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Aluna: Caroline Bellaguarda de Azevedo (22250211)

Aluno: Rodrigo Antonio Devellis (16101345)

Professora: Gabriela Miranda Marques

Avaliação 02 - Organização Escolar

Tema: A Educação política no Currículo oculto

Introdução

Nesta breve pesquisa temos como objetivo identificar os traços da educação política
que perpassam ocultos no currículo que direciona os trabalhos pedagógicos e organizacionais
do ensino e da escola. Para isso acessarmos a realidade do chão da escola utilizaremos a
metodologia de entrevista, com 10 questões objetivas de resposta escrita e oral com docente
de sociologia da rede pública. A entrevista é composta por perguntas de livre resposta, que
serão gravadas e aqui transcritas parcialmente.
Entendemos que o ser social é histórico e o trabalho é central para o desenvolvimento,
reprodução e produção do ser social. Na sociedade atual, o trabalho e a propriedade tomam
um caráter de exploração privada das forças de trabalho e da forma de propriedade tornando
a escola fundamental na reprodução de todos os níveis de ensino, como por exemplo, o
ensino técnico e o científico e nessa organização demonstrando o acesso aos níveis de ensino,
formalizando assim, a divisão social do trabalho no Brasil. Entendendo a hegemonia das
relações capitalistas é possível afirmar que o Estado encarna a vontade do que é público,
porém, nos dias do neoliberalismo, fazendo do público um serviço de rendimentos privados
para algumas famílias detentoras do poder econômico e político.
Afirmamos a importância da educação formal que venha a abranger a
continentalidade brasileira, essa noção da totalidade territorial e suas particularidades
regionais, é fundamental e necessária a produção de um documento com esta proporção para
o desenvolvimento e formação educacional científica da classe trabalhadora, no entanto, as
diretrizes para a educação moral e para o trabalho são dispostas.
Assim identificamos o reforço das formas de trabalho subsumido às relações
capitalistas de produção presentes na política pedagógica desde os Pioneiros da educação que
foi o Movimento pela escola pública no Brasil em 1932, no ano de 1942 saem os primeiros
decretos de lei sobre as diretrizes para a educação pública, e já na atualidade com a volta da
democracia burguesa as Leis que estabelecem as diretrizes e bases da educação nacional de
1996 e a Base Nacional Comum Curricular - BNCC em sua última atualização em 2018 até a
sua efetivação representada pelo novo ensino médio. Visto assim, desde as origens da
educação pública brasileira, o Estado e as entidades privadas determinam as normas e
diretrizes para a educação formal e informal, assim como as bases nacionais comuns
curriculares que dando a linha geral para a educação brasileira reforçam a desigualdade a
divisão intelectual e manual do trabalho. Neste sentido de buscar compreender o currículo e
suas potencialidades e fragilidades é necessário primeiramente tratar sobre o que entendemos
por Currículo escolar.
Há uma diversidade de teorias que tratam do assunto, de forma a explicarem o que é o
currículo. Teorias que se diferenciam desde o caráter ontológico, ou seja, desde a
compreensão do mundo e da relação do sujeito com a sociedade. Estas teorias se diferenciam
desde a afirmação do currículo em voga como as teorias que afirmam ao currículo como
formador de identidade da escola e do estudante e as que a desconstroem, analisam de forma
crítica, pois a formação desta identidade está vinculada a padrões de sociabilidade de
submissão e ao mesmo tempo propositiva.
Trazendo uma historicidade sobre o assunto, o autor indica como início do estudo do
currículo como objeto a década de 1920 nos Estados Unidos, onde há definições precisas em
que é entendido fazendo parte de, conforme Silva (1999) “Um processo de racionalização de
resultados educacionais, cuidadosa e rigorosamente especificados e medidos”. E além disso
continua o autor Silva (1999) “A especificação precisa de objetivos, procedimentos e
métodos para a obtenção de resultados que possam ser precisamente mensurados.”
Nesse sentido quando olhamos a composição das diretrizes curriculares que dirigem
nosso trabalho temos três momentos o do Currículo Prescrito são as bases ontológicas e
práticas que determinam o caráter geral para as diretrizes de ensino e organização escolar em
âmbito nacional/estadual/municipal; o Currículo real ou percebido é o momento das
particularidades e especificidades do ambiente escolar e o Currículo Oculto são os aspectos
implícitos que expressam a moral, os costumes e também a educação política; todos os três
compoẽm o grande projeto político pedagógico da sociedade de classes sob dominação do
modo de produção capitalista.
De imediato ao interpretarmos os textos e termos as narrativas e a vivência docente
nas escolas públicas é possível apontar que existe uma educação política no currículo que se
manifesta de forma oculta, quase subliminarmente, há uma reprodução de comportamento
passivo e obediente na forma escolar desde quando as decisões vêm sempre de cima;
formando identidades convenientes com a sociedade individualista.
As conclusões de uma perspectiva crítica sobre o currículo oculto é de certa forma a
manutenção do status-quo, a reprodução de injustiças e práticas antidemocráticas que se
refletem em atitudes, comportamentos, valores, orientações, conformismo, individualismo e
imobilização social, onde um grupo assume um caráter de subordinação e outro de
dominação.
O currículo oculto, além de interferir em dimensões na relação dos indivíduos na
sociedade, prescreve certas orientações como em questões de gênero e sexualidade, onde
aquilo que é considerado a norma se torna algo imposto, destituindo os sujeitos de
possibilidades da consumação das suas subjetividades e identidades.
De certa forma, no currículo oculto, está prescrito um sujeito de acordo com a
sociedade com a qual ele está destinado, e tendo em mente que vivemos em uma sociedade
marcada por desigualdades sociais, o currículo oculto pode operar no sentido de dar
continuidade a uma agenda conservadora.
A orientação quanto ao que foi discorrido até então, de forma preventiva, e trazer a
luz o caráter oculto, a ideia é a de que com a consciência do que ocorre de forma implícita e
inconsciente, possa mobilizar a agência dos envolvidos no processo educativo no sentido de
uma mudança que torne a produção de sujeitos menos injusta e autoritária. Tendo consciência
dos processos que estão envolvidos na modelação de subjetividades, permite uma
intervenção, e neste aspecto, a noção de currículo oculto vai além de uma ideia explicativa da
realidade, e assume o papel conforme Silva (1999) de “um instrumento analítico de
penetração na opacidade da vida cotidiana da sala de aula.”
Identificar o caráter de classe da educação política presente no currículo oculto e os
instrumentos para a sua manutenção no sentido de que são escolhas políticas prescritas e
ocultas no processo pedagógico de ensino e organização escolar ditas desde o Estado e
também o caráter subversivo mesmo combatido, tem nas aulas de sociologia, história,
geografia e filosofia as possibilidades de brechas para subverter aspectos político e
metodológicos no dia a dia da escola e digo que pode ser oculto pois poderá ser que seja
necessário ser um trabalho clandestino, apesar da ironia , a realidade de uma educação
política emancipatória é combatida sendo individualizada deixando assim de lado o seu
caráter coletivo de emancipação do trabalho explorado.

Análise e teoria
Tendo lidas e compreendidas as diferentes perspectivas teóricas apresentadas nos
textos lidos, compreendemos que essas leituras contribuem para questões que possam orientar
uma discussão crítica e propositiva sobre os entendimentos do currículo. conforme os estudos
e debates em sala de aula podemos afirmar que toda teoria é definida pelas premissas
analíticas que a orienta, desde a concepção da relação de passagem da natureza para a
sociedade até a própria concepção de sociedade. Nesse sentido, entendemos que o currículo é
feito em uma sociedade desigual e fundada na opressão e na exploração da força de trabalho e
que, cumpre uma função fundamental para a educação formal na sociedade capitalista, assim
como, em questões que problematizam as implicações políticas e de consciência de classe
envolvendo o currículo.
São trazidas questões no âmbito de se pensar o que se objetiva com determinado
currículo, partindo do pressuposto de que os seres humanos são historicamente e socialmente
situados, determinados modelos de currículo tender a produzir diferentes tipos de pessoas,
sujeitos com subjetividades e identidades diversas, que favorecem ou não determinada
agenda política. Neste contexto, o currículo, onde ocorre uma seleção, implica uma operação
de poder, estabelecendo assim uma conexão entre saber, poder e política.
Identificamos que no processo histórico da construção curricular as determinações
econômicas afetam a construção curricular conforme Silva (1999) “o modelo institucional
dessa concepção de currículo é a fábrica”, assim os interesses na seleção do conteúdo, as
ações pedagógicas e da forma que se organiza e dirige a escola, o que implica em um
exercício de poder de uma classe sobre a outra e que pode ser problematizado com questões.
como por exemplo: qual a literatura será lida e por quê não outra, qual a estética/semiótica
presente nos materiais de apoio ao ensino, o que há por trás da socialização de determinado
conteúdo e não outro, enfim, são diversos aspectos que identificamos entrelinhas na
constituição subjetiva da classe trabalhadora e é nesse sentido que a discussão de currículo se
aproxima do tema deste trabalho, o currículo oculto, onde aspectos ideológicos estão
embrenhados nos conhecimentos trazidos em sala, de forma consciente ou não trazendo
implicações políticas para a vida coletiva.
Silva (1999) quando se refere a noção de currículo oculto, propriamente, aborda a
ideia por meio de uma perspectiva crítica, afirma que o currículo é a forma pela qual a
ideologia é incutida nas matérias de forma explícita nas áreas das humanas e implícita nas
ciências naturais. O autor apresenta a questão sobre ideologia relacionando a elaboração do
Louis Althusser sobre conceito de Ideologia, onde vê a educação geral e a educação escolar
como descreveu no livro Aparelhos ideológicos do Estado (1940) que na sociedade de
classes, em que os interesses das classes dominantes e da burguesia, pela ideologia imprimem
o caráter material e prático da classe trabalhadora. Silva (1999) situa, na perspectiva
althusseriana, o currículo oculto em meio a uma pedagogia e códigos de classe, o que decorre
de uma certa determinação estrutural sobre os sujeitos envolvidos no processo educativo.
Assim no sentido dessa influência estrutural envolvida na ideia de currículo oculto por
meios não explícitos no currículo oficial da disciplina, nela estão imbuídas certas
características que não são propriamente planejadas, mas acontecem de forma reprodutiva,
nela se incluem relações de autoridade, organização espacial, distribuição do tempo, padrões
de recompensa e castigo.

“O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do


ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito,
contribuem, de forma implícita, para aprendizagens sociais relevantes.”
(SILVA, T, 1999, p.78)

No livro de Bourdieu e Passeron A Reprodução (1982) o tema pode ser relacionado a


teorização dos autores por meio das ideias de dominação e reprodução, onde os mecanismos
de dominação operam de forma dissimulada, de forma análoga ao currículo oculto,
mecanismos de dominação que vão de acordo com estratégias de reprodução. Nesta
estratégia, há uma agência com objetivos a serem consumados a longo prazo, de maneira
similar a uma herança, esses objetivos são passados por meio de reproduções de um grupo a
outro em que se conserva os aspectos do grupo dominante e hegemônico. Bourdieu posiciona
a escola como espaço de divisão social e de sua reprodução, diferente de outras abordagens
que tratam da escola como um espaço de possível ascensão social.

Análise da entrevista do professor Marcelo

Marcelo tem 36 anos, é natural de Florianópolis, e é atualmente professor de Biologia


no ensino médio, já lecionou em escolas particulares e públicas.
Começamos nossa entrevista falando sobre o que ele entende por currículo, e nesse
sentido, ainda o currículo oficial, não o oculto, Marcelo apresenta uma visão crítica sobre, vê
o currículo como “além da própria concepção de seleção de conteúdos”, que para ele se
apresenta de forma muito restrita. Em sua caracterização sobre o currículo elenca vários
outros aspectos como: “escolha metodológica, de percurso, de caminho, de abordagens, o que
eu vou trabalhar em sala com meus estudantes, o que eu vou deixar de abordar, para quais
estudantes eu vou estar lecionando, falando, qual tipo de educação vou trabalhar com eles…”.
Além daquilo que caracteriza o currículo, Marcelo vê o currículo não como um
documento estático mas como algo dinâmico onde se atenta em “olhar para os documentos,
para as políticas públicas, para a minha formação, para a formação dos meus estudantes e
tentar saltar para além dessa concepção tradicional de currículo.”.
Ainda sobre o currículo oficial, Marcelo manifesta uma certa insatisfação, pois vê a
normativa da BNCC como “engessada” o que o torna de certa forma “preso” em relação às
suas possibilidades de atuação como professor. Acredita que em escolas particulares os
professores podem ser afetados ainda mais.
Quando perguntado sobre o que entende por currículo oculto, transcrevo aqui a
resposta de Marcelo:

“Currículo oculto é tudo aquilo que está presente no que eu trabalho só que não
aparece de maneira explicita, ele permeia, está por de trás, então, por exemplo, quando como
professor de ciências tenho que falar de sexualidade, eu tenho que falar de uma maneira
esteja dentro daquilo que está prescrito em documentos curriculares oficiais, mas também eu
tenho que abordar a sexualidade pelo viés que quer saber questões outras que são importantes
para a realidade do aluno, mas não estão ali, nos documentos oficiais. Então, tem coisas que
eu posso falar, que eu devo falar, mas tem outros conteúdos que estão permeando meu
componente curricular, que é ciência.”

Assim, Marcelo apresenta na sua fala uma elaboração crítica e próxima aos conteúdos
teóricos apresentados nesse trabalho. Aquilo que se produz por algo que está implícito, ou
não é notado, mas é absorvido. Achei interessante ele comentar o tema da sexualidade por
esse campo em constante disputa entre orientações a favor de uma conscientização e uma
total negação da sua socialização no espaço escolar.
Retornando um pouco ao currículo oficial, fiz perguntas para Marcelo sobre os pontos
positivos do currículo, e achei interessante as respostas por serem algo que não havia pensado
e que diz respeito a minha pessoa, como professor em início de carreira. Como ponto positivo
salienta o aspecto orientador para um professor iniciante, algo que sirva para o começo, e no
que se refere aos alunos, acha interessante uma premissa básica de currículo pois há uma
mobilidade dos alunos entre as escolas, e para os conteúdos não serem repetidos ou se
ausentar do repertório do aluno, o currículo se apresenta como positivo.
Outra questão abordada foram as expectativas sobre as futuras pessoas que formará,
no que se refere ao seu conteúdo, o que Marcelo espera que se tornem sujeitos críticos, que
não tornem pessoas que acreditam que “vacinas têm chip”, tenham consciência que ciência é
um método, compreender que os questionamentos são mais importantes que as respostas.
Quando perguntei se já ocorreu alguma ocorrência de conflito em transmitir
determinado conteúdo, Marcelo diz que nunca ocorreu, acredita que se mantém certos
preceitos nas suas interações com o aluno isso não ocorre, e isso envolve respeito,
honestidade e sinceridade.
E para finalizar a discussão que fica entre o currículo oficial e o currículo oculto,
perguntei sobre a aceitação dos alunos em determinados conteúdos, se há maior ou menor
aceitação sobre este ou aquele conteúdo, e a resposta acho interessante transcrever:

“Tem haver um pouco mais com a fase de desenvolvimento que eles estão, como eu
pego os anos finais do fundamental, 6 ao 9, eu vejo que os pequenos, seja qual for o conteúdo
eles tem muito mais a questão do vínculo afetivo com a relação com o professor e isso
impacta diretamente na relação com a gente e no nosso conteúdo por consequência. Mas o
trabalho com adolescentes no ensino médio quando a gente fala sobre as questões voltadas à
biologia na sexualidade, tem uma aceitação maior, afinal é a fase da vida que eles estão
passando e tem uma aceitação maior.”

A partir daí, nos orientamos a conversar de forma mais temática, do que em relação a
questões delimitadas, como falar um pouco sobre o elogio. Tema que Marcelo achou
interessante, por estarmos em fim de semestre, diz estar satisfeito com o progresso dos
alunos, e a questão do elogio é algo que considera importante, pois está relacionado
fortemente com a auto estima do sujeito, e aqui é interessante notar que o elogio desempenha
papel significativo na constituição do sujeito, e Marcelo pontua o fato de por meio do elogio
o aluno passa a valorizar a atividade de ser estudante. E conforme, o tempo vai passando e as
relações vão se tornando mais qualitativas, Marcelo aponta aspectos da personalidade do
estudante que é interessante elogiar.
Outro elemento importante que envolve o currículo oculto que conversamos foi a
organização espacial em sala de aula. Neste quesito Marcelo explica que não é rígido, que
costuma organizar a sala de maneira diversificada, utilizando o ambiente da sala de forma que
os alunos fiquem em dupla, em grupo, conforme a proposta de trabalho, salienta inclusive o
aspecto de praticar atividades fora do ambiente de sala, mas considera importante o momento
em que o aluno também fica só, acha existe a organização para cada situação.
Sobre a pontualidade, Marcelo expressa uma compreensão ao mesmo tempo que um
certo desgaste em relação a essa temática, entende que os jovens de hoje tem seu ritmo, mas
acha desgastante estar sempre cobrando pontualidade em relação ao horário de aula e as
entregas de atividades. Mas que de sua parte acredita que consegue administrar bem o tempo
e passar o conteúdo pretendido e acredita que isso vem com a experiência, uma habilidade
adquirida ao longo da sua vivência em sala de aula.
Sobre recompensa e repreensões, Marcelo fala de um acordo que costuma fazer com a
turma, de que a recompensa é ele estar de bom humor, que como eles, gosta de estar em um
ambiente leve e se divertir, mas conta que na sua experiência conta que é comum ter que
repreender a turma, elevar a voz, chamar a atenção em particular, coisas desgastantes mas
necessárias, e geralmente funcionam, com a repetição os alunos vão se adaptando.
Por fim, falamos sobre a qualidade de relação que tem com os alunos, se é mais no
sentido pessoal ou impessoal, até então presumia que a sua relação seria de um caráter mais
pessoal e próximo, no entanto, revela que é tímido e de início mantém os alunos afastados da
sua vida pessoal, mas comenta que ao longo do processo, ocorre dos alunos adquirirem afeto,
gostarem dele, Pontua que é fácil de ocorrer o contrário também, o aluno não gostar do
professor, e se distanciar. Mas geralmente, ocorre espontaneamente irem se aproximando, e
começa a acontecer uma abertura no sentido de haver conversas que fogem do conteúdo da
disciplina e se aproximam da vida pessoal. Para Marcelo, isso ocorre naturalmente e de forma
espontânea, não tenta se aproximar de forma forçada, mas é algo que ocorre dado a
configuração e a dinâmica de suas aulas.
Apêndice: Roteiro semi-estruturado para entrevista

Partimos da ideia do currículo como um discurso que vai além de um pressuposto


estritamente orientado no sentido de transmitir um conteúdo, nos orientamos para a
construção do trabalho com uma visão crítica sobre teorias do currículo, em que além de uma
racionalização e especificação de objetivos de conteúdos, está envolvido na constituição de
identidades e subjetividades, e isso implica em relações de poderes, onde determinadas
identidades/subjetividades são privilegiadas em detrimento de outras. Nesse sentido,
gostaríamos de investigar na pesquisa a que tipo de seleção é feita e quais são as
consequências dessa seleção na constituição de subjetividades e a qual agenda política ela
atende.
Escolher determinado conteúdo e deixando outros de lado favorece a que tipo de
figura no espaço social constituído pela escola e posteriormente ao mundo social em que o
aluno participa. Como escolher determinado conteúdo reflete na vida dos sujeitos e nas
relações sociais?

01 - Nome, idade, quanto tempo lecionando, qual ou quais as graduações, se tem formação
continuada;
02 - O que entende por currículo?
03 - Como o professor(a) se sente em relação às suas possibilidades de currículo, se está
satisfeito com o repertório de escolhas que pode ministrar em aula, se há algo que gostaria de
acrescentar que não é prescrito em seu campo de atuação e se há algo que gostaria de retirar.
04 - O que o professor entende por currículo oculto. Do que entende, o que identifica?
05 - Pontos positivos do currículo e porque.
06 - Pontos negativos do currículo e porque.
07 - Que tipo de expectativas tem em relação ao conteúdo que ministra e o sujeito que resulta.
08 - Quais são os conteúdos mais importantes dentro do seu campo de atuação e porque.
09 - Já teve conflito em “passar” determinado conteúdo para a turma;
10 - Percebe algum tipo de conteúdo mais aceito entre os alunos;

Temas que podem ser abordado que remetem ao currículo oculto: elogio, organização da
sala, distribuição do tempo, recompensa, castigo, tratamento impessoal ou pessoal, adaptação
a injustiça da sociedade, atitude, comportamento, valores, espaço rígido, espaço frouxo,
pontualidade.
Referências bibliográficas

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos do Estado. 1970.


https://www.marxists.org/portugues/althusser/1970/06/aparelhos.htm. Acesso em 16 de nov
2023.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução : elementos para uma teoria do
sistema de ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982. 238 p.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Teorias do currículo: o que é isso? In: Documentos de identidade:
uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999, p. 11-17.Arquivo
29.5Mb Documento PDF
SILVA, Tomaz Tadeu da. Quem escondeu o currículo oculto? In: Documentos de identidade:
uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999, p. 11-17.Arquivo
29.5Mb Documento PDF

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