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FICHAMENTO MILENA

Milena objetiva compreender a concepção de Educador(a) Social que o setor


público, do contexto paranaense, expressa ao disponibilizar vagas para cargos
públicos compreendidos no âmbito da Educação Social, a autora analisou 77 editais
de concursos públicos de munícipios que contemplam as Regiões Geográficas do
Paraná.

A autora cita Paulo Freire como referência básica na sua dissertação,


evidencindo que mesmo que não o autor brasileiro não tenha utilizado nenhuma
terminologia específica de educação social e sua teoria epistemológica não
evidencie claramente sobre essa área, denominado de “trabalhador social” o
profissional que atua diretamente com processos emancipatórios, como agentes de
transformação.

As ideais de Paulo Freire alinhava com as ideias do filósofo alemão Paul


Natorp, pois ambos enfatizam a subjetividade, o desenvolvimento das pessoas, seu
protagonismo pode ser alcançado a partir das relações sociais e comunitárias. Paulo
Freire trabalhou com analfabetos, com pessoas excluidas e o filósofo alemão
fundamentou a Pedagogia Social como ciência após a segunda guerra mundial e os
processos de industrializção, que trouxeram como consequencia desigualdades
sociais.
Objetivando compreender a concepção de Educador(a) Social que o setor
público, do contexto paranaense, expressa ao disponibilizar vagas para cargos
públicos compreendidos no âmbito da Educação Social, essa pesquisa teve como
metodologia a Análise documental dos Projetos de Lei nº 5346/2009 e nº 328/2015
e registros documentais das Políticas Públicas : Resolução CNAS nº 09/2014 e
Resolução Conanda nº 187/2017.
Foram analisados documentos de funções educativas e/ou pedagógicas que
possuem relação com a Educação Social, pois a identidade profissional do educador
social não está fundamentada, sendo uma situação limite que deve ser superada.

Cuidador Social, Educador Social, Mãe Social, Monitor Recretativo e Social,


Orientador ou Educador Social, Pedagogo Social ou Pedagogo em Assistência
Social, Agente Social, Auxiliar de Mãe Social, Atendente Social, Auxiliar de Cuidador
Social, Auxiliar de Educador/ Cuidador Residente, Auxiliar de Serviços Sociais, Pai
Social, Agente de Ação Social, Agente de Apoio Educacional, Assistente ao
Educando, Auxiliar de Educador Cuidador Social e Educador Cuidador Social,
Monitor de Entidades Sociais. Educador Social Masculino, Educadora Social.
De acordo com a análise da pesquisa, foi constatado que a minoria dos
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editais trouxe a categoria Educação Social e/ou Pedagogia Social como
conhecimento específico do cargo. Muitos cargos estão atrelados á Politica de
Assistência Social e quando está relacionada á Educação, se restringe ao espaço
escolar. Outra situação limite apresentada pela autora é a atribuição do educador
social à militância, voluntariado ou ações caritativas, refletindo a perspectiva
histórica dessa atribuição, o que implica em baixos salários e carência de uma
formação específica.
A regulamentação da profissão possibilita uma maior, visibilidade e
consequentemente uma “delimitação” das suas atribuições para que esse educador
não realize ações que não compete a si. Seria o inédito vivável para soluciar a
problemática da denúncia e anúncio. A autora denuncia os elementos de carga
horária e remuneração do educador social, que estão atrelados à escolaridade. Ela
propõe o inédito viável da

Outro fato que temos por hipótese que pode ser caracterizada como uma
situação-limite para a atividade ocupacional do(a) Educador(a) Social, é a
consideração desta função apenas pela perspectiva histórica de constituição da
mesma a partir do voluntariado, militância e ações caritativas, descritas também no
capítulo um desta pesquisa. Este processo histórico se for observado isoladamente
pelo aspecto assistencialista sem considerar os avanços como um processo de
constituição da função de um modo crítico, gera a fragilização do trabalho do(a)
Educador(a) Social. Esse condicionante histórico abre brechas para que a função
permaneça sendo vista como uma ocupação que, envolvida pelo aspecto afetivo,
assistencialista e de voluntariado, tenha justificado os seus baixos salários e a
ausência de uma formação específica.
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públicos das Regiões Geográficas do Estado do Paraná. A confusão e a falta de


clareza quanto a identidade ocupacional do(a) Educador(a) Social, são os principais
aspectos que consideramos ser os que desencadeiam a desvalorização do(a)
Educador(a) Social e por isso as caracterizamos como situação-limite que precisa
ser superada.
Pouquíssimos foram os editais que expressaram o termo “Educação Social”
e/ou “Pedagogia Social” nas atribuições ou conhecimentos específicos do cargo. A
Política Pública de Assistência Social que é o campo que tem contratado o(a)
Educador(a) Social via concursos públicos e os outros trabalhadores que
destacamos nesta pesquisa, tem o compreendido apenas pelo viés do Serviço
Social. Quando busca aproximar este trabalhador do campo da Educação, o que
verificamos é uma concepção de Educação restrita ao espaço escolar. Pelo
processo histórico de constituição do campo da Pedagogia Social e Educação Social
que apresentamos no primeiro capítulo desta pesquisa, percebemos que no Brasil,
este campo de estudos, pesquisas e práticas tem se ampliado cada vez mais e está
em debate há alguns anos, por isso, é inadmissível que em meio a tantas
publicações de fácil acesso ao público, os editais de contratação não apresentem
referências que embasem a prática do(a) Educador(a) Social a partir de um corpo
teórico próprio da área.

Para esta análise, tomamos por base os elementos levantados e


categorizados, a partir das buscas de editais de concursos públicos das Regiões
Geográficas do Estado do Paraná com vagas para Educadores(as) Sociais ou
função similar. Na medida em que o processo investigativo foi acontecendo, o objeto
da pesquisa foi sendo refletido e problematizado, assim, consideramos ter feito
denúncias e anúncios em relação ao tema investigado.

Análise documental dos Projetos de Lei nº 5346/2009 e nº 328/2015 e


registros documentais das Políticas Públicas : Resolução CNAS nº 09/2014 e
Resolução Conanda nº 187/2017.
Diante desta questão, observamos e realizamos apontamentos que
compreendem não apenas o(a) trabalhador(a) que carrega a terminologia de
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Educador(a) Social, mas de todos que de alguma forma, desempenham funções
educativas e/ou pedagógicas no âmbito social ou que a nomenclatura de sua
ocupação demonstram relação com a Educação Social. A análise que nos
propusemos a fazer, trouxe evidências suficientes para denunciar que a identidade
ocupacional do(a) Educador(a) Social tem sido confundida no âmbito dos cargos
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públicos das Regiões Geográficas do Estado do Paraná. A


confusão e a falta de clareza quanto a identidade ocupacional do(a)
Educador(a) Social, são os principais aspectos que consideramos
ser os que desencadeiam a desvalorização do(a) Educador(a)
Social e por isso as caracterizamos como situação-limite que
precisa ser superada.
Pouquíssimos foram os editais que expressaram o termo
“Educação Social” e/ou “Pedagogia Social” nas atribuições ou
conhecimentos específicos do cargo. A Política Pública de
Assistência Social que é o campo que tem contratado o(a)
Educador(a) Social via concursos públicos e os outros
trabalhadores que destacamos nesta pesquisa, tem o
compreendido apenas pelo viés do Serviço Social. Quando busca
aproximar este trabalhador do campo da Educação, o que
verificamos é uma concepção de Educação restrita ao espaço
escolar. Pelo processo histórico de constituição do campo da
Pedagogia Social e Educação Social que apresentamos no primeiro
capítulo desta pesquisa, percebemos que no Brasil, este campo de
estudos, pesquisas e práticas tem se ampliado cada vez mais e
está em debate há alguns anos, por isso, é inadmissível que em
meio a tantas publicações de fácil acesso ao público, os editais de
contratação não apresentem referências que embasem a prática
do(a) Educador(a) Social a partir de um corpo teórico próprio da
área.

Comparando as remunerações de cada edital com o salário


mínimo atual, notamos que 49% corresponderiam a salários
inferiores a um salário mínimo, enquanto que 42% seriam
agrupados aos com salários de um a dois salários mínimos
vigentes no presente ano e apenas 9% estariam entre a média
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salarial de dois a três salários mínimos. Neste gráfico, o percentual


de remunerações oferecidas nos editais que corresponderiam a
mais de três salários mínimos, cairiam para 0%.

Ela utiliza as categorias dialogicidade, denúncio e anúncio,


situação limite e inédito viável e

Milena aponta que Diante do exposto, nesse tópico,


consideramos que ao abordar o desenvolvimento da Pedagogia
Social e Educação Social, que territorialmente, podemos dizer que
são originalmente nossas, contribuímos para as reflexões de
uma epistemologia própria. Entendemos que compreender o
processo de construção do pensamento latino-americano a partir
de ou paralelamente a outras perspectivas teóricas, caracteriza-se,
pois, como um enfrentamento decolonial. Isso significa que não
desconsideramos as construções teóricas de outros territórios,
como o europeu, por exemplo, nem mesmo suas influências sobre
o desenvolvimento de pensamentos a partir do nosso contexto, se
assim o fizéssemos, estaríamos negando nossa historicidade. Mas,
ao evidenciar o processo constitutivo do pensamento, práticas e
saberes latino-americano, legitimamos a construção epistemológica
da América Latina.
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Em Cartas à Cristina, na nota de número 25, Nita apresenta uma vasta lista de livros
lidos por Freire e pertencentes a sua biblioteca. Nesta listagem de autores dos 572 livros
registrados pelo próprio Freire, verificamos que entre os nomes citados há o nome de
Hermann Nohl, um dos principais referenciais da Pedagogia Social e Educação Social
alemã. Nohl foi comentado no capítulo 1 desta pesquisa como uma importante
referência que pensava a Pedagogia Social e Educação Social pelo campo prático,
enquanto que Natorp, é uma referência do campo teórico.

A convergência do pensamento freiriano e de Natorp,


portanto, é visível quando ambos buscam uma pedagogia que
pense os processos educativos a partir de uma relação
indissociável entre teoria e prática, que considere não apenas o
processo de decodificação escrita, mas que leve os sujeitos a
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atingirem a sua plenitude humana por meio da tomada de


consciência enquanto sujeitos no mundo, com o mundo e com os
outros, ou seja, que os processos educativos pensem a relação dos
sujeitos em sua totalidade. É somente a partir de uma concepção
educativa que traga sentido a existência humana, que de fato, os
sujeitos poderão sair da condição de passividade, tornando-se
ativos, interferindo na realidade que deles fazem parte. Pensando
nessa proposta educativa é que então, Paul Natorp (1913, p. 106)
define a Pedagogia Social:

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