Aula 8 - Ler, pesquisar e escrever

história em tempos de internet:

desafios e possibilidades
(George Zeidan Araújo)
Surgimento, desenvolvimento e configuração atual da internet
A história da internet é um elemento peculiar da história do desenvolvimento das
tecnologias de mídia e de comunicação que tiveram um grande impulso a partir de
meados do século XX. Esse desenvolvimento não teria acontecido sem o
barateamento e a difusão dos computadores, que até então eram dispositivos utilizados
por uma pequena parcela da população para desenvolver tarefas muito específicas.
Origem: no contexto da Guerra Fria, em meados de 1969, a Arpa (Advanced Research
Projects Agency) desenvolveu uma rede de computadores chamada Arpanet.

Essa rede deveria mobilizar recursos de pesquisa envolvendo a área

computacional, com o escopo de tentar diminuir a desvantagem tecnológica militar
dos EUA em relação à URSS.

Na década de 90, o crescimento da internet sob provedores privados de serviços

aumentou drasticamente e alcançou muito rápido a dimensão de uma rede global de
computadores.
Com a internet atraindo a atenção de um número crescente de pessoas, entre 1994 e
1995, várias revistas e outros meios de comunicação em diversos países passaram a
divulgar as novidades e possibilidades que ela trazia.
Web 1.0: apesar de ter difundido e tornado usuais o acesos a redes de computadores,
utilização de hyperlinks, navegação em sites e uso de e-mails, é considerada uma fase
repleta de limitações que seriam superadas até o estabelecimento da Web 2.0, em
2004.
Web 2.0: possibilita a vivência de outros tipos de experiências relacionados à
inventividade e à criatividade. Com a possibilidade não apenas acessar, mas também
de alterar o conteúdo de uma página online sem conhecimento de edição, o ato de ler

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 se tornaria imediatamente simultâneo ao de escrever, e ambos possuem uma forte
dimensão coletiva.

História digital: desafios e possibilidades

Como a história digital é considerada algo relativamente recente, os historiadores nem
decidiram como fazer sua classificação. Ela tem sido uma tendência historiográfica, e
também uma metodologia específica, um subcampo na História, ou até mesmo um
novo paradigma historiográfico.

Leitura histórica e internet

As transformações socioculturais acarretadas pelo uso em larga escala da internet
também alteraram várias atividades que eram desempenhadas pelos profissionais que
se dedicam à história.
A leitura feita em meio digital, diante da tela, pode ser problemática, pois geralmente é
descontínua e costuma conceber uma fragmentação da própria obra, documento ou
meio através do que são veiculados.

Pesquisa histórica e internet

As recomendações básicas do ofício de historiador, aprendidas ao longo da formação,
não devem ser descartadas pelo advento da internet e dos meios digitais. O historiador
deve valer-se das técnicas disponibilizadas pela tecnologia da internet e dos meios
digitais par aa realização de sua pesquisa, seguindo sempre os preceitos da profissão
(como um olhar crítico na análise dos fatos e uma crítica das fontes).
É certo que a internet, a leitura e a leitura em meio digital, ao disponibilizarem uma
série de ferramentas de trabalho mais práticas, mais baratas e mais rápidas, afetaram
(revolucionaram) os modos e tempos da investigação histórica. Apesar disso, nem tudo
se tornou necessariamente mais fácil ou mais prático para a pesquisa histórica.

É preciso prestar atenção às dificuldades que podem surgir no momento de citar ou

organizar as referências obtidas na internet. Essas podem ser dificuldades práticas e
também teóricas, já que implicam nas condições de transmissão e conservação do
saber histórico.

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 O estatuto das publicações eletrônicas na internet deve ser levado em consideração.
Ele é envolto em uma série de questões éticas, legais e editoriais que ainda são pouco
discutidas e versam sobre o status quo de comunicação acadêmica enquanto sistema
tecnológico.

Escrita da história e internet

A possibilidade de que existam textos de autoria múltipla (por vezes anônima) e em

constante modificação abala algumas das mais antigas tradições no campo da história:
a do trabalho atribuído quase sempre a um único indivíduo e não passível de
modificações após sua publicação (a não ser que o autor realize uma reedição).

Tanto o problema da autoria múltipla de um texto em perpétua modificação, quanto as

novas possibilidades de narrativa histórica tocam em pontos muito sensíveis do campo
da história. Mesmo com todas essas dificuldades que o debate de assuntos possa
provocar, a discussão no momento (2014) é de extrema importância para o estatuto da
história enquanto ciência humana.

O futuro da história, em todas as suas vertentes e possibilidades, continua em aberto.

E como a disciplina teórica está frequentemente questionando suas relações com a
filosofia, a ciência e a literatura, talvez o melhor caminho ainda seja procurar aproveitar
as ferramentas disponíveis em nossa época para ajudar a escrever mais um capítulo
da história da historiografia.

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