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ANÁLISE DAS ALOCAÇÕES

ORÇAMENTAIS AO SECTOR
DA SAÚDE 2010-2024

Maputo, Fevereiro de 2024


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Sem Voz
ANÁLISE DAS ALOCAÇÕES
ORÇAMENTAIS AO SECTOR
DA SAÚDE 2010-2024
Ficha Técnica
©2023 Observatório do Cidadão para Saúde (OCS).
Título
ANÁLISE DAS ALOCAÇÕES ORÇAMENTAIS AO SECTOR DA SAÚDE
2010-2024
Propriedade
Observatório do Cidadão para Saúde - OCS
Direcção
Jorge Matine
Pesquisadores
Sidónio Tembe, Rogério Simango, António Mathe e Angelina Magibire
Layout
José Michaque
Contactos:
Av. Agostinho Neto 1122 RC Equerdo
www.observatoriodesaude.org
+258 84 421 9506
ÍNDICE

Lista de abreviaturas e acrónimos............................................................5


Introdução..................................................................................................................6
Tendências do Orçamento do Sector de Saúde..............................6
Constatações.............................................................................................................9
Recomendações.....................................................................................................9

Lista de Gráficos
Gráfico 1 - Orçamento nominal vs real na saúde (em mil mi-
lhões de meticais)……………….………..................................................….……………7
Gráfico 2 - Peso do orçamento da saúde na Despesa…….....….7
Graph 3: Preso do Orcamento da Saude no PIB...........................8

Lista de Abreviaturas e Acrónimos


BdPESOE – Balanço do Plano Económico e Social
CGE – Conta Geral do Estado
EGE – Encargos Gerais do Estado
PESOE – Plano Económico, Socia e Orçamento do Estado
PESS – Plano Estratégico do Sector de Saúde

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INTRODUÇÃO

O Parlamento aprovou, na generalidade, o Plano Econó-


mico-social e Orçamento do Estado (PESOE) para o ano de
2024 a 7 de Dezembro de 2023, posteriormente, promulgado
pelo Presidente da República, o documento entrou em vigor
no dia 1 de Janeiro de 2024.
Ao longo do processo de avaliação e discussão da proposta
por parte da Sociedade Civil com a Assembleia da Repúbli-
ca, Ministério da Economia e Finanças, Ministério da Saúde
e outros, foram feitas recomendações que culminaram com
a elaboração de uma errata e alterações nos limites globais
do orçamento. Relativamente ao sector da saúde, o Governo
procedeu, conforme informado em sede das audições, à ins-
crição de recursos adicionais, no montante de 25 mil milhões
de Meticais, conforme apresentado na errata apresentada
em sede da Sessão Ordinária da Assembleia da República.
O valor global do Orçamento do Estado para 2024 passou de
542,7 para 567,8 mil milhões de Meticais, do qual 59.8% são
destinados a despesas de funcionamento, 28.6% investimen-
to e 11.6% para as operações financeiras. O presente artigo
visa abordar de forma sintética as projecções do orçamento
para o sector da saúde, tomando como base dados histórico
de alocações orçamentais para aferir o que se pode perspec-
tivar em 2024 para o sector.

TENDÊNCIAS DO ORÇAMENTO NO SECTOR DE


SAÚDE
Como mencionado anteriormente, o Plano Económico So-
cial e Orçamento do Estado 2024 foi objecto de realocações
orçamentais. No caso específico do Sector da Saúde, esses
reajustes orçamentais levaram a um aumento global de re-
cursos alocados na ordem de 77%, correspondente a 25 mil
milhões de meticais. Contribuíram para essa evolução o au-
mento da componente de investimento externo que inicial-
mente não havia sido contabilizada, uma vez que o sector
da saúde aguardava a confirmação do financiamento dos
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parceiros, ao mesmo tempo que a componente interna das
despesas manteve-se em 32 mil milhões de Meticais.
Considerando as realocações feitas, no exercício de 2024fo-
ram alocados ao Sector da Saúde através do PESOE o valor
total de 57.9 mil milhões de MT. Este montante representa
uma redução nominal de 10,8% em relação ao previsto no
orçamento actualizado do ano 2023, e uma redução de 16,6%
em termos reais, ou seja, em termos nominais o orçamento
previsto sai dos 64,9 mil milhões de Meticais em 2023 para
57,9 mil milhões de Meticais em 2024, uma redução de 7 mil
milhões de Meticais.
Em termos nominais, o orçamento alocado no sector em
2024 é de 57.9 mil milhões de Meticais, no entanto, em ter-
mos reais (considerando 2009 como sendo o ano base), os
recursos alocados ao Sector da saúde são de apenas 20.3
mil milhões de meticais.
Gráfico 1 - Orçamento nominal vs real na saúde (em mil milhões de meticais)

Fonte: OCTBGSS com base nos dados CGE 2010 – 2022, BdPESOE 2023 e PESOE 2024

Neste âmbito, verifica-se uma ausência de consistência na


tendência de alocação dos recursos orçamentais ao longo
do tempo. Este cenário denota a ausência de uma política
consistente para o financiamento ao sector da saúde por
parte do executivo. Esta situação coloca em causa a consoli-
dação dos ganhos que vêm sendo alcançados ao longo dos
anos e a materialização de compromissos internacional-
mente assumidos, nomeadamente através da Declaração
de Abuja, que estabelece a necessidade de alocação de 15%
do Orçamento do Estado ao Sector da Saúde.
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À esse respeito, o montante alocado ao sector em 2024 re-
presenta cerca de 10% da Despesa Pública (Encargos Gerais
do Estado - EGE) , sendo que atinge 14% quando se excluem
as Operações Financeiras e Encargos da Dívida. Do ponto de
vista histórico, estes rácios têm tido um comportamento es-
tável ao longo dos últimos cinco anos, com a média dos re-
cursos alocados ao sector como proporção da Despesa Pú-
blica a rondar os 10%, e 12% quando excluídas as Operações
Financeiras e Encargos de Dívida.
Gráfico 2 - Peso do orçamento da saúde na Despesa

Fonte: OCTBGSS com base nos dados CGE 2010 – 2022, BdPESOE 2023 e PESOE 2024

No que diz respeito à proporção dos recursos alocados ao


sector em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), após ter-
-se registado um máximo de alocação de recursos a doze
anos atrás, isto em 2013, no último ano, a proporção de re-
cursos alocados a saúde não supera a fasquia dos 3%. A pro-
porção mais alta até então registada do orçamento alocado
a saúde em proporção do PIBfoi de 3,8%, sendo a mesma
prevista para o exercício económico de 2024.

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Gráfico 3 - Peso do orçamento da saúde no PIB

Fonte: OCTBGSS com base nos dados CGE 2010 – 2022, BdPESOE 2023 e PESOE 2024

Constatações
• O orçamento do sector da saúde (ajustado) prevê
uma despesa total de cerca de 57,9 mil milhões de
MT, 11% abaixo do valor nominal orçamentado (ac-
tualizado) no último exercício económico.
• Em termos reais o montante orçamentado para o
ano de 2024 decresceu em 16,6% em relação a 2023.
• O orçamento do sector da saúde representa cerca
de 10% do volume global da Despesa Pública, sendo
que quando são retirados os encargos da Despesa
pública este peso cresce para 14%.
• Este peso, no volume global da Despesa Pública,
encontra-se abaixo do rácio de 11% do ano anterior.
• Em comparação com o ano de 2023, o peso do orça-
mento do sector da Saúde no Produto Interno Bruto
(PIB) estando fixado em 3,8%.
• A alocação orçamental ao sector continua muito
abaixo da meta fixada em 15% do total da Despesa
Pública na Declaração de Abuja e no Plano Estraté-
gico do Sector da Saúde (PESS) 2014-2019.

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• O PESOE de 2024 foi objecto de realocações orça-
mentais no âmbito da discussão da proposta do
PESOE 2024. Para o sector da Saúde, esses reajus-
tes levaram a um aumento global de recursos na
ordem de 77%. Contribuíram para essa evolução o
aumento da apenas a componente de investimento
externo em cerca de 25 mil milhões de meticais.
• •Não obstante adição de 25 mil milhões ao orçamen-
to da saúde, este poderá sofrer uma deterioração no
poder de compra de bens e serviços no mercador

Recomendações

• É importante que esforços continuem a ser desen-


volvidos no sentido de aumentar a proporção do or-
çamento do sector na Despesa Pública Total, o que
permitirá que se alcancem as metas internacional-
mente acordadas.
• A proporção de alocação de recursos orçamentais
deve considerar o efeito fictício que a remoção da
despesa com os Encargos Gerais do Estado cria na
proporção de recursos alocados a saúde.

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O Observatório Cidadão para a Transparência e Boa Gover-
nação no Setor da Saúde (OCS) é uma entidade jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos, dotada de personalidade
jurídica, com autonomia administrativa, financeira e patri-
monial, regendo-se pelos seus estatutos e demais legislação
aplicável. A organização foi criada por um grupo hetero-
géneo de profissionais de saúde, cientistas sociais e inves-
tigadores moçambicanos interessados em contribuir para
o aprofundamento da participação pública, garantir os di-
reitos humanos e restaurar a cidadania informada sobre os
serviços de saúde pública em Moçambique.
O principal objetivo do OCS é contribuir para a promoção
de políticas públicas e iniciativas baseadas na transparên-
cia, no acesso à informação, na participação cidadã, na res-
ponsabilização, na ética e na probidade na gestão da coisa
pública, para gerar comportamentos de qualidade nos ser-
viços públicos, que tenham um impacto positivo impacto no
desenvolvimento humano e na sustentabilidade da popula-
ção moçambicana.
O OCS se posiciona em relação às agendas políticas de saú-
de no país, porém busca analisar objetivamente o que vem
acontecendo no sistema público de saúde, desde os proces-
sos de governança, participação pública até as ações dos
principais atores da saúde. O OCS reúne evidências que sus-
tentam todo o seu posicionamento em relação aos proces-
sos, ações e resultados deste setor.
Para tal, procura estabelecer progressivamente um dispo-
sitivo de observação adequado e promove regularmente
reuniões com grupos de profissionais, utilizadores, gestores,
organizações de base comunitária, investigadores, investi-
gadores e outros; aprofundar-se nas questões de saúde da
população nacional para um posicionamento informado.
Além de estudar o presente e examinar o passado mais ou
menos imediato, o OCS procura estabelecer cenários sobre
o futuro e aprender através de uma comparação contínua
entre o “desejado”, o “previsto” e o “observado”.

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