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Micoses
• Micoses: infecções causadas por fungos
✓Podem acometer pele, pelo, unhas, outros sistemas
✓Superficiais
✓Profundas
Tratamento
• Tratamento medicamentoso:
✓Local/Tópico
✓Sistêmico
✓Associado e associações
Lesões locais, disseminadas, sistêmicas, superficiais, profundas...
Qual a afecção
Espécie, idade do paciente, estado nutricional, afecções concomitantes...
Condições clínicas do animal
Medicamentos Antifúngicos
• Classe dos azóis: dois grupos:
o Imidazóis: atuam ao nível do citocromo P-450, por inibição da 14α-desmetilase, que é
responsável pela transformação do lanosterol em ergosterol => inibe, assim, a síntese
da membrana celular => impede o crescimento do organismo; altera
✓Atividade antifúngica de amplo espectro; são ativos contra algumas bactérias, principalmente as gram-positivas
✓Cetoconazol, clotrimazol, miconazol e econazol
o Triazóis: grande eficiência e menor toxicidade para mamíferos
✓Mecanismo de ação igual ao dos imidazóis, mas, diferentemente dos imidazóis, os triazóis têm alta afinidade pelo P-450
fúngico, não apresentando afinidade pelo P-450 de mamíferos.
✓Fluconazol, itraconazol, terconazol, voriconazol, ravuconazol e posaconazol
IMIDAZÓIS - Cetoconazol
• superficiais e sistêmicas
✓Tem apresentação oral e tópica
✓Absorção facilitada por pH ácido
- Antiácidos e antagonistas histaminérgicos H2 (p. ex., cimetidina), diminuem a absorção;
✓Distribui-se pelo organismo; baixos níveis no líquido cefalorraquidiano;
✓Atravessa a barreira placentária – teratogênico/embriotóxico – fetos mumificados/aborto;
✓Elevação de enzimas hepáticas - efeitos hepatotóxicos
✓Principais reações adversas: vômitos, náuseas, diarreia ou constipação intestinal e dor abdominal
- Esses efeitos podem ser diminuídos ou prevenidos pela administração de alimento
juntamente com o antifúngico;
✓Em cães: inapetência, prurido e alopecia; supressão da síntese de testosterona – distúrbios reprodutivos;
✓Altas doses – Pode diminuir a produção de cortisol
✓De modo geral, os felinos são mais sensíveis aos efeitos tóxicos do cetoconazol que os cães
Miconazol
✓Amplo espectro de atividade antifúngica e antibacteriana, particularmente em cocos gram-positivos (Staphylococcus e
Streptococcus)
✓Tópico:
-Rapidamente absorvido, podendo persistir por até 4 dias no estrato córneo
-Efeitos adversos: queimação, prurido e irritação
Clotrimazol
✓ Apenas tópico
✓Têm também ação em Staphylococcus e Streptococcus
✓Reações: ardência, eritema, edema, descamação, prurido
TRIAZÓIS - Itraconazol
✓VO
✓Micoses superficiais e profundas/sistêmicas
✓Comparado ao cetoconazol: maior espectro de ação, é mais efetivo em doses menores e tem menores manifestações de
efeitos colaterais;
✓Excelente absorção, especialmente se administrado com o alimento ou após; tb requer pH ácido;
✓Distribui-se amplamente=> pele; níveis no SNC são baixos, entretanto, é mais efetivo que os imidazóis;
✓Poucos efeitos tóxicos:
- Não produz atividade antiandrogênica;
- Doses elevadas - efeitos embriotóxicos e teratogênicos - não se recomenda o uso durante a gestação; hepatotóxico
Fluconazol
✓Via oral, tópica
- VO => não requer as condições de pH ácido do meio;
✓Distribui-se amplamente por todo o organismo
- Atinge concentrações elevadas no líquido cefalorraquidiano => tratamento da maioria das meningites fúngicas;
✓Micoses superficiais e profundas;
✓Efeitos indesejáveis – pouco frequentes: náuseas, dor abdominal, vômito, diarreia, flatulência, erupções cutâneas e lesões
bolhosas;
✓Evitar o uso em animais prenhes;
✓Superdosagem pode provocar insuficiência hepática.
Terbinafina
✓Pertencente ao grupo das alilaminas;
✓Antifúngico: inibe a enzima esqualeno epoxidase que está envolvida na síntese do
ergosterol, importante para a formação da membrana fúngica. Além disso, o acúmulo do esqualeno no interior da célula produz
toxicidade para o fungo;
✓Ceratinofílico;
✓VO e tópica;
✓Tratamento de dermatofitoses;
✓Uso combinado com itraconazol no tratamento de algumas doenças fúngica sistêmicas ou profundas, como esporotricose
(casos refratários de esporotricose canina ou felina quando houver suspeita de resistência, intolerância ou pouca resposta ao
uso do itraconazol) e aspergilose.
✓Efeitos adversos: sinais gastrintestinais e, mais dificilmente, hepatotoxicidade, neutropenia ou pancitopenia.
Antibióticos antifúngicos
• Antibióticos poliênicos – ligam-se à membrana celular e comprometem o metabolismo
✓Anfotericina B e Nistatina
o Anfotericina B:
✓Tratamento de infecções fúngicas sistêmicas (IV);
✓Vários efeitos adversos; toxicidade renal (vasoconstritor em arteríola aferente);
✓Tópica
o Nistatina:
✓O uso limita-se às micoses de pele e mucosas; espectro de ação limitado às leveduras;
✓Efeitos adversos raros – Tópico: irritação
Antibióticos antifúngicos
• Antibióticos não poliênicos:
o Griseofulvina:
✓Penetra na célula fúngica e inibe a mitose. Causa, ainda, alterações morfogenéticas na
parede celular;
✓Utilizada no tratamento de dermatofitoses;
✓VO, tópico – contraindicado em gatos (p/te FIV)
- Pode-se aumentar a absorção por meio da administração concomitante com alimentos ricos em gordura / Absorção => pele: é
captada por queratinócitos, onde se incorpora à queratina
✓Reações adversas mais frequentes: vômito, diarreia e anorexia. P/te em felinos: anemia, leucopenia, mielosupressão e
anormalidades neurológicas; nefrotoxicidade
✓O uso em animais prenhes é totalmente contraindicado -> teratogênico
Outros Antifúngicos
• Iodeto de potássio:
✓Micoses profundas (esporotricose, se necessário)
✓Pouco se sabe sobre seus mecanismos de ação => afetam a resposta imune do hospedeiro, por meio do aumento da atividade
do sistema halida-peroxidase, nas células fagocitárias
✓Cães e gatos
- Felinos são mais sensíveis aos efeitos tóxicos
✓Reações adversas mais observadas: corrimento oculonasal, vômitos, anorexia, depressão
Dermatofitoses
• Micoses cutâneas superficiais – restritas à camada córnea da epiderme e/ ou tecidos queratinizados, como pelos, unhas,
cascos e penas
✓Agentes: Microsporum canis; Microsporum gypseum; Trichophyton mentagrophytes
o 2016 => estudo filogenético revisou a taxonomia dos dermatófitos
Estão distribuídos entre os gêneros Arthroderma, Epidermophyton, Lophophyton, Microsporum, Nannizzia e Trichophyton;
Guarromyces e Paraphyton
✓Importância em saúde pública => zoonoses
• Transmissão: contato direto com suscetíveis ou indireto
✓Alterações das barreiras da pele favorecem o desenvolvimento da doença
• Ambiente:
✓M. canis – até 18 meses no ambiente
✓Higienização:
- Remoção mecânica dos esporos (aspirar pelos)
- Lavar superfícies com desinfetantes (remoção de matéria orgânica) Hipoclorito de sódio 1:10 água / Amônia quaternária a
0,3% Mínimo - 2x por semana
- Os esporos de fungos não gostam de luz ultravioleta (luz solar) => colocar gaiolas, caixas de transporte e outros materiais ao
sol em um ambiente externo após a limpeza e a desinfecção
- Usar luvas. Considerar também o uso de máscara e óculos de proteção
Malasseziose
• Micose superficial causada pela multiplicação excessiva
de leveduras do gênero Malassezia
✓O gênero inclui 15 espécies: M. furfur, M. globosa, M. obtusa, M. restricta, M. slooffiae, M. sympodialis, M. dermatis, M. nana,
M. japonica, M. yamatoensis, M. equina, M. caprae e M. cuniculi, M. arunalokei, M. pachydermatis.
✓Gênero é comensal da pele e mucosas de diferentes espécies animais
- Pode vir a causar dermatite e otite externa em determinadas situações
- Fatores predisponentes: distúrbios endócrinos e metabólicos, disfunção imunológica, umidade aumentada, predisposição
genética e alterações
cutâneas por hipersensibilidade
- Afecções concomitantes
• Tratamento:
✓Qualquer causa subjacente (alergias, endocrinopatia...) deve ser identificada e corrigida
Tratamento e Controle
o Casos moderados a graves:
✓Itraconazol: dose de 5 a 10 mg/kg VO a cada 24 horas, por 4 semanas
o Prognóstico/Controle/Prevenção:
✓Bom se a causa subjacente puder ser identificada e corrigida.
- Caso contrário, banhos regulares, uma ou duas vezes por semana, com xampu antifúngico, podem ser necessários para a
prevenção de recidivas
- Essa doença não é considerada contagiosa a outros animais ou seres humanos, à exceção de indivíduos imunocomprometidos
Esporotricose
• Micose profunda – zoonose; Notificação compulsória – CCZ/SP
✓Causada por fungos do complexo Sporothrix schenckii
- Encontrados comumente na vegetação, no solo e na matéria orgânica em decomposição
• Transmissão: através do implante traumático do fungo na pele; ou contato direto na pele lesionada, ou mucosa, com
secreções de animais doentes ✓Gato - arranhadura ou mordedura - pele, mucosa/trato respiratório
Tratamento e Profilaxia
• Tratamento:
✓Terapia antifúngica sistêmica prolongada (por semanas a meses / 4 a 9 meses)
- Continuar após a resolução clínica completa (+ 1; 2 meses)
✓Podem ocorrer recidivas
✓Fármaco de escolha: itraconazol
❖Gatos: A dose de itraconazol indicada em literatura para gatos com esporotricose é de 10 a 20 mg/kg
FIOCRUZ/RJ:
✓Gatos acima de 3 kg de peso: podem iniciar o tratamento com 100mg/dia;
✓De 1 a 3 kg de peso: iniciar com 50 mg/dia;
✓Até 1 kg: 25 mg/dia
O tratamento deve ser ininterrupto, com acompanhamento periódico por médico veterinário. De modo geral, o
medicamento tem sido bem tolerado pelos animais
❖Casos em que o tratamento com Itraconazol não esteja sendo responsivo, quando as
lesões são extensas ou há comprometimento nasal:
✓Pode-se associar Iodeto de Potássio:
- dose de 2,5 mg por kg de peso, por cápsula, por dia; com alimento
- A dose inicial recomendada não deve ultrapassar 10 mg/dia => pode causar reações
adversas nos gatos, tais como emagrecimento, inapetência, vômito, entre outros
- O animal deverá ser acompanhado para avaliação no período inicial, podendo a dose
ser ajustada
Tratamento e Profilaxia
❖Cães:
✓Itraconazol:
- 5 a 10 mg/kg. Pode ser necessária a adequação da dose; acompanhar;
- O tratamento deve ser ininterrupto, com acompanhamento periódico por médico veterinário.
- Se o tratamento não for responsivo: deve-se avaliar a dose de Itraconazol ou a associação com outros fármacos, como o Iodeto
de Potássio.
• Recidivas:
✓Pode haver recidiva dos sintomas após alta:
- Aparecimento de lesões, geralmente nos mesmos locais, especialmente quando houve lesões na região nasal (retorno de
espirros com epistaxe - deve-se avaliar a possibilidade de reinfecção)
Criptococose
• Gênero Cryptococcus - solo, madeira, frutos e vegetais em decomposição
✓Micose profunda - Cryptococcus neoformans; Cryptococcus gattii.
✓O fungo é ingerido por aves (p/te pombos) e eliminado nas fezes, onde pode permanecer por mais de dois anos
- A infecção humana decorre da exposição a um ambiente comum, classificando-se como uma saprozoonose => alvo - pacientes
imunossuprimidos
✓Acometimento por inalação => infecção na cavidade nasal, seios paranasais e/ou pulmões.
Tratamento
✓Terapia antifúngica sistêmica administrada por um período longo (vários meses)
- Continuar por pelo menos + 1 mês após a resolução clínica completa.
- O tratamento deve ser mantido até que os títulos séricos de antígeno criptococóccico sejam negativos.
❑Fármacos:
✓Itraconazol, 10 mg/kg VO, administrado com alimento, a cada 24 horas; não há necessidade de associar;
✓Flucitosina: fármaco de eleição para tratamento de síndrome neurológica - atravessa a barreira hematoencefálica. De 25 –
50mg/kg, VO, 6/6h ou 8/8h;