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Revista

WWW.SPZN.PT

EDIÇÃO 18 • FEVEREIRO 2024


FICHA TÉCNICA
Revista

NOVE
QU4TRO
DOIS
Número dezoito - fevereiro 2024

Periodicidade
Mensal

Propriedade
Sindicato dos Professores da Zona Norte - SPZN

Diretor
Pedro Barreiros

Equipa de redação
Manuel Emílio Pereira
Catarina Moscoso (textos e fotografia)
André Cardoso (suportes tecnológicos)
João Sousa (vídeo)

Secretariado
Teresa Burnay

Administração
Joaquim Fernandes

Sede
(Redação e Edição)
Rua Costa Cabral, 1035 * 4249-005 Porto *
tel. 225 070 000
Email: secretariado@spzn.pt

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NotíciasFlix

Nesta edição

Maria Esperança Portugal


FNE apresenta candidatura virtual às eleições
legislativas com propostas para a Educação

Os Futuros da Educação
FNE e AFIET escutaram propostas dos
partidos políticos para a Educação na
próximo legislatura

Acordo FNE/CNIS
Acordo garante valorização salarial a
cerca de 70 mil trabalhadores das IPSS

Ação Social e Cultural


Iniciativas promovidas pelas diferentes
distritais e departamentos do SPZN

Opinião
Artigos expositivos e de opinião do
Apoio Jurídico e dirigentes do SPZN

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FNE apresenta candidatura
virtual às eleições legislativas
A FNE apresentou, no dia 09 de fevereiro de 2024, a candidatura virtual de
Maria Esperança Portugal, uma candidata fictícia às eleições legislativas
antecipadas que pretende pôr os partidos a discutir o setor da Educação.

“Além do nosso trabalho para a as várias propostas, desde a


construção de um roteiro para a educação para a infância ao ensino
legislatura, queremos utilizá-la superior e investigação.
como sendo quase uma porta-voz
para a promoção do debate”, “É Maria porque 80% do corpo
explicou à Lusa o Secretário-Geral docente e não docente são mulhe-
(SG) da FNE, Pedro Barreiros. res e Esperança porque é preciso
ter esperança no quadro das
A candidatura fictícia de Maria nossas reivindicações relacionadas
Esperança Portugal é lançada hoje, com o rejuvenescimento da profis-
com o lançamento de uma página são e, também por isso, criamos
na Internet em que são detalhadas um rosto jovem”, explicou o SG.

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“Maria Esperança Portugal”, criada através de inteligência artificial, tinha sido
pensada para as eleições europeias, que se realizam em junho, mas a demissão
do Governo e marcação de eleições antecipadas para 10 de março levou a
FNE a avançar já com a iniciativa.

Com a aproximação da ida às urnas, o objetivo é “colocar no centro do debate


os temas da educação, algo que não tem acontecido”, lamenta Pedro
Barreiros.

“É estranho, passados todos estes debates, ainda não se ter ouvido nada sobre
Educação. Se não falam, temos de fazer qualquer coisa para que se fale e eu
acho que a Maria pode vir a ter esse contributo”, antecipou.

Quanto às suas propostas, coincidem


com muitas das reivindicações que a
FNE tem vindo a fazer: a revisão do
regime de mobilidade por doença, a
eliminação da burocracia ou a
valorização do setor social.

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Campanha da Esperança nas escolas e
na rua por uma Educação de qualidade
A candidata virtual da FNE, Maria Esperança Portugal, saiu à rua com a
colocação de outdoors, divulgação junto das escolas através da entrega de
materiais gráficos com o programa desta campanha, assim como a
colocação de 250 pendões.
Maria Esperança continuará, ainda, Os materiais distribuídos incluem
a dar-se a conhecer pelas estradas várias propostas, para áreas como
nacionais com um carro o desenvolvimento da carreira
devidamente identificado com a docente, a valorização das
cara virtual da candidata e que vai condições de trabalho, o ingresso
percorrer várias escolas do país. na carreira e a aposentação, a
Além disso, também em Bragança transição digital e inteligência
a campanha tem sido “ambulante”, artificial, a indisciplina e violência
com a carrinha publicitária da em contexto escolar, o ensino de
candidata. Português no estrangeiro, a

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formação profissional, o Ensino Superior, a Mobilidade por Doença, o Pessoal
de Apoio Educativo, a educação inclusiva, a gestão das escolas, entre outros.

Todas estas propostas podem ser consultadas na íntegra, através do website


da candidata: www.mariaesperancaportugal.pt

Esta candidatura e campanha eleitoral são puramente fictícias, tratando-se de uma Ação Sindical
da FNE para chamar a atenção para a importância da Educação. A protagonista "MARIA
ESPERANÇA PORTUGAL" é uma figura virtual, sem capacidade eleitoral ativa ou passiva.

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TICOS
RTIDOS POLÍ
ICA COM PA
SESSÃO PÚBL

FNE e AFIET escutaram propostas dos partidos


políticos para a Educação na próximo legislatura
A FNE e a AFIET reuniram, no dia 16 de pudessem trazer para a mesa propostas
fevereiro, no Auditório do SPZN, no Porto, que permitam reverter os problemas da
representantes de partidos políticos para Educação verificados em Portugal.
apresentação e debate das propostas dos
mesmos para a legislatura, que resultará Alexandre Homem Cristo (AD), Miguel
das eleições de 10 de março próximo. Correia (BE), Isabel Souto (CDU), José
Carvalho (CHEGA), Matilde Rocha (IL),
Com o tema “Os futuros da Educação”, Jorge Pinto (LIVRE), Anabela Castro (PAN)
esta ‘mesa redonda’ híbrida, gerida por e Porfírio Silva (PS) apresentaram as
Maria João Cardoso (FNE), foi uma soluções dos respetivos partidos para uma
oportunidade que a Federação ofereceu a legislatura que vai enfrentar duros
oito organizações partidárias para que desafios no sistema educativo.

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Coube ao Secretário-Geral da FNE, Pedro Barreiros, dar as boas-vindas aos
oradores convidados, relembrando que aquela sessão servia para "conhecer os
compromissos essenciais dos Partidos Políticos para a área da Educação na
próxima legislatura, promover um debate aberto e construtivo sobre os desafios e
as oportunidades que se apresentam ao sistema educativo e reforçar a importância
da Educação como pilar fundamental para o desenvolvimento do país".

O líder da FNE assumiu que “a Educação é a chave para um futuro mais próspero,
justo e sustentável. Por isso, convidamos todos os participantes a envolverem-se
ativamente nesta sessão, contribuindo para um debate profícuo e enriquecedor".

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AD comprometida com devolução de todo o
tempo congelado

Alexandre Homem Cristo apresentou as principais


medidas da AD para a educação, sublinhando que
Portugal tem realmente um grave problema com o
envelhecimento da classe docente, "seis vezes acima
da média europeia". Na sua intervenção, relevou
medidas essenciais que passam por um acesso
universal e gratuito a creches e jardins de infância,
aumentando a oferta do Estado, com recurso também
aos setores social, particular e cooperativo.

Sobre a recuperação do tempo de serviço congelado,


frisou que a AD se compromete a uma devolução total
do tempo de serviço trabalhado (seis anos e seis
meses), mas de forma gradual ao longo da legislatura,
à razão de 20% ao ano. Os termos desta recuperação
serão negociados nos primeiros 60 dias da nova
legislatura.

Outra medida prevista é incentivar a fixação de professores em zonas de baixa


densidade ou onde há falta de professores e criar em sede de IRS a possibilidade de
dedução das despesas de alojamento dos professores que se encontrem deslocados a
mais de 70 quilómetros da sua residência.

Uma das prioridades da AD é a de alterar as provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos
para o 4.º e 6.º anos, a Português, Matemática e a uma terceira disciplina, de forma
rotativa a cada três anos. De igual modo, criar um novo plano de recuperação de
aprendizagem (A+A - “Aprender Mais Agora”), destinado ao “apoio de alunos, capaci-

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tação de docentes para implementar um sistema de tutorias e reforço de créditos


horários”. Nos planos da AD está ainda a promoção do regresso de professores
qualificados à carreira, com o devido reposicionamento.

BE visa o reconhecimento do estatuto dos


professores do EPE

Já da parte do Bloco de Esquerda (BE), Miguel


Correia começou por referir a necessidade de
"existir um reconhecimento do estatuto dos
professores no Ensino Português no Estrangeiro -
EPE", acrescentando que "existe falta de
reconhecimento dos trabalhadores da educação e
muita precariedade em todos os setores da
educação”.

O BE defende a criação de um plano de


investimento na educação, que vise alcançar a
meta de pelo menos 6% do PIB, conforme aponta a
OCDE. Mais investimento na Escola Pública é outra
das grandes prioridades do BE, partindo depois
para os principais pontos/medidas no seu programa
para a próxima legislatura: recuperação integral do
tempo de serviço dos professores no primeiro ano
de Governo; Criação de um programa de
vinculação extraordinária de docentes precários e
alteração das regras da vinculação dinâmica, eliminando a obrigatoriedade de
concorrer ao país inteiro; ou Valorização do Pessoal de Apoio Educativo com a criação
de formações para necessidades educativas especiais.

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CDU defende eliminação das quotas de avaliação, das vagas para
progressão aos 5.º e 7.º escalões

Isabel Souto representou a CDU e abriu a sua apresentação lembrando que "a
educação, para a CDU, é um fator estratégico para o país. Mas o investimento na
escola tem sido cada vez menor desde 2011, a precariedade tem aumentado na
docência e no Pessoal de Apoio Educativo, além de profissionais exaustos, centenas de
alunos sem professor e falta de assistentes técnicos, técnicos especializados, além de
um parque escolar público que continua degradado".

E assim sendo, as propostas do PCP e "Verdes" para a legislatura que resultar das
eleições de 10 de março passam por: Recuperação integral do tempo de serviço dos
professores no prazo de três anos; Vinculação de todos os professores com três ou
mais anos de serviço; Alargamento da rede pública de creches com a disponibilização
de 100 mil vagas até 2028 e de 148 mil até 2032; criação de uma rede pública de
ensino artístico especializado; gratuitidade dos manuais escolares; redução do número
de alunos por turma;
Vinculação de todos os
professores com três ou
mais anos de serviço e
eliminação das quotas
de avaliação, das vagas
para progressão aos 5.º
e 7.º escalões e do
período probatório dos
professores.

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Para o CHEGA , "a escola está doente"

O representante do CHEGA, José Carvalho, iniciou


a sua participação recordando que o partido que
representa "se preocupa muito com professores,
alunos e famílias”. Para o CHEGA, “a família educa e
a escola ensina” e os resultados na educação estão à
vista de todos: “Temos professores descontentes e
escolas doentes. Injustiças nas carreiras de todos os
trabalhadores da educação. As escolas estão presas
a mecanismos de indisciplina e são autênticas
máquinas burocráticas".

As propostas do CHEGA passam então por


recuperar todo o tempo de serviço congelado dos
professores, extinguir quotas na progressão na
carreira e proceder a uma melhoria progressiva e
sustentável dos salários. O CHEGA propõe-se
atribuir ajudas de custo a professores do Ensino
Básico e Secundário que se encontrem deslocados a
mais de 100 km da sua residência oficial, com
dedução das despesas em sede de IRS; reintroduzir
os exames nacionais no final de todos os ciclos do ensino básico e secundário,
estender as medidas de ação social escolar aos alunos que frequentem o ensino
privado e cooperativo e rever os protocolos de financiamento dessas escolas.

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IL assenta programa em 4 medidas essenciais

Já a Iniciativa Liberal (IL), através de Matilde Rocha,


olhou para "os futuros da educação, como diz o tema
desta iniciativa" e que "assentam, através do programa
da IL, em 4 medidas essenciais: recuperar
urgentemente o atraso das aprendizagens; dar
autonomia às escolas; aumentar as oportunidades de
formação; expandir o conhecimento para melhorar o
futuro de todos".

O projeto "creche feliz" que, segundo a IL, "não


conseguiu chegar a todos e, assim, a IL pretende que o
acesso às creches se aponte pela liberdade de escolha
dos pais" são um dos temas a recuperar.

Estruturar a carreira e diminuir a diferença de salário


entre quem entra e o topo de carreira, assim como
reformular os concursos, são partes do programa da
Iniciativa Liberal.

Promoção do ensino profissional, contratar professores reformados e dar


maior autonomia às instituições do Ensino Superior, nomeadamente na
seleção de alunos e módulo.

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LIVRE defende "uma escola nova"

Jorge Pinto, do LIVRE, utilizou o exemplo da


candidata virtual da FNE, Maria Esperança Portugal,
para referir a necessidade de que "no ano dos 50
anos de Abril se tenha esperança num futuro melhor
para a educação". As medidas propostas pelo LIVRE
passam "pela pré-infância fazer parte do Ministério
da Educação" e "transformar o 12º ano num ano
zero universitário".

Jorge Pinto revelou que, para o seu partido, é


necessário "dignificar a carreira docente,
considerando a contagem integral do tempo de
serviço com uma regularização total a dois anos,
capacitar a Educação Pública, reforçando a dotação
orçamental para a Educação, de forma a assegurar
recursos, material e profissionais suficientes e
facilitar a criação de uma escola "livre, centrada no
aluno, em que todos possam contribuir com ideias e
melhorias, abrindo a escola o mais possível, por
exemplo às sugestões dos alunos, que pouco são
ouvidos".

Para o Livre torna-se essencial repensar a realização obrigatória dos exames nacionais
no ensino secundário, o fim das quotas nos acessos aos 5º e 7º escalões, assim como
criar um projeto de tutoria liderado pelos docentes mais velhos, em troca de uma
redução da carga horária, com o objetivo de dar um apoio mais efetivo aos novos
professores que entram nas escolas.

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PAN deseja mudança de paradigma

Da parte do PAN, Anabela Castro reforçou que o seu partido quer "uma
escola inspiradora", mas no presente "faltam recursos e andamos longe de
cumprir os 6% do PIB recomendados para a educação". Quanto a medidas,
o PAN defende que é necessário rever o modelo de acesso e progressão na
carreira, recuperar progressivamente
o tempo integral de serviço
congelado dos professores e avaliar a
possibilidade de aumentar os
vencimentos nos escalões de entrada
na profissão.

Para o PAN é necessário garantir a


efetiva autonomia das escolas e a
gestão flexível do currículo e rever a
organização dos mega-agrupamen-
tos.

A atração de jovens para a profissão


docente passa, segundo Anabela
Castro, por "uma imagem mais
positiva da educação. Por mudarmos
o paradigma e mostrarmos que o
Estado quer proteger e investir na
escola pública. Criar, no fundo, uma
representação social mais positiva".

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Alargar a rede pública do artístico é objetivo


do Partido Socialista

O painel fechou com a participação de Porfírio Silva, do


PS que considerou que a "escola não está a fazer tudo
para reduzir as diferenças socioeconómicas. E para
resolver isso temos de aceitar que os alunos são todos
diferentes e que é preciso arranjar espaço para cada
um". O PS quer garantir a frequência gratuita da
educação pré́-escolar a todas as crianças a partir dos
três anos, investindo na rede pública e recorrendo ao
setor solidário e à rede privada, de forma supletiva e
instituir, de forma gradual, a obrigatoriedade da
educação pré-escolar a partir dos quatro anos.

Outro ponto referido no programa socialista é o de


alargar a rede pública no domínio artístico e enfrentar a
presença e o espaço do digital nas aprendizagens.
Assim como aumentar a atratividade no início da
carreira, continuando o ritmo de redução da precarieda-
de e reduzindo o hiato entre os índices remuneratórios da base da carreira docente e
os índices mais altos. O PS tenciona igualmente iniciar negociações com os
representantes dos professores, com vista à recuperação do tempo de serviço, de
forma faseada.

Porfírio Silva alertou ainda que o Pessoal de Apoio Educativo tem de ser valorizado, a
burocracia tem de ser reduzida e ao nível do Ensino Superior os objetivos do seu
partido são manter a revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior
(RJIES), aprovar uma lei de investimento para a ciência, modernizar a Fundação para a
Ciência e a Tecnologia (FCT) e acabar com a precariedade dos investigadores.

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Público levantou várias questões deslocados, na mobilidade por
doença (pouco referida nos
Fechado o espaço interventivo para programas eleitorais) e na descentra-
as apresentações de cada um dos lização de competências relativa ao
representantes dos partidos políticos pessoal de apoio educativo. Os
convidados, abriu-se tempo para representantes dos oito partidos
questões levantadas pelo público responderam a todas as questões,
presencial e online, composto por contribuindo para um verdadeiro
dirigentes da FNE e dos seus esclarecimento das suas propostas.
sindicatos, docentes e pessoal de
apoio educativo e inscritos no O encerramento da mesa redonda
evento. ficou a cargo do Presidente da
AFIET, João Dias da Silva, que
As questões colocadas aos partidos elogiou a disponibilidade reiterada
centraram-se na recuperação do pelos partidos para se envolverem
tempo de serviço congelado aos junto com os sindicatos, na procura
docentes, nas formas de recompensa por soluções públicas de políticas
financeira aos professores educativas de inclusão e de sucesso.

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Vídeo Completo da Sessão | 16-02-2024

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ACORDO ENTRE FNE E CNIS
Acordo garante valorização salarial a
cerca de 70 mil trabalhadores das IPSS
A FNE, no âmbito da Frente Sindical da UGT (FSUGT), assinou, no dia 23 de
fevereiro, no Porto, um acordo com a CNIS (Confederação representativa
das Instituições Particulares de Solidariedade Social - IPSS) que assegura
ganhos positivos para a generalidade daqueles que se entregam à causa do
setor social e solidário.

Cerca de 70.000 trabalhadores das IPSS vão ver valorizados nas suas
remunerações em 3,75%, afirmou o Secretário-Geral Adjunto da FNE, José
Ricardo Coelho, à LUSA. “Tem a ver com a revisão do contrato coletivo de
trabalho para as IPSS. Este setor da economia social envolve cerca de quatro
mil empregadores e cerca de 70 mil trabalhadores docentes e não
docentes”, sustentou.

O acordo, considera a FNE, deverá assegurar “ganhos positivos para a


generalidade daqueles que se entregam à causa do setor social e solidário”,

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mas não só. “É um acordo que também As remunerações e as restantes
valoriza os trabalhadores docentes e matérias pecuniárias têm efeitos
não docentes. Podemos adiantar que as retroativos a 01 de janeiro, com a
remunerações para os trabalhadores FSUGT a destacar que “foi ainda
não docentes têm uma valorização de alcançada uma nova vitória”, com o
5,71% em relação a 2023”, salientou incremento de mais uma diuturnidade
José Ricardo Coelho, sublinhando que no tempo de serviço prestado.
“não foi um acordo fácil. Estamos a
negociar a revisão do contrato coletivo Segundo a FNE, trata-se de reconhecer
de trabalho desde novembro”. a experiência associada à antiguidade.

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Relatório do Estado da Educação 2022 constata
problemas para os quais a FNE tem vindo a alertar
Foi dado a conhecer, no dia 27 de por um lado, relativamente à necessidade
fevereiro, pelo Conselho Nacional da de rejuvenescimento da profissão ao nível
Educação (CNE) o relatório do Estado da de docentes e pessoal de apoio educativo
Educação 2022 que faz o retrato do e, por outro, na dificuldade em captar
sistema educativo nacional. jovens que queiram ser professores. Este é
o ponto mais negativo assim como a falta
Em declarações aos meios de comunicação de investimento e de valorização das
social, o Secretário-Geral da FNE defendeu carreiras dos profissionais da educação".
que o problema mais grave da educação
está na falta de professores, com esse A FNE regista que, em 2021/2022, 1 682
ponto a ser "a constatação daquilo que a diplomados concluíram cursos que confe-
FNE tem vindo a alertar há muito tempo, rem habilitação para a docência (+ 151

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face ao ano anterior), número que não E também a própria formação contínua
compensa as aposentações (2206), dos docentes e a ligação que existe
situação que antecipámos e que será agora com a Inteligência Artificial e tudo
agravada nós próximos anos, pelo que é aquilo que ela implica, a versão
urgente encontrar soluções que humanista da escola que não se pode
permitam que todos os alunos tenham perder, assim como a ideia defendida da
os professores de que precisam. fusão do 1º CEB com o 2º CEB que
coloca em causa a o regime
Para Pedro Barreiros, porém, "não há só monodocência, a reconfiguração dos
más notícias, pois as taxas de grupos disciplinares, os espaços
permanência e de conclusão dos alunos escolares e a Lei de Bases do Sistema
estão a subir". Contudo, a FNE sublinha Educativo, pelo que importa garantir que
que os resultados da avaliação interna e qualquer transformação a este nível seja
externa, nacional e internacional, das devidamente debatida, discutida,
aprendizagens evidencia que os alunos percebida e implementada sem prejuízo
apresentam dificuldade em realizar dos docentes envolvidos, uma vez que já
tarefas complexas raciocinar e criar; lidar basta de alterações em prejuízo daqueles
com conceitos abstratos; comparar e que as têm de implementar.
avaliar estratégias, pelo que importa
perceber a relação entre a conclusão dos A FNE acompanha o CNE na
estudos e as aprendizagens. identificação da necessidade do reforço
na disciplina de Português Língua Não
Este relatório deixa ainda, segundo Materna (PNLM) assim como na
Pedro Barreiros, "alguns desafios impor- modernização do ensino profissional, de
tantes tais como a formação inicial de formação de professores e de reforço
professores, pois não pode ser posta em dos serviços de psicologia e orientação, a
causa a qualidade dos conhecimentos par do aperfeiçoamento e das condições
científicos e pedagógicos dos futuros de acesso ao ensino superior.
professores.

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OFÍCIO AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
FNE exige reposicionamento e alteração de
posicionamento remuneratório sem violação da lei
A Federação Nacional da Educação (FNE) fez chegar, no dia 1 de fevereiro de 2024,
ao Ministério da Educação (ME) um ofício relativo à verificação de ultrapassagens,
injustiças e violação de lei nas situações de reposicionamento/progressão e
alteração de posicionamento remuneratório dos docentes.

Apesar de registar como positivas as recentes alterações ao ECD, assim como a


alteração legal introduzida pelo novo regime de gestão e recrutamento do pessoal
docente dos ensinos básico e secundário e de técnicos especializados para formação,
que permite aos docentes com contrato a termo resolutivo alterar o seu índice
remuneratório, a FNE verifica que a concretização prática destas medidas, a ser
aplicadas de acordo com as orientações que estão a ser divulgadas pela DGAE, irão
gerar situações de ultrapassagens, de injustiça, e até de violação de lei, pelo que
requere a sua rápida correção ao nível das seguintes situações:

Docentes que ingressaram na carreira a 1 de setembro de 2023 podem auferir


por índice remuneratório inferior a docentes contratados com igual ou menos
tempo de serviço.

Muitos docentes serão reposicionados no 1.º ou 2.º escalões, com efeitos a 1 de


setembro de 2023, sendo que alguns irão completar (ou já completaram mesmo) o
tempo de serviço necessário para progredir ao 2.º ou 3.º escalões durante o corrente
ano escolar, mas apenas poderão progredir quando concluída a avaliação do
desempenho, com a agravante que a data de progressão será a
data da avaliação (reunião da SADD que se realiza no final do ano
escolar), o que representará, desde logo, um prejuízo económico e
perda de tempo de serviço.

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Por sua vez, os docentes contratados que completam
o tempo de serviço necessário para alterar o seu
índice remuneratório durante o corrente ano escolar,
seja para o índice 188, seja para o 205, como não têm
que aguardar, e bem, pelo cumprimento do requisito
avaliação, poderão transitar de índice remuneratório
na data em que perfazem o tempo, desde que
cumprido o requisito formação.

Dá-se o caso, inclusive, de muito docentes serem


prejudicados com a recente alteração do ECD que
lhes permitiu dispensar do período probatório, uma
vez que, cumprindo o tempo de serviço para
transitarem de índice remuneratório (para o índice
188 ou 205) durante o presente ano escolar, ao
passarem para uma situação de reposicionamento e
posterior progressão ficam impossibilitados de
transitarem/progredirem de escalão na data em que
perfazem o tempo de serviço para a mudança de
escalão, pelo facto de apenas poderem cumprir o
requisito avaliação do desempenho no final do ano
escolar.
CONSULTE O
Para além de injustiças óbvias, estas OFÍCIO AQUI
situações configuram para a FNE
ultrapassagens de carreira o que,
por si só, constitui violação de lei.

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Docentes contratadas(os) são impedidas(os) de transitarem de nível
remuneratório em devido tempo, por motivo de gozo de licença
parental, gravidez de risco ou doença.

As(os) docentes que não puderam Desta forma, ao serem desconside-


realizar a avaliação do desempenho radas para efeitos de alteração do
por não perfazerem 180 dias de posicionamento remuneratório, as
serviço letivo efetivo por motivo do avaliações realizadas ao abrigo do nº
gozo de licença de parentalidade, 6 e 7º do artigo 40º do ECD
gravidez de risco ou doença, podem (mobilização da última avaliação do
ver adiado o seu direito à alteração desempenho), as (os) docentes são
do posicionamento remuneratório. impedidas (os) de verem o seu índice
de vencimento atualizado, tendo que
A FNE relembra o ME que a FAQ n.º aguardar por uma avaliação que, na
15 da DGAE dispõe que “para melhor das hipóteses, ocorrerá no
efeitos do cumprimento do requisito final do corrente ano escolar, mas
da avaliação de desempenho apenas com probabilidade de também poder
são consideradas as avaliações ocorrer apenas no final de
realizadas nos termos do definido no 2024/2025. Ou seja, poderão ter
n.º 6 do artigo 42 do ECD, na sua que aguardar por julho/agosto de
redação atual”, excluindo assim as 2025 para poderem transitar de nível
avaliações realizadas nos termos do remuneratório com efeitos a 1 de
definido no n.º 6 e 7 do artigo 42. setembro de 2023.

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Delegação de Braga promoveu
plenários em escolas de Vizela,
Guimarães, Vila Verde e Braga
DISTRITAIS

A Distrital de Braga do SPZN promoveu, nos dias 27 e 29


de fevereiro, quatro plenários na Escola Secundária de
Francisco de Holanda, em Guimarães, na Escola Secundária
de Vila Verde, na Escola Básica 2/3 Caldas de Vizela e na
Escola Secundária Alberto Sampaio, em Braga.

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Estas reuniões sindicais tiveram
como objetivo debater questões de
âmbito socioprofissional com que se
defrontam os Professores e
Educadores.

Entre os vários assuntos em cima da


mesa, abordou-se o Decreto-Lei n.º
74/2023, de 25 de agosto,
referente ao Reposicionamento na
Carreira docente, assim como o
Recrutamento e Gestão de
Professores.

Esta foi, ainda, uma oportunidade


para dar a conhecer aos professores
das respetivas escolas a candidatura
fictícia de Maria Esperança Portugal,
que pretende apresentar propostas
concretas para a defesa de uma
Educação de qualidade.

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SPZN na segunda etapa dos
Caminho de Fátima pela costa
Depois de uma primeira etapa bem sucedida e de
reencontros, no dia 24 de fevereiro, o SPZN deu
continuidade ao caminho até ao Santuário de Fátima,
iniciando esta segunda etapa em Espinho e
terminando na praia do Areinho, em Ovar. A última
etapa está prevista para os dias 7 e 8 de dezembro de
CAMINHOS

2024, data que homenageia a Imaculada Conceição.

Por entre chuva, vento, sol e mar turbulento, a


resiliência dos nossos caminheiros nunca desvaneceu,

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mantendo a boa disposição entre a partida e chegada desta etapa dos
Caminhos de Fátima pela Costa do nosso "cantinho à beira-mar plantado". No
final da etapa, ao grupo de peregrinos - por si só já esperançosos - aliou-se
Maria Esperança Portugal, a candidata virtual da FNE que tem percorrido as
escolas do país, numa campanha fictícia por uma Educação de qualidade.

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Casa da Cultura de Paranhos recebeu
espetáculo do grupo de Dança do SPZN
Numa ação conjunta do Grupo promovidas pela Junta de
Coral dos Professores do Porto Freguesia de Paranhos e pelo
(GCPP) e do SPZN, a Casa da Grupo Coral dos Professores do
Cultura de Paranhos recebeu, na Porto, que, este ano, serão
passada sexta-feira, dia 23 de subordinadas ao tema "Abril, 50
fevereiro de 2024, a sessão anos depois". Tal como a
"Liberdade de Movimentos". Este Revolução dos Cravos, também o
evento contou com um espetáculo SPZN celebra, em abril deste ano,
de dança das professoras que o seu 50.º aniversário, facto que
frequentam a disciplina de Dança levou a que a dirigente sindical
do Programa Letivo dos responsável pelos Aposentados
Aposentados do SPZN, lecionada SPZN, Manuela Felício, fizesse
pela professora e coreógrafa referência à Memória perpetuada
Maria Alexandra Pacheco. pelos nossos professores
aposentados. "Se muitos dos que
Esta ação decorreu no âmbito das atualmente usufruem de uma
sessões “Porque hoje é Sexta”, sociedade democrática já
APOSENTADOS

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nasceram em Liberdade, os Aposentados Esta iniciativa veio, uma vez mais,
SPZN são exemplo das testemunhas da enaltecer o trabalho desenvolvido pelo
luta contra a ditadura, recordando SPZN junto dos seus associados,
vivamente esse período da nossa promovendo o bem-estar e
História em que encontros como o de enriquecimento cultural. De facto, as
hoje se revelariam utópicos", referiu. Professoras que compõem este grupo
fazem da dança uma atividade semanal,
Assim, homenageando a liberdade sendo esta uma forma de reduzir
criativa e de expressão, deu-se início ao significativamente o risco de demência,
espetáculo do Grupo de Dança do SPZN, adquirindo-se maiores reservas
onde foram apresentados vários estilos, cognitivas, desenvolvendo a inteligência,
desde a Tarantella à Dança de Roda, sem a memória muscular, o equilíbrio e
esquecer o nosso prestigiado Fado. retardando mesmo o envelhecimento.

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Aposentados SPZN visitaram a “vila mais
antiga de Portugal” banhada pelo rio Lima
O SPZN realizou, no dia 22 de fevereiro de 2024, uma visita cultural a
APOSENTADOS

Ponte de Lima, para levar os nossos professores aposentados a


conhecer o património histórico-cultural da vila minhota.

No dia que se antecipava tempestuoso, nem a chuva travou os nossos


Aposentados que, chegados ao destino, de imediato encontraram abrigo
na Igreja Matriz de Ponte de Lima e, posteriormente, no Museu dos

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Terceiros, instalado em duas casas
religiosas associadas à Ordem
Franciscana: o extinto Convento
de Santo António dos Capuchos e
o edifício da Ordem Terceira de
São Francisco.

Trazendo as recordações da
infância, esta viagem cultural
continuaria com a visita ao Museu
do Brinquedo, cujo dono foi um
dos maiores colecionadores de
brinquedos portugueses. À tarde,
com o sol já a espreitar, os
Aposentados SPZN passearam
pelo centro histórico da vila mais
antiga de Portugal, visitando a
emblemática Ponte Medieval e
Romana.

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Reposicionamento e as
fragilidades da Portaria
n.º 119/2018, de 4 de maio
Por Cecília Paula Trindade,
Consultora Jurídica SPZN

Embora o reposicionamento na carreira cumprimento. Porém, verifica-se a perda


já tenha sido objeto de análise na sexta de tempo de serviço relativa ao período
edição da nossa Revista 942, regresso de tempo que medeia a sua conclusão, o
agora a este tema por subsistirem que se traduz em prejuízo económico e
queixas e pedidos de ajuda por parte dos incidência negativa para sempre na
nossos associados, adensando-se o carreira.
problema, pois, para além de não verem
refletido todo o seu tempo de serviço, Efetivamente, foi com a publicação da
consideram-se agora ultrapassados. Portaria n.º 119/2018, de 4 de maio, que,
Radica o problema - como já tive após o descongelamento das carreiras na
oportunidade de dizer - na operacionali- Administração Pública, passaram a ser
zação do reposicionamento. estabelecidos os procedimentos em sede
de reposicionamento aos docentes que
Na verdade, embora se afirme que estes ingressaram na carreira entre 2011 e
docentes são reposicionados com todo o 2017, para efeitos de determinação do
tempo de serviço, há docentes que não escalão de ingresso.
veem refletido todo o tempo,
nomeadamente quando, a seguir ao Pretendeu-se com esta portaria repor
reposicionamento, se verifica a imediata justiça aos docentes que, tendo
progressão na carreira, dada a exigência ingressado na carreira, ficaram
de cumprimento de todos os requisitos prejudicados no direito de ver o tempo
da progressão (nos termos do artigo 37.º de serviço relevar para definição do
do ECD), avaliação do desempenho, escalão remuneratório, procurando-se
formação contínua e aulas observadas reconstituir a situação, sendo que o
(quando necessárias), sendo que a ingresso na carreira dos docentes
progressão só opera após o seu portadores de habilitação profissional

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APOIO
JURÍDICO

adequada passou a ser efetuado no Embora o posicionamento remuneratório


escalão correspondente ao tempo de dos docentes contratados seja também
serviço prestado em funções docentes e por nós acolhido com agrado, temos
classificado com a menção qualitativa queixas de docentes de carreira que,
mínima de Bom. após o reposicionamento, com tempo
efetivo para progressão ao 2.º ou 3.º
Contudo, não pode a Portaria n.º escalão, apenas podem progredir no final
119/2018, de 4 de maio, passar sem do ano escolar, por aguardarem o
críticas, na medida em que deveria ter cumprimento dos requisitos da
previsto e salvaguardado, em termos de progressão, dada a calendarização do
disposições transitórias, a situação dos processo de avaliação do desempenho.
docentes reposicionados, nomeadamen- Enquanto isto, o posicionamento dos
te, nos casos em que se verifica esta docentes contratados opera
perda de tempo de serviço, pelo que, imediatamente após o cumprimento do
embora esta portaria tenha tentado repor tempo de serviço e verificadas as demais
a justiça, não cumpriu, quanto a nós, o condições.
seu propósito na totalidade.
É ainda importante referir que, no âmbito
Fazendo eco das novas queixas, os da aplicação dos mecanismos de
docentes que ingressaram na carreira a aceleração na carreira nos termos do
01/09/2023, em processo de Decreto-Lei n.º 74/2023, de 25/08, é
reposicionamento e sequente progressão obrigatório igualmente o cumprimento
na carreira, podem mesmo acabar por ser dos requisitos cumulativos do artigo 37.º
ultrapassados em sede de índice de do ECD. Todavia, de acordo com a
vencimento, dado o posicionamento informação da DGAE, a F.A.Q. n.º 2
remuneratório que passou a ser aplicado ressalva que os casos em que, por força
aos docentes contratados, nos termos do da aquisição imediata de tempo de
artigo 44.º do novo regime de serviço, os docentes estejam
recrutamento de pessoal docente objetivamente impedidos de
(Decreto-Lei n.º 32-A/2023, de 8/05). obter/cumprir tais requisitos até à nova

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data de completamento do módulo de Seria efetivamente uma medida desta
tempo de serviço do escalão em que se natureza, na situação descrita, que
encontram, podem requerer a progressão poderia impedir os docentes reposiciona-
nessa data, com efeitos remuneratórios dos, com imediata condição de progres-
ao dia 1 do mês seguinte, devendo os são na carreira, de serem prejudicados
restantes requisitos ser cumpridos até ao com a perda de tempo de serviço,
final do ano escolar de 2023-2024. Vale porquanto, deveriam merecer o mesmo
isto para dizer, e bem, que os requisitos tratamento, bastando, no nosso enten-
da progressão podem ser cumpridos der, ser suprido através de informação da
posteriormente à data da efetiva DGAE em nota informativa, sem
progressão. necessidade de recurso à via legislativa.

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APOIO
JURÍDICO

Nestes termos, pese embora a esta concreta situação de operacionaliza-


implementação de algumas medidas e ção, para que estes docentes possam,
mecanismos que se registam de forma como nos sugerem, cumprir os requisitos
positiva, dadas as sucessivas alterações de progressão à posterior e num período
de que tem sido alvo, continua a carreira de tempo a definir, por exemplo, até ao
docente a ser pautada por assimetrias final do ano escolar, de forma a não
geradoras de injustiças e ultrapassagens, serem prejudicados no seu tempo de
é aqui o caso dos docentes serviço e progressão na carreira.
reposicionados com imediata condição
de progressão na carreira. Da nossa parte, continuaremos a dar voz
a estes docentes pela melhoria e
Urge intervenção, no sentido de se rever dignificação da sua carreira profissional.

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Ansiosamente à espera...
Mas nunca baixando os braços
Por Alexandre Dias,
Dirigente do SPZN em Braga
Após mais de uma década de responder aos desafios de uma
desvalorização da profissão docente, sociedade cada vez mais solidária,
exige-se do novo governo, a ser eleito no progressista, dinâmica e criadora de
dia 10 de março, uma mudança urgente riqueza, mantendo os valores humanistas
de ações e de medidas concretas que e a tolerância exigida a qualquer sistema
eliminem as injustiças criadas. As 10 democrático.
propostas para garantir uma Educação de
qualidade e a elevação dos níveis de A educação não pode esperar nem pode
formação dos portugueses, apresentadas condescender com a incapacidade de
pela FNE à sociedade, acompanhadas da gestão e organização escolar
candidatura virtual da Maria Esperança empobrecida, desvalorizada e relegada
Portugal, são sinais claros dos tempos: para mero serviço assistencial. A
temos de acreditar na Educação, nos educação pública e de qualidade não
seus valores e no seu papel fundamental pode viver de recursos escassos e de
para a sociedade em que vivemos, mas desvalorização constante.
não aceitamos continuar à espera do que
não está a acontecer. Cabe-nos continuar a tarefa iniciada há
50 anos, com a formação do SPZN e,
O diagnóstico está feito: A educação e o posteriormente, da FNE. A defesa
sistema educativo não estão a cumprir a intransigente de uma profissão
sua função social da forma esperada e valorizada, de uma carreira digna, de um
desejável. O envelhecimento docente, a estatuto valorizado e reconhecido. Foi
desvalorização das carreiras, o tempo de necessário um trabalho nacional e
trabalho, o excesso de tarefas burocráti- internacional de investimento na
cas, a digitalização, a pandemia, a gestão negociação, na participação ativa nas
das escolas, a avaliação, a promoção da confederações europeias e mundiais
equidade e da democracia, para não falar (ETUCE, IE), nas instituições
da incapacidade de reter e atrair os representativas dos trabalhadores (UGT)
melhores para a profissão, contribuem e nas instituições ligadas à educação.
para um ambiente de desencanto e de
frustração, que contribui para uma Foram 50 anos de lutas e de trabalho
diminuição drástica do potencial deseja- conjunto, de memórias, de vitórias e
do. O futuro tem de ser construído de alguns desencantos, que nos trouxeram
forma séria e eficaz, de modo a poder até aqui e que nos fazem exigir o melhor.

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Além disso, o momento político atual Cabe a cada um de nós o papel
exigirá uma clara definição das medidas e fundamental de criar condições de
do investimento na educação. Os ventos aprendizagem e reflexão sobre o futuro e
europeus demonstram que os extremis- exigir mais e melhor dos nossos
mos, a intolerância e a incapacidade de governantes. Não podemos aceitar
responder aos justos anseios das promessas vãs, que não resolvem os
populações criam atitudes de desânimo e problemas e que adiam as medidas
de desconfiança nas instituições que necessárias para a prosperidade e o
conduzem à abstenção ou ao voto de progresso que todos exigimos e
protesto. Como professores, não merecemos.
podemos aceitar os retrocessos sociais e
civilizacionais que moldaram a Europa do Hoje somos confrontados com a
pós-guerra e a construção de uma necessidade de fazermos mais com
Europa social que, com as suas menos e os limites humanos e
limitações, contribuiu para a paz e para o profissionais exigem mais recursos
progresso e integração de um número financeiros e humanos que não esperam
crescente de países. Ao mesmo tempo, a por medidas avulsas, nem por uma falta
alteração do tabuleiro geopolítico e de investimento endémico que acumula
económico levanta um conjunto de os problemas e aumenta as diferenças
novos desafios que condicionam o nosso entre os que podem e os que não
futuro. Além disso, a demografia, as conseguem.
alterações climáticas, a digitalização e a
automatização são realidades O futuro já começou HOJE e para
incontornáveis que não estamos a sermos futuro exige-se um trabalho
antecipar, tal como os muitos desafios diário, constante e estrategicamente
que se vão definindo no horizonte. focado. Somos futuro.

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O Futuro da Educação:
Inquirição aos Candidatos a
Deputados às Eleições Legislativas
Por Elisabete Rodrigues,
Dirigente do SPZN em Monção
Assistimos – no mundo político e no decorrer dos tempos – às mais
diversas proclamações a propósito da Educação e da Escola em
Portugal. Elas foram já, tantas vezes e alegadamente, a “paixão” de
partidos e dirigentes da circunstância. São, ainda e sempre, o
desígnio político maior de todos os projetos e cores. Seria
imperdoável que assim não fosse. Além de obrigatório, fica bem! A
aposta na Educação e na Escola aparece, como regra, à cabeça e
destacada, nas parangonas da ação política das campanhas eleitorais.

Diz a verdade dos factos, no entanto, que a Educação e a Escola


Pública têm sido – sem exceções – só e apenas um adereço útil à boa
imagem da “política”, dos partidos e dos candidatos, que com elas
compõem empolgantes chorrilhos de lengalengas proclamatórias.
Mas tudo se fica por aí. A Educação e a Escola, para as políticas
portuguesas que nos governam há dezenas de anos para cá, são
meros amores de campanha eleitoral.

Compete-nos, a todos, reconhecer que nunca a Educação e a Escola


Pública bateram tão baixo, entre nós! Os resultados globais da
missão da Educação pioram de ano para ano e de governo para
governo. O investimento, criador de valor, anda firmemente ausente
da Educação e da Escola Pública, embora integre, costumeiramente,
a “treta” política.

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As profissões da Educação deixaram de comida, necessidades inerentes à
ser respeitadas pela sociedade no seu degradação da habitação e dos
todo, secundando o entendimento que equipamentos da própria Escola, aos
escorre da valorização política que delas recursos disponíveis para o trabalho, à
é feito. Daí o deserto vocacional dos pobreza (mesmo dos que trabalham), ao
candidatos a professores, realidade com desemprego, aos baixos padrões
a qual todos – poder e sociedade – vivem culturais, à inserção social da família, à
em paz, graças a Deus. Há dezenas de interação social.
anos que ninguém se distingue,
construtivamente, face à Educação e à Fica, assim, irremediavelmente compro-
Escola em Portugal. metida a missão da Escola e a nossa
como Professores. A finalidade maior do
Os corpos profissionais da Educação (os processo educativo é a de promover o
que ainda resistem…) vivem em tumulto crescimento e desenvolvimento harmo-
permanente, mergulhados na falta de nioso de cidadãos livres, saudáveis,
reconhecimento de que gozam as suas conhecedores do mundo que os rodeia e,
profissões, e feridos pelas insultuosas por isso, capazes de decidir e de assumir
condições de trabalho e insuficiência dos a vida nas suas próprias mãos, em
vencimentos que auferem. Ao mesmo solidariedade com os outros.
tempo, uma enorme quantidade de
famílias parece ter desistido, ou não A nossa pedagogia e os nossos currículos
consegue, educar as suas crianças. vivem de modas, do experimentalismo,
Muitas vezes, não dispõem de recursos das novas “verdades” aportadas pela cor
mínimos às suas necessidades básicas e à política acabadinha de chegar. Às vezes,
digna promoção do seu crescimento e basta a simples mudança de ministro,
desenvolvimento. Um universo dentro da mesma força política, para se
considerável de crianças chega, hoje, à mudar de planeta na política educativa. A
escola com necessidades e atitudes a que mudança, imposta pelos sucessivos
a Escola não deveria ter de responder e governos, é vendida como pura e eivada
para as quais não tem respostas. da verdade “fundamental”. Agora é que
vai ser! A política dos outros era péssima.
Necessidades que vão desde o afeto à Era dos outros. Enunciam-se novos e

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imaculados valores, novas finalidades, correu mal e o que pode ser melhorado;
novos objetivos e novos métodos para a o que correu bem e deve ser continuado
Educação e regras para a Escola. O e desenvolvido. Seria um “mínimo” nas
investimento é cada vez menor! Bom, boas práticas do poder político. Seria um
mas esse é um detalhe apenas: aí não é “mínimo” no respeito pelo trabalho das
necessário mudar! Basta que a mudança Escolas e das suas Pessoas! Pessoas
se faça por saltos no escuro, envolto nas essas que estudaram e se formaram,
novas “verdades” e que se faça tábua academicamente, na área e que da
rasa do Saber que a Escola adquiriu e que Educação e da Escola fizeram missão de
conserva, para termos a segurança de vida.
que tudo piora. Mas mudamos!
Os responsáveis pela nossa “política”, no
Ninguém tem a coragem de vir ao entanto (e apesar de sermos uma
“terreno”, durante estas mudanças, sociedade democrática com cinquenta
simplesmente falar com aqueles que anos), comportam-se como verdadeiros
constroem a vida da Escola (os alunos, as “donos disto tudo” no que à Educação
famílias, os professores e os demais concerne. Os Professores e demais
técnicos), com o simples propósito de profissionais da área são a parte
saber o que fizeram e fazem, como desprezível da coisa. Para que tudo corra
avaliam o seu trabalho, o que acham que bem, de resto, tudo há de ser decidido

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entre o 1.º e último andar do ministério. do partido; em estratégia e tática de
Esse lugar onde se instalou o sol do qual fazer “cair a distrital” a seu favor ou,
irradia a luz e a energia para todo o ainda, na agitação de bandeiras na fila da
sistema, servidos, no início de cada ciclo frente para engrandecer o telejornal das
político, por centenas de rapazes e 20h. Aí reside muitas vezes o único
raparigas que se instalaram no ministério, “mérito” que se lhe conhece para as suas
alguns descendo à cidade, em novas funções.
recompensa do “mérito” do bom serviço
seu ou dos seus parentes e Senhor Candidato a Deputado,
correligionários no partido, como tão Sendo esta realidade, os seus factos e a
bem imortalizou o inigualável Camilo, no perceção que dela impera, de modo
Morgado de Fafe. transversal na nossa sociedade, na
Escola e nos seus profissionais,
Pede a “política” à Escola, por estas esclareça-nos – de modo que possamos
alturas, que ouça e siga, com docilidade e acreditar – ações e calendários da
avidez, os novos “especialistas” MUDANÇA que o seu partido propõe
aportados pelo novo regime. Muitos para, de uma vez por todas,
destes novos dirigentes - percebe-se no MELHORARMOS, efetivamente, a
imediato só pelo cheiro - formaram-se na realidade da Escola e da Educação em
colagem de cartazes na última campanha Portugal e, em particular, na sua região.

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