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CRÔNICA MEDIEVAL DA HISTÓRIA DOS BRETÕES

Título: História dos Bretões (c. 800)


Autor: Nennius
Tradução: Adriana Zierer
Data: séc. IX, 858 d.C.
Disponível em: https://www.ricardocosta.com/traducoes/textos/historia-dos-bretoes-c-800

“858 da Encarnação do Senhor, e no vigésimo quarto ano de Mervin, rei dos


bretões”

1.1 Prólogo
No prólogo o escritor Nennius se descreve como, para além de um historiador
dos bretões (para não ser um ninguém) e discípulo de São Elbotus, um
servo dos servos de Deus. Sua escrita o coloca como abaixo de muitos,
passando um caráter humilde e, frequentemente, atingindo a auto
humilhação.
Ainda nesta sessão expressa, com clareza, a intenção de sua obra.
Num primeiro olhar, divaga sobre a importância da verdade e como ela
deve ser resgata na história, de forma que engrandeça a seus ouvintes e
não se perca. Posteriormente fica claro que, tal como outras crônicas
medievais, a História dos Bretões não foi escrita por livre e espontânea
iniciativa de Nennius, mas por encomenda.
“Porém, carrego comigo um ferimento na alma, e estava indignado que o nome do meu povo,
outrora famoso e distinto, pudesse afundar para o esquecimento, e como fumaça ser dissipado.”

Enfim, o escritor se coloca como pobre de língua e exalta, com frequência,


características e feitos romanos. O mesmo também se descreve como um bretão,
pertencendo ao reino de Gales, um dos últimos assentamentos bretões da Grã Bretanha.
Comenta ainda, em sua analogia, que antes dele outros tentaram escrever a história
dos bretões, contudo não o fizeram por dificuldade, morte ou guerra.

2. Disposições Gerais e Origem


Nennius dá início à narrativa de uma perspectiva cristã, datando as “idades do
mundo”, sendo a primeira de Adão ao dilúvio (2042), a segunda do dilúvio a Noé (942),
a terceira de Noé a Davi, a quarta de Davi a Daniel, a quinta seria a de João Batista e a
sexta e última começa em João e vai até o dia do julgamento.
Em sequência imediata, nomeia cada um dos romanos a terem influência em
território bretão, situando o início de sua história emparelhado com o imperador
Constâncio, onde provavelmente fora a data fornecida pelos Anais romanos.
“O primeiro foi Júlio (César). O segundo, Cláudio. O terceiro, Severo. O quarto, Carino. O
quinto, Constantino. O sexto, Máximo. O sétimo, Maximiano. O oitavo, outro Severo Equantio. O nono,
Constâncio.”

Pelo mesmo documento, Nennius dá as dimensões da ilha da Bretanha (não


contando com a Irlanda), seus principais rios, cidades e povos (pictos, escotos, bretões e
saxões). Seu nome, Bretanha, teria surgido de um cônsul romano chamado Brutus, e
sua origem, pelos mesmos Anais, ligada aos gregos e romanos por uma
consanguinidade atrelada à Eneias (Eneida).

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