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Demanda Elétrica e Transição Energética

Arnaldo dos Santos Junior


Consultor Técnico de Estudos Econômicos e Energéticos| EPE

16 de novembro de 2023
Parte 1

Contexto Global da Transição


Energética
A questão climática é uma questão de desenvolvimento...

A transição energética para uma


economia de baixo carbono é
parte essencial do combate às
mudanças climáticas.

O mundo precisa de políticas


públicas, investimentos e
inovação.
E a Transição energética não é apenas sobre energia...

3Ds da Transição Energética: Descarbonização, Descentralização e Digitalização.


Geração elétrica renovável importa, mas não será suficiente
Atenção é necessária aos setores de difícil abatimento...
Atenção à resiliência das novas cadeias de suprimento
Há uma busca por diversificar as cadeias de suprimento
As energias de baixo carbono serão intensivas em minerais...

Crescimento na demanda de minerais para tecnologias de baixo


carbono, conforme cenário. 2040, em relação a 2020.
A transição energética será
intensiva em minerais, mas a
velocidade de crescimento da
mineração e capacidade de
processamento desses minerais
pode implicar gargalos.

Em alguns casos, será necessário


aumentar em mais de 40 vezes o
atual patamar de produção mineral.

A resiliência das cadeias de


suprimento também tem sido alvo
de preocupações e políticas
públicas.
Exemplos de intensidade mineral...

Minerais empregados em tecnologias de Minerais empregados na fabricação de veículos


geração de energia (kg/MW) (kg/veículo)

Eólica
offshore

Eólica Carro
onshore Elétrico

Solar
FV

Nuclear

Carro
Carvão
Convencional

Gás
Natural

A atenção ao uso de materiais e de energia no ciclo de vida dos


produtos se torna cada vez mais importante.
Parte 2

Transição Energética e o Brasil


Visão Geral da Matriz Energética do Brasil

Repartição da Oferta Interna de Energia (OIE) 2022 OIE do Brasil em comparação ao mundo

Fonte: EPE – Relatório Síntese – 2022


Nota: 1 Inclui importação de eletricidade oriunda de fonte hidráulica

Fonte: EPE – Relatório Síntese – 2022


Nota: Dados da IEA para mundo e OCDE.

Setor energético brasileiro é baixo carbono: Emissões de carbono per capita do Brasil associadas ao
setor de energia equivalem a 36% da União Europeia (OCDE), 26% da China e 15% dos EUA
Visão Histórica da Matriz Energética do Brasil

Evolução da Oferta Interna de Energia (OIE) do Brasil Evolução da TPES (OIE) do mundo e da OCDE

Mundo OCDE

Fonte: EPE – Balanço Energético Nacional 2023.

Transição Energética no Brasil e no mundo...


Visão Geral da Matriz Elétrica do Brasil

Participação das fontes na Oferta de eletricidade em 2021-2022 Participação das fontes na Oferta de eletricidade:
Brasil em comparação com o mundo

Oferta de eletricidade em 2022: 690,1 TWh


https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-
abertos/publicacoes/balanco-energetico-nacional-2023

Paraproduzir
Para produzir 1 MWh,
1 MWh, o setor
o setor elétrico
elétrico do Brasil
do Brasil emite
emite 34%34% do setor
do setor elétrico
elétrico da União
da União Europeia
Europeia (OCDE),
(OCDE), 24%
24% dodo setor
setor elétrico
elétrico dosdos
EUAEUA e 12%
e 12% do do setor
setor elétrico
elétrico da China
da China
Recursos Energéticos Distribuídos e Digitalização

Inserção de renováveis variáveis no sistema e eficiência energética  descarbonização e competitividade

Hoje! Amanhã! Sistemas elétricos: presente e futuro


Fonte: (NYISO, 2017)

REDs impõem desafios, mas também podem trazer benefícios associados à sua
integração ao sistema, como redução de perdas elétricas, aumento da confiabilidade, dentre outros.
Projeções de Matrizes Energética e elétrica do Brasil

PDE e PNE são documentos vivos!


Novas simulações e aperfeiçoamentos contínuos.

Renovabilidade PDE 2031: Elétrica (87%), Energética (48%)

PNE 2050 mostra concentração de resultados das simulações (64) majoritariamente entre 80-90% de
renováveis na geração elétrica. Cenário 100% renovável também foi simulado.

PDE 2031 87% renováveis na geração elétrica em 2031.


Emissões de GEE associadas ao Setor Energético do Brasil

Setor energético brasileiro é baixo carbono Emissões GEE totais do Brasil:


1,31 Gt CO2eq em 2016 (SIRENE/MCTI).
1,68 Gt CO2eq em 2020 (MCTI*).
*Relatório das Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa

Papel dos
BECCS* no
futuro!

*Bioenergia com Captura e


Armazenamento de Carbono

Setor de energia foi 23% das emissões totais do Brasil ou 389,48 MtCO2eq em 2020. Ou seja, bem
abaixo do limite de emissão para o setor definido pelo Decreto no 9.578/2018 (substituiu o Decreto no
7.390/2010).
Emissões de GEE no setor de energia e estratégias de mitigação

Disrupções no setor de energia exigirão mudanças


estruturais, tempo e alto custo. Caminhos e ações:

Transportes - Uso intensivo de biocombustíveis em substituição a


combustíveis fósseis e maior eficiência energética
- Eletrificação no transporte (diferentes rotas possíveis)
- Reestruturação dos modais de transportes

- Maiores esforços para eficiência energética


Indústria - Inicialmente, maior inserção do gás natural, renováveis e
eletrificação em substituição a fontes mais emissores
- Transição para hidrogênio de baixa emissão em segmentos de
difícil abatimento (a partir de renováveis, nuclear, gás natural com
CCS e outras rotas de baixa emissão).
Fontes: SIRENE/MCTI e NDC do Brasil
- Aumentar o papel da biomassa na economia brasileira
MCTI (2022): Biomassa - Aumento da produção e consumo de biogás e resíduos
Em 2020, Uso do Solo 38%, Agropecuária 29%, Energia 23%, Proc. Industriais 6% e Resíduos 4%. - Remoção de carbono da atmosfera e síntese na biomassa,
com possibilidade de emissões negativas (BECCS)
Setor elétrico
• Responsável por apenas 3% das emissões totais do país - Transição para empresas de energia
- Mudança de portfólio de negócios, incluindo renováveis;
• Potencial para redução de emissões não é grande (renováveis e confiabilidade) O&G
- Redução das emissões de processos e dos produtos
• É possível manter alta renovabilidade de forma competitiva
- Mitigação das emissões fugitivas de metano
• Restauração de cobertura vegetal em bacias hidrográficas contribuirá para - CCS  armazenamento de carbono em estruturas geológicas
resiliência climática, regime hídrico e remoção de carbono
Cenários de caminhos para neutralidade climática do Brasil
Programa de Transição Energética BID-CEBRI-EPE-Cenergia/COPPE/UFRJ
 NDC do Brasil é para o conjunto da economia
(economy-wide) por caminhos flexíveis
 Não há metas setoriais
 Setor de energia tem interrelações com outros
setores.
 Orçamento de carbono para energia pode ser
alterado por trajetória em outros setores
 Objetivo Geral: apoiar o desenvolvimento de cenários de longo prazo para a
transição energética no Brasil.

 Os objetivos específicos do Projeto são:

(i) criar um fórum de partes interessadas para disseminar e discutir cenários de


transição energética de longo prazo no Brasil, por meio de: (a) validação de
premissas; (b) redução de incertezas; e (c) promoção de consenso sobre
macrotendências;

(ii) desenvolver cenários de energia de longo prazo com base em um fórum


independente e neutro de partes interessadas.

Foram elaborados três cenários distintos que convergem para


a emissões líquidas nulas de gases de efeito estufa (GEE) no
país no horizonte de 2050
Parte 3

Demanda Elétrica e desafios


Papéis institucionais claros
Apoio à qualidade e a transparência das políticas

Estudos de Políticas
Planejamento energéticas e
Energético Objetivos

Atenção às diretrizes

Capacidade em Planejamento energético e inteligencia como um ativo


estratégico para apoioar o desenho de políticas proativas e não reativas
Principais produtos: Cenários de demanda de eletricidade

Planos EPE
10 anos Longo prazo

PDE PNE
Plano Decenal de Plano Nacional de
Expansão de Energia Energia

Propósito: Planejamento Energético

Produtos em parceria com ONS/CCEE

Planejamento 5 anos 5 anos


Revisão Quadrimestral das
Anual da Operação
Previsões de Carga do SIN
Energética do SIN para o PLAN
(PLAN)
Própósito: Operação do Sistema Elétrico
Projeção 2032: Demanda de eletricidade

Consumo elétrico potencial


[TWh]
900
Consumo Potencial 853
850 Consumo menos EE
Consumo menos EE e AP 814
800
Consumo menos EE, AP e MMGD
750
722
700
TWh

670
650

600 584
2032?
550

500
Hoje
450
2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032

Notas:
(1) A Energia Solar Térmica proveniente de Sistemas de Aquecimento Solar (SAS) está contemplada no consumo final,
conforme a matriz energética do BEN 2022
(2) EE: ganhos de eficiência elétrica.
(3) AP: autoprodução não-injetada na rede.
(4) MMGD: Micro e minigeração distribuída.
Perspectivas: Veículos elétricos

Barreiras à entrada de veículos elétricos no Brasil

Fonte: EPE. Caderno de Eletromobilidade, horizonte 2032.


24
Perspectivas: Veículos elétricos

Preço ainda é um dos entraves para a massificação

Fonte: EPE. Caderno de Eletromobilidade, horizonte 2032.


25
Perspectivas: Veículos elétricos

Biocombustíveis são alternativa importante no Brasil

Fonte: EPE. Caderno de Eletromobilidade, horizonte 2032.


26
Projeção decenal 2032: MMGD

Premissas: Projeção de Carga

Fonte: EPE. Caderno de MMGD e Baterias, horizonte 2032.


27
Projeção decenal 2032: MMGD

Detalhes do cenário de referência

Fonte: EPE. Caderno de MMGD e Baterias, horizonte 2032.


28
2ª Revisão Quadrimestral 2024: SIN|Considerações da MMGD

Nesta 2ª Revisão Quadrimestral, conforme definido no CT-PMO-PLD foi adotada fixa para todo o horizonte a potência instalada até
junho/2023. No PLAN 2024-2028 será considerada a expansão da MMGD para todo o horizonte.

29
2ª Revisão Quadrimestral 2024: Carga de Energia

30
Evolução Curva de Carga com a entrada da MMGD

Alteração do Perfil de Carga Líquida de MMGD


2020 2021 2022 2023
1,2

1,1
P.U. da carga média diária

1,1

1,0

1,0

0,9

0,9

0,8
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Fonte: ONS.
Evolução Curva de Carga com a entrada da MMGD

Dia de Demanda Máxima em Fev/2023


Carga Global x Carga Global Líquida de MMGD
Carga Global Carga Global Líquida de MMGD
100.000

95.000

90.000
Carga (MW)

85.000

80.000

75.000

70.000

65.000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Fonte: ONS.
Metodologia EPE: Projeção da Carga Horária
Transição Energética...
... mas para quem?

Ainda temos muitos


desafios...

Fonte: EPE. Fact Sheet de Energia e Classes de Renda.


Incertezas na evolução da demanda elétrica...
... em tempos de transição energética
Carga
Horária

Mudanças
Autoprodução
Climáticas

Pobreza
Energética
? Eletromobilidade

Cadeias
RED Produtivas
Globais

Digitalização
Parte 4

Considerações Finais
Considerações finais dos caminhos da transição energética e a demanda elétrica

 Um decênio de mudanças: desenhos e redesenhos de mercados, desenvolvimentos e transformações de segmentos do


setor energético, aperfeiçoamentos e inovações tecnológicas e modelos de negócios.
 Temas-chave no horizonte 2030: reformas econômicas, desenhos de mercado, universalização de acesso à energia e
competitividade energética, desenvolvimento sustentável, regime hídrico, eletrificação, inserção de renováveis variáveis,
aproveitamento dos potenciais energéticos (O&G, biocombustíveis, RED, RSU, nuclear, etc.), uso eficiente de energia,
resposta da demanda e descarbonização.
 Transição energética não é uma virada de chave, é processo.
 Desafios e oportunidades já presentes serão potencializados com a aceleração da transição energética.
 Compensações florestais e mercados de carbono podem ter um papel relevante no caso brasileiro.
 Materiais críticos: desafios e oportunidades para o Brasil no setor mineral na transição energética.
 Necessidade de obtenção de dados mais detalhados para entendimento das características da demanda, como no caso
da carga horária.
 Transição Energética para quem?
Aproveitamento das vantagens competitivas existentes para construir as vantagens competitivas do amanhã.
www.epe.gov.br
Obrigado!

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