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ESCOLA DE VETERINÁRIA
COLEGIADO DE ZOOTECNIA
Belo Horizonte
Escola de Veterinária
2009
CARLOS EUGÊNIO AVILA DE OLIVEIRA
Belo Horizonte
2009
O48d Oliveira, Carlos Eugênio Avila de.1971 -
Dietas simplificadas na alimentação de coelhos e seus efeitos na
reprodução e produção / Carlos Eugênio Avila de Oliveira. – 2009.
92 p. : il.
Orientador: Walter Motta Ferreira
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de
Veterinária
Inclui bibliografia
1. Coelho – Alimentação e rações – Teses. 2. Coelho – Reprodução –
Teses. 3. Dieta em veterinária – Teses. 4. Feno como ração – Teses. 5.
Digestibilidade – Teses. I. Ferreira, Walter Motta. II. Universidade Federal de
Minas Gerais. Escola de Veterinária. III. Título.
CDD – 636.932 208 5
Dedicatória
Dedico este trabalho a todos que, de alguma forma, contribuíram para sua
realização. Aos meus pais, minha mulher, Regina, e minha filha, Maria Luiza,
cujas presenças em minha vida, me ajudam a transformar em realidade, os
rascunhos dos meus sonhos.
Agradecimentos
Ao professor Laércio dos Anjos Benjamin e aos colegas Lucas Marcon e Vívian
Freitas, da Universidade Federal de Viçosa – UFV, que, com dedicação e
empenho, ajudaram em momentos cruciais do trabalho.
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO GERAL 17
2 REVISÃO DE LITERATURA 18
2.1 Fisiologia da digestão dos coelhos 18
2.2 Importância da fibra na elaboração de dietas para coelhos 20
2.2.1 Conceito de fibra dietética 20
2.2.2 Composição da fibra 20
2.2.3 Métodos de avaliação de fibra nos coelhos 23
2.2.4 Avaliação de fibra para dietas de coelhos 24
2.2.5 Exigências de fibra e inclusão na dieta 25
2.2.6 Digestibilidade das fontes de fibra para coelhos 26
2.3 Dietas simplificadas à base de forragens 27
2.3.1 Alfafa 27
2.3.2 Mandioca 28
2.4 Sistema Reprodutivo dos machos 30
2.4.1 Testículos 30
2.4.2 Ciclo do epitélio seminífero e seus estágios 31
2.4.3 Colheita de sêmen 33
2.4.4 Avaliação de sêmen 33
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 35
REFERÊNCIAS 35
CAPÍTULO I
EXPERIMENTO I
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO 45
2 MATERIAL E MÉTODOS 46
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 48
4 CONCLUSÕES 52
REFERÊNCIAS 52
CAPÍTULO II
EXPERIMENTO II
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO 56
2 MATERIAL E MÉTODOS 58
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 60
4 CONCLUSÕES 65
REFERÊNCIAS 65
CAPÍTULO III
EXPERIMENTO III
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO 70
2 MATERIAL E MÉTODOS 71
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 76
4 CONCLUSÕES 83
REFERÊNCIAS 84
CONCLUSÃO GERAL 89
ANEXO
Anexo 1 - Informações sobre a situação climática local, durante a
realização do Experimento II 90
LISTA DE ABREVIATURAS
- % (porcentagem)
- µg (micrograma)
- µm (micrômetro)
- π (PI)
- ac. (ácido)
- anorm. (anormalidades)
- AR (espermátide arredondada)
- oC (grau Celsius)
- CA (conversão alimentar)
- cm (centímetro)
- concent. (concentração)
- CV (coeficiente de variação)
- DR (dieta de referência)
- EB (energia bruta)
- EC (espessura do corte)
- ED (energia digestível)
- EE (extrato etéreo)
- FB (fibra bruta)
- g (grama)
- IA (inseminação artificial)
- Kg (quilograma)
- Kcal (quilocaloria)
- min (mineral)
- mg (miligrama)
- mL (mililitro)
- mm (milímetro)
- MS (matéria seca)
- MSE (matéria seca excretada)
- PB (proteína bruta)
- PC (peso de carcaça)
- PQ (espermatócito em paquíteno)
- r (raio)
- RC (rendimento de carcaça)
- Vit (vitamina)
LISTA DE FIGURAS
REVISÃO DE LITERATURA
Figura 1 - Vagina pronta para uso (A) e colheita do sêmen (B) 33
LISTA DE TABELAS
REVISÃO DE LITERATURA
Tabela 1 - Composição das fezes duras e cecotrofos (valores médios e
faixa de variação) 19
Tabela 2 - Limite de fibra sugerido para elaboração de dietas para coelhos 26
EXPERIMENTO I
Tabela 1- Composição percentual das dietas experimentais 47
Tabela 2 – Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca
(CDMS) da proteína bruta (CDPB) e da energia bruta (CDEB) de
dietas simplificada a base de feno de alfafa e do terço superior
da rama da mandioca 48
Tabela 3 – Matéria seca ingerida (MSI) e matéria seca excretada (MSE)
de coelhos alimentados com de dietas simplificadas a base de
feno alfafa e do terço superior da rama da mandioca 50
Tabela 4 - Peso vivo aos 35 dias (PV35) e aos 50 dias (PV50), ganho
médio de peso diário (GMPD), consumo médio de ração diário
(CMRD) e conversão alimentar (CA) de coelhos de 35 a 50 dias
de idade alimentados com dietas simplificadas a base de feno
alfafa e do terço superior da rama da mandioca 50
Tabela 5 - Peso vivo aos 70 dias (PV70), ganho médio de peso diário
(GMPD), consumo médio de ração diário (CMRD), conversão
alimentar (CA), peso de carcaça (PC) e rendimento decarcaça
(RC) de coelhos de 35 a 70 dias de idade alimentados com
dietas simplificadas a base de feno alfafa e do terço superior da
rama da mandioca 51
EXPERIMENTO II
Tabela 1 - Composição percentual das dietas experimentais 58
Tabela 2 - Parâmetros avaliados em relação ao sêmen dos coelhos do
experimento nas diferentes dietas 60
Tabela 3 - Morfologia dos espermatozóides dos coelhos nos diferentes
Tratamentos 63
Tabela 4 - Colheitas de sêmen possíveis durante o experimento e o
número de animais que as realizaram 64
EXPERIMENTO III
Tabela 1- Composição percentual das dietas experimentais 72
Tabela 2 - Resultados obtidos nos índices relacionados ao peso dos
animais, peso dos testículos, índices gonadossomáticos,
proporções volumétricas de túbulos seminíferos e interstício e
índice tubulossomático, nos diferentes tratamentos 77
Tabela 3 - Resultados obtidos nos índices relacionados aos diâmetros dos
túbulos seminíferos, altura do epitélio, comprimento dos túbulos
seminíferos e reserva espermática, nos diferentes tratamentos 79
Tabela 4 - População de espermatogônias do tipo A, espermatócitos
primários em pré-leptóteno/leptóteno e em paquíteno,
espermátdes arredondadas e células de Sertoli, no estádio 1
do ciclo do epitélio seminífero de testículos de coelhos nos
diferentes tratamentos 81
Tabela 5 - Razões entre números corrigidos de células germinativas por
secção transversal de túbulo seminífero no estádio 1 do ciclo
Four experiments were carried out to evaluate the use of simplified diets the based on
forages for rabbits. All experiments were distributed in a randomized design with three
treatments (a reference diet and two simplified diets - one containing alfalfa hay and
containing cassava upper third foliage hay). In digestibility assay, 45 New Zealand
white rabbits 50 days old were distributed in a randomized design with three treatments
and 15 replicates. The digestibility coefficients of the dry matter, crude protein and
gross energy were 50.56%, 73.29%, and 50.59% for the diet containing alfalfa hay and
29.64%, 46.96%, and 24.52% for simplified diet containing cassava upper third foliage
hay. In the performance experiment 90 New Zealand white rabbits from 35 to 70 days
of age, were used in a randomized design with three treatments and 30 replicates.
Considering the total experimental period (35 from 70 days) the results showed that
simplified diets were inferior to the reference diet. Another assay was carried out to
evaluate the use of simplified diets the based on forages for semen quality of rabbits.
Thirty-three New Zealand rabbits with 7-8 months old were used and 11 replicates. The
results for volume, vigor and concentration were, respectively, 0.56 mL, 3.14 and
194.82x106 spermatozoa/mL for the animals fed with alfalfa hay. The results for rabbits
fed with diet with upper third part of foliage cassava hay were 0.34 mL, 2.27 and
142.94x106 spermatozoa/mL (volume, vigor and concentration, respectively). It didn`t
have statistical differences between the treatments for aspects related to the
espermatozoa morphology. The animals that had consumed upper third part of foliage
cassava hay diet had presented inferior quality of semen when compared with the
animals of the diet reference and the diet with the alfalfa hay base. An experiment was
carried to evaluate the use of simplified diets the based on forages on rabbits`
testicular morphometry. Fifteen New Zealand rabbits` testicles with 8-9 months old
were used and five replicates. The animals had been fed with its respective diets since
30 days old. The results for tubular diameter and height of seminiferous epithelium
were 225.78 µm2 e 80.81 µm, respectively, for the animals fed with alfalfa hay. The
results for rabbits fed with diet with upper third part of foliage cassava hay were 208.57
µm2 e 65.46 µm for tubular diameter and height of seminiferous epithelium,
respectively. The animals that had consumed upper third part of foliage cassava hay
diet had presented an inferior tubular development, when compared with the animals of
the diet reference and the diet with the alfalfa hay base, in the parameters tubular
diameter and height of seminiferous epithelium.
Key Words: Alfalfa hay, cassava foliage hay, digestibility, performance, semen
quality, testicular morphometry
1 INTRODUÇÃO GERAL maior número de fêmeas para cada
macho reprodutor (seja monta natural,
seja inseminação artificial), forma a
A alimentação dos animais criados de base da dinâmica reprodutiva na
modo intensivo pode representar até criação intensiva de animais.
70% do custo de produção destes
Diante dos aspectos mencionados, o
animais. Assim sendo, o estudo dos
presente trabalho propôs um estudo
alimentos constituintes das dietas dos
sobre a utilização de dietas
animais é um processo fundamental
simplificadas à base de forragens para
para que se tenham resultados
coelhos. No capitulo 1 fez-se uma
desejados na produção animal. Definir
revisão de literatura sobre o assunto.
o conteúdo de nutrientes efetivamente
Foram abordados alguns tópicos
disponíveis na alimentação animal,
relacionados a aspectos nutricionais da
bem como apontar alimentos
alimentação e nutrição de coelhos,
alternativos que não compitam com
composição, avaliação e aplicação das
alimentos utilizados na dieta humana
forragens utilizadas na elaboração das
têm sido o foco dos estudos e
dietas componentes do trabalho, além
pesquisas na área da nutrição animal
dos aspectos reprodutivos de coelhos
nos últimos anos. Pesquisas vêm
machos. No capítulo 2 avaliou-se a
sendo desenvolvidas para melhorar as
digestibilidade e o desempenho de
avaliações químicas e os ensaios de
coelhos submetidos aos tratamentos
laboratório dos princípios nutritivos dos
das dietas simplificadas. No capítulo 3
alimentos objetivando a transformação
foram avaliados aspectos reprodutivos
de matérias primas em produtos que
relacionados ao sêmen de coelhos
forneçam proteína de origem animal
submetidos às mesmas dietas
seguros ao uso humano e de qualidade
simplificadas. No capítulo 4, abordou-
superior (Herrera, 2003). O estudo da
se, em nível histológico, a formação e
alimentação e nutrição de coelhos não
composição dos túbulos seminíferos
é exceção a este panorama. Algumas
dos testículos dos coelhos submetidos
preocupações têm definido as dietas
aos tratamentos dietéticos em questão.
atuais para coelhos. É o caso do bem
estar dos animais, bem como sua
saúde intestinal; o uso de produtos
integrados ao modelo de
sustentabilidade ambiental, além da
simplificação dos sistemas de
alimentação (De Blas et al., 1998;
Xiccato, 1999, Pascual et al., 2000).
Associado a estas preocupações, está
o fato de que a redução no custo da
alimentação dos animais tem grande
importância na viabilização da
cunicultura (Michelan, 2004).
Não obstante, a eficiência reprodutiva
dos animais é outro fator de relevância
na produção animal. Um maior número
de animais nascidos por fêmea em um
determinado espaço de tempo e um
2 REVISÃO DE LITERATURA eliminação nas fezes (Lang, 1981; De
Blas, 1984; Cheeke, 1987; Fraga et al.,
1991).
2.1 Fisiologia da digestão dos
A quantidade de cecotrofos produzida
coelhos
varia de acordo com alguns fatores,
tais como: indivíduo, idade do animal,
Os coelhos possuem um sistema quantidade e composição do alimento,
digestivo peculiar e são considerados podendo alcançar 18% em média da
animais herbívoros de ceco funcional e matéria seca ingerida por dia (Fraga et
praticantes da cecotrofia, ou seja, al., 1991; Gomes e Ferreira, 1997).
processo de excreção seletiva da fibra Outros fatores também podem
mais lignificada e atividade microbiana influenciar no consumo de cecotrofos,
simbiótica, utilizando os produtos da entre eles a iluminação, regularidade
fermentação e os próprios corpos das operações diárias de manejo, a
bacterianos incorporados aos densidade populacional e o ciclo
cecotrofos. O ceco, em constante circadiano do animal. Os animais
movimento, mistura seu conteúdo com adultos ingerem mais cecotrofos
rápidas contrações de fluxo e refluxo durante a noite e os jovens com uma
ao longo do segmento do cólon distribuição regular durante o dia. Os
proximal, onde há separação mecânica processos fisiológicos como a lactação
de partículas grandes e pequenas. As pode também alterar este consumo. É
partículas fibrosas tendem a ficarem evidente que a fonte comum para os
acumuladas no lúmen (>0,3mm), dois tipos de fezes é o material cecal,
enquanto as partículas solúveis e no entanto, além de diferenças no
fluídas (<0,3mm) tendem a circular aspecto externo (tamanho, forma e
pelas contrações das haustras, que são consistência), apresentam
saculações formadas pelo arranjo de composições claramente distintas,
fibras musculares, movendo o material especialmente nos teores de fibra,
de uma forma retrógrada para o ceco. proteína, minerais e água (Ferreira,
Quanto maior o tamanho de partícula 1994) (tabela 1).
ou lignificação da fibra, mais rápida é a
Tabela 1 - Composição das fezes duras e cecotrofos (valores médios e faixa de
variação)*
FB - -
11,5-12,5 (3)
Figura 1: vagina pronta para uso (A) e colheita do sêmen (B) (Fotos do autor)
A B
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EXPERIMENTO I
RESUMO
ABSTRACT
Two experiments were carried out to evaluate the use of simplified diets the based on
forages for growing rabbits. In digestibility assay, 45 New Zealand white rabbits 50
days old, were distributed in a randomized design with three treatments and 15
replicates. Three diets were used: a reference diet and two simplified diets (one
containing alfalfa hay and another containing cassava upper third foliage hay). The
digestibility coefficients of the dry matter, crude protein and gross energy were 50.56%,
73.29%, and 50.59% for the diet containing alfalfa hay and 29.64%, 46.96%, and
24.52% for simplified diet containing cassava upper third foliage hay. In the
performance experiment 90 New Zealand white rabbits from 35 to 70 days of age, were
used in a randomized design with three treatments and 30 replicates. Considering the
total experimental period (35 from 70 days) the results showed that simplified diets
were inferior to the reference diet. However, more studies should be accomplished with
simplified diets with the objective of obtaining a maximum incorporation of forages for
the animals.
Médias com letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste Student-
Newman-Keuls
Ferreira et al. (2007), trabalhando com mencionados nos trabalhos de Herrera
dieta simplificada a base de feno do (2003) e Michelan (2004).
terço superior da rama de mandioca,
Segundo Euclides et al. (1979), a parte
obtiveram resultados de digestibilidade
aérea da rama de mandioca possui um
aparente para matéria seca, proteína
alto teor de lignina interferindo,
bruta e energia digestível de 47,60%,
negativamente, na digestibilidade.
52,02% e 49,00%, respectivamente.
Contudo, Reed et al. (1982)
Michelan (2004) determinou o valor demonstraram a presença do tanino
nutritivo do feno da parte aérea da condensado na fibra em detergente
mandioca e encontrou os valores de neutro das folhas sendo responsável
27,87% para matéria seca digestível, pela baixa digestibilidade da proteína o
4,87% para a proteína digestível e que limitaria a sua utilização em
1203 kcal/kg de energia digestível. animais não ruminantes.
Machado et al. (2007), trabalhando De acordo com Mateos e Sell (1981) e
com dietas simplificadas contendo Weiseman (1984), a velocidade do
fenos de alfafa e de terço superior da trânsito digestivo fica diminuída pela
rama da mandioca para coelhas em presença de lipídios na dieta, como
reprodução, encontraram valores de conseqüência ocorreria um maior
digestibilidade aparente de 33,04% contato entre as enzimas digestivas e
para matéria seca, 49,58% para a conteúdo do trato digestivo melhorando
proteína bruta e 31,67% para energia a absorção dos nutrientes.
bruta na dieta contendo feno de rama
Desta forma, pode-se fazer uma
de mandioca e de 52,38% para matéria
consideração que associado ao
seca, 67,30% para a proteína bruta e
possível fator antinutricional pode estar
54,32% para energia bruta na dieta
o efeito da fibra em detergente ácido
contendo feno de alfafa. Estes
afetando a digestibilidade, uma vez que
resultados estão próximos aos
esta tem uma significativa influência na
encontrados no presente trabalho.
taxa de passagem do alimento pelo
A baixa digestibilidade verificada na trato digestivo. Este fato é comprovado
dieta simplificada com feno de pela maior excreção de matéria seca
mandioca é um indicativo da presença observada (Tabela 3).
de fatores antinutricionais,
possivelmente taninos, afetando,
negativamente, a digestibilidade da
dieta, fatores estes também
Tabela 3 – Matéria seca ingerida (MSI) e matéria seca excretada (MSE) de coelhos
alimentados com de dietas simplificadas a base de feno alfafa e do terço superior da
rama da mandioca
Médias com letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste Student-
Newman-Keuls
Tabela 4 - Peso vivo aos 35 dias (PV35) e aos 50 dias (PV50), ganho médio de peso
diário (GMPD), consumo médio de ração diário (CMRD) e conversão alimentar (CA)
de coelhos de 35 a 50 dias de idade alimentados com dietas simplificadas a base de
feno alfafa e do terço superior da rama da mandioca
Tratamentos
Letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste SNK (Student-
Newman-Keuls)
Considerando o período total do encontrados no ensaio de
experimento de 35 a 70 dias, os digestibilidade em que um possível
animais que receberam a dieta fator antinutricional, associado ao teor
referência apresentaram os melhores de fibra em detergente ácido,
resultados (p<0,05) nas características prejudicou a utilização digestiva, com
de desempenho analisadas. efeito no desempenho principalmente
na primeira fase. Não houve diferença
Também considerando o período total
(p>0,05) no consumo diário de ração
do experimento, a conversão alimentar
para as três dietas estudas
foi pior (p<0,05) para a dieta
considerando o período total do
simplificada contendo rama de
experimento. Os dados referentes ao
mandioca quando comparada com a
período total do experimento estão na
dieta contendo alfafa. Esta pior
Tabela 5.
conversão corrobora com os resultados
Tabela 5 - Peso vivo aos 70 dias (PV70), ganho médio de peso diário (GMPD),
consumo médio de ração diário (CMRD), conversão alimentar (CA), peso de carcaça
(PC) e rendimento de carcaça (RC) de coelhos de 35 a 70 dias de idade alimentados
com dietas simplificadas a base de feno alfafa e do terço superior da rama da
mandioca
Tratamentos
Letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste SNK (Student-
Newman-Keuls)
EXPERIMENTO II
RESUMO
ABSTRACT
Two assays were carried out to evaluate the use of simplified diets the based on
forages for semen quality of rabbits. Thirty-three New Zealand rabbits with 7-8 months
old were used and distributed in a randomized design with three treatments and 11
replicates. Three diets were used: a reference diet and two simplified diets (one
containing alfalfa hay and other with upper third part of foliage cassava hay). The
results for volume, vigor and concentration were, respectively, 0.56 mL, 3.14 and
194.82x106 spermatozoa/mL for the animals fed with alfalfa hay. The results for rabbits
fed with diet with upper third part of foliage cassava hay were 0.34 mL, 2.27 and
142.94x106 spermatozoa/mL, for volume, vigor and concentration, respectively. It didn`t
have statistical differences between the treatments for aspects related to the
espermatozoa morphology. The animals that had consumed upper third part of foliage
cassava hay diet had presented inferior quality of semen when compared with the
animals of the diet reference and the diet with the alfalfa hay base.
Key words: alfalfa ray, cassava ray, spermatozoa morphology, semen quality
Tratamentos
Médias com letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste Kruskal-
Wallis
Tratamentos
Morfologia
Espermatozoides Dieta referência Dieta alfafa Dieta mandioca CV (%)
(%)
Tratamentos
Número colheitas
(possíveis) 88 88 88
Número colheitas
realizadas 85 85 71
“Animais problema” 1 3 7
EXPERIMENTO III
RESUMO
Lâminas com cortes de tecido testicular foram preparadas com o objetivo de avaliar
parâmetros da morfometria testicular de coelhos alimentados com dietas simplificadas
à base de forragens. Foram utilizados testículos de 15 coelhos com 8-9 meses de
idade distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos
e cinco repetições. Foram utilizadas uma dieta referência e duas dietas simplificadas
(uma contendo feno de alfafa e outra contendo feno do terço superior da rama de
mandioca). Os animais foram alimentados com suas respectivas dietas desde os 30
dias de idade. Os resultados para diâmetro tubular e altura do epitélio foram 225,78
µm2 e 80,81 µm , respectivamente, para os animais alimentados com dieta de feno de
alfafa. Para coelhos alimentados com dieta com rama de mandioca, os resultados para
diâmetro tubular e altura do epitélio foram 208,57 µm2 e 65,46 µm, respectivamente.
Os animais que consumiram dieta à base de feno de mandioca apresentaram um
desenvolvimento tubular inferior, quando comparados com os animais da dieta
referência e da dieta à base de feno de alfafa, nos parâmetros diâmetro tubular e
altura do epitélio seminífero.
ABSTRACT
Blades with testicular tissue had been prepared to evaluate the use of simplified diets
the based on forages on rabbits` testicular morphometry. Fifteen New Zealand rabbits`
testicles with 8-9 months old were used and distributed in a randomized design with
three treatments and five replicates. Three diets were used: a reference diet and two
simplified diets (one containing alfalfa hay and other with upper third part of foliage
cassava hay). The animals had been fed with its respective diets since 30 days old.
The results for tubular diameter and height of seminiferous epithelium were 225.78 µm2
e 80.81 µm, respectively, for the animals fed with alfalfa hay. The results for rabbits fed
with diet with upper third part of foliage cassava hay were 208.57 µm2 e 65.46 µm for
tubular diameter and height of seminiferous epithelium, respectively. The animals that
had consumed upper third part of foliage cassava hay diet had presented an inferior
tubular development, when compared with the animals of the diet reference and the
diet with the alfalfa hay base, in the parameters tubular diameter and height of
seminiferous epithelium.
Key words: alfalfa ray, cassava ray, tubular diameter, height of seminiferous
epithelium
(Foto do autor)
(Foto do autor)
O comprimento total dos túbulos Amann (1962). A correção do número
seminíferos (em metros) foi estimado a das células de Sertoli foi feita a partir
partir do conhecimento do seu volume do diâmetro nucleolar médio, já que as
de ocupação nos testículos e do mesmas apresentam núcleo irregular.
diâmetro tubular médio obtido para Foram contados somente núcleos com
cada animal, seguindo a fórmula nucléolo evidente. Foi usada a seguinte
sugerida por Attal e Courot (1963): fórmula para correção da contagem de
cada tipo celular:
• CT = VST / π r2
• No corrigido=contagem obtida x
Sendo que:
(EC / EC + √((DNM / 2)2 - (DNM
CT corresponde ao comprimento total / 4)2))
dos túbulos seminíferos, em metros;
Sendo que:
VST é o volume dos túbulos
seminíferos nos testículos (mL); e π r2, EC é a espessura do corte, e DNM é o
a área de secção transversal de diâmetro nuclear médio.
túbulos seminíferos (raio é igual ao
O diâmetro nuclear médio foi obtido
diâmetro tubular dividido por dois).
pela média das mensurações de 20
A população celular foi estimada por núcleos do tipo celular em questão, no
meio da contagem dos núcleos dos estágio 1 do ciclo do epitélio
diferentes tipos celulares da linhagem seminífero, sendo isto feito para cada
espermatogênica, além dos nucléolos animal. As medidas nucleares foram
das células de Sertoli. Em campos feitas utilizando-se uma régua
escolhidos ao acaso na lâmina, foram micrométrica acoplada à objetiva de
contados os tipos celulares em dez 100X, em microscópio de luz.
cortes transversais de túbulos no
O rendimento intrínseco da
estágio 1 do ciclo do epitélio
espermatogênese foi determinado
seminífero. Foram contados os
baseando-se nas razões encontradas
seguintes tipos celulares:
entre os números celulares corrigidos,
obtidos no estádio 1 do ciclo do epitélio
seminífero. Foram calculadas as
• Espermatogônias do tipo A.
seguintes razões:
• Espermatócitos primários em
• Coeficiente de eficiência de
pré-leptóteno / leptóteno
mitoses de espermatogônias:
(PL/L).
razão entre o número de
• Espermatócitos primários em espermatócitos primários em
paquíteno (PQ). pré-leptóteno/leptóteno e o
número de espermatogônias do
• Espermátides arredondadas tipo A.
(AR).
• Rendimento meiótico: razão
• Células de Sertoli. entre o número de
espermátides arredondadas e o
número de espermatócitos
A contagem obtida para cada tipo
primários em paquíteno.
celular foi corrigida para o diâmetro
nuclear médio e a espessura do corte, • Rendimento geral da
utilizando-se da fórmula de espermatogênese: razão entre
Abercrombie (1946), modificada por o número de espermátides
arredondadas e o número de coelhos da mesma raça e 180 dias de
espermatogônias do tipo A. idade, encontrando uma amplitude de
massa por par de testículos de 4,64
• Ocorrência de perdas celulares
gramas a 5,12 gramas. A análise do
durante a prófase meiótica:
índice gonadossomático (IGS) (tabela
razão entre o número de
2) também não apresentou diferença
espermatócitos primários em
entre os tratamentos (p>0,05),
pré-leptóteno/leptóteno e o
revelando que a proporção de massa
número de espermatócitos
corporal alocada nos testículos foi
primários em paquíteno.
semelhante entre os animais, nos três
A estimativa da reserva espermática tratamentos. Santos (2006) encontrou
total (RET) e por grama de parênquima valores para IGS em coelhos com 150
de testículo (RET/g), baseada na dias de idade de 0,13% a 0,15%; com
histologia quantitativa, foi obtida pela coelhos com 180 dias de idade,
fórmula: encontrou valores de 0,14% a 0,16%.
Este trabalho apresentou valores para
• RET = (CTT/ Espessura do
IGS ligeiramente mais altos, de 0,15%
corte) x No Ar
a 0,18%. É sabido que em mamíferos
Onde temos: de menor porte, há uma deposição de
massa corporal e gasto de energia
RET é a reserva espermática total, CTT
maior para o tecido testicular que em
é o comprimento tubular total e No Ar é
animais de maior porte. A teoria que
o número de espermátides
melhor explica esta diferença de
arredondadas por secção transversal.
proporção baseia-se no
comportamento reprodutivo, na
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO freqüência de cópulas dos
reprodutores. Foi sugerida a divisão
dos reprodutores em dois grupos,
Os valores dos pesos dos animais (PV) machos com baixa freqüência
ao final do experimento diferiram entre copulatória (normalmente um macho
os tratamentos (p<0,05). Os animais copula com uma fêmea) e machos com
que consumiram DR apresentaram alta freqüência copulatória (vários
maior peso que os que consumiram DA machos copulam com uma fêmea no
e estes, maior peso do que os animais cio). Machos com alta freqüência
que consumiram DM. Estas diferenças copulatória sofrem grande pressão de
entre os três tratamentos seleção, devido ao fato de haver uma
possivelmente estão ligadas à competição dos espermatozóides
utilização digestiva da dieta pelos dentro do trato reprodutivo da fêmea.
animais, já que foram criados, desde o Neste caso, é requerida uma maior
desmame, nas mesmas condições de produção de sêmen, conferindo aos
manejo (Tabela 2). machos destas espécies um tamanho
de testículos maior (Havey e Harcourt,
Os pesos dos testículos (PT) não 1984). Por outro lado, machos com
apresentaram diferenças (p>0,05) entre baixa freqüência copulatória,
os tratamentos (Tabela 2). Ypsilantis et normalmente competem pelo direito de
al. (2003) trabalharam com coelhos da cobrição através da manifestação
mesma raça, com 180 dias de idade, e comportamental de dominância sobre
encontraram 6,68 gramas de massa os oponentes (Short, 1997). Neste
testicular. Santos (2006) trabalhou com caso, os testículos são relativamente
menores. Em coelhos, o período de reduzindo-se a um crescimento mais
maior crescimento dos testículos fica lento até atingir seu tamanho final com
em torno dos 40-50 dias, quando cerca de oito meses de idade (Miros et
surgem as primeiras células de Leydig al., 1980).
maduras (Gondos et al., 1976; Alvariño,
1993). Inicialmente, o crescimento
testicular é bruscamente aumentado,
Tabela 2 - Resultados obtidos nos índices relacionados ao peso dos animais,peso dos
testículos, índices gonadossomáticos, proporções volumétricas de túbulos seminíferos
e interstício e índice tubulossomático, nos diferentes tratamentos
Tratamentos
1
- Médias com letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste de t de
Student
2-
Médias com letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste Kruskal-
Wallis
Tratamentos
1
- Médias com letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste de t de
Student
2
- Médias com letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste
Kruskal-Wallis
Tratamentos
Médias com letras diferentes no sentido de linha diferem (P<0,05) pelo teste t de
Student
Tratamentos
Dieta
Relações celulares Dieta alfafa Dieta mandioca
referência
razões
SHARPE, R. M. Regulation of
spermatogenesis. In: KNOBIL, E.; WROBEL, K. H.; SCHIMMEL, M.
NEILL, J. D. (Orgs.). The physiology of Morphology of the bovine Sertoli cell
reproduction. New York: Raven Press, during the spermatogenic cycle. Cell
1994. cap. 22, p. 1363-1434. Tissue Res., v.257, n.1, p,93-103,
1989.
CONCLUSÃO GERAL