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Resumo:
O tema da solidão nas obras de Jean-Jacques Rousseau é mais recorrente em seus textos
autobiográficos. Cabe no presente artigo fornecer pressupostos seguros para relacionarmos
conceitos do arcabouço filosófico do autor e a condição solitária experienciada por ele no
âmbito da sua vida. É, portanto, entender a solidão como um conceito filosófico que dialoga
com problemáticas do campo da moral e da linguagem.
Palavras-Chave: Linguagem. Moral. Sociedade. Solidão.
1. Introdução
A trajetória da literatura crítica que se traçou desde o século das Luzes acerca da obra
de Jean-Jacques Rousseau se articulou entre diversas interpretações. No percorrer da
Revolução Francesa, revolucionários e contrarrevolucionários tomavam sua obra e defendiam
posicionamentos sobre ela que, pela contraditoriedade, nem parecia se tratar do mesmo autor.
Não se via uma coligação entre um escrito que tomava como perspectiva discursiva o âmbito
individual, caso do Discurso Sobre a Origem da Desigualdade, e seu texto Do Contrato
Social que se posicionava a favor da obrigatoriedade participação de todos para a decisão da
vida coletiva. A dificuldade interpretativa não se esgotou apenas ao debate político, mas
abrangeu os demais escritos de Rousseau 1: seus romances, peças teatrais, romances, textos
acerca da música, botânica e, sobretudo, dos escritos conhecidos como autobiográficos.
1
Para um comentário aprofundado sobre as diversas interpretações da obra de Jean-Jacques Rousseau, ver GAY,
PETER. Introdução. Trad. Jézio Gutierre. In: CASSIRER, Ernst. A Questão Jean-Jacques Rousseau. São Paulo:
Editora UNESP, 1999.
2
Rousseau em registros autobiográficos defendia a concordância entre suas diversas obras, Immanuel Kant, por
sua vez, concordava com o genebrino. Para uma constatação geral da influência de Rousseau para a obra
kantiana, ver: KLEIN, J. T. A questão da Teologia Kant leitor de Rousseau. Cadernos de filosofia alemã, São
Paulo v. 22, n.1, p. 51-70, 2013, e BENCKENKAMP, J. Algo sobre a influência de Rousseau na formação da
Moral Kantiana. Revista ética e filosofia política, Juiz de Fora, n. 21, v. 1, p. 22-34, 2018.
possível investigar seus escritos autobiográficos correlacionados com seu arcabouço
filosófico. É da seguinte maneira que Jean Starobinski esclarece tal condição interpretativa:
Em suma, todo movimento que não é produzido por outro somente pode vir
de um ato espontâneo, voluntário; os corpos inanimados agem apenas pelo
movimento, e não há verdadeira ação sem vontade. Eis meu primeiro
princípio. Acredito, portanto, que uma vontade move o universo e anima a
natureza. Eis meu primeiro dogma, ou meu primeiro artigo de fé.
(ROUSSEAU, 2017, p. 319)
Um segundo argumento defendido pelos materialistas se refere ao movimento ser
necessário à matéria. Entretanto, todo movimento precisa de uma direção ao qual se dirige
para se transportar no espaço e o Vigário questiona: “em que sentido, portanto, a matéria se
movimenta necessariamente? Toda a matéria em corpo possui um movimento uniforme ou
cada átomo tem seu próprio movimento?” (ibidem, p. 320). Se o primeiro caso for verdade, o
mundo deve formar uma unidade indivisível, sólida, com uma única direção; se tomássemos a
segunda ideia como verdade, deveríamos assumir a fluidez, sendo impossível de verificar se o
átomo se movimenta para esquerda ou direita, para baixo ou para cima e, independente de
cada caso for o correto – ou todos os casos serem válidos – , teríamos infinitos problemas se
tentássemos defender tal posicionamento3.
3
O Vigário atesta a impossibilidade desse processo: “Dar à matéria o movimento por abstração é pronunciar
palavras que não significam nada, e dar-lhe um movimento determinado é supor uma causa que o determine.
Quanto mais multiplico as forças particulares, mais causas novas tenho para explicar, sem nunca encontrar
nenhum agente em comum. Longe de poder imaginar alguma ordem no concurso fortuito dos elementos, sequer
posso imaginá-los em combate, e o caos do universo me é mais inconcebível que sua harmonia” (ROUSSEAU,
2017, p. 320)
O Vigário não se convence pelos argumentos materialistas e não pode negar a
constatação que sua observação do mundo lhe fornece: que o movimento procede
inteligentemente, ou melhor, constantemente, sendo possível extrair da natureza as leis pelos
quais determinados fenômenos são regidos. Assim, o segundo artigo de fé atesta a ordem da
natureza e, consequentemente, a existência daquele que a ordena:
O olhar do Vigário para a formulação dos dois artigos de fé esteve inscrito dentro do
campo objetivo da física, estacionado em debates de ordem ontológica se posicionando frente
ao materialismo francês de seu século. O terceiro e último artigo de fé se dá na volta ao olhar
subjetivo, de maneira semelhante àquela do início da Profissão de Fé cujo foco foi estabelecer
seus pressupostos e método.
A frase que inicia o Livro I do Emílio “Tudo é bom ao sair das mãos do Autor das
coisas; tudo degenera entre as mãos do homem” (ROUSSEAU, 2017, p. 41) se faz mais clara
depois que observamos o desenvolvimento dos três artigos de fé. O mal, portanto, só existe no
âmbito da moralidade, reflete apenas no homem e sua causa está nele mesmo. Rousseau nos
havia demonstrado anos antes em seu Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da
Desigualdade entre os Homens (1756), ao expor o processo imaginário da saída do homem
em seu estado de natureza à condição social que a origem da desigualdade e,
consequentemente, a maldade tem como único responsável o homem.
Esse homem imerso na natureza em igual condição frente aos seus semelhantes tinha
como condutor de sua ação conduzida a vontade que era atendida imediatamente em resposta
aos apetites. O sujeito natural possui uma unidade entre seu ser e sua ação, ou melhor, seu ser
se apresenta transparente, atendendo o pedido de sua natureza em todas ocasiões da vida. A
concepção do homem naturalmente bom se dá na conformidade entre a natureza e sua
atividade no mundo, no domínio da bondade e ordem física, uma vez que não há norma
estabelecida para interpretarmos seus gestos moralmente.
Duas são as virtudes naturais que o homem natural tem como guia para a conduta
imediata: o amor de si e a piedade. O primeiro faz com que o homem satisfaça seus apetites
naturais sem ultrapassá-los como, por exemplo, comer ou repousar para além daquilo que o
corpo pede, estes excessos só se encontram nas sociedades. O amor de si segue, portanto, a
máxima da bondade natural: “Alcança teu bem com o menor mal possível” (ROUSSEAU,
2000, p. 79). Dito isso, a piedade é paixão que se direciona para o exterior e visualiza a
condição que outros estão, estendendo o amor de si para todos os seres levando a
“conservação mútua de toda a espécie” (ROUSSEAU, 2000, p. 78-9), esta paixão faz com
que o homem ao se deparar com alguma situação de dor e sofrimento de outro ser vivo sentirá
uma empatia e que o impulsiona a socorrê-lo. Tal paixão esclarece o significado da máxima
anterior, entendendo que em condições naturais não há excessos, come na medida que sua
fome o provoca, evitando casos de satisfação pela dor de outros ou, um exemplo mais
corriqueiro, que aconteça caça esportiva dado o cenário da vida natural. Vejamos, então, o
percurso resumido que o autor nos fornece acerca da condição natural do homem:
Concluamos que, errando pelas florestas, sem indústrias, sem palavra, sem
domicílio, sem guerra e sem ligação, sem nenhuma necessidade de seus
semelhantes, bem como sem nenhum desejo de prejudica-los, talvez, sem
sequer reconhecer alguns deles individualmente, o homem selvagem, sujeito
a poucas paixões e bastando-se a si mesmo, não possuía senão os
sentimentos e as luzes próprias desse estado, no qual só sentia suas
verdadeiras necessidades, só olhava aquilo que acreditava ter interesse de
ver, não fazendo sua inteligência maiores progressos do que a vaidade. [...]
Então não havia nem educação, nem progresso; as gerações se
multiplicavam inutilmente e, partindo cada uma sempre do mesmo ponto,
desenrolavam-se os séculos com toda a grosseria das primeiras épocas; a
espécie já era velha e o homem continuava sempre criança (ROUSSEAU,
2000, p. 82).
O ser humano para deixar o isolamento e passar a viver em conjunto e da dependência
mútua de outros precisou alguma ocorrência natural, como inundações, terremotos ou
escassez de recursos, que fez com que todos esses seres independentes se forçassem a habitar
um espaço comum e, consequentemente, com o contato mais recorrente foi-se formando
algumas relações. Num primeiro momento, apenas caçavam em conjunto visando atingir mais
facilmente o seu objetivo, conforme muitos séculos e a aproximação mais frequente, surge a
estrutura da família. E, como sempre se segue progressivamente, a junção de algumas famílias
originou as tribos e a partir desse momento surgem alguns costumes que regem o modo de
vida de cada tribo em particular e, principalmente, constitui-se as primeiras línguas comuns.
Na perspectiva de Rousseau, a humanidade só prosseguiu desta maneira porque foram
forçados a viverem juntos.
Jean-Jacques Rousseau, imaginando como seria essa vida, percebe que a desigualdade
que encontramos em sociedade não tem sua causa na natureza do homem. A desigualdade
física – altura, peso, cor de cabelo, olhos, entre outros – não legitima a desigualdade social
uma vez que em um ambiente com recursos para todos, cabe ao mais forte vencer uma disputa
e o perdedor segue em uma outra direção, isto é, a variedade em questão física não pode servir
de justificativa. No âmbito moral e psicológico, o homem se encontrava na mesma condição
e, desse modo, não também não é valido qualquer argumento que utilize esses dois campos
para legitimar a desigualdade acontecida em sociedade. Qual seria, então, sua causa?
A propriedade privada é a motivação para que seja preciso firmar o contrato social. Se
antes havia um modo de vida em que estaria presente um grande compartilhamento de
alimentos, terra, dentre outras coisas, ao se retirar algo do uso de todos certamente causaria
problemas para a convivência e, assim, a humanidade teria tido um período de guerra de todos
contra todos pela disputa daquilo que foi retirado do uso comum. Neste conflito a única
garantia do usurpador seria a sua força para manter a propriedade privada e, para cessar os
conflitos e garantir a manutenção dela, o contrato social é instaurado e com ele a força física
que era empregada para proteger a propriedade privada é formalizada e assegurada pela força
da lei. Dessa forma, a passagem do estado de natureza para o estado civil tem como
fundamentação a legalidade da propriedade privada e, por consequência, toda convivência
social é fundamentada pela desigualdade instituída:
Vemos isso no próprio relato de Jean-Jacques nas Confissões, em que recorda como
foi sua primeira infância no início da obra. Com poucos anos de idade teve que morar com
seu tio, Ministro Lambercier, e era uma criança como qualquer outra: era inocente, fazia suas
travessuras, mas nunca com a intenção ou entendimento de que seu gesto provocaria afetaria
alguém negativamente. Se pergunta o autor: “e como me tornaria mau, se só tinha sob a vista
exemplos de doçura, e ao redor de mim as melhores criaturas do mundo?” (ROUSSEAU,
2008, p. 34). Sua condição de existência se altera a partir da incidência de uma injustiça
sofrida: conhecido como o caso do pente. A senhora Lambercier encontra seu pente quebrado
e atribui a culpa ao pequeno Rousseau que tentava se defender da acusação, mas de nada
adiantou: “o senhor e a senhorita Lambercier reuniram-se, exortaram-me, apertaram-me,
ameaçaram-me” (ROUSSEAU, 2008, p. 40). Acontece, nesse momento, uma ruptura
semelhante à da invenção da propriedade privada, em que “o malefício da aparência, a
ruptura entre as consciências põe fim à unidade feliz do mundo infantil” (STAROBINSKI,
2011, p. 20). Foi neste momento que Rousseau toma contato com a primeira maldade e é
apresentado à lógica presente nas relações da vida social. Tal injustiça provoca na criança
uma reação que o faz repetir a maldade:
O genebrino analisa as línguas da sua origem até seu ápice na construção de uma
gramática estruturante da fala e tal movimento deve ter demorado séculos. O grito, vogais e
grandes acentos, exclamações vivas e inarticuladas foi a primeira maneira de comunicação
que tivemos, em que não se distinguiria a fala do canto: “Cantar-se-ia em lugar de falar, a
maioria das palavras radicais seria feita de sons imitativos, de acentos das paixões ou de
efeitos dos objetos sensíveis: a onomatopeia far-se-ia sentir continuamente” (ROUSSEAU,
2015, p. 108).
Com o desenvolvimento das luzes os acentos vogais são trocados por novas
consoantes e as ideias assumem o lugar da expressão dos sentimentos, falando mais à razão
que ao coração, e isso se deve à invenção da escrita. O desenvolvimento da linguagem se
expressa em três diferentes maneiras de escrita: os selvagens, àqueles que pintavam objetos
em sua escrita deveriam ter uma língua apaixonada com vogais acentuadas e inarticuladas,
com suas necessidades e a sociedade formadas pela paixão; os povos bárbaros já deveriam ter
firmado um pacto social e viviam sob leis comuns, aqui “se pintam os sons e falam aos
olhos”, isto é, ainda há uma prioridade da voz à escrita; por último, os povos civilizados
decompõem a voz e criam palavras para ter caracteres comuns entre línguas diferentes, em
outras palavras, possuem alfabeto, a escrita que até hoje perdura se segue pela análise e
construção de palavras, sendo um processo estritamente racionalizado, entendido pelo autor
como uma articulação: “a escrita, que parece fixar a língua, é precisamente o que a altera;
ela não muda suas palavras mas seu gênio; ela substitui a exatidão à expressão”
(ROUSSEAU, 2015, p. 115-6).
Uma língua que possui somente articulações e vogais possui portanto apenas
a metade de sua riqueza: ela exprime ideias, é verdade, porém para exprimir
sentimentos, imagens, precisa ainda ter ritmo e sons, isto é, melodia; eis o
que possuía a língua grega e o que falta à nossa (ROUSSEAU, 2015, p. 146)
Dado este quadro geral do entendimento do percurso de uma língua, que iniciaria
melódica e onomatopaica expressando paixões e necessidades até uma língua escrita
organizada por um alfabeto e harmônica, temos um desenvolvimento da discussão sobre a
linguagem não a partir de uma problemática epistemológica, mas moral, visto que se conclui
com o progresso da escrita e a subordinação da linguagem a ela que:
Como aqui [em nosso mundo real], as paixões são, nele, o móvel de toda
ação, mas são ali mais vivas, mais ardentes, ou talvez apenas mais simples e
mais puras; e por isso mesmo assumem um caráter totalmente diferente.
Todos os primeiros movimentos da natureza são bons e corretos. Eles
tendem o mais diretamente possível à nossa conservação e nossa felicidade,
mas tão logo lhes falte força para prosseguir em sua direção original através
de tanta resistência, eles se deixam defletir por mil obstáculos que,
desviando-os do verdadeiro fim, fazem-nos tomar caminhos oblíquos em que
o homem esquece sua destinação original. O erro de julgamento, a força dos
preconceitos, ajudam muito a nos fazer tomar esse desvio, mas esse efeito
provém principalmente da fraqueza da alma que, seguindo frouxamente o
impulso da natureza, é desviada pelo choque com um obstáculo do mesmo
modo que uma bola toma a trajetória de ângulo de reflexão, ao passo que
aquele que segue mais vigorosamente seu rumo não se desvia, mas, como
uma bala de canhão, vence pela força o obstáculo, ou se amortece e tomba
ao ir de encontro a ele (ROUSSEAU, 1959, p. 668-9)
Aqui temos diferentes maneiras com que a paixão se encontra com os objetos do
mundo. De maneira reta, segue fielmente a natureza e a força o fará ultrapassar os obstáculos
atingindo seu fim de conservação e felicidade, ou irá tombar com o obstáculo e não seguirá
em frente. O caminho oblíquo será aquele em que a paixão irá se desviar do guia da natureza
ao se encontrar com os obstáculos e, com isso, se esquecerá de sua finalidade natural. Tanto o
fausto quanto a força pertencem à uma linguagem reta da natureza, seu dizer não escapa
moralmente daquilo que seria o guia bom e correto. Por outro lado, o movimento oblíquo da
linguagem escapa do guia que a natureza fornece ao sujeito e por isso lhe falta virtude.
De modo geral a música “não representará diretamente essas coisas, mas excitará
na alma os mesmos sentimentos que experimentamos ao vê-las” (ROUSSEAU, 2015, p. 164)
e para isso tem-se a importância da interpretação, como assinala Bento Prado Junior, que
tanto para o músico bem representar como o ouvinte ser tocado pela audição ambos devem ter
tido uma experiência daquilo que a representação imita.
Rousseau em uma de suas passagens das Confissões afirma ter lido alguns de seus
livros em público, se expondo de maneira transparente aos seus semelhantes e que, ao
finalizar sua leitura, percebeu ter gerado engodo na plateia. Bento Prado Junior comenta esse
caso, reforçando a dificuldade do uso da consciência em um ambiente tomado pelo amor-
próprio:
É peculiar a passagem em que Rousseau conta sua experiência ao ler suas Confissões
em público e, ao fim, ter gerado engodo na plateia. Deste caso Bento Prado explicita a
ineficiência da transparência dentro do ambiente social cujas relações são estabelecidas pelo
amor-próprio:
4. Considerações Finais
A atitude tomada por Jean-Jacques Rousseau de isolar-se da sociedade serve como
resposta no âmbito físico, em questão de referenciar um espaço que distingue sociedade e
àquele em que não se estrutura das mesmas diretrizes que esta, ou melhor dizendo, que o
ambiente doméstico e campestre habitado pelo autor tem como função limitar dentro do que é
possível individualmente a localidade segura não fundamentada na desigualdade. Assim como
a natureza habitada pelo homem em estado de natureza, condição de possibilidade para a
liberdade e, por consequência, da igualdade, sua casa serve a esse propósito. Na simplicidade
viva ele, sua esposa Thérèse, seu cão e sua criada e estabelecia-se a relação entre iguais,
conforme o genebrino nos relata em suas Quatro Cartas:
Por sua vez, o sentimento de solidão não é permanente e pode ser abalado a qualquer
contato com os homens que escapam às regras da transparência. A exemplo disto temos o
caso do hóspede presente na casa de Rousseau enquanto o autor escrevia sua terceira carta no
dia 26 de janeiro de 1762, dizendo que “um corpo que sofre tira ao espírito sua liberdade, de
agora em diante, não estou mais sozinho, tenho um hóspede que me importuna, preciso
livrar-me dele para pertencer a mim mesmo” (ROUSSEAU, 2005, p. 31). Este hóspede é o
suficiente para que toda ordenação do espaço entrasse em colapso, tirando o equilíbrio de
quem antes estava ali, pois uma vez que um corpo entra em contato novamente com a doença,
todas as relações são tornadas oblíquas.
Como nos assegura o Vigário de Sabóia: “Ó, sejamos primeiramente bons, e depois
seremos felizes” (ROUSSEAU, 2017, p. 329). A felicidade, para Jean-Jacques Rousseau, se
refere diretamente à moral e como todo ser humano, em sua trajetória pessoal lançou-se na
busca da felicidade na vida solitária.
Referências