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CULTURA E NATUREZA: um exemplo entre os


Xavante da TI Sangradouro/Volta Grande-MT
!BERNADETE CASTRO OLIVEIRA1

RESUMO
AS AMEAÇAS ÀS TERRAS INDÍGENAS NÃO SÃO CONSTITUÍDAS APENAS PELA DEGRADAÇÃO DE SEU PATRIMÔNIO AMBIENTAL,
MAS PRINCIPALMENTE PELA DESCARACTERIZAÇÃO DA CULTURA E DO DIREITO INDÍGENA. O MODELO DE CONCENTRAÇÃO
FUNDIÁRIA ESTABELECIDA NO BRASIL ALIADO A INTERESSES ESPECULATIVOS SOBRE OS RECURSOS NATURAIS ABRE
NOVAMENTE O DEBATE SOBRE AS TERRAS INDÍGENAS DE FORMA ESTEREOTIPADA, COMO SE FOSSEM OCIOSAS E, PORTANTO,
PASSÍVEIS DE REDUÇÃO DE SUAS EXTENSÕES.
AS PRERROGATIVAS LEGAIS QUE REGEM O DIREITO INDÍGENA À TERRA, CONSTITUEM-SE EM UM DIREITO ESPECIAL
DIFERENTE DA POSSE E DA PROPRIEDADE, POIS SE REFEREM À DOUTRINA DO INDIGENATO, RECONHECIDO E LEGÍTIMO
DESDE O ALVARÁ RÉGIO DE 1 O DE ABRIL DE 1680 DA LEGISLAÇÃO PORTUGUESA.
RESSALTA-SE ENTRETANTO, QUE APESAR DE CONSTANTE PRESSÕES SOBRE AS COMUNIDADES INDÍGENAS, ATÉ MESMO
GENOCÍDIOS, HOUVE SIGNIFICATIVA MUDANÇA NAS CONCEPÇÕES SOBRE A TERRA INDÍGENA. AO MESMO TEMPO QUE SE
ESTABELECERAM LIMITES PRECISOS DAS ÁREAS OCUPADAS, O MODO DE VIDA DESSES GRUPOS DEMARCAVA UM ESPAÇO
MAIS AMPLO, ALÉM DAS DIVISAS ADMINISTRATIVAS, CARACTERIZANDO UM TERRITÓRIO QUE SE ESTENDE E ENGLOBA
ÁREAS CONTÍGUAS E NÃO CONTÍGUAS ÀS ALDEIAS UTILIZADAS NA REPRODUÇÃO MATERIAL E CULTURAL DA COMUNIDADE
O CONHECIMENTO XAVANTE DAS ESPÉCIES VEGETAIS E ANIMAIS DO CERRADO, BEM COMO SUA UTILIZAÇÃO, REPRESENTA
PROVA CONCRETA SOBRE O DOMÍNIO DA BIODIVERSIDADE DO MEIO AMBIENTE QUE OCUPAM, ASSIM COMO OFERECE
ALTERNATIVAS POSSÍVEIS DE USO E SUSTENTABILIDADE NOS CERRADOS DO ESTADO DE MATO GROSSO.
PALAVRAS CHAVE: PATRIMÔNIO CULTURAL E TERRITÓRIO; BIODIVERSIDADE E SUSTENTABILIDADE; CONHECIMENTO
INDÍGENA.

A fronteira mato-grossense não é recente, é fron- A administração colonial se empenhou em man-


teira antiga demarcada por interesses dos reinos de ter a posse dos domínios de Portugal nessa porção
Portugal e Espanha. Na faixa de divisa, o rio Guapo- do território, destacando como área prioritária a
ré representou a linha divisória entre os domínios faixa de terras entre os rios Guaporé e Paraguai,
espanhol e português a partir do Tratado de Madri fundando cidades, fortes e povoados. Luís de Al-
em 1750, quando as povoações fundadas na sua mar- buquerque de Melo Pereira e Cáceres se incum-
gem oriental passaram a pertencer a Portugal. biu de fundar a partir de 1774 os povoados de

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Poconé, Casalvasco, Cáceres, Corumbá, Forte de outubro a março, cada grupo permanece numa
Coimbra, no rio Paraguai, e o Forte do Príncipe da pequena eminência que domina um Curso dágua;
Beira, hoje localizado no estado de Rondônia. os indígenas aí constroem cabanas grosseiras com
A atração pelo ouro transformou sempre o ce- ramos e palmas. Fazem queimadas na floresta-ga-
nário onde esse metal foi descoberto; revolvendo a leria que ocupa o fundo úmido dos vales e plan-
terra, abrindo fendas, escavando e expondo o solo tam e cultivam hortas em que figuram sobretudo a
remexido, lembrando mais a morte do que a vida. mandioca (doce e brava), diversas espia eles de
Os caminhos que vinham de São Paulo eram milho, fumo, às vezes feijão, algodão, amendoim
também caminhos de tropa, que levavam para aque- e cabaças.”(Lèvi-Strauss; 1957, p.290)
la área a pecuária, uma fonte de renda para seus As ameaças às terras indígenas não são consti-
donos e de impostos para a Coroa. tuídas apenas pela degradação de seu patrimônio
A mineração no Mato Grosso teve inicialmen- ambiental, mas principalmente pela descaracteri-
te estreita ligação com a mão-de-obra indígena, zação da cultura e do direito indígena. O modelo
utilizada no trato minerador e nas monções. A de concentração fundiária estabelecida no Brasil
ocupação dessas terras foi feita em períodos dis- aliado a interesses especulativos sobre os recursos
tintos onde, durante os séculos XVIII e XIX, o naturais abre novamente o debate sobre as terras
governo português concedeu sesmarias e promoveu indígenas de forma estereotipada, como se fossem
o aldeamento de “índios mansos”. As sociedades tri- ociosas e, portanto, passíveis de redução de suas
bais foram as primeiras a sofrerem o impacto do mundo extensões.
dos brancos, que se deslocou para oeste num pro- O processo de cercamento das terras indígenas
cesso de rapinagem do meio natural, invadindo as no Brasil tem sido feito ao longo de nossa história,
terras indígenas e domesticando suas culturas. demonstrando que essas terras, mesmo não sendo
A apropriação dos recursos naturais e a con- atingidas dentro de seus limites, mas no seu entor-
cepção de território indígena é bastante diversa no, por empreendimentos públicos ou privados e
da noção cartesiana de espaço, com seus limites pela expansão urbana, ela vai sendo exaurida no seu
fixos e quantificados. Para as populações indíge- potencial físico-natural de “fora para dentro”.
nas o espaço que podem ocupar é aquele também Essa fragilização do entorno das terras indíge-
constituído pela sazonalidade, demarcado pelas nas é tão fatal quanto a invasão direta, pois com-
enchentes e vazantes, pelos territórios de caça, promete os rios e nascentes, degrada a vegetação
pelos espíritos. Lèvi-Strauss, ao descrever o ca- e impede a circulação/procriação da fauna – com-
lendário anual Nambiquara, demonstrou a mobili- plementos indispensáveis da dieta indígena – le-
dade do grupo segundo as estações secas e chuvo- vando a um empobrecimento da composição ali-
sas, desenhando os limites de seu território para mentar e causando altos índices de desnutrição.
além dos limites da aldeia: Ressalta-se entretanto que, apesar de constan-
“O ano nhambiquara divide-se em dois perío- te pressões sobre as comunidades indígenas e até
dos distintos. Durante a estação das chuvas, de mesmo dos genocídios, houve significativa mudan-

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ça nas concepções sobre a terra indígena. Ao mes- se encontram os recursos naturais fundamentais à
mo tempo que se estabeleceram limites precisos sua reprodução econômica e cultural; suas trilhas
das áreas ocupadas, o modo de vida desses grupos e caminhos; cemitérios e as outras aldeias em que
demarcava um espaço mais amplo, além das divisas viveram seus antepassados. É um espaço construí-
administrativas, caracterizando um território que do segundo as relações sociais materiais e simbóli-
se estende e engloba áreas contíguas e não contí- cas com a natureza, com os outros grupos indíge-
guas às aldeias utilizadas na reprodução material e nas e também com a sociedade nacional.
cultural da comunidade – corresponde a “habitat”. Isto não é apenas conteúdo de uma concepção
Desse modo, a questão das terras indígenas se indígena sobre a terra, mas se encontra formulada
encontra associada a “variantes culturais da vida no Art. 231 parágrafo 1º da Constituição Federal
indígena”, não a reduzindo apenas a direito patri- de 1988. Neste parágrafo considera-se terras tra-
monial, entendido que o direito de propriedade é dicionalmente ocupadas pelos índios, aquelas uti-
do Estado, mas o direito de posse é do indígena. lizadas para suas atividades produtivas imprescin-
Tanto o conceito de posse imemorial quanto o díveis à preservação dos recursos ambientais ne-
de habitat remanescente tornam a terra indígena cessários à sua reprodução física e cultural, segun-
revestida de um caráter antropológico e socioló- do usos, costumes e tradições.
gico como ressalta o Art. 23 do Estatuto do Índio Esta estreita relação entre o modo de vida in-
(Lei nº 6001, de 19/12/1973): “considera-se pos- dígena e as formas de apropriação dos recursos
se do índio ou silvícola a ocupação efetiva da ter- naturais torna indissociável a concepção entre terra
ra, que, de acordo com os usos, costumes e tradi- indígena e a preservação ambiental. No Art. 46
ções tribais, detém e onde habita ou exerce ativi- do Código Florestal o conceito de floresta per-
dade indispensável à sua subsistência ou economi- manente é fixado em relação ao índio, referindo-
camente útil.” se a esta como sendo destinada a “manter o ambi-
Firmando essa concepção de habitat pode-se ente necessário à vida das populações indígenas”.
inferir que terra indígena corresponde também a Pode-se inferir, portanto, que os atos de terceiros
ambiente ecológico conforme reitera o Art. 24 contra ecossistemas que correspondem às flores-
do Estatuto do Índio, ou seja, que o usufruto de tas permanentes, onde populações indígenas têm
suas terras assegurado aos índios compreende o seu habitat, são atos que interferem no modo de
direito de posse, o uso e percepção das riquezas vida indígena.
naturais e de todas as utilidades existentes nas ter- A Constituição Federal de 1988, no Capítulo
ras ocupadas: uso dos mananciais, das águas das VIII – Dos Índios – Art. 231 ressalta ao final que é
vias fluviais, da caça e pesca, e da flora. competência da União demarcar as terras indíge-
Para os grupos indígenas, a construção de seu nas, protegê-las e fazer respeitar todos os seus bens.
espaço de vida implica uma percepção do territó- Uma vez que se reconhece o direito do índio à
rio enquanto “domínio histórico”, isto é, engloba terra como direito originário, suas práticas em re-
os antigos sítios material e simbólico; áreas onde lação ao meio físico natural e todo referencial sim-

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bólico que as acompanha, se reconhece também, NAI. A proporção entre as partes era extremamen-
suas “tradições ancestrais”. A concepção de terri- te desigual: no primeiro contrato os fazendeiros
tório indígena, portanto, está ancorada nesses pres- ficariam com 80% e a AMIX (da aldeia Marimbu)
supostos. com apenas 20%; no segundo contrato os fazen-
A população A’uwê Xavante da Terra Indígena deiros ficariam com 85% e a AIAU(da aldeia Bom
Sangradouro, localizada nos municípios de Gene- Jesus) com apenas 15%.
ral Carneiro e Poxoréo/MT, tem no entorno de A Constituição Federal de 1988 (Art.231,§.2o)
seus domínios a presença de fazendas que culti- prevê a terra indígena com usufruto exclusivo dessa
vam arroz, soja, milho, algodão, pecuária, etc. Es- população, sendo também inalienáveis, indispo-
tes fazendeiros possuem propriedades vizinhas à níveis, cujo direito sobre elas é imprescritível.
Reserva muitas vezes se aproximando das aldeias Também a Lei 6001/73 conhecida como Estatuto
na tentativa de firmar acordos com algumas lide- do Índio (Art. 18, §1o ), veda a qualquer pessoa
ranças indígenas. estranha às comunidades indígenas a caça, pesca,
A Terra Indígena Sangradouro e Volta Grande coleta e atividade agropecuária e extrativa.
representa uma reserva natural de cerrado e mata Entretanto foram feitas queimadas e as terras
e se encontra “ilhada” por médias propriedades de foram gradeadas, tanto na aldeia Marimbú quanto
soja, algodão, sorgo, matéria prima para as indús- na Aldeia Bom Jesus. Outras aldeias como Abeli-
trias de óleo e ração. nha, Santa Glória, Cabeceira, Três Lagoas, etc, que
No ano de 1998 fazendeiros vizinhos à Reser- formam a T.I.Sangradouro, não participando des-
va já haviam desmatado mais de 200 hectares de ses contratos, mostram grande estranhamento e
cerrado na parte oeste da T.I. Sangradouro, e plan- preocupação com o desmatamento extensivo a
tado arroz. No início de 1999, em 08/3 e 08/4, partir do ano de 1999.
dois caciques solicitaram ao presidente da FUNAI, A roça de toco feita pela população indígena
Sr. Márcio Lacerda, as medidas necessárias para a A’uwê Xavante é completamente diferente da agri-
viabilização de “projeto de parceria agrícola” numa cultura mecanizada em grande extensão, pois a
área de 5 mil hectares de cerrado, junto à aldeia queimada, gradeação e catação de raízes não per-
Bom Jesus, com fazendeiros locais; noutra área, de mitem a recuperação das áreas devastadas, uma vez
10 mil hectares também de cerrado, para “traba- que os contratos de exploração agrícola se esten-
lhar com arrendamento e parceria” junto à aldeia deriam de 10 a 15 anos.
Sangradouro. Nos contratos de prestação de serviço, os ca-
Os caciques assinaram os contratos na certeza ciques e vice-caciques foram responsabilizados
de estarem trazendo autonomia econômica e pro- pelos acordos, sendo acusados de estarem agindo
gresso às suas aldeias uma vez que essas se encon- contra os interesses das aldeias. Na condição de
tram carentes quanto a saúde e alimentação, em contratantes eram autênticos portadores da iden-
função do quadro de “abandono” a que estão sub- tidade étnica A’uwê Xavante, que mesmo repre-
metidos, recebendo apenas cesta básica da FU- sentando suas respectivas aldeias diante da socie-

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dade envolvente e encarnando a figura de sócio ta e altera as práticas de sobrevivência dos grupos
nos respectivos contratos, não lhes era imputável indígenas, restringe as áreas de caça e coleta indí-
a caracterização de aculturado, como os fazendei- gena, impede a livre circulação dos índios, trans-
ros apontavam. forma e degrada o meio ambiente em torno das
Entretanto, o que pesava sobre eles era a ten- aldeias. Isso se reflete diretamente sobre as formas
tativa de desconsiderar o pertencimento étnico de obtenção e produção dos alimentos: diminu-
desses representantes das aldeias, posturas hoje em a população ou espécies de animais, de plan-
assumidas por parte da mídia quando se refere ao tas, contaminam os rios e córregos, restringe as
índio em contato com a sociedade brasileira. Essa áreas de roça, etc...
postura tem sido constante no momento atual Diminuindo as alternativas de obtenção de ali-
quando os interesses econômicos pressionam as mento, portanto alterando a vida material do gru-
terras indígenas questionando suas grandes exten- po, afeta conseqüentemente suas práticas sociais
sões e impondo obstáculos ao processo de demar- que dependem dessa base material; os índios em
cação das mesmas. muitas aldeias são “forçados” a trabalhar. Criando
A terra como posse coletiva do grupo, dos clãs, gado ou plantando para os fazendeiros vizinhos
tem seu uso definido de acordo com as regras de num regime de parceria. Muitas vezes negociando
parentescos, determinando quem entra, quem sai com madeireiras árvores nativas – como antigo es-
na aldeia, constituindo sempre novos núcleos, for- cambo ou assumindo o papel de “garimpeiros” sen-
mando novas aldeias, isto é, um movimento con- do desmoralizados diante da sociedade nacional.
tínuo de expansão territorial. (Desenho 1) É essa uma das maneiras que vem sendo utiliza-
Isso é uma contradição dentro da sociedade da de modo amplo para a exploração do trabalho
brasileira, pois o modo de produção e consumo indígena, cuja autonomia fica ameaçada diante da
das sociedades indígenas se apóia numa lógica falta de recursos que é colocada para as aldeias
contrária à do estatuto da propriedade privada da pressionando-as de fora para dentro.
terra. Por causa disso os setores empresariais, polí- Na T.I. Sangradouro/MT, a preocupação das
ticos e técnicos se mostram interessados na refor- famílias Xavante com o desmatamento, com as
ma constitucional de 1988, por meio da qual fo- queimadas dentro da respectiva reserva e seu en-
ram conquistadas garantias ao território indígena. torno, vem destruindo o patrimônio natural que
O processo de desenvolvimento econômico do serve de base material à sua própria sobrevivência
Brasil foi, desde a colonização, se expandindo so- e a de seus descendentes.
bre as terras indígenas, quando não exterminando Como em uma agricultura comercial mecani-
a população e tomando as terras, foram cercando- zada e em larga escala recorre-se freqüentemente
as de modo a torná-las verdadeiras “ilhas” de cultu- ao uso de insumos químicos e agrotóxicos, técni-
ra e preservação ambiental. (Imagem 1) cas adversas às práticas agrícolas das populações
Esse cerco talvez seja o mais violento, como as indígenas, ocorre inevitavelmente a poluição das
missões e aldeamentos, pois da mesma forma limi- nascentes, lagoas e rios. “A destruição está che-

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gando. Já podemos ver o óleo na água...depois de portanto, os espíritos associados a esses ambien-
comer peixe da lagoa várias pessoas já se sentiram tes, que são os seus donos, mantendo com a co-
mal...” (Divino Tserepsé, aldeia Bom Jesus, 2002). munidade Xavante relações de aproximação ou afas-
Índios A’úw½ Xavante da Reserva do Sangra- tamento.
douro localizada a cerca de 70 Km de Primavera Os donos da água viva dos rios são os Ötedewa,
do Leste, um dos pólos produtores de soja no Bra- que cumprem um papel na orientação dos adoles-
sil, denunciam a contaminação do rio das Almi- centes, alertando contra os perigos dos rios, a cura
nhas. Segundo os índios, produtores da região e para certas doenças, o controle dos peixes e dos
garimpeiros estariam depositando óleo, resíduos jacarés, mostrando-se generosos. Já os Uutedewa,
químicos e agrotóxicos no rio. O rio das Almi- donos das águas paradas, habitam o fundo de cer-
nhas forma a Lagoa Encantada, um local sagrado tos lagos, e se mantêm hostis aos Xavante, os quais,
para os A’úw½ Xavante. As aldeias situam-se às nos rituais que precedem a pesca nos lagos, têm
margens dos rios e córregos e utilizam sua água de pedir permissão para pescar.
para o consumo e outros usos domésticos (lavar Esses espíritos habitam uma zona intermediária
roupa, louças, etc) expondo a população a uma entre a superfície da água e o solo, no fundo dos
série de contaminações. rios e lagos que, uma vez secando, libertará esses
A água, como demais elementos da natureza, espíritos.
faz parte de um patrimônio cultural herdado e São aspectos da cosmologia Xavante que nos
compartilhado pela comunidade. ajudam a interpretação sobre preservação ambien-
O conhecimento indígena sobre a natureza não tal a partir da concepção indígena, indicando “zo-
está dissociado do mundo invisível dos espíritos, nas frágeis” para proteção, diante dos processos de
os quais desempenham nele importante papel transformação pelos quais passam essas áreas.
quanto a sua preservação e reprodução social Essa divisão dos ambientes naturais em áreas
(Gray, 1990). de acesso e de restrição coloca a necessidade de
Em várias etnografias, como Um Vôo Sobre O uma investigação mais detalhada, para se com-
Cerrado Xavante (Carrara, 1997) e A iniciação preender a territorialidade da cultura Xavante na
Xavante à vida adulta (Giaccaria, 2001), o uso da respectiva TI, quanto aos seus usos, potenciali-
água aparece como aspecto fundamental para os dade natural e limites.
Xavante, como categoria do ambiente, da cultura De forma diferente das tipologias científicas
e das relações sociais. sobre os solos, vegetação e vida animal, o conhe-
A água é considerada para os Xavante sobretu- cimento indígena sobre o meio ecológico indica
do sob dois aspectos com significados simbólicos: áreas específicas reconhecidas pela comunidade
a água dos rios, identificada com água corrente partindo da diversidade que as compõe e os recur-
(água viva), representada pela palavra ö; e pela água sos que oferecem (Posey, 1997). São categorias
dos lagos, lagoas, identificada pela água parada (ou êmicas, que dividem o ambiente natural em “eco-
água morta), representada pela palavra u . Existem zonas”, ou níveis de recursos específicos quanto à

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heterogeneidade biológica e potencialidades. O É importante esclarecer que as áreas desmata-
que caracteriza para os Xavante no ambiente de das situam-se nas porções mais elevadas do relevo,
cerrado, verdadeiras “unidades de recursos” (Po- nos topos, provavelmente coincidindo com a ocor-
sey,1997), espacialmente distribuídas dentro da rência de melhores solos (menos arenosos), Com
TI. Desconhecer esses princípios classificatórios, a retirada de toda a cobertura vegetal para facilitar
ou não considerá-los num mapeamento etno-am- a mecanização para o plantio da soja, o solo ficará
biental da área, acarreta um entendimento equi- exposto ao intemperismo e aos processos de ero-
vocado do meio natural e de seus usos para a soci- são, caso não haja cuidados técnicos efetivos e
edade A’uwe Xavante. adoção de procedimentos para a preservação do
Por exemplo, a área onde está a Lagoa Encan- bioma cerrado.
tada que representa não apenas recurso da pesca, A população indígena da respectiva Reserva
mas refúgio de capivaras, com ocorrência de pe- tem sua vida material e cultural assentada sobre o
quenas nascentes (olhos d’água) que estando na ambiente de cerrado e o desmatamento pode acar-
linha limite da cultura da soja, estão sendo conta- retar o desaparecimento de várias matérias primas
minadas pela presença de agrotóxicos e expostas essenciais tais como as plantas medicinais usadas
pelo desmatamento de seu entorno, constitui-se nas curas, que englobam grande diversidade de
em uma “área crítica” de fragilidade ambiental. espécies vegetais (raízes, folhas, cascas, frutos) e
O quadro antropológico representado pelo sig- garantem a sobrevivência desse grupo no enfren-
nificado que a Lagoa Encantada e todo seu entorno tamento a vários problemas de saúde aos quais não
tem, somado ao quadro natural complexo e instável, recebem assistência médica freqüente.
indica que a área deveria ser objeto de preservação A atividade de coleta no cerrado implica ainda
integral do conjunto formado pela lagoa, áreas ala- uma grande variedade de frutas, que complemen-
gáveis em torno da ilha de sedimentos cultivada e a tam a dieta alimentar de crianças e adultos, mes-
própria área ocupada pela lavoura de soja (Fazenda mo estando sujeitos à sazonalidade própria do cer-
Lagoa Encantada). Assim seria possível criar uma área rado (cajú, marolo, araticum, jaboticaba do mato,
de proteção à Lagoa Encantada e todo o ecossistema gabiroba, etc...)
que a rodeia e a integra. A lagoa dessa forma deveria As casas são também construídas com a matéria
ser incorporada integralmente à TI afastando defini- prima fornecida por essa vegetação, que dada à vari-
tivamente os não índios de seu acesso, pois trata-se edade dos tipos de ambiente do cerrado, oferece
de uma verdadeira unidade de recursos na concep- desde troncos para a sustentação das casas, como fo-
ção A’úw½ Xavante. (Fotos 1 e 2) lhas de palmeira (indaiá) para a cobertura. Também
São vários os pontos de tensão ambiental hoje os instrumentos de caça feito pelos homens, assim
encontrados na TI Sangradouro que preocupam a como os cestos confeccionados pelas mulheres com-
comunidade e os leva a discutir e buscar soluções põem um vasto artesanato criado a partir do cerrado.
que os auxilie na preservação de seu patrimônio Essa região, composta pela bacia do Rio das
cultural e ambiental. Mortes, apresenta agricultura intensiva da soja no

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entorno da Reserva, como foi o caso das lavouras pela perda dos recursos naturais, tem acarretado
de arroz e a pecuária em outras áreas, e provoca o conseqüências negativas à saúde da população in-
deslocamento de bandos de animais para áreas mais dígena, pois essa não consegue repor no seu con-
distantes, extinguindo uma das principais fontes sumo diário os componentes nutricionais a que
de proteína animal para os Xavante, implicando estavam habituados.
diretamente as alterações do padrão de consumo Os projetos agropecuários no cerrado mato-
e nos rituais das atividades de caça, conforme de- grossense, têm causado grande pressão sobre a
poimento de uma chefe indígena: “(...) a carne ás dispersão da caça, em seguida, seu desaparecimen-
vezes falta para celebração da festa, aí não pode to. O entendimento do cerrado na concepção
ter festa.”( Cacique Irani Hiwaimã, Aldeia Santa Xavante aparece nas palavras do velho da aldeia
Glória,2000). Abelinha:
A carne, como complemento da dieta alimen-
tar dessa população indígena, vem se tornando mais O Xavante depende do cerrado e o cerrado de-
escassa, pois a alteração do habitat onde se en- pende do Xavante. Os animais dependem do
contram esses animais muda o comportamento dos cerrado e o cerrado depende dos animais. Os
mesmos na busca de alimento, afugentando-os para animais dependem do Xavante e o Xavante de-
outras áreas, bem como altera seus ciclos reprodu- pende dos animais. Isso é o Ró. Ró significa
tivos, ameaçando as espécies. tudo para os caçadores Xavante: o cerrado, os
Vários estudos têm apontado casos de degra- animais, os frutos, as flores, as ervas, o rio e
dação da saúde indígena em que o estado nutrici- tudo mais. Nós queremos preservar o Ró. Atra-
onal passou a ser influenciado, em larga medida, vés do Ró garantiremos o futuro das novas
por dinâmicas de transformações econômicas, so- gerações: a comida, os casamentos, os rituais e
ciais e culturais, assim como, em especial, por al- a força de ser Xavante. Se estiver tudo bem com
terações em estratégias de subsistência, consumo Ró continuaremos a ser Xavantes. O caçador
de alimentos e padrão de atividade física. Tais anda no Ró e aprende a amá-lo.
mudanças são relativamente comuns no cotidiano As mulheres aprendem a amá-lo porque o casa-
de grupos indígenas em processo de interação com mento depende do Ró e porque também andam Iá
a sociedade nacional envolvente. para pegar as frutas.
Muitos estudos apontam a ocorrência de Antigamente o Ró era assim: havia a aldeia,
déficits de crescimento físico em crianças indíge- envolta a roça, envolta as frutas, envolta a
nas, o que, em associação a outros parâmetros de caça junto com os espíritos, envolta mais caça
morbimortalidade, tem sido usualmente interpre- e mais caça sempre junto com os espíritos. Os
tado como manifestação da ocorrência de eleva- espíritos ajudavam a descobrir os segredos que
das prevalências de desnutrição energética-pro- o Ró escondia: onde estava a força do caçador,
téica. A mudança da dieta alimentar provocada por onde estava a caça, onde tinha cobra e outros
novas situações de vida, trazidas pelo contato e segredos. Os caçadores iam pegar a caça mais

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longe da aldeia, assim os animais fugiam em mentais de sua cultura, através dos quais é possível
direção à aldeia. Depois os caçadores iam em garantir a coesão do grupo, bem como assegurar a
outro lugar longe da aldeia. Assim os filhotes reprodução do patrimônio cultural a seus descen-
iam crescendo sempre e esqueciam a tragédia da dentes.
caçada. Mais longe que isto só estavam o céu e O conhecimento Xavante das espécies vege-
a outra aldeia onde moram os mortos. Mas hoje tais e animais do cerrado, bem como sua utiliza-
os rapazes não estão aprendendo a amar o Ró, ção, representa prova concreta sobre o domínio
nunca andaram, caçaram, nem sabem cuidar da biodiversidade do meio ambiente que ocupam,
dele, querem plantar arroz e soja. Hoje as novas assim como oferecem alternativas possíveis de uso
gerações querem comprar comida de fora, esque- e auto sustentabilidade nos cerrados do estado de
ceram que a comida vem do Ró, não da cidade. Mato Grosso.
As mulheres Xavante continuam a amar o Ró,
sabem que só se ele existir poderão se casar e NOTAS __________________________________
1
casar seus filhos e filhas. Bernadete Castro Oliveira-Professora de Antropolo-
gia-DEPLAN/IGCE/UNESP- Rio Claro/SP.
(Adão Top’tiro e Thiago Tseretsu-tradução
Hipãridi Top’tiro)
BIBLIOGRAFIA ______________________________
ALMEIDA JUNIOR, F.P.P. A Organização sócio-espacial dos
índios Xavante da Terra Indígena Sangradouro/Volta Grande. Rio
Alguns pequenos projetos com a participação Claro/SP. Trabalho de Graduação; Dep. de Geografia/IGCE/
UNESP-campus de Rio Claro. 2002.
do Laboratório de Geografia Agrária/DG/USP
BIASE, H. e L. RURIÕ - A História da Aldeia Abelhinha. São
vêm sendo implementados no sentido de recupe- Paulo. Cartilha. Pancast/Master Book. 1999
CARRARA, E. Um Vôo Sobre O Cerrado Xavante. São Paulo. Disserta-
ração de espécies vegetais nativas (frutas, palmei- ção de Mestrado-Dep. de Antropologia/FFLCH/USP. 1997.
ras, etc.), assim como complementar da dieta (ga- __________ Classificações Êmicas da Natureza – A Etnobiologia
no Brasil e a Socialização das Espécies Naturais in Caderno de
linheiro-ovos e corte), associados a outros já exis- Campo. São Paulo. Dep. de Antropologia/FFLCH/USP. 1997.

tentes como a casa do mel. (CROQUI 1) CASTRO OLIVEIRA, B.A C.- Relatório de Impacto Ambiental e
Antropológico do Desmatamento na T. I. de Sangradouro. Laborató-
Foi realizado um Diagnóstico Etno-ambiental rio de Geografia Agrária-FFLCH/USP e Associação Xavante
WARÃ –Plano de Gestão Ambiental em Terras Indígenas/
tendo como objetivos a caracterização cultural, a FNMA .2002
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ABSTRACT
THE THREATS TO INDIGENOUS LANDS ARE NOT CONSTITUTED ONLY BY THE DEGRADATION OF ITS AMBIENT PATRIMONY,
BUT MAINLY BY THE CHARACTERISTICS OF THE CULTURE AND THE INDIGENOUS RIGHTS. THE MODEL OF AGRARIAN
CONCENTRATION ESTABLISHED IN BRAZIL ALLY THE SPECULATIVE INTERESTS ON THE NATURAL RESOURCES AGAIN OPENS
THE DEBATE ON INDIGENOUS LANDS OF STEREOTYPED FORM, AS THEY WERE IDLE E, THEREFORE, IS PASSIBLE OF
REDUCTION ITS EXTENSIONS.
THE LEGAL PREROGATIVES THAT CONDUCT THE INDIGENOUS RIGHT TO THE LAND, CONSIST IN A DIFFERENT SPECIAL
RIGHT OF THE OWNERSHIP AND THE PROPERTY, THEREFORE THEY ARE MENTIONED TO THE DOCTRINE OF THE INDIGENATO,
RECOGNIZED AND LEGITIMATE SINCE THE REGAL LICENSE OF APRIL 1 ST OF 1680 OF THE PORTUGUESE LEGISLATION.
IT IS STANDED OUT HOWEVER, THAT ALTHOUGH CONSTANT PRESSURES ON THE INDIGENOUS COMMUNITIES, EVEN
THOUGH GENOCIDES, HAD SIGNIFICANT CHANGE IN THE CONCEPTIONS ON THE INDIGENOUS LAND. AT THE SAME TIME
THAT NECESSARY LIMITS OF THE BUSY AREAS HAD BEEN ESTABLISHED, THE WAY OF LIFE OF THESE GROUPS DEMARCATED
A AMPLER SPACE, BEYOND THE VERGE ADMINISTRATIVE, CHARACTERIZING A TERRITORY THAT IF EXTEND AND INCLUDE
CONTIGUOUS AND NOT CONTIGUOUS AREAS TO THE VILLAGES USED IN THE MATERIAL AND CULTURAL REPRODUCTION
OF THE COMMUNITY.
THE XAVANTE KNOWLEDGE OF THE VEGETAL AND ANIMAL SPECIES OF THE OPEN PASTURE, AS WELL AS ITS USE,
REPRESENTS CONCRETE TEST ON THE DOMAIN OF THE BIODIVERSITY OF THE ENVIRONMENT THAT OCCUPIES, AS WELL
AS OFFERS TO POSSIBLE ALTERNATIVES OF USE AND SUSTAINABILITY IN THE OPEN PASTURE OF THE STATE OF MATO
GROSSO.
KEY WORDS: CULTURAL PATRIMONY AND TERRITORY; BIODIVERSITY AND SUSTENABILITY; INDIGENOUS KNOWLEDGE.

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DESENHO 1 - TERRA INDÍGENA SANGRADOURO E VOLTA GRANDE/MT
ASSOCIAÇÃO XAVANTE WARÃ
LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA AGRÁRIA/DEPTO.DE GEOGRAFIA/FFLCH/USP – 2002.

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IMAGEM 01 – TM LANDSAT 5 - A T.I. SANGRADOURO/VOLTA GRANDE
ENTORNO E LOCALIZAÇÃO DAS ALDEIAS E ÁREAS DE TENSÃO – (2.000).

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CROQUI 1 – ALDEIA IDZÔ´UHU (ABELINHA)
LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA AGRÁRIA – DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA/FFLCH/USP-2002

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FOTOS 1 E 2 – LAGOA ENCANTADA – UNIDADE DE RECURSOS DOS A´UWÊ XAVANTE/TI SANGRADOURO E VOLTA
GRANDE/LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA AGRÁRIA-DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA/FFLCH/USP-2002

(CASTRO OLIVEIRA,2002)

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