Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
P E S QU I S A
ÉTI CA
ÉTICA , PESQUISA E COMUNIDADE :
Compartilhando a experiência do Comitê Comunitário
de Acompanhamento do Estudo THRio.
A P R E S E N TA Ç Ã O
Lois Eldred,
Coordenadora de Policy & Advocacy do CREATE
1
INTRODUÇÃO
1
CREATE reune pesquisas em saúde pública com a finalidade de reduzir a Tuberculose em áreas de alta prevalên-
cia de TB e de AIDS e abrange, mais especificamente, tres estudos independentes desenvolvidos no Brasil
(THRio), na Africa do Sul (THIBELA) e no Zambia (ZAMSTAR). Os tres estudos também têm por objetivo influenciar
as políticas globais de prevenção da Tuberculose através de “advocacy” baseada em evidências.
2
A realização de teste tuberculínico – PPD – em todos os pacientes elegíveis, a exclusão de tuberculose ativa e a
oferta de isoniazida (INH) para todos com PPD maior ou igual a 5mm fizeram parte desta estratégia
2
ÉTICA E PESQUISA COM SERES HUMANOS
E PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA
3
consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção aos grupos
vulneráveis e aos legalmente incapazes; a ponderação entre riscos e benefícios,
tanto reais como potenciais, individuais ou coletivos visando o compromisso COMPARTILHANDO NOSSA EXPERIÊNCIA:
com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; a garantia de que os COMPOSIÇÃO, OBJETIVOS, DEPOIMENTOS E METODOLOGIA
danos previsíveis serão evitados; a relevância social da pesquisa com vantagens
significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os
O CCA-THRio tem como base a proposta dos Community Advisory Boards
vulneráveis, o que garante a equivalência na consideração dos interesses
(CAB), criados nos Estados Unidos com o objetivo de envolver a comunidade no
envolvidos.
acompanhamento de pesquisas clínicas, e as experiências brasileiras de implan-
tação dos protocolos de pesquisa ACTG (AIDS Clinical Trials Group).
Assim, a partir da Resolução 196, as instituições de ensino e pesquisa no
Brasil começaram a criar seus comitês de ética em pesquisa (CEP) e a exigir que
pesquisas com humanos, em todas as áreas, sejam aprovadas pelos respectivos
comitês. A existência dessas instituições é, sem dúvida, um passo importante. No
3.1 A composição
O Comitê, de caráter consultivo e de acompanhamento, foi formado por
entanto, a conquista efetiva das garantias legais e, simultaneamente, da prevenção voluntários representantes da sociedade civil organizada, pessoas vivendo com
de distorções e desvios durante a execução dos estudos implica, necessari- HIV/AIDS, profissionais de saúde e de universidades. Foi criado como uma
amente, em avançar rumo à criação de metodologias que permitam a participação instância independente da equipe de coordenação do estudo THRio e com auto-
mais efetiva daqueles que estão direta e indiretamente envolvidos. nomia para definir seu funcionamento e mudanças na sua formação. Assim sendo,
o Comitê logrou ter um número variado de membros, com distintas inserções na
realidade social, com a missão de acompanhar a garantia dos direitos humanos, tações terapêuticas. O meu interesse em contribuir na busca de respostas para
o cumprimento da ética e dos protocolos de pesquisa aprovados no âmbito do a clientela da ONG me estimulou, entre outras ações, a participar das reuniões
referido estudo. do Comitê Comunitário de Acompanhamento representando o Grupo Pela
Vidda/RJ, a princípio como uma oportunidade para ampliar os meus conheci-
mentos sobre o tema TB (membro da sociedade civil).
3.2 Os objetivos Eu participo porque acredito que quando voce está informada as doenças
são mais fáceis de ser compreendidas e, se necessário, enfrentadas (membro
Os principais objetivos do CCA THRio são:
da sociedade civil).
a) garantir que os direitos dos participantes da pesquisa sejam preservados em
todos os níveis; Participei do CCA com o intuito de colaborar com o processo da pesquisa
b) garantir aos participantes e à comunidade a existência de uma fonte independente em curso, cujo objetivo é comprovar a pertinência da prevenção da tubercu-
lose em pacientes HIV+ com o uso da Isoniazida. Através da participação
de informações sobre a pesquisa, servindo como portavoz junto à equipe respon-
nesses espaços é possivel juntar duas partes de um mesmo processo, ou seja,
sável pelo estudo; movimento social e pesquisadores que às vezes ficam distanciados por ranços
c) assessorar a equipe do estudo no planejamento, desenvolvimento e implemen- e pré-julgamentos de ambos os lados. A possibilidade de discussão, de troca
tação da pesquisa, no sentido de garantir sua qualidade técnica e o respeito aos de ideias, de experiências e de conhecimento formam um conjunto de fatores
que unidos são a matéria prima para a produção de saberes que tem potencial
princípios éticos que norteiam as pesquisas clínicas; e de ajudar na redução da morbidade/mortalidade de pessoas soropositivas
d) garantir que as questões emergentes sejam consideradas pela equipe do estudo. por conta da tuberculose (membro da sociedade civil).
Por entender que é muito importante para a sociedade civil discutir com o
3.3 Os depoimentos
Apresentamos a seguir os depoimentos de participantes do CCA THRio, no
poder público questões tão importantes como a aids e a tuberculose (membro
da sociedade civil).
Participei do Comitê Comunitário de Acompanhamento do THRIO e Participei do CCA THRio porque foi impossível resistir ao convite para
constatei a importância da presença da comunidade em estudos clínicos nos integrar este grupo de debate, de consulta e de acompanhamento que incluía
quais a intervenção realizada é de significativa relevância para a sobrevida segmentos distintos da sociedade civil, representando os implicados no estudo:
desta população (profissional de saúde). profissionais de saúde de serviços onde se realiza o estudo, usuários dos
serviços de saúde (representantes de ONGs e lideranças comunitárias) e
Acho importante a participação de diversas categorias sociais e profissio- universidade. Era a primeira vez que eu participava de um espaço de debate
nais no acompanhamento de um projeto pois isto ajuda no andamento das sobre questões éticas, operacionais e do próprio desenrolar de um estudo, em
pesquisas para avaliar o que tem sido feito e como está sendo conduzido, além que se garantia a participação de diferentes olhares (e vozes) sobre questões
de ajudar a propor novas ideias (profissional de saúde). de interesse de toda a sociedade mas ainda tão restritas aos espaços
acadêmicos (profissional de saúde).
Sendo médico infectologista e gerente de uma Unidade de Saúde onde o
THRIO foi implantado pude observar, in loco, como as ações do projeto foram
importantes agilizando o diagnóstico da tuberculose, ampliando enorme-
mente a cobertura do PPD e, consequentemente, do número de pacientes que
receberam profilaxia com isoniazida. Por isso, entendo a importância da
sustentabilidade destas ações, o que me motivou a participar de um Comitê de PORQUE AS PESSOAS DEVEM PARTICIPAR?
Acompanhamento (profissional de saúde).
O contato com técnicos representantes de outros segmentos envolvi- Recomendo que as pessoas da sociedade civil participem do comitê, pois
dos no atendimento dos portadores de TB/HIV, incluindo membros da aprendemos sobre as pesquisas desenvolvidas em nosso município, cobrando
equipe THRio/CREATE, ampliou o meu conhecimento em relação à tuber- sempre o respeito pelo sigilo das ações, respeitando sempre o paciente que
culose e a dirimir dúvidas dos participantes da ONG Grupo pela Vidda/RJ está contribuindo para a pesquisa. Podemos ver nesta pesquisa que os
estimulando-os à prevenção ou ao tratamento adequado. Assim, eu pacientes que contribuíram foram respeitados e que a equipe responsável teve
recomendo a participação no CCA (membro da sociedade civil). bom êxito em suas ações, pois ouvimos relatos desejosos de que o projeto não
se encerrasse (membro da sociedade civil).
Porque a informação é o instrumento que te faz lidar melhor com a
situação e enfrentá-la sem medo. Só assim desconstruiremos os mitos que Eu recomendo que os membros das organizações da sociedade civil – OSC
trazemos desde a infância (membro da sociedade civil). - participem de comitês comunitários de pesquisas, como também dos comitês
de ética em pesquisa de diversos centros de pesquisa e hospitais do país,
Porque nada substitui a participação, o colegiado, a discussão de levando o olhar diferenciado da mobilização social e da defesa do Sistema
idéias e o conjunto de pessoas que têm um objetivo em comum. A partici- Único de Saúde, e que todos os resultados positivos desses estudos sejam
pação contempla ambas as partes e "força" um convívio muito produtivo e incorporados às políticas públicas de saúde no nosso país (membro da socie-
poderoso, isto é, a união do movimento social e dos pesquisadores dade civil).
(membro da sociedade civil).
As reuniões foram muito criativas e surgiram debates que modificaram para
Que sejam elaborados materiais educativos para orientação de melhor nossas atividades e nossa visão do estudo (profissional de saúde).
comitês de acompanhamento tais como folhetos e também materiais audio
visuais que concretizam melhor a atuação. No Estudo THRio foi importante Eu recomendo uma maior participação de todos os setores de nossa socie-
a elaboração coletiva dos cartazes. Que a participação em comitês seja dade nestes projetos como forma de estimular e acompanhar as pesquisas
iniciada por um curso de qualificação para o ativismo em pesquisa no caso (profissional de saúde).
da sociedade civil / ONGs / usuários descrevendo processos de pesquisa
desde o seu nascimento até o produto final e a importância da partici- Eu recomendo que o Comitê Comunitário de Acompanhamento nunca
pação comunitária nesta construção (membro da sociedade civil). esmoreça e nem enfraqueça dada a sua importância; que haja uma maior
divulgação deste trabalho nas Unidades de Saúde e entre os usuários (eu por
Que o processo de trabalho seja sistematizado passo a passo e divul- exemplo, só soube da existência deste Comitê ao ser convidado a integrá-lo);
gado em diferentes formatos para disseminação da construção realizada. que se obtenha relatos (de preferência sinceros) de representantes de cada
Assim torna mais concreta a participação para os próprios membros do Unidade de Saúde onde o projeto foi implantado, no que tange à real
comitê e para outros que virão (membro da sociedade civil). contribuição deste naqueles serviços e o que sugerem para melhorar fluxos e
resultados (uma vez que a pesquisa irá terminar, não será mais obrigatório que
A presença de profissionais que lidam com o tema, tais como técnicos todas as Unidades trabalhem com o mesmo formato, podendo haver adap-
e médicos e outros, tem sido momentos de grandes trocas e desafios a serem tações de acordo com as especificidades de cada serviço (profissional de
vencidos, tornando muito rico os encontros ( membro da sociedade civil). saúde).
3.4 A metodologia
Em 2005, quando começamos, existiam poucos comitês comunitários e para se
Eu recomendo a participação em comitês comunitários de acompanha-
mento de pesquisa clínica como uma forma de aproximar pesquisadores e montar um era necessário contar com a ajuda daqueles que já tinham se aven-
comunidade; monitorar o desenvolvimento de pesquisas privilegiando o sigilo turado por este caminho. Hoje sabemos que, no plano operacional, a montagem de
e a segurança do voluntário; garantir o acesso à informação ao voluntário de uma estrutura para funcionamento de um CCA exige um esforço de gestão. Assim,
qualquer alteração no curso do desenvolvimento da pesquisa; e promover
processos de educação continuada junto às comunidades a serem pesquisa-
acreditamos ser oportuno compartilhar nosso aprendizado no que se refere a
das (profissional de saúde). alguns aspectos operacionais.
Eu recomendo que o trabalho que foi feito com relação ao estudo THRio A instalação de um CCA deve ser precedida de um amplo diálogo
permaneça nas Unidades de Saúde com o mesmo grau de esclarecimento, com a equipe de pesquisadores, os grupos relacionados diretamente ao estudo,
ajuda e participação dos clientes e empenho dos profissionais (profissional de
saúde).
incluindo profissionais de saúde, usuários dos serviços e sociedade civil organi-
zada. Este diálogo possibilitará o surgimento das lideranças interessadas em fazer
A principal recomendação para a participação no Comitê Comunitário de parte do Comitê. A partir deste processo de trocas também será possível:
Acompanhamento é a importante experiência adquirida a partir do debate
entre os profissionais e a comunidade, com o objetivo comum de realização de
a) Estabelecer as bases para a definição dos papéis e responsabilidades dos
um projeto de pesquisa com qualidade e respeito aos direitos dos partici- representantes da comunidade;
pantes, que possa ser estendido à prática clínica (profissional de saúde). b) Definir uma estrutura de funcionamento e proceder a redação das regras
de funcionamento, a fim de permitir a participação ampla, inclusiva e diversa
A participação de todos (profissional de saúde). das comunidades relevantes;
Eu recomendo a divulgação desta e de outras experiências semelhantes, na
c) Facilitar o trabalho dos representantes da comunidade, estimulando a
intenção de que sirva de estímulo à sua multiplicação e ao aperfeiçoamento do confiança e a comunicação entre as comunidades envolvidas e as equipes de
diálogo. Entendo que com a participação dos vários segmentos da sociedade pesquisa;
civil é possivel caminhar em direção a uma maior compreensão das necessi- d) Redigir, discutir e aprovar o regulamento interno do CCA, contendo suas
dades coletivas e, com isto, aprimorar as propostas de pesquisas, conduzí-las regras de funcionamento;
melhor e produzir resultados que estejam cada vez mais próximos das reais
necessidades dos cidadãos (profissional de saúde). e) Criar as condições para que todos os membros do CCA se familiarizem
com toda a documentação da pesquisa;
f) Prover informações sobre boas práticas clínicas;
g) Garantir a participação de representantes do CCA em todos os treina-
mentos ofertados no âmbito da pesquisas, mesmo que como observadores e
em esquema de rodízio entre os membros;
h) Envolver os membros na formulação de material de IEC;
i) Atualizar periodicamente a comunidade sobre os sucessos, falhas e outras
decisões que afetem os rumos da pesquisa e/ou a confiança entre as comu-
nidades envolvidas e as equipes de pesquisa, tais como dotação de pessoal,
recursos financeiros e prazos de execução;
j) Consensuar um calendário anual para as reuniões (preferencialmente, um
calendário fixo que facilite a memorização rápida e evite a sobreposição de
agendas);
k) Reduzir as barreiras de linguagem cuidando para que a comunicação seja
apropriada ao grupo e que contenha mecanismos que assegurem a
compreensão. Salientamos que é fundamental investir na formação
/fortalecimento dos membros do CCA, ofertando uma gama ampliada de
capacitações e utilizando, se necessário, metodologias diversas a fim de
ampliar a capacidade do grupo dialogar com a equipe de pesquisadores e de
fazer análise crítica dos achados de pesquisa e recomendações; e
5
BIBLIOGRAFIA
www.hptn.org/.../CommunityProgram/...CabMeeting/DBPforCommunityMay6-82005Exe
cutiveSummary3Portuguese.pdf
6
l) Formalizar a existência de um técnico ou mais técnicos da pesquisa como http://www.who.int/hiv/topics/tb/3is/en/index.html.
facilitador do CCA e com a tarefa de preparar as reuniões, reproduzir docu-
mentos que irão nortear a discussão, prover local adequado para as
A NEXOS
reuniões (incluindo acesso a equipamento áudio-visual), discutir a necessi-
dade de ações para subsidiar a representação das comunidades no CCA
(particularmente, auxílio-transporte e alimentação). Observamos que estes ESTATUTO DO COMITÊ COMUNITÁRIO DE ACOMPANHAMENTO - CCA / THRIO
procedimentos, em sua maioria, demandam a existência de recursos 1- Introdução
específicos e é recomendável que eles sejam previstos no projeto de O seguinte documento visa definir o regulamento e estatuto do Comitê
pesquisa. Ao facilitador cabe ainda estar atento às dificuldades de partici- Comunitário de Acompanhamento (CCA), criado no marco do projeto: “Impacto
pação, monitorar as ausências, mobilizar para a participação, incluir novos da Terapia Preventiva da Tuberculose (TB) para Pacientes Co-infectados com
membros sempre que oportuno e reduzir os possíveis danos ocasionados HIV/ Tuberculose (TB) com acesso à terapia anti-retroviral de alta potência
pela rotatividade dos membros. Dito de outra forma é tarefa do facilitador (HAART) no Rio de Janeiro, Brasil, Um Ensaio de Implementação por Etapas
evitar a “fadiga do voluntário”, implantando estratégias adequadas para o (THRIO)” projeto este que faz parte do Consórcio para Responder Efetivamente
fortalecimento do grupo e a valorização do trabalho realizado. à Epidemia de TB/HIV (CREATE), coordenado pela Coordenação de Doenças
Transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (CDT/SMS-
4
RJ), objetivando envolver a comunidade no acompanhamento do estudo. O CCA
tem como base a experiência dos Community Advisory Boards (CAB) criados
CONSIDERAÇÕES FINAIS nos Estados Unidos.
2- Definição
Este Comitê, de caráter consultivo e de acompanhamento, é formado por
representantes da sociedade civil organizada, pessoas vivendo com HIV/AIDS e
A experiência do Comitê Comunitário de Acompanhamento do Estudo THRio
profissionais de saúde, o que favorece a interlocução entre a comunidade e os
é exemplar por acolher os diversos pontos de vista dos membros que nele
pesquisadores. É uma instância independente da equipe da CDT/SMS-RJ, e seus
participam e investir na interlocução entre os vários representantes dos grupos
membros são voluntários, tendo autonomia para definir seu funcionamento e
interessados na pesquisa operacional. A colaboração consolidada, ao longo
mudanças na sua formação, conforme descrição a seguir.
deste período, tem permitido localizar iniciativas de muita criatividade, adequadas
às diferentes realidades e possibilidades locais, envolvendo um esforço de 3-Missão
consolidação que congrega gestores, profissionais e comunidade nas suas O CCA tem como missão acompanhar a garantia dos direitos humanos, o
diferentes frentes de atuação. cumprimento da ética, a participação voluntária assim como os diversos passos
do protocolo, além de realizar ações de educação comunitária sobre a prevenção
O resultado se expressa na cooperação e no compromisso dos diferentes da tuberculose entre pessoas vivendo com HIV/AIDS.
sujeitos de ação envolvidos que tornam realidade a proposta dos “3 Is” da 4- Objetivos
Organização Mundial de Saúde , considerados estratégias chave para reduzir o 4.1 - Garantir que os direitos dos participantes da pesquisa sejam preservados em
impacto da Tuberculose nas pessoas vivendo com HIV/Aids. todos os níveis;
4.2 - Garantir aos participantes e à comunidade a existência de uma fonte específicos. Entretanto, os membros da equipe técnica do THRio, excetuando o
independente de informações sobre a pesquisa, servindo como porta-voz junto à facilitador, não se constituem membros do CCA.
equipe responsável pelo estudo; 6.2 - Associação ao CCA e Direito de Voto
4.3 - Assessorar a equipe do estudo no planejamento, desenvolvimento e imple- Um voluntário passa a integrar o CCA, com direito a voto, após ter firmado o
mentação da pesquisa, no sentido de garantir sua qualidade técnica e o respeito seu termo de adesão.
aos princípios éticos que norteiam as pesquisas clínicas; As decisões do CCA deverão necessariamente ser tomadas por maioria simples,
4.4 - Avaliar o impacto da pesquisa na comunidade e garantir que as questões ou seja, por 50% mais um do total de votos dos presentes à reunião.
emergentes sejam consideradas pela equipe do estudo. O representante do CCA que faltar a duas reuniões consecutivas, sem prévia
justificativa, deverá ser contactado para saber de sua disposição de continuar no
5- Ações Comitê, antes de seu desligamento definitivo, que se dará após a terceira falta
5.1 - Dirimir dúvidas levantadas pelos participantes junto aos responsáveis pelo injustificada.
estudo, de forma a encontrar soluções para os problemas apresentados; O voluntário que faltar a todas as reuniões no período de seis meses, mesmo que
5.2 - Em conjunto com a equipe do estudo, revisar e promover a divulgação de tenha justificado sua ausência, será automaticamente desligado, a não ser que sua
dados sobre a pesquisa e sobre o andamento dos estudos; situação tenha sido discutida pelo CCA, que é soberano em suas decisões.
5.3 - Auxiliar nos esforços de sensibilização da comunidade em geral para a O voluntário que desistir de sua filiação pode, por decisão do CCA, continuar a
pesquisa; receber informativos, atas e correspondência do Comitê.
5.4 - Intervir junto à coordenação do projeto de pesquisa, no cumprimento dos 6.3 - Reuniões do CCA
direitos e responsabilidades do voluntário e na educação comunitária; As reuniões do CCA serão mensais, na terceira terça feira de cada mês, das
5.5 - Atuar junto às autoridades públicas, organizações não governamentais e à 14:00 às 16:00 hrs, realizadas em local previamente escolhido. A data, local e
iniciativa privada para incluir os temas do estudo na sua agenda política e de horário deverão ser confirmados por correio eletrônico, para todos os mem-
trabalho; bros do CCA e informados aos supervisores das unidades de estudo que
5.6 - Educar e sensibilizar a comunidade para a conscientização sobre a deverão providenciar divulgação específica e adequada, além de remeter quais-
importância da prevenção da tuberculose em pessoas vivendo com HIV/AIDS; quer encaminhamentos solicitados pela comunidade participante do estudo.
5.7 – Auxiliar na revisão do material educativo produzido no âmbito do THRio. 7 – Vinculação com o Core CAB e o CWG (Community Working Group)
6- Estrutura O CCA é parte integrante do Consórcio para Responder Efetivamente à
O CCA é um comitê formado por voluntários. Seus integrantes devem ser pessoas da Epidemia de TB/HIV /Core Community Program (Programa Central para Comuni-
comunidade envolvidas na prevenção à Aids e em ações de promoção de saúde em dades do CREATE), e Grupo de Trabalho com Comunidades (CWG) que reúne os
geral, podendo incluir ainda participantes da própria pesquisa, que devem ser comitês comunitários de todos os sítios (países) de estudos apoiados pelo
informados da existência do Comitê e da opção de se tornarem integrantes. CREATE. O representante do CCA do THRio será indicado pelos integrantes deste
CCA e é a voz do CCA junto ao Core CAB e ao CWG.
6.1- Composição
A composição do CCA privilegia a participação de representantes de vários 7.1- São responsabilidades do Coordenador do CCA:
segmentos com experiência relacionada a aspectos de saúde coletiva, tubercu- Levar questões emergentes do CCA para o Core CAB CREATE;
lose, direitos humanos, ética, ativismo em Aids e que de alguma forma atuam nas Relatar as atividades do CCA para o Core CAB;
diversas áreas de controle social e combate à epidemia. Relatar informações do CORE CAB de volta para o CCA;
O CCA conta com um facilitador indicado pela equipe THRio / CREATE. Participar das conferências por telefone (“Conference Calls”) ;
O CCA pode ainda, em determinados momentos, conforme a sua necessidade, Quando o representante do CCA junto ao Core CAB não puder participar de
contar com a participação de outros representantes e/ou membros da equipe do alguma conferência por telefone ou reunião, deverá comunicar ao CCA para
THRio para esclarecer dúvidas e/ou auxiliar na compreensão de ações ou temas que outro membro seja indicado.
MEMBROS DO CCA THRIO, 2005 A 2010 MATERIAL EDUCATIVO
Ana Maria Bontempo – Grupo Pela Vidda RJ
Carla Maciel – Centro de Promoção da Saúde – CEDAPS
Claudia Garcia – Centro de Referência Para saúde da Mulher – CRESAM
Cydia Souza – infectologista SMSDC RJ
Diana Valladares – sanitarista SMSDC RJ
Ezio Távora – Grupo Pela Vidda RJ
George Gouvea – Grupo Pela Vidda RJ
Gloria Mizael – Forum de ONG TB
Gustavo Magalhães – infectologista SMSDC RJ
Folder produzida pelo estudo THRio em parceria com a SMSDC RJ, 2007.
Isabel Sonia de Souza – enfermeira SMSDC RJ
Jucimara Moreira – Grupo Pela Vidda RJ
Katia Edmundo – Centro de Promoção da Saúde – CEDAPS
Marcello Duarte (in memoriam) – Forum de ONG AIDS
Marcia Mesquita – pneumologista SMSDC RJ
Marcia Zattar – enfermeira SMSDC RJ
Marcus Conde – pneumologista, pesquisador UFRJ
Maria Aparecida Lemos – Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas
Maria José Rodrigues – Sociedade de Amigos de Vila Kennedy
Marilza Rodrigues – assistente social SMSDC RJ
Paulo Roberto M. Santos – infectologista, gerencia local SMSDC RJ
Raquel Piller – pneumologista, gerente do Programa Municipal de Pneumologia Revista produzida pelo estudo THRio em parceria com a SMSDC RJ, 2005.
Sanitária SMSDC RJ
Renata Leborato Guerra – pneumologista, pesquisadora UFRJ
Sonia Regina Gonçalves da Silva – Associação de Mulheres e Amigos do
Morro do Uurubu – AMAMU
Vania Braz - Conselho de Gestores Comunitários do Rio de Janeiro - CONGESCO
William Amaral – Forum de ONG TB
FACILITADORAS
Giselle Israel e Vitória Vellozo
Folder produzido pelo estudo THRio em parceria com a SMSDC RJ, 200
BOLETIM INFORMATIVO O estudo THRio-TB-HIV no Rio é uma pesquisa operacional, que teve início em
COINFECÇÃO TUBERCULOSE / HIV/AIDS setembro de 2005, com a finalidade de avaliar o impacto da terapia preventiva da
Tuberculose para pacientes coinfectados com HIV/AIDS/Tuberculose com
De 1982 a 2009, o número total de casos de aids notificados no município
acesso à terapia antirretroviral no município do Rio de Janeiro.
do Rio de Janeiro foi de 37.507. Nos últimos cinco anos, aproximdamente 1.360
Para reduzir os casos de Tuberculose entre pessoas vivendo com HIV/AIDS é fundamental a
casos de aids foram notificados anualmente. No momento da notificação, 22% integração, a colaboração e o trabalho conjunto dos Programas de Tuberculose e DST/AIDS
apresentavam diagnóstico de Tuberculose.
No período de 2005 a 2009, 35.607 casos de Tuberculose de residentes no GRÁFICO 2
município do Rio de Janeiro foram notificados no SINAN. O teste anti-HIV foi Casos de Tuberculose e situação de testagem anti-HIV, município do Rio de Janeiro, 2005 a 2009.
realizado em 12.688 (35,6%) pacientes.
90,0 10000
A Tuberculose é a principal causa de morte entre as pessoas 77,6
80,0 9000
vivendo com HIV/AIDS.
nº de casos de TB
1. a identificação de casos com busca ativa pata diagnóstico e tratamento 60,0
6000
50,0 55,4
precoce dos casos de Tuberculose; 5000
2. o controle da infecção por Tuberculose nos serviços de saúde e, 40,0
29,5 33,2 4000
3. a terapia preventiva com Isoniazida. 30,0 28,0
3000
13.9 20,7
Neste boletim, relatamos a experência dos Programas Municipais de Tuber- 20,0 2000
culose e DST/AIDS da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de 10,0 1000
Janeiro (SMSDC-RJ), na implantação da terapia preventiva com Isoniazida em 8,6 10,8 11,4 10,2 10,5
0,0 0
29 unidades de saúde localizadas no município do Rio de Janeiro, envolvendo 2005 2006 2007 2008 2009
Casos TB anti-HIV Positivo anti-HIV Negativo anti-HIV Não realizado
cerca de 19.000 pacientes infectados pelo HIV/AIDS. Os dados deste boletim
Fonte: SINAN NET,2010.
são oriundos dos bancos de dados da SMSDC-RJ e do Estudo THRio.
GRÁFICO 3
GRÁFICO 1 Distribuição do número de pacientes com o vírus HIV/AIDS atendidos em 29 unidades de saúde
segundo Áreas de Planejamento, município do Rio de Janeiro, 2010.
Casos de AIDS e incidência por 100.000 habitantes em residentes no município do Rio de
Janeiro, 1982 - 2009 6 unidades de saúde com mais de 1.000 pacientes.
2000
995
Casos
1500 25 934
20 800 802 781
1000 15 600 685
521 503 521 526
10 400 438
500 384 345
408
343 363
5 275
329
200 242 262 239 231
0 0 128 125
0
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
1.0 2.1 2.2 3.1 3.2 3.3 4.0 5.1 5.2 5.3
Número de pacientes
Número de pacientes
3000 12000
64,6%
2500 10000
Masc
8000
2000
6000
1500 Fem 35,4%
4000
1000 9,8%
2000 7,5%
500 Sim Não Sim Não Sim Não
0
0 PPD CD4 Carga Viral
<20 anos 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60 e+ Fonte: Banco de Dados THRio, maio de 2010, N=18.889.
Faixa etária
Fonte: Banco de dados THRio, maio de 2010, N=18.889
FIGURA 1
GRÁFICO 5 Situação de realização de PPD e INH entre os pacientes das 29 unidades de saúde, município do Rio
de Janeiro, 2010.
Distribuição dos pacientes com HIV/AIDS de 29 unidades de saúde segundo perfil clínico, municí-
pio do Rio de Janeiro, 2010. Pacientes com indicação de realização de PPD Pacientes com infecção pelo HIV/AIDS e com
9.827 PPD+ (>5mm) devem sempre ser avaliados
Tuberculose 4.520 17,4% dos pacientes antes do início da terapia preventiva com
Pneumonia por (P. Jirovec e P Carinii) 1.578 Isoniazida para afsatar e excluir Tuberculose ativa.
novos com infecção pelo PPD realizado
Toxoplasmose Cerebral 1.578 HIV/AIDS que chegaram 6.238 (63,5%)
Candidíase não oral ou não vaginal 1.020 às 29 unidades de
Hepatite C crônica 832 saúde referiam história PPD lido Outros pacientes com indicação
Hepatite B crônica 339 prévia de Tuberculose de terapia preventiva com INH
16000
Sarcoma de Kaposi 285 5.883 (94,3%)
14000 79,0% Outras 986
PPD >5mm Exames prévios positivos Contactantes de
Número de pacientes
Atividade Nº de Participantes
Principais Avanços
Um terço dos pacientes não realizaram PPD, apesar de indicado pelo Ministério da Saúde. Projeto Gráfico:
Reduzido número de pacientes com Tuberculose testados para HIV. dudesign
Apesar da redução significativa dos intervalos de tempo para a execução de PPD e para o dudesign@terra.com.br
início da Isoniazida ainda são muito elevados - 44 e 10 semanas, respectivamente. www.du.design.art.br
Somente 32% dos pacientes com suspeita de Tuberculose realizaram culturas de escarro.
Direção de Arte
Diretrizes para o manejo clínico da CoInfecção HIV/AIDS/Tuberculose: Luciana Lindemann
Recomendações para Terapia Antirretroviral em Adultos Infectados pelo HIV 2008. Ministério da Saúde, SVS, Lys Portella
Programa Nacional de DST e AIDS. 7a Ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Ministério da Saúde, 2010, SVS, Programa
Nacional de Controle de Tuberculose. Ministério da Saúde 2010.