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Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de


proteína microbiana
Stefanie Alvarenga Santos, Polyana Pizzi Rotta, Luiz Fernando Costa e Silva, Ana Clara Baião Menezes,
Douglas dos Santos Pina, Sebastião de Campos Valadares Filho

Os ruminantes representam um grupo de de PM e proteína bruta (PB) para bovinos de


animais que tem como característica principal a corte, parte da premissa de que se deve
ingestão de dietas que sofrem modificações no conhecer as modificações que o rúmen impõe
interior do rúmen por microrganismos aos compostos nitrogenados da dieta. Para isso
anaeróbicos. Esses microrganismos encontram faz-se necessário conhecer a proteína
no rúmen condições ideais para seu microbiana que é produzida no rúmen ao se
desenvolvimento e durante seu crescimento fornecer determinada dieta, conhecer os fatores
utilizam as proteínas da dieta do ruminante que alteram a eficiência de produção dessa
como fonte alimentar. À medida que a digesta proteína, bem como entender a digestão e
ruminal flui pelo trato gastrointestinal, esses absorção dessa proteína no trato
microrganismos se tornam fonte de proteína gastrointestinal.
para digestão no intestino delgado dos Na literatura são encontrados diferentes
ruminantes. Sendo assim, para encontrar uma métodos para se estimar a partição do
recomendação adequada das exigências nitrogênio da dieta em PDR e PNDR, bem
proteicas para bovinos é necessário conhecer o como sua digestibilidade intestinal. Esses
tipo de modificação imposta por esses métodos incluem avaliações in vivo, in situ e
microrganismos e a quantidade de proteína de uma variedade de métodos in vitro (Schwab et
origem microbiana que chega ao intestino al., 2003). Levando-se em consideração a
delgado a partir de determinada dieta. exatidão dos métodos, o método in vivo
apresenta como característica o fornecimento de
INTRODUÇÃO estimativas fidedignas do que ocorre na
digestão dos nutrientes. Contudo, técnicas in
O pool de proteínas potencialmente vivo requerem grande quantidade de alimentos,
fermentáveis no rúmen inclui os compostos grande número de repetições para serem
nitrogenados da dieta, além da proteína contornadas as variações referentes ao animal e
endógena da saliva, descamação de células não permitem gerar resultados para alimentos
epiteliais e microrganismos ruminais que concentrados fornecidos isoladamente. Dessa
sofreram lise e permanecem no rúmen (NRC, forma, essa técnica se aplica, na maioria das
2001). Este pool proteico que sofre situações, apenas para o estudo das dietas. Além
modificações significativas nesse disso, muitos dos ensaios in vivo preconizam o
compartimento é denominado de proteína uso de animais fistulados não apenas no rúmen,
degradável no rúmen (PDR). Assim, a nutrição como também em outros compartimentos como
proteica dos ruminantes é dependente da abomaso e íleo, que representam fontes
magnitude e perfil desse pool, que chega ao estressantes e podem alterar o desempenho
intestino delgado para absorção na forma de animal (Harmon e Richards, 1997). Assim, o
aminoácidos juntamente com a proteína da dieta ônus para se obter um número adequado de
que não sofre degradação no rúmen, também repetições aliado ao custo de mantença dos
chamada de proteína não degradada no rúmen animais e ao número de amostras, pode tornar
(PNDR). O conjunto de todos esses os estudos in vivo onerosos. Isso tem levado ao
aminoácidos que estão disponíveis para crescente interesse pelo uso de técnicas in vitro
digestão e posterior absorção intestinal compõe e in situ (Broderick e Cochran, 2000).
a proteína metabolizável (PM). Dessa forma, a
obtenção dos valores de exigências nutricionais
46 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Assim, a validação de protocolos que mensuração do desaparecimento ruminal dos


permitam o uso de técnicas in vitro e in situ de alimentos por intermédio da adição dos
forma acurada e precisa, é uma alternativa para ingredientes no interior de sacos com uma
obtenção de estimativas da degradação da porosidade conhecida por onde os
proteína ruminal. A estimativa da síntese total microrganismos ruminais acessam o alimento
de nitrogênio microbiano também pode ser e o degradam, permitindo assim a
realizada utilizando-se técnicas in vivo com o quantificação do resíduo não degradado. Os
uso de indicadores microbianos, também sacos por sua vez são incubados na digesta
associadas às desvantagens operacionais e ruminal de um animal fistulado, o que
conflitantes com os princípios do bem-estar caracteriza a denominação da técnica de in
animal. Dessa forma, técnicas alternativas como situ (Orskov et al., 1980). O estudo da
o uso dos derivados de purina urinários podem degradabilidade ruminal é de extrema
ser usadas para se quantificar o fluxo de importância no conhecimento da modificação
nitrogênio microbiano que deixa o rúmen e que os alimentos sofrem no interior do rúmen.
chega ao intestino delgado para absorção na No caso da PB, a mesma pode ser degradada
forma de aminoácidos. A proteína microbiana e transformada em proteína microbiana. Em
sintetizada no rúmen pode suprir a maior parte estudos de digestibilidade ruminal, a PB da
dos aminoácidos requeridos para a mantença e dieta pode apresentar digestibilidade negativa,
crescimento de bovinos (Titgemeyer e próxima de zero ou positiva, em função da
Merchen, 1990), levando-se em consideração eficiência da proteína microbiana. Neste caso
ainda que a dieta pode interferir na eficiência o estudo da degradabilidade é essencial para o
com que ocorre o crescimento microbiano e entendimento das modificações impostas a
consequentemente no suprimento de esse nutriente dentro do rúmen.
aminoácidos. Além disso, a capacidade de se De acordo com Nocek (1988), a
mensurar a produção e eficiência microbiana utilização da técnica in situ permite o contato
em função da dieta ofertada é uma ferramenta íntimo do alimento teste com o ambiente
essencial na estimativa das exigências de PM, ruminal. Não há melhor maneira de simular o
bem como a determinação da digestibilidade ambiente ruminal durante determinadas
intestinal da proteína verdadeira microbiana, condições de temperatura, pH, substrato,
uma vez que os ácidos nucléicos não são tamponamento e populações microbianas.
utilizados na síntese de tecidos corporais e Porém, como limitação, o alimento estudado
proteínas do leite (AFRC, 1993). Portanto esses não é submetido a todas as etapas digestivas
ácidos nucléicos devem ser descontados ao se como a mastigação, ruminação e passagem.
estimar as exigências de PM para bovinos de De acordo com López (2005), outras
corte. Assim, o objetivo desse capítulo foi limitações podem ser relatadas pois nem todo
discutir as principais técnicas envolvidas na o material que deixa o saco pode ser
estimativa dos teores de PDR e PNDR dos considerado degradável, assim como nem
alimentos, incluindo os efeitos da contaminação todo o material remanescente é considerado
microbiana nos resíduos da incubação ruminal, indegradável. Além disso, o autor relata que o
avaliar as técnicas usadas para quantificar a saco pode ser considerado um compartimento
proteína microbiana e os fatores que afetam a independente no rúmen, sendo que o tecido
sua produção, e desenvolver equações para representa uma barreira que, por um lado,
estimar a produção de proteína microbiana. permite a degradação do alimento sem que o
mesmo seja perdido no ambiente ruminal, e
DEGRADAÇÃO RUMINAL DA por outro lado impõe obstáculo para
PROTEÍNA simulação das condições ruminais no interior
do mesmo. Mesmo assim, de acordo com
Técnicas in situ Nocek (1988), essa técnica tem sido utilizada
Dentre as maiores divergências durante vários anos e é a base para que se
encontradas na estimação da degradação possa predizer a digestão em vários sistemas
ruminal da proteína está a escolha da técnica a de alimentação e suas comparações. Para
ser utilizada. A técnica in situ trata-se da isso, a técnica passou por diversas fases para
sua padronização, se tornando técnica precisa
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 47

e reprodutível. Assim ao longo de 20 anos frações da degradação por intermédio da


muitos autores descreveram os pontos críticos diferença entre a perda de material dos sacos
e algumas padronizações que tornaram o de nylon, quando esses foram apenas lavados
método o mais verossímil possível, os quais com água e a solubilidade verdadeira
serão discutidos a seguir. mensurada em papel de filtro. A mensuração
da solubilidade em água deve ser realizada
a) Perda de material não degradado adicionando-se 0,5 g de amostra em 40 ml de
água, que devem permanecer por 1h à
A perda de material no interior do saco temperatura ambiente. Após esse tempo, o
no rumen é um ponto crítico, pois partículas material deve ser transferido para papel de
inferiores ao tamanho dos poros do saco filtro livre de nitrogênio para quantificação do
podem ser perdidas mesmo sem que haja N solúvel em água. A correção para perda de
degradação prévia. Esse evento pode causar partículas pode ser realizada, utilizando
superestimação da fração solúvel ou mesmo equações propostas por Weisbjerg et al.
da sua taxa de degradação ruminal. (1990):
Entretanto, a redução do tamanho de
partículas pela moagem facilita o acesso  DEG ti   P  SOL 
DEG cor ti   DEG ti   P  1 
microbiano, uma vez que o alimento não
 1  ( P  SOL) 
passa pelos processos de mastigação e
ruminação. Para minimizar o problema,
alguns autores recomendaram incubações in acor  a  P
situ, utilizando-se tamanhos de partícula entre
1,5 e 3 mm de diâmetro (Huntington e  b 
Givens, 1995; Broderick e Cochran, 2000). bcor  b  P   
Utilizando forrageiras tropicais, Casali 1  ( P  SOL) 
et al. (2008) recomendaram tamanhos de
partícula de 2 mm para incubação in situ para ccor  c
maior precisão nas estimativas das frações
degradáveis. Estes autores verificaram que o em que: DEGcor(ti) = degradabilidade
tamanho de 3 mm reduziu a precisão dos corrigida no tempo de incubação ti; DEG(ti) =
resultados provavelmente em virtude da degradabilidade mensurada no tempo de
menor superfície específica para ação incubação ti; P = perda de partículas; SOL =
microbiana. O NRC (2001) também sugeriu a solubilidade em água; acor = fração solúvel
padronização de incubações in situ, corrigida; bcor = fração insolúvel
utilizando-se partículas moídas a 2 mm. potencialmente degradável corrigida; ccor =
Assim nesta edição do BR-CORTE taxa de degradação corrigida; a, b, c = frações
recomenda-se a moagem com peneiras de 2 mensuradas sem correção.
mm para realização de ensaios in situ,
embora, para realização de análises químicas b) Contaminação microbiana nos resíduos
seja utilizada a porosidade de 1 mm, da incubação ruminal de alimentos
conforme determinado por Valente et al. volumosos e concentrados
(2011) para resultados mais acurados para
fibra em detergente neutro (FDN). Porém, Após finalização de um ensaio de
mesmo com a padronização do tamanho de degradação ruminal in situ, os sacos passam
partícula, existem perdas de material não por um processo de lavagem para imediata
digerido, assim, alguns autores recomendaram paralização da degradação microbiana e
a correção dos dados de degradação in situ também para remoção de digesta ruminal e
pela lavagem dos sacos em água e resíduos microbianos aderidos ao alimento ou
determinação da perda imediata de partículas aos sacos. Porém, alguns autores (Nocek e
(López et al., 1994 e France et al., 1997). Grant, 1987; Vanzant et al., 1998; Michalet-
Hvelplund e Weisbjerg (2000) Doreau e Ould-Bah, 1992) relataram que é
descreveram um protocolo para estimar a relativamente difícil alcançar a completa
extensão da perda de partículas e correção das remoção da massa microbiana aderida às
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partículas, pois a adesão microbiana incubação de alimentos volumosos. Esses


específica é necessária ao início de processo autores apresentaram um protocolo
de colonização das partículas. Dessa forma, a matemático para correção dos resíduos de
contaminação microbiana nos resíduos de incubação ruminal in situ e ainda para
incubação representa importante fonte de correção das frações degradáveis, que será
variação, implicando na superestimação dos adotado nessa edição do BR-CORTE. Os
resíduos e frações indegradáveis, com autores relataram que a fração solúvel (A) e a
consequente subestimação da fração potencialmente degrádavel (B) de volumosos
potencialmente degradável. Especialmente, de menor teor proteico podem ser
para a fração proteica de volumosos de baixo subestimadas quando não corrigidas. Os
teor proteico, a contaminação microbiana autores recomendaram as equações a seguir:
implica em maior impacto nas estimativas das
frações degradáveis. (1) APBCC = 1,99286 + 0,98256 × APBSC
Entretanto, os procedimentos para
estimação da contaminação microbiana (2) BPBCC = -17,2181 – 0,0344 × BPBSC +
demandam a utilização de indicadores 0,65433 × PB + 1,03787 × FDN +
microbianos, que são de alto custo e elevam o 2,66010 × PIDN – 0,85979 × FDNi
tempo final para análises químicas,
desencorajando a maior parte dos (3) kdPBCC = 0,04667 + 0,35139 × kdPBSC +
pesquisadores em realizar tal procedimento 0,0020 × PB – 0,00055839 × FDN –
em suas incubações. As técnicas atuais 0,00336 × PIDN + 0,00075089 × FDNi
utilizadas para correção da contaminação
microbiana se baseiam em eliminar as células em que APBCC = fração solúvel da PB
bacterianas do resíduo (Michalet-Doreau e corrigida para contaminação microbiana,
Ould-Bah, 1992) ou marcar as células APBSC = fração solúvel da PB sem correção
microbianas para posterior isolamento e para contaminação microbiana, BPBCC =
quantificação de microrganismos aderidos aos fração potencialmente degradável da PB
resíduos (Nocek, 1988). Vários indicadores corrigida para contaminação microbiana,
microbianos podem ser utilizados nesse BPBSC = fração potencialmente degradável da
procedimento, como o ácido PB sem correção para contaminação
35 15 15
diaminopimélico, RNA, S e N. O N tem microbiana, kdPBCC = taxa de degradação da
sido amplamente utilizado como indicador fração B corrigida para contaminação
para quantificar a produção microbiana, já microbiana, kdPBSC = taxa de degradação da
que é um isótopo estável, de baixo risco fração B sem correção para contaminação
ambiental, de baixo custo em relação a outros microbiana, PIDN = proteína insolúvel em
isótopos, por marcar todos os pools de N detergente neutro, FDN = fibra insolúvel em
microbiano e por não marcar a proteína do detergente neutro e FDNi = FDN indigestível.
animal até que os aminoácidos microbianos Machado et al. (2013) recomendaram
marcados sejam incorporados aos seus tecidos ainda que o percentual de contaminação
(Broderick e Merchen, 1992). No entanto, microbiana nos tempos de incubação para
deve-se enfatizar o alto custo dessa técnica e a alimentos volumosos com diferentes teores de
dificuldade de se determinar a contaminação PB pode ser obtido através da seguinte
microbiana em todos os ensaios envolvendo equação:
incubações in situ. Uma solução para
minimizar esses entraves seria a elaboração de %C = 79,21 × (1 – e-0,0555×t) × e-0,0874×PB
um protocolo de correção que não necessite
do uso de indicadores microbianos em todos em que %C = estimativa da percentagem de
os procedimentos, elevando a exatidão das contaminação microbiana, t = tempo de
estimativas sem elevar o custo experimental. residência do alimento no rúmen em horas,
Para isso, Machado et al. (2013) PB = percentual de proteína bruta no alimento
conduziram estudo, utilizando 15N como expresso na base da MS.
indicador microbiano para estudar a Assim, para corrigir os resíduos não
contaminação microbiana em resíduos de degradados dos alimentos incubados antes da
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obtenção das estimativas das frações, os correção para essa contaminação não deve
mesmos autores recomendaram a equação gerar grandes alterações nos teores de PDR e
descrita a seguir: PNDR.
Por outro lado, Beckers et al. (1995)
 100  %C  encontraram efeito da contaminação
RNDc  RND    microbiana na degradabilidade proteica de
 100 
alimentos concentrados. Os autores relataram,
que entre os alimentos estudados (farelo de
em que RNDc = resíduo não degradado
trigo, farinha de carne e ossos e farelo de
corrigido (g); RND = resíduo de incubação
soja), a contaminação microbiana representou
aparente (g), e %C = percentual de
menos de 5% dos resíduos, mas que esta
contaminação microbiana em relação à
porcentagem se eleva proporcionalmente com
amostra incubada inicialmente.
passar dos tempos de incubação. Alexandrov
Assim, recomenda-se que em ensaios
(1998) relatou que a adesão microbiana em
in situ, as estimativas de degradação ruminal
resíduos de alimentos concentrados com
da PB, obtidas para volumosos tropicais,
reduzido conteúdo de constituintes da parede
sejam corrigidas para contaminação
celular e reduzido teor de PB é inferior aos
microbiana para que sejam geradas
resíduos com altos níveis de fibra,
estimativas acuradas das frações solúvel ou
demonstrando o papel da FDN na adesão
potencialmente degradável dos alimentos
microbiana e consequente contaminação dos
estudados e das respectivas taxas de
resíduos.
degradação.
Estes fatos ficam evidentes em
Para determinar o impacto da
trabalhos que avaliaram a contaminação
contaminação microbiana em resíduos de
microbiana em resíduos de incubação de
incubação in situ de alimentos concentrados,
alimentos volumosos como Machado et al.
Menezes (2016) conduziu estudo, utilizando
15 (2013), Krawielitzki et al. (2006) e Dixon e
N como indicador microbiano e avaliou 12
Chanchai (2000), sendo que os resíduos se
alimentos concentrados, sendo 6 concentrados
tornam proporcionalmente mais contaminados
proteicos e 6 energéticos. Embora tenha
com proteína microbiana à medida que os
ocorrido contaminação microbiana nos
tempos de incubação avançaram. Entretanto,
resíduos da incubação (Figura 3.1), o autor
esse aumento da contaminação não é linear
não relatou diferença significativa (P>0,05)
pois Krawielitzki et al. (2006), avaliando 20
entre as frações da degradação A, B e kd
diferentes alimentos volumosos e
corrigidas ou não para contaminação
concentrados, observaram que a
microbiana após 72 horas de incubação
contaminação microbiana apresenta
ruminal (Tabela 3.1). Observou-se que
comportamento exponencial em função dos
percentualmente, as maiores contaminações
tempos estudados. Esses autores também
foram obtidas para o milho desintegrado com
concluíram que o nível de contaminação
palha e sabugo e os farelos de girassol e de
microbiana é positivamente correlacionado
trigo, que são alimentos que possuem maiores
com os níveis de FDN do alimento, o que
teores de FDN. Os dados observados por esse
reforça o fato de que alimentos fibrosos
autor evidenciaram que em alimentos
favorecem a adesão microbiana no interior
concentrados a contaminação microbiana
dos sacos de incubação e precisam ser
representa contribuição irrelevante aos
estudados com maior cautela por parte dos
resíduos de incubação, resultando na
pesquisadores.
recomendação aos pesquisadores que a
50 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Figura 3.1 - Contaminação microbiana em resíduos obtidos após 72 horas de incubação in situ de
concentrados proteicos e energéticos em bovinos. MDPS = milho desintegrado com
palha e sabugo (Adaptada de Menezes, 2016).

c) Delineamento experimental e tempos Quando o objetivo da incubação


de incubação ruminal for obter dados para estimar a
digestibilidade intestinal da PNDR,
Os protocolos experimentais Menezes (2016), por meio de análise de
adotados por Machado et al. (2013) e agrupamento, recomendaram tempos
Menezes (2016) representam alternativas necessários para se determinar a PDR de
adequadas para avaliação da degradação alimentos concentrados proteicos de 9,9 ±
ruminal in situ em alimentos. Esses autores 2,91 h de incubação, ao considerar kp =
utilizaram repetidas incubações dos 0,05 h-1 , e de 7,5 ± 2,11 h de incubação
mesmos alimentos em animais distintos, considerando kp = 0,08 h -1. Já para
utilizando o delineamento em quadrado alimentos concentrados energéticos, o autor
latino (DQL) como principal instrumento obteve dois subgrupos, sendo que milho
para coleta de dados. De acordo com moído, sorgo moído e milho desintegrado
Machado et al. (2013), o DQL pode ser com palha e sabugo apresentaram os
utilizado para organizar a coleta de dados seguintes tempos necessários para
no campo, permitindo mensurar a determinação da PDR, 15,4 ± 3,88 h para
degradação de diferentes alimentos, kp = 0,05 h -1 e 10,4 ± 2,79 horas de
eliminando o efeito de confundimento do incubação para kp = 0,08 h -1. Já para os
animal. O DQL pode ser utilizado para farelos de trigo e de arroz e a casca de soja,
controlar as fontes de variação e evitar foram estimados os tempos de incubação
erros experimentais oriundos da de 6,8 ± 2,24 h para kp = 0,05 h -1 , e de 5,36
variabilidade entre os animais estudados ± 1,65 horas de incubação para kp = 0,08 h -
em um determinado ensaio. Machado et al. 1
. Assim, nota-se que as recomendações da
(2013) ressaltaram que o DQL não precisa literatura para utilização de um tempo de
ser obrigatoriamente utilizado para estimar 16h (Calsamiglia et al., 1995) para obter a
a variabilidade ou comparar os efeitos das PDR dos alimentos, possivelmente não
fontes de variação, mas sim para proceder podem ser aplicadas para todos os
uma coleta de dados menos viesada. alimentos em conjunto (Tabela 3.2).
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 51

Tabela 3.1 - Frações solúvel (a) e potencialmente degradável (b) da proteína bruta e taxa de
degradação da fração b (kd) corrigidas e não-corrigidas para contaminação microbiana
em ingredientes concentrados energéticos e protéicos

Alimentos Parametros1 Não-corrigido Corrigido P-valor2


A 31,2 ± 2,02 31,1 ± 2,02
Farelo de trigo B 63,7 ± 2,21 63,3 ± 2,21 0,993
kd 0,332 ± 0,0260 0,324 ± 0,0250
A 36,9 ± 2,63 36,9 ± 2,63
Farelo de arroz B 44,8 ± 2,87 44,0 ± 2,87 0,995
kd 0,336 ± 0,0490 0,335 ± 0,0500
A 30,9 ± 1,60 30,3 ± 1,58
Milho grão B 68,8 ± 3,39 69,7 ± 5,77 0,910
kd 0,037 ± 0,0050 0,033 ± 0,0030
A 35,1 ± 1,48 34,6 ± 1,46
Sorgo grão B 64,3 ± 2,29 64,7 ± 2,49 0,973
kd 0,021 ± 0,0020 0,020 ± 0,0020
A 24,3 ± 2,51 24,2 ± 2,47
MDPS3 B 70,1 ± 4,41 69,9 ± 4,88 0,958
kd 0,043 ± 0,0070 0,039 ± 0,0070
A 17,3 ± 3,87 17,2 ± 3,87
Casca de soja B 67,3 ± 4,27 66,4 ± 4,27 0,997
kd 0,200 ± 0,0300 0,200 ± 0,0310
A 27,3 ± 2,07 27,2 ± 2,07
Farelo de algodão B 62,2 ± 2,31 61,6 ± 2,31 0,997
kd 0,154 ± 0,0150 0,154 ± 0,0150
A 27,0 ± 2,25 27,0 ± 2,25
Farelo de soja B 70,6 ± 2,51 70,5 ± 2,51 0,999
kd 0,152 ± 0,0140 0,152 ± 0,0140
A 23,8 ± 2,82 23,7 ± 2,82
Feijão B 73,4 ± 3,43 73,6 ± 3,43 0,999
kd 0,092 ± 0,0120 0,091 ± 0,0120
A 26,8 ± 3,35 26,7 ± 3,34
Farelo de amendoim B 65,0 ± 3,79 64,9 ± 3,79 0,999
kd 0,134 ± 0,0210 0,132 ± 0,0200
A 18,0 ± 4,61 30,1 ± 3,67
Farelo de girassol B 63,8 ± 4,95 50,2 ± 4,44 0,738
kd 0,145 ± 0,0280 0,121 ± 0,0290
1
Parâmetros estimados pelo modelo Orskov e McDonald (1979). P-valor – Teste de identidade dos modelos (Regazzi,
2

1993). 3MDPS – milho desintegrado com palha e sabugo. Adaptada de Menezes (2016).
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No entanto, deve-se ressaltar que volumosos tropicais e temperados, o que


provavelmente esses tempos não sejam leva a inferir que essas diferenças refletem
suficientes para se estudar a nos tempos de incubação necessários para
degradabilidade da PB de volumosos se alcançar os valores assintóticos dos
tropicais. Alguns trabalhos nacionais resíduos de incubação ruminal nestes dois
(Martins et al., 1999; Cabral et al., 2005; grupos de alimentos. Apesar de serem
Pires et al., 2006) utilizaram os tempos de encontrados trabalhos avaliando tempos
degradação in situ de 48 horas para necessários à determinação de frações
concentrados e 72 horas para volumosos. fibrosas em incubação in situ (Casali et al.,
Detmann et al. (2008) relataram que 2008), são escassos os trabalhos avaliando
existem diferenças na dinâmica da tempos necessários para determinação da
degradação ruminal de alimentos PDR dos alimentos volumosos tropicais.

Tabela 3.2 - Período de incubação necessário (horas) para estimação da proteína degradável no
rúmen (PDR) de alimentos concentrados, considerando duas taxas de passagem
Taxa de passagem ruminal
0,05 h-1 0,08 h-1
Alimentos4
Intervalo de confiança Intervalo de confiança
TII1 TIM2 EPM3 Inferior Superior TII1 TIM2 EPM3 Inferior Superior
Milho grão 15,2 10,3
1 Sorgo grão 16,3 15,4 0,46 13,4 17,4 10,6 10,4 0,12 9,80 10,9
MDPS5 14,8 10,2
Farelo de trigo 6,20 5,00
2 Farelo de arroz 6,10 6,80 0,60 4,20 9,30 4,90 5,40 0,41 3,60 7,10
Casca de soja 7,90 6,20
Farelo de algodão 9,10 7,00
Farelo de soja 9,20 7,00
3 Feijão 11,4 9,90 0,41 8,80 11,1 8,30 7,50 0,25 6,80 8,20
Farelo de amendoim 9,80 7,40
Farelo de girassol 10,2 7,60
1
TII = Tempo de incubação individual; TIM = Tempo de incubação médio; 3EPM = Erro padrão da média;
2
4
Alimentos agrupados em Cluster; 5Milho desintegrado com palha e sabugo. Adaptada de Menezes (2016).

d) Condições internas nos sacos de incubação muitos anos foi utilizado como padrão para
incubação o tecido de nylon com porosidade
De acordo com López (2005), as variando entre 40 a 60 μm, conforme
condições no interior do saco de incubação recomendado por Nocek (1997). Entretanto,
devem ser similares ao restante do rúmen. esta porosidade vem sendo questionado em
Dessa forma a escolha apropriada do tecido estudos nacionais e internacionais. Hvelplund
para confecção dos sacos deve ser criteriosa. e Weisbjerg (2000) recomendaram a
O material deve ser sintético e absolutamente utilização de sacos de nylon com porosidade
refratário à degradação microbiana. Segundo entre 30 a 50 μm no estudo da degradação in
Nocek (1997), a porosidade apropriada de um situ da PB. Entretanto, estudos comparando
saco constitui ajuste entre limitar o influxo de estimativas da degradação proteica em sacos
conteúdo ruminal, não associado ao alimento de diferentes porosidades não foram
avaliado, permitindo-se, no entanto, o influxo encontrados na literatura consultada. Assim,
de populações microbianas para degradação, até que mais estudos sejam conduzidos para
enquanto, ao mesmo tempo, limita-se a saída avaliar a porosidade ideal dos sacos de nylon
de partículas alimentares não degradadas. Por para melhor obtenção de estimativas da PDR
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 53

dos alimentos, recomenda-se o uso de náilon a) Método do inibidor in vitro


com porosidade de 40 a 60 μm.
A área de superfície de contato dos Especificamente, para estimação da
sacos incubados em relação à amostra degradação da PB, uma técnica comum é a
também é uma variável importante levando mensuração da produção de amônia no
em consideração as condições internas de inóculo ruminal (Broderick, 1982; NRC,
degradação in situ. De acordo com Nocek 1985). A vantagem do procedimento é a
(1988), a quantidade ótima de amostra é simplicidade, entretanto apresenta uma série
aquela que proporciona quantidade suficiente de desvantagens. O crescimento microbiano e
para análises químicas ao final do processo, a captação da amônia ocorrem
sem que haja enchimento excessivo do saco simultaneamente à degradação proteica e
ao ponto de atrasar a adesão microbiana, liberação de amônia, ou seja, a concentração
elevando a fase de latência e subestimando as de amônia no inóculo é o resultado do
taxas digestão. Após revisão de literatura, o balanço entre a degradação proteica e a
autor recomendou para a maior parte dos captação de amônia para síntese de proteína
alimentos uma amostra de 10 a 20 mg/cm2 de microbiana. Broderick (1987), levando em
saco, ressaltando que para alimentos consideração essas limitações, descreveu um
concentrados o maior valor pode ser crítico método que tem como princípio inibir a
devido a elevada densidade e rápida captação de aminoácidos pelos
degradação, podendo haver intensa produção microrganismos após deaminação (sulfato de
de gases por unidade de tempo. Assim, apesar hidrazina e cloranfenicol), permitindo assim a
de ter surgido na década de 80, o estudo de mensuração real da produção líquida de
Nocek (1988) ainda não foi refutado, sendo amônia a partir da degradação. O método
até hoje utilizado como referência nos estudos preconiza a mensuração da concentração de
de incubação in situ. amônia e aminoácidos no meio antes que haja
qualquer captação dos mesmos. Este
Técnicas in vitro procedimento foi denominado método do
inibidor in vitro (Broderick e Cochran, 2000).
A técnica in vitro vem sendo utilizada Segundo Calsamiglia et al. (2000), esse
na nutrição de ruminantes ao longo de muitos método é o mais indicado para estimação da
anos e de acordo com Hungate (1966), os taxa de degradação da PB e suas demais
primeiros estudos dataram da década de 20. frações por apresentar dados compatíveis com
Calsamiglia et al. (2000) afirmaram que são modelos cinéticos de primeira ordem.
necessários procedimentos alternativos às Stern et al. (1997) relataram que o
técnicas in situ, que sofre extensiva sulfato de hidrazina é um inibidor não
variabilidade em função do tipo de dieta e dos competitivo da fosfoenolpiruvato
animais utilizados entre diferentes ensaios. carboxiquinase, bloqueando a gliconeogênese
Esses autores relataram que a avaliação de e impedindo os microrganismos de utilizarem
plantas forrageiras in situ apresenta esqueletos de carbono de aminoácidos como
dificuldades adicionais como: o alto teor de fonte de glicose. Já o cloranfenicol é um
constituintes solúveis em água, muitas vezes antibiótico que interrompe a síntese proteica
perdidos como material degradável, e maior microbiana pelo bloqueio da fase de tradução.
impacto da contaminação microbiana nos A vantagem destes compostos é que os
resíduos, uma vez que os microrganismos têm mesmos não inibem as reações proteolíticas,
elevada adesão por partículas fibrosas. permitindo assim estudar a dinâmica da
Diversas técnicas in vitro podem ser degradação proteica. O método do inibidor in
encontradas na literatura para determinação vitro preconizado inicialmente por Broderick
da degradação proteica, dentre elas as culturas et al. (1987) passou por uma série de
em sistema anaeróbico fechado ou Batch padronizações e Broderick et al. (2004)
culture e a utilização de métodos químico- descreveram uma série de adaptações à
enzimáticos que simulam a digestão do trato técnica com a finalidade de elevar a acurácia
gastrintestinal, as quais serão discutidas a dos resultados. Assim esses autores sugeriram
seguir. a modificação de algumas etapas do método
54 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

como um pré-tratamento do líquido ruminal ruminais (métodos in vitro ruminais) ou


por meio de diálise, o que elevaria o número enzimas livres de células (métodos in vitro
de microrganismos associados às partículas, não ruminais). A primeira técnica utiliza
elevando assim a viabilidade da cultura e digesta ruminal, geralmente obtida a partir de
reduzindo a variabilidade entre rodadas animais fistulados, e a segunda é baseada no
analíticas. Broderick et al. (2004) relataram uso de enzimas disponíveis comercialmente,
que a pré-incubação eleva a precisão das com a intenção de se obter resultado
estimativas de degradação proteica devido à semelhante ao encontrado com o líquido
elevação na biomassa microbiana viável. Por ruminal (Broderick e Cochran, 2000). Em
outro lado, outros procedimentos testados, ambos os casos, a taxa de degradação proteica
como a inclusão de vitaminas e ácidos graxos é mensurada a partir da taxa de acúmulo de
voláteis não proporcionaram melhoria na aminoácidos e amônia, que representam os
técnica original e não foram recomendados. produtos da degradação proteica (Schwab et
al., 2003).
b) Métodos enzimáticos Assim, existe a necessidade de se
discutir vantagens e desvantagens de se
A hidrólise ruminal da proteína no utilizar enzimas extraídas comercialmente ou
rúmen ocorre por intermédio de enzimas preparações de células microbianas ruminais.
microbianas que reduzem o tamanho desses De acordo com Calsamiglia et al. (2000),
compostos ou mesmo transformam a natureza extratos enzimáticos proteolíticos oriundos do
química dessas moléculas. As principais líquido ruminal podem ser fisiologicamente
enzimas, proteases, peptidases e deaminases, mais eficientes na degradação proteica in
bem como a estrutura tridimensional da vitro. Mahadevan et al. (1987) propuseram
proteína e a acessibilidade de suas ligações extração enzimática, utilizando diferentes
determinarão a taxa e a extensão da compostos como acetona, butanol ou mesmo
degradação das proteínas no rúmen lavagem em água gelada. Esses autores
(Calsamiglia et al., 2000). Além disso, a relataram eficiência de recuperação entre 30 a
interação entre diferentes tipos de enzimas 35% da atividade proteolítica do líquido
produzidas por diferentes tipos de ruminal integral e podem ser estocadas a -20o
microrganismos é um fator importante na C por pelo menos um ano sem perder sua
eficiência da degradação proteica. Kohn e atividade proteolítica. Kohn e Allen (1995a)
Allen (1995a) relataram ainda a importância relataram que a principal limitação do método
de enzimas que agem sobre outros compostos inicialmente proposto é que as proteínas não
como os carboidratos. Segundo esses autores, enzimáticas apresentam interferência
a presença do amido e da FDN interfere na significativa nas preparações enzimáticas a
degradação da proteína muitas vezes partir de líquido ruminal, uma vez que
promovendo barreira mecânica, o que leva a competem com as proteínas dos alimentos
inferir que a adição de enzimas como pelas enzimas presentes. Porém, uma
celulases e amilases às culturas in vitro pode vantagem da utilização de proteases extraídas
elevar a eficiência da degradação das enzimas do líquido ruminal é que estas são mais
proteolíticas. Segundo Stern et al. (1997), as adequadas para inferências a respeito da taxa
técnicas enzimáticas apresentam como de degradação da PB e das suas frações do
principal vantagem a completa independência que enzimas comerciais, uma vez que as
do uso de animais, o que resulta em menor enzimas comerciais não produzem dados que
variabilidade, simplificando sua se ajustam aos modelos de cinética de
padronização. Em contraste, esses autores primeira ordem (Calsamiglia et al., 2000).
destacaram que a validade biológica pode ser Desta forma, Kohn e Allen (1995a)
limitada e pode apresentar atividade propuseram modificação no método
enzimática incompleta quando comparada à originalmente proposto e conseguiram elevar
atividade ruminal. a eficiência da atividade para até 62%.
As duas aproximações básicas para Utilizando o indicador de atividade
fazer estimativas da digestão ruminal in vitro enzimática azocaseina, esses autores
envolvem a incubação com microrganismos concluíram que maiores atividades
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 55

proteolíticas foram detectadas utilizando-se trabalho de Aufrère et al. (1991) que


apenas acetona ou detergente na extração avaliaram a incubação in vitro com protease
enzimática. Kohn e Allen (1995b) avaliaram a de S. griseus de 97 alimentos durante 24 horas
viabilidade da atividade de enzimas extraídas comparada à incubação in situ. Aufrère et al.
com acetona e verificaram ação enzimática (1991) observaram estimativas altamente
por até 16 horas. Entretanto, a degradação dos correlacionadas (r = 0,89) sugerindo que essa
alimentos se tornou mais lenta com o passar enzima pode ser utilizada para estimar as
do tempo de incubação. Os autores concentrações de nitrogênio não degradável
concluíram também que há a necessidade de nos alimentos.
inclusão de celulases que elevaram a Licitra et al. (1999) avaliaram
eficiência de degradação dos componentes diferentes concentrações da protease de S.
estruturais. griseus em incubações in vitro e concluíram
Entretanto, além das preparações que a concentração de 1,5 unidades/ml
enzimáticas oriundas do líquido ruminal, representa o valor ótimo de utilização,
enzimas comerciais são extensivamente diferente do valor de 3,3 unidades/ml
utilizadas na avaliação da degradação proteica preconizado na literatura anterior. Outros
dos alimentos. Krishnamoorthy et al. (1983) estudos avaliando o pH ideal (Stern et al.
propuseram a utilização de protease extraída 1997) reportaram que a conformação das
de Streptomyces griseus, uma vez que a proteínas é alterada em função do pH, sendo
atividade de suas endo e exopeptidases é que pH 6,5 elevou a correlação entre os
similar ao encontrado na maioria dos métodos in situ e in vitro, e, em pH 8,0 foi
microrganismos ruminais. Krishnamoorthy et observada a atividade máxima da enzima.
al. (1983) realizaram a proteólise in vitro,
utilizando concentração enzimática de 0,066 c) Método da solubilização proteica e
unidades/ml que foi comprovadamente fracionamento
correlacionada com a atividade proteolítica
ruminal, utilizando o método in vivo para O método mais amplamente utilizado
comparação, o que indicou que a protease de para estimar as frações de compostos
S. griseus pode ser utilizada na estimação da nitrogenados do alimento é o protocolo de
proteína ruminal não degradada. fracionamento utilizado no CNCPS (Sniffen
Calsamiglia et al. (2000) realizaram et al., 1992; Fox et al., 2000). Originalmente o
compilação de dados de 11 trabalhos CNCPS dividiu a PB dos alimentos em 5
utilizando protease de S. griseus, cinco frações, usando 3 solventes e um agente
trabalhos utilizando ficina (extraída de Ficus precipitante. As cinco frações são: A, solúvel
glabatra), sete trabalhos utilizando bromelina, em tampão borato fosfato (TBF), mas não
três utilizando papaína e outros 8 trabalhos precipitada por ácido tricloroacético (TCA),
avaliando enzimas diversas. Nessa constituída pelos compostos nitrogenados não
compilação, os autores detectaram que a proteicos (NNP); B1, proteína verdadeira
degradação proteica com ficina por 4 horas é rapidamente degradada no rúmen, solúvel em
altamente correlacionada com a degradação in TBF, mas precipitada pelo TCA; B2, proteína
vivo e também in situ após 24 horas. Não verdadeira e grandes peptídeos,
foram encontrados resultados satisfatórios moderadamente degradada no rúmen,
para fromase, alcalase, quimosina, tripsina, calculada como sendo a diferença entre o total
pepsina, pancreatina e protease tipo XIV, de PB do alimento menos as outras frações;
tanto utilizadas de forma isolada como em B3, proteína verdadeira lentamente degradada
associação. Duas outras proteases vegetais, no rúmen, calculada pela diferença entre o
bromelina e papaína apresentaram resultados conteúdo proteico insolúvel em detergente
distintos. Enquanto a bromelina proporcionou neutro (PIDN) e o conteúdo proteico
correlação moderada com a degradação in insolúvel em detergente ácido (PIDA) e a
vivo, papaína proporcionou elevadas fração C, ou a proteína indisponível,
correlações, porém, não superiores às equivalente ao PIDA.
correlações encontradas para ficina A PIDN é obtida pela estimação da PB no
(Calsamiglia et al., 2000). Deve-se destacar o resíduo insolúvel após o tratamento com
56 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

detergente neutro, sem a utilização de sulfito PA2 (Proteína verdadeira solúvel) = [PS ×
de sódio; e a PIDA estimada após a extração (PB/100)] – PA1
sequencial, no resíduo obtido após o
tratamento com detergente ácido. A fração A PB1 (Proteína verdadeira insolúvel) = PB – (PA1
é considerada 100% degradada no rúmen e a – PA2 – PB2 – PC)
fração C 100% não degradada.
PB2 (Proteína ligada à fibra) = (PIDN – PIDA) ×
O CNCPS também reconhece que o (PB/100)
desaparecimento da PB no rúmen é uma
função simultânea da kd e kp, e que a kp varia PC (Proteína indigestível) = PIDA × (PB/100)
com o consumo, o alimento e as
características da dieta. Dessa forma, duas em que: PA1 = Fração amoniacal; PA2 =
equações são utilizadas para predizer o kp dos Fração proteica verdadeira solúvel; PB1 =
alimentos não degradados, uma para forragem Fração proteica verdadeira insolúvel; PB2 =
(kp = 0,388 + 22,0  [CMS/PC0,75] + 0,0002  Fração proteica ligada à parede celular ou
[% forragem na MS da dieta]) e outra para ligada à fibra; PC = Fração proteica
concentrado (kp = -0,424 + [1,45  kp para indigestível; PB = Proteína bruta; PS =
forragem]). As taxas de passagem são proteína solúvel em tampão borato-fosfato
ajustadas para alimentos individuais, incluindo azida sódica
utilizando-se um fator de ajuste multiplicativo
para tamanho de partículas, usando a fibra Correlação entre estimativas in vivo, in situ e
insolúvel em detergente neutro fisicamente in vitro
efetiva (FDNfe). Duas equações são usadas
para estimação do fator de ajuste (FA), uma Hvelplund e Weisbjerg (2000)
para forragens (FA = 100/[FDNfe + 70]) e relataram a dificuldade de se validar
outra para alimentos concentrados (FA = protocolos in situ, utilizando métodos in vivo
100/[FDNfe + 90]). da degradabilidade proteica. Segundo os
Os valores de PDR e PNDR podem autores, a maior dificuldade de se conhecer a
ser calculados diretamente pela associação degradabilidade proteica in vivo é estimar a
das frações da PB obtidas, com as suas separação do fluxo de proteína duodenal em
respectivas taxas de passagem e digestão. PNDR, proteína microbiana e proteína
Dessa forma, a PDR (%PB) pode ser endógena. Além disso, a mensuração do perfil
calculada como: A + B1 (kdB1 / [kdB1 + kp]) de degradação de alimentos de forma isolada
+ B2 (kdB2 / [kdB2 + kp]) + B3 (kdB3 / é difícil, sendo na maioria das vezes aplicados
[kdB3 + kp]) e a PNDR = 1 − PDR. Um aos estudos de dietas completas. Hvelplund e
aspecto interessante dessa aproximação Weisbjerg (2000) relataram alguns detalhes
utilizada no CNCPS é que as análises (NNP, importantes que devem ser considerados na
PIDIN, PIDA e proteína verdadeira solúvel) comparação, tais como a taxa de passagem e o
executadas para a estimação das frações da nível de alimentação, que podem influenciar
PB são procedimentos de rotina em diretamente no fluxo de proteína para o
laboratórios, o que facilita a adoção do intestino delgado.
método para a utilização em condições de Vanzant et al. (1996) estudaram
campo (Schwab et al., 2003). estimativas da degradação proteica in vivo e
O sistema CNCPS passou por algumas in situ de três tipos de feno de forragens de
atualizações nos últimos anos, sendo que clima temperado. Utilizando animais
Higgs et al. (2015) apresentaram nova fistulados no rúmen e no duodeno, os autores
nomenclatura para as frações da PB adotadas utilizaram a FDA indigestível (FDAi) como
atualmente pelo CNCPS, embora poucas indicador do fluxo duodenal da matéria
alterações tenham sido realizadas nos orgânica (MO) com a finalidade de estimar o
métodos de análises utilizados pelos autores, total de nitrogênio que escapa da degradação
sendo: ruminal. O fluxo de nitrogênio microbiano foi
estimado através da concentração de purinas
PA1 (Amônia) = Amônia × (PS/100) × (PB/100) na amostra duodenal e do fluxo de nitrogênio
duodenal total. O N endógeno foi estimado
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 57

pelos autores por aproximações matemáticas técnicas utilizadas para mensurar o fluxo
utilizando dados de três autores distintos: duodenal e as quantidades de nitrogênio
Orskov et al. (1986); Hart e Leibholz (1990) e microbiana que atingem esse compartimento.
Lintzenich et al. (1995). Vanzant et al. (1996) Outra limitação é a estimação do nitrogênio
também mensuraram o fluxo duodenal de endógeno, que pode apresentar grande
nitrogênio amoniacal e o nitrogênio total variação, sendo, portanto, dependente do
ingerido. A partir da obtenção desses valores modelo usado para sua estimativa (Tabela
foi calculada a degradabilidade do nitrogênio 3.3).
da dieta da seguinte forma: Gosselink et al. (2004a) compararam
estimativas da degradação in situ, in vitro e in
NNDR = Nduod – NA – Nmic – Ne vivo da PB de 11 volumosos de clima
temperado. Para estimação do N microbiano,
NDR = 1 – NNDR os autores utilizaram tanto o 15N como
também a técnica dos derivados de purina. As
Ao comparar os valores de PDR mensurações in situ foram realizadas no
obtidos in vivo e in situ, Vanzant et al. (1996) rúmen de vacas e ovelhas, utilizando tempos
não observaram diferenças significativas entre de incubação em sacos de nylon de até 72
as estimativas. Os autores atribuíram esse fato horas e ajustadas em modelo exponencial.
à elevada variabilidade dos valores obtidos in
vivo em função das dificuldades inerentes às

Tabela 3.3 - Sensibilidade da degradabilidade in vivo da PB (DegPB) de dois volumosos em


função de diferentes estimativas do fluxo duodenal do nitrogênio endógeno
Referência utilizada
Orskov et al. (1986) Hart e Leibholz (1990) Lintzenich et al. (1995)
N endógeno estimado g/d 19,4 38,4 27,8
Alfafa – DegPB (%) 78,8 89,7 83,4
Feno de Prairie – DegPB (%) 41,2 72,3 55,5

A degradação in vitro foi realizada a derivados de purina (NNADP). Dessa forma os


partir do fracionamento do N dietético autores recomendaram as equações abaixo:
preconizado pelo CNCPS (Sniffen et al., 1992)
em frações A, B1, B2, B3 e C, e as taxas de NNDR15N = 3,08 × NIDA + 1,6 (r2 = 0,87)
degradação e passagem calculadas pelo
Programa CPM-Dairy (CPM-Dairy, 2003). O N NNA15N = 3,72 × NIDA + 0,7 (r2 = 0,83)
não degradável foi estimado pela incubação
com protease de S. Griseus durante 24 horas NNADP = 2,74 × NIDA + 29,4 (r2 = 0,83)
(Aufrère e Cartailler, 1988). Os autores não
encontraram correlação significativa (P>0,05) Assim, Gosselink et al. (2004b)
entre as degradabilidades da PB obtidas in situ sugeriram que há potencial do uso de NIDA
em vacas e ovelhas com as estimativas in vivo, para predizer o NNDR in vivo, porém
independente da técnica utilizada para obtenção reconhecem que esses dados precisam de
do Nmic. O mesmo ocorreu para as estimativas validação e mais estudos para que se comprove
in vitro, entretanto, os autores encontraram tal relação.
correlação significativa (P<0,05) entre as Edmunds et al. (2012) estudaram a
estimativas in situ e in vitro. Foi encontrada relação entre estimativas da PNDR in situ e in
correlação significativa (P<0,05) do nitrogênio vitro, utilizando 25 alimentos concentrados e
insolúvel em detergente ácido (NIDA) com o volumosos. O procedimento in situ foi
NNDR calculado com 15N (NNDR15N), e com o realizado, utilizando tempos de até 96 horas em
fluxo de nitrogênio não-amoniacal duodenal sacos de nylon, corrigidos para contaminação
calculado tanto com 15N (NNA15N) quanto com microbiana de acordo com o método de
Krawielitzki et al. (2006) e ajustados em
58 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

modelo exponencial. O procedimento in vitro também consideraram o pool dos substratos


foi realizado através de incubação enzimática estudados e a massa microbiana presente no
em protease de S. Griseus durante 24 horas sistema (France et al., 1990). O modelo de
seguindo protocolo de Licitra et al. (1998). Os primeira ordem de Mitscherlich proposto por
autores encontraram elevada correlação entre as Ørskov e McDonald (1979) é utilizado com
estimativas in situ e in vitro demonstrando maior frequência para avaliação dos resíduos
equivalência entre os dois métodos. de PB obtidos in vitro e in situ. Esse modelo
Madsen e Hvelplund (1985) utilizaram exponencial negativo simples também é
o indicador DAPA para estimar a produção de considerado um modelo de minimização dos
PB microbiana em 12 diferentes dietas. Ao retornos.
correlacionar esses dados com outros obtidos in O modelo proposto por Ørskov e
situ observaram relação linear entre os dois McDonald (1979), em cinética de primeira
métodos, tanto considerando 0,05 como 0,08 h-1 ordem, assume que o substrato degradado em
como taxas de passagem da digesta. Os autores qualquer tempo é proporcional à quantidade
também avaliaram a degradação in vivo com de resíduo potencialmente degradável em
dados obtidos in vitro utilizando inóculo qualquer tempo, a uma taxa fracional de
ruminal, e não encontraram relação satisfatória degradação constante. Esse modelo é
entre as duas técnicas. Roe et al. (1991) amplamente utilizado devido à sua
compararam três técnicas enzimáticas in vitro simplicidade. Entretanto o mesmo não
com a técnica in situ para estimar a degradação contempla uma ampla diversidade de
ruminal da PB de quatro subprodutos da soja. alterações da taxa fracional decorrida da
As enzimas utilizadas foram a protease de S. degradação (López, 2008). Desta forma,
griseus, ficina e protease neutra com amilase e López et al. (1999) estudaram alguns modelos
as incubações in vitro foram feitas por 48 horas. que consideram que a taxa fracional da
Os resultados obtidos não foram satisfatórios degradação dos nutrientes não é um valor
pois os autores não verificaram relação constante, mas sim variável; e que alguns
significativa das curvas de degradação obtidas modelos de degradação baseados na cinética
in situ e in vitro. do crescimento microbiano são de natureza
Nota-se a partir dos dados apresentados sigmoidal, indicando solução alternativa aos
que as técnicas in situ e in vitro apresentam modelos de minimização dos retornos ou
maior precisão nas suas estimativas, enquanto exponenciais simples, como é o caso do
que a técnica in vivo apresenta elevada modelo proposto por Van Milgen et al.
variabilidade e, portanto, pequena correlação (1991).
com as técnicas in situ e in vitro. Hvelplund e Assim, os modelos para ajuste de
Weisbjerg (2000) afirmaram que em curvas de degradação da PB, tanto do tipo
comparação ao extensivo uso da técnica in situ, exponencial como o tipo sigmoide, são
sua validação a partir de experimentos in vivo apresentados a seguir, considerando a taxa
ainda é escassa e duvidosa devido à falta de fracional de degradação (kd) constante. Os
dados e estimativas confiáveis do fluxo resíduos de incubação da PB obtidos através
duodenal de nitrogênio endógeno. dos ensaios in vitro ou in situ em função do
tempo podem ser avaliados, utilizando-se os
Modelos matemáticos para estimativa da modelos matemáticos propostos por (1)
degradação ruminal da proteína a partir de Ørskov e McDonald (1979) e (2) Van Milgen
dados obtidos in situ ou in vitro et al. (1991):
Os tradicionais modelos matemáticos (1) DEG(t) = a + b × (1 – e-kd×t)
utilizados para descrever a degradação
ruminal, em geral, calculam essa variável com (2) DEG(t) = a + b × [(1 + c × t) × (e-c×t)]
base na massa de substrato que está retido no
compartimento avaliado. Alguns desses em que: DEG(t) representa o desaparecimento
modelos são de primeira ordem (Waldo et al., da PB expressa em porcentagem; a representa
1972) ao considerar apenas o substrato a ser a fração solúvel em água no tempo zero; b
digerido, e outros de segunda ordem, pois representa a fração insolúvel em água, mas
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 59

potencialmente degradável no rúmen em fracional de degradação decresce


determinado tempo; c representa a taxa continuamente (c ≤ 1) ou se eleva em um
fracional conjunta de latência e degradação (h- primeiro momento e decresce logo em
1
); kd é a taxa de degradação da fração b; e t é seguida (c > 1). Este aumento inicial na taxa
o tempo de incubação (horas). de degradação se deve basicamente a
O modelo de primeira ordem de acessibilidade do substrato devido à
Mitscherlich adaptado por Ørskov e hidratação das partículas, adesão microbiana,
McDonald (1979) assume que a degradação e aumento na população microbiana da
ocorre a uma taxa fracional constante após colônia, enquanto que o imediato decréscimo
uma discreta fase de latência, assim a taxa de reflete as restrições químicas e estruturais das
desaparecimento decresce continuamente e partículas de alimentos (Groot et al., 1996).
não há nenhum ponto de inflexão. Assim, os
autores incluíram o parâmetro que denota a  t  T c 
fração imediatamente solúvel. (4) DEG (t )  a  b   c c 
Além dos modelos acima citados,  K  (t  T ) 
López et al. (1999) descreveram uma série de
modelos não lineares que podem ser em que: DEG (t) representa o
utilizados para a mesma finalidade descrita desaparecimento da PB expressa em
acima. Entretanto, esses modelos consideram porcentagem; a representa a fração solúvel em
que a taxa de degradação (kd) não é um água no tempo zero; b representa a fração
parâmetro estático, mas sim dinâmico, insolúvel em água, mas potencialmente
apresentando variações ao longo do tempo de degradável no rúmen em determinado tempo;
incubação. Dentre esses modelos, France et c é um parâmetro relativo a taxa fracional de
al. (1990) utilizaram modelo degradação (h-1); t é o tempo de incubação
bicompartimental (3), adicionando mais um (horas); e K é o tempo de degradação total
parâmetro referente à inibição imposta pelo após o tempo de latência T (parâmetro
substrato indegradável, sendo: opcional). A taxa de degradação variável (kd)
é dada por:

(3) DEG (t )  a  b  1  e
 ct  d  t
  ct c 1 
kd   c c 
em que: DEG (t) representa o  (t  K ) 
desaparecimento da PB expressa em
porcentagem; a representa a fração solúvel em As funções de crescimento padrão
água no tempo zero; b representa a fração como a função Logística (5) e Gompertz (6)
insolúvel em água, mas potencialmente também foram adaptadas por Robinson et al.
degradável no rúmen em determinado tempo; (1986) e France et al. (1990) para a mesma
c é um parâmetro relativo a taxa fracional de finalidade relatada. Esses modelos assumem
degradação (h-1); t é o tempo de incubação que microrganismos podem utilizar o
(horas), d é um parâmetro relativo a taxa substrato da incubação para o seu crescimento
fracional de degradação (h-1/2) relativa à apenas quando as exigências de mantença
difusão de um ativador de desaparecimento forem satisfeitas, até um determinado ponto
(ex: enzimas microbianas) após a fase de de inflexão. Após o ponto de inflexão, a taxa
latência até o ponto de inflexão. A taxa de de degradação do substrato é reduzida e as
degradação variável (kd) é dada por: exigências de manutenção são responsáveis
pela maior parte do gasto do substrato por
 d 
kd  c   
unidade de tempo, reduzindo a taxa fracional
2 t  do crescimento microbiano e
consequentemente reduzindo a produção
France et al. (2000) estimaram as microbiana. Assim, a taxa de degradação (kd)
frações da degradação dos alimentos da PB obtida a partir destes dois modelos se
adaptando o modelo de Michaelis-Menten eleva ao longo do tempo de incubação. Este
generalizado (4). Nesse modelo a taxa aumento pode ser interpretado como um
60 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

aumento na atividade microbiana por unidade  b  kd  


PDR  a   
 kd  kp 
de massa de substrato.


 1  e  ct 
(5) DEG (t )  a  b  
 A mensuração do suprimento de
 ct 
 (1  Ke )  proteína de origem microbiana tem sido uma
importante área de estudo dentro da nutrição
 ( K )(1 e ct )  proteica de ruminantes. O fluxo de proteína
(6) DEG (t )  a  b   1  e c
 microbiana para o duodeno pode ser
 
considerado um dos mais importantes e
sensíveis indicadores da otimização do
em que: DEG (t) representa o metabolismo proteico em ruminantes (Tas e
desaparecimento da PB expressa em Susenbeth, 2007). Entretanto, a mensuração
porcentagem; a representa a fração solúvel em direta do fluxo de proteína microbiana no
água no tempo zero; b representa a fração intestino exige animais canulados
insolúvel em água, mas potencialmente cirurgicamente, o que representa alto custo,
degradável no rúmen em determinado tempo; demanda maior cuidado no uso dos animais e
c é um parâmetro relativo a taxa fracional de pode afetar o consumo de MS e
degradação (h-1); t é o tempo de incubação consequentemente o desempenho animal.
(horas); e K é um parâmetro relativo a taxa A estimação do fluxo de proteína
fracional de degradação (h-1) para dado ponto microbiana para o intestino é de fundamental
de inflexão. As taxas de degradação variável importância para se estimar o valor proteico
(kd) destes dois modelos são dadas pelas da dieta e o tipo de contribuição do nitrogênio
seguintes sentenças: total. Dependendo da natureza do nitrogênio
da dieta, o nitrogênio microbiano pode
(7) kd = c/(1 + Ke-ct) contribuir de 50 até 90% do nitrogênio que
alcança o duodeno (Miller et al., 1982). Esta
(8) kd = b × ect quantificação pode ser realizada por
diferentes métodos, que também serão
Em geral, a rusticidade de uma discutidos em sessões posteriores.
equação de degradação se reduz à medida que Assim, um dos importantes fatores
se eleva o número de fases, características que interfere diretamente na obtenção dos
inerentes aos modelos não lineares. Um valores de PDR, é a taxa de passagem adotada
aumento no número de parâmetros utilizados nos cálculos da degradabilidade efetiva da
no modelo também pode reduzir a PB. O NRC (2001) adotou anteriormente três
probabilidade de ajuste matemático, o que diferentes funções para estimação da taxa de
eleva a probabilidade de uso de modelos mais passagem de forragens úmidas, forragens
simples, como é o caso do modelo Ørskov e secas e concentrados. Entretanto, Seo et al.
McDonald (1979), que trabalha com valores (2006) destacaram que os dados compilados
estáticos para taxa de degradação, havendo para geração destas três equações foram
necessidade de menor número de parâmetros obtidos em experimentos que utilizaram as
a serem estimados. Dessa forma, recomenda- terras raras como principais indicadores, o
se o modelo de Ørskov e McDonald (1979), que limita a aplicabilidade das equações aos
por ser simples e funcionar relativamente bem dados experimentais atuais. Assim, Seo et al
para avaliar a degradação proteica dos (2006) propuseram novas equações com base
alimentos. Para qualquer um dos modelos em um banco de dados de 154 trabalhos e 766
utilizados, a partir das frações solúvel (a), observações, dos quais foram gerados
potencialmente degradável (b) e a taxa de modelos matemáticos capazes de predizer a
degradação (kd) mensuradas para PB e a taxa de passagem de diversos alimentos e
partir da taxa de passagem estimada (kp), será dietas com base em indicadores externos.
possível calcular a degradabilidade efetiva, Assim, após ajustes, os autores apresentaram
que corresponderá à PDR: as seguintes equações para estimação das
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 61

taxas de passagem (kp) de forragens, dietas destinadas a ruminantes no Brasil, não


concentrados e líquidos: existem fontes que atendam melhor às exigências
aminoacídicas do animal que a proteína
kp forragem = (2,365 + 0,0214 × FpBW + microbiana (Verbic, 2002). Diante de tais
0,0734 × CpBW + 0,069 × FDMI) / 100 qualidades, tem sido objetivo da nutrição dos
ruminantes, maximizar o fluxo de proteína
kp concentrado = (1,169 + 0,1375 × FpBW + microbiana para o intestino delgado, aumentando
0,1721 × CpBW) / 100 assim a eficiência produtiva.
De acordo com Broderick e Merchen
kp líquidos = (4,524 + 0,0223 × FpBW + (1992), para quantificar a proteína microbiana
0,2046 × CpBW + 0,344 × FDMI) / 100 ruminal são necessários indicadores microbianos.
Esses podem ser classificados como indicadores
em que: kp = taxa de passagem, h−1; FpBW = internos e externos. Os indicadores internos são
consumo de forragem em g MS/PC; CpBW = aqueles inerentes aos microrganismos, ou seja, já
consumo de concentrado em g MS/PC; FDMI = são componentes químicos dos próprios
consumo de forragem em kg MS. microrganismos como o ácido diaminopimélico.
Esse composto é um aminoácido presente em
SÍNTESE DE PROTEÍNA MICROBIANA bactérias, e foi identificado em oligopeptídeos
ligados aos peptídeoglicanos da parede celular
Sendo os microrganismos ruminais os bacteriana. Outros compostos, tais como o
principais modificadores da proteína dietética, aminoácido D-alanina, ácido aminoetil-fosfônico
não somente a exigência de PB do animal deve e ácidos graxos de cadeia ímpar também podem
ser considerada, como também a quantificação ser classificados como indicadores microbianos
do nitrogênio exigido para síntese de proteína internos. Além desses citados, o composto mais
microbiana ruminal. De acordo com Puchala e utilizado como indicador microbiano interno é o
Kulasek (1992), para obtenção do nitrogênio conjunto de ácidos nucleicos microbianos. O alto
total exigido pelos ruminantes, os sistemas de conteúdo de RNA nas células microbianas
exigências nutricionais necessitam fornecer uma tornou esse composto de grande interesse na
estimativa da quantidade total de proteína que é quantificação do pool de proteína microbiana
digerida e absorvida no intestino delgado. Esta sintetizada no rúmen. Os indicadores externos
proteína total compreende a proteína microbiana são aqueles adicionados ao rúmen e que são
sintetizada no rúmen e a proteína da dieta que capazes de se aderir aos microrganismos, como é
escapa da degradação ruminal. A exigência o caso dos isótopos pesados como o 15N.
nutricional de PNDR é calculada como o total de Segundo os mesmos autores, um indicador
PM exigida menos a quantidade de proteína microbiano ideal deve incluir características
metabolizável microbiana que alcança a como: facilidade na quantificação, não estar
duodeno, dessa forma, existe a necessidade de se presente ou presente em pequenas quantidades
obter estimativas acuradas dessa variável para se nos alimentos, presente a uma relação constante
quantificar as exigências nutricionais de PM para mesmo sob condição experimental e ser
ruminantes (Firkins, 1996). biologicamente estável. O uso de cada um desses
A proteína microbiana pode suprir de 50 indicadores representa uma técnica diferente para
a 100% da PM exigida para bovinos de corte, estimação da proteína microbiana, que serão
apresentando em torno de 80% de digestibilidade discutidas a seguir.
intestinal e perfil aminoacídico compatível com o
necessário para a deposição de músculo (NRC, Técnicas para estimação da proteína
2000) pois a composição aminoacídica da microbiana ruminal
proteína microbiana é similar à da proteína dos
tecidos do próprio animal. Em comparação à a) Comparando 15N e RNA
composição da proteína de concentrados
proteicos de origem vegetal, a proteína O 15N tem sido amplamente utilizado
microbiana contém maior proporção de como indicador para estimar a produção
metionina e lisina e, após a proibição da microbiana, já que é um isótopo estável, de
utilização de alimentos de origem animal em baixo risco ambiental, de menor custo em
62 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

relação a outros isótopos, por marcar todos os fração de bactérias associadas à fase sólida é
pools de N microbiano, por não ser superior à das associadas à fase líquida,
encontrado naturalmente na proteína dos podendo representar mais de 90% (Faichney,
alimentos e por não marcar a proteína do 1980) das bactérias isoladas de animais
animal até que os aminoácidos microbianos recebendo dietas volumosas. Assim, os
marcados sejam incorporados aos seus tecidos procedimentos de isolamento bacteriano
(Broderick e Merchen, 1992). O 15N é bem deveriam considerar as bactérias associadas às
distribuído na célula microbiana, logo, no partículas (BAP) para estimação de uma
caso de lise celular durante o isolamento, as relação indicador:N total mais representativa.
perdas de protoplasma, que subestimam a Martín et al. (1994) observaram
quantidade de ácidos nucléicos, são menos diferentes teores de 15N entre BAL (0,164%
prejudiciais na estimação da concentração de do N total) e BAP (0,111% N total),
15
N. possivelmente devido à maior taxa de
Com a infusão de sais de sulfato de crescimento e síntese proteica das BAL.
amônia marcada, (15NH4)2SO4, no rúmen, Embora a contribuição das BAP seja pouco
gradativamente ocorre a síntese de estudada, sua presença na estimação da
aminoácidos microbianos, utilizando como relação indicador:N total microbiano pode ter
precursores a 15NH3 e, com isso, o isótopo grande impacto na estimativa do fluxo de
passa a ser constituinte da proteína proteína microbiana. Carro e Miller (2002)
microbiana. Já os protozoários são marcados encontraram maiores teores de 15N e bases
principalmente após a incorporação do 15N purinas em relação ao N total nas BAL
contido nas bactérias predadas. Broderick e quando comparado às BAP e teores
Merchen (1992) recomendaram a infusão intermediários nos pellets mistos, contendo
contínua, via fístula ruminal, de (15NH4)2SO4 ambas bactérias. Desta forma, métodos
durante 48 horas e estimação do teor de 15N, capazes de isolar bactérias mistas são
segundo o método de Siddons et al. (1985). recomendáveis. A relação 15N:14N e conteúdo
Normalmente, a relação indicador:N de N microbiano, de forma geral, podem ser
microbiano tem sido obtida em bactérias obtidos a partir da média em amostras de
isoladas da fase líquida da digesta ruminal, BAL e BAP, uma vez que em muitos casos
considerando que essa é similar à relação da não são encontradas diferenças entre essas
microbiota ruminal mista, embora diferenças duas formas de isolamento de bactérias
entre bactérias das fases líquida (BAL) e (Machado et al., 2013, Rotta et al., 2014a,
sólida (BAP), bem como entre bactérias e Prates, 2015 e Menezes, 2016; Tabela 3.4)
protozoários sejam amplamente relatadas. A

Tabela 3.4 - Estatística descritiva da relação 15N:14N e N microbiano (% MO) obtida em amostras
de bactérias associadas à partículas (BAP) e bactérias associadas à fase líquida (BAL)
de diferentes estudos
BAP BAL
Autores1 15 14 15 14
N: N N (% MO) N: N N (% MO)
Machado4 3412 7,07 3582 7,20
Rotta5 0,0933 7,80 0,0923 8,20
Menezes6 3042 5,89 3222 5,46
Mariz7 4542 7,17 4632 7,51
Prates8 0,0763 7,274 0,0683 7,354
1
Médias da relação 15N:14N e conteúdo de N bacteriano não diferem pelo teste F (P>0,05), exceto N bacteriano em
Mariz (2016) que foram diferentes entre BAL e BAP (P<0,05). 2Δ por mil. 3valores obtidos em amostras omasais e
considerando enriquecimento de átomos 15N em percentagem 4nitrogênio com base na MO; 4Machado et al. (2013);
5
Rotta et al. (2014a); 6Menezes (2016); 7Mariz (2016); 8Prates (2015).
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 63

No entanto, organismos unicelulares alimentos não são permitidos, isso não causa
possuem alta concentração de ácidos problema com a utilização dessa técnica
nucléicos, especialmente RNA e bases De acordo com Rotta et al. (2014b),
purinas, o que torna interessante a utilização muitos dos trabalhos que avaliaram diferentes
desses como indicadores microbianos indicadores para estimação da proteína
internos. Em torno de 18 % do nitrogênio microbiana ruminal utilizaram amostras
total dos microrganismos ruminais encontra- obtidas no abomaso ou duodeno, e que a
se nos ácidos nucléicos e aproximadamente manutenção de animais fistulados no abomaso
11% do N total está presente nas bases e/ou duodeno é difícil e de alto custo
purínicas (Chen e Ørskov, 2003). Segundo operacional, causando transtorno no manejo
Broderick e Merchen (1992), a utilização de dos animais. Reynal et al. (2005) e
ácidos nucléicos como indicador está bem Ipharraguerre et al. (2007) recomendaram que
estabelecida. O RNA pode ser quantificado o cálculo do fluxo de proteína microbiana
segundo o método proposto por Ling e utilizando 15N como indicador deve ser
Buttery (1978), e as bases purínicas conforme realizado utilizando amostras obtidas a partir
Ushida et al. (1985). do omaso. Porém, ao utilizar 15N e bases
A maior parte dos alimentos apresenta purinas como indicadores, esses autores
baixa concentração de RNA e, segundo encontraram diferença nos valores obtidos
McAllan e Smith (1973), no rúmen ocorre para fluxo de proteína microbiana a partir de
extensiva degradação do RNA exógeno. amostras duodenais. Já Krizsan et al. (2010)
Assim, o fluxo duodenal de RNA é sugeriram que amostras de digesta do retículo
predominantemente de origem microbiana. podem substituir amostras omasais. Mariz
Entretanto, nas farinhas de origem animal, a (2016) estudou possíveis diferenças entre os
concentração de RNA é similar à dos indicadores microbianos 15N e BP para
microrganismos e, dessa forma, não é estimar a síntese e a eficiência microbiana
apropriada a utilização do RNA como ruminal, quando aplicados diferentes níveis
indicador em animais recebendo este tipo de de proteína às dietas de bovinos Nelore e
alimento. Porém, como no Brasil esses cruzados. A autora não encontrou diferença
nas estimativas apresentadas.

Tabela 3.5 - Efeitos de diferentes locais de coleta e marcadores microbianos na produção de


nitrogênio microbiano e sua eficiência em novilhos de corte alimentados com
silagem de milho ou cana-de-açúcar
Local de amostragem P-valor
Marcadores Retículo Omaso Abomaso EPM 1
L  M2
NM3 104 114 125 4,59 <0,01
BP4 114 abA
106 bA
130aA 4,78 <0,01
15 bB aA
N 94,1 123 120aA 4,79 <0,01
PBmic5/NDT6 101 108 118 4,39 <0,01
BP 107bA 93,3bB 117aA 4,44 <0,01
15
N 95,0bA 123aA 118aA 4,42 <0,01
NM/MOfer7 24,8 31,8 36,2 2,05 <0,05
bA bA
BP 26,8 29,2 37,7aA 2,09 <0,05
15
N 22,7bA 34,4aA 34,6aA 2,08 <0,05
1
Erro padrão da média; 2Interação entre local de amostragem e marcador microbiano; 3Nitrogênio microbiano; 4Bases
purinas; 5Proteína bruta microbiana; 6Nutrientes digestíveis totais; 7Matéria orgânica fermentável. Adaptada de Rotta et al.
(2014).

A similaridade entre os indicadores digestas omasais. Adicionalmente, Rotta et al.


microbianos indicou que tanto 15N e as BP são (2014b) conduziram um trabalho avaliando
adequados para estimar a síntese e eficiência de esses dois indicadores, obtidos em diferentes
proteína microbiana, quando coletados em locais de amostragens (Tabela 3.5). Rotta et al.
64 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

(2014b) relataram que amostras obtidas no comumente usados em dietas de ruminantes


omaso e abomaso proporcionaram resultados possuem baixo conteúdo de purinas, e a grande
similares para produção de proteína microbiana maioria das dietas sofre extensa degradação no
assim como eficiência microbiana quando rúmen como resultado da fermentação
15
utilizaram tanto N quanto bases purinas como microbiana (McAllan e Smith, 1973). Os ácidos
indicadores. Além disso, Rotta et al. (2014b) nucléicos de origem bacteriana que chegam ao
testaram diferentes esquemas de coleta de intestino são, em grande maioria, digeridos e
amostras, utilizando indicadores único, duplo absorvidos no intestino delgado. As bases
ou triplo, isolando diferentes tipos de perfis da purinas absorvidas são catabolizadas a derivados
digesta ruminal como fase única (sistema de de purinas (hipoxantina, xantina, ácido úrico e
indicador único), fase líquida e de partículas alantoína) e excretadas na urina (Figura 3.2;
(sistema de indicador duplo), e fases líquida, de Topps e Elliott, 1965). Dessa maneira, o fluxo
pequenas e de grandes partículas (sistema de de nitrogênio microbiano no intestino delgado
indicador triplo), respectivamente. pode ser estimado a partir da quantificação da
Os autores recomendaram uma correção excreção de derivados de purina na urina (Figura
nas estimativas da proteína microbiana ruminal 3.2). Embora existam métodos para estimar a
obtida a partir de ensaios com sistema de síntese microbiana com base em indicadores
indicadores único e duplo, para estimativa dos microbianos (RNA, 15N; Broderick e Merchen,
valores compatíveis ao esquema triplo, sendo 1992, Tamminga e Chen, 2000), conforme
estas: discutido no tópico anterior, esses métodos
apresentam dificuldades para uso extensivo pois
NMcorr (g/dia) = 49,71 + 0,66 × NMúnico são extremamente invasivos e requerem a
utilização de animais fistulados para estimação
NMcorr (g/dia) = 43,04 + 0,71 × NMduplo do fluxo de MS pelo abomaso ou duodeno. Esses
métodos baseados na estimativa do fluxo de
em que NMcorr é a produção de nitrogênio proteína microbiana têm sido usados em grande
microbiano ruminal por dia corrigida para uso parte para calibração de alguns fatores de cálculo
de indicador único ou duplo, NMúnico é o no método dos derivados de purina (Tas e
nitrogênio microbiano obtido a partir de Susenbeth, 2007; Barbosa et al., 2011; Prates et
esquema de indicador único, e NMduplo é o al., 2012).
nitrogênio microbiano obtido a partir de Assim como todo método indireto, o
esquema de indicador duplo. método da estimativa da produção microbiana
com base nos derivados de purina na urina é
b) Derivados de purina na urina susceptível a uma série de fontes de variação
(Chen et al., 1990b, Chen e Gomes, 1992,
A descoberta de que os derivados de Tamminga e Chen, 2000, Bowen et al., 2006,
purina na urina de ruminantes são Tas e Susenbeth, 2007) e alguns dos fatores mais
quantitativamente importantes como produtos importantes relativos ao método têm estado em
finais do metabolismo de nitrogênio levou ao constante revisão e atualização. Uma
aprofundamento da pesquisa na área e ao representação gráfica desses fatores é
estabelecimento de relações entre a concentração apresentada na Figura 3.3, sendo eles: (a) coleta
ruminal de ácidos nucléicos e a excreção de e amostragem (b) recuperação urinária de
derivados de purina na urina em ruminantes purinas absorvidas, (c) digestão e absorção
(Topps e Elliott, 1965). Essas informações intestinal de purinas microbianas e (d) fração
formam a base do conhecimento que deu origem endógena de purinas na urina. Os mais recentes
ao uso de derivados de purina na urina como resultados de pesquisa relacionados a esses
método não-invasivo para estimativa do aporte fatores, com ênfase ao uso do método para
de proteína microbiana no intestino em estimar a produção de proteína microbiana de
ruminantes (Chen e Gomes, 1992). bovinos em condições tropicais, especialmente
O princípio do método é que ácidos em pastejo, são discutidos nos itens a seguir. Um
nucléicos que deixam o rúmen são exemplo de aplicação (representado pelo item
essencialmente de origem microbiana (McAllan “e” na Figura 3.3) usando as informações mais
e Smith, 1973). Isso ocorre porque alimentos atualizadas é também apresentado.
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 65

AMP
AMP
aminohidrolase 5-nucleotidases

Adenosina
VIAS DE
IMP
CATABOLISMO
5’-nucleotidases Adenosina DE PURINAS EM
deaminase RUMINANTES
Inosina
Adenina Nucleosideo
fosforilase
Guanosina
Adenina
deaminase Hipoxantina Nucleosideo
Guanina fosforilase
X.O.
Guamina
Xantina deaminase

X.O.

Ácido Úrico AMP = adenosina 5’-fosfato


IMP = Inosina 5’-fosfato
Uricase X.O. = Xantina oxidase

Allantoína

Figura 3.2 - Vias de catabolismo de purinas em ruminantes. Adaptada de Chen & Gomes (1992).

a
Derivados Excreção
Ácidos de purinas urinária
nucléicos
da dieta e
d b
Purinas
Purinas
RUMEN absorvidas
endógenas
Ácidos
nucléicos
microbianos c
INTESTINO

degradados

Figura 3.3 - Representação esquemática do princípio do método dos derivados de purina para
estimativa da produção microbiana em ruminantes. Os pontos mais discutíveis do
método são: (a) coleta, amostragem e estimativa da produção urinária, (b) recuperação
urinária de purinas absorvidas, (c) digestão e absorção intestinal de purinas
microbianas e (d) fração endógena de purinas na urina. O ponto (e) representa um
exemplo de aplicação para estimativa da produção microbiana a partir dos derivados
de purina na urina. Adaptada de Chen e Gomes (1992).
66 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

c) Coleta e amostragem de derivados de purina infundidos no


duodeno. Nesse tipo de estudo, o valor de
O método para estimar o fluxo de N excreção de derivados de purina é linearmente
microbiano em bovinos baseia-se na relacionado ao valor de purinas infundidas
quantificação da excreção diária de derivados (abomaso ou duodeno). O coeficiente de
de purina (alantoína e ácido úrico) na urina. inclinação da equação fornece o valor de
Portanto, o volume urinário diário, bem como recuperação de purinas absorvidas e o
uma amostra da mesma, são necessários. A intercepto representa a contribuição
quantificação direta do volume urinário pode endógena.
ser realizada em animais cateterizados ou com Trabalhos recentes realizados no
dispositivos de recolhimento de urina Brasil (Barbosa et al., 2011, Prates et al.,
acoplados. Em fêmeas, normalmente usam-se 2012) estimaram que em zebuínos a
sondas tipo Folley, levando a urina recuperação urinária de derivados de purina
diretamente da bexiga para um recipiente de varia de 0,74 a 0,92, com valor médio
coleta. Em machos, funis são utilizados na sugerido para uso prático de 0,80, que será
região do prepúcio, ligados diretamente a um adotado como padrão nesta edição do BR-
recipiente de coleta que leva a urina até CORTE tanto para animais Zebuínos quanto
recipiente de coleta. Em ambos os casos, a para cruzados. Prates et al. (2012) não
coleta é realizada por períodos de 3 a 7 dias, observaram diferenças na taxa de recuperação
com quantificação e amostragens diárias. de purinas absorvidas entre novilhas Nelore e
Entretanto, métodos de coleta total são Holandês, não havendo a necessidade de
normalmente trabalhosos, podem afetar o valores distintos para cada grupo genético.
comportamento e bem-estar dos animais e
apresentam enormes dificuldades para uso em e) Digestão e absorção intestinal de purinas
animais em pastejo. Em vacas leiteiras, o microbianas
grande volume diário de urina e o manejo do
sistema de coleta durante a ordenha Os ácidos nucléicos de origem
contribuem para tornar o uso da coleta total bacteriana, que deixam o rúmen, são
trabalhosa e de difícil aplicação prática. extensivamente degradados no intestino
Assim, uma técnica alternativa será discutida, delgado, e em média 85,9% dos ácidos
posteriormente. nucléicos (Stormet al., 1983), 87-89% do
RNA e 80-81% do DNA desapareceram no
d) Recuperação urinária de purinas intestino delgado (McAllan, 1980; Storm et
absorvidas al., 1983). Barbosa et al. (2011) avaliaram a
digestão e absorção intestinal de purinas
A relação entre a recuperação urinária microbianas em novilhas Nelore e estimaram
de derivados de purina e o fluxo duodenal de o coeficiente de digestibilidade verdadeiro
purinas (item “b”, Figura 3.3) é um para o RNA de 0,93. Embora alta
importante fator de ajuste no método de variabilidade possa ser observada na
estimativa da produção microbiana a partir digestibilidade verdadeira das purinas dos
dos derivados de purina na urina. Vários microrganismos ruminais (Chen e Gomes,
estudos tiveram como objetivo medir a 1992, Orellana Boero et al., 2001, Tas e
recuperação urinária de purinas infundidas Susenbeth, 2007) o valor médio de 0,93
pós-rúmen a partir de extratos microbianos. A obtido do trabalho de Barbosa et al. (2011)
excreção urinária de derivados de purinas foi parece ser o mais adequado para uso em
linearmente correlacionada com a infusão animais zebuínos criados em condições
abomasal de ácidos nucléicos, nucleosídeos, brasileiras (item “c”, Figura 3.3), sendo
purinas de levedura de cerveja e com a portanto considerado o valor padrão para esta
infusão duodenal de ácidos nucléicos, bases edição do BR-CORTE.
de purinas, RNA microbiano e RNA de No intestino delgado, os nucleotídeos
leveduras (Tas e Susenbeth, 2007). Uma das purinas são hidrolisados a nucleosídeos
média equimolar de 0,85 foi obtida por Tas e (adenosina, guanosina e inosina) e bases
Susenbeth (2007) para a recuperação urinária livres (adenina e guanina) (Figura 3.3), que
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 67

são quase que completamente absorvidas pela período experimental, totalizando 5 dias de
bomba dependente de sódio e potássio jejum absoluto, nos quais foram realizadas
(McAllan, 1980). Em bovinos, a alta atividade coletas totais de urina. Braga et al. (2012)
da enzima xantina oxidase foi observada na encontraram contribuição endógena de 0,332
0.75 0,75
mucosa intestinal e no plasma sanguíneo mmol/PC e 0,384 g N/PC para novilhas
(Chen et al., 1990c), fazendo com que Nelore em crescimento.
hipoxantina e xantina sejam praticamente Alternativamente, a fração endógena
degradadas de forma completa até ácido tem sido estimada como o intercepto da
úrico, diferentemente de ovinos. No fígado, o regressão linear entre excreção urinária de
ácido úrico é oxidado até alantoína pela derivados de purina e bases de purinas
enzima uricase (Tas e Susenbeth, 2007). infundidas pós-rúmen. Alguns estudos têm
Alantoína e ácido úrico não podem ser mostrado que a fração endógena é similar
utilizados pelos tecidos e são excretados entre animais Bos indicus e Bos taurus
principalmente na urina, mas também no leite (Pimpa et al., 2001 ; Prates et al., 2012),
e na saliva (Tas e Susenbeth, 2007). Em enquanto que outros estudos sugerem
bovinos, a alantoína é o principal derivado de diferenças (Chen e Gomes, 1992 ; Osuji et al.,
purina (mais de 80% do total), enquanto que o 1996 ; Bowen et al., 2006). A fração
restante é composto por ácido úrico e endógena em animais Bos indicus foi menos
quantidades desprezíveis de xantina e da metade da observada em animais Bos
hipoxantina (Chen et al., 1990c). Rennó et al. taurus no trabalho de Bowen et al. (2006).
(2000), avaliando o perfil de excreção de Em trabalho realizado no Brasil, Prates et al.
derivados de purina em novilhas de corte, (2012) não observaram diferenças na fração
estimaram que a relação alantoína e ácido endógena de derivados de purina na urina
úrico:purinas totais de, aproximadamente, entre novilhas Nelore e Holandesas.
98%, indica que a concentração de xantina e Trabalhos realizados em condições brasileiras
hipoxantina em relação aos derivados de (Barbosa et al., 2011 e Prates et al., 2012)
purinas seria em torno de 2%, e que esta com animais zebuínos sugerem o uso de um
contribuição seria irrisória no cálculo da valor médio de 0,30 mmol/kg0,75 como valor
produção de proteína microbiana. Dessa da fração endógena de derivados de purinas
forma, o BR-CORTE não recomenda realizar na urina.
análises de xantina e hipoxantina na urina de
bovinos g) Utilização da alantoína urinária como único
estimador da proteína microbiana ruminal
f) Fração endógena de derivados de purina
na urina A alantoína é o derivado de purina
mais abundante, sendo o ácido úrico, xantina
Representado pelo item “d” na Figura e hipoxantina os demais componentes
3.3, a fração endógena de derivados de purina denominados coletivamente como derivados
na urina inclui a porção de derivados de de purina. Em bovinos, devido à alta atividade
purinas oriundos dos ácidos nucléicos da enzima xantina oxidase, que converte
originários da degradação dos tecidos animais xantina e hipoxantina a ácido úrico, as
(Chen e Gomes, 1992). A forma direta de excreções de alantoína e ácido úrico
mensuração da excreção de derivados de constituem cerca de 98% dos derivados
purinas de origem endógena é o uso de urinários de purinas, portanto a contribuição
animais em jejum por longos períodos (Chen da xantina e hipoxantina são irrisórias para
et al., 1990a; Verbic et al., 1990). Braga et al. estimação da excreção total dos derivados de
(2012) submeteram a uma restrição alimentar purina (Rennó et al., 2000). Entretanto,
novilhas Nelore para avaliar a perda endógena quando se considera a proporção de ácido
de derivados de purina, utilizando o seguinte úrico em relação à alantoína, observada em
esquema: alimentação com 1% do PC nos alguns trabalhos de pesquisa nos últimos dez
primeiros oito dias, 0,5% do PC do nono ao anos, nota-se uma relação de 8 a 15% de
décimo primeiro dia e jejum completo do ácido úrico excretado em relação a alantoína
décimo segundo ao décimo sexto dia do na urina (Rennó et al., 2000; Magalhães et al.,
68 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

2005; Pina et al., 2006; Leal et al., 2007; ácido úrico, havendo assim economia de
Oliveira et al., 2007; Teixeira et al., 2007; reagentes para análise e menor tempo
Santos et al., 2010). Sendo assim, torna-se despendido com análises químicas para
interessante para a comunidade científica o estimação da proteína microbiana ruminal.
conhecimento da real relação entre esses
metabólitos, e o ajuste de um modelo h) Técnica auxiliar – Estimativa do volume
matemático capaz de predizer a concentração urinário a partir da creatinina
de ácido úrico excretado na urina.
Sendo assim, utilizando ferramentas A creatinina é formada no músculo
estatísticas como a meta-análise pode-se pela remoção de água da creatina-fosfato,
estimar a proporção entre alantoína e ácido originada do metabolismo do tecido muscular
úrico na urina, tornando possível estimar esse (Harper et al., 2013). A molécula de creatina-
composto secundário a partir da alantoína na fosfato é degradada espontaneamente a taxas
urina. A meta-análise (St-Pierre, 2001) tem relativamente constantes, formando a
sido o procedimento mais adequado para se creatinina. A creatinina é então produto
avaliar os dados provenientes de vários metabólico do qual o corpo já não necessita,
estudos com a finalidade de construção de portanto, não é utilizada para formação de
modelos quantitativos os quais possam novas moléculas, sendo excretada pelos rins.
explicar o efeito de uma ou mais variáveis A produção diária de creatina e
independentes sobre a variável dependente de consequentemente, a excreção de creatinina,
interesse. Como normalmente existem depende da massa muscular e, portanto, é
diferenças entre estudos, e se as mesmas não proporcional ao peso do animal (Koren,
forem consideradas durante a análise dos 2000). Assim, uma vez estimada a excreção
dados, elas podem incorrer em estimações diária de creatinina em relação ao peso do
viesadas para os parâmetros estimados. Dessa animal e considerando essa concentração
forma, durante o procedimento de análise, o constante ao longo do dia, é possível estimar
efeito de experimento e a sua interação com o volume urinário excretado a partir da
as variáveis independentes foi considerado concentração de creatinina em amostra de
como componente aleatório em um modelo urina coletada de um animal de peso
linear misto (St-Pierre, 2001), sendo a solução conhecido (Leal et al., 2007).
para o modelo estimado pelo PROC MIXED Muito se conhece hoje em dia em
SAS (version 9.1, SAS Institute Inc, Cary, relação ao perfil de excreção de creatinina na
NC). urina. A creatinina apresenta uma excreção
A partir de uma meta-análise constante ao longo de 24 horas a partir de
envolvendo 38 experimentos (apêndice 3.1) taxas constantes de degradação do tecido
realizados no DZO-UFV (Tabela 3.6), muscular.
verificou-se que a excreção diária de ácido A excreção de creatinina é pouco
úrico na urina pode ser estimada a partir da afetada pelos teores de PB, carboidratos não-
excreção diária de alantoína na urina fibrosos ou nitrogênio não-proteico da dieta
(P<0,05), sendo: (Susmel et al., 1994; Vagnoni et al., 1997;
Valadares et al., 1999; Oliveira et al., 2001;
AU (mmol/dia) = 0,1104 × ALA; r2 = 0,76 Rennó et al., 2000), assim, não são esperadas
variações decorrentes da dieta.
em que AU é o total de ácido úrico excretado Alguns trabalhos ainda são
na urina e ALA é o total de alantoína responsáveis pelo ajuste de equações capazes
excretada na urina (mmol/dia). Ao se testar os de predizer a excreção de creatinina para
parâmetros não se observou intercepto determinadas categorias animais. Chizzotti et
significativo (P = 0,4398), sendo assim foi al. (2006) propuseram uma equação para
apresentado o modelo linear sem intercepto. estimativa da excreção de creatinina para
Esses resultados (Figura 3.4) sugerem que a novilhas em crescimento, como se segue:
alantoína pode ser utilizada como único
preditor da produção de proteína microbiana Excreção diária creatinina (mg/kg PC) = 32,27 –
em bovinos, sem a necessidade de análise do 0,01093 × PC.
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 69

Figura 3.4 - Relação entre total de ácido úrico e o total de alantoína excretados na urina (mmol/dia)
de bovinos, compilados a partir de 38 estudos.

Tabela 3.6 - Estatística descritiva dos dados utilizados para ajustar modelos de regressão linear para
estimar a relação entre ácido úrico e alantoína excretados na urina de bovinos

Alantoína (mmol/dia) Ácido úrico (mmol/dia) ALA:DP1


Média 169 20,2 89,0
Mediana 129 13,5 90,4
Desvio-padrão 123 22,9 4,97
Mínimo 18,8 0,30 66,2
Máximo 864 322 99,8
n 1100 1100 1100
Experimentos 38 38 38
1
Percentual de alantoína total em relação aos derivados de purina totais excretados na urina.

Desde então se utilizam equações 2008). O desenvolvimento corporal pode ser


lineares para estimar a excreção de creatinina mensurado por algumas fórmulas ou modelos
em função do peso corporal. Entretanto, uma não lineares como os de Huxley (1932) e
vez que os animais apresentam proporções Callow (1948). No entanto, a equação
diferentes de tecidos em cada fase de alométrica de Huxley (1932), definida como Y
desenvolvimento, é possível que haja variações = aXb, permite realizar uma descrição
nas excreções diárias de creatinina ao longo da quantitativa adequada do crescimento de
vida do animal, visto que ela é sintetizada no regiões e tecidos em relação aos outros e o
tecido muscular. organismo como um todo, descrevendo uma
Segundo Hammond (1968), o relação curvilínea entre o crescimento da
crescimento pode ser entendido como o maioria dos tecidos. Sendo então a creatinina
aumento de peso até o animal se tornar adulto. um produto do metabolismo do tecido
Essa definição, apesar de simples, não tira a muscular, surge o interesse em estudar se seu
complexidade do tema, pois, a partir do modelo padrão de excreção ao longo da vida do animal
alométrico proposto por Huxley (1932), todas segue um padrão de crescimento alométrico em
as variáveis são reduzidas ao valor do função do peso corporal metabólico. A equação
coeficiente de crescimento (Pereira Filho et al., alométrica proporciona uma aproximação
70 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

matemática válida e simples para descrever o resultados de 32 experimentos (Tabela 3.7)


crescimento diferenciado. De acordo com Berg realizados no Departamento de Zootecnia da
e Butterfield (1966), a equação alométrica Universidade Federal de Viçosa (Apêndice 3.1),
proporciona descrição quantitativa da relação em que se obteve a seguinte equação para
parte/todo e, mesmo não registrando detalhes, estimar a excreção diária de creatinina na urina
ela é relevante, porque reduz toda a informação em bovinos:
a um só valor (Santos et al., 2010).
Com objetivo de estudar um possível ECU (mg/dia) = 37,88 × PC0,9316; r2 = 0,98
comportamento alométrico da excreção de
creatinina em função do peso corporal de em que ECU é a e excreção diária de creatinina
bovinos, foi realizada uma meta-análise com (mg/dia) e PC é o peso corporal do animal em
jejum (Figura 3.5).

Tabela 3.7 - Estatística descritiva dos dados utilizados para ajustar modelos alométricos para estimar a
relação entre peso vivo em jejum de bovinos e excreção diária de creatinina na urina

Creatinina (mg/dia) Creatinina (mg/PC) Peso corporal (kg)


Média 8975 24,8 358
Mediana 8298 25,2 310
Desvio-padrão 3258 5,21 119
Mínimo 1266 13,3 96,5
Máximo 33593 68,7 743
n 746 746 746
Experimentos 32 32 32

As estimativas dos parâmetros do a excreção diária de creatina seja estimada


modelo foram significativas (P<0,05) e os através de modelo alométrico, de acordo com
dados se ajustaram de forma satisfatória ao o peso do animal nas diferentes idades e
modelo alométrico. Assim recomenda-se que grupos genéticos.

Peso corporal em jejum, kg

Figura 3.5 - Relação entre o peso corporal em jejum de bovinos e excreção diária de creatinina na urina,
compilados a partir de 38 estudos.
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 71

O uso da creatinina como uma produção de proteína microbiana, balanço


ferramenta precisa para estimativa do de nitrogênio e excreção de N ureico. O
volume urinário nas diferentes categorias autor procedeu coletas de 4 em 4 horas
animais, torna prático o processo de durante 5 dias e não detectou diferença
estimação da proteína microbiana ruminal entre o dia de coleta e os horários para a
pelo uso de DP excretados na urina. No relação entre derivados de purina e
Brasil, Pereira (2009) avaliou a relação creatinina, o que permite inferir sobre a
entre o peso corporal, a quantidade de possibilidade de realizar apenas uma coleta
músculo na carcaça, a área de olho de de urina em qualquer horário para estimar a
lombo e a espessura de gordura subcutânea produção de proteína microbiana em
com a excreção diária de creatinina em pastejo, através da técnica dos derivados de
novilhas Nelore de diferentes pesos. purina urinários. Entretanto, em função das
Também foram avaliadas as excreções variações observadas para as relações
totais de creatinina a intervalos de 4 a 24 nitrogênio ureico e nitrogênio total com a
horas e as relações de derivados de purina, creatinina ao longo do período de 24 horas,
ureia e compostos nitrogenados totais com Silva Júnior (2014) não recomendou o uso
a creatinina, obtidas de coletas spot de de amostra em qualquer horário para
urina a intervalos de 2 horas. A relação estimação da excreção urinária de
entre derivados de purina e creatinina não compostos nitrogenados.
variou (P>0,05) durante as 24 horas do dia,
a partir da coleta spot de urina a intervalos i) Validação dos modelos propostos
de 2 horas, sugerindo que o cálculo da
excreção diária de derivados de purinas Os dois modelos matemáticos a
possa ser efetivado em coletas obtidas em seguir, que foram propostos anteriormente,
qualquer horário do dia. Entretanto, foi foram avaliados quanto à qualidade do
observado efeito do tempo de coleta de ajuste e igualdade entre dados preditos e
urina sobre as relações entre observados (Tabela 3.8).
ureia:creatinina e compostos nitrogenados Para avaliação estatística dos
totais:creatinina. Essas relações foram modelos, os dados foram submetidos ao
próximas às médias em dois pontos diários, ajustamento pelo teste do intercepto
próximos aos dois horários diários de conjunto (Mayer et al., 1994), de forma
fornecimento de alimento aos animais (8 e independente aos efeitos de experimento e
16 horas). Pereira (2009), sugeriu que a tratamentos, sendo avaliados pelo modelo
estimativa da excreção de compostos de regressão linear simples de valores
nitrogenados em animais em crescimento observados (variável dependente) sobre
pode ser realizada sem a necessidade de valores preditos (variável independente).
coleta total, utilizando-se apenas duas No caso de não-rejeição da hipótese de
coletas spot de urina, imediatamente após o nulidade (β0 = 0 e β1 = 1) foi concluído
fornecimento das dietas. Contudo, ressalta- pela similaridade entre valores preditos e
se que mais pesquisas são necessárias para observados, utilizando-se o programa SAS
confirmar essa sugestão. (versão 9.1), adotando-se 0,05 como nível
Silva Júnior (2014) estudou as crítico de probabilidade para o erro tipo I.
relações entre derivados de purina e Foi verificado que os dados preditos e
compostos nitrogenados com a creatinina observados não diferiram (Tabela 3.8), o
em bovinos de corte em pastejo, para que corrobora para recomendação dos
avaliar a possibilidade de realização de modelos aqui propostos.
coleta a cada 4 horas para mensurar a
72 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Tabela 3.8 - Teste de hipótese para avaliação do ajuste dos modelos propostos para estimar a excreção de
ácido úrico (mmol/dia) em função da alantoína e para estimar excreção diária de creatinina
(mg/dia) em função do peso corporal
P-valor para o teste de hipótese
Modelo avaliado β0 = 0 β1 = 1
1
Y = 0,1104X 0,6700 0,9972
2
Y = 37,88X0,9316 0,5977 0,3357
1
Y = ácido úrico excretado na urina (mmol/dia) e X = alantoína excretada na urina (mmol/dia); 2Y = excreção de
creatinina urinária (mg/dia) e X = peso corporal (kg).

Produção de proteína microbiana a) Disponibilidade energética


A eficiência microbiana pode ser A simples elevação no consumo de
conceituada como a quantidade de PB matéria orgânica causa elevação linear na
microbiana obtida a partir de determinada passagem de nitrogênio microbiano ruminal
unidade energética, ou seja, é a quantidade e a ingestão de matéria orgânica
de proteína produzida pelos microrganismos verdadeiramente digerida causa
ruminais a partir do substrato energético que comportamento quadrático na passagem de
esteja disponível no rúmen, havendo, nitrogênio microbiano para o intestino
portanto, a interferência de uma série de delgado (Clarck et al., 1992), demonstrando
fatores. Segundo Clark et al. (1992), a que altos níveis de carboidratos rapidamente
disponibilidade de energia e de nitrogênio fermentáveis também podem ser deletérios à
são os maiores determinantes da quantidade produção de proteína microbiana.
de proteína microbiana sintetizada no rúmen Entretanto, de forma geral, a elevação no
e ainda, segundo estes autores, uma mistura consumo de matéria seca (MS) é o
de carboidratos estruturais e não estruturais mecanismo mais importante na elevação da
é a melhor fonte energética para o disponibilidade de aminoácidos no intestino
crescimento microbiano. Os carboidratos delgado, o que eleva tanto a síntese de
fermentáveis proporcionam o maior proteína microbiana quanto o escape de
rendimento energético por unidade de peso PNDR para o intestino delgado (Clarck et
do que as proteínas, e os lipídios, embora al., 1992).
possam ser captados pelos microrganismos, De acordo com Detmann et al.
não tem a capacidade de fornecer a energia (2014a), considerando situações de pastejo,
requerida para a síntese proteica (Clarck et onde há deficiência de nitrogênio das
al., 1992). Assim, os principais fatores que forrageiras tropicais que são de baixa
devem ser considerados no estudo da qualidade, realidade amplamente encontrada
eficiência microbiana são aqueles que em países de clima tropical, como o Brasil,
interferem na degradação dos carboidratos e a suplementação com carboidratos
das proteínas e a sua disponibilidade. rapidamente degradáveis isoladamente não
Efeitos como consumo voluntário, relação cria efeitos nutricionais positivos. O
entre volumoso e concentrado, fonte e suprimento de carboidratos não fibrosos
quantidade de carboidratos não estruturais, (CNF) pode elevar a competição entre
PB, presença de lipídios na dieta, frequência microrganismos fibrolíticos e não
de alimentação, processamento de grãos e fibrolíticos por compostos nitrogenados, que
forragem, métodos de conservação de são insuficientes na forragem de baixa
forragem, suprimento de micronutrientes, qualidade (Detmann et al., 2014a). Ainda,
aditivos e ambiente ruminal afetam a segundo estes autores, a baixa
eficiência microbiana (Clarck et al., 1992). disponibilidade de nitrogênio para síntese
Entretanto, a maior parte dos relatos da enzimática e a elevação na disponibilidade
literatura leva a inferir que os níveis de de CNF pode contribuir para o aumento de
carboidratos fermentáveis e compostos ciclos fúteis pelos microrganismos não
nitrogenados são os que mais afetam a fibrolíticos, o que reduzirá a eficiência
eficiência microbiana ruminal. microbiana nestas condições.
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 73

Em situações de confinamento, de atingidos com 15,6; 13,5; 12,6 e 19,3 horas


acordo com Clarck et al. (1992), a utilização após o início da fermentação,
do teor de concentrado entre 30 e 70% eleva respectivamente, para amido, pectina,
a eficiência energética para síntese sacarose e FDN, respectivamente.
microbiana ruminal. O fornecimento Um aspecto interessante da
exclusivo ou em maior parte de concentrado utilização de açúcares em dietas de
promove certa modificação na fermentação, ruminantes está relacionado ao seu efeito
uma vez que a energia é liberada mais sobre o metabolismo de nitrogênio e
rapidamente do que poderia ser utilizada crescimento microbiano. Uma redução na
para o crescimento microbiano. A adição de concentração de amônia ruminal tem sido
carboidrato estrutural à uma dieta com altos notada em quase todos os estudos em que
níveis de concentrado permitirá às bactérias açúcares foram adicionados às dietas. Essa
a utilização da energia de forma mais redução sugere um aumento no crescimento
eficiente, uma vez que esta será liberada microbiano e na eficiência de utilização
lentamente ao longo do dia. Por outro lado, dos compostos proteicos de rápida
segundo os mesmos autores, a deficiência degradação ruminal. Chamberlain et al.
de carboidratos não estruturais desacelera o (1993) demonstraram que os açúcares
crescimento microbiano e eleva a lise de solúveis (sacarose, lactose e frutose) são
células microbianas devido à redução na superiores ao amido como fonte de energia
taxa de passagem da digesta. Essa lenta taxa para a fixação de nitrogênio microbiano no
de passagem ocorrerá, pois, os rúmen. Essas observações sugerem a
microrganismos irão se aderir às grandes existência de uma relação ótima entre
partículas de forragem, elevando assim o açúcares disponíveis e nitrogênio solúvel,
tempo de permanência desses sendo que Hoover e Miller-Webster (1998)
microrganismos e priorizando os citaram um aumento médio de 25% no
requerimentos de mantença dos mesmos crescimento microbiano, quando a relação
com consequente desperdício de compostos proteína/açúcar solúvel passou de 1:1 para
nitrogenados e energia. 2 ou 3:1.
Dewhurst et al. (2000) destacaram a Uma vez que os açúcares
importância de se compreender que em representam, normalmente, menos de 10%
diferentes sistemas de produção, pontos do total de CNF, o amido torna-se a
distintos devem ser esclarecidos sobre principal fonte de carboidratos para o
alterações na eficiência microbiana. Em crescimento microbiano (Hoover e Miller-
pastejo existe abundância de matéria Webster, 1998). A taxa de fermentação de
orgânica fermentável no rúmen e com todos os carboidratos determina seu destino
reduzido teor de compostos nitrogenados no trato digestivo e a eficiência com a qual
que precisam ser suplementados para elevar os microrganismos podem utilizá-los (Van
a eficiência microbiana, enquanto que Soest et al., 1991). O conhecimento da
animais alimentados à base de forragem variação na degradabilidade efetiva (DE)
conservada na forma de silagem podem das várias fontes de amido, as quais podem
receber abundância de peptídeos e ser utilizadas como ingredientes, para
aminoácidos oriundos da degradação das sincronizar a disponibilidade de energia e
proteínas. proteína para maximizar a fermentação
Avaliando o efeito de diferentes ruminal é uma estratégia interessante na
frações (pectina, sacarose e amido) dos CNF formulação de dietas para ruminantes.
e da FDN sobre a produção de proteína
microbiana em sistemas de fermentação in b) Compostos nitrogenados
vitro, com o pH sendo mantido acima de
6,49 nos tubos de fermentação, Hall e A extensão e a taxa da degradação
Herejk (2001) observaram maior produção das proteínas afetam diretamente a síntese
com amido, pectina, sacarose e FDN. de proteína microbiana e a quantidade de
Também foi observado que os picos de PNDR que atingirá o duodeno. A
produção de proteína microbiana foram degradação da proteína dietética se torna o
74 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

mais importante fator que estima as preconizado anteriormente para ruminantes


quantidades de aminoácidos absorvidos, em pastejo.
alterando assim as exigências de PNDR Levando em consideração os níveis
(Stern et al., 1994). Hoover e Stokes (1991) de PB que maximizam a produção
relataram que peptídeos de maior tamanho microbiana, através de compilação de
são captados mais rapidamente que a dados, Detmann et al. (2014a) observaram
maioria dos aminoácidos e pequenos que o nível de 8% de PB é o mínimo
peptídeos, sendo utilizados mais requerido para os microrganismos ruminais
eficientemente para produção microbiana. não utilizarem fontes endógenas de
Segundo Russell et al. (1992), os compostos nitrogenados, acarretando em
microrganismos fermentadores de balanço positivo no uso de nitrogênio
carboidratos não estruturais (CNE) captam amoniacal. Abaixo deste valor, acredita-se
peptídeos à uma taxa de 0,07 g de peptídeos que a reciclagem de nitrogênio se torne
por grama de microrganismos por hora e fonte necessária para manutenção do
este nitrogênio é utilizado para síntese de crescimento microbiano, o que poderá
proteína microbiana ou produção de amônia. reduzir a retenção de proteína corporal dos
A diversidade de compostos nitrogenados animais. Acima deste valor, a eficiência de
utilizados varia em função da conversão do nitrogênio em proteína
disponibilidade de carboidratos microbiana não é máxima, entretanto
fermentáveis. Quando há carboidratos obtém-se balanço positivo para compostos
disponíveis para crescimento microbiano, os nitrogenados no ambiente ruminal. Detmann
peptídeos se tornam a principal fonte de et al. (2014a) ainda relataram que o nível de
nitrogênio para os fermentadores de 10% de PB é o valor máximo para extração
carboidratos não estruturais. Quando há dos recursos energéticos basais, e que acima
redução na disponibilidade de carboidratos desse valor os níveis de nitrogênio
todos os peptídeos são direcionados para amoniacal podem ser deletérios ao
produção de amônia (Russel et al., 1992). consumo, quando não acompanhados de
De acordo com Detmann et al. incremento na energia da dieta. Esses fatos
(2014a), o nível de nitrogênio amoniacal caracterizam a importância da manutenção
necessário à maximização do consumo de da adequada relação entre proteína e energia
MS é de no mínimo 8 mg/dL, entretanto, os metabolizável para maximizar a eficiência
autores reportaram que níveis de 15 mg/dL microbiana.
são necessários para elevar o consumo de A amônia é a fonte de nitrogênio
FDN, maximizando assim a degradação dos primária para o crescimento de bactérias
carboidratos fibrosos, o que permite elevar a ruminais, entretanto, alguns estudos in vitro
eficiência microbiana e o trânsito ruminal a demonstraram que muitas outras bactérias
partir de forragem de baixa qualidade como apresentam exigências absolutas ou são
os pastos tropicais. Dessa forma, Detmann estimuladas pela adição de aminoácidos e
et al. (2014a) afirmam que a manutenção de peptídeos (Cotta e Russell, 1982). Segundo
níveis de nitrogênio amoniacal em torno de Cotta e Russell (1982), Bacteroides
15 mg/dL é necessária para elevar a ruminicola, Selenomonas ruminantium,
produção de proteína microbiana, Steptococcus bovis, Megasphaera elsdenii e
contribuindo assim para incrementos na PM Butyrivibrio fibrissolvens, abundantes no
destinada ao hospedeiro. A discrepância ambiente ruminal, são ativas utilizadoras de
entre os níveis de nitrogênio amoniacal aminoácidos. Algumas não são
suficientes para elevar o consumo de exclusivamente utilizadoras de aminoácidos,
matéria seca, daqueles necessários para como por exemplo Bacteroides ruminicola
elevar a degradação e o consumo de FDN que é relativamente pouco afetada em
sugerem um padrão de controle de consumo ambientes com baixa oferta de aminoácidos.
multifatorial (Detmann et al., 2014b) e não Por outro lado, culturas in vitro de
apenas regulados pelos níveis de FDN Butirivibrio fibrissolvens não conseguem se
dietéticos ou repleção ruminal como manter viáveis na ausência de aminoácidos
e peptídeos como fonte de compostos
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 75

nitrogenados. Os autores relataram que menor for o pH externo, mais energia será
esses microrganismos apresentam requerida para expelir prótons.
exigências por alguns aminoácidos
específicos. d) Predição do fluxo de proteína
microbiana da dieta
c) Efeito do pH
Para conhecer as variáveis que
De acordo com Dewhurst et al. influenciam efetivamente a produção de
(2000), a eficiência microbiana passa proteína microbiana em bovinos de corte em
diretamente pelo atendimento das condições tropicais, procedeu-se uma meta-
exigências de mantença dos microrganismos análise com o objetivo de estudar o efeito
que englobam basicamente os nutrientes das características dos animais e das dietas
necessários para motilidade, turnover sobre essa variável. Neste estudo, foram
celular, produção de moléculas utilizados 69 trabalhos publicados no Brasil
extracelulares, transporte ativo, e no exterior, bem como teses e dissertações
fosforilação, ciclos fúteis e lise celular. concluídas no Departamento de Zootecnia
Segundo os autores, com a elevação no da Universidade Federal de Viçosa
consumo espera-se redução nos custos de (Apêndice 3.2), totalizando 2676 dados, em
mantença dos microrganismos, pois esses que se estudaram diferentes variáveis que
passarão menor tempo no rúmen. Outros poderiam interferir na produção de proteína
fatores, como por exemplo o pH, quando microbiana ruminal. O banco de dados foi
baixo, elevam o desperdício de energia para dividido para utilização em duas fases
manter o pH dentro da célula microbiana. distintas. A primeira fase foi destinada à
Segundo Strobel e Russell (1986), em geração de equações matemáticas, sendo
baixos valores de pH ruminal, a energia nessa etapa utilizados 32 trabalhos (n =
disponível para o crescimento microbiano é 2102), e a segunda fase foi destinada à
desviada para a manutenção do pH interno avaliação da qualidade dos modelos
dos microrganismos, reduzindo, dessa gerados, sendo então utilizados outros 37
forma, a eficiência de utilização da energia trabalhos (n = 191) onde utilizaram-se as
para síntese microbiana. médias dos tratamentos, sendo no total 1285
De maneira geral, em pH abaixo de 6 animais.
ocorre inibição da degradação da celulose. Além disso, o banco de dados foi
Sob condições normais, os microrganismos utilizado separadamente para avaliar quatro
celulolíticos crescem bem em pH 6,7 e opções de atributos energéticos distintos em
desvios substanciais para elevar ou diminuir cada equação, sendo inicialmente associado
esse valor são inibitórios. Uma variação de ao consumo de PB. Primeiramente estudou-
pH em que a atividade se mantém próxima se o efeito do consumo de nutrientes
do normal seria de 0,5 unidades. Valores de digestíveis totais (CNDT), em seguida
pH inferiores a 6,2 inibem a taxa de avaliou-se o efeito do consumo de energia
digestão e aumentam o lag time para a metabolizável (CEM), o consumo de
degradação da parede celular (Van Soest, matéria orgânica digerida total (CMOdt) e
1994). A elevação da latência, eleva por sua por fim, o CNDT corrigido para EE
vez os custos para mantença, reduzindo (CNDTcee). Assim, o banco de dados
assim a eficiência microbiana. completo foi composto das variáveis acima
Strobel e Russell (1986) destacaram que classificadas de acordo com o experimento,
a eficiência microbiana é altamente grupo genético (Zebuínos, cruzados de
influenciada pelo desvio de funções em corte, cruzados de leite e Holandês), classe
baixo pH. O uso de energia com processos sexual (macho não castrado, macho
de manutenção da célula é priorizado, castrado, vaca e novilha) e método analítico
reduzindo assim o crescimento microbiano, (RNA, derivados de purina e 15N), que
sendo ainda a energia dissipada na forma de compuseram todos os efeitos estudados
calor. A manutenção do potencial de (Tabela 3.9). O efeito aleatório relativo aos
membrana é uma função prioritária, quanto
76 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

experimentos coletados foi considerado na sexual (macho não castrado, macho


geração dos parâmetros das equações. castrado, vaca e novilha) e método analítico
A partir das variáveis citadas, (RNA, derivados de purina e 15N), bem
iniciou-se o processo de seleção das como todas as interações geradas destes
variáveis significativas que influenciaram a efeitos.
PBmic. Os efeitos aleatórios como grupo
Primeiramente procedeu-se o estudo genético, classe sexual e método analítico
da correlação entre as variáveis, utilizando o não foram significativos para nenhum dos
PROC CORR do SAS (versão 9.3, SAS Inst. modelos propostos (P>0,05) e para cada um
Inc., Cary, NC). As variáveis significativas dos atributos genéticos estudados para
foram adicionadas ao modelo, utilizando o avaliar a PBmic, os seguintes parâmetros
PROC REG dos SAS, através da foram obtidos: CNDT (CPB: P<0,0001;
implementação da ferramenta STEPWISE CPB2 = 0,2242; CNDT: P<0,0001 e CNDT 2
(versão 9.3, SAS Inst. Inc., Cary, NC) que = 0,0283); CEM (CPB: P<0,0001; CPB 2 =
selecionou as variáveis significativas. Em 0,9977; CEM: P<0,0001 e CEM 2 = 0,0002)
seguida, as variáveis candidatas ao modelo e CMOdt (CPB: P<0,0001; CPB 2 = 0,4814;
foram avaliadas em um procedimento meta- CMOdt: P=0,004 e CMOdt 2 = 0,0273). Uma
analítico (St-Pierre, 2001) para estimar os vez estudados todos os efeitos e verificadas
efeitos principais, utilizando-se o seguinte as variáveis que compuseram os modelos,
modelo matemático geral: utilizou-se o método Cross Validation
(Duchesne & MacGregor, 2001) para
Yij = β0 + Si + β1 × Xij + bi × Xij + ɛij, estimar os parâmetros das regressões, que
foram testados nas suas formas linear e
em que, Yij = a variável dependente, nesse quadrática. Optou-se por este polinômio
caso a PBmic;  0 = intercepto geral uma vez que a produção microbiana não se
considerado efeito aleatório; Si = efeito comporta de forma linear e em teoria
aleatório do ith experimento;  1 = atingirá um plateau (Figuras 3.6-3.8). Sendo
coeficientes geral de regressão da variável assim, as seguintes equações foram obtidas:
resposta em função de X (efeito fixo); Xij =
variável preditora; bi = efeito aleatório do PBmic = - 53,07 + 304,9 × CPB + 90,8 ×
experimento sobre a regressão da variável CNDT – 3,13 × CNDT2
resposta em função de X; ij = erro residual,
assumindo ij; bi e Si como variáveis PBmic = - 84,87 + 328,7 × CPB + 28,3 ×
aleatórias independentes. A partir deste CEM – 0,25 × CEM2
modelo, além de experimento, outras
variáveis aleatórias foram consideradas: PBmic = - 93,62 + 381,7 × CPB + 90,7 ×
grupo genético (Zebuínos, cruzados de CMOdt – 3,13 × CMOdt2
corte, cruzados de leite e Holandês), classe
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 77

Tabela 3.9 - Estatística descritiva dos dados utilizados para gerar modelos de regressão múltipla para
estimação da produção da proteína microbiana em bovinos em condições tropicais
Item1 n Média DP2 Max3 Min4
PBmic 2102 775 547 3008 66,8
CPB 2102 1,22 0,87 4,39 0,59
CMS 2102 8,52 5,31 23,8 1,76
CNDT 2102 6,22 3,74 16,8 0,83
CEM 2102 22,3 13,3 60,9 3,00
CMOD 1454 5,70 2,98 15,5 0,62
PB (%) 2102 13,2 2,61 28,9 8,89
PC (Kg) 1563 368 125 737 65,3
1
Proteína microbiana em g/dia; Consumo de proteína bruta em kg/dia; Consumo de matéria seca em kg/dia; Consumo de
nutrientes digestíveis totais em kg/dia; Consumo de energia metabolizável; Consumo de matéria orgânica digestível total em
kg/dia; Valor médio; 2Desvio padrão; 3Máximo; 4Mínimo.

Figura 3.6 - Proteína bruta microbiana predita pela equação: PBmic = - 53,07 + 304,9 × CPB + 90,8
× CNDT – 3,13 × CNDT2, sendo PBmic em g/dia, CNDT e CPB em kg/dia
78 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

Figura 3.7 - Proteína bruta microbiana predita pela equação: PBmic = - 84,87 + 328,7 × CPB + 28,3 ×
CEM – 0,25 × CEM2, sendo PBmic em g/dia, CEM em Mcal/dia e CPB em kg/dia

Figura 3.8 - Proteína bruta microbiana predita pela equação: PBmic = - 93,62 + 381,7 × CPB + 90,7 ×
CMOdt – 3,13 × CMOdt2, sendo PBmic em g/dia, CMOdt em kg/dia e CPB em kg/dia.
Degradação ruminal da proteína dos alimentos e síntese de proteína microbiana 79

Nota-se que para todos os modelos modelos em comparação ao CEM e CMOdt. Ao


estudados, quando submetidos à validação decompor o QMEP, notou-se que o CNDT e o
(Tabela 3.10), as hipóteses de nulidade foram CMOdt foram os modelos que apresentaram
aceitas, o que comprova que os modelos foram maiores valores para o erro aleatório, que em
adequados para predizer o fluxo de PBmic. Os situação desejável devem estar próximos a
elevados valores para o coeficiente de correlação 100%, indicando maior precisão na obtenção das
e concordância (CCC) e coeficiente de estimativas. O maior QMEP e maior vício médio
determinação da regressão testada (r2) para todos e sistemático para o modelo CEM indica menor
os modelos indicam alto grau de ajuste dos adequabilidade desse modelo em predizer o
modelos aos valores observados. O quadrado fluxo de PBmic, embora, mesmo assim, esses
médio de erro de predição (QMEP), foi inferior modelos tenham se apresentado adequados.
para CNDT, o que indica maior exatidão desses

Tabela 3.10 - Análise de regressão, coeficiente de correlação e concordância (CCC) e decomposição


do quadrado médio de predição (QMEP) entre os valores preditos e observados de
proteína microbiana ruminal em função de três diferentes unidades energéticas
Equação de predição da PBmic
1
CNDT CEM2 CMOdt3
4
AR
r2 0,9531 0,9670 0,9418
H0: a=0 (P-valor) 0,069 0,067 0,5371
H0: b=1 (P-valor) 0,202 0,152 0,0546
CCC 0,9691 0,9697 0,9687
QMEP 8548 11454 10187
5
VM (%) 1,09 15,67 1,76
VS6 (%) 0,87 0,93 1,99
7
EA (%) 98,04 83,40 96,25
1 2 3
Consumo de nutrientes digestíveis totais; Consumo de energia metabolizável; Consumo de matéria orgânica
digestível total; 4Análide de regressão linear entre valores de PBmic preditos e observados por intermédio de três
equações de regressão com base em diferentes unidades energéticas; 5Vício médio; 6Vício sistemático; 7Erro aleatório.

O banco de dados utilizado para bruta, CNDTcee é o consumo de nutrientes


estimar as equações anteriores foi formado digestíveis totais corrigido para EE.
por dados que tinham, em média, 2,83% (± O BCNRM (2016) também sugere
1,03) de EE na dieta. No entanto, a exemplo uma equação para estimar a síntese de
do BCNRM (2016), o BR-CORTE (2016) proteína microbiana corrigida para EE ao se
desenvolveu uma equação para estimar a utilizar dietas com teor de EE acima de 3,9%.
síntese de proteína microbiana para altos No Brasil, a maioria das dietas para bovinos
valores de EE (extrato etéreo): de corte é formulada para conter teores
inferiores a esse. No entanto, caso se utilize
PBmic = - 43,13 + 376,8 × CPB + 90,9 × dietas com alto teor de EE, pode-se utilizar a
CNDTcee – 3,22 × CNDTcee2 equação desenvolvida pelo BR-CORTE, que
foi gerada a partir de um banco de dados
em que: PBmic é a síntese de proteína contendo 1437 animais em condições
microbiana, CPB é o consumo de proteína tropicais.
80 Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE

RECOMENDAÇÕES GERAIS
• Estimação da contaminação microbiana de volumosos incubados in situ:

APBCC = 1,99286 + 0,98256 × APBSC

BPBCC = -17,2181 – 0,0344 × BPBSC + 0,65433 × PB + 1,03787 × FDN + 2,66010 × PIDN –


0,85979 × FDNi

kdPBCC = 0,04667 + 0,35139 × BPBSC + 0,0020 × PB – 0,00055839 × FDN – 0,00336 × PIDN +


0,00075089 × FDNi

%C = 79,21 × (1 – e-0,0555×t) × e-0,0874×PB

• Correção nas estimativas da PBmic estimadas a partir de ensaios com sistema de indicador
único e duplo:

NMcorr (g/dia) = 49,71 + 0,66 × Nmúnico

NMcorr (g/dia) = 43,04 + 0,71 × NMduplo

• Fração endógena de derivados de purinas na urina em zebuínos:

0,30 mmol/kg PC0,75

• Excreção diária de ácido úrico na urina a partir da excreção diária de alantoína na urina

AU (mmol/dia) = 0,1104 × ALA

• Estimação da excreção diária de creatinina na urina em bovinos:

ECU (mg/dia) = 37,88 × PC0,9316; r2 = 0,98

• Predição do fluxo de PBmic para o abomaso:

PBmic = - 53,07 + 304,9 × CPB + 90,8 × CNDT – 3,13 × CNDT2

PBmic = - 84,87 + 328,7 × CPB + 28,3 × CEM – 0,25 × CEM2

PBmic = - 93,62 + 381,7 × CPB + 90,7 × CMOdt – 3,13 × CMOdt2

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