Você está na página 1de 18

Cloranfenicol

Belmiro Parada
Unidade Integrada de Patologia e Terapêutica Médica

FMUC, 2015
FENICÓIS
1947 → CLOROMICETINA  “Str. venezuelae”

Descoberta a sua estrutura química

Síntese

CLORANFENICOL
Cloranfenicol: estrutura

Derivado do ácido dicloroacético. Contém um anel nitrobenzeno.


Cloranfenicol: mecanismo de acção

Inibição da síntese proteica bacteriana (e em menor extensão das células eucarióticas) por
ligação reversível* à subunidade 50 S do ribossoma.
*Efeito bacteriostático; bactericida para algumas espécies (H. influenzae, N. meningitidis, S.
pneumoniae)
Mecanismos de resistência

1. Inactivação enzimática
(acetiltransferases)
2. ↓ Permeabilidade (E. Coli;
Pseudomonas)
3. Mutação ribossómica
Farmacocinética: princípios gerais
Absorção • Via oral:
• Absorção rápida e completa do tracto g.i.
• Não afectada por alimentos ou iões metálicos.
• Via parentérica:
• Reservada para situações graves (meningite,
septicémia) ou C.I. Via oral (ex.º vómitos)
Distribuição • Boa distribuição nos fluidos corporais:
• LCR, bílis, passa a placenta, leite materno
• Pode acumular no cérebro
• 50-60% ligado a albumina (↓ nos insuf. hepáticos e
crianças)
Farmacocinética: princípios gerais
Metabolismo / • Inactivação hepática por uma glucuroniltransferase (ajustar
Eliminação
dose nos insuficientes hepáticos).
• Excrecção renal: 75-90% metabóltio inactivo; 5-10%.
formas biologicamente activas mas não é necesário ajustar
dose na insuficiência renal.
• Eliminação renal por secrecção tubular e filtração
glomerular.
• Semi-vida 1,5-3,5 horas.
• Variabilidade no metabolismo e farmacocinética nos
recém-nascidos, bebés e crianças, especialmente com
administração concomitante de agentes que ↑ metabolismo
(fenobarbital, fenitoína, rifampicina)
Cloranfenicol: espectro de acção
Largo espectro
Gram + e Gram –; Aeróbias e anaeróbias
Gram + • Streptococcus pneumoniae, pyogenes, agalactiae
• Staphylococcus aureus: menos sensíveis.
Gram – • H. Influenzae, Neiserria meningitidis e gonorrhoeae, Brucella, Bordetella
pertussis: > 95% sensíveis
• E. Coli, Klebsiella pneumoniae: sensíveis (>75%)
• Vibrio cholerae: sensível
• Proteus mirabilis e spp: 50% sensíveis.
• Pseudomonas aeruginosa: resistente
• Shigella e Salmonella: resistências crescentes
Anaeróbios • Clostridium spp; Bacteroides fragilis

Outros • Mycoplasma, Chlamydia, Rickettsiae


Usos terapêuticos (I)
O uso do cloranfenicol deve ser limitado a infecções (graves) em
que os benefícios superem a toxicidade potencial e em que não haja
alternativas com melhor perfil de eficácia/segurança.
Deixou de ser a 1.ª opção para qualquer infecção bacteriana.
Em praticamente todos os casos, há alternativas disponíveis.

Infecção Comentários

Febre tifóide (Salmonella typhi) e Cefalosporinas 3.ª G e quinolonas: 1.ª opção.


outras Salmoneloses (osteomielite, Resistências crescentes ao cloranfenicol
meningite, septicémia)

Meningite bacteriana
• H. Influenzae • Cefalosporinas 3.ª G
• N. Meningitidis • Alternativa nas alergias a β-lactâmicos
• S. pneumoniae • Alternativa nas alergias a β-lactâmicos
Usos terapêuticos (II)

Infecção Comentários

Infecções por anaeróbios (intra- Raramente indicado; alternativas


abdominais, abcessos cerebrais)

Rickettsiae Tetraciclinas são preferíveis.


Hipersensibilidade às Tetraciclinas, ↓função renal,
grávidas, crianças < 8 anos são opção.

Brucelose Tetraciclinas 1.ª escolha


Reacções adversas (I)

1. Toxicidade hematológica:
1. Efeito dependente da dose: anemia, leucopenia, trombocitopenia. Pode progredir a
aplasia fatal. Alguns dos que desenvolvem hipoplasia crónica, têm risco de leucemia
mieloblástica. Geralmente reversível com suspensão.
2. Efeito idiossincrático, independente da dose: anemia aplásica. Mais frequente na
exposição repetida e prolongada, predisposição genética, administarção oral. Rara
(1/30 000 exposições) mas alta taxa de mortalidade. Risco ↑ de leucemia aguda nos
que recuperam.
2. Síndrome cinzento do recém-nascido: vómitos, nega alimentar, distensão
abdominal, respiração irregular, cianose, hipotermia, colapso vasomotor e morte em 40%.
Causas: incapacidade de glucuronoconjugação hepática e inadequada excrecção renal.
Reacções adversas (II)

3. Gastrointestinal: náuseas, vómitos, sabor desagradável, diarreia, irritação perineal.


4. Reacções de hipersensibilidade: rash cutâneo, febre, angioedema (raro).
5. Outras: visão turva, parestesias digitais.

Interacções farmacológicas
1. Cloranfenicol inibe enzimas do citocromo P450 e pode prolongar semi-vidas de
vários fármacos: varfarina, dicumarol, fenitoína, clorpropamida, inibidores das proteases,
rifabutina, tolbutamida.
2. Alguns fármacos alteram eliminação renal de cloranfenicol: ex.º rifampicina encurta a
sua semi-vida.
Cloranfenicol e gravidez

FDA pregnancy category C:


Chloramphenicol has been assigned pregnancy category C by the FDA. Animal studies have
not been reported. There are no controlled data in human pregnancies. Oral
chloramphenicol crosses the placenta. While there are no literature reports linking the use of
chloramphenicol in pregnancy to birth defects, use late in pregnancy has been
associated with adverse effects in the neonate (i.e. gray baby syndrome).
Chloramphenicol should only be given during pregnancy when benefit
outweighs risk. Use near term is considered contraindicated by some experts.

http://www.drugs.com/pregnancy/chloramphenicol.html
Cloranfenicol e amamentação

Chloramphenicol is excreted into human milk. Adverse effects have been noted in nursing
infants, including refusal of the breast, intestinal gas, and heavy vomiting. In addition, there
is a theoretic risk of idiosyncratic bone marrow suppression and Gray Syndrome in the
infant. For this reason, use of chloramphenicol during lactation is considered to be
of concern by the American Academy of Pediatrics and contraindicated by
others. The manufacturer recommends that due to the potential for serious adverse
reactions in nursing infants, a decision should be made to discontinue nursing or
discontinue the drug, taking into account the importance of the drug to the mother.

http://www.drugs.com/pregnancy/chloramphenicol.html
Cloranfenicol e amamentação

http://www.e-lactancia.org/producto/378
Referência “base” das
apresentações sobre antibioterapia
Artigos de interesse

Você também pode gostar