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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

GUILHERME HENRIQUE SANTOS OLIVEIRA

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA PARA


COMPREENDER A ANGÚSTIA DO ESTUDANTE DO ENSINO MÉDIO

SETE LAGOAS - MG
2023
GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

GUILHERME HENRIQUE SANTOS OLIVEIRA

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA PARA


COMPREENDER A ANGÚSTIA DO ESTUDANTE DO ENSINO MÉDIO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em Ensino de
Filosofia e Sociologia

SETE LAGOAS - MG
2023
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA PARA
COMPREENDER A ANGUSTIA DO ESTUDANTE DE ENSINO MÉDIO

Guilherme Henrique Santos Olivera1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO - A angústia é um sentimento comum entre os estudantes do ensino médio. O sentimento pode
estar relacionado a diversas questões, como escolha de carreira, dificuldades de aprendizagem e
incertezas sobre o futuro. Nesse contexto, o ensino de filosofia e sociologia pode ser uma ferramenta
importante para o entendimento e superação da angústia, principalmente devido aos impactos da
pandemia de COVID-19, que assolou o mundo. O presente artigo tem como objetivo discutir a
importância dessas disciplinas para a compreensão da angústia vivenciada pelos estudantes de ensino
médio, principalmente devido a pandemia de COVID-19. A partir de uma revisão bibliográfica, serão
apresentados argumentos que demonstram como o conhecimento filosófico e sociológico pode ajudar os
estudantes a refletir sobre suas próprias angústias, bem como sobre as questões sociais e políticas que
afetam suas vidas. A revisão de literatura possibilitou a relação entre pressupostos filosóficos existenciais
e fenomenológicos com a sociologia em analise a realidade atual desses alunos, nota-se que futuras
pesquisas podem aprofundar sobre o tema na busca da compreensão e do desenvolvimento prática que
busquem amenizar impactos na saúde mental desses jovens.

PALAVRAS-CHAVE: Angústia. Ensino Médio. Filosofia. Sociologia. Existencialismo.

1
E-mail: guilhermeho7l@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

A angústia é um sentimento comum entre os estudantes do ensino médio. O


sentimento pode estar relacionado a diversas questões, como escolha de carreira,
dificuldades de aprendizagem e incertezas sobre o futuro. Nesse contexto, o ensino de
filosofia e sociologia pode ser uma ferramenta importante para o entendimento e
superação da angústia, principalmente devido aos impactos da pandemia de COVID-
19, que assolou o mundo.
A filosofia é uma disciplina que nos leva a refletir sobre a condição humana e as
questões existenciais. Ao estudar filosofia, os alunos são convidados a refletir sobre
temas como a vida, a morte, a liberdade e a responsabilidade. Essas reflexões podem
ser importantes para o entendimento da angústia do estudante, que muitas vezes se
sente perdido em meio a tantas possibilidades e escolhas, já a sociologia é outra
disciplina que pode contribuir para o entendimento da angústia do estudante. A
sociologia nos ajuda a compreender as relações sociais e as estruturas que moldam a
vida em sociedade. Ao estudar sociologia, o aluno pode compreender que muitas das
pressões e expectativas que ele enfrenta são construídas socialmente e que existem
alternativas para essas estruturas.
Sendo assim a educação é um processo complexo que envolve não apenas a
transmissão de conhecimento, mas também a formação de indivíduos críticos e
conscientes do mundo ao seu redor. Nesse contexto, o ensino de filosofia e sociologia
tem um papel fundamental no desenvolvimento dessas habilidades. O presente artigo
tem como objetivo discutir a importância dessas disciplinas para a compreensão da
angústia vivenciada pelos estudantes de ensino médio, principalmente devido a
pandemia de COVID-19. A partir de uma revisão bibliográfica, serão apresentados
argumentos que demonstram como o conhecimento filosófico e sociológico pode ajudar
os estudantes a refletir sobre suas próprias angústias, bem como sobre as questões
sociais e políticas que afetam suas vidas.
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Visão Filosófica acerca da Angústia

A origem da palavra angústia remonta do latim angustĭa (ANGÚSTIA, 2022) na


qual, remete ao sentido de 'curteza, brevidade; carestia, escassez, misérias, apuro;
desfiladeiros', de angustus, a, um no sentido de 'estreito, apertado; curto de pouca
duração', de angĕre no sentido de 'apertar, afogar, estreitar'.

Diversos campos do pensamento moderno se dedicaram ao entendimento deste


fenômeno, na filosofia em específico, dentre as principais correntes, o pensamento de
Kierkegaard (1844) a angústia é abordada como atitude do homem em face de sua
situação no mundo, sendo um sentimento puro da possibilidade.

Ainda no pressuposto filosófico, Søren Kierkegaard elenca vários pontos em sua


obra o Conceito de Angústia (1844), no qual o conceito é entendido como a vertigem da
liberdade, ou seja, onde o homem se eleva, mas também se afunda, sendo algo
ambíguo entre repulsa e atração, se tornando culpado e ao mesmo tempo inocente,
tendo a angústia como um poder estranho que se apodera dele, que não amava e
assim pelo contrário se angustia se sentido culpado pelo seu aprofundamento na
angústia, que, contudo, amava enquanto temia.

Na perspectiva existencialista, pode-se citar o pensamento de Sartre (1945).


Para o autor, o homem é angústia, pois nessa visão o homem se dá conta de que ele
não é apenas aquele que escolheu ser, mas também aquele que se coloca como
tomada de decisão simultaneamente a si mesmo e a humanidade inteira, não
conseguindo escapar ao sentimento de profunda responsabilidade.

Heidegger (1927) elenca a angústia como abertura privilegiada, sendo a situação


afetiva fundamental que pode manter aberta, contínua e radical ameaça que vem do ser
mais próprio e isolado do homem, sentindo-se a presença do nada e da impossibilidade
possível da existência ao qual ele denomina como o ser para a morte, compreendendo
assim a sua finitude, agarrando a sua existência e a possibilidade de sair da
decadência e de se apropriar de seu ser.

Na Obra Ser e Tempo, Heidegger (1927) aborda fenomenologicamente em sua


analítica existencial que a angústia é a disposição fundamental como abertura
privilegiada do Dasein, do ser-aí, ser-no-mundo, ou seja, algo que vai além do caráter
de singularização da existência do homem repleto de potencialidades, projetando em
possibilidades do ser, pois que a angústia seria algo privilegiado, pertencendo somente
a quem existe.

Já na corrente existencialista, o psicólogo existencialista Rollo May (1988) em


sua obra A Descoberta do Ser, utilizada a palavra anxiety (ansiedade) nas suas
explanações sobre a angústia sendo um estado em que o ser humano luta contra tudo
aquilo que irá destruir teu ser, vinculando a angústia no sentido próprio ao existir
humano, ao nível ontológico. May pressupõe que através do processo clínico teríamos
base para adentrar nos meados da angústia em prol de aproximar deste mal a fim de
identificar do que nos angustiamos.

A psicologia existencial se desenvolve com a influência da fenomenologia e do


existencialismo, com o objetivo de facilitar no sujeito a busca pelo autoconhecimento e
uma autonomia psicológica suficiente para que ele possa assumir livremente a sua
existência, fazendo uma revisão sumária sobre o que caracteriza a existência individual
do ser-no-mundo elencando os conflitos de perturbação mental como a possibilidade do
existir (TEIXEIRA, 2006).
2.1 Impactos da Pandemia de COVID-19 na educação.

Os impactos da pandemia de COVID-19 são inúmeros, segundo Silva e Rosa


(2021), inegável que, além das preocupações com a saúde, os estudantes tiveram que
enfrentar interrupções no seu dia a dia e incertezas relacionadas à continuidade dos
estudos. Portanto, estas emergências de saúde pública criam medo e podem levar a
sofrimento emocional e maiores consequências psicológicas, que vão desde respostas
ao stress, como ansiedade, depressão e abuso de substâncias, até alterações
comportamentais, como distúrbios do sono e alterações dietéticas.
Rosa e Giorno (2022) aborda que muitos estados no Brasil adiantaram as férias
escolares para terem mais tempo para planejar novas medidas. Contudo, a velocidade
com que a disseminação ocorreu, devido a um intrincado processo de globalização,
junto com as incertezas causadas pela falta de entendimento sobre essa nova
enfermidade, não permitiu que as diversas instituições educacionais tivessem o tempo
necessário para se adaptar a uma nova realidade em que as tecnologias digitais de
informação e comunicação se tornariam o principal meio de ensino.
Com o agravamento da pandemia faz se emergir a percepção de finitude de
finitude através da angústia existencial, ou seja, um sentimento em relação a morte
além disso, apesar de outras perdas e sofrimentos vividos pelos jovens devido a
circunstâncias socioeconómicas ou ao isolamento social durante a pandemia da
COVID-19. Uma das medidas adotadas com agravamento da pandemia foi a
suspensão das aulas presenciais e a adoção do ensino remoto com tecnologias de
ensino a distância para dar continuidade ao ano letivo, porém nem todos os alunos
possuíam recursos tecnológicos para acompanhar as aulas, algo que por sua vez se
tornou um dos fatores para o aumento dessa angústia. (KEPLER; NOGARO, 2022,
p.10)
Outro pressuposto impactado pela angústia vivenciada pelos estudantes no
período de pandemia de COVID-19 foi a evasão escolar, pois com as aulas remotas
realizadas através de aplicativos de vídeo conferência, materiais impressos e
transmissão de por canais de TV, sem os recursos apropriados, as avaliações dos
professores se tornaram uma tarefa imprecisa, logo alguns alunos, ao perceberem que
a aprovação não exigiria grande esforço, perderam o interesse nos estudos. Outros, por
falta de acesso a recursos tecnológicos para participar das aulas, se afastaram. Além
disso, houve aqueles que conseguiram empregos para contribuir com a renda familiar.
(AMARAL; TAQUES; TORTORELLI; PALARO, 2021, P.3)

2.2 Perspectivas Sociológica da angústia

Conforme abordado por Souza (2006), a disparidade socioeconômica é um


assunto intricado que pode ser analisado através de diversas óticas. Em linhas gerais,
manifesta-se através de medidas objetivas de caráter financeiro, principalmente na
disparidade de distribuição de recursos, abrangendo também facetas ligadas à
existência, interações sociais e participação política.
Atrelado a isso, durante a adolescência, surgem possibilidades de
desenvolvimento não apenas em aspectos físicos, mas também na habilidade cognitiva
e social, na independência, na autoestima e na intimidade, porém os desafios
socioeconômicos impactam diretamente em seu desenvolvimento. Segundo De Leone
(1979) o aspecto mais prejudicial da desigualdade social para os jovens, não são só os
perigos associados à mortalidade, enfermidade, desintegração familiar, falhas na
educação e similares; mas também o fato de que, para a maioria deles, a vida adulta
não promete melhorias significativas. Para a maioria, o horizonte futuro parece vago,
uma realidade que, sustentamos, exerce um impacto substancial em seu processo de
crescimento.
Portanto, no Brasil, houve avanços notáveis na ampliação do acesso a todos os
níveis e modalidades de ensino, culminando na universalização do acesso ao ensino
básico. No entanto, persistem desafios significativos, como a baixa média de
escolaridade da população e a persistente desigualdade, o que continua a colocar em
pauta a necessidade de universalizar o acesso à educação básica e elevar os padrões
de qualidade do ensino. Além disso, é imperativo enfrentar o analfabetismo, dado os
impactos de longo prazo que isso acarreta para o setor educacional (CASTRO, 2009, p.
674).
3 CONCLUSÃO

O Presente trabalho demonstrou dentre os principais resultados encontrados,


reflexões sobre o sentimento de angústia gerado pelos alunos do ensino média
mediante as incertezas do futuro, bem como os impactos ocasionados na pandemia,
utilizando o ensino de filosofia e sociologia como ferramenta para analisar a realidade
enfrentada. Para alcançar estes fins, foi realizado um levantamento da literatura
existente sobre o tema referenciando teoricamente levando em consideração
pressupostos históricos contemporâneas.
A revisão de literatura possibilitou a relação entre pressupostos filosóficos
existenciais e fenomenológicos com a sociologia em analise a realidade atual desses
alunos, nota-se que futuras pesquisas podem aprofundar sobre o tema na busca da
compreensão e do desenvolvimento prática que busquem amenizar impactos na saúde
mental desses jovens.
Portanto, compreender esses pressupostos, nos dará suporte para elaboração
de estratégias para minimizar esses impactos decorrentes da angústia, pois em um
mundo repleto de incertezas atrelado as mudanças enfrentadas por esses jovens e
suas condições socioeconômicas, se torna necessário essa reflexão, pois a angústia é
a condição da existência como apontado por Heidegger (1927), em que o Dasein, o
ser-aí, o ser-no-mundo, busca autenticidade.
4 REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo– BR. Editora Martins


Fontes, 2020.
CASTRO, J. A. DE .. Evolução e desigualdade na educação brasileira. Educação &
Sociedade, v. 30, n. 108, p. 673–697, out. 2009.
DE LEONE, R. (1979). Small future: Children, inequality and the limits of liberal reform.
New York: Harcout, Brace, Jovanovich.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Freiburg. Alemanha. Editora Vozes, 1927.
KEPLER, R. DOS S. R.; NOGARO , A. FINITUDE E ANGÚSTIA EXISTENCIAL ENTRE
ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA: AGRAVANTES DA COVID-19.
ROTEIRO, [S. L.], V. 48, P. E32246, 2023. DOI: 10.18593/R.V48.32246. DISPONÍVEL EM:
HTTPS://PERIODICOS.UNOESC.EDU.BR/ROTEIRO/ARTICLE/VIEW/32246. ACESSO EM: 3 SET.
2023.
KIERKEGAARD, Søren. O Conceito de Angústia. Rio de Janeiro – BR. Editora Vozes,
1844.
MAY, Rollo. A Descoberta do Ser: estudos sobre a psicologia existencial. Rio de
Janeiro – BR. Editora Rocco, 1988.
ROSA, B. O.; COSTA E SILVA GIORNO, L. L. Ensino Remoto Emergencial em
Tempos de Pandemia: A Percepção de Alunos do Ensino Médio e Técnico
Integrado no Uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem. REVISTA CIENTÍFICA
FUNDAÇÃO OSORIO - ISSN:2526-4818, v. 7, n. 1, p. 12-30, 14 nov. 2022.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. Rio de Janeiro – BR.
Editora Vozes, 1946
Souza, J. (2006a). Apresentação. In J. Souza (Org.), A invisibilidade da desigualdade
brasileira (pp. 9-21). Belo Horizonte, MG: Editora UFMG.
SILVA, S. M. da; ROSA, A. R. O IMPACTO DA COVID-19 NA SAÚDE MENTAL DOS
ESTUDANTES E O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO COMO FATOR DE
PROMOÇÃO E PROTEÇÃO. Revista Prâksis, [S. l.], v. 2, p. 189–206, 2021. DOI:
10.25112/rpr.v2i0.2446. Disponível em:
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistapraksis/article/view/2446. Acesso em:
3 set. 2023.
TEIXEIRA, José A. Carvalho. Introdução à psicoterapia existencial. Análise
psicológica, v. 24, n. 3, p. 289-309, 2006.

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