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TETRACICLINAS

INTRODUÇÃO
• As tetraciclinas são antibióticos naturais ou semissintéticos,
derivados de diferentes espécies de Streptomyces. Introduzida
nessa prática clínica em 1948, eles têm atividade contra uma
ampla variedade de bactérias, a tetraciclina é considerada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fármaco
essencial. Devido aos seus efeitos adversos e ao desenvolvimento
de novas famílias de antibióticos, a sua utilização clínica foi
sentida nas últimas décadas
CLASSIFICAÇÃO

• As tetraciclinas são classificadas em três grupos com base em


seu tempo de desenvolvimento e suas características
farmacocinéticas:
I. Primeira geração
II. Segunda geração
III. Terceira geração
PRIMEIRA GERAÇÃO
A primeira geração, desenvolvida entre 1948 e 1963, são os agentes
menos lipofílicos e de pior absorção oral. Inclui os seguintes antibióticos:
• Clortetraciclina,
• Oxitetraciclina,
• Tetraciclina,
• Demeclociclina,
• Roliretraciclina,
• Limeciclina e
• Metaciclina.
Todos podem ser administrados por via oral,exceto a rolitetraciclina.
SEGUNDA GERAÇÃO
• A segunda geração, desenvolvida entre 1965 e 1972, apresenta
melhor absorção por via oral e é 3-5 vezes mais lipofílica que a
primeira geração, sendo que a doxiciclina e a minociclina
pertencem a este grupo.
• Ambos podem ser administrados por via oral ou intravenosa*
TERCEIRA GERAÇÃO
• A terceira geração, desenvolvida a partir de 1993, são as
glicilcidinas, que incluem a tigeciclina. Este antibiótico é
sintetizado a partir da modificação da minociclina.
TETRACICLINAS
• As tetraciclinas são construídas quimicamente a partir de um
núcleo central formado por quatro anéis fundidos arranjados
linearmente. Todos eles formam complexos quelantes com
diferentes cátions, como cálcio, magnésio ou ferro, que os
tornam insolúveis em água, o que dificulta sua absorção.
ESPECTRO DE ATIVIDADE

• As tetraciclinas são antibióticos com amplo espectro de atividade


contra vários grupos de bactérias aeróbicas e anaeróbias, incluindo
bactérias rickettsiais, micoplasmas, espiroquetas, micobactérias e
até mesmo alguns protozoários.
• Sua atividade é boa contra bactérias gram-positivas. A porcentagem
de resistência de S. aureus e Streptococcuspyogenes é inferior a 5%
f, mas pode ser superior a 80% no caso de Streptococcus agalactiae
e enterococos, portanto, não são adequados para tratar processos
causados ​por esses dois últimos tipos de bactérias.
ESPECTRO DE ATIVIDADE

• No caso do Streptococcus pneumoniae, houve uma inversão no percentual de


resistência nas últimas décadas: na década de 80 do século XX, na Espanha,
até 80-90% dos pneumococos eram resistentes às tetraciclinas, contra 10%. %
atual em cepas isoladas em caso de pneumonia e 20% em cepas de pacientes
com exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
• No caso dos bacilos gram-positivos, as tctraciclinas apresentam atividade
contra Corynebacterium sp., L monocytogenes, a maioria das espécies de
Clostridium e Batillus anthracis. Actividade contra Nocardia sp. é variável,
mas se a cepa for sensível, constituem uma excelente opção de tratamento,
dada a sua boa difusão nos tecidos.
ESPECTRO DE ATIVIDADE

• Com relação aos bacilos gram-negativos, apresentam atividade


variável contra Escherichia coli, Vibrio sp,.t Bntcella sp., Yersinia
sp., Legion she pneumophild> Plesiomonas shige-lloides,
Aeromonas sp. e Neisseria gonorrhoeae. Na Espanha, a
porcentagem de resistência do Helicobacter pyhri é inferior a 1%.
• No caso de bactérias anaeróbicas, o percentual de resistência
atinge atualmente valores acima de 50%*
ESPECTRO DE ATIVIDADE

• Sua atividade é excelente contra Rickettsia sp. e Coxiella burnetiu,


por isso são considerados tratamento de primeira escolha para
infecções causadas por esses microrganismos.
Sua atividade contra Mycoplasma sp. e Chlamydia sp. é semelhante
ao dos maer!ids. Eles também são ativos contra outras bactérias,
como algumas espiroquetas (incluindo Treponema pallidum e
Borrelia burgdorferi), algumas micobactérias não tuberculosas (M.
marinum, M. fortuitum e M. chelonaé) e protozoários como
Plasmodium falciparum, Entamoeba histolytica e Balantidium colu
MECANISMO DE AÇÃO

• As tetraciclinas são capazes de atravessar a parede externa de


bactérias gram-negativas através de porinas de difusão passiva
do tipo OmpF e OmpC, na forma de catião formado pela
combinação de tetraciclina e magnésio. No espaço
periplasmático, o complexo se dissocia e a tetraciclina se
difunde no citoplasma através da membrana celular por meio de
um mecanismo dependente de energia.
MECANISMO DE AÇÃO

• Seu mecanismo de ação baseia-se na inibição da síntese de proteínas


bacterianas por meio de sua capacidade de interferir reversivelmente na
fração 3OS dos ribossomas.
• A reversibilidade dessa união é o que explica por que eles atuam como
antibióticos bacteriostáticos em vez de bactericidas. Eles se ligam com alta
afinidade à subunidade 30S do ribossoma bacteriano, impedindo que o RNA
de transferência se ligue ao complexo de mRNA ribossomal. Como
consequência, a incorporação de aminoácidos durante a síntese protéica é
paralisada.
FARMACOCINÉTICA
• As tetraciclinas são administradas principalmente por via oral, embora
algumas possam ser administradas por via intravenosa, como
mencionado acima. A administração intramuscular é muito dolorosa,
portanto esta via não é utilizada. A absorção no trato digestivo ocorre no
estômago e no intestino delgado.
• No caso da doxiciclina e da minociclina, a absorção pode atingir 90-
100% da dose administrada, independentemente de serem ingeridas
com alimentos ou não. A administração com preparações contendo ferro
pode diminuir significativamente sua absorção pelo trato digestivo.
FARMACOCINÉTICA
• A administração com leite ou com preparações contendo
magnésio, cálcio, bismuto ou alumínio pode diminuir
ligeiramente a sua absorção.
REAÇÕES ADVERSAS

• As tetraciclinas são, em geral, drogas bem toleradas e com


poucos efeitos adversos As manifestações adversas mais
frequentes são gastrointestinais (náuseas, vómitos, diarreia). A
doxiciclina é geralmente a tetraciclina mais bem tolerada do
ponto de vista dos efeitos adversos digestivos. A colite
pseudomembranosa por Clostridium difficile também foi
relatada como efeito colateral da terapia com tetraciclina.
REAÇÕES ADVERSAS

• Um efeito adverso característico das tetraciclinas, embora raro, é o


desenvolvimento de úlceras esofágicas. Para evitar essa possibilidade,
recomenda-se administrar as tetraciclinas com bastante água (pelo
menos 200-250 ml) e evitar deitar por no mínimo 2 horas após a
ingestão de cada dose.
• Um efeito adverso evitável é a fotossensibilidade, comum a todas as
tetraciclinas. Portanto, é importante lembrar ao paciente que evite a
exposição direta ao sol durante o tratamento e use chapéu e cremes de
fotoproteção durante as atividades ao ar livre.
REAÇÕES ADVERSAS

As tetraciclinas podem causar reações de hipersensibilidade, em menor


grau com minociclina ou doxiciclina. Nesse sentido, têm sido descritos
quadros de urticária, rash cutâneo fixo, dermatite esfoliativa, edema
periorbitário e, excepcionalmente, quadros de anafilaxia.
As tetraciclinas, especialmente a minociclina, são drogas com toxicidade
neurológica, geralmente na forma de manifestações clínicas devido a
alterações no sistema vestibular (vertigem, ataxia de marcha, zumbido).
Reações adversas

A alteração da flora saprófita favorece o desenvolvimento de candidíase


oral ou vaginal em mulheres tratadas com tetraciclinas. Outros efeitos
adversos relatados com essas drogas são pseudotumor cerebral, quadro
clínico semelhante ao lúpus, piora do bloqueio neuromuscular induzido
por outras drogas ou diabetes insípido nefrogênico.
A administração de tetraciclinas é contra-indicada em crianças menores de
8 anos de idade e em mulheres grávidas ou lactantes. Essa recomendação é
baseada na deposição que ocorre das tetraciclinas nos ossos e dentes do
feto ou da criança, o que causa uma coloração acinzentada irreversível dos
dentes e gengivas.
REAÇÕES ADVERSAS

A displasia gengival, a hipoplasia dentária e as deformidades ósseas


também foram descritas como efeitos adversos desses antibióticos.
I,a hepatotoxicidade, incluindo insuficiência hepática fulminante, foi
classicamente descrita em gestantes ou em pacientes com insuficiência
renal tratados com altas doses de tetraciclinas.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
As tetraciclinas podem apresentar interação clinicamente relevante
com outros grupos de drogas. Alguns antiepilépticos, como fenitoína e
carbamazepina, e barbitúricos podem induzir o metabolismo hepático
das tetraciclinas e, consequentemente, diminuir sua atividade
antibacteriana. Este efeito também pode ocorrer se forem administrados
com rifampicina ou etanol.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
A eficácia dos contraceptivos orais pode ser diminuída se forem
administrados juntamente com as tetraciclinas. A ação dos
anticoagulantes orais deve ser rigorosamente monitorada pela
determinação do tempo de protrombina ou do tempo de tromboplastina
parcial ativada quando administrados juntamente com esse tipo de
antibiótico, pois sua atividade pode estar aumentada.
INDICAÇÕES

• As tetraciclinas são consideradas antibióticos de primeira escolha ou


uma alternativa razoável para uma ampla gama de infecções.
Geralmente são administrados em quatro doses diárias, mas
den1eclociclina e nunociclina pode ser administrado em doses duas
vezes ao dia, e a doxiciclina em dose diária. A minociclina é
administrada em doses 50-100 mg a cada 1 2 horas e doxiciclina em
doses de I 00 mg a cada 12-24 horas.
INDICAÇÕES

• Antibióticos de primeira escolha são considerados, especialmente


doxiciclina, para o tratamento da brucelose (e11combinação com um
aminoglicosídeo) e cólera (ou outro infecções causadas por bactérias
do mesmo grupo,como Vibrio vulnificus ou Vibrio
parahaemolyticus).
INDICAÇÕES

• A doxiciclina também é o tratamento de escolha na primeira fase


doença de Lyme causada por B. burgdorferi (em nesta primeira fase,
a lesão cutânea denominada eritema migratório crônico).
• Nas infecções causadas por Rickettsia sp.
• A doxiciclina pode ser utilizada para o tratamento de vários
microrganismos causadores de doenças de transmissão sexual,
especialmente Chlamydia trachomatis.
INDICAÇÕES

• Também pode ser usado para tratar o granuloma inguinal (Klebsiella


granulomatis) e é uma alternativa para o tratamento de sífilis em
pacientes alérgicos a B-lactâmicos em aqueles que não podem ser
dessensibilizados a esses antibióticos.
• A doxiciclina é também uma alternativa para condições gástricas
produzidas por ácido por H pylori.
INDICAÇÕES

• As tetraciclinas, especialmente a doxiciclina, são usadas para o


tratamento da doença de Whipple (J'rophery ma whipplei) em
combinação com hidroxicloroquina (este composto alcaliniza a
lisosso1na bacteriana e permite a atividade antibacteriana do
antimicrobiano).
CONTRA-INDICAÇÕES

• Não deve ser usado durante a gravidez nem enquanto se amamenta,


pois pode causar danos permanentes aos ossos e dentes do bebê. Não
deve ser usada por menores de oito anos.
• Torna menos eficiente alguns pílulas anticoncepcionais. Seu efeito é
reduzido quando consumida menos de 2 horas antes ou depois de
consumir suplementos vitamínicos ou minerais (especialmente
suplementos de cálcio ou ferro), antiácidos ou laxantes. Aumenta a
sensibilidade da pele a queimaduras pelo sol.

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