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PARCIAL REMOVÍVEL:
MODELOS DE ESTUDO, DE
TRABALHO E FUNCIONAL
Maria da Gloria Chiarello de Mattos
Rodrigo Tiossi
Adriana Cláudia Lapria Faria
Renata Cristina Silveira Rodrigues
Ricardo Faria Ribeiro
INTRODUÇÃO
A reabilitação oral de pacientes parcialmente desdentados, por meio de prótese parcial remo-
vível (PPR), requer a obtenção de diferentes modelos de gesso, que sejam cópias fiéis da
arcada dentária e dos tecidos adjacentes. Desde o início do tratamento, com os modelos
iniciais ou de estudo ou de diagnóstico, até na obtenção dos modelos de trabalho ou mestre
e o funcional.
Nos modelos serão realizados os desenhos das estruturas que constituem a PPR após o delinea-
mento, e que servirão como guia para o planejamento de restaurações, recontorno dos dentes,
preparação de nichos e criação de retenções adicionais. Além disso, facilitam a comunicação
entre o profissional e o paciente durante a apresentação do plano de tratamento.
OBJETIVOS
Após a leitura deste artigo, espera-se que o leitor possa:
identificar os diferentes tipos de materiais de moldagem utilizados em PPR;
descrever a moldagem de arcos parcialmente desdentados;
reconhecer a moldagem para a obtenção de modelos de estudo;
reconhecer a moldagem para a obtenção de modelos de trabalho pelo uso de moldeiras
de estoque e individuais;
reconhecer quando utilizar as técnicas para moldagem funcional dos arcos dentomu-
cossuportados.
MATERIAIS DE MOLDAGEM
Os materiais de moldagem utilizados na confecção de PPRs podem ser classificados em:
rígidos;
termoplásticos;
elásticos.
Os materiais rígidos são principalmente utilizados para a moldagem de tecidos moles, uma
vez que dificultam sua remoção de áreas retentivas sem que ocorra uma deformação perma-
nente ou uma fratura do material.
O gesso de Paris tem sido utilizado há mais de duzentos anos na odontologia e já foi o único
material disponível para moldagens em próteses parciais removíveis. Atualmente, os materiais
elásticos substituíram completamente esse material nas moldagens, mas ele ainda é utilizado
no registro das relações maxilomandibulares.3
MATERIAIS TERMOPLÁSTICOS
A godiva, ou o plástico de modelagem, é um dos materiais de moldagem mais antigos
usados na odontologia. É comumente utilizada em moldeiras individuais para moldagens
periféricas de cavidades orais classe I e II de Kennedy. A godiva é produzida nas cores vermelha,
cinza e verde.
Cada cor de godiva indica sua temperatura de plastificação e de trabalho. A de cor verde
possui o menor ponto de fusão, enquanto as de cores vermelha e cinza possuem maior
ponto de fusão. Esse material é comumente encontrado na forma de bastão (Figura 1A) e em
placas para moldagem completa de pacientes edêntulos (Figura 1B).3
Para desinfecção dos materiais termoplásticos, o molde deve ser imerso em solução
de glutaraldeído a 2% ou em solução de hipoclorito de sódio a 1%.5
MATERIAIS ELÁSTICOS
Dentre os materiais elásticos, encontram-se os hidrocoloides reversíveis, que são fluidos
quando aquecidos (70o a 100oC) e geleificam após seu esfriamento. Quando corretamente
utilizados, apresentam boa fidelidade de cópia. Contudo, os hidrocoloides reversíveis apresen-
tam poucas vantagens em relação aos hidrocoloides irreversíveis (alginato) (Figura 2) quando
usados para moldagens de PPRs.3
Os hidrocoloides irreversíveis não devem ser armazenados por muito tempo após a
moldagem, devem ser vazados imediatamente. A seleção da moldeira de estoque é
importante, uma vez que moldeiras muito pequenas irão produzir distorções pela
movimentação dos tecidos durante a moldagem; moldeiras excessivamente grandes
poderão levar à falta de material em algumas regiões, o que compromete o procedi-
mento de moldagem.6
A desinfecção dos hidrocoloides irreversíveis deve ser feita por spray de solução de
glutaraldeído a 2% ou por hipoclorito de sódio a 1%, e os moldes devem ser armaze-
nados em ambiente com 100% de umidade.5
A desinfecção dos materiais a base de mercaptanas deve ser feita por spray de
solução de glutaraldeído a 2%, ou por solução de hipoclorito de sódio a 1%, e,
posteriormente, o modelo deve ser recoberto por papel toalha encharcado pela
mesma solução e guardado em saco plástico selado por 10 minutos. Antes do vaza-
mento do modelo, deve-se lavar e secar o molde.4
O poliéter é incompatível com a reação de adição dos silicones, e seu uso em conjunto não é
recomendado. Os poliéteres possuem de baixa a moderada resistência ao rasgamento e
menor tempo de trabalho e de polimerização. A fluidez e a flexibilidade do poliéter são as
menores dos materiais elastoméricos, o que pode limitar seu uso para moldagens em PPR. Os
poliéteres são mais indicados para a moldagem periférica de próteses com extremida-
des livres.
Devido à sua capacidade de absorção de água, o poliéter não deve ser armazenado
em alta umidade e não pode ser imerso em soluções desinfetantes, é necessário o
spray de glutaraldeído a 2% para desinfecção.
O modelo com poliéter deve ser vazado dentro de 2 horas; contudo, os fabricantes alegam
que modelos clinicamente aceitáveis podem ser obtidos até sete dias após a moldagem,
desde que mantidos em ambiente seco.3
Os materiais à base de silicone possuem maior fidelidade de cópia e são mais fáceis de
utilizar. Dois tipos de silicones são encontrados:
polimerizados por reações de adição (Figura 5);
polimerizados por reações de condensação (Figura 6).
O tempo de trabalho do silicone por adição é de 3 a 5 minutos e pode ser facilmente contro-
lado com alteração na temperatura de manipulação. Em sua grande maioria, estão disponíveis
em dispositivos automáticos de mistura, podem ser vazados em até uma semana após a
moldagem e são estáveis na maioria das soluções desinfetantes. É necessário o uso de adesivos
para adesão em moldeiras individuais e são mais caros que os outros materiais de moldagem
elastoméricos.3
1. Associe os termos moldagem, molde e modelo com suas respectivas definições e assinale
a alternativa cujas associações estão corretas.
I – Moldagem
II – Molde
III – Modelo
A – É a impressão ou cópia negativa de uma estrutura ou superfície que servirá para
reproduzir a estrutura moldada.
B – É o ato técnico de obter-se o molde de uma estrutura ou superfície, que compreen-
de o ato de selecionar, manipular, inserir o material de moldagem em moldeira,
posicioná-la na boca do paciente e mantê-la imóvel até completa reação de presa do
material de impressão, e em seguida removê-la.
C – É a reprodução de uma estrutura ou superfície, a partir de um molde.
A) IA, IIB, IIIC.
B) IC, IIA, IIIB.
C) IB, IIA, IIIC.
D) IA, IIC, IIIB.
Resposta no final do artigo
Se a moldeira selecionada não envolver toda a superfície, ela deve ser conformada com cera
utilidade. Na maioria dos casos, a distância entre a moldeira e os tecidos do palato é maior
do que 5mm, o que possibilita que o alginato escoe antes da geleificação e o que resulta em
um molde mais preciso.1 Assim, é necessária a individualização da moldeira na área do palato
por meio de cera utilidade (Figuras 8, 9 e 10).
Na Figura 12, visualiza-se o alginato dispensado em cuba com a água previamente dosada.
Na Figura 14, observa-se aplicação de alginato com dedo indicador na superfície oclusal e no
espaço interproximal dos dentes, e na região do fundo do saco do vestíbulo.
Na Figura 15, visualiza-se a moldeira sendo inserida na boca do paciente com os tecidos da
bochecha sendo afastados suavemente.
A moldagem deve ser repetida caso haja dúvida sobre sua exatidão. Lavar o molde
em água corrente e remover a saliva da sua superfície, como se observa na Figura
17).
Uma vez finalizado o processo de limpeza do molde, o próximo passo é promover a sua
desinfecção com spray de solução de glutaraldeído a 2% ou de solução de hipoclorito de
sódio a 1% (Figura 18). Os moldes devem ser armazenados em ambiente com 100% de
umidade, 5,11 ou seja, deixando-os na cuba umidificadora (uma caixa plástica de tamanho
médio com tampa e esponjas de uso doméstico)11 por 10 minutos.
Na Figura 18, observa-se a desinfecção do molde feita com spray de solução de glutaraldeídeo
a 2% ou de solução de hipoclorito de sódio a 1%.
O vazamento do molde com gesso deve ser feito o mais rápido possível, após a
recuperação elástica (os 10 minutos utilizados para desinfecção), porque o alginato
pode sofrer alterações dimensionais denominadas embebição e evaporação,11
então são inadequadas, precárias e enganosas atitudes como manter o molde coberto
com um guardanapo ou um algodão embebido em água. Entretanto, se o modelo
não puder ser obtido imediatamente, o alginato fica mais estável quando o molde é
armazenado em recipiente com umidade relativa de 100%.
Outro fenômeno que ocorre com os hidrocoloides irreversíveis é a sinérese,11 processo onde
aflora do interior do gel um exsudato salino que interfere com a velocidade de presa do
gesso e a retarda. A quantidade de água para a cristalização do gesso mais superficial será
insuficiente e proporciona uma superfície porosa pouco resistente.
7. Qual é o procedimento adotado para se obter o molde em casos de pacientes que têm
saliva grossa e viscosa?
OBTENÇÃO DO MODELO
O modelo de estudo deverá apresentar uma superfície que resista ao desgaste durante
toda a fase de planejamento. O material de escolha é o gesso pedra tipo IV para a
região dos dentes, para o rebordo residual e o palato, e gesso pedra tipo III para a
base do modelo.2,4,12,13 Assim, a técnica de vazamento em duas etapas deve ser
empregada para todos os modelos utilizados em PPR, quer seja na fase de planeja-
mento quer seja na fase de confecção da estrutura metálica ou da prótese propria-
mente dita.
MODELOS DE TRABALHO
O material para a confecção da moldeira individual deve ser rígido, de tal maneira que não
deforme no momento da moldagem, e a resina acrílica o material mais indicado para esse
fim.
Para que o molde copie adequadamente as áreas críticas, é necessário que a moldeira
seja confeccionada com alívio suficiente para promover um espaço de 5 a 6mm
(espessura de 2 lâminas de cera 7) para o alginato ao redor dos dentes remanescentes,
e de 2 a 3mm (espessura de uma lâmina de cera 7) nas áreas desdentadas.
Deve-se eliminar uma porção de cera em três pontos equidistantes nos dentes, em áreas que
não receberam preparo, para criar, assim, um plano de parada para a moldeira na moldagem
e garantir a espessura ideal do alginato para a obtenção do molde (Figura 24).
Coloca-se o lençol de resina assim obtido sobre o modelo de gesso aliviado, para garantir
que a resina penetre nas perfurações feitas. Devem-se recortar os excessos. Após a
polimerização da resina, remove-se a moldeira do modelo, elimina-se a cera, recortam-se os
excessos (Figura 25).
13. Qual é o material utilizado para obtenção do molde e dos modelos de estudo em PPR?
15. Em que situações uma moldeira individual deve ser confeccionada para moldagem em
PPR?
16. Por que a resina acrílica é o material mais indicado para a confecção das moldeiras
individuais?
MOLDAGEM FUNCIONAL
Nos casos de PPR dentossuportadas, o modelo de trabalho é suficiente para a confecção da
base da prótese, uma vez que as forças oclusais são dirigidas ao longo eixo dos dentes
pilares. Assim, a base da prótese manterá uma relação de contato com a mucosa do rebordo
residual.14
A decisão pelo uso da técnica de moldagem fisiológica pode ser determinada pelos seguintes
testes:
adicione bases de resina acrílica (base de registro) à estrutura metálica;
posicione a estrutura metálica com a base de registro na boca do paciente e exerça
pressão digital sobre a(s) base(s).
Uma vez obtido o molde do selado periférico (Figura 27), deve-se desgastar o interior
da base da prótese para fornecer espaço ao material de moldagem, que deve ser
uma pasta de óxido de zinco e eugenol ou uma pasta de polissulfeto, de acordo
com as características de resiliência da fibromucosa de revestimento do rebordo
residual.
Deve-se avaliar bem o molde obtido para PPR, e qualquer causa de rejeição deve ser
considerada com cuidado.
A Figura 33 mostra a vista lateral do modelo de trabalho alterado com sulcos de retenção.
Na Figura 35, observa-se o gesso tipo III sendo vertido no modelo de trabalho alterado.
18. Conhecer os tipos de materiais dentários e sua função pode facilitar e tornar mais produ-
tivo o trabalho odontológico a quatro mãos. Assinale a alternativa que melhor corresponde
ao material de moldagem e seu uso.
A) Pasta de óxido de zinco e eugenol – confecção da prótese em resina.
B) Pasta óxido de zinco e eugenol – moldagem anatômica.
C) Alginato – moldagem anatômica.
D) Alginato – moldagem funcional.
Resposta no final do artigo
Pode-se concluir que apenas um modelo não é suficiente para confecção da PPR, uma vez
que é imperativo o planejamento das estruturas que compõem a prótese (sistema de suporte,
retenção, conexão, sela e dentes artificiais) e o preparo adequado da boca para receber a
estrutura planejada.
A moldagem em PPR deve registrar com precisão tecidos moles, mucosa bucal, ao mesmo
tempo em que registra tecidos duros (dentes).
Atividade 3
Resposta: C
Comentário: A moldagem funcional com godiva é utilizada em pacientes de extremidade
livre, ou seja, classificação I (duas extremidades livres ou bilaterais) e II (uma extremidade livre
ou unilateral) de Kennedy.
Atividade 5
Resposta: B
Comentário: São considerados materiais de moldagem elásticos, porque possuem flexibilidade.
Atividade 14
Resposta: B
Comentário: O alginato é um material elástico, pois recupera sua característica inicial sem
apresentar deformação permanente após a remoção, e é o mais utilizado para moldagens
em PPRs. As vantagens apresentadas pelos hidrocoloides irreversíveis são: possibilidade de
uso de moldeiras de estoque, sem a necessidade de equipamento especial ou de moldeiras
individuais; facilidade em controlar o tempo de presa pelo controle da temperatura da água,
estendendo-se o tempo com temperaturas mais baixas; maior facilidade de limpeza do paciente
quando comparados aos polissulfetos, além de não mancharem as roupas como os materiais
elastoméricos; maior facilidade de serem manipulados do que os materiais elastoméricos;
devido à sua maior elasticidade, sua remoção da boca após a moldagem é mais fácil; não são
afetados tão facilmente pela saliva como alguns dos materiais elastoméricos; seu tempo de
presa na boca é menor que o de vários outros materiais; por fim, são mais baratos do que
outros materiais de moldagem.
Atividade 15
Resposta: Nos casos em que uma moldeira de estoque não se adaptar à arcada dentária.
Atividade 18
Resposta: C
REFERÊNCIAS
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