ou
to de moldagem com ágar (hidrocolóide reversível) foi a sua lavada com solução desinfetante. Imediatamente após. deve ser
combinação coas o hidrocolóide irreversível (alginato). A moi- embrulhada com papel-toalha umedecido com o agente desinfe-
deira de ágar é substituída pela de alginato resfriada que se une tante, e selada em uni saco plástico por 10 minutos. Finalmente,
ao ágar injetado pela seringa. O gel alginato geleifica por reação remove-se o papel-toalha. lava-se e tira-se o excesso de água. e
química , enquanto o gel de ágar toma presa em contato com a ',em seguida, vaza-se o molde com o gesso escolhido.
massa resfriada de alginato e não com a água circulante . Assim,
o ágar, e não o alginato, fica em contato com os dentes prepara- Estabilidade Dimensional . Como visto anteriormente. os géis
dos, podendo reproduzir mais fielmente todos os detalhes dese- invariavelmente estão sujeitos a alterações dimensionais por si-
jados. A vantagem desta técnica é o custo do equipamento ser nérese, evaporação ou embebição. Uma vez que a moldagem é
mínimo, porque somente o ágar para seringa necessita ser aque- removida da boca e exposta ao ar à temperatura ambiente, algu-
cido e, além disso, há também menos tempo envolvido no pro- ma contração associada à sinérese e à evaporação. forçosamen-
cedimento. As principais desvantagens são: ( 1) a união ágar- te, ocorre. Por outro lado, se a moldeira for imersa em água, esta
alginato não é sempre forte; (2) a maior viscosidade do alginato se expandirá como resultado da embebição de água. Um exem-
desloca o ágar durante o assentamento da moldeira: e (Z) a insta- pio típico de alteração dimensional que pode ocorrer durante a
bilidade dimensional do alginato restringe a técnica a moldagens sinérese e a cmbebição nos hidrocolóides é visto na Fig. 6.11.
de cavidades unitárias. Fssa técnica lancinada representa um cus- liste gráfico ilustra que o material apresentou contração quando
to-lucro-henef ïcio no que se refere à reprodução de detalhes que exposto ao ar. Durante a subseqüente cmbebição, houve uma
um material de moldagem pode ter. Pesquisas recentes indicam expansão causada pela absorção de água.
que a seleção cuidadosa dos materiais é necessária para a obten- Fica claro que a moldagens obtida deveria ser exposta ao ar o
ção de bons resultados. menor tempo possível, se quiséssemos obter o melhor do mate-
rial. A importãncia do vazamento do molde fica evidente como
Materiais de Duplicação . Anchos os tipos de hidrocolóides são ilustrado na Fig. 6.12. onde a pane :t mostra o perfeito assenta-
empregados em laboratório para duplicar modelos. Os modelos mento de unia restauração metálica sobre o troque(, e a parte B
duplicados são utilizados. na maioria das vezes, na confecção de mostra unia adaptação inaceitável. causada pela alteração dimen-
estruturas metálicas em próteses parciais removíveis e em mo- sional.
delos ortodonticos. Os hidrocolóides reversíveis são mais popu- Alguns métodos de condicionamento prévio ao vazamento do
lares, porque podem ser usados muitas vezes. Se misturados cons- molde têm sido sugeridos. como Y6 de sulfato de potássio ou
tantemente . pxxlcns ser mantidos em estado de sol por 1 ou 2 se- l(X) de umidade relativa, a fim de reduzira alteração dimensio-
80 Materiais de Moldagem Hidrocolóides

0,20
0,10
0,00
0, 10
0,20
0,30
0.40 2 HI O
0,50 O 1
0,60 __-2% 1 SO.
0,70
0,80
0,90
1,00
rl ^_.1 1 1 1 1 11 1 I 1 1

60 20 40 60 80 100 120 140 160 180


TEMPO ( Minutos)

Fig. 6.11 Contração linear de uni hidrocolóide reversível comercial exposto ao


meio ambiente (31% a 4257( de umidade relativa) e subseqüente imersão em água.

8
na] do ágar. Os resultados obtidos para o ágar em diferentes meios
de condicionamento prévio são mostrados na Fig . 6.13 e indicam 9

que o armazenamento do molde em 100% de umidade relativa


foi o melhor meio de preservar o equilíbrio de água do material. L_.
Os géis são, também, sujeitos a tensões internas em áreas lo- 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
calizadas. Uma das causas de tais tensões é a pressão interna que HORAS
ocorre no período de geleificação na moldeira . O relaxamento
Fig. 6.13 Percentual em peso de um ágar na concentração de água intrínseca obtida
dessas tensões causa a sinérese e , conseqüentemente . alteração por diferentes meios de armazenamento.
dimensional.
As alterações térmicas também contribuem para a alteração
dimensional . Com os alginatos . os materiais contraem -se ligei-
papel-toalha molhado em água. e colocado em uni recipiente
ramente devido à s diferenças térmicas entre a temperatura da boca
hermético para criar uni ambiente cora 100% de umidade relati-
(354°C) e a temperatura ambiente (23°C). No ágar, a mudança de
va. O recipiente, como uni saco plástico ou uni umidificador, deve
temperatura é o inverso , de uni resfriamento por água circulante
ser mantido hermeticamente fechado até que o molde possa ser
na moldeira ( 15°C) para um meio ambiente mais quente. Mes-
vazado. Nunca deixe o molde abandonado em uma solução.
mo estas pequenas alterações podem causar expansão ou distor-
ção do molde.
Compatibilidade com o Gesso. Os gessos são empregados na
Se o vazamento, por algum motivo , necessitasse ser retarda-
obtenção dos moldes por moldagens com os hidrocolóides. En-
do, o molde deveria ser lavado em água corrente . embrulhado com
tretanto, nem todos os gessos são compatíveis com ambos os
hidrocolóides, e esta incompatibilidade se traduz na superfície
do gesso, reduzindo sua dureza superficial.
Toda precaução (leve ser tomada para assegurar a dureza
superficial ótima do modelo de gesso. Demonstrou-se que a
superfície dos modelos de gesso vazados sobre molde de hi-
drocolóides pode ser demasiadamente macia para procedi-
mentos de encerramento. Esta desvantagem pode ser supera-
da de duas formas: (1) pela imersão do molde em uma solu-
ção contendo uni acelerador de presa do gesso, antes do va-
zamento, ou (2) pela incorporação de uni endurecedor ou
acelerador no material de moldagem pelo fabricante. Os sul-
fatos presentes na formulação mostrado no Quadro 6.2 ser-
vem para este propósito. A solução endurecedora pode au-
mentar a dureza do gesso de várias formas. Pode agir como
um acelerador de presa do gesso. para opor-se ao efeito re-
tardador da superfície do gel, ou pode também reagir com a
superfície do gel produzindo unia película que reduz ou pre-
vine a sinérese e elimina a ação retardadora do gel.
Melhorias em alguns produtos comerciais de hidrocolóides
reversíveis têm possibilitado a obtenção de modelos em gesso
sem o emprego de soluções endurecedoras. Mesmo assim, alguns
Fig. 6.12 A, adaptação de unta restauração metálica padrão em uni troque] de
profissionais ainda preferem utilizar esse método para aumen-
gesso obtido de tema moldagem com hidrocolúide reversível vazado, imediata-
mente após a inoldageni confeccionada de uni modelo padrão de aço. 13, adapta-
tar. mais ainda, a dureza do gesso. A moldagem é imersa em uma
ção da niesnia restauração metálica em um troque) de gesso. construído 1 hora solução endurecedora antes do seu vazamento. Várias substân-
após a moldagem. cias químicas são empregadas com esse objetivo, como o sulfa-
Materiais de Moldagem Ilidrocolejides 81

to de potássio. sulfato de finco. sulfato de magnésio, potassa lidade será obtido se este gesso tomar presa em uma atmosfera
(carbonato de potássio). alúmen. O mais efetivo, contudo, é a de aproximadamente 100% de umidade relativa. Sob nenhuma
solução de sulfato de potássio a 2%. circunstância o modelo deve ser submerso em água.
Da mesma forma, aditivos têm sido incorporados ao algina- O gesso deve ser, preferencialmente, deixado por 60 minutos
to. Por exemplo. o fluoreto de titânio. que é endurecedor. Em no molde ou. no mínimo, 30 minutos, antes de ser separado. O
geral, uma solução endurecedora não é necessária, a não ser que tempo de presa tio gesso em contato como material possivelmente
seja indicada nas recomendações do fabricante. Para uns contro- será aumentado, assim, uni tempo riais longo permitiria a total
le efetivo da infecção na prática odontológica. a moldagem de- presa deste gesso.
veria ser desinfetada antes do vazamento. Porém é possível deixar-se o gesso permanecer em contato
Após a remoção do molde da boca. ele deve ser imediatamente com o gel por algum tempo. Entretanto, se este for deixado em
lavado em água corrente, a fira de remover os fluidos bucais de contato de um dia para o outro, por exemplo, sua superfície apre-
sua superfície. Uni excesso de lavagens resultará em uma super- sentará uns aspecto pontilhado. Por este nustivo. é aconselhável
fície rugosa. Seca-se a superfície ligeiramente, pois o excesso na separar-se o gesso em tempo hábil. Esperar-se muito tempo per-
secagem irá produzir aderência do gesso no material e favorecer mite que a superfície do gesso interaja com o hidrocolóide. Além
o aparecimento da sinérese com conseqüente alteração dimensi- de permitir que este gesso absorva água do material. O resultado
onal. A superfície do molde (leve estar brilhante, mas sem ne- seria o aspecto pontilhado da superfície do gesso. A reprodução
nhuma película ou gotícula de água aparente no momento do de detalhes pode também variar dependendo do binômio hidro-
vazamento em gesso. colóide-gesso. Algumas combinações são mais compatíveis que
O vazamento da mistura de gesso sobre o molde deve come- outras.
çar por uns ponto extremo do arco. Após o completo preenchi-
mento do molde com o gesso, o conjunto deve ser colocado em Efeitos do Mau Manuseio dos Hidrocolóides. As causas mais
uns umidificador ou em uma solução de sulfato de potássio a 2%. comuns de falhas vistas em ambos os materiais estão resumidas
até sua presa completa. Uri modelo em gesso de excelente qua- no Quadro 6.5.

QUADRO 6. 5 Causas comuns para a repetição de moldagens com hidrocolóide

Causas

Efeito Ágar Alginato

1. Material granuloso a. Fervura inadequada a. Espatulação inadequada


h. Temperatura de armazenamento muito baixa b. Espatulação prolongada
c. Tempo de armazenamento muito longo e. Geleiticação deficiente
d. Relação água:pó muito baixa

. Separação entre o material a . Película de água do material da moldeira Sem aplicação


da seringa e o da moldeira não-removida
b. Geleificacào prematura do material da seringa
ou da moldeira

3. Rasgarnento a. Espessura inadequada a. Espessura inadequada


b. Remoção prematura da boca h. Contaminação pela umidade
e. Material da seringa parcialmente geleificado e. Remoção prematura da boca
quando a nioldeira é assentada d. Espatulação prolongada

. Bolhas de ar a. Geleiticação do material da seringa que a. Geleiticação inadequada, prevenindo


previne o escoamento o escoamento
h. Incorporação de ar durante a espatulação

5. Poros com fornia irregular a . Material muito frio ou granuloso a. Umidade ou debris nos tecidos

6. Modelo de gesso rugoso ou a. Limpeza inadequada do molde a. Limpeza inadequada do molde


pulverulento h. Excesso de água ou sulfato de potássio h. Excesso de água deixado no molde
deixado no molde c. Remoção prematura do modelo
c. Remoção prematura do modelo d. Modelo de gesso deixado muito tempo
d. Manipulação inadequada do gesso em contato com o material
e. Secagem com ar antes do vazamento do gesso e. Manipulação inadequada do gesso

. Distorção a. Molde não foi varado imediatamente a. Molde não foi vazado imediatamente
b. Movimento da moldeira durante a fase de presa h. Movimento da nsoldeira durante a fase de presa
e. Remoção prematura da boca e. Remoção prematura da boca
d. Remoção indevida da boca d. Remoção indevida da boca
e. Emprego de água gelada durante as e. Moldeira deixada por muito tempo na
fases iniciais de presa boca ( somente em algumas marcas comerciais)
82 Materiais de Moldagem Hidrocolóides

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reduz a ruptura ele adesão e aumenta a energia ele rasgannento. Soluções desinfetantes empregadas no lugar de agua corrente, durante a
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Apresenta a descrição da técnica laminada - algar/alginato, como método Unia solução de gluc onato de c lorexidina a 0,12')í foi recomendada.
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A adaptaçãar foi uceitrn el prava unia prótese parcial de /?-és elementos. Unia Os tdginatos são susceptíveis a alterações dimensiansai.s durante a imersão
recomendação foi leita no sentido de se empregar imateriais compatíveis. cor soluções desinfetantes. nuns não ao spray. Ambos os métodos reduzem a
,nanufaturadas por une fabricante. reprodução de detalhes. Os efeitos antimicrahianos da desinfecção com
Johnson GH, and Craig RC: Accuracy and hond strength of combination agar- sprays e por imersão são similares.
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consideravelmente. Quando a adesão e a prec isão de adaptação, foram con- Desinfetante de gesso contendo cloramina- Tfoi efetivo em eliminar a carn-
sideradas. an alginato em combinação cone ambos os ágar-hidrocolóide.s taneinação hacteriana em anhos - algiruaos c• gessos.
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A imersão do molde obtido cora hidrocolóide em três soluções desinfetantes marcas de alginato, produzindo 512 superfícies. Algamaa.s combinações ges-
diferentes não afetou adversamente a estabilidade dimensional. so alginate apresenturunr rervu .cuperioridude quanto à sua dureza e lisura
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Moldagens corar alginato produziram resultados coro grandes variações na Tecidos vestibulares ecsercam força suficiente para manter ern posição a bor-
dist arção dimensional. da vestibular das moldagens ele algincao. entretanto, os tecidos linguais sele,
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