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P R O F .

F E R N A N D A L I M A E
P R O F . B Á R B A R A D ’ A L E G R I A

P R O C E S S O SAÚ D E - D O E N ÇA
MEDICINA PREVENTIVA Prof. Fernanda Lima e Prof. Bárbara D’Alegria | Processo Saúde - Doença 2

APRESENTAÇÃO:

PROF. FERNANDA LIMA


E PROF. BÁRBARA
D’ALEGRIA
Olá, Estrategista!
Estou feliz em encontrar você novamente! Neste livro,
abordaremos um assunto que tem uma certa relevância para
grande parte das bancas de todo o Brasil: o processo saúde-
doença. Nossa engenharia reversa mostrou que 7,49% das
questões de Medicina Preventiva versam sobre esse tema! É um
percentual relevante!

% de
Posição Tópicos de Medicina Preventiva
contribuição
Vigilância em saúde e sistemas de
1º 10,37%
Informações em Saúde
2º Testes diagnósticos 10,28%
3º Princípios e diretrizes do SUS 9,79%
4º Medidas de saúde coletiva 8,64%
5º Principais marcos legais do SUS 8,38%
6º Estudos epidemiológicos 8,21%
7º Processo de saúde-doença 7,49%
Política nacional de atenção básica
8º 6,85%
(PNAB)
Abordagem familiar (genograma,
9º 4,56%
ecomapa…)
10º Medidas de associação 3,41%
11° Código de ética médica (CEM) 3,35%
Descentralização e regionalização do
12° 2,57%
SUS
13° Processos epidêmicos 2,10%
14° Notificações em saúde do trabalhador 1,00%
Somatório dos demais temas de
— 13%
medicina preventiva
Tabela 1. Temas que compõem o “TOP 14” com seus respectivos
percentuais de contribuição. Observe que os temas acima totalizam 85%
@prof.fernandalima @prof.barbaradalegria das questões de Medicina Preventiva. Fonte: Estratégia MED.

Estratégia
MED
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Ao analisarmos especificamente as questões de processo Não se preocupe! Nossa função aqui é servir de apoio para
saúde-doença, verificamos que a grande maioria (cerca de 70%) a promoção de seu melhor desempenho, prevenindo que você
se refere aos níveis de prevenção em saúde. As demais versam perca pontos em questões de medicina preventiva.
sobre determinação social da saúde e os modelos explicativos
de saúde.

Tópicos de Medicina
Posição % de contribuição
Preventiva
Evolução natural das doenças
1º e níveis de prevenção em 70
saúde
Determinação social da
2º 28
doença
Conceitos em saúde e
3º 2
modelos explicativos
Tabela 2. Distribuição dos tópicos de processo saúde-doença. Fonte:
Estratégia MED.
Agora chega de trocadilhos sobre esse tema e

Caso você queira saber um pouco mais sobre essa matéria vamos à luta! Já alerto que algumas partes serão até mais

ou deseje tirar qualquer dúvida, adianto que pode nos procurar fáceis, mas não subestime esse assunto e não se engane;

nas redes sociais através do Instagram: @prof.fernandalima e a rapadura é doce, mas não é mole!

@prof.barbaradalegria.

Estratégia MED

@estrategiamed @estrategiamed

Estratégia
MED
t.me/estrategiamed /estrategiamed
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 5
1.0 CONCEITOS GERAIS DE SAÚDE E DOENÇA 5
1.1 CONCEITO DE SAÚDE 5

1.2 CONCEITO DE DOENÇA 6

2.0 MODELOS EXPLICATIVOS HISTÓRICOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 6


2.1 MODELO PROCESSUAL / HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 7

2.1.1 NÍVEIS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE (LEAVELL & CLARK) 13

2.1.1.1 PREVENÇÃO PRIMÁRIA 13

2.1.1.2 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA 16

2.1.1.3 PREVENÇÃO TERCIÁRIA 21

2.1.2 PREVENÇÃO QUATERNÁRIA 25

2.1.3 A PREVENÇÃO QUINQUENÁRIA 33

2.1.4 A PREVENÇÃO PRIMORDIAL. 36

2.1.5 TODOS OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE (RESUMO VISUAL) 38

2.2 DETERMINAÇÃO SOCIAL EM SAÚDE (DSS) 39

3.0 ANEXO I – INFORMAÇÕES EXTRAS 49


3.1 MODELO MÁGICO-RELIGIOSO OU XAMANÍSTICO 50

3.2 MODELO BIOMÉDICO 51

3.3 MODELO SISTÊMICO 54

3.4 PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS 54

3.5 ESTRATÉGIAS DA MEDICINA PREVENTIVA 59

3.5.1 ESTRATÉGIA DE ALTO RISCO (EAR) 59

3.5.2 ESTRATÉGIA DE AMPLITUDE POPULACIONAL (EAP) 60

3.6 DIMENSÕES DA VULNERABILIDADE 62

4.0 LISTA DE QUESTÕES 64


5.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 65
6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 68

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INTRODUÇÃO
Qualquer equipe de saúde precisa de vários conhecimentos “doença” que os estudiosos começaram a sugerir definições para
básicos que estão neste livro, a fim de conseguir atuar no processo esses termos que descreveremos neste livro. Evoluiremos nossos
saúde-doença de maneira efetiva. estudos para a exposição de alguns modelos propostos ao longo
Perceberemos, no decorrer desta leitura, uma mudança de dos anos para explicar o processo de adoecimento e os níveis de
paradigmas sobre o fenômeno saúde e doença ao longo da história, prevenção em saúde.
seja devido ao progresso tecnológico e científico ou, até mesmo, ao Por fim, como de costume, detalharemos alguns temas
avanço nas reflexões sobre a influência dos fatores socioeconômicos particulares no anexo deste livro, pois, apesar de estarem
na vida das pessoas. associados a toda essa discussão, são questionados apenas em
Foi tentando elucidar dúvidas básicas sobre a “saúde” e a algumas bancas mais específicas.

CAPÍTULO

1.0 CONCEITOS GERAIS DE SAÚDE E DOENÇA


Bem, como mencionei o fenômeno saúde e doença, qual seria a compreensão mais adequada desses termos tão utilizados em nossa
rotina?

1.1 CONCEITO DE SAÚDE

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é conceituada como "um estado de completo bem-estar físico,
mental e social, não apenas a ausência de doença ou enfermidade."

Essa definição foi divulgada na carta de princípios de 7 pensam que essa definição de saúde da OMS é aceitável por ser
de abril de 1948, data que passou a ser considerada como o Dia um avanço em relação ao conceito biológico de que a saúde seria
Mundial da Saúde. somente ausência de patologia.
Por tratar-se de um conceito complexo e subjetivo, alguns Em meio a essas discussões, é inegável que a definição
críticos o descrevem como utópico, pois visa uma perfeição engloba aspectos que vão além dos serviços da saúde, envolvendo
inatingível, sendo inadequado como meta para os serviços de outros setores do país (econômico, educacional, social e cultural),
saúde, inclusive pela dificuldade em criar indicadores que sejam o que sustenta a ideia de que deve existir a integração de políticas
capazes de captar sua essência. Outros estudiosos acreditam que o públicas entre as mais diversas áreas, criando um ambiente propício
conceito é falho, pois não se aprofunda no contexto cultural e não à defesa dos direitos humanos.
considera as diferentes dimensões. Por outro lado, há aqueles que

Sério, professora? A resposta a essa pergunta


Conceito de saúde é muito é sempre: SIM!
básico. Cai na prova?

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CAI NA PROVA
(Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves – HEJSN/ES/2020) O conceito de “saúde” defendido pela OMS:

A) é oposto ao conceito generalizado.


B) é mais amplo que o conceito comum.
C) opõe um saber profissional ao saber popular.
D) contraria o conceito defendido pelos governos.
E) vê a saúde como fato exclusivamente social.

COMENTÁRIOS

A alternativa B está correta, porque o conceito comum de saúde seria a ausência de doenças; porém, mesmo sem doenças o indivíduo
pode não dispor de um bem-estar físico e mental, conforme previsto no conceito ampliado da OMS. Vamos às demais alternativas?
O oposto ao conceito generalizado seria um conceito restrito. Porém, o conceito de saúde da OMS é amplo, englobando os fatores
biológicos e psíquicos (alternativa A).
A OMS não discute conflitos entre o saber profissional e o popular na definição de saúde (alternativa C).
O conceito de saúde da OMS é o adotado pelos governos na elaboração de políticas públicas. Observe ainda o que está descrito no
parágrafo único do artigo 3º da Lei nº 8.080, de 1990: “Dizem respeito também à saúde as ações que (...) se destinam a garantir às pessoas e
à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.” (alternativa D).
O conceito de saúde da OMS também preconiza o aspecto biológico, não somente o social (alternativa E).
Correta a alternativa B.

1.2 CONCEITO DE DOENÇA

Agora que entendemos qual é o conceito de saúde adotado pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a
pela maioria dos países, vamos ao conceito de doença. dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos expressos pelo
Em material sobre Processo saúde-doença da Universidade corpo subjetivo que adoece”. Entretanto, não pretendemos nos
Aberta do SUS (UNA-SUS), Vianna explica que a doença “não pode aprofundar sobre os diversos conceitos de doença, pois isso não
ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, costuma ser questionado nas provas.

CAPÍTULO

2.0 MODELOS EXPLICATIVOS HISTÓRICOS DO


PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
Quando falamos de processo saúde-doença, precisamos de decisões direcionadas para retardar ou evitar o adoecimento
ter em mente que houve uma evolução da concepção de algumas pelo maior tempo possível.
teorias na tentativa de compreender os fatores determinantes do Almeida Filho e Rouquayrol destacam cinco principais
adoecimento e da morte. Essa noção seria importante para tomada modelos explicativos históricos, que estão resumidos a seguir:

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1. Modelo biomédico 4. Modelo mágico-religioso


• Privilegia o diagnóstico e a cura, não contemplando as medidas • Segundo ele, os deuses definem o estado de cura e
de prevenção ou práticas de tratamento não tradicionais. Assim, é adoecimento das pessoas, sendo o modelo baseado na noção
caracterizado como: individual, especialista, fragmentado, de pecado-doença e redenção-cura.
hospitalocêntrico, curativo e centrado na figura do médico.

2. Modelo processual 5. Modelo de


determinação social
• Considera que os estímulos do meio ambiente desencadeiam
• No Brasil, o modelo mais estudado é o proposto por Dahlgren
uma resposta do corpo, que terá como desenlace a cura ou o
e Whitehead, que estabelece diferentes níveis de determinantes,
defeito ou a invalidez ou a morte. É baseado no modelo de
desde o individual até o macro social.
História Natural da Doença, proposto por Leavell e Clark.

3. Modelo sistêmico

• Admite que diversos elementos (políticos e socioeconômicos,


culturais, ambientais e agentes patogênicos) estão relacionados
sinergicamente entre si, de modo que, quando modificamos
qualquer um deles, afetaremos os demais.

Esquema 1: Resumo dos cinco principais modelos explicativos históricos de determinantes do adoecimento e da morte.

Aproveito para ressaltar que não existem limites temporais Apesar de existirem outros modelos explicativos dos
precisos que caracterizem cada um dos modelos citados. Em outras processos saúde-doença, além dos cinco já listados, não os
palavras, não é correto inferirmos que o modelo mágico-religioso abordaremos aqui por não serem foco de cobrança nas provas.
deixou de existir e deu lugar ao modelo processual, pois sabemos Por serem os mais questionados, conheceremos, neste livro,
que o primeiro ainda é aceito até hoje por diversas comunidades um pouco mais sobre o modelo processual e o de determinação
que adotam, por exemplo, rituais de cura. Logo, há uma nítida social da doença. Entretanto, o Anexo I traz mais detalhes sobre os
superposição de ideias entre os diferentes modelos. Entretanto, o outros presentes na lista acima (menos prevalentes em prova).
modelo de determinação social é, atualmente, o mais aceito.

2.1 MODELO PROCESSUAL / HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

Nem se preocupe, porque essa matéria é bem tranquila. Então, pegue seu café e
sente que lá vem a história…

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Imagine-se em uma unidade básica de saúde. Chega Dona Tereza contando que “não sente nadinha quando toca em umas manchinhas
brancas estranhas” que surgiram na pele há alguns anos. Responda rápido: que doença vem à sua mente? Hanseníase, naturalmente!
Vamos supor que a anamnese e o exame físico reforçam essa hipótese e mais, Dona Tereza trouxe o
resultado positivo de baciloscopia de pele, o que, naturalmente, reforça sua hipótese diagnóstica.
Perfeito! Você, naturalmente, já conhecia o tratamento indicado para o caso. Entretanto, a equipe precisa
localizar outras pessoas com risco aumentado para a mesma doença, mas, onde buscá-las? Na casa da
paciente, naturalmente. Chegando lá, além da busca ativa de casos, você fará recomendações à família,
como não permanecer em ambientes fechados com a paciente até a medicação fazer efeito, e explicará
sobre a doença, evitando discriminações. Sendo assim, a equipe de saúde, naturalmente, incluiu no
planejamento as ações de caráter coletivo para o controle da hanseníase.

Agora você pergunta: "professora, por que raios tem tanto impactos negativos e evitar ou retardar sua ocorrência ou evolução.
’naturalmente’ no texto?" Calma, não foi à toa! O ponto que Ayres, Esses conhecimentos foram sistematizados em meados do século
médico sanitarista da USP, defende é que, apesar de lembrarmos XX através do Modelo da História Natural da Doença, proposto por
“naturalmente” esse passo a passo em nossa prática clínica, todas Leavell e Clark, em 1953, que também descreveram os Níveis de
as deduções, decisões e ações citadas no caso não têm nada de Prevenção.
naturais. Leavell e Clark defendiam que seria preciso superar as
Na verdade, ainda que sejam atitudes automáticas, com desavenças existentes entre a prática clínica da época (medidas
credibilidade e de uso frequente, há uma série de saberes de curativas) e a saúde pública (medidas preventivas). Salientavam,
diferentes campos disciplinares compondo esses “postulados” também, que deveria haver prevenção em qualquer momento
que utilizamos no cotidiano profissional para entender qual é a em que fosse possível alguma intervenção para evitar a doença ou
origem, manifestação e progressão das doenças no indivíduo e suas consequências (sequelas), o que constitui a ideia acerca dos
na população. São essas noções que nos orientam sobre como diferentes níveis de prevenção. Apesar de ter recebido críticas,
lidar adequadamente com os agravos, de modo a preveni-los, esse modelo foi aperfeiçoado, passando a ser concebido como uma
diagnosticá-los e tratá-los precocemente, além de recuperar seus referência na medicina e na saúde pública mundial.

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A História Natural da Doença está dividida em dois períodos:

PERÍODO PRÉ-PATOGÊNICO PERÍODO PATOGÊNICO


ou Período de pré-patogênese ou Período de patogênese
(pré = antes; pathos = doença; génesis=origem). (pathos = doença; génesis=origem)
Quando a doença ainda não existe no organismo, Quando o organismo já adoeceu, sendo o
havendo somente uma suscetibilidade a período referente às possibilidades
poder desenvolvê-la. da evolução da doença.

SAUDÁVEL processo de adoecimento DOENTE

Esquema 2: Comparação entre o período pré-patogênico e o período patogênico. Figura 2: Homem e filho saudáveis (fonte: Shutterstock / por: Fizkes).
Figura 3: Homem doente (fonte: Shutterstock / por: Prostock-studio).

O período pré-patogênico abrange três grupos de fatores determinantes, conhecidos como tríade ecológica de fatores relativos ao:

AGENTE

• Envolve os elementos externos que podem interagir


com o organismo humano causando-lhe algum dano.
• No modelo original, resumia-se aos agentes
infecciosos, mas passou a comportar um espectro
mais ampliado, incluindo a radiação, a violência, os
agentes químicos, entre outros.

MEIO HOSPEDEIRO

• Compreende o ambiente que possibilita o contato • Refere-se às características do indivíduo que podem
dos agentes agressores com seus futuros deixá-lo suscetível a algum agente. Exemplo: carga
hospedeiros. Exemplo: clima, topografia, domicílio, genética, gênero, faixa etária, hábitos alimentares,
condições sanitárias e sociais, desenvolvimento condicionamento físico, lazer, vida sexual, hábito de
econômico, padrões culturais, modo de vida (urbano, fumar, uso e abuso de álcool ou outras substâncias,
rural), condições de trabalho, etc. etc

Esquema 3: Tríade ecológica do período patogênico (fatores relativos ao agente, meio e hospedeiro).

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Então, a depender da interação Exatamente!


entre esses três fatores, a
pessoa pode adoecer?

Vamos seguir o raciocínio? Quando a pessoa adoece, Rouquayrol.


entramos no período patogênico, que contempla algumas fases de Precisamos conhecer apenas uma noção geral do período
evolução. Essas fases podem aparecer de modo diverso a depender patogênico a partir dos termos utilizados no primeiro modelo de
do autor, mesmo porque já vimos que o modelo original proposto Leavell e Clark, que tem sido suficiente para responder às questões
por Leavell e Clark foi alvo de algumas modificações ao longo do que apareceram nas provas. Esses autores sugeriram o seguinte
tempo, conforme veremos mais adiante no modelo do livro de modelo:

Figura 4: Modelo de história natural da doença adaptado do livro traduzido de Medicina Preventiva dos autores Hugh Rodney Leavell e Edwin Gurney
Clark (1976).

De acordo com esse modelo, após existir a interação o período de patogênese precoce, também conhecido como fase
entre o hospedeiro e o estímulo gerador da doença (fator de pré-clínica, está abaixo da linha do chamado “horizonte clínico”.
risco), o organismo do indivíduo passa a desencadear algumas Por exemplo, Joana teve contato com seu pai que estava infectado
modificações. Entretanto, sabemos que os sinais e sintomas da com Covid-19 e nenhum dos dois estava usando máscara. Sabemos
doença não aparecem de imediato. Nessa etapa inicial, temos o que Joana poderá desenvolver alguns sintomas, mas antes ela
chamado período de patogênese precoce, em que o indivíduo já permanecerá assintomática por um tempo. Assim, o período de
tem a doença, mas não apresenta quadro clínico que possibilite patogênese precoce compreenderia o intervalo entre a infecção
alguma suspeita diagnóstica em anamnese ou avaliação física, ou pelo Covid-19 e os sintomas e sinais dessa doença em Joana.
seja, ele está assintomático. Note no modelo de Leavell e Clark que

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Quando o indivíduo passa a desenvolver o quadro clínico e encontra-se internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) com
(sinais e sintomas), ele já atravessa a linha do “horizonte clínico”. ventilação mecânica, por não conseguir manter uma oxigenação
A partir desse ponto, estamos na fase clínica da doença. Essa fase adequada.
é iniciada com o que os autores chamaram de “doença precoce Por fim, resta-nos saber como nossa paciente Joana vai
discernível”, que seria um estado patológico inicial em um indivíduo finalmente evoluir. Quando procuramos saber sobre o desfecho
que já apresenta sinais e/ou sintomas perceptíveis à observação de um agravo, queremos entender como esse processo de
comum. Em outras palavras, mesmo sendo uma doença precoce, adoecimento se resolveu ou se estabilizou. Considerando o caso de
já conseguimos perceber clinicamente (discernir) que estamos Joana, ela poderia evoluir com: recuperação, óbito ou incapacidade
diante de alguma doença. Por exemplo, sabemos que Joana está (por ex.: perda parcial de sua capacidade pulmonar, passando a
com a infecção quando passou a referir tosse e febre. Nesse ponto, necessitar de cateter nasal e fisioterapia respiratória).
a doença é inicial, mas já é possível identificar clinicamente que a No caso de algumas infecções e outras doenças agudas,
pessoa está doente. não costumamos perceber uma manutenção do estado crônico
Mais adiante na evolução da doença, teremos agora o prolongado por anos, mas isso pode ocorrer, por exemplo, em
que Leavell e Clark chamaram de “doença avançada”, que seria pacientes diabéticos ou hipertensos.
a etapa em que a doença já progrediu, não estando mais na fase Segue um resumo visual do exemplo citado para facilitar a
dos sintomas iniciais. Seguindo nosso exemplo anterior, Joana associação dos termos utilizados no modelo da história natural da
agora já passou para o estado avançado de infecção por Covid-19 doença.

Figura 5: Modelo de história natural da doença, com um exemplo de infecção por Covid-19, modificado e adaptado do livro traduzido de Medicina
Preventiva dos autores Hugh Rodney Leavell e Edwin Gurney Clark (1976), com atualização de alguns termos sugeridos por Ayres (2009).

Agora vamos entender na prática como isso pode ser questionado em sua prova.

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CAI NA PROVA
(PUC – SOROCABA/SP/2020) Um indivíduo HIV+ (soropositivo para o vírus da imunodeficiência humana), sem sintomatologia, significa que
ele está no período:

A) Pré-patogênico.
B) Patogênico, doença precoce não discernível.
C) Patogênico, doença discernível.
D) Patogênico, doença crônica.

COMENTÁRIOS

Eliminamos de cara a alternativa A, porque, se fosse o período pré-patogênico, ele não seria HIV positivo. Como o enunciado descreve
que ele é assintomático, entendemos que ele está na fase pré-clínica (doença precoce não discernível), pois sabemos que se rompeu o
equilíbrio de sua saúde, mas não existem sinais clínicos dessa ocorrência. Assim, ficamos com a alternativa B. Não podemos marcar as
alternativas C ou D, pois ambas se referem a períodos em que o paciente já passou a apresentar sinais ou sintomas da doença, fase clínica.

Correta a alternativa B

O livro de Rouquayrol (referência utilizada por diversas bancas) propõe uma reorganização do modelo de Leavell e Clark que costuma
aparecer em alguns materiais do Ministério da Saúde. Portanto, vale a pena conhecer a reestruturação visual desse modelo.

Figura 6: Modelo de história natural da doença adaptado do livro de Rouquayrol: epidemiologia e saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: MedBook, 2018.

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Como você pode observar, a autora propõe apenas uma Lembre-se de que o foco da prova é o modelo inicial proposto
reorganização visual do modelo proposto por Leavell e Clark, por Leavell e Clark, por isso não vale a pena nos aprofundarmos na
enquadrando o período pré-patogênico no item “vertente discussão desse modelo.
epidemiológica” e o período patogênico na “vertente patológica”. Veremos outras questões mais adiante que misturam esses
Por fim, a autora chama de “desenlace” a evolução final da doença, elementos da História Natural da Doença com a noção sobre os
ou seja, o agravo pode evoluir para cura, invalidez ou morte. níveis de prevenção em saúde.

2.1.1 NÍVEIS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE (LEAVELL & CLARK)


Peço muita atenção agora, pois chegamos em um dos tópicos que mais caem nas provas!

Já sei! Os níveis de prevenção Certo! Envolvem esses que

em saúde, que envolvem a você citou e mais alguns que

prevenção primária, secundária, comentaremos em outro tópico,

terciária e quaternária, é isso? mas o modelo inicial de Leavell e


Clark só descrevia três deles.

Leavell e Clark sistematizaram diferentes possibilidades de secundária e terciária. Dentro desses níveis, observaremos que há
prevenção em cada momento específico do modelo da História ainda algumas subdivisões, totalizando cinco subníveis.
Natural da Doença, propondo três níveis de prevenção: primária,

Se o examinador pedir no enunciado os níveis de prevenção propostos por Leavell e Clark, restarão as
alternativas que contemplam a prevenção primária, secundária e terciária. Os demais níveis foram propostos
por outros autores.

Vamos ao estudo desses níveis de prevenção? Você perceberá agora a importância de conhecer as bases do modelo da história natural
da doença.

2.1.1.1 PREVENÇÃO PRIMÁRIA


A prevenção primária contempla as ações direcionadas para e age no controle das causas e dos fatores de risco da doença.
todos os fatores que determinam a ocorrência das doenças ou Há ainda uma divisão em dois subníveis: (1) a promoção
agravos que acometem o indivíduo ou a comunidade no sentido da saúde e (2) a proteção específica. Vamos observar algumas
de interromper os processos patogênicos antes de seu início. Logo, características desses níveis no esquema a seguir.
esse nível de prevenção está relacionado ao período pré-patogênico

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PROMOÇÃO DA SAÚDE PROTEÇÃO ESPECÍFICA


• Ações voltadas para melhoria geral nas condições • Ações direcionadas para evitar a ocorrência de um
de vida dos indivíduos e da população. agravo ou um grupo específico de agravos.
• Foco em beneficiar a saúde e a qualidade de vida • Ex.: vacinação (imunização contra agentes
de modo geral, impedindo a ocorrência de inúmeros infecciosos); controle de Aedes aegypti (reduzir casos
processos patogênicos diferentes. de dengue); distribuir camisinha (evitar as DSTs*);
• Ex.: melhoria na habitação; trabalho; lazer; quimioprofilaxia (em contactante de tuberculose ou
segurança; prática de atividade física; educação; RN* de mãe com HIV*); cinto de segurança (diminuir os
transporte; saneamento básico; coleta de lixo; danos de acidentes de trânsito); aconselhamento
alimentação e nutrição; controle da qualidade da água, genético (para evitar doenças específicas); legislação
etc. mais rígida contra violência (a fim de coibir atos
violentos), etc.

*DST = Doença Sexualmente Transmissível. / RN = recém-nascido. / HIV = Vírus da Imunodeficiência Humana.


Esquema 4: Características e exemplos das subdivisões da prevenção primária: promoção da saúde e proteção específica. Figura 7: Familiares com
alimentação adequada (fonte: Shutterstock / por: Oksana Kuzmina). Figura 8: Mulher na academia (fonte: Shutterstock / por: Bojan Milinkov). Figura
9: Sala de aula representando a educação (fonte: Shutterstock / por: Cherries). Figura 10: Vacinação em criança (fonte: Shutterstock / por: Yuganov
Konstantin), Figura 11: Profissional de saúde usando equipamentos de proteção individual (fonte: Shutterstock / por: German Pozo Villalta). Figura 12:
Cadeira para automóvel e cinto de segurança (fonte: Shutterstock / por: África Studio).

Note que as medidas de promoção à saúde são mais benefícios. Em contrapartida, a proteção específica, como o próprio
generalizadas, o que significa dizer que uma ação envolve o bem- nome sugere, engloba uma ação que previne especificamente um
estar geral da população, evitando inúmeros processos patológicos agravo ou grupo de agravos afins. Por exemplo, o uso de capacete
distintos. Por exemplo, a promoção de alimentação saudável (equipamento de proteção individual – EPI) reduz as consequências
previne a ocorrência de obesidade, hipertensão, diabetes, além geradas por impactos na cabeça (evento específico).
de melhorar o sono, o fluxo intestinal, entre outros inúmeros

Os examinadores costumam descrever


situações e pedir para você dar
Professora! Como isso
exemplos de ações em determinado
costuma cair na prova?
nível de prevenção ou o inverso,
eles dão exemplos de medidas e
pedem para você classificar o nível de
prevenção. Veremos a seguir…

Prof. Fernanda Lima e Prof. Bárbara D’Alegria | Curso Extensivo | 2023 14


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CAI NA PROVA
(Universidade Federal de Campina Grande - UFCG /PB/2020) Segundo o modelo da História Natural da Doença, organizado por Leavell e
Clark, são definidos níveis de prevenção em saúde. É correto:

A) Reabilitação não corresponde a um nível de prevenção.


B) A prevenção terciária é o nível mais importante para evitar doenças.
C) Diagnóstico e tratamento imediato correspondem às ações de proteção específica.
D) A promoção da saúde e a proteção específica estão englobadas no nível de prevenção primária.
E) Proteção específica é prevenção secundária.

COMENTÁRIOS
A alternativa D é a correta, porque a promoção da saúde (ex.: atividade física regular) e a proteção específica (ex.: vacinas) fazem parte
do nível de prevenção primária. Vamos entender os erros das demais alternativas e adiantar alguns conhecimentos que veremos adiante:
• A reabilitação corresponde ao nível de prevenção terciária (alternativa A).
• Evitar doenças corresponde ao nível de prevenção primária (alternativa B).
• O diagnóstico e tratamento imediatos correspondem ao nível de prevenção secundária, já a proteção específica corresponde ao
nível de prevenção primária (alternativas C e E).

Correta a alternativa D.

(Universidade Federal do Piauí – UFPI/PI/2020) A vacinação constitui uma medida de:

A) Promoção da saúde.
B) Prevenção de agravos.
C) Recuperação.
D) Reabilitação.
E) Limitação do dano.

COMENTÁRIOS
Sabemos que a vacinação é uma medida voltada para proteger o indivíduo contra um agente específico que pode gerar o adoecimento.
Assim, ela é uma ação de “proteção específica” (alternativa B).
A promoção da saúde não poderia ser a resposta, porque engloba medidas gerais de qualidade de vida (alternativa A). As vacinas não
são utilizadas para recuperar um agravo, reabilitar um paciente ou limitar um dano, mas sim para evitar que o agravo ocorra, sendo essas três
medidas adotadas quando o adoecimento já existe (alternativas C, D e E).

Correta a alternativa B.

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MED

Algumas provas abordam conceitos mais aprofundados que permeiam noções da evolução do termo “Promoção da Saúde”, a
exemplo de sua origem e outros marcos históricos, como o Informe Lalonde e a Carta de Ottawa. Constatamos ainda questões sobre
a diferença entre os termos “Promoção da Saúde” e “Prevenção de Doenças”, as estratégias de prevenção discutidas por Geoffrey
Rose, além das dimensões de vulnerabilidade. Esses temas serão discutidos no anexo deste livro por serem mais raramente cobrados
de modo geral!
Entretanto, saiba que esses temas já foram abordados por bancas como SUS-SP, Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves
(ES), além das Universidades Federais de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo e, claro, poderão ser
questionados por outras bancas. Lembre-se, Estrategista: cada ponto pode fazer a diferença na sua aprovação!

2.1.1.2 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA


Chegamos no período patogênico e passamos a encarar podem objetivar a cura da doença, a redução de sua sintomatologia,
agora um indivíduo que já tem a doença. A partir desse ponto, o bloqueio de sua disseminação para outras pessoas, uma evolução
como o processo de adoecimento já está instaurado, inicia-se a mais favorável, entre outros.
aplicação das medidas de prevenção secundária. Bem como ocorreu no nível primário, a prevenção secundária
Esse nível de prevenção tem a finalidade básica de melhorar divide-se em dois subníveis: (1) Diagnóstico Precoce e Tratamento
o prognóstico do paciente em busca de melhores desfechos para Imediato e (2) Limitação de Incapacidade. Vamos observar algumas
seu agravo. Nesse sentido, as medidas de prevenção secundária características desses subníveis no esquema a seguir.

PROMOÇÃO DA SAÚDE PROTEÇÃO ESPECÍFICA


• Ações que visam detectar e tratar o mais rápido • Ações voltadas para os estados patológicos
possível os processos patogênicos já instaurados; plenamente instalados que ultrapassaram o horizonte
• Inclui ainda diagnosticar os assintomáticos (que não clínico (condições crônicas ou cronificadas).
ultrapassaram o horizonte clínico), através de • O objetivo maior é promover um cuidado
rastreamentos ou screening, além da busca ativa de adequado, de modo que o paciente possa evoluir com
casos ou suscetíveis. cura, ou, ainda, retardar ou reduzir as
• Ex: teste rápido de HIV*, rastreamento de câncer de complicações (incluindo as sequelas).
mama, busca ativa de casos de hanseníase. • Ex.: tratamento de esquizofrenia e diabetes.

DIAGNÓSTICO PRECOCE E LIMITAÇÃO DE


TRATAMENTO IMEDIATO INCAPACIDADE

* HIV = Vírus da Imunodeficiência Humana.


Esquema 5: Características e exemplos das subdivisões da prevenção secundária: (1) diagnóstico precoce e tratamento imediato e (2) limitação da
incapacidade. Figura 13: Médico investigando queixas em região cervical com ultrassom (fonte: Shutterstock / por: Pixel-Shot). Figura 14: Controle
glicêmico de paciente com doença crônica (fonte: Shutterstock / por: Proxima Studio).

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Perceba que o diagnóstico e o tratamento precoce que a busca ativa de casos também faz parte deste nível, pois é
compreendem medidas voltadas para a doença em sua fase inicial, uma forma de detecção precoce da doença que auxilia no início
incluindo o momento em que o indivíduo ainda não apresenta do tratamento mais brevemente! Isso pode ser observado quando
qualquer sinal clínico de sua existência. Por exemplo, uma mulher promovemos a busca ativa de casos de tuberculose pulmonar em
de 53 anos procura a unidade básica de saúde e o médico solicita um domicílio com paciente já diagnosticado.
uma mamografia para rastreio do câncer de mama. Lembrando

Rastreamento, Rastreio ou “Screening” são termos que denotam a execução de exames utilizados em
pacientes assintomáticos com a finalidade de detectar precocemente uma doença, por isso fazem parte da
prevenção secundária.

Conforme as doenças cronificam, passamos a considerar as sentido de tentar evitar complicações da doença.
medidas de prevenção secundária para limitação da incapacidade Veremos a seguir diferentes formas de questionar sobre a
(ou do dano). Nesse nível, podemos citar o tratamento de pacientes aplicação desses conceitos.
com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA ou AIDS) no

CAI NA PROVA

(SUS/SP/2020) Uma usuária, sem queixas clínicas e aparentando estar em ótimas condições de saúde, dirige-se ao serviço de saúde para
solicitar um atestado médico de aptidão física para realização de exercício físico. O médico a atende, emite o atestado solicitado e aproveita
para conversar sobre detecção precoce de câncer. A atitude do médico é:

A) incorreta, pois a conversa sobre detecção precoce de câncer deve ser feita pela equipe de saúde da família que tem mais proximidade
com o usuário.
B) correta, pois ele fez uma atividade de prevenção terciária.
C) incorreta, pois detecção precoce se trata de rastreamento por testes em pessoas sintomáticas.
D) incorreta, pois a demanda do atendimento não foi por cuidado médico, mas sim para atestado de saúde.
E) correta, visto que rastreamento é parte da detecção precoce e pode ser abordado mesmo quando não há demanda por cuidado.

COMENTÁRIOS

Estrategista, a questão descreve uma paciente que buscou o atendimento médico para conseguir um atestado com a finalidade de
poder iniciar a atividade física. Devemos entender que não há qualquer problema em aproveitar esse momento da consulta para fazer as
orientações cabíveis sobre a prevenção de doenças se houver indicação e benefício à paciente; assim, as alternativas A, C e D estão incorretas.
A alternativa B também está incorreta por sugerir que a detecção precoce seria uma atividade de prevenção terciária. Por fim, o examinador
cita especificamente a “detecção precoce de câncer” (câncer de colo uterino ou de mama, por exemplo) que seria uma ação da prevenção
secundária.

Correta a alternativa E.

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(Unievangélica de Anápolis – UEVA/GO/2020) QUESTÃO ADAPTADA - Joana é uma jovem grávida de 26 anos que procurou a UBS para
sua segunda consulta de pré-natal com a sua Médica de Família e Comunidade, Dra. Anastásia. Está atualmente com 12 semanas de idade
gestacional e apresenta-se sem qualquer queixa. Trouxe os exames laboratoriais solicitados na primeira consulta, incluindo exame preventivo
colpocitológico colhido, pela primeira vez, antes da gestação, cujo resultado nunca havia sido analisado por nenhum profissional. (...) A
respeito do exame colpocitológico, usado para detecção precoce de neoplasia de colo uterino, realizado por Joana, afirma-se que a solicitação
deste, quando bem indicada, trata-se de um exemplo claro de prevenção:

A) primária.
B) secundária.
C) terciária.
D) quaternária.

COMENTÁRIOS

Para tornar seu estudo mais dinâmico, reduzi o enunciado original da questão, que era muito longo. O examinador explica que o exame
colpocitológico é usado para detecção precoce de neoplasia de colo uterino. A detecção e o tratamento precoce de uma patologia fazem
parte da prevenção secundária.
A prevenção primária visa reduzir ou eliminar o surgimento da doença através do controle de suas causas e fatores de risco. Nesse
caso, fazemos o exame para detectar um câncer já existente e não para evitar sua ocorrência. A prevenção terciária (ex.: reabilitação) e a
quaternária (ex.: evitar intervenções desnecessárias) serão detalhadas mais adiante.

Correta a alternativa B.

(Associação Médica Do Paraná - AMP/PR/2021) Realização de mamografia e imunização são, respectivamente, níveis de prevenção:

A) terciária e secundária.
B) primária e secundária.
C) secundária e terciária.
D) secundária e primária.
E) terciária e primária.

COMENTÁRIOS

No enunciado, o examinador quer saber qual é o nível de prevenção que corresponde à realização de mamografia e à imunização, nessa
ordem. Portanto, teremos o seguinte:
1. A mamografia refere-se à detecção precoce de uma doença, fazendo parte da prevenção secundária.
2. A imunização é uma ação de proteção específica contra algum agente infeccioso que faz parte da prevenção primária.
As demais alternativas estão fora de ordem ou contemplam o nível terciário. Nenhuma das ações citadas poderia ser de prevenção terciária,
pois esse nível de prevenção diz respeito à reabilitação física, mental ou social de alguma complicação de doença.

Correta a alternativa D

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Não querendo ser pessimista, mas os conceitos dos níveis de prevenção podem ficar
um tanto confusos caso você não se atente ao que o examinador está pedindo!
Então, preste atenção na dica do quadro a seguir para não vacilar!

Lembre-se de que “todo ponto de vista é a vista de um ponto”. Portanto, quando o examinador pedir para você classificar
qual é o nível de prevenção, avalie qual é o ponto de vista da pergunta. Ele está questionando sobre que agravo, exatamente? Para
facilitar, utilizaremos dois exemplos da mesma ação (controle de hipertensão), mas sob óticas diferentes.
Situação 1: Em relação à doença hipertensiva, o uso de medicação para controle da pressão arterial em pacientes hipertensos
é uma medida de prevenção secundária, pois estamos tratando uma doença que já existe nesses pacientes (período patogênico).
Situação 2: Em relação a evitar o infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral, o controle da pressão arterial em
hipertensos passa a ser concebido como uma medida de prevenção primária, pois estaríamos evitando a ocorrência desses eventos
nesse grupo de pacientes (período pré-patogênico).

Mais adiante, veremos como isso pode aparecer na sua prova!

CAI NA PROVA
(Hospital Oftalmológico do Acre – HOA/AC/2020) Um pesquisador e sua equipe conseguem aferir a pressão arterial de todos os adultos
de uma população isolada (várias medidas em duas ocasiões) e assim identificam todos os novos hipertensos adultos do local. Eles são
encaminhados para centros de controle e tratamento da afecção. Tendo como foco a prevenção do acidente vascular cerebral, o procedimento
descrito é, segundo o esquema de níveis de prevenção da História Natural da Doenças (de Leavell e Clark), mais bem caracterizados como:

A) Promoção de saúde.
B) Proteção específica.
C) Detecção e tratamento precoce.
D) Limitação da incapacidade.
E) Reabilitação ou redução de complicações.

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COMENTÁRIOS

No enunciado, o examinador pergunta sobre a aferição e controle da pressão arterial (PA) na perspectiva da prevenção do acidente
vascular cerebral (AVC). Note que os pacientes citados não tiveram AVC, eles estão na fase pré-patogênica desse adoecimento, ou seja, antes
do AVC; assim, a aferição e controle da pressão arterial (PA) só poderia ser uma medida de prevenção primária. Restam as alternativas A e B.
Não é promoção de saúde, por não ser uma medida geral de qualidade de vida. Observe que o examinador quer saber especificamente sobre
a prevenção contra o AVC, só podendo ser uma medida de proteção específica contra esse evento.
Em relação às demais alternativas, eliminamos todas elas por fazerem parte do período patogênico. A detecção/tratamento precoce
(C) e a limitação da incapacidade (D) fazem parte da prevenção secundária; já, a reabilitação ou redução de complicações (E) faz parte da
prevenção terciária, como veremos adiante.

Correta a alternativa B.

(PUC-SOROCABA/SP/2020) A administração de ácido fólico para gestantes e de ácido acetilsalicílico para cardiopatas são medidas de
prevenção de:

A) Promoção da saúde.
B) Proteção específica.
C) Tratamento imediato.
D) Limitação de incapacidades.

COMENTÁRIOS
Alguém poderia pensar: “já sei! Administrar medicação é tratar; logo, a resposta é tratamento imediato.” Resultado: “bye, bye” pontinho
dessa questão.
A administração de ácido fólico para gestantes objetiva prevenir defeitos no fechamento do tubo neural (ex.: anencefalia, espinha
bífida, lábio leporino, fenda palatina, além de outras malformações). Perceba que o examinador não cita tratar somente alguma deficiência
específica. Adicionalmente, o uso de ácido acetilsalicílico pode ter duas funções nesse contexto: prevenção primária (evitando o primeiro
evento cardiovascular em hipertensos, diabéticos ou dislipidêmicos, atendendo a critérios específicos) e prevenção secundária (evitando
um evento cardiovascular adicional em pacientes com história de infarto e/ou acidente vascular encefálico). A questão cita somente que os
pacientes são cardiopatas, mas não fala em história prévia desses eventos. Assim, ambas são medidas que protegem especificamente contra
um grupo de agravos semelhantes (proteção específica – prevenção primária).
Em relação às demais alternativas, a promoção da saúde abrange medidas mais gerais, não contra um grupo específico de agravos (A).
O ácido fólico não serve para tratar a gestação (que não é uma doença) e o AAS também não trata a hipertensão (C). Ademais, se a gestação
não é uma doença, não evoluiria para uma incapacidade (D).

Correta alternativa B.

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2.1.1.3 PREVENÇÃO TERCIÁRIA


A prevenção terciária atua no momento em que o processo • as readaptações no domicílio, nas vias públicas, transportes
de adoecimento alcançou, a longo prazo, uma forma relativamente ou no ambiente de trabalho: para facilitar a acessibilidade de
estável, resultando em um estado de cura com sequelas ou de cadeirantes, entre outras pessoas com deficiência.
• o suporte psicossocial para as pessoas que sofreram
cronificação do agravo. Nesse ponto, o objetivo principal é reduzir
mutilações, sobreviventes de guerra, vítimas de eventos
os impactos das sequelas provocadas pelo agravo no cotidiano das
traumáticos (físicos e/ou psicológicos, a exemplo da violência
pessoas, melhorando a qualidade de vida.
sexual) e outras pessoas com qualquer tipo de deficiência que
Como exemplos de ações de prevenção terciária, podemos possam ter sua função social comprometida.
citar: Para o devido suporte a essas pessoas, não bastam os
• a reabilitação física: para sequelas neuromotoras, incluindo
serviços prestados pelos setores de saúde (médicos, fisioterapeutas,
a fisioterapia motora, uso de próteses, fisioterapia respiratória,
enfermeiros, dentistas, biomédicos, etc.). A promoção do cuidado
reabilitação com fonoaudiólogo, etc.;
adequado requer a integração de diferentes recursos, por meio
• a reabilitação profissional: para os trabalhadores que
apresentam uma incapacidade para o trabalho devido a alguma de uma atuação intersetorial, o que abrange assistência social,
lesão permanente; previdenciária e jurídica, entre outros.

CAI NA PROVA
(Hospital Central do Exército – HCE /RJ/2018) Com relação a medicina preventiva, qual dos itens abaixo é considerado como prevenção
terciária:

A) Imunização.
B) Educação em saúde.
C) Isolamento para evitar propagação de doenças.
D) Inquérito para a descoberta de casos na comunidade.
E) Fisioterapia.

COMENTÁRIOS
A resposta da questão é fisioterapia, pois a reabilitação física é uma medida de prevenção terciária. As alternativas A e B estão incorretas,
porque a imunização (proteção específica) e a educação em saúde (promoção da saúde) correspondem a medidas de prevenção primária.
Além disso, as alternativas C e D referem-se a medidas de prevenção secundária. O isolamento de um doente para evitar propagação de
doença seria uma maneira de conter um dano já existente. Por fim, o inquérito para a descoberta de casos na comunidade seria uma forma
de busca ativa de doentes.

Correta alternativa E

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(Faculdade de Medicina de Marília – FAMEMA /SP/2019) Dentre os níveis de prevenção de doenças e agravos à saúde considerados no
modelo de Leavell e Clark, consideram-se ações de prevenção terciária aquelas:

A) empregadas no período patogênico, após a sobrevinda de defeitos.


B) empregadas no período patogênico, antes da ocorrência dos defeitos.
C) empregadas antes do período patogênico.
D) que utilizam recursos de maior complexidade.

COMENTÁRIOS
A prevenção terciária engloba as ações investidas no período patogênico, após a sobrevinda de defeitos (sequelas), com foco na
reabilitação desses pacientes, conforme descreve a alternativa A. As medidas de prevenção secundária são aplicadas antes da ocorrência
dos defeitos (alternativa B) ainda no período patogênico. Por outro lado, as ações de prevenção primária são empregadas no período pré-
patogênico (alternativa C). A complexidade dos recursos utilizados não define o nível de prevenção e existem ações de prevenção secundária
que envolvem recursos de alta complexidade (alternativa D).

Correta a alternativa A.

DISCUSSÃO POLÊMICA SOBRE A PREVENÇÃO TERCIÁRIA


O autor Pereira expõe que podemos encontrar diferentes definições de prevenção terciária nos livros-textos, destacando que
“a ideia central consiste em atenuar a invalidez e promover o ajustamento do paciente a condições irremediáveis, o que estende
o conceito de prevenção ao campo da reabilitação.” Esse primeiro entendimento de prevenção terciária foi o que discutimos
previamente por ser o que mais encontramos nas provas, essa noção básica é compartilhada por autores como o próprio Pereira e
Rouquayrol.
Entretanto, é possível encontrar uma outra compreensão nos Cadernos de Atenção Básica e Primária do Ministério da Saúde,
que descreve a prevenção das complicações de diabetes como uma ação da prevenção terciária. Veja dois trechos abaixo:
• “Prevenção terciária é a ação implementada para reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes
de um problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação (ex.: prevenir complicações do diabetes, reabilitar paciente pós-infarto –
IAM ou acidente vascular cerebral)”. (Cadernos de Atenção Básica nº 36 - Rastreamento, 2013)
• “A abordagem terapêutica dos casos detectados, o monitoramento e o controle da glicemia, bem como o início do processo de
educação em saúde são fundamentais para a prevenção de complicações e para a manutenção de sua qualidade de vida (prevenção
terciária).” (Cadernos de Atenção Primária nº 29 - Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus, 2013)
Como exemplo de abordagem desse segundo entendimento, você pode conferir uma questão de prova de 2021 da SMS do Rio
de Janeiro no link a seguir: <https://med.estrategiaeducacional.com.br/questoes/4000143667>.

Agora, que já estudamos os três níveis de prevenção propostos por Leavell e Clark,
cabe esclarecer um ponto que pode confundi-lo na hora da prova.

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Fumar e beber são considerados fatores de risco para várias sempre nos atentar sobre de que ótica de prevenção o examinador
doenças, mas não podemos nos esquecer de que o tabagismo e está perguntando, porque é aí que você pode se atrapalhar.
o alcoolismo também são estados patológicos! Assim, devemos

No entanto, como você é Coruja, vai dar um voo rasante nessas questões e não vai cair
nessa casca de banana!

Para esclarecer de vez esse ponto, os programas voltados para prevenção de tabagismo ou do uso e abuso de outras substâncias, como
álcool e outras drogas, podem ocorrer nos três níveis detalhados a seguir.

PROGRAMAS DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA

Público-alvo: Objetivo: evitar que essas Ex.: as ações educativas na


população geral. pessoas iniciem o uso das comunidade (como palestra
substâncias. sobre drogas em escolas).

PROGRAMAS DE PREVENÇÃO SECUNDÁRIA

Público-alvo: populações mais Objetivo: impedir que a iniciação Ex.: seguimento de jovens
vulneráveis (maior risco para o evolua para o uso continuado e que iniciaram o uso ocasional
uso regular das substâncias). prejudicial. de cigarro nas baladas.

PROGRAMAS DE PREVENÇÃO TERCIÁRIA

Público-alvo: abusadores ou de Objetivo: evitar as consequências Ex.: seguimento regular


uso regular da substância (uso mórbidas desse hábito. de dependente químico.
nocivo ou dependentes).

Esquema 6: Ações em diferentes níveis voltadas para programas de prevenção de tabagismo ou de uso e abuso de outras substâncias, como
álcool e outras drogas.

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CAI NA PROVA
(Universidade do Grande Rio – UNIGRANRIO/RJ/2020) Dona Maria tem 65 anos e chega à consulta com o seu médico de família, Dr. Aurélio.
Muito nervosa e preocupada com seu filho João, de 38 anos, que mora com a esposa e dois filhos de 9 e 12 anos, no mesmo quintal. João
é motorista de caminhão, mas está desempregado há seis meses. Desde então, ele tem bebido no bar todas as noites, o que tem causado
conflitos na família, com brigas diárias entre o casal. Dr. Aurélio se propõe a conversar com João para investigar o uso abusivo do álcool.
Podemos classificar essa ação do Dr. Aurélio como prevenção:

A) Secundária.
B) Primária.
C) Quaternária.
D) Terciária.

COMENTÁRIOS
Essa questão é um tanto capciosa! Ela cita que João está desempregado há seis meses e tem bebido no bar todas as noites, o que tem
causado conflitos na família. Aparentemente, esse problema de João parece ser algo mais recente e pode estar relacionado a problemas
financeiros decorrentes do seu desemprego. Dessa forma, João é uma pessoa vulnerável, que iniciou o uso do álcool e está sob risco de abuso
crônico dessa substância. Por essa razão, ficamos com a alternativa A, já que a prevenção secundária objetiva impedir a continuidade do uso
de álcool.
Note ainda o seguinte trecho: “Dr. Aurélio se propõe a conversar com João para investigar o uso abusivo de álcool”. O termo “investigar”
remete à noção de busca por um diagnóstico. Assim, essa conversa tem a intenção de detectar precocemente um problema de saúde, para
iniciar o tratamento o mais cedo possível.

Correta a alternativa A.

(Universidade Federal do Piauí – UFPI/PI/2020) As ações e serviços de saúde devem responder às necessidades e demandas da população.
Nesse aspecto, a Atenção Básica tem assumido um papel bastante relevante. A Atenção Básica diz respeito ao conjunto de ações de saúde
individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos,
cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe
multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária. Diante disso, o
enfrentamento do uso abusivo de álcool constitui uma ação de:

A) Promoção da saúde.
B) Proteção específica.
C) Recuperação.
D) Reabilitação.
E) Limitação do dano.

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COMENTÁRIOS

Nessa questão, o examinador pergunta sobre o enfrentamento do uso abusivo de álcool, mas não menciona algum público-alvo
específico; assim, entendemos que ele se refere a uma atuação de promoção à saúde geral da população (prevenção primária). Lembre-se
de que o álcool pode estar direta ou indiretamente relacionado a uma série de agravos diferentes (ex.: cirrose hepática, acidentes, violência,
pancreatite, neuropatias periféricas, problemas cardiovasculares, prejuízos cerebrais, etc.).
Na Política Nacional de Promoção de Saúde (PNPS), encontramos ainda a descrição do “enfrentamento do uso abusivo de álcool e de
outras drogas” como um dos oito itens prioritários. Assim, não resta dúvidas de que essa medida seja uma ação de promoção à saúde voltada
para a população geral.

Correta a alternativa A.

Agora sim! Estamos prontos para conhecer outros níveis de prevenção que surgiram posteriormente ao modelo de Leavell e Clark!

2.1.2 PREVENÇÃO QUATERNÁRIA

Isso mesmo! Precisei convocar a nossa


esquadrilha Coruja para chamar sua atenção, pois
esse nível de prevenção é, disparado, o que mais cai
nas provas.

Descanse, tome um café e respire fundo, porque você problemas socioeconômicos, falta de estrutura da rede de saúde,
não pode nem piscar os olhos neste tópico! As questões sobre a etc.). Dessa forma, não é tão simples a definição dos próximos
prevenção quaternária aparecem demais nas provas, sendo uma passos do atendimento médico.
tendência geral nas bancas de todo o país. Adicionalmente, existe uma deficiência de formação
A noção da prevenção quaternária foi proposta por Marc acadêmica de alguns profissionais de saúde e um excesso de
Jamoulle e Michel Roland, em 1995, durante a apresentação de processos judiciais que deixam esses profissionais inseguros na
um pôster no congresso mundial da World Organization of Family hora da decisão sobre o melhor plano terapêutico e quando sugeri-
Doctors (WONCA) – correspondente à Organização Mundial de lo.
Médicos de Família. O primeiro autor é mais conhecido pela difusão Para agravar essa situação, há ainda uma “enxurrada” de
desse nível de prevenção. Antes, vamos entender o panorama geral informações disponíveis na internet, que influenciam os pacientes
de nossa prática médica, até chegarmos na ideia sugerida por esses a chegarem nos consultórios com uma lista imensa de exames
autores. dispensáveis que eles acreditam serem necessários. Muitas vezes,
Em muitos casos, sabemos que não temos como confirmar o paciente nem apresenta queixas, estando somente em busca
nossas suspeitas diagnósticas, seja pela ausência de um exame de um “check up” ou querendo afastar a possibilidade de alguma
específico ou pela falta de acesso aos meios terapêuticos já doença que aconteceu recentemente com um parente ou amigo
existentes (ex.: filas de espera, atrasos na entrega de resultado, mais próximo.

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Nesse contexto, Jamoulle discute que a prática clínica é o pode receber posteriormente um exame negativo, ou seja, ele
resultado do equilíbrio entre “gerir as incertezas diagnósticas” e submeteu o paciente a efeitos colaterais importantes de um
“limitar os riscos terapêuticos”. E o que ele quis dizer com isso? tratamento desnecessário.
Muitas vezes temos que iniciar o uso de medicação baseado em uma Trata-se do eterno dilema médico: to heal or to harm?
suspeita diagnóstica, mas precisamos pesar os riscos e benefícios (curar ou causar dano?). Quando não avaliamos adequadamente
daquela decisão. Vamos a um exemplo para ficar mais fácil: o e optamos por tratar ou solicitar exames em um paciente que
médico está com uma suspeita diagnóstica de uma doença para a não precisa, temos como resultado o intervencionismo médico
qual já existe tratamento (com efeitos colaterais importantes e que excessivo, que pode abranger não somente as práticas curativas,
só funciona na fase inicial – primeiras três semanas) e cujo exame mas também as preventivas. Sabemos que as intervenções médicas
confirmatório depende de uma fila de espera de aproximadamente não estão isentas de riscos. Por exemplo, os medicamentos possuem
seis meses. Nesse caso, restam as seguintes opções: efeitos colaterais, a retossigmoidoscopia pode gerar perfuração do
• Se ele aguardar a confirmação da suspeita diagnóstica, cólon, a radiografia expõe as pessoas à radiação ionizante, entre
pode estar atrasando o início do tratamento e isso será decisivo outras inúmeras intervenções que podem expor o paciente a algum
na evolução do quadro. dano.
• Se ele adiantar o tratamento sem essa confirmação,

Saiba ainda que, em alguns Já sei! Você está falando da


casos, a melhor opção é não “demora permitida”, mas
fazer nada! Só aguardar! quando ela é aplicada?

Em doenças de evolução sabidamente mais lenta e progressiva, quando a espera é uma ação mais
acertada que o início do tratamento, o médico pode valer-se da demora permitida. Como exemplo de uma
situação em que devemos utilizá-la, podemos citar as dores musculares após a prática de exercícios físicos,
que tendem a cessar espontaneamente em alguns dias. Portanto, não haveria necessidade de tratamento
medicamentoso ou solicitação de exames para casos como esse.

A prevenção quaternária surge justamente para lembrar os médicos de que o intervencionismo médico excessivo é prejudicial. Algumas
noções acerca desse nível de prevenção estão descritas a seguir. Fique de olho em palavras-chave que podem aparecer nas questões.

Consiste em detectar indivíduos


Visa evitar ou atenuar o excesso de em risco de sobretratamento ou
intervencionismo médico associado sobrediagnóstico ou
a procedimentos desnecessários ou sobrerrastreamento para
injustificados. protegê-los de intervenções
médicas inapropriadas.

Ação feita para identificar um paciente em risco de supermedicalização, para


protegê-lo de uma nova invasão médica e sugerir a ele intervenções eticamente
aceitáveis. (dicionário da WONCA).

Esquema 7: Algumas noções que podem aparecer associadas ao conceito de prevenção


quaternária.

Prof. Fernanda Lima e Prof. Bárbara D’Alegria | Curso Extensivo | 2023 26


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Confira alguns termos citados que estão associados à não aplicação da prevenção quaternária e podem aparecer em sua prova:

IATROGENIA SOBREDIAGNÓSTICO

• Ocorre devido a uma intervenção médica • Diagnostica-se um agravo que não geraria sintomas ou
que resulta em algum dano à saúde do provocaria a morte do paciente. O sobrediagnóstico transforma
indivíduo. uma pessoa em paciente sem necessidade, conduzindo esse
Ex.: a colonoscopia pode resultar em uma indivíduo a tratamentos que não geram qualquer benefício. Ex.:
perfuração intestinal. na mamografia, é detectada uma lesão na mama, mas que não
evoluiria para nenhum quadro clínico ou risco de morte.

SOBRERRASTREAMENTO SOBRETRATAMENTO

• Procede-se o rastreio desnecessário de uma condição clínica em • Refere-se a duas situações: (1) tratar agravos
um indivíduo ou grupo de indivíduos que não atendem aos que não evoluiriam para algum estado de
critérios de rastreamento. Ex.: médico decide rastrear câncer de adoecimento significativo ou (2) optar por
mama em jovens de 20 anos através da ultrassonografia, mas não tratamento mais prolongado ou complexo do
há evidência científica para o rastreamento nessa idade, nem com que o necessário. Ex.: tratar lesões mal
esse exame. Nesse caso, corre-se o risco de detectar alterações definidas na mamografia que não evoluiriam
que não gerariam qualquer transtorno à saúde das pacientes, o para um câncer de mama ou prorrogar uma
que poderia conduzir a planos terapêuticos desnecessários. radioterapia em paciente que já não necessita.

MEDICALIZAÇÃO

• Quando situações normais da existência humana passam a ser objeto de abordagem médica desnecessária. Ex.: usar
antidepressivos para auxiliar uma pessoa a lidar com o luto. Sabemos que a perda de um parente naturalmente leva a
SAUDÁVEL
um estado de tristeza. As palavras supermedicalização ou hipermedicalização também DOENTE
já foram encontradas em
questões.

Esquema 8: Alguns termos associados à não aplicação da prevenção quaternária.

Perceba que os prefixos “sobre”, “super” ou “hiper” trazem a ideia de que algo é realizado além do normal, ou seja, além do que seria
esperado (necessário) para determinada situação.

Em suma, a prevenção quaternária objetiva evitar danos associados a intervenções (exames,


medicamentos, cirurgias, etc.) desnecessárias, ou seja, quando elas não trazem mais nenhum valor adicional
ao quadro do paciente, evitando a ocorrência de iatrogenias e otimizando os recursos em saúde.

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MED

A concepção da prevenção quaternária está intimamente relacionada a um dos quatro princípios da


Bioética: o da não maleficência. Esse princípio é baseado no “primum non nocere”, que significa “acima de tudo,
não causar danos”. Aplicando essa noção no âmbito da prevenção quaternária, entendemos que os profissionais
de saúde não devem prejudicar intencionalmente os pacientes submetendo-os a intervenções desnecessárias.

Vamos entender como as noções gerais de prevenção quaternária podem aparecer nas provas?

CAI NA PROVA
(Hospital Universitário Júlio Müller – UFMT/MT/2020) Qual é o conceito de prevenção quaternária?

A) Ação feita para identificar um paciente ou população de risco de supermedicalização, para protegê-los de uma intervenção médica
invasiva e sugerir procedimentos científica e eticamente aceitáveis.
B) Ação realizada para evitar ou remover a causa de um problema de saúde em um indivíduo ou população antes que ele se manifeste.
C) Ação realizada para reduzir os efeitos crônicos de um problema de saúde em um indivíduo ou população, minimizando o prejuízo funcional
em consequência de problema de saúde agudo ou crônico.
D) Ação realizada para detectar um problema em estágio inicial em um indivíduo ou população, facilitando dessa forma a cura, ou reduzindo
ou evitando que se espalhe ou cause efeitos de longo prazo.

COMENTÁRIOS

A alternativa A traz o conceito de prevenção quaternária descrito no dicionário WONCA. As demais alternativas referem-se a conceitos
de outros níveis de prevenção; vamos revisá-los? Alternativa B -prevenção primária, alternativa C - prevenção terciária e alternativa D -
prevenção secundária.

Correta a alternativa A.

(Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ /RJ/2020) Considerando o conceito de prevenção à saúde, a expressão “primeiro não causar
danos” se relaciona ao(à):

A) indicação de tratar todos os tipos de sintomas das pessoas.


B) escolha de terapias alternativas como primeira opção.
C) necessidade de fazer exames periódicos de rotina.
D) uso da demora permitida sempre que possível.

COMENTÁRIOS
A expressão “primeiro não causar danos” (princípio da não maleficência) está associada ao conceito de prevenção quaternária. Esse
nível de prevenção não preconiza que todos os sintomas devem ser tratados, mas sim os casos que realmente forem necessários (incorreta

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a alternativa A). Quanto à alternativa B, a escolha do tipo de terapia deve ser individualizada para cada caso, considerando os seguintes
pontos: o estado de saúde da pessoa, as evidências científicas e a escolha do paciente. Além disso, em muitos casos, a ausência de terapia é
a melhor opção. Portanto, o foco do tratamento não estaria nas terapias alternativas obrigatoriamente. A alternativa C está incorreta, porque
uma rotina regular de exames sem direcionamento específico vai de encontro aos princípios da prevenção quaternária, podendo levar a
intervenções inapropriadas. Por fim, a alternativa D é o gabarito, porque o médico pode se valer da demora permitida, quando a espera é
uma ação mais acertada do que o início do tratamento, que talvez seja desnecessário.

Correta a alternativa D.

(Hospital San Julian - HSJ/PR/2020) Pratica-se prevenção quaternária:

A) com ações de atenção primária nos locais de trabalho e estudo.


B) com unidades de PSF próximas aos locais de moradia.
C) evitando-se iatrogenia.
D) com acessibilidade e prevenção de fraturas em idosos.
E) com saneamento básico e vacinação.

COMENTÁRIOS

A banca pede a alternativa que descreve a prática da prevenção quaternária, e um de seus objetivos é evitar a iatrogenia, que pode ser
decorrente de alguma intervenção médica mal indicada (alternativa C). Analisaremos cada circunstância proposta nas demais alternativas.
A prevenção quaternária não tem sua aplicação restrita à atenção primária (incorreta a alternativa A) e não está relacionada à distância
dos serviços de saúde às moradias das pessoas (incorreta a alternativa B). A alternativa D cita a prevenção de fratura em idosos, que contempla
ações de prevenção primária (incentivo à manutenção de atividade física), secundária (tratamento de osteoporose) e terciária (treinamento
proprioceptivo em paciente com queda e fratura prévia). Além disso, a acessibilidade (ex.: rampas, elevadores) envolve a noção de adaptação
física para melhorar o acesso de indivíduos que já possuem limitações (prevenção terciária). Por fim, o saneamento básico e a vacinação são
medidas de prevenção primária (incorreta a alternativa E).

Correta a alternativa C.

(Fundação Estatal Saúde da Família - FESF/BA/2018) Recentemente a American Heart Association e o American College of Cardiology
publicaram uma revisão de diretrizes de manejo da hipertensão arterial. Um dos pontos mais polêmicos foi a nova redução nos níveis de
pressão arterial necessários para o diagnóstico de hipertensão arterial. A decisão surpreende, pois tem se acumulado evidências científicas
mostrando que um controle muito rigoroso da pressão arterial, estipulando-se metas de pressão arterial abaixo de 140/90 mmHg, não apenas
não é vantajoso como pode ser prejudicial à saúde. Além disso, também tem se desenvolvido o conhecimento a respeito do sobrediagnóstico
na hipertensão arterial, que está justamente ligado à redução do limiar do que é considerado uma pressão arterial normal. [...] Por outro lado,
a nova diretriz não é nada surpreendente quando se olha para o número de pessoas que poderão ser consideradas hipertensas com base na
nova norma. Naturalmente, esse aumento no número de pessoas com hipertensão, que se as próprias instituições estimam em cerca de 30
milhões de adultos somente nos Estados Unidos, representa um novo mercado considerável para a indústria de exames e medicamentos.
(Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). Revisão de diretrizes de manejo da hipertensão arterial da AHA e ACC:
17 de novembro de 2017. Disponível em: <https://m.facebook.com/history.php? story_fbid=1640714812652858& id=39376966058071>.
Acesso em 09/12/2017.

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Sobre a prevenção quaternária, é correto afirmar que:

A) o sobrediagnóstico ocorre quando uma doença que não causaria prejuízos à saúde ou mesmo sintomas é diagnosticada.
B) a proposta de diminuição das metas de pressão arterial da nova diretriz incorpora conceitos de prevenção quaternária.
C) o sobrediagnóstico impede que ocorra uma cascata diagnóstica e realização de exames desnecessários.
D) o benefício do sobrediagnóstico é identificar e tratar doenças antes mesmo de tornarem-se sintomáticas.
E) o conceito de prevenção quaternária objetiva diminuir a prevalência das incapacidades, visando a recuperação.

COMENTÁRIOS
O conceito de sobrediagnóstico está relacionado ao diagnóstico de uma doença que não causaria prejuízos à saúde, sintomas ou
morte, conforme descrito na alternativa A.
A proposta de diminuição das metas de pressão arterial amplia a ocorrência de sobrediagnóstico, o que vai de encontro aos conceitos de
prevenção quaternária (incorreta a alternativa B). Além disso, o sobrediagnóstico favorece a realização de exames desnecessários (incorreta
a alternativa C).
A alternativa D está incorreta, porque identificar e tratar doenças antes mesmo de se tornarem sintomáticas refere-se ao processo
normal de rastreamento.
Por fim, a alternativa E está incorreta, porque o conceito de prevenção secundária é que objetiva diminuir a prevalência das
incapacidades, visando a recuperação da saúde.
Correta a alternativa A.

(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO - UERJ/PR/2020) Considerando o conceito de prevenção à saúde, a expressão “primeiro não
causar danos” se relaciona ao(à):

A) indicação de tratar todos os tipos de sintomas das pessoas.


B) escolha de terapias alternativas como primeira opção.
C) necessidade de fazer exames periódicos de rotina.
D) uso da demora permitida sempre que possível.

COMENTÁRIOS
Já vimos que a referida expressão está relacionada à prevenção quaternária, que defende que o médico pode valer-se da demora
permitida nas doenças de evolução, sabidamente, mais lenta e progressiva, quando a espera é uma ação mais acertada que o início do
tratamento, que talvez seja desnecessário (alternativa D). Em outras palavras, “não intervir” pode ser o melhor remédio! Por outro lado,
sabemos que nem todos os sintomas devem ser obrigatoriamente tratados, devendo ser avaliados os riscos e benefícios de cada terapêutica
(incorreta alternativa A). Adicionalmente, a escolha do tipo de terapia deve ser individualizada para cada caso (incorreta alternativa B). Por
último, devemos lembrar que uma rotina regular de exames sem direcionamento específico vai de encontro aos princípios da prevenção
quaternária, podendo levar a intervenções desnecessárias (incorreta alternativa C).

Correta a alternativa D.

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Certo, mas, além de cobrar


Sim! Vou citar os casos mais
os conceitos, as bancas
clássicos!
também usam casos
clínicos?

Vamos a alguns exemplos de situações que o examinador recentemente, mas foi orientada que não atendia aos critérios de
pode trazer no enunciado: rastreamento.
• Maria procurou uma clínica para fazer um check up geral, • A filha de Adolfo, 89 anos, queria que o médico solicitasse
mas não apresentava qualquer queixa e o médico, após avaliar a uma ressonância para o pai, que era acompanhado pela equipe da
paciente, orientou não haver necessidade de exames. atenção domiciliar. O médico conversou com a família orientando
• João, 18 anos, sem queixas ou alterações no exame físico, que o paciente estava com metástase avançada, cabendo-lhe
queria fazer eletrocardiograma antes de começar a academia, apenas os cuidados paliativos.
mas o médico explicou que não havia indicação para isso. Em todos os exemplos, existe um ponto comum: evita-se
• Adriane, 22 anos, procurou o posto de saúde para recomendar uma intervenção inapropriada para o caso. Agora, é
fazer mamografia, porque a tia morreu de câncer de mama hora de ver como isso pode aparecer em sua prova!

CAI NA PROVA
(Hospital de Clínicas de Porto Alegre – HCPA/RS/2020) Paciente de 38 anos, em tratamento de tendinite de ombro, consultou com o
médico de família na Unidade Básica de Saúde. Informou vir fazendo uso de anti-inflamatórios e estar preocupada com o risco de tornar-se
hipertensa, razão pela qual desejava realizar exames preventivos (eletrocardiografia, mamografia e exames de sangue). Não apresentava
outros problemas de saúde. Relatou história familiar de hipertensão arterial sistêmica, mas não de câncer de mama, e negou tabagismo. Em
relação à vacina antitetânica, o último reforço fora realizado há 15 anos. O exame físico foi normal, e a pressão arterial era de 115/70 mmHg.
Que nível de prevenção e respectiva conduta representa medida preventiva adequada?

A) Prevenção primária: Solicitar eletrocardiografia.


B) Prevenção secundária: Solicitar mamografia.
C) Prevenção secundária: Orientar reforço da vacina antitetânica.
D) Prevenção terciária: Explicar por que não há necessidade de realizar eletrocardiografia.
E) Prevenção quaternária: Explicar por que não há necessidade de realizar mamografia.

COMENTÁRIOS

Perceba que você precisará de seus conhecimentos sobre a aplicação dos conceitos dos níveis de prevenção e também sobre clínica
médica. Entenderemos cada uma das opções.
A alternativa A apresenta dois erros: (1) não há necessidade de realizar eletrocardiografia em uma paciente de 38 anos sem queixas
ou comorbidades e com exame físico normal; e (2) a solicitação de um exame poderia ser uma ação de prevenção secundária (diagnóstico
precoce), não primária. O erro da alternativa B é justamente o que torna a alternativa E correta: não há necessidade de realizar mamografia
nessa paciente. O Ministério da Saúde preconiza a mamografia como rastreamento para as mulheres entre 50 e 69 anos de idade, não sendo
recomendada aos 38 anos. Assim, a prevenção quaternária preconiza a não realização de exames desnecessários.

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Na alternativa C, apesar de haver indicação para a aplicação da vacina antitetânica, essa é uma ação de prevenção primária, não
secundária. A questão informa que o último reforço da vacina antitetânica foi realizado há 15 anos, sendo recomendada uma dose a cada
10 anos. Por fim, a alternativa D está errada porque “explicar que não há necessidade de realizar algum exame” é uma ação de prevenção
quaternária, não terciária.
Correta a alternativa E.

(Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP/SP/2021) Você, médico de uma Unidade Básica de Saúde, recebe uma paciente
de 30 anos de idade, sem fatores de risco para câncer de mama, mas que acredita que fazer exames preventivos é a melhor forma de se
cuidar. Por isso, solicita que você peça uma mamografia de rotina para ela. No entanto, você considera recusar o pedido da paciente quanto
à solicitação da mamografia pois isto configura uma medida de prevenção:

A) Prevenção primária.
B) Prevenção secundária.
C) Prevenção terciária.
D) Prevenção quaternária.

COMENTÁRIOS

Como você pode ver, os examinadores amam perguntar sobre


os programas de rastreamento! A questão descreve uma paciente
de 30 anos que procura a unidade básica de saúde com o objetivo
de conseguir uma solicitação de mamografia. Entretanto, não há
nenhuma descrição que justifique a investigação de câncer de
mama. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda o rastreamento
do câncer de mama através da mamografia para mulheres entre
50 e 69 anos de idade. Fora desse contexto, a solicitação da
mamografia deve ter alguma justificativa clínica, não podendo ser
usada como rastreamento geral, sob o risco de causar mais danos
do que benefícios.
Fique ligado nesta dica para memorizar a faixa etária:
Figura 15: Dica para memorizar faixa etária de rastreamento de câncer
lembre-se de que precisamos da mão para proceder o exame das de mama através da mamografia de acordo com o Ministério da Saúde.
mamas da paciente e do sutiã com a alça caída para expor a mama
avaliada. Então, memorize:

Assim, não solicitar um exame desnecessário é uma medida de prevenção quaternária.

Correta a alternativa D.

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(Comissão Estadual de Residência Médica do Amazonas - CERMAM/AM/2020) L.M.D, 35 anos, sexo feminino, compareceu à consulta na
UBS para solicitar uma ultrassonografia de tireoide. Relata que sua mãe de 56 anos teve câncer na tireoide. Não possui nenhuma queixa,
apenas preocupação com o problema que a mãe teve. A paciente não possui problemas de saúde crônicos nem faz uso de medicamentos. Ao
exame físico, a tireoide está eutrófica e sem nodulações palpáveis. A prevenção que deve ser aplicada neste caso é a:

A) Terciária
B) Secundária
C) Quaternária
D) Primária

COMENTÁRIOS
A paciente está sem queixas, sem problemas de saúde e com exame físico normal, ou seja, não há qualquer conduta específica que
seja necessária nesse momento. Por essa razão, devemos aplicar a prevenção quaternária! Aproveitaremos para revisar os demais níveis de
prevenção sugeridos, que são aplicados nas situações descritas a seguir:
• Primária: para reduzir ou eliminar algum risco, evitando a ocorrência de um agravo.
• Secundária: na detecção ou tratamento precoce de uma doença, ou na doença avançada para evitar complicações.
• Terciária: se a questão mencionasse a necessidade de algum tipo de reabilitação.

Correta a alternativa C.

2.1.3 A PREVENÇÃO QUINQUENÁRIA

Anote aí: vai aparecer prevenção quinquenária em sua médicos, logo não sobra nenhuma demanda extra de outra equipe
prova! Esse nível de prevenção vem ganhando força e apareceu para você. Além disso, você está satisfeito com sua carga horária
pela primeira vez nas provas de Residência Médica em 2022. Em (que é das 9h às 18h) e seu salário é muito satisfatório!
2023, foi cobrado novamente, agora por bancas como SURCE e SUS- Nesse sentido, imagine que, em uma sexta-feira, às 17h55
SP. Portanto, a tendência é que apareça novamente nos próximos (isso mesmo, faltando apenas 5 minutos para a UBS fechar), o
anos! agente comunitário bate em sua porta e fala:
Mas, afinal, que nível de prevenção é esse? – Dr., a dona Maria chegou agora, sem agendamento, mas
Bom, em primeiro lugar, saiba que a prevenção quaternária e quer muito falar com o senhor. Disse que só vai embora depois de
a prevenção quinquenária são as duas faces de uma mesma moeda ser atendida.
chamada “prevenção de iatrogenias”. Enquanto a prevenção Você pede, então, para a paciente entrar. Dona Maria tem 77
quaternária tem por objetivo prevenir a iatrogenia com foco no anos, anda com o apoio de uma muleta (pois tem gonartrose) e diz
paciente, a prevenção quinquenária também visa proteger o que o motivo da consulta é “insônia”. Refere que, há 1 semana, não
paciente, mas de forma indireta ao agir no médico! vem conseguindo dormir direito e que está muito angustiada. E que
Por exemplo, suponha que você trabalha em uma Unidade a vizinha disse que tudo isso pode ser resolvido com um remédio
Básica de Saúde (UBS). A unidade tem 4 equipes e todas têm chamado clonazepam.

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Como você NÃO está em burnout, consegue perceber que o que acredita que o problema só será resolvido com clonazepam.
clonazepam não é uma boa opção para dona Maria; primeiro porque Só que você está em burnout e não se dá conta de que dona
você precisa entender se o que a paciente realmente tem insônia. Maria é uma senhora de 76 anos e com dificuldade de locomoção.
Segundo porque, mesmo que ela tenha insônia, o clonazepam Tampouco raciocina que clonazepam não é a medicação mais
não seria a melhor escolha, ainda mais para uma paciente idosa indicada para tratar distúrbios do sono. A única coisa que você
e com problema de locomoção (a prescrição poderia aumentar o deseja é ir para casa, tomar um banho e dormir, já que você foi
risco de queda). Portanto, como você está com sua capacidade de trabalhar “virado” do plantão anterior!
decisão clínica preservada, você conversa com a paciente e nega a Portanto, sem raciocinar muito, você prescreve a medicação
prescrição, atuando com prevenção quaternária. solicitada. Cerca de 1 semana depois, é informado pelo agente
Agora imagine o oposto: você é o médico de uma UBS, que comunitário que dona Maria caiu de madrugada em casa e está
tem 4 equipes. No entanto, 3 equipes estão sem médicos e todas internada porque fraturou a cabeça do fêmur.
as demandas da unidade são enviadas para você. Por isso, todos os Agora vem o voo da coruja: se algum gestor tentasse aliviar
dias você tem extrapolado seu horário de trabalho, pois precisa dar sua carga de trabalho, seja contratando médicos para a unidade,
conta do volume de atendimentos. Para piorar, o salário é baixo e seja aplicando atividades de relaxamento ou qualquer outra
você precisa complementar sua renda dando plantões. ação de saúde que tivesse por objetivo prevenir seu burnout (ou
Eis que, em uma sexta-feira, às 17:55h, quando você seja, o burnout médico), essa ação seria chamada de prevenção
finalmente achou que sairia mais cedo, surge dona Maria. Ela insiste quinquenária!
para ser atendida. Afirma que está com dificuldades para dormir e

Portanto, a prevenção quinquenária é qualquer ação de saúde aplicada diretamente no médico com o intuito de preservar a
saúde dele, especialmente a saúde mental, pois uma vez que ele está saudável e com sua capacidade de decisão clínica preservada, o
paciente irá se beneficiar indiretamente com a prevenção da iatrogenia. É por isso que dizemos que esse nível de prevenção impede
“o dano no paciente atuando no médico” (SANTOS, 2014)!

Por último, dois detalhes importantes.


O artigo original que descreveu a prevenção quinquenária foi escrito em 2014 por José Agostinho Santos, um médico de família
português. Para Agostinho, as ações desse nível de prevenção podem ser desenvolvidas em 04 esferas:
a. médico — as ações de saúde são aplicadas diretamente em aspectos intrínsecos e biopsicossociais do médico, incluindo “um
componente afetivo do raciocínio médico”. Em outras palavras, são ações como estímulo à meditação, mindfulness, atividade
física e outras atividades diretamente aplicadas no médico;
b. paciente/comunidade — segundo o artigo original de Agostinho, as ações de prevenção quinquenária também podem ser
aplicadas na comunidade em que o médico trabalha como forma de melhorar o exercício profissional e a relação médico-
paciente. Por exemplo, explicar para a comunidade as funções da Unidade Básica de Saúde, a importância do acompanhamento
longitudinal até mesmo como forma de evitar agudizações de doenças crônicas (o que, em última instância, diminui as demandas
espontâneas), entre outras atividades de educação em grupo, pode melhorar a satisfação do médico em trabalhar naquele local.
Com isso, há menor probabilidade de desenvolver burnout.
c. local de trabalho — as ações de saúde também podem ser aplicadas diretamente no local de trabalho, como na estrutura da
unidade básica. Por exemplo, contratar um número maior de médicos para unidades em que há grande volume de trabalho
é uma forma de prevenir o burnout daqueles que estão sobrecarregados. Além disso, outras estratégias como a criação de
protocolos de encaminhamento para outras especialidades e protocolos de decisão clínica podem ajudar o médico na tomada
de decisão, diminuindo o estresse e prevenindo a iatrogenia no paciente.

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d. administração/governo — são ações que têm por objetivo aumentar o nível de satisfação do médico com seu empregador. Por
exemplo, unidades que valorizam a cogestão (ou seja, que têm grupos em que os funcionários podem opinar na administração
do local) podem favorecer a satisfação não só do médico como de todos os trabalhadores, criando um ambiente saudável de
trabalho.

O segundo ponto a ser destacado é que o artigo tem como foco o profissional médico, mas nada impede que a questão tenha como
personagem um profissional de saúde de outra categoria, como enfermagem, fisioterapia ou odontologia, por exemplo.
Agora que você está por dentro dos principais pontos desse novo nível de prevenção em saúde, que tal treinarmos com questões que
já apareceram em provas anteriores?

CAI NA PROVA

(SURCE 2023) Considere o texto abaixo e, em seguida, responda à questão.

“As linhas da prevenção quinquenária foram apresentadas em associação com o mote “prevenindo o dano no paciente, atuando no médico”,
introduzindo um novo nível de medidas preventivas que [...] visa à melhoria da qualidade dos cuidados e da saúde nos pacientes, porém com
foco no cuidador, de onde, efetivamente, emergem todos os cuidados.”
SANTOS, J.A. Resgate das relações abusivas em que nos encontramos: uma questão de prevenção quinquenária. Rev Bras Med Fam Comunidade.
2019;14(41):1847. https://doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1847.

Sobre a prevenção quinquenária, assinale a alternativa verdadeira.

A) Estabelece postura médica cautelosa em relação a intervenções em saúde, evitando sobremedicamentalização.


B) Concentra-se em questões remuneratórias, sugerindo expectativas de ganho compatíveis com os respectivos campos da atuação médica.
C) Ramifica-se em um conjunto de estratégias e intervenções de maneira a desconstruir o ambiente adoecedor de formação e da prática
médica e a prevenir o adoecimento do profissional de saúde como forma de prevenção a iatrogenias.
D) A prevenção quinquenária surge como importante marco regulatório na profissão médica, a partir da mobilização de associações e
entidades não governamentais ao redor do mundo. Fruto de uma construção coletiva, dá ferramentas para entidades médicas
reivindicarem condições dignas para a formação e prática médica.

Comentário:

Estrategista, a banca da SURCE trouxe uma questão sobre prevenção quinquenária cujo enunciado fez referência ao artigo original de
Agostinho. Vamos analisar as alternativas.
Incorreta a alternativa A. Veja que a assertiva fala em sobremedicamentalização. Quando você vir esse termo, desconfie de prevenção
quaternária.
Incorreta a alternativa B. Sem dúvidas, a questão remuneratória pode ser uma ação para a prevenção quinquenária (afinal, se o médico é
bem remunerado, não precisa assumir outros empregos nem se sobrecarregar). Porém, o foco da prevenção quinquenária não é a questão
remuneratória, e sim a prevenção da iatrogenia no paciente com foco no médico.

uma vez que o objetivo é realmente prevenir o adoecimento do profissional de saúde como forma de
Correta a alternativa C,
prevenir iatrogenias nos pacientes.

Incorreta a alternativa D. A prevenção quinquenária não é um marco regulatório da profissão médica, nem surgiu a partir de associações
e entidades não governamentais. Como vimos, foi descrita por Agostinho como uma forma de prevenção de iatrogenias.

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(SUS-SP 2023) Em um município de 5.000 habitantes, existe somente uma unidade de saúde da família com duas equipes. Devido à falta de
disponibilização de outros serviços na comunidade, a unidade básica de saúde (UBS) realiza todo o tipo de atendimento: desde consultas
programáticas até as de urgência e de emergência. Por conta disso, o horário de funcionamento da UBS fica estendido e as duas médicas
da unidade, Maria e Kelly, revezam-se nos horários de atendimento, de modo que fique pelo menos um médico durante todo o período de
funcionamento da unidade. Com um novo aumento de casos de síndrome respiratória, o atendimento triplicou na unidade e, para corroborar,
Maria foi afastada por covid-19, ficando Kelly sozinha por uma semana para realizar todos os atendimentos prioritários. No final da quinta-feira
daquela semana, o paciente Jorge chega para sua consulta agendada devido a uma dor no pé que já dura 3 meses. Ele aguardava a consulta há
2 meses, que sempre era remarcada devido aos casos graves que chegavam na unidade e que precisavam ser atendidos com maior prioridade
e transferidos de unidade. Ao chegar ao balcão, a recepcionista informa a Jorge que a consulta terá que ser novamente remarcada, visto que
a Dra. Kelly ainda irá realizar o atendimento de 5 pacientes com sintomas gripais e que, portanto, não conseguirá atendê-lo. Ele, chateado e
com dor, fala que não sairá da unidade até conversar com a médica, visto que já será a quarta vez que sua consulta será remarcada. Dra. Kelly
estava no corredor e ouviu Jorge argumentar. Ela vai em direção dele e pergunta se ele não se importa com as pessoas com covid-19. Diz que,
se ele esperou 3 meses, pode esperar mais 1 dia, que não vai morrer pela dor. Jorge, constrangido, pede desculpas e sai da unidade.

Considerando que, nessa situação hipotética, a atitude de Kelly com o paciente pode ser derivada de sua sobrecarga de trabalho, assinale a
alternativa que apresenta em que nível de prevenção se enquadrariam as ações de saúde para evitar burnout médico.

A) Prevenção primária.
B) Prevenção secundária.
C) Prevenção terciária.
D) Prevenção quaternária.
E) Prevenção quinquenária.

Comentário:

Estrategista, veja que a situação da Dra. Kelly é muito parecida com aquela que descrevemos anteriormente. A profissional ficou
sozinha no ambiente de trabalho e teve que lidar com o volume de atendimentos. Como consequência, evoluiu com burnout, o que ficou
evidente na forma como tratou o paciente Jorge, já que a reação da médica foi exagerada para a situação.
Observe que o examinador questiona qual é o nível de prevenção em saúde que tem as ações que poderiam evitar o burnout médico.
Você já sabe: prevenção quinquenária.
Portanto:
Incorretas as alternativas A, B, C e D, sem ressalvas.

Correta a alternativa E, conforme vimos acima.

2.1.4 A PREVENÇÃO PRIMORDIAL.

Discutiremos, aqui, um nível de prevenção em saúde menos prevalente nas provas: a prevenção primordial.
Para melhor compreensão da prevenção primordial, abordaremos e uniremos os conceitos discutidos pelos autores Almeida (2005) e
Duncan (2013), além de material próprio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

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A prevenção primordial abrange o desenvolvimento prevenção primordial objetiva evitar a instalação dos fatores de
de políticas e programas de promoção de “determinantes risco da doença, já a prevenção primária pretende extinguir os
positivos” de saúde, com a finalidade de evitar o surgimento ou fatores de risco da doença em questão. Note que a diferença entre
estabelecimento de padrões sociais, econômicos e/ou culturais esses conceitos é muito sutil. Em outras palavras, alguns autores
que possam contribuir para um aumento do risco da doença. apontam que o fator de risco e/ou o comportamento de risco ainda
Tanto as ações de prevenção primordial quanto as ações não estariam inteiramente estabelecidos na população quando
de promoção da saúde (prevenção primária) são focadas optamos por investir em ações de prevenção primordial. Observe
nos fatores de risco. Dessa forma, os conceitos de prevenção a figura a seguir para melhor compreensão visual sobre o ponto de
primordial e de promoção da saúde confundem-se, apesar de início de cada nível de prevenção em saúde nas diferentes etapas
serem complementares. Nesse sentido, Duncan descreve que a de evolução da história natural de uma doença:

Figura 16: Esquema adaptado do livro “Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências” de Duncan (2013) sobre os
diferentes tipos de prevenção ao longo da história natural da doença.

De forma prática, observe alguns exemplos de prevenção de prevenção primordial, pois destacam-se no campo da saúde
primordial: criação de espaços verdes nas cidades, legislação para populacional.
restrição do fumo em espaços fechados, regulamentação para A OPAS ainda sugere uma outra diferença entre a prevenção
segurança alimentar, implementação de medidas de higiene em primordial e a prevenção primária, descrevendo que a primeira está
bares e restaurantes, medidas contra os efeitos da poluição do voltada para determinantes distais, já a segunda, para os proximais
ar, do solo e das águas. Percebeu que as medidas de prevenção (conceitos relativos aos determinantes sociais, que discutiremos
primordial são ainda mais ampliadas que aquelas da promoção mais adiante).
da saúde? Por essa razão, a OPAS exalta a relevância das ações

Na prática, o nível de prevenção primordial nem costuma estar nas alternativas. Logo, é possível encontrar algum dos exemplos
citados há pouco sendo classificado como uma ação da prevenção primária, quando consideramos apenas o modelo proposto por
Leavell e Clark.

CAI NA PROVA
(Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual – IAMSPE/SP/2020) São exemplos de prevenção primordial, primária e
secundária, respectivamente:

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A) abstinência tabágica, imunização e rastreamentos.


B) achado de caso, imunização e rastreamentos.
C) nutrição adequada, imunização e prevenção de iatrogenia.
D) prática regular de exercícios físicos, rastreamentos e imunização.
E) nutrição adequada, achado de caso e imunização.

COMENTÁRIOS

Ótimo! Vamos aproveitar para revisar alguns conceitos de prevenção! A abstinência tabágica refere-se a evitar um padrão social (fumar)
que contribuiria para um aumento do risco da doença, ou seja, uma ação de prevenção primordial. Além disso, a imunização é uma ação de
proteção específica da prevenção primária. Por fim, o rastreamento corresponde à detecção precoce de uma doença (prevenção secundária).
As alternativas B e E não estão corretas, porque o achado de caso de uma doença não é prevenção primordial e nem primária, uma vez
que o indivíduo já está doente. Ademais, vimos que a imunização seria prevenção primária.
A instituição de um programa de nutrição e de atividade física para alterar o padrão de uma população poderia até ser considerada
uma ação de prevenção primordial, mas, ainda assim, existem outros erros conceituais nas alternativas C, D e E. Na alternativa C, o problema
é que a prevenção de iatrogenias está ligada ao conceito de prevenção quaternária. Na alternativa D, o rastreamento é prevenção secundária
e a imunização é prevenção primária, não obedecendo a ordem solicitada no enunciado.
Correta a alternativa A.

2.1.5 TODOS OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO EM SAÚDE (RESUMO VISUAL)

Observe a figura a seguir com um resumo dos dados sobre os níveis de prevenção em saúde para que você possa compilar em seu “HD
cerebral”!

Figura 17: Esquema com a base conceitual de todos os níveis de prevenção em saúde. Ideia base adaptada do livro “Medicina ambulatorial: condutas
de atenção primária baseadas em evidências”, de Duncan (2013), sobre os diferentes tipos de prevenção ao longo da história natural da doença.

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2.2 DETERMINAÇÃO SOCIAL EM SAÚDE (DSS)

A Determinação Social em Saúde (DSS) é o modelo explicativo de clínica médica. Adicionalmente, você passará a ter uma
de processo saúde-doença mais aceito atualmente. Por essa razão, visão mais ampliada de todos os fatores que contribuem com o
observa-se mais recentemente uma tendência de cobrança desse adoecimento de seu paciente, fornecendo-lhe suporte na criação
tema nas provas. de um plano terapêutico mais adequado com ações intersetoriais
Compreendendo esse modelo, conseguiremos acertar e multiprofissionais, não se restringindo apenas a intervenções
uma série de questões que abordam situações que vão muito médicas.
além daquilo que costuma estar descrito nos clássicos tratados

Antes de mais nada, começaremos com uma questão conceitual básica que já foi objeto de
questão de prova: “Determinação Social de Saúde” é diferente de “Determinantes Sociais
de Doença”?

Apesar de ambos serem conhecidos pela sigla DSS, a ligados ao contexto desses indivíduos, além da renda, que devem
resposta é sim! Pode parecer um pouco confuso a princípio, mas ser considerados no estudo do desenvolvimento da doença.
vou ajudá-lo a desatar esse nó! Alguns autores acabam utilizando Apesar de mostrar-se uma abordagem mais próxima do que
os termos Determinação Social da Saúde e Determinantes Sociais ocorre na realidade, a determinação social não é predominante
da Saúde (ou da Doença) como sinônimos, mas o modo como eles na maioria dos estudos, até pela sua complexidade. As pesquisas
avaliam o processo saúde-doença não é exatamente igual. De um costumam avaliar a correlação entre algumas variáveis sociais
lado, existe a noção de Determinantes Sociais, que preconiza a isoladas (ex.: renda, escolaridade, trabalho, etc.) e os agravos
identificação de variáveis sociais mensuráveis (renda, trabalho, etc.) na população. Nota-se que essas análises não contemplam a
para o entendimento dos diferentes contextos de saúde de uma complexidade de todos os fatores envolvidos no adoecimento da
população. Por exemplo, as pessoas de baixa renda apresentam um população ou do indivíduo, negligenciando alguns deles no estudo.
maior número de casos de tuberculose. Por exemplo, eu poderia estudar a relação entre a escolaridade e
Por outro lado, a Determinação Social avalia, sob uma a renda de uma população e a prevalência de desnutrição de um
perspectiva mais ampla e complexa, a produção do processo saúde- local, mas acabaria desconsiderando outros fatores, como relação
doença, buscando conciliar noções de uma realidade fragmentada familiar, cultura alimentar do local, acesso à alimentos na cidade,
(universo familiar, universo do trabalho, etc.) e o contexto moradia e equipamentos disponíveis de preparo do alimento em
social em sua totalidade. Assim, os estudiosos que defendem a casa, condições sanitárias do bairro, entre inúmeros outros fatores
determinação social acreditam ser inadequado promover relações que podem influenciar positiva ou negativamente no desfecho
entre fatores fragmentados de uma realidade (ex.: renda) e uma estudado.
doença. No exemplo dado anteriormente sobre a tuberculose e Podemos sumarizar esses conceitos da seguinte forma:
a população de baixa renda, sabemos que existem outros fatores

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DETERMINANTES SOCIAIS DETERMINAÇÃO SOCIAL

Avaliação fragmentada entre alguns Avaliação complexa entre a realidade do


fatores sociais (mensuráveis) e o processo contexto do indivíduo ou população
saúde-doença. (totalidade social) e o processo
saúde-doença.

Esquema 9: Resumo da diferença entre Determinantes Sociais e Determinação Social.

Observe como isso já caiu na prova.

CAI NA PROVA
(Processo Seletivo Unificado - Alagoas - PSU/AL/2020) No Brasil, o câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais frequente
entre mulheres, após o câncer de mama, com alta mortalidade e faz, por ano, 4800 vítimas fatais. Em 2012, as estimativas foram de 17540
casos novos, com risco estimado variando de 17 a 21 casos a cada 100 mil mulheres, com grandes iniquidades regionais, sendo maiores as
incidências registradas em estados com menor nível de desenvolvimento socioeconômico (BRASIL, Ministério da Saúde. Informe Técnico
sobre a Vacina Papiloma Vírus Humano (HPV) na Atenção Básica). As iniquidades regionais no desenvolvimento do câncer do colo de útero,
descritas no texto, reforçam o conceito teórico de determinação social de saúde desenvolvido após 2011. Esse conceito difere do conceito de
determinantes sociais de doença porque indica que:

A) existem fatores sociais específicos para uma doença, os quais podem ser modificados.
B) há um processo social complexo do qual a saúde ou a doença são resultantes finais.
C) com determinação da sociedade, várias condições mórbidas já podiam ter sido controladas.
D) a prevenção é a abordagem mais efetiva, cuja implementação depende de facilitadores sociais.

COMENTÁRIOS
O examinador quer saber sobre o diferencial do conceito teórico de determinação social de saúde em relação ao de determinantes
sociais de doença. Na alternativa B, ele expõe corretamente que a determinação social defende um processo social complexo que interfere
no processo saúde-doença. Vejamos os demais erros:
• Ambos os conceitos entendem que há fatores sociais que podem interferir no processo saúde-doença, porém esses fatores não são
específicos para uma doença, podendo influenciar em diversas enfermidades. (alternativa A)
• A diferença entre esses conceitos não está na expectativa de que a sociedade possa controlar as doenças. (alternativa C)
• Ambos os modelos discutem os fatores sociais que influenciam nas doenças, não exatamente o modo como abordar esses fatores.
Assim, a abordagem mais efetiva depende do problema que necessita ser corrigido. (alternativa D)

Correta a alternativa B.

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Vamos seguir com as duas definições mais conhecidas sobre esses determinantes:

COMISSÃO NACIONAL SOBRE OS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE DO BRASIL

• Para comissão brasileira, os DSS “são características socioeconômicas, culturais e ambientais de uma sociedade, que influenciam as condi-
ções de vida e trabalho de todos os seus integrantes.”

COMISSÃO NACIONAL SOBRE OS DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)

• A OMS conceitua de modo bem mais simples e direto os DSS como as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham.

Esquema 10: Conceitos de DSS conforme a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde do Brasil e da OMS (Buss e Pellegrini
Filho, 2007/Ministério da Saúde e Fiocruz).

Atenção! Não foi erro de digitação, a OMS tem uma comissão com o mesmo nome da comissão brasileira.

CAI NA PROVA
(Hospital Ortopédico de Goiânia - HOG /GO/2019) As condições locais com que as pessoas vivem ou trabalham, condições que constituem
os fatores econômicos, sociais, culturais, étnicos, psicológicos e comportamentais, influenciam na saúde da população e por isso merecem
importância. Este é um conceito do:

A) modelo da determinação comportamental da saúde.


B) modelo da determinação social da saúde.
C) modelo de atenção às condições crônicas de saúde.
D) modelo de gestão da condição de saúde.
E) modelo da pirâmide de riscos.

COMENTÁRIOS

O enunciado traz trechos de ambas as definições que acabamos de ver. A noção de “condições locais com que as pessoas vivem ou
trabalham” faz parte do conceito de determinantes sociais da comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) da OMS, e
os “fatores econômicos, sociais, culturais” estão contemplados no conceito da comissão homônima do Brasil. Vamos aos erros das demais
alternativas:
• O comportamento do indivíduo é um dos DSS (alternativa A).
• O modelo de DSS é adotado para a atenção às condições crônicas de saúde, conforme o documento “O cuidado das condições
crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família” da Organização Pan-Americana da
Saúde (Brasília-DF, 2012) (alternativa C).
• O modelo de gestão da condição de saúde configura-se na abordagem de uma população adscrita, buscando identificar os indivíduos
que estão doentes ou em risco de adoecer e com foco em melhorar a qualidade da atenção à saúde em toda a rede para alcançar melhores
resultados com menores custos (alternativa D).
• O modelo da pirâmide de riscos sugere que as estratégias de intervenção em autocuidado e em cuidado profissional sejam definidas
a partir da estratificação dos riscos da população (alternativa E).

Correta a alternativa B.

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Apesar de existirem diversos modelos sobre esses determinantes, focaremos no modelo adotado no Brasil: o modelo de Dahlgren
e Whitehead. A Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde do Brasil adotou esse modelo por sua simplicidade, fácil
compreensão e visualização gráfica. Veja abaixo uma adaptação dele:

Figura 18: Adaptação do Modelo de DSS proposto por Dahlgren e Whitehead

O modelo de Dahlgren e Whitehead compreende os DSSs dispostos em diferentes camadas, desde as mais próximas aos determinantes
individuais até as mais distantes, em que estão situados os macrodeterminantes.
Vamos citar rapidamente cada camada:

Figura 19: Resumo descritivo das camadas contempladas no Modelo de DSS proposto por Dahlgren e Whitehead

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Percebemos que a base do modelo proposto por Dahlgren e Whitehead é o indivíduo, englobando suas características (idade, sexo e
fatores genéticos). Como essas características são individuais, não sofrem intervenção das políticas sociais. Entretanto, esse modelo permite
identificar outros pontos de intervenções de políticas sociais. Neste sentido, os autores Buss e Filho sugerem a seguinte divisão em níveis de
intervenção nos DSS:

Nível de atuação Foco Políticas e exemplos

Políticas de incentivo às mudanças de comportamento (ex.: alimentação


Fatores comportamentais
1º saudável, prática de atividade física, proibição da propaganda do tabaco,
e estilos de vida
etc.)

Políticas que procurem estabelecer redes de apoio, além fortalecer a


Comunidades e redes de organização e participação das pessoas e das comunidades, em especial

relações de grupos vulneráveis (ex.: ações coletivas para melhorar o bem-estar,
incentivo de participação ativa social).

Políticas sobre as condições materiais e psicossociais de vida e trabalho das


Condições de vida e de
3º pessoas (ex.: moradia adequada, saneamento básico, emprego, ambientes
trabalho
de trabalho saudáveis, educação de qualidade, serviços de saúde).

Políticas macroeconômicas que reduzam as desigualdades socioeconômicas,


4º Macrodeterminantes a violência, a degradação ambiental, entre outros (ex.: políticas de mercado
de trabalho, de proteção ambiental, de desenvolvimento sustentável).
Tabela 1: Divisão em níveis de intervenção com a finalidade de reduzir os diferenciais de DSS decorrentes da posição social dos indivíduos e grupos.
Fonte: informações adaptadas de Buss & Filho (2007).

De modo a tornar esse conteúdo ainda mais didático, os autores Carvalho e Buss classificaram as intervenções sobre esses determinantes
sociais em três níveis: proximal, intermediário e distal. Vamos observar no esquema a seguir quais seriam eles:

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• Foco: políticas sociais.


Nível • Intervenção: consolidação de políticas que objetivam reduzir as desigualdades sociais,
como as macroeconômicas, as de proteção ambiental, as de mercado de trabalho,
distal entre outras.

• Foco: condições de vida e trabalho.


• Intervenção: implementar políticas para melhorar as condições de vida,
Nível proporcionando acesso à água potável, saneamento básico, moradia adequada,
intermediário ambientes e condições de trabalho apropriadas, serviços de saúde e de educação de
qualidade, etc.

• Foco: hábitos, escolhas pessoais e rede de relações.


• Intervenção: estratégias que propiciem escolhas saudáveis, mudanças de
Nível comportamento, fortalecimento de relações, como programas educativos, projetos de
proximal comunicação social, espaços públicos para prática de atividades físicas, etc.

Esquema 11: Níveis de intervenções nos determinantes sociais conforme Buss e Carvalho.

A concepção de determinantes sociais é essencial para a as iniquidades sociais; e os potenciais danos ou consequências
compreensão de como a saúde é sensível ao ambiente social. gerados por esses determinantes. Nesse cenário, podemos citar as
Assim, a luta no controle desses determinantes é um importante Metas de Desenvolvimento do Milênio, que contemplam algumas
desafio da saúde coletiva. medidas pactuadas entre mais de 180 países, incluindo o Brasil.
Após levantar os determinantes sociais do adoecimento das Essas metas serão comentadas no livro de medidas de mortalidade
pessoas, é preciso viabilizar ações de melhoria da situação de saúde da encantadora Profa. Barbara D’Alegria. Segue apenas uma imagem
nas populações, sendo necessário reduzir: a exposição a fatores de resumida com todos os pontos abordados nessas metas, para
risco; a vulnerabilidade (biológica e social) de determinados grupos; revisão do tema.

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Figura 20: Resumo dos pontos contemplados nas Metas de Desenvolvimento do Milênio.

Nessa conjuntura, é possível compreender que a Comissão acordo com Garbois e colaboradores (2017), nessa nova proposta,
Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde do Brasil, instituída os determinantes estruturais manifestam-se como os mecanismos
por decreto presidencial em 2006, surgiu com a finalidade de socioeconômicos e políticos, estratificando a população por
promover práticas, políticas de melhoria da saúde e redução fatores como educação, renda, gênero, raça, ocupação, etc.
das iniquidades atuando junto ao Poder Público, instituições de De acordo com essas posições, o indivíduo passa a apresentar
pesquisa e sociedade civil. vulnerabilidades e exposições distintas nas condições de saúde
Em 2010, a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais (determinantes intermediários), o que reflete sua colocação nas
da Saúde da OMS reuniu todos os modelos anteriores, sintetizando- hierarquias sociais. Entre os fatores do contexto socioeconômico,
os em um modelo criado por Solar e Irwin que busca resumir dois Garbois e colaboradores descrevem que o modelo de Solar e Irwin
conjuntos de determinantes: os estruturais e os intermediários. De destaca cinco aspectos:

1) estruturas de governança formais e 2) políticas macroeconômicas, incluindo


informais relacionadas com mecanismos políticas fiscais, monetárias, políticas de
de participação social da sociedade; mercado e a estrutura do mercado
laboral;
Esquema 12: Determinantes
intermediários decorrentes do
contexto socioeconômico e político
4) políticas públicas em áreas como de acordo com Garbois et al. em
3) políticas sociais nas áreas de educação, saúde, água e saneamento, “Da noção de determinação social à
emprego, posse de terra e habitação; assim como a extensão e a natureza de de determinantes sociais da saúde”
políticas redistributivas, de seguridade (2017).
social e de proteção social;

5) aspectos relacionados com a cultura e com os valores sociais legitimados pela sociedade.

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Em suma, os determinantes estruturais representam intermediários englobam as circunstâncias materiais, os fatores


o meio como os fatores contextuais originam as posições comportamentais e biológicos, os fatores psicossociais e o sistema
socioeconômicas, que são determinadas por outros fatores (renda, de saúde. Assim, os determinantes estruturais impactam na
educação, ocupação, classe social, etnia e gênero), aproximando-se saúde e no bem-estar das pessoas por meio de sua influência nos
do conceito de macrodeterminantes ou determinantes distais do determinantes intermediários.
modelo de Dahlgren e Whitehead. Por outro lado, os determinantes

Para não confundir essa divisão de determinantes, você pode associar os determinantes intermediários
com seu arrependimento de ter sido o cupido (intermediário da ficada) de seu amigo, porque ele vai logo se
apaixonando. Memorize os 3Ps da paixão pelo ficante (Penso na Pessoa que Peguei).
• Penso: “minha mente”, fatores psicossociais.
• Pessoa: “o que a pessoa é”, seja porque escolheu ser (fatores comportamentais) ou por ter nascido ou
evoluído assim (fatores biológicos).
• Peguei: “pego o que é concreto”, circunstâncias materiais (moradia, alimento, etc.).

No modelo de Solar e Irwin, a coesão social e o capital social são os elos de ligação desses dois tipos de determinantes. Observe o
referido modelo a seguir:

Figura 21: Modelo dos Determinantes Sociais da Saúde proposto por Solar e Irwin (adaptado de Garbois et al., 2017).

Vamos agora observar como as questões sobre DSS podem exigir seus conhecimentos.

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CAI NA PROVA
(HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - HIAE/SP/2018) Os Determinantes Sociais da Saúde − DSS são tratados, desde 2005, dentro de uma
comissão própria da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo ela existem dois tipos de DSS, sendo:

A) estruturais, aqueles que terão impacto na equidade em saúde e no bem-estar através da sua ação sobre os determinantes intermediários.
B) intermediários, aqueles entendidos como motores das condições de vida e se aproximam ao conceito de determinantes distais, ou
macrodeterminantes econômicos e sociais.
C) intermediários, os representados por mecanismos que geram e reforçam hierarquias sociais que definem o poder, prestígio e acesso a
recursos por meio da educação, do trabalho e da renda.
D) estruturais, os que se referem ao conjunto de elementos categorizados em fatores comportamentais e fatores biológicos, circunstâncias
materiais (condições de vida e de trabalho, disponibilidade de alimentos, moradia etc.) e fatores psicossociais.
E) intermediários, os que incluem fatores contextuais, como: cultura e valores sociais, políticas públicas em áreas como educação, atenção
médica, água e saneamento.

COMENTÁRIOS

Os dois tipos de determinantes da OMS são os intermediários e os estruturais.


A alternativa A está correta por descrever que os determinantes estruturais terão impacto na equidade em saúde e no bem-estar
através da sua ação sobre os determinantes intermediários. Vamos avaliar as demais alternativas.
Para não confundir esses determinantes, já nos lembramos de que os determinantes intermediários estão relacionados aos 3Ps da
“paixão pelo ficante” (Penso: fatores psicossociais/ Pessoa: fatores comportamentais e biológicos/ Peguei: circunstâncias materiais). Note que
a alternativa D cita esses 3Ps, sendo os determinantes intermediários, não estruturais.
Os determinantes estruturais são aqueles que se aproximam do conceito de determinantes distais ou macrodeterminantes (incorreta a
alternativa B), que geram e reforçam hierarquias sociais (incorreta a alternativa C) e que englobam cultura e valores sociais, além de políticas
públicas (incorreta a alternativa E).

Correta a alternativa A.

(HOSPITAL SÃO JULIÃO - HSJ - MS/2018) Os Determinantes Sociais da Saúde:

A) Correspondem à influência das classes sociais no consumo de novas tecnologias em saúde.


B) Correspondem ao estudo da migração dos pacientes de classe média para o SUS.
C) Fazem parte de um processo de fortalecimento das profissões técnicas em saúde.
D) São condições que influenciam na ocorrência de problemas de saúde e seu fator de risco na população.

COMENTÁRIOS

Os DSS são condições de vida e trabalho que influenciam na ocorrência de fatores de risco e no adoecimento da população, conforme
sugere a alternativa D. A alternativa A estaria errada, porque os DSS não se resumem a classes sociais ou ao consumo de novas tecnologias.
Mais uma vez, a alternativa B sugere uma classe social (classe média) e o problema não seria usar o SUS, mas sim se esse sistema está ou não

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atendendo adequadamente sua demanda. O estudo dos DSS avalia melhorias das condições de vida e de trabalho. Portanto, a intenção de
estudar os DSS não é fortalecer as profissões técnicas e sim fornecer subsídios para uma adequada atuação em saúde (incorreta alternativa C).
Correta a alternativa D.

(Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP/SP/2021) O processo saúde-doença é influenciado por uma série de fatores que têm sido
estudados e considerados para promover a saúde coletiva.

Figura 22: Figura extraída da Prova para Residência Médica para ingresso na UNICAMP 2021. Prova escrita dissertativa para acesso direto da 1ª fase.

O MODELO REPRESENTADO NA FIGURA É:

COMENTÁRIOS
Estrategista, essa questão foi uma questão discursiva da prova da UNICAMP de 2021. Pela figura, já conseguimos perceber que se trata
do modelo de Determinantes Sociais de Saúde proposto por Dahlgren e Whitehead.

Gabarito: Determinantes Sociais de Saúde ou Determinantes Sociais.

(Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC/SC/2020) Em relação aos determinantes sociais ou gerais do processo saúde-doença-atenção
em uma coletividade determinada, é correto afirmar:

A) Esses determinantes sociais e ambientais não têm se mostrado nas pesquisas mais importantes que os determinantes biológicos
(genéticos, etc.).
B) A epigenética vem mostrando que o ambiente social e físico-químico não tem tanta importância na saúde das pessoas quanto se supunha.
C) As desigualdades econômicas têm grande impacto nos indicadores de saúde apenas para os muito pobres.
D) A magnitude das desigualdades de renda é um desses determinantes, e sua redução é uma ação favorecedora da saúde.
E) Os determinantes sociais são genéricos e não interferem diretamente no aparecimento de doenças.

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COMENTÁRIOS
Mais uma questão que discute os DSSs. Sabemos que a renda está entre um dos determinantes da saúde. Assim, a redução das
desigualdades de renda favorece a saúde geral da população (correta alternativa D). Vamos entender o erro das demais alternativas:
• Os determinantes sociais e ambientais, em muitos casos, chegam a ser até mais importantes que os biológicos, a exemplo do
que ocorre com as doenças infectocontagiosas. Ex.: um morador de rua, mesmo com um mapeamento genético que não demonstre
predisposição a patologias, está vulnerável a infecções (incorreta alternativa A).
• Os avanços no conhecimento sobre a epigenética demonstram a importância de considerarmos a relação entre o ambiente e o
genoma, combatendo a ideia do determinismo genético, ou seja, aquela ideia de que, se você nasce com genes saudáveis, não terá
doenças, não importando suas escolhas durante a vida (incorreta alternativa B).
• As desigualdades econômicas têm grande impacto nos indicadores de saúde em todas as classes sociais (incorreta alternativa C).
• Os determinantes sociais interferem diretamente no aparecimento de doenças. Ademais, os determinantes sociais não são genéricos;
vimos no modelo de Dahlgren e Whitehead que temos os determinantes individuais (incorreta alternativa E).

Correta a alternativa D.

A visão ampliada do processo saúde-doença proporcionada pelo modelo de DSS permite a operacionalização de um cuidado mais
integral, com o reforço da importância da atuação interdisciplinar, de modo que seja possível atender às necessidades físicas, emocionais
e sociais dos indivíduos, das famílias e das comunidades. Portanto, lembre-se de avaliar esses determinantes na sua prática clínica para
construção de um plano terapêutico mais efetivo!

CAPÍTULO

3.0 ANEXO I – INFORMAÇÕES EXTRAS

Olhe só quem chegou até aqui!


Parabéns, agora vamos aprofundar seus conhecimentos?

Saiba que este anexo, como todos os outros dos demais livros A Medicina Preventiva é uma matéria com possibilidades infinitas,
que escrevi, é apenas um plus, ou seja, um “algo mais” sobre os mas sinceramente esses temas são pouco prováveis de serem
assuntos já comentados ao longo do livro. Portanto, se seu tempo abordados no contexto geral das provas (baixíssima incidência de
de estudo está corrido, adiante os outros livros e volte aqui em questões). Portanto, leia este anexo caso constate no início de cada
outro momento. Você pode pensar: “mas eles podem perguntar tema, ou no exemplo da questão, que citei a banca que você irá
algo daqui?”. A resposta é sempre sim, nada foi escrito por acaso. prestar.

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3.1 MODELO MÁGICO-RELIGIOSO OU XAMANÍSTICO

Estrategista, esse tema quase não cai mesmo! Entretanto, faz parte da evolução dos modelos de processo saúde-doença e já foi
questionado ocasionalmente por aí, na UFAL.
O deus da Saúde na mitologia greco-romana era conhecido como Asclépio ou Esculápio,
não sendo à toa que o símbolo da medicina é representado pelo seu bastão ou cajado, que
possui uma serpente enrolada. Ele tinha duas filhas: Panaceia e Higeia. A primeira filha era a
deusa da cura e a segunda deusa representava a harmonia entre os homens e o ambiente.
O conceito de Higiene, deriva justamente do nome Higeia, sendo a ela conferida a noção de
prevenção das doenças e a saúde coletiva.
E adivinhe, um dos mais famosos seguidores de Higeia é nada mais nada menos do que
Hipócrates! Exatamente! É aquele que escreveu o juramento que todo estudante de medicina
faz em sua cerimônia de formatura. Na sua graduação, você perceberá que o Juramento de
Hipócrates abre invocando Apolo, Esculápio, Higeia e Panaceia. Esses deuses são a representação
dos curadores e conselheiros dos profissionais de saúde, sendo encarregados de ensinar estes
profissionais a adotar um comportamento ético rigoroso.
O modelo mágico-religioso não é algo exclusivo da mitologia, atravessando gerações
e sendo observado até hoje em diversas religiões. Observe que, no cristianismo, também há
Figura 23: Imagem representativa de passagens sobre a cura de Jesus em aleijados e cegos, até mesmo sobre a ressuscitação de
Asclépio ou Esculápio, deus da saúde na
mortos. Essas realizações eram semelhantes aos relatos de feitos praticados por Esculápio.
mitologia greco-romana.

Ainda, de modo semelhante, alguns autores citam que conhecimentos da medicina baseados em evidências. São exemplos
Jesus foi perseguido pela sociedade da época por “alterar o desses indivíduos: curandeiros, pajés, benzedeiras, parideiras,
funcionamento e a visão das coisas” e Esculápio foi punido por sacerdotes, pais ou mães-de-santo, além de pessoas mais velhas
ressuscitar os mortos, anulando o poder de Hades, deus do mundo (reconhecidamente mais experientes pela comunidade) que não
inferior e dos mortos. necessariamente tenham algum desses títulos, mas que se utilizam
O modelo mágico-religioso ainda é observado na ideação de de chás, rituais e/ou outros remédios caseiros adotados pela
saúde atual, através de segmentos religiosos de diversas culturas população. Esses “especialistas nos cuidados de saúde e doença na
com manutenção de práticas de proteção ou de cura de doenças, comunidade” devem ser encarados como parceiros na abordagem
como as cirurgias espirituais, a realização de promessas, cerimônias da comunidade, por serem notadamente reconhecidos pelo
de cura, os fluxos de energias, o uso de amuletos, entre outros ritos paciente como autoridades de conhecimento e servirem de pontos
relacionados à saúde. de apoio, fortalecendo a aliança entre a comunidade e a equipe de
No livro de Duncan, o autor descreve que a comunidade saúde, o que facilita a adesão terapêutica dos pacientes.
atribui a determinadas pessoas as funções de “especialistas nos Assim, independentemente das crenças que cada um de nós
cuidados de saúde e doença”. Essas pessoas são procuradas pela adotamos, necessitamos, como médicos, respeitar cada uma delas
comunidade para resolver problemas relacionados à saúde, e e considerá-las no planejamento terapêutico dos nossos pacientes.
essa solução é dada com base em suas crenças e culturas, não em E, por falar nesse tema, olhe que pergunta interessante já caiu:

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CAI NA PROVA
(Universidade Federal de Alagoas - UFAL/AL/2017) São pessoas consideradas especialistas nos cuidados de saúde e doença na comunidade:
I. pajés; II. benzedeiras; III. curandeiros; IV. mães-de-santo.
Dos itens, verifica-se que está(ão) correto(s)

A) I, apenas.
B) I e II, apenas.
C) III e IV, apenas.
D) II, III e IV, apenas.
E) I, II, III e IV.

COMENTÁRIOS

Vimos que os especialistas nos cuidados de saúde e doença na comunidade são pessoas mais experientes, que sugerem soluções para
problemas de saúde baseando-se em suas crenças e culturas. Assim, todos os itens citados na questão são exemplos desses indivíduos.
Correta a alternativa E.

3.2 MODELO BIOMÉDICO

Esse modelo certamente aparece um pouco mais nas provas the Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching, que
que o anterior e suas características costumam estar nas alternativas ficou conhecido como Relatório Flexner (Flexner Report). Esse
de outras questões, até mesmo para confundi-lo com os modelos documento conduziu a uma das mais importantes reformas das
mais aceitos atualmente, como o de DSS. Então, recomendo que escolas médicas americanas, influenciando fortemente a formação
você dê uma lida aqui! médica e a medicina mundial.
O marco histórico do modelo biomédico origina-se do Por dar importância ao diagnóstico e à cura, o modelo
modelo capitalista norte-americano. Esse modelo também ficou biomédico fortalece a indústria farmacêutica, laboratorial,
conhecido como modelo flexneriano, porque Abraham Flexner ambulatorial e hospitalar. Sua abordagem está focada na patogenia
idealizou o modelo de ensino da medicina nos Estados Unidos. e na terapêutica, sendo as doenças classificadas segundo a forma e
Isso foi concretizado, em 1910, por meio da publicação do estudo o agente patogênico.
Medical Education in the United States and Canada – A Report to Vamos compreender melhor as características desse modelo:

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MED

O paciente era avaliado A abordagem fragmentada do


INDIVIDUAL paciente reforça a importância das
individualmente, desconsiderando-se ESPECIALISTA
OU INDIVIDUALISTA
seu contexto social ou familiar especialidades em detrimento do
atendimento mais abrangente.

A equipe de saúde é coordenada pelo Havia a priorização da cura das


CENTRADO médico, que é o centralizador das
NA FIGURA CURATIVO doenças de modo a remediar doenças
DO MÉDICO
ações, inexistindo a noção da já instaladas, sem investimentos na
importância da interdisciplinaridade. prevenção do adoecimento.

Passou-se a abordar o corpo de modo Por não haver foco na prevenção, os


FRAGMENTADO cada vez mais segmentado, reduzindo HOSPITALOCÊNTRICO cuidados da saúde eram realizados em
a saúde a um funcionamento hospitais.
mecânico (mecanicismo*).

Esquema 13: Resumo das principais características do modelo biomédico.


*Na teoria mecanicista ou no mecanicismo, o homem é concebido como uma máquina. O médico seria o “mecânico” e a doença, o
defeito da “máquina” representada pelo corpo humano.

Através de suas características, podemos perceber que o medicalização da sociedade, que passa a abusar de tecnologias
modelo é biologicista, enfatizando os processos físicos, tais como a médicas na busca incessante pela saúde, através de exames,
patologia, a bioquímica e a fisiologia de uma doença, não levando intervenções e medicamentos muitas vezes desnecessários e
em conta os fatores sociais ou subjetividade individual (crenças, subestimando uma avaliação clínica adequada aliada à escuta
estado psicológico, etc.). Essa percepção também menospreza qualificada dos profissionais de saúde.
a importância da interação médico-paciente no diagnóstico e Vamos entender as principais diferenças entre o modelo
tratamento das patologias, o que a torna bastante limitada. biomédico e o atual modelo de determinação social da saúde:
Outro grande problema do modelo está em incentivar a

Modelo Biomédico Determinação Social da Saúde

Determinação Biológica Social


Contexto histórico Valorização do complexo industrial Reforma sanitária
Valorização da… Célula e processos bioquímicos Psicologia e cultura
Profissional Centrado no médico Equipe multiprofissional e interdisciplinar
Abordagem Fragmentação do indivíduo Aborda a pessoa como um todo
Foco Hospital e indivíduo Centro de saúde e comunidade
Prevenção Trata apenas o doente Inclui a Promoção da Saúde
Paciente Trata paciente como objeto Investe na relação médico-paciente
Saúde Pública Negação da Saúde Pública Valorização da Saúde Pública
Responsabilidade Culpa do indivíduo Responsabilidade Social
Tabela 2: Principais diferenças entre o Modelo Biomédico e o de Determinação Social da Saúde, adaptado de “Saúde e Sociedade - 2ª edição - Eixo I -
Reconhecimento da Realidade”, dos autores Verdi, Da Ros, Cutolo e Souza.

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CAI NA PROVA
(Fundação Estatal Saúde da Família - FESF – SUS/BA/2018) A atenção centrada na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente
físico e social, vem possibilitando aos profissionais de saúde uma compreensão ampliada do processo saúde/doença e da necessidade de
intervenções que vão além de práticas curativas (BENITO et al, 2003, p.66) No que tange ao cuidado interdisciplinar à família, é correto afirmar
que:

A) a equipe interdisciplinar atuando no cuidado de famílias valoriza o modelo biologicista.


B) é positivo apontar o foco de atenção dos profissionais de saúde para um "indivíduo biológico".
C) a ideia da integralidade requer uma prática de saúde que destaque o modelo flexneriano e multiprofissional nos serviços de saúde.
D) é potencialmente enriquecedora do trabalho em saúde, a compreensão da dinâmica familiar por diferentes profissionais e com visões
de diferentes ângulos.
E) unidades prestadoras de serviço com seus diversos graus de complexidade formam um todo divisível, configurando um sistema capaz de
prestar assistência integral.

COMENTÁRIOS
Precisaremos das noções dos modelos de processo saúde-doença nessa questão.
A alternativas A, B e C citam características do modelo biomédico (biologicista ou flexneriano), que é focado na doença, não no indivíduo
ou em seu contexto familiar (incorreta a alternativa A). De acordo com a concepção atual, não é adequado apontar o foco de atenção dos
profissionais de saúde para um "indivíduo biológico", pois a saúde é influenciada por diversos outros fatores não biológicos, a exemplo do
contexto socioeconômico, familiar, cultural, entre outros (incorreta a alternativa B). Adicionalmente, esse modelo é focado na doença e no
profissional médico, não estando relacionado com as ideias de integralidade ou o atendimento multiprofissional (incorreta a alternativa C).
Finalmente, achamos a alternativa correta (D), porque a compreensão da dinâmica familiar auxilia na identificação do seu potencial de
cuidado e de possíveis disfuncionalidades que possam prejudicar o bem-estar biopsicossocial de seus membros, sendo um dos determinantes
da saúde do indivíduo.
Por último, a alternativa E está incorreta, porque, para ofertar assistência integral, as unidades que prestam serviços à saúde devem
formar um todo indivisível. Em outras palavras, as unidades de saúde devem articular-se para promover todas as ações necessárias para o
completo bem-estar do indivíduo e da coletividade. Portanto, os serviços de saúde não podem funcionar de maneira compartimentalizada
ou fragmentada.

Correta a alternativa D.

(Universidade Federal do Alagoas - UFAL/AL/2017) Em 1977 o psiquiatra americano George Engel publicou o artigo The need for a new
medical model: a challenge for biomedicine, em cujo artigo destacam-se as insuficiências do modelo biomédico e defende-se a necessidade
de uma outra forma de compreensão dos fenômenos relacionados à saúde e ao adoecimento. Nesse contexto é correto afirmar que:

A) os fenômenos relacionados à saúde e ao adoecimento deveriam ser compreendidos como produto da interação de reações orgânicas.
B) os fatores geradores de adoecimentos dos seres humanos têm origem nas reações teciduais e ambientais.
C) os fenômenos relacionados à saúde e ao adoecimento necessitariam de uma compreensão do consequente produto de interação de
reações celulares, teciduais, orgânicas, mas também interpessoais e ambientais.

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D) o modelo proposto por Engels tem por objetivo a compreensão do processo saúde- doença centrado na pessoa, mas não uma abordagem
biopsicossocial.
E) a complexidade que envolve os fenômenos relacionados à saúde e ao adoecimento exige ação complementar de pesquisas científicas
além da Atenção Básica ou Atenção Primária à Saúde, preferencialmente por pesquisadores de Instituições de Ensino Superior da área
da saúde.

COMENTÁRIOS

Como o enunciado propõe, George Engel considerava o modelo biomédico insuficiente. Dessa forma, vamos localizar a proposição
contrária a esse modelo. As reações orgânicas ou teciduais e ambientais enfatizam os processos físicos, o que é compreendido pelo modelo
biomédico (incorretas as alternativas A e B). Ademais, esse modelo é centrado na doença, sem incluir uma abordagem biopsicossocial
(incorreta a alternativa D), além de não focar na Atenção Primária à Saúde, por ser hospitalocêntrico (incorreta a alternativa E). Portanto,
resta-nos a alternativa C, que descreve que os fenômenos do binômio saúde-doença necessitariam ir além de uma compreensão orgânica
(típica do modelo biomédico), incluindo os fatores interpessoais e ambientais.

Correta a alternativa C.

Nessa última questão, perceba que nem foi preciso conhecer por ter formulado o modelo biopsicossocial, publicado em 1977,
o que propunha George Libman Engel para saber a resposta. Bastava que tentava explicar uma nova teoria para avaliar a doença e
compreendermos pelo enunciado que esse estudioso considerava a cura das pessoas. O modelo proposto por ele trouxe inúmeras
o modelo biomédico falho e, obviamente, iria propor algum ponto repercussões, ampliando a visão proposta pelo modelo biomédico,
que fosse contrário a ele. passando a abarcar os aspectos psíquicos e sociais.
De todo modo, Engel foi um psiquiatra que ficou conhecido

3.3 MODELO SISTÊMICO

No final da década de 1970, passa a prevalecer a concepção “ecossistema” no processo saúde-doença, o que contrapõe a visão
sistêmica do processo saúde-doença. Esse modelo parte da unidimensional e fragmentada do modelo biomédico.
definição do termo “sistema”, compreendido como um conjunto Segundo esse modelo, o problema de saúde é estruturado
de elementos relacionados entre si, de tal modo que a alteração em uma função sistêmica, havendo um sinergismo multifatorial na
no estado de qualquer um deles provoca mudança nos demais. determinação das doenças. Isso significa que toda vez que um dos
Em outras palavras, esse modelo abrange a percepção do todo, elementos do sistema sofre alguma mudança, isso irá repercutir nos
compreendendo que há colaboração de diferentes elementos no demais componentes, até que seja encontrado um novo equilíbrio.

3.4 PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS

Apesar de a promoção da saúde fazer parte da prevenção primária, há questões mais


específicas, incluindo sua origem, o Informe Lalonde e a diferença entre os termos “Promoção
da Saúde” e “Prevenção de Doenças”. Será que você conhece o suficiente para respondê-las?

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Estrategista, já vou advertindo que essas questões são de 1960, vimos que a Promoção da Saúde passou a fazer parte do
mais raras no contexto geral das provas nacionais, mas estão em modelo do processo saúde-doença proposto por Leavell e Clark,
bancas importantes, como a do SUS-SP (por exemplo, foram cinco como parte das ações de prevenção primária.
questões sobre esse tópico em 2019). Na década de 1970, Marc Lalonde, Ministro da Saúde e Bem-
Por ser algo mais pontual em determinadas bancas, vamos Estar Nacional do Canadá, publicou um documento oficial, conhecido
tentar ser o mais breve possível, mas sem deixar de habilitar você como Informe Lalonde ou Relatório Lalonde (1974), que adotava
a acertar essas perguntas. Assim, iniciaremos com uma célere uma nova concepção de campo de saúde, antigamente associada
evolução histórica sobre os marcos da Promoção da Saúde e da à medicina e à assistência à saúde individual e hospitalocêntrica
Prevenção de Doenças. (focada na assistência hospitalar e na cura de doenças). O novo
Em 1920, surgiu, pela primeira vez, o termo “Promoção conceito defendido nesse relatório discutia a necessidade de haver
da Saúde”, na conjuntura da Primeira Guerra Mundial e do uma análise mais ampliada das causas e dos fatores de risco para
fortalecimento das organizações de trabalhadores. Nesse período, os agravos, a fim de desenvolver estratégias mais efetivas, que
Winslow definiu a Promoção da Saúde como “o esforço da extrapolavam o sistema de saúde. Assim, o Informe Lalonde passou
comunidade organizada para alcançar políticas que melhorassem a ser considerado como o marco inicial da Promoção da Saúde no
as condições de saúde e os programas educativos para a Canadá.
população” (Arantes et al., 2008). Entretanto, esse termo passou Cabe destacar ainda que o Informe Lalonde utilizou o modelo
a ser consolidado de forma mais latente na década de 1940 por de “Campo de Saúde” proposto por Laframboise em 1973. Esse
Henry Ernest Sigerist, que a definiu como uma das quatro tarefas modelo sugeria que a saúde de uma população seria determinada
essenciais da Medicina: a promoção da saúde, a prevenção das pelos seguintes elementos:
doenças, a recuperação dos enfermos e a reabilitação. Na década

ESTILOS ORGANIZAÇÃO
BIOLOGIA AMBIENTE
DE VIDA DA ATENÇÃO
HUMANA
À SAÚDE

Relacionada Fatores externos ao Hábitos e escolhas Relativa aos recursos


à constituição orgânica organismo humano do indivíduo para direcionados para o
do indivíduo (ex.: que estão sujeitos a preservação de sua cuidado da saúde
genética, processo de pouco ou nenhum saúde, sujeitos a (ex.: quantitativo e
crescimento e controle do indivíduo controle parcial do qualidade dos
envelhecimento). (ex.: qualidade do ar, indivíduo (ex.: serviços de saúde).
moradia, bairro). alimentação,
atividade física).

Esquema 14: Resumo dos quatro elementos propostos no modelo de Campo de Saúde de Laframboise (1973).

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Considerando esses campos da saúde, Lalonde defendeu que, 2. Criando ambientes favoráveis. A saúde deve ser
apesar de a sociedade concentrar os investimentos na organização reconhecida como socialmente produzida nos diferentes
do cuidado médico, as causas principais de morbi e mortalidade no espaços de convivência, sendo fundamental que as escolas,
Canadá estavam nos três outros componentes: biologia humana, os municípios, os locais de trabalho e de habitação sejam
meio ambiente e estilo de vida. Assim, proporcionou-se uma ambientes saudáveis.
ampliação do olhar, que antes era focado apenas na assistência 3. Reforçando a ação comunitária. Engloba a participação
médica. social (Estado e sociedade civil) na elaboração e controle das
Em 1986, foi realizada a 1ª Conferência Internacional ações de Promoção da Saúde e visa o empoderamento da
sobre a Promoção da Saúde, que originou a Carta de Ottawa. comunidade. Preza pelo fortalecimento das organizações
Esse documento definiu a Promoção da Saúde como “o processo comunitárias, pela redistribuição de recursos, pelo acesso a
de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua informações e pela capacitação dos setores marginalizados
qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no do processo de tomada de decisões.
controle desse processo. Para atingir um estado de completo 4. Desenvolvendo habilidades pessoais. Programas de
bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem formação e atualização que capacitam os indivíduos, por
saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar meio de estratégias educativas, a participar, criar ambientes
favoravelmente o meio ambiente.” de apoio à Promoção da Saúde e desenvolver habilidades
O autor Demarzo (2011) destaca ainda que a Carta de Ottawa pessoais relacionadas à adoção de estilos de vida saudáveis.
discorre sobre cinco pilares, que foram listados a seguir: 5. Reorientação dos serviços de saúde. Esforços para a
1. Construindo políticas públicas saudáveis. Atua sobre os ampliação do acesso, para a efetivação da equidade e
determinantes de saúde minimizando as desigualdades, para a adoção de ações preventivas por meio da moderna
ou seja, promovendo a equidade. Qualquer setor da abordagem da Promoção da Saúde.
sociedade pode estabelecer políticas públicas saudáveis Observe um resumo desses cinco campos centrais de ação
(intersetorialidade), devendo demonstrar potencial para propostos pela Carta de Ottawa, que já foram questionados em
produzir saúde socialmente. Ex.: Estatuto da Criança e do algumas provas.
Adolescente e a Política Nacional de Promoção da Saúde.

CINCO PILARES DA PROMOÇÃO À SAÚDE DA CARTA DE OTTAWA

Construindo Criando Reforçando a ação Desenvolvendo Reorientação dos


políticas públicas ambientes comunitária habilidades pessoais serviços de saúde
saudáveis favoráveis
• Engloba a • Capacitar pessoas a • Ampliar o acesso,
• Minimização das • A saúde produzida participação social na participar e criar para a efetivar a
desigualdades, nos diferentes elaboração e ambientes de apoio à equidade, e adotar
agindo sobre os espaços de controle das ações Promoção da Saúde, ações preventivas
determinantes de convivência de Promoção da além de habilitá-las a por meio da
saúde (equidade). Saúde e visa o desenvolver estilos moderna abordagem
empoderamento da de vida saudáveis. da Promoção da
comunidade. Saúde.

Esquema 15: Resumo dos cinco pilares da Promoção à Saúde propostos na Carta de Ottawa. Texto adaptado da “Reorganização dos Sistemas
de Saúde: promoção da saúde e Atenção Primária à Saúde” (DEMARZO, 2011).

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A Carta de Ottawa foi considerada o marco referencial da promoção da saúde em todo o mundo, como confirmam documentos
de conferências internacionais posteriores sobre o tema (Adelaide, em 1988; Sundsvall, em 1991; e Jakarta, em 1997), e de conferências
regionais, como a de Santafé de Bogotá, em 1992. Você pode acessar as cartas das Conferências Internacionais de Promoção da
Saúde no link: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/declaracoesecarta_portugues.pdf>.

Agora que já aprendemos sobre o histórico da Promoção acesso e escolha de hábitos mais saudáveis. Logo, a promoção
da Saúde, podemos entender a diferença entre ela e a “Prevenção da saúde contempla um objetivo contínuo direcionado para
de Doenças”. O autor Demarzo (2011) explica que as ações de atingir um nível ótimo de vida e de saúde, não sendo suficiente
Prevenção de Doenças objetivam garantir a proteção contra a ausência de doenças. Perceba que o foco da promoção é mais
doenças específicas, o que abrange a redução de sua incidência e amplo e abrangente, pois inclui o mapeamento e controle dos
prevalência na população. Assim, evitar a ocorrência de doenças macrodeterminantes do processo saúde-doença de modo a
seria seu objetivo final. modificá-lo em prol da saúde.
Por outro lado, a Promoção da saúde moderna vislumbra A tabela a seguir resume os principais atributos de cada um
aprimorar a saúde e o bem-estar geral, por meio de mudanças desses conceitos:
nas condições de vida e de trabalho das pessoas, facilitando o

Promoção da Saúde Prevenção de doenças

Mais abrangente,
Menos abrangente, resume-se à
Conceito de Saúde positivo e multidimensional
ausência de doenças
(qualidade de vida e bem-estar)
Intersetorial (envolve outros setores:
assistencial social, segurança, etc.)
Modelo de intervenção Profissionais de saúde
Participativo (indivíduo também colabora
com as ações)

Alvo População geral e Ambiente* Grupos de alto risco e doentes


*Ambiente inclui o domicílio, trabalho, comunidade, meio ambiente, etc.
Tabela 3: Diferenças principais entre promoção da saúde e prevenção de doenças, adaptado de Demarzo (2011).

CAI NA PROVA

(Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes - UFES/ES/2020) A epidemiologia das doenças crônicas não transmissíveis parece
particularmente sensível ao modelo denominado por Laframboise (1973) como Campo da Saúde, que reconhece a "multicausalidade" na
determinação da saúde ou da doença. Entre as abaixo, assinale a alternativa que define corretamente um elemento deste modelo:

A) A biologia humana envolve o sistema imune em seus componentes inatos e adaptativos.


B) O ambiente envolve as relações dos indivíduos com o sistema de saúde e as condições de assistência.

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C) O estilo de vida envolve a interação social que está inteiramente sujeita ao controle do indivíduo.
D) A organização da atenção à saúde envolve disponibilidade, quantidade e qualidade dos recursos destinados aos cuidados.

COMENTÁRIOS
Em 1973, Laframboise propôs o modelo do "Campo de Saúde", que lista quatro categorias de determinantes da saúde: (1) Biologia
Humana, (2) Ambiente, (3) Estilo de Vida e (4) Organização da Atenção à Saúde. A alternativa D é a única que define corretamente um de seus
elementos, já que a organização da atenção à saúde abrange os atributos dos recursos destinados aos cuidados da saúde. Vamos entender
os erros das outras alternativas:
• A biologia humana não envolve somente o sistema imune, mas sim toda a constituição orgânica do indivíduo, o que inclui também
a genética (alternativa A).
• As relações dos indivíduos com o sistema de saúde e as condições de assistência estão na categoria “Organização da Atenção à
Saúde” (alternativa B).
• A interação social faz parte do ambiente, que, por ser externo ao organismo humano, está sujeito a pouco ou nenhum controle do
indivíduo (alternativa C).

Correta a alternativa D.

(QUESTÃO ADAPTADA - Hospital Universitário Presidente Dutra – UFMA/MA/2020). De acordo com a Carta de Ottawa de 1986, assinale a
alternativa CORRETA sobre os campos de ação para promoção da saúde:

A) Reorientação do sistema de saúde: minimização das desigualdades por meio de ações sobre os determinantes dos problemas de saúde.
B) Desenvolvimento de habilidades pessoais: esforços para a ampliação do acesso, para a efetivação da equidade e para a adoção de ações
preventivas por meio da moderna abordagem da promoção da saúde.
C) Criação de ambientes favoráveis à saúde: como a saúde é construída em diferentes espaços de convivência, é fundamental que as
escolas, os municípios, os locais de trabalho e de habilitação sejam ambientes saudáveis.
D) Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis: foco principal no empoderamento da comunidade.

COMENTÁRIOS

Estrategista, essa questão foi adaptada, pois a original foi anulada. O examinador basicamente pergunta sobre os pilares da Carta de
Ottawa, trocando o significado deles.
A alternativa correta é a C, que descreve exatamente o que está exposto no pilar sobre a “Criação de ambientes favoráveis”. Você
perceberá que as demais alternativas referem-se a outros pilares:
• A minimização das desigualdades por meio de ações sobre os determinantes faz parte do campo “Construindo políticas públicas
saudáveis” (incorreta alternativa A).
• Os esforços para a ampliação do acesso ao cuidado fazem parte do campo “Reorientação do sistema de saúde” (incorreta alternativa
B).
• O foco no empoderamento da comunidade é objeto do componente chamado de “Reforçando a ação comunitária” (incorreta
alternativa D).

Correta a alternativa C.

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(Sistema Único de Saúde -SUS/SP/2019) Sobre as tarefas essenciais da medicina, é correto afirmar:

A) a Promoção da Saúde e Prevenção e Controle de Riscos e Doenças não é prática no setor suplementar de saúde brasileiro e a Agência
Nacional de Saúde Suplementar ainda não estimula a implementação de programas afins.
B) a Promoção da Saúde associa-se a valores como: vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento,
participação e parceria.
C) a Prevenção de Doenças, em particular de câncer, tem na Política Nacional de Controle e Prevenção de Câncer suas diretrizes estabelecidas
que, ainda, não estão assumidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.
D) a Promoção da Saúde refere-se a intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e
prevalência nas populações.
E) a Recuperação da Saúde orienta-se às ações de detecção, controle e enfraquecimento dos fatores de risco de enfermidades, sendo o foco
a doença e os mecanismos para atacá-la.

COMENTÁRIOS
Estrategista, vimos que Sigerist definiu as quatro tarefas essenciais da Medicina: a promoção da saúde, a prevenção das doenças, a
recuperação dos enfermos e a reabilitação. Essa questão quer saber sobre a diferença entre as duas primeiras.
A alternativa B está correta, por citar os valores incorporados na Promoção da Saúde, cuja definição abrange a noção de qualidade de
vida.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) será abordada no livro sobre Saúde Suplementar. Esse órgão estimula a implementação
de estratégias e Programas de Promoção da Saúde e Prevenção e Controle de Riscos e Doenças no setor de saúde suplementar brasileiro,
estando incorreta a alternativa A. Ademais, as diretrizes determinadas pela Política Nacional de Controle e Prevenção de Câncer, estabelecidas
pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram assumidas pela ANS (incorreta a alternativa C). Por fim, as demais alternativas descrevem
ações preventivas, e não de Promoção à Saúde (incorreta a alternativa D) ou de Recuperação da Saúde (incorreta a alternativa E).
Correta a alternativa B.

3.5 ESTRATÉGIAS DA MEDICINA PREVENTIVA

A prova do SUS-SP de 2019 fez três perguntas sobre o assunto Geoffrey Rose discorre sobre duas abordagens de prevenção
que discutiremos agora e a UFSC também gosta de perguntar sobre de doenças: a Estratégia de Alto Risco (EAR) e a Estratégia de
ele. Para acertar essas questões, vamos entender bem este tema. Amplitude Populacional (EAP). Entenderemos resumidamente as
Em seu livro “Estratégias da medicina preventiva”, características de cada uma delas.

3.5.1 ESTRATÉGIA DE ALTO RISCO (EAR)


A EAR parte de uma lógica binária: a pessoa tem ou não mais necessitam: os doentes. Essa é a lógica que mais observamos
tem a condição investigada. Se a pessoa apresenta a condição, no cotidiano dos serviços de saúde, estando direcionada para o
é sugerida alguma intervenção; caso contrário, não há o que modelo individual do cuidado.
recomendar. A EAR parece atrativa, pois é facilmente compreendida Entretanto, a EAR tem baixo impacto nos indicadores
pelos profissionais de saúde e pelos pacientes, que entendem mais específicos da saúde pública para a condição de alto risco. Por
claramente o motivo da intervenção. Além disso, parece ser custo- exemplo, as gestantes de mais idade (> 40 anos) têm alto risco
efetiva, já que os recursos estão direcionados para as pessoas que de gerar bebês com Síndrome de Down. Esse grupo seria o alvo

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da EAR. Porém, existe um maior número de gestantes abaixo de é o que chamamos de “paradoxo preventivo”. Essa estratégia
30 anos que também podem ter crianças com essa síndrome. estaria oferecendo pouco impacto sobre a população geral, pois o
A questão é que um grupo maior de baixo risco (gestantes mais grupo de alto risco das gestantes estaria representando uma parcela
jovens) acaba gerando maior número de casos da doença, quando reduzida. Assim, o autor conclui que o modelo binário (doente e
comparamos a um grupo menor de alto risco (gestantes > 40 anos), saudável) não é tão efetivo quanto pode parecer inicialmente.

3.5.2 ESTRATÉGIA DE AMPLITUDE POPULACIONAL (EAP)


Em vez de dividir entre os indivíduos de alto risco ou de as pessoas, independentemente de haver ou não algum risco
risco habitual, o autor propõe uma atuação em toda a população, individual. Os efeitos nessa estratégia são mais disseminados,
que seria a EAP. Essa estratégia populacional atuaria na tentativa entretanto a desvantagem é que a observação individual do
de deslocamento da média de distribuição do risco na população. benefício é baixa, por haver uma susceptibilidade baixa ante uma
Assim, a abordagem populacional acaba sendo mais efetiva e intervenção disseminada na população.
radical. São exemplos de medidas populacionais: a colocação de Vamos resumir as particularidades das duas estratégias no
flúor na água, de iodo no sal de cozinha, a obrigação do uso do esquema a seguir:
cinto de segurança, etc. Note que todas essas ações afetam todas

Estratégia de alto risco Estratégia populacional

Determinados Indivíduos
Foco População geral
(grupos de riscos)

• intervenção adequada ao sujeito;


• intervenção radical;
• motivação do sujeito (que está doente) e do
• grande potencial para a população;
Vantagens médico (que quer cuidar do doente);
• apropriada em relação ao comportamento das
• custo/beneficio favorável;
pessoas.
• benefício/risco favorável.

• dificuldades e custo da amostragem; • escasso benefício individual;


• paliativa e provisória; • pouca motivação do sujeito (“saudável”) e do
Desvantagens
• potencialmente limitada para indivíduo e médico;
população. • benefício/risco pouco favorável.

Tabela 4: Vantagens e desvantagens das estratégias de alto risco e populacional. Tabela adaptada de “Epidemiologia: exercícios indisciplinados”
(Meneghel, 2015).

Resta-nos compreender como isso foi abordado!

CAI NA PROVA

(Sistema Único de Saúde -SUS/SP/2019) Segundo conceitos do eminente epidemiologista Geoffrey Rose:

A) a terapia gênica é o maior avanço da medicina personalizada e o foco da prevenção.


B) os dados epidemiológicos e estudos clínicos não contribuem para a prevenção das doenças em países em desenvolvimento.
C) as estratégias de prevenção devem ter ênfase na população de risco e não em indivíduos considerados de alto risco para uma doença.
Prof. Fernanda Lima e Prof. Bárbara D’Alegria | Curso Extensivo | 2023 60
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D) a medicina preventiva deve ter foco no indivíduo doente, ainda que ele faça parte de uma população minoritária.
E) existem dois componentes bem distintos e desconectados em uma população: indivíduos doentes e indivíduos normais.

COMENTÁRIOS

Sabemos que Geoffrey Rose discorreu sobre duas abordagens de prevenção de doenças. Em seu livro “Estratégias da Medicina
Preventiva”, o autor concluiu que o modelo individual da Estratégia de Alto Risco tem menor impacto epidemiológico do que a Estratégia de
Amplitude Populacional (correta alternativa C). Vamos entender os demais erros.
O foco do autor não é a terapia gênica, mas sim duas abordagens de prevenção de doenças: a Estratégia de Alto Risco e a Estratégia
de Amplitude Populacional (incorreta a alternativa A). Nessa discussão sobre as estratégias, ele propõe que os dados epidemiológicos são a
base de implantação e atuação da Estratégia de Amplitude Populacional (incorreta a alternativa B). Além disso, o autor defende que o modelo
individual binário (doente e saudável) não é tão efetivo, justamente por focar em populações de alto risco, que podem ser minoritárias
(incorretas as alternativas D e E).

Correta a alternativa C.

(Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC/SC/2021) Um dos paradoxos envolvidos nas atividades preventivas (chamado paradoxo da
prevenção) pode ser resumido do seguinte modo:

A) São algumas doenças que realmente têm comportamento paradoxal por seu alto risco.
B) Muitas pessoas com baixo risco de adoecer produzem mais doenças e/ou mortes na população que as poucas com alto risco.
C) Tratar as pessoas de alto risco diminui, apesar de poucas, efetivamente a maior parte da morbimortalidade.
D) Tratar as pessoas de baixo risco não impacta na morbimortalidade, devido à pequenez do risco, embora elas sejam muitas.
E) Poucas pessoas de baixo risco de adoecer, mas que são pobres, produzem mais doenças e mortes do que as pessoas com alto risco.

COMENTÁRIOS
O “paradoxo da prevenção” ou “paradoxo preventivo” é justamente o que está descrito na alternativa B: desenvolve-se ações preventivas
direcionadas para poucas pessoas com alto risco de adoecer, sendo que a maioria das pessoas é de baixo risco, mas, quantitativamente, esse
grupo de menor risco responde pela maior parte de morbi e mortalidade da população geral.
O termo "paradoxal" não está relacionado ao comportamento da doença, mas sim ao fato de direcionar a prevenção para um grupo
menor em detrimento de um grupo maior que gera mais doença e morte (incorreta a alternativa A).
O grupo de alto risco corresponde a uma minoria da população, por isso não representa à maior parte da morbimortalidade (incorreta
a alternativa C). Assim, tratar as pessoas de baixo risco impacta mais na morbimortalidade das doenças, já que essas pessoas seriam a maior
parte da população (incorreta a alternativa D). Além disso, o autor não discute o risco em relação à pobreza, mesmo porque esse seria apenas
um dos determinantes sociais no processo saúde-doença (incorreta a alternativa E).

Correta a alternativa B.

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3.6 DIMENSÕES DA VULNERABILIDADE

A vulnerabilidade em saúde diz respeito à fragilidade da político, socioeconômico e cultural em determinados agravos,
população, estando relacionada ao estudo da disponibilidade de incluindo condições de vida e trabalho, nível de escolaridade,
uma intervenção na prevenção e/ou controle de determinada ambiente, o acesso às informações e aos meios de comunicação,
a disponibilização de recursos cognitivos e materiais, o poder de
doença. Logo, na ausência de uma intervenção efetiva, entendemos
participação em decisões políticas e em instituições, além das
que uma população está vulnerável ao agravo.
relações étnico-raciais, de gênero, de gerações e de classe (ex.: a
Algumas bancas de São Paulo já perguntaram sobre as
relação da baixa classe social com a tuberculose);
dimensões da vulnerabilidade, a exemplo do SUS-SP, PUC Sorocaba • Dimensão Programática (ou Institucional) – avalia o
e Universidade de São Paulo (USP). Se você pretende entrar no modo como as instituições interferem no aprofundamento da
programa de Residência de alguma delas, recomendo estudar estas vulnerabilidade a determinado agravo. Essas instituições podem
três dimensões da vulnerabilidade proposta por Ayres et al.: incluir o setor de saúde, educação e outros que possam elaborar
• Dimensão Individual – relacionada a uma fragilidade respostas de intervenção entre o indivíduo e seu contexto social
intrínseca do ser humano, engloba as características biológicas, pelos programas e serviços disponíveis. Portanto, inclui-se aqui
comportamentais e afetivas que elevam a suscetibilidade a as gerências, os recursos, os serviços, os programas e as políticas
determinado agravo (ex.: os fatores de obesidade e sedentarismo públicas (ex.: ausência de controle de infecção hospitalar e
em doenças cardíacas). Nessa dimensão, avalia-se o grau e o aumento de óbitos por essas causas em hospitais). Nessa
a qualidade das informações sobre os problemas de saúde dimensão, avalia-se ainda o monitoramento dos programas nos
disponibilizadas para as pessoas, além da elaboração individual diferentes níveis de atenção.
dessas informações e a aplicação na prática dos conceitos Treinaremos nossos conhecimentos com uma questão a
adquiridos; seguir:
• Dimensão Social – refere-se à influência do contexto

CAI NA PROVA
(Universidade de São Paulo - USP/SP/2021) Um médico de uma equipe de Saúde da Família, notando o aumento do número de casos de AIDS
na área de cobertura de sua Unidade Básica de Saúde, decide realizar um inquérito populacional na região para investigar a vulnerabilidade da
população local à infecção pelo HIV. Considerando-se os modos de exposição à infecção pelo HIV e as três dimensões utilizadas nas análises
de vulnerabilidade, assinale a alternativa que apresenta o aspecto relevante a ser incluído no estudo e a dimensão de vulnerabilidade a que
está relacionado:

A) Acesso a meios de comunicação (dimensão programática).


B) Relações de gênero (dimensão social).
C) Acesso a testagem e aconselhamento (dimensão individual).
D) Qualidade dos serviços de saúde (dimensão social).

COMENTÁRIOS
Aqui o examinador quer saber se você sabe classificar corretamente os exemplos de ações voltadas para as três dimensões de
vulnerabilidade. A única opção correta está na alternativa B, já que as relações na sociedade fazem parte da dimensão social, o que inclui
relações de gênero, de raça, de gerações, etc. Por outro lado, a qualidade dos serviços de saúde e o acesso à testagem e aconselhamento (que

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seria o acesso aos serviços de saúde) fazem parte da dimensão programática (incorretas as alternativas C e D). Por fim, o acesso aos meios de
comunicação faz parte da dimensão social, não da programática (incorreta a alternativa A).

Correta a alternativa B.

Finalizaremos o estudo do anexo com um quadro que resume os conceitos e exemplos das três dimensões de vulnerabilidade.

DIMENSÃO DIMENSÃO DIMENSÃO


INDIVIDUAL SOCIAL PROGRAMÁTICA

Grau e qualidade da informação O acesso aos meios de Avaliação e monitoramento dos


que as pessoas dispõem sobre comunicação, a disponibilidade programas, do compromisso
os problemas de saúde, sua de recursos, poder participar das instituições, dos recursos e
elaboração e aplicação prática, de decisões políticas e em da gerência nos diferentes
ou seja, o que a pessoa instituições. níveis de atenção.
(individualmente) pensa, faz e
quer, que a expõe a um agravo
à saúde.

Valores; crenças; atitudes; Acesso à saúde, cultural, lazer, Acesso aos serviços; qualidade
situação física, psicológica e educação, mídia; participação dos serviços; governabilidade;
emocional; conhecimentos; política; cidadania; emprego; preparo técnico dos
comportamentos; relações relações de gênero, de profissionais; atividades
familiares, afetivas, sexuais, de raça/etnia, entre gerações; etc. intersetoriais; organização do
amizade; etc setor de saúde; recursos
humanos e materiais para as
políticas; etc.

Esquema 16: Resumo de aspectos considerados nas três dimensões de vulnerabilidades. Texto adaptado de
“Risco, vulnerabilidade e práticas de prevenção e promoção da saúde” (AYRES et. al, 2006).

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CAPÍTULO

5.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


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de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
2. ALMEIDA, Lúcio Meneses de. Da prevenção primordial à prevenção quaternária = “From primordial to quaternary prevention”. Revista
Portuguesa de Saúde Pública. ISSN 0870-9025. Vol. 23, Nº. 1 (Janeiro/Junho 2005), p. 91-96. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/
pluginfile.php/2996950/mod_resource/content/1/texto%20sobre%20niveis%20de%20preven-epi%20graduac%C3%A3o.pdf>. Acesso em:
11 mar. 2021.
3. ARANTES, Rosalba Cassuci; MARTINS, Joice L. Appelt; LIMA, Michelle Faria; ROCHA, Rosangela Malard; SILVA, Rosalina Carvalho; VILLELA,
Wilza Vieira. Processo saúde-doença e promoção da saúde: aspectos históricos e conceituais / Health-illness process and health promotion:
conceptual and theoretical aspects. Rev. APS; 11(2)abr.-jun. 2008. Artigo em Português | LILACS, BDENF - Enfermagem | ID: lil-564397.
Biblioteca responsável: BR378.1
4. AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita. Prevenção de agravos, promoção da saúde e redução de vulnerabilidade. In: Martins MA, Carrilho
FT, Alves VAF, Castilho EA, Cerri GG, Wen CC (Eds) Clínica Médica, vol I Barueri: Manole, 2009. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/
pluginfile.php/5149317/mod_resource/content/1/AULA%202%20-%20texto%20leitura_AYRES%20-%20Preven%C3%A7%C3%A3o%2C%20
Promo%C3%A7%C3%A3o%20da%20Sa%C3%BAde%20e%20Vulnerabilidade.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2021.
5. AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita; CALAZANS Gabriela Junqueira; SALETTI FILHO Haraldo César, FRANÇA JR, Ivan. Risco,
vulnerabilidade e práticas de prevenção e promoção da saúde. In: Campos G, Minayo MCS, Akerman M, Drumond Jr M, Carvalho YM,
organizadores. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Editora Fiocruz; 2006. p. 375-417. Disponível em: <https://renasf.fiocruz.br/sites/renasf.
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da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Projeto Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
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<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/10006001341.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2021.
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de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 95 p.: il. – (Cadernos de
Atenção Primária, n. 29). Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/rastreamento_caderno_atencao_primaria_n29.pdf>.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com
doença crônica: diabetes mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2013. 160 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 36). Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_
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7. BUSS, Paulo Marchiori. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 163-177, 2000. Disponível
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BUSS, Paulo Marchiori; PELLEGRINI FILHO, Alberto. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 77-93, Apr.
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24 mar. 2021.

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MED

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2021.
8. CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa; MINAYO, Maria Cecília de Souza; AKERMAN, Marco; DRUMOND JUNIOR, Marcos; CARVALHO, Yara
Maria de. Tratado de saúde coletiva. [S.l: s.n.], 2006. Disponível em: <https://renasf.fiocruz.br/sites/renasf.fiocruz.br/files/artigos/Tratado%20
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9. CARVALHO, Antonio Ivo de.; BUSS, Paulo Marchiori. Determinantes Sociais na Saúde, na Doença e na Intervenção. In: GIOVANELLA, Lígia
(Org.) Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008.
10. CEBALLOS, Albanita Gomes da Costa de. Modelos conceituais de saúde, determinação social do processo saúde e doença, promoção
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11. CRUZ, Marly Marques da. Concepção de saúde-doença e o cuidado em saúde. Disponível em: <http://www5.ensp.fiocruz.br/biblioteca/
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12. DUNCAN, Bruce Bartholow et al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2013.
13. DEMARZO, Marcelo Marcos Piva. Reorganização dos sistemas de saúde: promoção da saúde e Atenção Primária à Saúde. Coleções: Bases
de dados nacionais / Brasil / Recursos educacionais. Base de dados: CVSP – Brasil. Ano de publicação: 2011. Tipo de documento: Recurso
educacional aberto. Disponível em <https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/167>. Acesso em: 11 mar. 2021.
14. ENGEL, George Libman. The need for a new medical model: a challenge for biomedicine. Science. 1977;196(4286):129-36.
15. GARBOIS, Júlia Arêas; SODRE, Francis e DALBELLO-ARAUJO, Maristela. Da noção de determinação social à de determinantes sociais da
saúde. Saúde debate [online]. 2017, vol.41, n.112, pp.63-76. ISSN 2358-2898. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-1104201711206>.
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16. GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: Princípios, Formação e Prática. 2ª edição.
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17. JAMOULLE, Marc; ROLAND, Michel. Prévention quaternaire De Wonca world Hong Kong 1995 à Wonca world Prague 2013. Wonca world
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17. JAMOULLE, Marc. Quaternary prevention: prevention as you never heard before (definitions for the four prevention fields as quoted in
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19. LEAVELL, Hugh Rodney; CLARK, Edwin Gurney. Medicina preventiva., São Paulo: McGraw-Hill do Brasil; 1976. Disponível em: <https://
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edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4924375/mod_resource/content/1/Epidemiologia%20-%20exercicios%20indisciplinados.pdf>. Acesso
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SCLIAR, Moacyr. História do conceito de saúde. Physis, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 29-41, abr. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/
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Vulnerabilidad?” / “What do we do when we talk about Vulnerability?” Mundo saúde (1995); 32(2): 254-260, abr.-jun. 2008. Disponível em:
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Eixo I - Reconhecimento da Realidade. Material de especialização multiprofissional da atenção Básica do UNA-SUS. Disponível em <https://
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CAPÍTULO

6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Parabéns, chegamos ao final! Merece uma dancinha comemorativa por mais um trabalho concluído! Espero ansiosamente pelo seu
contato avisando que acertou as questões sobre os assuntos explanados neste livro!
Não se esqueça de que sua aprovação também é minha realização! Então, conte comigo para facilitar seus estudos e mande notícias
sobre sua evolução.
Você também poderá acompanhar-me nas Redes Sociais através do Instagram @prof.fernandalima.
Um grande cheiro e até a próxima!

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