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C OMU NI DA D E

P E S QU I S A
ÉTI CA
ÉTICA , PESQUISA E COMUNIDADE :
Compartilhando a experiência do Comitê Comunitário
de Acompanhamento do Estudo THRio.
A P R E S E N TA Ç Ã O

Organizadoras : Giselle Israel e Vitória Vellozo


É com grande satisfação que apresentamos esta publicação que
Equipe do Estudo THRio: descreve a experiência do Comitê Comunitário de Acompanhamento
Johns Hopkins University, Baltimore, Maryland, USA do estudo THRio.
Dr. Richard E. Chaisson (Pesquisador Principal) Acreditamos que temos a responsabilidade e a alegria de
Dra. Lois Eldred compartilhar, além dos relevantes resultados tangíveis das análises
Anne Efron, MSN, MPH estatistícas, os resultados do trabalho desenvolvido por este Comitê
Dr. Jonathan E. Golub cuja trajetória se iniciou antes mesmo do Estudo.
Dr. Lawrence Moulton Cabe destacar o vínculo e o compromisso dos nossos diversos
Silvia Cohn parceiros do Comitê Comunitário de Acompanhamento do estudo
Bonnie King THRio que cooperaram e mobilizaram o grupo de pesquisadores
com imprescindíveis orientações na condução do estudo.
Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro Em nome dos pesquisadores do estudo THRio agradecemos a
Dra. Betina Durovni (Co-Pesquisadora Principal) generosidade e a competência de todas as pessoas envolvidas
Dra. Solange C. Cavalcante neste trabalho nos últimos 5 anos.
Dra. Rita C. M. Ferreira
Dr. Antonio G. Pacheco
Dra. Valeria Saraceni
Dra. Vitória Vellozo Betina Durovni,
Dra. Giselle Israel Pesquisadora Principal do Estudo THRio no Rio de Janeiro
O Comitê Comunitário de Acompanhamento do Estudo THRio é
um modelo de engajamento da sociedade civil na área da saúde.
Utilizando as próprias palavras dos participantes do Comitê, este
documento detalha a intensidade do compromisso de seus membros
não apenas para a condução de pesquisas éticas que beneficiem a
comunidade mas, também, para dar sustentabilidade às intervenções
eficazes do estudo. As organizadoras também discutem como os
gestores, efetivamente, podem se preparar para gerir Comitês
Comunitários de Pesquisa, a fim de aumentar a sua eficácia.

Creio que o que é único no CCA THRio é a sua diversidade de


membros, uma vez que congrega representantes do ativismo em HIV,
médicos do estudo, outros profissionais de saúde, lideranças comu-
nitárias. Penso que esta é a chave para o seu sucesso.

Lois Eldred,
Coordenadora de Policy & Advocacy do CREATE
1
INTRODUÇÃO

O Comitê Comunitário de Acompanhamento do Estudo THRio (CCA-THRio)


foi criado em 2005, como um pré-requisito para o desenvolvimento do projeto
de pesquisa: “Impacto da Terapia Preventiva da Tuberculose em Pacientes HIV com
acesso à terapia antirretroviral de alta potência, no município do Rio de Janeiro,
Brasil: Um Ensaio de Implementação por Etapas”, objetivando envolver a comuni-
dade no acompanhamento operacional das várias etapas da pesquisa, antes
mesmo do início da sua execução. As reuniões com os representantes da comu-
nidade para a criação do CCA THRio tiveram inicio em 19 de janeiro de 2005 junto
SUMÁRIO com os demais procedimentos operacionais que criaram as condições
necessárias para a realização do estudo. Até setembro de 2010 realizamos 40
1. Introdução reuniões, que contaram com a presença de 25 participantes, em diferentes perío-
2. Ética e pesquisa com seres humanos e participação comunitária dos, representando ativistas em HIV/AIDS e tuberculose, lideranças comuni-
3. Composição, objetivos, depoimentos e metodologia tárias, profissionais de saúde e de universidades.1
• Composição
• Objetivos O estudo, conhecido como “Estudo THRio” (TB e HIV no Rio de Janeiro), fez
• Depoimentos parte do “Consórcio para Responder Efetivamente à Epidemia de TB/HIV”
• Metodologia (CREATE)1 e foi desenvolvido em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e
4. Considerações finais Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC-RJ). Trata-se de uma pesquisa opera-
5. Bibliografia cional, iniciada em setembro de 2005, que envolveu de forma escalonada, vinte e
6. Anexos nove unidades da rede de serviços públicos de saúde no município do Rio de
• Estatuto CCA Janeiro, que prestam assistencia a pacientes HIV. A intervenção propriamente
• Membros dita incluiu a implementação de uma estratégia de triagem e tratamento de
• Material Educativo infecção tuberculosa latente de todos os pacientes HIV+ incluídos nos critérios
• Boletim Informativo CoInfecção Tuberculose/HIV/AIDS definidos nos protocolos nacionais para esta ação.2

1
CREATE reune pesquisas em saúde pública com a finalidade de reduzir a Tuberculose em áreas de alta prevalên-
cia de TB e de AIDS e abrange, mais especificamente, tres estudos independentes desenvolvidos no Brasil
(THRio), na Africa do Sul (THIBELA) e no Zambia (ZAMSTAR). Os tres estudos também têm por objetivo influenciar
as políticas globais de prevenção da Tuberculose através de “advocacy” baseada em evidências.
2
A realização de teste tuberculínico – PPD – em todos os pacientes elegíveis, a exclusão de tuberculose ativa e a
oferta de isoniazida (INH) para todos com PPD maior ou igual a 5mm fizeram parte desta estratégia
2
ÉTICA E PESQUISA COM SERES HUMANOS
E PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

A garantia do cumprimento de princípios éticos nas pesquisas em seres


A ética não é um atributo imediato, ao contrário, as condutas éticas são parte
de um exercício cotidiano que, entretanto, demanda a criação de espaços de
reflexão, de socialização de conhecimentos e de inclusão dos diversos interes-
sados. Os comitês comunitários de acompanhamento de pesquisas operacionais
são, em nossa opinião, um dos espaços privilegiados para observar e garantir as
humanos é uma conquista histórica. No Brasil, em 1996, o Conselho Nacional de exigências éticas para a realização de pesquisa em seres humanos.
Saúde aprovou a Resolução 196 regulamentando as pesquisas que envolvem
seres humanos tendo por base os principais documentos internacionais como o Nossa opinião é que a formação de um comitê desta natureza, com reuniões
Código de Nuremberg (1947), a Declaração dos Direitos do Homem (1948), a regulares, cria um canal de diálogo para o esclarecimento dos sujeitos envolvidos
Declaração de Helsinque (1964 e suas versões posteriores de 1975, 1983, 1989, nas pesquisas, para socializar a relevância, os objetivos e os procedimentos que
1996 e 2000), o Acordo Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966, serão utilizados no desenvolvimento da pesquisa, para divulgar os achados
aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro em 1992), as Propostas de durante o processo de execução, incluindo fatos relevantes que alterem o curso
Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo Seres normal do estudo e para disseminar os resultados parciais e finais.
Humanos (CIOMS/OMS 1982 e 1993), as Diretrizes Internacionais para Revisão
Ética de Estudos Epidemiológicos (CIOMS, 1991) e as disposições legais da Um CCA também é uma instância onde devem ser discutidos aspectos corre-
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, entre outras. latos à pesquisa como, por exemplo, a capacitação dos participantes da pesquisa e
a elaboração de material didático e de informação, educação e comunicação (IEC).
A Resolução 196 institucionalizou os quatro referenciais básicos da bioética:
autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, a fim de assegurar os direitos Por fim, e não menos importante, a participação nestes comitês também se
e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e constitui uma oportunidade de aprendizado para os envolvidos, credenciando-
ao Estado. Desde então, por força da lei, todas as pesquisas envolvendo seres os para participar de fóruns similares e ampliando a capacidade de vocalização
humanos devem atender às exigências éticas e científicas fundamentais, como: o dos seus direitos e garantias no campo da pesquisa envolvendo seres humanos.

3
consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção aos grupos
vulneráveis e aos legalmente incapazes; a ponderação entre riscos e benefícios,
tanto reais como potenciais, individuais ou coletivos visando o compromisso COMPARTILHANDO NOSSA EXPERIÊNCIA:
com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; a garantia de que os COMPOSIÇÃO, OBJETIVOS, DEPOIMENTOS E METODOLOGIA
danos previsíveis serão evitados; a relevância social da pesquisa com vantagens
significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os
O CCA-THRio tem como base a proposta dos Community Advisory Boards
vulneráveis, o que garante a equivalência na consideração dos interesses
(CAB), criados nos Estados Unidos com o objetivo de envolver a comunidade no
envolvidos.
acompanhamento de pesquisas clínicas, e as experiências brasileiras de implan-
tação dos protocolos de pesquisa ACTG (AIDS Clinical Trials Group).
Assim, a partir da Resolução 196, as instituições de ensino e pesquisa no
Brasil começaram a criar seus comitês de ética em pesquisa (CEP) e a exigir que
pesquisas com humanos, em todas as áreas, sejam aprovadas pelos respectivos
comitês. A existência dessas instituições é, sem dúvida, um passo importante. No
3.1 A composição
O Comitê, de caráter consultivo e de acompanhamento, foi formado por
entanto, a conquista efetiva das garantias legais e, simultaneamente, da prevenção voluntários representantes da sociedade civil organizada, pessoas vivendo com
de distorções e desvios durante a execução dos estudos implica, necessari- HIV/AIDS, profissionais de saúde e de universidades. Foi criado como uma
amente, em avançar rumo à criação de metodologias que permitam a participação instância independente da equipe de coordenação do estudo THRio e com auto-
mais efetiva daqueles que estão direta e indiretamente envolvidos. nomia para definir seu funcionamento e mudanças na sua formação. Assim sendo,
o Comitê logrou ter um número variado de membros, com distintas inserções na
realidade social, com a missão de acompanhar a garantia dos direitos humanos, tações terapêuticas. O meu interesse em contribuir na busca de respostas para
o cumprimento da ética e dos protocolos de pesquisa aprovados no âmbito do a clientela da ONG me estimulou, entre outras ações, a participar das reuniões
referido estudo. do Comitê Comunitário de Acompanhamento representando o Grupo Pela
Vidda/RJ, a princípio como uma oportunidade para ampliar os meus conheci-
mentos sobre o tema TB (membro da sociedade civil).

3.2 Os objetivos Eu participo porque acredito que quando voce está informada as doenças
são mais fáceis de ser compreendidas e, se necessário, enfrentadas (membro
Os principais objetivos do CCA THRio são:
da sociedade civil).
a) garantir que os direitos dos participantes da pesquisa sejam preservados em
todos os níveis; Participei do CCA com o intuito de colaborar com o processo da pesquisa
b) garantir aos participantes e à comunidade a existência de uma fonte independente em curso, cujo objetivo é comprovar a pertinência da prevenção da tubercu-
lose em pacientes HIV+ com o uso da Isoniazida. Através da participação
de informações sobre a pesquisa, servindo como portavoz junto à equipe respon-
nesses espaços é possivel juntar duas partes de um mesmo processo, ou seja,
sável pelo estudo; movimento social e pesquisadores que às vezes ficam distanciados por ranços
c) assessorar a equipe do estudo no planejamento, desenvolvimento e implemen- e pré-julgamentos de ambos os lados. A possibilidade de discussão, de troca
tação da pesquisa, no sentido de garantir sua qualidade técnica e o respeito aos de ideias, de experiências e de conhecimento formam um conjunto de fatores
que unidos são a matéria prima para a produção de saberes que tem potencial
princípios éticos que norteiam as pesquisas clínicas; e de ajudar na redução da morbidade/mortalidade de pessoas soropositivas
d) garantir que as questões emergentes sejam consideradas pela equipe do estudo. por conta da tuberculose (membro da sociedade civil).

Por entender que é muito importante para a sociedade civil discutir com o

3.3 Os depoimentos
Apresentamos a seguir os depoimentos de participantes do CCA THRio, no
poder público questões tão importantes como a aids e a tuberculose (membro
da sociedade civil).

Participei representando uma instituição da sociedade civil (OSC), visando


decorrer destes cinco anos de existência, a partir de 3 perguntas propostas. Ao
atuar nas discussões, encaminhamentos, sugestões, monitoramento das ações
fazê-lo buscamos de modo efetivo compartilhar nossa experiência, evidenciando e planejamento da organização governamental municipal do Rio de Janeiro
a centralidade da participação dos diversos envolvidos, o respeito pela diversi- (membro da sociedade civil).
dade de pontos de vista e a certeza de que o diálogo franco contribui para a
Porque achei a pesquisa importante e quis dar minha contribuição na
empancipação dos indivíduos e para o fortalecimento da ética no desenvolvi- discussão e ter acesso a novos conhecimentos necessários para que nós, que
mento das pesquisas em seres humanos. trabalhamos com as temáticas DST/HIV/AIDS e tuberculose em comunidades
populares, fiquemos sempre atualizados (membro da sociedade civil).

Participo do Comitê Comunitário de Acompanhamento pois acho impor-


PORQUE PARTICIPEI DO COMITÊ COMUNITÁRIO DE ACOMPANHAMENTO? tante acompanhar as pesquisas realizadas no Brasil e se os direitos dos
pacientes estão sendo respeitados. Como sou usuária do Sistema Único de
Saúde desejo que o mesmo melhore sempre e cresça com os erros e acertos
Sendo Assistente Social e atuando como educadora desde 1998 na preven- (membro da sociedade civil).
ção das Doenças Sexualmente Transmissiveis e Aids na ONG/Aids Grupo Pela
Vidda/Rio de Janeiro, procurava me manter atualizada em relação às principais Participar de um Comitê Comunitário de Acompanhamento de um estudo
doenças que acometiam a população em geral. Constatei então a prevalência da científico ou de uma pesquisa clínica é contar com múltiplos olhares no
tuberculose, principalmente entre os portadores do HIV e/ou Aids. Observei trabalho que está sendo conduzido contando, num mesmo grupo, com o
entre os participantes da ONG uma preocupação em obter informações mais usuário do sistema de saúde, com os profissionais de saúde que fazem parte do
detalhadas sobre como se prevenir da TB, os sintomas menos comuns, as formas processo da assistência e com a equipe da pesquisa. Todos envolvidos e
de desenvolvimento da doença, as dificuldades em dar continuidade ao imbuídos da perspectiva do que seja o melhor para o participante do estudo,
tratamento iniciado e as incertezas quanto aos resultados de novas orien-
quais as melhores alternativas para o estudo e, principalmente, daquilo que o Ao escrever um protocolo de pesquisa nem sempre é possível entender a
estudo poderá contribuir para melhorar a assistência do serviço de saúde no visão que o sujeito de pesquisa tem ou terá das questões da pesquisa. Ao
local onde ela é realizada. O Comitê Comunitário de Acompanhamento é um participar de um CCA tenho a oportunidade de interagir com pessoas que não
espaço enriquecedor de múltiplos saberes onde não existe um único olhar ou estavam envolvidas no desenvolvimento do projeto e, por isso, são capazes de
uma única possibilidade de produzir reflexões e propiciar trocas de conheci- uma visão não enviesada da participação do sujeito de pesquisa no projeto.
mentos. É um espaço onde não conta quem sabe mais e sim, o que pode ser Isto permite que, ao ser implementado, o protocolo responda as questões
enriquecedor para o estudo e mais vantajoso para o participante (membro da científicas sem trazer nenhum prejuízo ao sujeito de pesquisa (profissional de
sociedade civil). saúde).

Participei do Comitê Comunitário de Acompanhamento do THRIO e Participei do CCA THRio porque foi impossível resistir ao convite para
constatei a importância da presença da comunidade em estudos clínicos nos integrar este grupo de debate, de consulta e de acompanhamento que incluía
quais a intervenção realizada é de significativa relevância para a sobrevida segmentos distintos da sociedade civil, representando os implicados no estudo:
desta população (profissional de saúde). profissionais de saúde de serviços onde se realiza o estudo, usuários dos
serviços de saúde (representantes de ONGs e lideranças comunitárias) e
Acho importante a participação de diversas categorias sociais e profissio- universidade. Era a primeira vez que eu participava de um espaço de debate
nais no acompanhamento de um projeto pois isto ajuda no andamento das sobre questões éticas, operacionais e do próprio desenrolar de um estudo, em
pesquisas para avaliar o que tem sido feito e como está sendo conduzido, além que se garantia a participação de diferentes olhares (e vozes) sobre questões
de ajudar a propor novas ideias (profissional de saúde). de interesse de toda a sociedade mas ainda tão restritas aos espaços
acadêmicos (profissional de saúde).
Sendo médico infectologista e gerente de uma Unidade de Saúde onde o
THRIO foi implantado pude observar, in loco, como as ações do projeto foram
importantes agilizando o diagnóstico da tuberculose, ampliando enorme-
mente a cobertura do PPD e, consequentemente, do número de pacientes que
receberam profilaxia com isoniazida. Por isso, entendo a importância da
sustentabilidade destas ações, o que me motivou a participar de um Comitê de PORQUE AS PESSOAS DEVEM PARTICIPAR?
Acompanhamento (profissional de saúde).

Como pneumologista, sou muito sensível às questões da tuberculose,


principalmente na população HIV +. Tenho todo interesse em participar deste Participar das reuniões do CCA me possibilitou conhecer as normas que
comitê para, de forma ética, divulgar o projeto, oferecer amplo e continuado regulam os protocolos de pesquisa, a seriedade deste trabalho e de que forma
processo de educação junto aos profissionais de saúde e à comunidade, interpretar este procedimento para o participante, caso necessário, assegu-
mantendo a captação dos pacientes para realização de quimioprofilaxia rando que este tenha garantidos seus direitos humanos e respeitados os princí-
(profissional de saúde). pios éticos. Também me instruiu sobre como levar aos pesquisadores as
dúvidas e desejos dos participantes e/ou comunidade envolvida em um estudo
Fui convidada, na época do início do estudoTHRio, a participar do grupo garantindo também a qualidade técnica das ações (membro da sociedade
e fiquei satisfeita em poder dar minha contribuição em um estudo tão impor- civil).
tante. Na Unidade em que eu trabalhava já realizávamos as ações. Não com
tanta organização, mas com seriedade já que o cliente de HIV/AIDS precisava
sentir-se seguro, ser conscientizado e esclarecido sobre o seu tratamento e Para que não aconteça com elas o que aconteceu comigo, que mesmo
saber que sua adesão era importante (profissional de saúde). apresentando todos os sintomas de Tuberculose, confiei nas palavras de
alguns profissionais de saúde que diziam que eu estava estressada e que não
Como médica, pneumologista e pesquisadora na área de tuberculose, a precisava me preocupar com a febre de hora certa, os suores noturnos, etc. Só
minha participação no Comitê Comunitário de Acompanhamento teve como depois que conheci um profissional competente e já com a imunidade baixa e a
objetivo acompanhar o desenvolvimento do projeto de pesquisa THRio, carga viral alta, comecei ser tratada contra TB e descobrimos que estava locali-
participando de debates sobre as dificuldades e possíveis soluções para a zada no pericárdio. Mesmo sendo orientada de que não era contagiosa, minha
implementação das diferentes etapas do projeto (profissional de saúde). família separou tudo e evitavam ficar próximos a mim. Isso tudo por falta de
conhecimento (membro da sociedade civil).
As pessoas devem participar para compartilhar seus conhecimentos, suas Ser membro de um Comitê Comunitário de Acompanhamento é fazer parte
experiências e construir uma firme e sólida parceria no sentido de alcançar os de uma experiência única onde os participantes fazem do processo um
objetivos propostos pela pesquisa. A participação de várias pessoas enriquece constante exercício de troca, que enriquece as discussões sobre os objetivos e
o debate por conta dos diversos pontos de vista, principalmente no que tange a finalidade do estudo intervindo, sempre que necessário, para preservar o
à fala do paciente que, em última instância, será o beneficiado pelos resultados participante ou resguardar a própria finalidade do estudo (membro da socie-
alcançados. A participação cria a oportunidade dos vários discursos se dade civil).
encontrarem, favorecendo melhores e acertadas decisões (membro da socie-
dade civil). A conscientização, os debates e as argumentações facilitaram, sobrema-
neira, os desfechos positivos deste excelente estudo (profissional de saúde).
As pessoas devem participar para garantir que o ativismo em pesquisa se
consolide no Brasil, pois no meu entendimento é insuficiente e frágil. O próprio As pessoas devem participar pois isto ajuda no andamento das pesquisas,
sentido da participação num comitê de acompanhamento precisa ser melhor tanto para avaliar o que tem sido feito e como está sendo conduzido, como
consolidado entre nós. A participação em comitês de acompanhamento para ajudar a propor novas idéias (profissional de saúde).
favorece a construção de resultados de pesquisa mais consolidados e
aplicáveis à realidade social, educativa e cultural dos grupos populacionais As pessoas devem participar para acompanhar as ações realizadas nas
para os quais está sendo construida e ainda, qualifica o ativismo social em várias Unidades; para opinar, quer do ponto de vista do usuário, quer do
temáticas da saúde como TB e HIV. Amplia o conhecimento sobre medicamen- ponto de vista do profissional de saúde, sobre o fluxo de funcionamento,
tos, procedimentos, protocolos de atendimento e outros. O que quer dizer que propondo melhorias. Enfim, as pessoas podem contribuir opinando, trabal-
participar de comitês de acompanhamento qualifica o ativismo em pesquisa hando, fiscalizando, sugerindo, etc (profissional de saúde).
mas também o ativismo social e o controle das políticas públicas no que se
refere às práticas e à gestão em saúde. O estudo THRio é um exemplo claro A formação e participação em um comitê é a forma como membros da
desta correlação. Ex: como pode um médico não atender a um consenso pré sociedade civil podem acompanhar o planejamento, desenvolvimento e
estabelecido como no caso da profilaxia em TB/HIV e ser necessário o estabel- implantação de pesquisas clínicas (profissional de saúde).
ecimento de protocolos específicos para acompanhamento deste monitora-
mento? O trabalho de campo da pesquisa, por si só, gera ações de intervenção Eu recomendo que o trabalho que foi feito com relação ao estudo THRio
e qualifica o ativismo político (membro da sociedade civil). permaneça nas Unidades de Saúde, com o mesmo grau de esclarecimento,
ajuda e participação dos clientes e empenho dos profissionais (profissional de
O olhar da comunidade neste espaço de discussão é fundamental, pois saúde).
pode contribuir com maior rapidez nas ações de promoção de saúde nos
territórios (membro da sociedade civil). O Comitê Comunitário de Acompanhamento permite a integração entre os
profissionais envolvidos no projeto de pesquisa e a comunidade a qual
Devem participar, pois é de suma importância que a sociedade civil seja pertencem os voluntários participantes da pesquisa. A participação de ambos
atuante em contribuir, avaliar e propor ações e planejamentos, em parceria permite o esclarecimento da comunidade sobre os objetivos e o andamento da
com as esferas governamentais a fim de enriquecer e viabilizar soluções das pesquisa e a assessoria dos profissionais no desenvolvimento e implementação
questões de inferência direta à grande demanda das necessidades básicas da da pesquisa (profissional de saúde).
população no que se refere à saúde pública (membro da sociedade civil).
Qualquer ferramenta que permita a interface entre pesquisadores e repre-
Para poder ampliar o conhecimento ao ter uma relação com outros profis- sentantes de potenciais indivíduos de pesquisa ou da comunidade deve ter a
sionais de saúde e ouvir, também, as suas experiências e necessidades no participação incentivada (profissional de saúde).
dia-a-dia (membro da sociedade civil).
É importante participar por que este é um espaço que permite o estabeleci-
As pessoas devem participar de comitês para ter conhecimento das ações mento de vínculos, de compromissos e de responsabilidades (com)partilhadas
realizadas e contribuir com suas experiências. Assim, se cada um fizer a sua entre os diferentes atores envolvidos numa pesquisa. Ao mesmo tempo cumpre
parte, com certeza teremos êxito em nossas ações (membro da sociedade civil). um papel formador, que colabora para a vocalização de demandas dos
cidadãos em relação às políticas públicas de saúde (ou outras), fortalecendo a
cidadania (profissional de saúde). ...é de suma importância que a sociedade civil, seja atuante em contribuir,
avaliar e propor ações e planejamentos, em parceria com as esferas governa-
mentais, a fim de enriquecer e viabilizar soluções de questões de inferência
direta à grande demanda das necessidades básicas da população no que se
refere à saúde pública (membro da sociedade civil).

EU RECOMENDO... A continuidade dos encontros porque é fundamental a troca entre o saber


popular e o saber acadêmico (membro da sociedade civil).

O contato com técnicos representantes de outros segmentos envolvi- Recomendo que as pessoas da sociedade civil participem do comitê, pois
dos no atendimento dos portadores de TB/HIV, incluindo membros da aprendemos sobre as pesquisas desenvolvidas em nosso município, cobrando
equipe THRio/CREATE, ampliou o meu conhecimento em relação à tuber- sempre o respeito pelo sigilo das ações, respeitando sempre o paciente que
culose e a dirimir dúvidas dos participantes da ONG Grupo pela Vidda/RJ está contribuindo para a pesquisa. Podemos ver nesta pesquisa que os
estimulando-os à prevenção ou ao tratamento adequado. Assim, eu pacientes que contribuíram foram respeitados e que a equipe responsável teve
recomendo a participação no CCA (membro da sociedade civil). bom êxito em suas ações, pois ouvimos relatos desejosos de que o projeto não
se encerrasse (membro da sociedade civil).
Porque a informação é o instrumento que te faz lidar melhor com a
situação e enfrentá-la sem medo. Só assim desconstruiremos os mitos que Eu recomendo que os membros das organizações da sociedade civil – OSC
trazemos desde a infância (membro da sociedade civil). - participem de comitês comunitários de pesquisas, como também dos comitês
de ética em pesquisa de diversos centros de pesquisa e hospitais do país,
Porque nada substitui a participação, o colegiado, a discussão de levando o olhar diferenciado da mobilização social e da defesa do Sistema
idéias e o conjunto de pessoas que têm um objetivo em comum. A partici- Único de Saúde, e que todos os resultados positivos desses estudos sejam
pação contempla ambas as partes e "força" um convívio muito produtivo e incorporados às políticas públicas de saúde no nosso país (membro da socie-
poderoso, isto é, a união do movimento social e dos pesquisadores dade civil).
(membro da sociedade civil).
As reuniões foram muito criativas e surgiram debates que modificaram para
Que sejam elaborados materiais educativos para orientação de melhor nossas atividades e nossa visão do estudo (profissional de saúde).
comitês de acompanhamento tais como folhetos e também materiais audio
visuais que concretizam melhor a atuação. No Estudo THRio foi importante Eu recomendo uma maior participação de todos os setores de nossa socie-
a elaboração coletiva dos cartazes. Que a participação em comitês seja dade nestes projetos como forma de estimular e acompanhar as pesquisas
iniciada por um curso de qualificação para o ativismo em pesquisa no caso (profissional de saúde).
da sociedade civil / ONGs / usuários descrevendo processos de pesquisa
desde o seu nascimento até o produto final e a importância da partici- Eu recomendo que o Comitê Comunitário de Acompanhamento nunca
pação comunitária nesta construção (membro da sociedade civil). esmoreça e nem enfraqueça dada a sua importância; que haja uma maior
divulgação deste trabalho nas Unidades de Saúde e entre os usuários (eu por
Que o processo de trabalho seja sistematizado passo a passo e divul- exemplo, só soube da existência deste Comitê ao ser convidado a integrá-lo);
gado em diferentes formatos para disseminação da construção realizada. que se obtenha relatos (de preferência sinceros) de representantes de cada
Assim torna mais concreta a participação para os próprios membros do Unidade de Saúde onde o projeto foi implantado, no que tange à real
comitê e para outros que virão (membro da sociedade civil). contribuição deste naqueles serviços e o que sugerem para melhorar fluxos e
resultados (uma vez que a pesquisa irá terminar, não será mais obrigatório que
A presença de profissionais que lidam com o tema, tais como técnicos todas as Unidades trabalhem com o mesmo formato, podendo haver adap-
e médicos e outros, tem sido momentos de grandes trocas e desafios a serem tações de acordo com as especificidades de cada serviço (profissional de
vencidos, tornando muito rico os encontros ( membro da sociedade civil). saúde).
3.4 A metodologia
Em 2005, quando começamos, existiam poucos comitês comunitários e para se
Eu recomendo a participação em comitês comunitários de acompanha-
mento de pesquisa clínica como uma forma de aproximar pesquisadores e montar um era necessário contar com a ajuda daqueles que já tinham se aven-
comunidade; monitorar o desenvolvimento de pesquisas privilegiando o sigilo turado por este caminho. Hoje sabemos que, no plano operacional, a montagem de
e a segurança do voluntário; garantir o acesso à informação ao voluntário de uma estrutura para funcionamento de um CCA exige um esforço de gestão. Assim,
qualquer alteração no curso do desenvolvimento da pesquisa; e promover
processos de educação continuada junto às comunidades a serem pesquisa-
acreditamos ser oportuno compartilhar nosso aprendizado no que se refere a
das (profissional de saúde). alguns aspectos operacionais.

Eu recomendo que o trabalho que foi feito com relação ao estudo THRio A instalação de um CCA deve ser precedida de um amplo diálogo
permaneça nas Unidades de Saúde com o mesmo grau de esclarecimento, com a equipe de pesquisadores, os grupos relacionados diretamente ao estudo,
ajuda e participação dos clientes e empenho dos profissionais (profissional de
saúde).
incluindo profissionais de saúde, usuários dos serviços e sociedade civil organi-
zada. Este diálogo possibilitará o surgimento das lideranças interessadas em fazer
A principal recomendação para a participação no Comitê Comunitário de parte do Comitê. A partir deste processo de trocas também será possível:
Acompanhamento é a importante experiência adquirida a partir do debate
entre os profissionais e a comunidade, com o objetivo comum de realização de
a) Estabelecer as bases para a definição dos papéis e responsabilidades dos
um projeto de pesquisa com qualidade e respeito aos direitos dos partici- representantes da comunidade;
pantes, que possa ser estendido à prática clínica (profissional de saúde). b) Definir uma estrutura de funcionamento e proceder a redação das regras
de funcionamento, a fim de permitir a participação ampla, inclusiva e diversa
A participação de todos (profissional de saúde). das comunidades relevantes;
Eu recomendo a divulgação desta e de outras experiências semelhantes, na
c) Facilitar o trabalho dos representantes da comunidade, estimulando a
intenção de que sirva de estímulo à sua multiplicação e ao aperfeiçoamento do confiança e a comunicação entre as comunidades envolvidas e as equipes de
diálogo. Entendo que com a participação dos vários segmentos da sociedade pesquisa;
civil é possivel caminhar em direção a uma maior compreensão das necessi- d) Redigir, discutir e aprovar o regulamento interno do CCA, contendo suas
dades coletivas e, com isto, aprimorar as propostas de pesquisas, conduzí-las regras de funcionamento;
melhor e produzir resultados que estejam cada vez mais próximos das reais
necessidades dos cidadãos (profissional de saúde). e) Criar as condições para que todos os membros do CCA se familiarizem
com toda a documentação da pesquisa;
f) Prover informações sobre boas práticas clínicas;
g) Garantir a participação de representantes do CCA em todos os treina-
mentos ofertados no âmbito da pesquisas, mesmo que como observadores e
em esquema de rodízio entre os membros;
h) Envolver os membros na formulação de material de IEC;
i) Atualizar periodicamente a comunidade sobre os sucessos, falhas e outras
decisões que afetem os rumos da pesquisa e/ou a confiança entre as comu-
nidades envolvidas e as equipes de pesquisa, tais como dotação de pessoal,
recursos financeiros e prazos de execução;
j) Consensuar um calendário anual para as reuniões (preferencialmente, um
calendário fixo que facilite a memorização rápida e evite a sobreposição de
agendas);
k) Reduzir as barreiras de linguagem cuidando para que a comunicação seja
apropriada ao grupo e que contenha mecanismos que assegurem a
compreensão. Salientamos que é fundamental investir na formação
/fortalecimento dos membros do CCA, ofertando uma gama ampliada de
capacitações e utilizando, se necessário, metodologias diversas a fim de
ampliar a capacidade do grupo dialogar com a equipe de pesquisadores e de
fazer análise crítica dos achados de pesquisa e recomendações; e
5
BIBLIOGRAFIA

www.hptn.org/.../CommunityProgram/...CabMeeting/DBPforCommunityMay6-82005Exe
cutiveSummary3Portuguese.pdf

6
l) Formalizar a existência de um técnico ou mais técnicos da pesquisa como http://www.who.int/hiv/topics/tb/3is/en/index.html.
facilitador do CCA e com a tarefa de preparar as reuniões, reproduzir docu-
mentos que irão nortear a discussão, prover local adequado para as
A NEXOS
reuniões (incluindo acesso a equipamento áudio-visual), discutir a necessi-
dade de ações para subsidiar a representação das comunidades no CCA
(particularmente, auxílio-transporte e alimentação). Observamos que estes ESTATUTO DO COMITÊ COMUNITÁRIO DE ACOMPANHAMENTO - CCA / THRIO
procedimentos, em sua maioria, demandam a existência de recursos 1- Introdução
específicos e é recomendável que eles sejam previstos no projeto de O seguinte documento visa definir o regulamento e estatuto do Comitê
pesquisa. Ao facilitador cabe ainda estar atento às dificuldades de partici- Comunitário de Acompanhamento (CCA), criado no marco do projeto: “Impacto
pação, monitorar as ausências, mobilizar para a participação, incluir novos da Terapia Preventiva da Tuberculose (TB) para Pacientes Co-infectados com
membros sempre que oportuno e reduzir os possíveis danos ocasionados HIV/ Tuberculose (TB) com acesso à terapia anti-retroviral de alta potência
pela rotatividade dos membros. Dito de outra forma é tarefa do facilitador (HAART) no Rio de Janeiro, Brasil, Um Ensaio de Implementação por Etapas
evitar a “fadiga do voluntário”, implantando estratégias adequadas para o (THRIO)” projeto este que faz parte do Consórcio para Responder Efetivamente
fortalecimento do grupo e a valorização do trabalho realizado. à Epidemia de TB/HIV (CREATE), coordenado pela Coordenação de Doenças
Transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (CDT/SMS-

4
RJ), objetivando envolver a comunidade no acompanhamento do estudo. O CCA
tem como base a experiência dos Community Advisory Boards (CAB) criados
CONSIDERAÇÕES FINAIS nos Estados Unidos.
2- Definição
Este Comitê, de caráter consultivo e de acompanhamento, é formado por
representantes da sociedade civil organizada, pessoas vivendo com HIV/AIDS e
A experiência do Comitê Comunitário de Acompanhamento do Estudo THRio
profissionais de saúde, o que favorece a interlocução entre a comunidade e os
é exemplar por acolher os diversos pontos de vista dos membros que nele
pesquisadores. É uma instância independente da equipe da CDT/SMS-RJ, e seus
participam e investir na interlocução entre os vários representantes dos grupos
membros são voluntários, tendo autonomia para definir seu funcionamento e
interessados na pesquisa operacional. A colaboração consolidada, ao longo
mudanças na sua formação, conforme descrição a seguir.
deste período, tem permitido localizar iniciativas de muita criatividade, adequadas
às diferentes realidades e possibilidades locais, envolvendo um esforço de 3-Missão
consolidação que congrega gestores, profissionais e comunidade nas suas O CCA tem como missão acompanhar a garantia dos direitos humanos, o
diferentes frentes de atuação. cumprimento da ética, a participação voluntária assim como os diversos passos
do protocolo, além de realizar ações de educação comunitária sobre a prevenção
O resultado se expressa na cooperação e no compromisso dos diferentes da tuberculose entre pessoas vivendo com HIV/AIDS.
sujeitos de ação envolvidos que tornam realidade a proposta dos “3 Is” da 4- Objetivos
Organização Mundial de Saúde , considerados estratégias chave para reduzir o 4.1 - Garantir que os direitos dos participantes da pesquisa sejam preservados em
impacto da Tuberculose nas pessoas vivendo com HIV/Aids. todos os níveis;
4.2 - Garantir aos participantes e à comunidade a existência de uma fonte específicos. Entretanto, os membros da equipe técnica do THRio, excetuando o
independente de informações sobre a pesquisa, servindo como porta-voz junto à facilitador, não se constituem membros do CCA.
equipe responsável pelo estudo; 6.2 - Associação ao CCA e Direito de Voto
4.3 - Assessorar a equipe do estudo no planejamento, desenvolvimento e imple- Um voluntário passa a integrar o CCA, com direito a voto, após ter firmado o
mentação da pesquisa, no sentido de garantir sua qualidade técnica e o respeito seu termo de adesão.
aos princípios éticos que norteiam as pesquisas clínicas; As decisões do CCA deverão necessariamente ser tomadas por maioria simples,
4.4 - Avaliar o impacto da pesquisa na comunidade e garantir que as questões ou seja, por 50% mais um do total de votos dos presentes à reunião.
emergentes sejam consideradas pela equipe do estudo. O representante do CCA que faltar a duas reuniões consecutivas, sem prévia
justificativa, deverá ser contactado para saber de sua disposição de continuar no
5- Ações Comitê, antes de seu desligamento definitivo, que se dará após a terceira falta
5.1 - Dirimir dúvidas levantadas pelos participantes junto aos responsáveis pelo injustificada.
estudo, de forma a encontrar soluções para os problemas apresentados; O voluntário que faltar a todas as reuniões no período de seis meses, mesmo que
5.2 - Em conjunto com a equipe do estudo, revisar e promover a divulgação de tenha justificado sua ausência, será automaticamente desligado, a não ser que sua
dados sobre a pesquisa e sobre o andamento dos estudos; situação tenha sido discutida pelo CCA, que é soberano em suas decisões.
5.3 - Auxiliar nos esforços de sensibilização da comunidade em geral para a O voluntário que desistir de sua filiação pode, por decisão do CCA, continuar a
pesquisa; receber informativos, atas e correspondência do Comitê.
5.4 - Intervir junto à coordenação do projeto de pesquisa, no cumprimento dos 6.3 - Reuniões do CCA
direitos e responsabilidades do voluntário e na educação comunitária; As reuniões do CCA serão mensais, na terceira terça feira de cada mês, das
5.5 - Atuar junto às autoridades públicas, organizações não governamentais e à 14:00 às 16:00 hrs, realizadas em local previamente escolhido. A data, local e
iniciativa privada para incluir os temas do estudo na sua agenda política e de horário deverão ser confirmados por correio eletrônico, para todos os mem-
trabalho; bros do CCA e informados aos supervisores das unidades de estudo que
5.6 - Educar e sensibilizar a comunidade para a conscientização sobre a deverão providenciar divulgação específica e adequada, além de remeter quais-
importância da prevenção da tuberculose em pessoas vivendo com HIV/AIDS; quer encaminhamentos solicitados pela comunidade participante do estudo.
5.7 – Auxiliar na revisão do material educativo produzido no âmbito do THRio. 7 – Vinculação com o Core CAB e o CWG (Community Working Group)
6- Estrutura O CCA é parte integrante do Consórcio para Responder Efetivamente à
O CCA é um comitê formado por voluntários. Seus integrantes devem ser pessoas da Epidemia de TB/HIV /Core Community Program (Programa Central para Comuni-
comunidade envolvidas na prevenção à Aids e em ações de promoção de saúde em dades do CREATE), e Grupo de Trabalho com Comunidades (CWG) que reúne os
geral, podendo incluir ainda participantes da própria pesquisa, que devem ser comitês comunitários de todos os sítios (países) de estudos apoiados pelo
informados da existência do Comitê e da opção de se tornarem integrantes. CREATE. O representante do CCA do THRio será indicado pelos integrantes deste
CCA e é a voz do CCA junto ao Core CAB e ao CWG.
6.1- Composição
A composição do CCA privilegia a participação de representantes de vários 7.1- São responsabilidades do Coordenador do CCA:
segmentos com experiência relacionada a aspectos de saúde coletiva, tubercu- Levar questões emergentes do CCA para o Core CAB CREATE;
lose, direitos humanos, ética, ativismo em Aids e que de alguma forma atuam nas Relatar as atividades do CCA para o Core CAB;
diversas áreas de controle social e combate à epidemia. Relatar informações do CORE CAB de volta para o CCA;
O CCA conta com um facilitador indicado pela equipe THRio / CREATE. Participar das conferências por telefone (“Conference Calls”) ;
O CCA pode ainda, em determinados momentos, conforme a sua necessidade, Quando o representante do CCA junto ao Core CAB não puder participar de
contar com a participação de outros representantes e/ou membros da equipe do alguma conferência por telefone ou reunião, deverá comunicar ao CCA para
THRio para esclarecer dúvidas e/ou auxiliar na compreensão de ações ou temas que outro membro seja indicado.
MEMBROS DO CCA THRIO, 2005 A 2010 MATERIAL EDUCATIVO
Ana Maria Bontempo – Grupo Pela Vidda RJ
Carla Maciel – Centro de Promoção da Saúde – CEDAPS
Claudia Garcia – Centro de Referência Para saúde da Mulher – CRESAM
Cydia Souza – infectologista SMSDC RJ
Diana Valladares – sanitarista SMSDC RJ
Ezio Távora – Grupo Pela Vidda RJ
George Gouvea – Grupo Pela Vidda RJ
Gloria Mizael – Forum de ONG TB
Gustavo Magalhães – infectologista SMSDC RJ
Folder produzida pelo estudo THRio em parceria com a SMSDC RJ, 2007.
Isabel Sonia de Souza – enfermeira SMSDC RJ
Jucimara Moreira – Grupo Pela Vidda RJ
Katia Edmundo – Centro de Promoção da Saúde – CEDAPS
Marcello Duarte (in memoriam) – Forum de ONG AIDS
Marcia Mesquita – pneumologista SMSDC RJ
Marcia Zattar – enfermeira SMSDC RJ
Marcus Conde – pneumologista, pesquisador UFRJ
Maria Aparecida Lemos – Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas
Maria José Rodrigues – Sociedade de Amigos de Vila Kennedy
Marilza Rodrigues – assistente social SMSDC RJ
Paulo Roberto M. Santos – infectologista, gerencia local SMSDC RJ
Raquel Piller – pneumologista, gerente do Programa Municipal de Pneumologia Revista produzida pelo estudo THRio em parceria com a SMSDC RJ, 2005.

Sanitária SMSDC RJ
Renata Leborato Guerra – pneumologista, pesquisadora UFRJ
Sonia Regina Gonçalves da Silva – Associação de Mulheres e Amigos do
Morro do Uurubu – AMAMU
Vania Braz - Conselho de Gestores Comunitários do Rio de Janeiro - CONGESCO
William Amaral – Forum de ONG TB

FACILITADORAS
Giselle Israel e Vitória Vellozo

Folder produzido pelo estudo THRio em parceria com a SMSDC RJ, 200
BOLETIM INFORMATIVO O estudo THRio-TB-HIV no Rio é uma pesquisa operacional, que teve início em
COINFECÇÃO TUBERCULOSE / HIV/AIDS setembro de 2005, com a finalidade de avaliar o impacto da terapia preventiva da
Tuberculose para pacientes coinfectados com HIV/AIDS/Tuberculose com
De 1982 a 2009, o número total de casos de aids notificados no município
acesso à terapia antirretroviral no município do Rio de Janeiro.
do Rio de Janeiro foi de 37.507. Nos últimos cinco anos, aproximdamente 1.360
Para reduzir os casos de Tuberculose entre pessoas vivendo com HIV/AIDS é fundamental a
casos de aids foram notificados anualmente. No momento da notificação, 22% integração, a colaboração e o trabalho conjunto dos Programas de Tuberculose e DST/AIDS
apresentavam diagnóstico de Tuberculose.
No período de 2005 a 2009, 35.607 casos de Tuberculose de residentes no GRÁFICO 2
município do Rio de Janeiro foram notificados no SINAN. O teste anti-HIV foi Casos de Tuberculose e situação de testagem anti-HIV, município do Rio de Janeiro, 2005 a 2009.
realizado em 12.688 (35,6%) pacientes.
90,0 10000
A Tuberculose é a principal causa de morte entre as pessoas 77,6
80,0 9000
vivendo com HIV/AIDS.

% situação de testagem anti-HIV


70,0 61,8 68,7 8000
As principais estratégias de controle da Tuberculose são: 59,7 7000

nº de casos de TB
1. a identificação de casos com busca ativa pata diagnóstico e tratamento 60,0
6000
50,0 55,4
precoce dos casos de Tuberculose; 5000
2. o controle da infecção por Tuberculose nos serviços de saúde e, 40,0
29,5 33,2 4000
3. a terapia preventiva com Isoniazida. 30,0 28,0
3000
13.9 20,7
Neste boletim, relatamos a experência dos Programas Municipais de Tuber- 20,0 2000
culose e DST/AIDS da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de 10,0 1000
Janeiro (SMSDC-RJ), na implantação da terapia preventiva com Isoniazida em 8,6 10,8 11,4 10,2 10,5
0,0 0
29 unidades de saúde localizadas no município do Rio de Janeiro, envolvendo 2005 2006 2007 2008 2009
Casos TB anti-HIV Positivo anti-HIV Negativo anti-HIV Não realizado
cerca de 19.000 pacientes infectados pelo HIV/AIDS. Os dados deste boletim
Fonte: SINAN NET,2010.
são oriundos dos bancos de dados da SMSDC-RJ e do Estudo THRio.
GRÁFICO 3
GRÁFICO 1 Distribuição do número de pacientes com o vírus HIV/AIDS atendidos em 29 unidades de saúde
segundo Áreas de Planejamento, município do Rio de Janeiro, 2010.
Casos de AIDS e incidência por 100.000 habitantes em residentes no município do Rio de
Janeiro, 1982 - 2009 6 unidades de saúde com mais de 1.000 pacientes.
2000

Serviços de saúde - Nº de pacientes atendidos


1800
3000 2005 a 2009 6.803 casos 50 1787
45 1600 1641
2500 40 1400 1479
Casos 35
2000 1200 1261
30 1183 1158
1000
Incidência

995
Casos

1500 25 934
20 800 802 781
1000 15 600 685
521 503 521 526
10 400 438
500 384 345
408
343 363
5 275
329
200 242 262 239 231
0 0 128 125
0
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009

1.0 2.1 2.2 3.1 3.2 3.3 4.0 5.1 5.2 5.3

Fonte: SINAN NET,2010. Anos Áreas Programáticas


Fonte: Banco de dados THRio, maio de 2010, N=18.889
GRÁFICO 4 GRÁFICO 6
Distribuição dos pacientes com HIV/AIDS de 29 unidades de saúde segundo faixa etária e sexo, Distribuição dos pacientes com HIV/AIDS de 29 unidades de saúde segundo perfil laboratórial,
município do Rio de Janeiro, 2010. município do Rio de Janeiro, 2010.
20000
4500
Um terço dos pacientes
18000 não realizaram PPD,
4000 16000 apesar de indicado pelo 92,5% 90,2%
62,5% 37,5%
Ministério da Saúde.
3500 14000

Número de pacientes
Número de pacientes

3000 12000
64,6%
2500 10000
Masc
8000
2000
6000
1500 Fem 35,4%
4000
1000 9,8%
2000 7,5%
500 Sim Não Sim Não Sim Não
0
0 PPD CD4 Carga Viral
<20 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60 e+ Fonte: Banco de Dados THRio, maio de 2010, N=18.889.
Faixa etária
Fonte: Banco de dados THRio, maio de 2010, N=18.889
FIGURA 1
GRÁFICO 5 Situação de realização de PPD e INH entre os pacientes das 29 unidades de saúde, município do Rio
de Janeiro, 2010.
Distribuição dos pacientes com HIV/AIDS de 29 unidades de saúde segundo perfil clínico, municí-
pio do Rio de Janeiro, 2010. Pacientes com indicação de realização de PPD Pacientes com infecção pelo HIV/AIDS e com
9.827 PPD+ (>5mm) devem sempre ser avaliados
Tuberculose 4.520 17,4% dos pacientes antes do início da terapia preventiva com
Pneumonia por (P. Jirovec e P Carinii) 1.578 Isoniazida para afsatar e excluir Tuberculose ativa.
novos com infecção pelo PPD realizado
Toxoplasmose Cerebral 1.578 HIV/AIDS que chegaram 6.238 (63,5%)
Candidíase não oral ou não vaginal 1.020 às 29 unidades de
Hepatite C crônica 832 saúde referiam história PPD lido Outros pacientes com indicação
Hepatite B crônica 339 prévia de Tuberculose de terapia preventiva com INH
16000
Sarcoma de Kaposi 285 5.883 (94,3%)
14000 79,0% Outras 986
PPD >5mm Exames prévios positivos Contactantes de
Número de pacientes

12000 Obs: Total (um diagnóstico por cada paciente)


1.127 (19,2%) (PPD + ou RX+) 653 pacientes com TB
10000 58,7%
Pacientes com infecção pelo
925 415 INH iniciada
8000 HIV/AIDS têm indicação de 59
41,3% realização de cultura de escarro (82,1%) (63,6%) 1.399
6000 para diagnóstico de Tuberculose,
com identificação e teste de 611 322 33 INH completada
4000
21,0% sensibilidade, independentemente (66 ,1%) (77,6%) (55,9%) 966
2000 do resultado da baciloscopia.
Sim Não Sim Não 181 38 9 INH em andamento
0
(19 ,6%) (9,2%) (15,3%) 228
HAART Doenças Oportunistas Prévias
Fonte: Banco de dados THRio, maio de 2010, N=18.889 Fonte: Banco de Dados THRio, maio de 2010.
O CCA THRio foi criado em 2005 com o objetivo de envolver a comunidade no acompanha-
mento do estudo. É composto por voluntários, representantes da sociedade civil organi-
zada, pessoas vivendo com HIV/AIDS, profisssionais de saúde, diretores de unidades e
representantes de universidades. Tem como missão acompanhar a garantia dos direitos
humanos, o cumprimento da ética e dos protocolcos de pesquisa.
Capacitações realizadas TB/HIV/AIDS para profissionais de 29 unidades de
saúde, município do Rio de Janeiro, 2005 a 2010.

Atividade Nº de Participantes

Cursos “Atualizações TB/HIV/AIDS” 586


Cursos “PPD: Teoria e Prática” 170
Cursos “Aconselhamento e Adesão” 123
“Encontros de Médicos” 107
“Encontros com a Enfermagem” 154

Principais Avanços

Aumento da frequência de realização de PPD em pessoas vivendo com HIV/AIDS.


Aumento de 11% para 82% da oferta de terapia preventiva com Isoniazida.
A avaliação clínica antes do início de Isoniazida foi capaz de detectar 6% de pacientes
com Tuberculose ativa.
Redução importante do intervalo de tempo para realização do PPD e início da Isoniazida.
Adesão à Isoniazida superior a 80%.
Ampla capacitação de profissionais de saúde.
Acompanhamento comunitário em todas as etapas do estudo.

Pontos Críticos CRÉDITOS

Um terço dos pacientes não realizaram PPD, apesar de indicado pelo Ministério da Saúde. Projeto Gráfico:
Reduzido número de pacientes com Tuberculose testados para HIV. dudesign
Apesar da redução significativa dos intervalos de tempo para a execução de PPD e para o dudesign@terra.com.br
início da Isoniazida ainda são muito elevados - 44 e 10 semanas, respectivamente. www.du.design.art.br
Somente 32% dos pacientes com suspeita de Tuberculose realizaram culturas de escarro.
Direção de Arte
Diretrizes para o manejo clínico da CoInfecção HIV/AIDS/Tuberculose: Luciana Lindemann
Recomendações para Terapia Antirretroviral em Adultos Infectados pelo HIV 2008. Ministério da Saúde, SVS, Lys Portella
Programa Nacional de DST e AIDS. 7a Ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Ministério da Saúde, 2010, SVS, Programa
Nacional de Controle de Tuberculose. Ministério da Saúde 2010.

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