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Centro de Ensinos Superiores de Maceió (CESMAC)

Curso de Farmácia

Inibidores da Síntese Proteica


Bacteriana
Prof. Dr. Igor José dos Santos Nascimento

Graduação em Farmácia – UFAL


Especialista em Farmacologia Clínica – IBRAS
Mestre em Ciências Farmacêuticas – UFAL
Doutor em Química e Biotecnologia – UFAL
Síntese
Proteica
Classe de
Antibacterianos
Fármacos
• Macrolídeos: Eritomicina, Azitromicina e Claritomicina.

• Cloranfenicol

• Tetraciclinas: Tetraciclina, Doxiciclina e Minociclina

• Aminoglicosídeos: Amicacina, Gentamicina, Netilmicina,

• Estreptomicina e Tobramicina.

• Lincosamidas

• OXAZOLIDINONAS (LINEZOLIDA)
MACROLIDEOS E CETOLIDEOS
• ERITROMICINA.

• Protótipo natural: Streptomices erythreus.

• Limitações:
• - Crescente resistência bacteriana;
• - Pequeno espectro (cocos e alguns bacilos, ambos G+ e G-);
• - Instabilidade em meio ácido;
• - Efeitos adversos no TGI;
• - Necessidades de 3 a 4 administrações diárias.

• OBS: alimentos!

• OBS: inibição do CYP3A4!


MACROLIDEOS E
CETOLIDEOS
• Os antibióticos macrolídeos contêm
um anel de lactona de muitos
membros (anéis de 14 membros
para a eritromicina e a
claritromicina e de 15 para a
azitromicina) ao qual estão fixados
um ou mais desoxiaçúcares

Clindamicina
MACROLIDEOS E CETOLIDEOS
• ERITROMICINA

• A eritromicina é habitualmente bacteriostática, mas em altas


concentrações pode ser bactericida contra microrganismos muito
sensíveis. O antibiótico exibe maior atividade in vitro contra
cocos gram-positivos aeróbicos e bacilos

• Ligam-se à subunidade 50S do ribossomo inibindo a síntese


proteica RNA-dependentes, o que lhes confere uma ação
BACTERIOSTÁTICA (que também pode ser bactericida) por
inibir a transpeptidação e a translocação, resultando em
peptídeos incompletos.
MACROLIDEOS E CETOLIDEOS
ERITROMICINA
• Mesmos M.O da Penicilina G

• Fármaco de escolha para:


• Chlamydia: ***uretra, endocérvix, reto e epidídimo (alternativa à
teraciclina);
• *** Infecções urogenitais (gravidez)

• Pneumonia por Mycoplasma


• Sífilis: pacientes alérgicos
• Ureaplasma: uretrite no homens e nas mulheres (trato genital)
• Corynebacterium diphtherae
• Legionella pneumophila (moléstia dos legionários)
MACROLIDEOS E
CETOLIDEOS
• NOVOS DERIVADOS: AZITROMICINA e
CLARITROMICINA
• Vantagens:
• - Melhor farmacocinética.
• - Melhor estabilidade em meio ácido;
• - ↑disponibilidade por VO;
• - Maior duração de efeito;
• Menores efeitos indesejáveis sobre TGI;
• Maior espectro de ação!
MACROLIDEOS E
CETOLIDEOS
Uso Clínico:

• Infecções das vias aéreas e pele;

• Tratamento de pneumonia e conjuntivite;

• Infecções pélvicas (sobretudo na gravidez:


eritromicina)

• Tétano (em pacientes alérgicos a penicilina)


MACROLIDEOS E CETOLIDEOS
Efeitos Colaterais:

ERITROMICINA
• Efeitos adversos GI (dor epigástrica, diarréia, náusea e vômito),
particularmente em crianças;

• Necessidade de múltiplas doses diárias e o regime de


tratamento é prolongado.

CLARITROMICINA E AZITROMICINA:
• baixa incidência de efeitos GI (menos efeitos quando comparadas a
eritromicina).
MACROLIDEOS
E CETOLIDEOS

O tratamento contra H. pylori é feito com 3 fármacos por 14 dias com: Um


inibidor da bomba de prótons (Omeprazol, Pantoprazol ou Lansoprazol) +
dois antibióticos (Claritromicina e Amoxicilina ou Claritromicina e
Metronidazol)
MACROLIDEOS E CETOLIDEOS
Interações:

• Teofilina, varfarina, carbamazepina, ergotamina, midazolam, prednisolona,


bromocriptina, entre outros.

• Eritromicina e claritromicina são potentes inibidores da CYP3A4


(RUBINSTEIN, 2001). Existem relatos de arritmia ventricular severa e, até
fatais, provocadas pela administração da cisaprida (utilizada para o
tratamento de refluxo esofágico) com estes inibidores do citrocromo P450
(WYSOWSKI e BACSSANYI, 1996; MICHALETS et al., 1998; VIRAMONTES et
al., 2002).
TETRACICLINAS E GLICILCICLINAS
• Origem natural, semi-sintética ou sintética;

• Classificação:
• - Ação curta: OXITETRACICLINA e TETRACICLINA
• - Ação intermediária: DEMECLOCICLINA
• - Ação longa: DOXICICLINA e MINOCICLINA

• Agem contra bactérias:


• - Cocos G+ e G-;
• - Enterobactérias: E. coli, Klebsiella, Proteus, Salmonella shiguella;
• - Vibrio cholerae;
• - Actinobacillus;
• - Mycoplasma e Chlamydia;
TETRACICLINAS
E
GLICILCICLINAS

• Mecanismo de ação. As tetraciclinas e as glicilciclinas inibem a síntese


de proteínas bacterianas pela sua ligação ao ribossomo bacteriano 30S,
impedindo o acesso do aminoacil-tRNA ao local aceptor (A) no complexo
mRNA-ribossomo
TETRACICLINAS E
GLICILCICLINAS
• Mecanismos de resistência às
TTCs:

1 – Diminuição da absorção do
fármaco.
2 – Efluxo.
3 – Diminuição da afinidade
(mutações cromossomais
ribossômicas)
TETRACICLINAS E
GLICILCICLINAS
FARMACOCINÉTICA

• Ótima penetração nos tecidos: saliva, dentina, esmalte, unhas,


pele, fígado, rim, músculo, osso e humor aquoso;

• Atravessam a BHP e encontram-se em altas concentrações no leite


materno.

• Minociclina e Doxiciclina – doses intercalares de 12h. Apresenta


rápida absorção e não sofre interferência com alimentos;

• OBS: Tetraciclinas – absorção incompleta! Formação de Quelatos


(Ca+2, Mg+2, Fe+2, Al+3, antiácidos e bicarbonato de sódio).
• Ingerir antes ou muito após as refeições!!!
TETRACICLINAS E GLICILCICLINAS

EFEITOS INDESEJÁVEIS

Intolerância gastrointestinal: nauseas, vômitos, pirose, epigastralgia;

Raras reações de hipersensibilidade;

Superinfecções gastrointestinais: candidíase oral, diarréia.

OBS: Tetraciclina – grande toxicidade!


- GESTANTES
Má-formações dentárias e ósseas
Lesão hepática grave
- CRIANÇAS
Pigmentação castanha e permanente dos dentes e hipoplasia do esmalte e dentina.
TETRACICLINAS
E
GLICILCICLINAS

CONTRA-INDICAÇÕES

Gestantes, lactantes e crianças


menores que 11 anos.
TETRACICLINAS E
GLICILCICLINAS
Interações:

• O uso simultâneo com antiácidos pode resultar em


uma redução da absorção das tetraciclinas orais.

▪ Carbamazepina, barbitúricos e álcool diminuem a


meia-vida da Doxiciclina

▪ Cimetidina

▪  anticoagulantes orais

▪  anticoncepcionais
Cloranfenicol

• O cloranfenicol, um antibiótico produzido


pelo Streptomyces venezuelae, foi introduzido
na prática clínica em 1948. Com a
disseminação do uso, tomou-se evidente que o
fármaco podia provocar discrasias sanguíneas
graves e fatais. Por esse motivo, é reservado
hoje para o tratamento de infecções
potencialmente fatais (p. ex., meningite,
infecções por riquétsias) em pacientes que não
podem receber fármacos alternativos mais
seguros por causa de resistência ou alergias
Cloranfenicol

Mecanismo de Ação.
Difunde-se através da
membrana celular bacteriana
e se liga de forma reversível à
subunidade 50S dos
ribossomos bacterianos, onde
evita a transferência de
aminoácidos às cadeias
peptídicas em formação
(reação da peptidil
transferase).
Cloranfenicol
FARMACOCINÉTICA

• É absorvido com facilidade e por completo no trato gastrintestinal.

Distribui-se por todo o organismo de forma ampla, porém não uniforme.

Atinge as concentrações mais altas no fígado e no rim.

Atravessa a placenta e as concentrações séricas fetais podem ser de 30 a 80% dos


níveis séricos maternos.

Alcança concentrações terapêuticas nos humores aquoso e vítreo do olho.


Cloranfenicol

FARMACOCINÉTICA

• No LCR, as concentrações podem ser de


21 a 50% das séricas, através de
meninges não inflamadas, e de 45 a 89%
através de meninges inflamadas.

• O metabolismo é hepático, 90%


conjugados a glicuronídeo inativo.
Cloranfenicol
ESPECTRO DE AÇÃO

G+, G-, Sthaphylococcus e Streptococcus;

Actinomicetos e espiroquetas;

Tratamento de meningites pediátricas;

Febre tifóide e infecções por anaeróbios e Mycoplasma.


Cloranfenicol
EMPREGOS CLÍNICOS

Usos Sistêmicos:
- Infecções por Salmonella typhi;
- Meningites, epiglotites ou pneumonia causadas por H. influenzae;
- Infecções meningocócicas ou pneumocócicas do SNC em pacientes sensíveis a β-lactâmicos;
- Infecções anaeróbias do SNC;

Uso tópico

- Infecções oftalmológicas e otológicas;

OBS: em geral deve ser reservado para graves nas quais outros antibióticos menos tóxicos sejam
ineficazes ou contra-indicados.
Cloranfenicol
EFEITOS INDESEJÁVEIS

• Toxicidade na MO
- Inibição da síntese proteica mitocondrial nas
células da M.O.;
- Anemia reversível (dose-dependente);
- Anemia aplásica medular idiossincrática (fatal,
dose-independente);
• Intolerância digestiva;
• Hipersensibilidades;
• Síndrome Cinzenta do Recém-Nascido
Cloranfenicol
• PRECAUÇÕES

• Não utilizar em pacientes


imunocomprometidos;
• Evitar em crianças e gestantes;
• Evitar ou diminuir as doses em
pacientes com insuficiência renal ou
hepática graves;
• Evitar o uso com agentes
imunizantes (vacinas);
Aminoglicosídios
ESTREPTOMICINA (1943);
• Excitante descoberta por matar bactéria
que as penicilinas não matam (M.
tuberculosis);
• Absorção:
- Oral: insatisfatória;
- Administração EV, IM ou SC.
Distribuição
- Baixos níveis liquóricos e tissulares;
- Elevados níveis: córtex renal e linfas.
Aminoglicosídios
 Penetram na célula bacteriana
através de um sistema de transporte
oxigênio-dependente, inexistente em
bactérias anaeróbias ou nos
estreptococos;

Estreptococos e anaeróbios são


naturalmente resistentes e este grupo
de antibióticos.
Aminoglicosídios
CLASSIFICAÇÃO

▪Estreptomicina (Streptomyces)
▪Família das Gentamicinas: Gentamicina e Sisomicina
(Micromonospora)
▪Netilmicina (semi-sintética)
▪Família das Canamicinas: Canamicina e Tobramicina
(Streptomyces)
▪Amicacina (semi-sintética)
▪Família das Neomicinas: Neomicina B e paromomicina
(Streptomyces)
Aminoglicosídios

MECANISMO DE AÇÃO
- Penetram na parede celular e na
membrana, ligando-se aos ribossomos na
subunidade 30S, bloqueando a fase inicial
do processo, levando ao erro na leitura de
RNA mensageiro provocando a morte das
bactérias.
Aminoglicosídios
ESPECTRO DE AÇÃO
• Bactérias aeróbias
- G+ (Staphylococcus) e G- (Enterobactérias);

M. tuberculosis
- Estreptomicina
• Pseudomonas sp.
• - Gentamicinas, Tobramicina e Amicacina;
Inativos contra:
• - Anaeróbios, Chlamydia, Mycoplasma, vírus, fungos.
Aminoglicosídios
EFEITOS INDESEJÁVEIS

Nefrotoxicidade (reversível) – 8 a 26%;

Ototoxicidade vestibular e coclear (pode ser


irreversível);
Neurotoxicidade;
Bloqueio neuromuscular (apnéia);
 Alergia (previamente sensibilizados);
Distúrbios TGI

OBS: contraindicado em gestantes!!!


Aminoglicosídios

GENTAMICINA
- Septicemia, infecções urinárias, tratamentos de
queimados;
- Tratamento local em casos de osteomielite crônica.

NEOMICINA
- Restrito a infecções superficiais de pele e conjuntivite
bacteriana;
- Uso intestinal e em queimados;
- Reduz microbiota intestinal;
- Há muitos medicamentos no Brasil com Neomicina
associada;
Aminoglicosídios

AMICACINA
- Resistente à inativação produzidas pelas enterobactérias;
- Infecções hospitalares e pacientes imunocomprometidos;
- Fármaco de 1ª Escolha – Pseudomonas e Enterobactérias.

ESTREPTOMICINA
- M. tuberculosis;
- Brucella sp.;
- Yersinia sp.;
- Endocardites bacterianas;
- Não é absorvida por VO (infecções intestinais: E. coli, Salmonella)
LINCOSAMIDAS
(CLINDAMICINA)

LINCOMICINA (natural) e CLINDAMICINA


(semi-sintética) formam o grupo das
lincosamidas;
• Tem maior taxa de absorção por VO,
maior espectro bacteriano e menor taxa
de resistência;
• Indicada em infecções por MO aeróbios
cocos G+ e anaeróbios G+ e G-;
• Resultados semelhantes aos da
Penicilina;
• Efeitos adversos limitam o seu uso.
LINCOSAMIDAS
(CLINDAMICINA)
MECANISMO DE AÇÃO
• Inibem a síntese proteica
bacteriana ligando-se de
forma irreversível à
subunidade 50S do
ribossomo, resultando em
erro na decodificação
proteica.
LINCOSAMIDAS
(CLINDAMICINA)

EFEITOS INDESEJÁVEIS

Glossite, estomatite e gosto metálico


na boca

Desconforto abdominal, náusea,


vômito e dispepsia
Diarréia em 10% dos pacientes
OXAZOLIDINONAS
(LINEZOLIDA)
Atividade antimicrobiana.

• A linezolida é ativa contra microrganismos gram-


positivos, incluindo estafilococos, estreptococos,
enterococos, cocos gram-positivos anaeróbicos e
bastonetes gram-positivos, como Corynebacterium
spp. e Listeria monocytogenes

• Tem pouca atividade contra a maioria das bactérias


gram-negativas aeróbicas ou anaeróbicas.

• Bacteriostática contra enterococos e estafilococos e


bactericida contra estreptococos
OXAZOLIDINONAS
(LINEZOLIDA)
Mecanismo de ação e resistênda às
oxazolidinonas.

• A linezolida inibe a síntese de proteínas


através de sua ligação ao local P da
subunidade 50S do ribossomo, impedindo
a formação do maior complexo fMet-
tRNA-ribossômico, que dá início à síntese
de proteínas
OXAZOLIDINONAS (LINEZOLIDA)
FARMACOCINÉTICA

• Boa absorção oral, administrada


com ou sem alimento;
• Biodisponibilidade oral que se
aproxima de 100%, a dose para
preparações orais e intravenosas é
igual.
OXAZOLIDINONAS (LINEZOLIDA)
Uso Terapêutico

• Infecções causadas por E. faecium resistente à vancomicina.


• Infecções cutâneas e de tecidos moles (pé diabético e infecções de
pele)
• Infecções do trato respiratório (Pneumonia)

“A linezolida deve ser reservada como agente alternativo para o


tratamento de infecções causadas por cepas resistentes a múltiplos
fármacos. Não deve ser utilizada quando houver outros agentes
provavelmente eficazes (p. ex., pneumonia adquirida na comunidade,
embora seja indicada para essa situação). O uso indiscriminado e o
emprego excessivo do fármaco irão acelerar a seleção de cepas
resistentes, levando à perda desse mais novo valioso agente”
OXAZOLIDINONAS (LINEZOLIDA)
EFEITOS ADVERSOS

• Toxicidade hematológica
(Mielossupressão, As contagens
de plaquetas devem ser
monitoradas em indivíduos com
risco de sangramento, com
trombocitopenia pré-existente ou
distúrbios intrínsecos ou
adquiridos da função plaquetária)
OXAZOLIDINONAS
(LINEZOLIDA)
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

• A linezolida é um inibidor fraco e


inespecífico da monoaminoxidase

• Síndrome da serotonina, caracterizada por


palpitações, cefaleia ou crise hipertensiva
Exercícios
T.V., 4 anos, recém diagnosticado com Meningite bacteriana. O
emprego de Minociclina se justifica? Explique. Sabendo que o paciente
é alérgico à penicilina, qual a classe de antibiótico mais indicada para o
caso? Cite um fármaco da classe e explique seu mecanismo de ação.
Obrigado !

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