Você está na página 1de 12

Aerogel

Docentes:
 Carlos Fernandes
 Abílio Silva

Trabalho realizado por:


 Henrique Camelo 47797
 Gonçalo Dias 48008
 João Ramalhosa 47946

Data de entrega: 17/06/2022

0
Índice

Índice.................................................................................................................................2
Introdução..........................................................................................................................3
Origem do Aerogel............................................................................................................4
Síntese do Material............................................................................................................4
Gelificação.....................................................................................................................5
Envelhecimento.............................................................................................................5
Secagem.........................................................................................................................6
Tratamentos de melhoria...................................................................................................7
Propriedades do Aerogel...................................................................................................7
Aerogel na Indústria Aeroespacial....................................................................................9

1
Introdução
O aerogel é um material inovador multifacetado com inúmeras propriedades e
que ao longo dos anos tem vindo a ser melhorado e aplicado no nosso dia a dia de
diferentes formas, sendo estas catalisadores, isoladores térmicos, janelas, entre outros.
Este material tem vindo a ter um papel de peso principalmente nos ramos da engenharia
por se tratar de um material nano-estruturado capaz de substituir os compósitos
tradicionalmente utilizados, pois possuem uma densidade muito baixa e excelente
capacidade de isolamento.

No que se refere ás diversas áreas onde é utilizado, podemos destacar a indústria


petrolífera (isolar tubos petrolíferos no subsolo marinho), química (fabricação de
inseticidas devido à sua capacidade de absorção), aeroespacial (refletor de calor no
vaivém espacial, capturar pó cósmico para investigação), metalúrgica (moldes de
alumínio), automóvel (armazenador de calor), acústica (manufaturação de colunas).

Apesar das inúmeras aplicações que existem para o aerogel, torna se difícil dividi-
las entre as que são comerciais e as que são técnicas, uma vez que todas elas dependem
de alguma característica do material. Contudo, a ideia neste trabalho será abordar
principalmente as aplicações técnicas na engenharia por exemplo.

2
Origem do Aerogel
O termo aerogel é composto de duas palavras - ar e gel. Este leve sólido foi
inventado por Samuel Stephens Kistler em 1931, como resultado de um desafio
com um amigo para ver quem conseguiria substituir o líquido das gelatinas por
gás, sem causar contração ou qualquer diminuição que fosse.

Kistler revelou desde cedo grande interesse pelas propriedades naturais


da gelatina. Fascinou-se pela capacidade da gelatina se comportar tanto como
líquido como sólido (solução coloidal), sendo isto possível porque a gelatina
Figure 1- Samuel
possui uma estrutura porosa que alberga as moléculas de água. Stephens Kistler

Samuel questionou o que aconteceria à gelatina se ele substituísse a água


pelo ar, através de várias experiências, o cientista percebeu que a estrutura do gel
colapsa devido às forças exercidas pelo líquido. Para que isto não acontecesse surgiu a
ideia de permutar a água por álcool.

Síntese do Material
Como vimos anteriormente pela experiência de Kistler, o aerogel forma se a
partir da substituição a água de um gel por ar. Para a síntese do aerogel é necessário
obter um sol (de acordo com Jirgensons, a palavra sol deve ser utilizada para descrever
a dispersão de coloides num líquido), existindo diversos métodos para tal. Para a
obtenção do aerogel, hoje em dia, usa se o método sol-gel, cujo precursor para a
preparação da solução coloidal, consiste num elemento metálico rodeado por vários
elementos ligantes, os quais podem ser orgânicos ou inorgânicos. Este método consiste
ainda na formação de uma rede polimérica inorgânica por reações de gelificação a
baixas temperaturas, estas reações permitem a transformação de um líquido num solido.
No decorrer do processo, as reações de gelificação levam à formação de um estado sol,
que se caracteriza por apresentar oligómeros que formarão cadeias de dimensões
coloidais e partículas primárias dispersas. Finalmente este processo culmina na
formação do estado gel que apresenta conectividade entre as unidades de dimensões

3
coloidais, formando uma rede tridimensional, entrelaçada macroscopicamente
observável.

Figura 1-Síntese do aerogel

4
Gelificação
Os álcoois, devido à sua natureza bifuncional (polar/não-polar) promovem a
miscibilidade entre a água e a fase orgânica e por isso são bastante usados. O aumento
da razão molar solvente/precursor (S) leva ao aumento da distância entre os monómeros
de sílica, o que resulta em maiores tempos de gelificação e menor grau de
polimerização. Quanto maior for o tempo de gelificação, maior é o tempo disponível
para as nanopartículas do gel se aglomerarem e formarem um gel mais resistente. O uso
de precursores com cadeias laterais não hidrolisáveis resulta em maiores tempos de
gelificação, devido ao menor número de reações de polimerização e ao efeito estéreo da
cadeia lateral que diminui o número de colisões efetivas. A incorporação de grupos
alquilo maiores, etil (ETMS) em vez de metil (MTMS), origina estruturas de clusters
mais lineares devido ao aumento do impedimento estéreo e da consequente diminuição
da velocidade de condensação. As partículas primárias resultantes de soluções aquosas
não são porosas. Estas coalescem para formarem partículas maiores, designadas clusters
ou partículas secundárias embora ainda permaneça por explicar em detalhe a razão
destes agregados se tornarem perfeitamente esféricos. Os clusters são geralmente
porosos e mais densos na periferia. O aumento do tamanho do cluster confere maior
coalescência, rigidez e uma estrutura mais fibrilar. Estima-se que estas partículas
secundárias tenham diâmetro compreendido entre 1 e 10 nm. O tempo necessário para a
formação do gel, assim que o catalisador é adicionado aos precursores, é designado por
tempo de gelificação. Neste período de tempo, a viscosidade irá aumentar
progressivamente. Este tempo é reduzido por diminuição do tamanho do grupo alcóxido
ou pelo aumento de temperatura ou concentração de alcóxido.

5
Envelhecimento
O envelhecimento é um processo que possibilita
a ocorrência de syneresis, ou seja, encolhimento
espontâneo do gel ocorrendo a expulsão de líquido
contido nos poros. O módulo de elasticidade e a
viscosidade aumentam durante o envelhecimento. Este
processo ajuda a fortalecer a estrutura e assim reduz o
risco de fratura do material. O envelhecimento possibilita a Figura 2- Taxa de envelhecimento relativo em
função do tempo para dois mecanismos de
diminuição da área interfacial e o aumento do tamanho envelhecimento: (a) Reprecipitação de sílica
dissolvida das superfícies das partículas nos
médio dos poros pelo mecanismo de dissolução e pescoços entre as partículas. (b)
Reprecipitação de pequenas partículas de sílica
reprecipitação, não ocorrendo encolhimento pois o centro dissolvidas em partículas maiores
das partículas não se move.

Secagem
Existem vários métodos de secagem de géis, mas os principais são:

 Freeze-drying (FD)
 Secagem com fluídos supercríticos (SCD)
 Extração com fluídos supercríticos (SFE)
 Secagem à pressão ambiente (APD)

Através da técnica FD produzem-se criogéis que originam produtos polvorentos.


Esta técnica consiste na congelação do gel húmido e remoção do solvente por
sublimação a baixas pressões. O criogel possui geralmente mais macroporos, ou seja é
menos denso, pois tem mais ar na sua constituição do que os agéis que são submetidos a
SFE, já este método consiste no processo de separação de um componente (o extratante)
de outro (a matriz) utilizando fluídos supercríticos como o solvente extratante, o
solvente mais utilizado é, geralmente, o dióxido de carbono líquido (CO2) que pode ser
substituído por etanol ou metanol.

6
A secagem à pressão ambiente é a responsável pela extração da componente
líquida do gel, permitindo que o líquido seja seco lentamente, sem causar o colapso na
matriz sólida do gel, como aconteceria com o processo de evaporação convencional.

Figura 3 - Esquema SFE Figura 4 – Extração com Fluido supercrítico


((dióxido de carbono)

Tratamentos de melhoria
Um dos processo químicos responsáveis pela obtenção de melhores
características mecânicas no aerogel de sílica é hibridização de sílica com NFC’s (nano-
fibras de celulose) à sua matriz, o que cria materiais monólitos cujas propriedades
mecânicas são melhores que as do correspondente aerogel de sílica com fibras (aumenta
a sua resistência mecânica (torna-se menos frágil e mais flexível) e térmica). No
entanto, torna-o menos denso, pois a rede molecular está mais dispersa.
A secagem por SFE ( extração com fluídos supercríticos (dióxido de carbono
gasosos) possibilitou uma melhoria significativamente positiva nas propriedades
exploratórias, tais como, a densidade e a condutividade térmica.

Figura 5 NFC's presentes na rede


de cristalina do aerogel

Propriedades do Aerogel

7
Apesar das suas propriedades mecânicas pobres, os aerogéis têm encontrado uso
em diversas aplicações. É interessante comparar as várias propriedades, do aerogel, e
características excecionais que distinguem este material dos demais, com as suas
aplicações reais ou potenciais.

Propriedades Características Aplicações


Condutividade térmica Melhor sólido isolante; Isolamento arquitetónico e
de eletrodomésticos,
refrigeradores portáteis,
veículos de transporte,
tubos, criogênicos,
claraboias;
Transparente;

Veículos espaciais e
sondas;

Altas temperaturas;
Moldes de fundição;

Densidade/Porosidade Sólido sintético mais leve; Catalisadores, sensores,


armazenamento de
Homogéneo; combustível;

Área de superfície
especifica alta;
Lasers de raios X;

Várias composições;
Ótica Sólido com baixo índice de Detetores Cherenkov,
refração; guias de luz, ótica de
efeitos especiais;
Transparente;

Várias composições;
Mecânica Elástico; Absorvedor de energia,
armadilha de partículas de
hipervelocidade;
Elétrica Constante dielétrica; Espaçadores para elétrodos
a vácuo, espaçadores de
High dielectric strength; display a vácuo,
capacitores;
Área de superfície alta;

8
Acústica Velocidade de som baixa; Casadores de impedância
para transdutores,
telémetros, colunas;

Aerogel na Indústria Aeroespacial

Devido as suas características isolantes, a NASA tem vindo a expandir as suas


pesquisas sobre o aerogel, que foi utilizado pela primeira vez como isolador no Mars
Rover, Sojourner, como parte da missão Pathfinder em 1997. O aerogel foi embalado
em caixas compostas, chamadas Warm Electronics Boxes (WEBs), para proteger a
bateria primária do Alpha Particle X-Ray Spectrometer (APXS) de temperaturas
extremamente baixas.

Em consequência desta propriedade o aerogel esta a ser estudado de forma a ser


usado em fatos espaciais que exigem materiais com características específicas para
garantir a segurança dos astronautas em condições extremas de pressão e temperatura.

Figure 3- Mars Rover 1997 Figure 4- Fato Espacial

O aerogel também já foi utilizado pela European Retrieval Carrier (EURECA),


na captura de poeira cósmica e está a ser indicado para a recolha de poeira cometária no
projeto Stardust da NASA.

9
Conclusão
Empresas pelo mundo fora têm vindo a aprofundar os seus conhecimentos sobre
este material e têm vindo a descobrir novos métodos de fabricos que influenciam as
capacidades mecânicas e térmicas a ponto de se obterem aerogéis com variadas
características com variadas aplicações.

O uso do aerogel ao longo do tempo tem aumentado gradualmente com a


evolução científica. O seu uso é cada vez mais recorrente na sociedade científica,
devido às sua incríveis capacidades térmicas, porém ainda trata-se de um material
dispendioso, por causa da sua sintetização complexa, e por se tratar de um material
relativamente “novo”, não é novo, mas só há pouco anos, fruto do avanço científico, é
que começou a ter um papel significativo e inovador no setor aeroespacial, também,
começa a ser mais frequentemente utilizado na construção civil, produção caldeiras,
painéis fotovoltaicos (de modo a aumentar o seu rendimento) por se tratar um material
capaz de anular a transferência de calor por condução e convecção, mas não é capaz de
isolar a radiação. Devido ao que foi anteriormente referido os custos de produção do
aerogel diminuem devido ao aumento da procura por parte da população e mais
empresas entram na corrida pela sua produção.

10
Webgrafia
1. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022309398001355
2. https://pubs.acs.org/doi/full/10.1021/am200007n
3. https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/116124/
donatti_da_ld_rcla.pdf?sequence=1&isAllowed=y
4. https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/83226/1/Disserta
%C3%A7%C3%A3o_Lu%C3%ADsRodrigues.pdf
5. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74132/tde-23042019-105729/
publico/ME9687966COR.pdf
6. https://estudogeral.uc.pt/.pdf

11

Você também pode gostar