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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE – FAVENI

DAVI BARBOSA MACÊDO

ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO (AT) E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL


(RAPS): LIMITES E POSSIBILIDADES PARA OS CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL.

CAUCAIA – CE
2023
FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE – FAVENI
DAVI BARBOSA MACÊDO

ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO (AT) E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL


(RAPS): LIMITES E POSSIBILIDADES PARA OS CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL.

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em Saúde Mental.

CARATINGA – MG
2023
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO (AT) E REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL:
LIMITES E POSSIBILIDADES PARA OS CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL.

Davi Barbosa Macêdo1,

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por
mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e
assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais.
(Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO: Esta pesquisa se refere a clínica do Acompanhamento Terapêutico (AT) e a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) no contexto brasileiro, propondo como objetivo geral compreender essa relação,
buscando esse entendimento a partir da aposta clínica do AT, de como a RAPS se organiza e pensando
limites e possibilidades para os cuidados em saúde mental. Metodologicamente se propõe um estudo
bibliográfico de natureza qualitativa, sob orientação da análise de conteúdo. Esta clínica é um dispositivo
de cuidado que se desloca pelos territórios existenciais dos usuários, promovendo experiências
terapêuticas no ambiente urbano, enquanto a RAPS é uma política pública que busca oferecer cuidados
de forma integral e humanizada, baseando-se nos princípios do SUS. Ambos os dispositivos se
complementam na busca por abordagens mais inclusivas e amplas, na medida em que a clínica do AT
valoriza a diferença e permite experimentações, enquanto a RAPS se apoia em diretrizes como direitos
humanos, equidade e atenção humanizada. Tanto a RAPS como o AT se fundamentam na relação entre
cuidado e território, promovendo a inclusão social e fortalecendo os vínculos sociais dos indivíduos em
sofrimento psíquico, tomando como direção a noção de que as políticas públicas têm como objetivo
garantir melhorias nas condições de vida da população, combatendo desigualdades e promovendo a
autonomia das subjetividades.

PALAVRAS-CHAVE: Acompanhamento Terapêutico. Rede de Atenção Psicossocial. Saúde Mental.

1 soudavimacedo@gmail.com
1 INTRODUÇÃO.

No século XX, os movimentos críticos do ocidente em relação às instituições e à


institucionalização da loucura, que até então se pautavam nos procedimentos da
psiquiatria clássica, desempenharam um papel fundamental na movimentação do
paradigma do tratamento dos transtornos mentais. Ainda sobre este contexto, Silva e
Silva (2006) destacam o surgimento do primeiro Hospital-Dia no pós-guerra (em 1946,
no Canadá), o advento das primeiras drogas mentais, os “psicofármacos” (ao final da
década de 1940 e início dos anos 50) e as experiências com Comunidades
Terapêuticas, especificamente as da década de 1960, por Franco Basaglia (em Gorizia,
na Itália), como marcos históricos e genealógicos do processo de Movimento de
Reforma Psiquiátrica (MRP).
Mais à frente, paralelamente ao fervilhar do Movimento de Reforma Psiquiátrica
Brasileira (MRPB), que tem como marco o ano de 1980, as Conferências Nacionais de
Saúde Mental (1987, 1992, 2001), responsáveis pela gestação da Lei 10.216 de abril de
2001 (também conhecida como Lei Paulo Delgado, ou Lei da Reforma Psiquiátrica),
representam um marco importante e decisório, na medida em que programas federais,
estaduais e municipais passam a redirecionar o modelo de assistência à saúde mental
em favor da garantia de direitos e cuidados prestados à parcela da população que sofre
de transtornos mentais graves, ou ainda, daqueles que fazem uso problemático de
álcool e/ou outras drogas, na tentativa de legitimar o lugar dessas pessoas na cidade,
fora de contextos institucionais e hospitalares (VELOZO; SERPA, 2006).
Ocupado em tensionar e provocar os parâmetros de saúde até então definidos, o
MRPB demanda uma clínica na contramão do paradigma biologicista, medicamentoso e
médico-centrado, apostando em um cuidado baseado na noção de saúde integral,
disponibilizando atenção biopsicossocial, ao passo em que considera o sofrimento
psíquico como um processo de origem multifatorial, fruto de complexas relações
político-sociais, reconhecendo a importância de elementos históricos, culturais e
territoriais para entendimento dos fenômenos (ECKER, 2020).
Haja visto esse olhar multifatorial, o adoecimento e/ou sofrimento psíquico, no
que se refere às práticas de cuidados integrais com a saúde, passam a ser
compreendidos a partir do trabalho no território, da intersetorialidade de políticas
públicas e da atuação dos profissionais em rede, como elementos possíveis e
contribuintes para a desinstitucionalização e fortalecimento das ações propostas como
estratégia na Atenção Psicossocial (SEVERO; DIMENSTEIN, 2011).
A ampliação da noção de saúde, aliada à luta dos movimentos sociais e de
Reforma, insere, neste campo, os diferentes Direitos Sociais (moradia, alimentação,
educação, trabalho, lazer, transporte, dentre outros) (BRASIL, 1990; BRASIL, 2001)
como elementos próprios e indissociáveis de uma “constituição subjetiva cidadã”,
reverberando em modificações nas políticas, teorias e estratégias para a produção de
cuidados em saúde no território brasileiro (ECKER; PALOMBINI, 2021, p.359).
É a partir dessa ebulição do desenho de uma atenção à saúde direcionada para
o cuidado no território, mais especificamente, quando serviços intermediários passam a
substituir internações e leitos psiquiátricos, que o Acompanhamento Terapêutico (AT),
enquanto “(...) uma prática suplementar a um tratamento em curso” (VELOZO; SERPA,
2006, p.319), possibilita a experiência do trânsito entre o dentro e o fora, ao deslocar a
assistência em espaços, lugares e pessoas.
Este último dispositivo passou por um processo de construção conceitual, ética e
estética, transitando por diferentes nomenclaturas e funções, até se estabelecer como é
reconhecido na prática atualmente. Tal trajetória evidencia a busca por abordagens
mais abrangentes no cuidado da saúde mental, visando ultrapassar os limites impostos
pelas instituições tradicionais (SILVA; SILVA, 2006).
Partindo de alguns pontos de conexão éticos e históricos que são encontrados
na trajetória do AT, do MRP e, consecutivamente, da estruturação da RAPS enquanto
política de assistência e cuidado à Saúde Mental, questiona-se: como se pode pensar a
relação entre a clínica do Acompanhamento Terapêutico (AT) com a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS)?
O interesse por esse estudo surge a partir do contato com a temática ainda no
final da graduação de um curso de Psicologia (entre 2019 e 2020), período em que
modificações foram feitas na Política Nacional sobre Drogas (PNAD) durante a gestão
de Jair Bolsonaro (2018-2022), na direção oposta ao que se vinha construindo
enquanto desenho de atenção à saúde no Brasil. Neste processo, a Redução de Danos
(RD) é deslegitimada enquanto prática de cuidado, sobrando a aposta na abstinência
enquanto única estratégia possível. Além disso, as Comunidades Terapêuticas do
Brasil, que possuem outra forma de operar (diferentemente daquelas CT’s da Itália)
passam a integrar a RAPS como dispositivos de cuidado, ao passo em que se tenta
implementar mais leitos psiquiátricos e, até mesmo, o uso da eletroconvulsoterapia
(eletrochoques) como terapêutica no campo da Saúde Mental brasileira (COSTA,
2022).
Por entender os impactos dessas alterações para o campo da Saúde Mental
Pública, entende-se que a relevância deste estudo se dá pela própria necessidade de
dialogar e gerar questões para o campo da saúde, ressaltando os avanços que foram
possíveis a partir de uma política, até então, orientada para a garantia de cuidados
pautada na liberdade e autonomia do cuidado, em conformidade com as tensões
provocadas pelo MRP.
Assim, esta pesquisa propõe, como objetivo geral, analisar a relação que se
estabelece entre a clínica do Acompanhamento Terapêutico (AT) e a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS). No que se refere aos objetivos específicos, são elencados três, a
saber: compreender a aposta clínica do AT para os cuidados em saúde; entender como
se organiza a RAPS no Brasil e sua participação na produção de cuidados em saúde
mental; identificar limites e possibilidades para o cuidado em saúde mental a partir da
relação entre o dispositivo do AT e a RAPS.
Desta forma, a discussão a seguir se orienta a partir de problematizações
voltadas para o entendimento da clínica e função do AT, a partir da relação entre
cuidado e território para, em seguida, compreender como a Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) se estrutura enquanto política pública e sob quais diretrizes traça o
desenho da sua proposta de cuidados para, enfim, entender os lugares comuns e
incomuns entre os dispositivos AT e RAPS. No que se refere a orientações
metodológicas, esta pesquisa se trata de um estudo bibliográfico (ZANELLA, 2006),
implicitamente assumindo natureza qualitativa, assumindo caráter exploratório
(ANDRADE, 1999), no que se refere aos objetivos da pesquisa, e se orientando a partir
da análise de conteúdo (BARDIN, 1977) na leitura e estruturação dos resultados,
levando em consideração “a presença ou ausência de uma dada característica de
conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento de
mensagem que é tomado em consideração” (p.21).
2 A CLÍNICA DO ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO E SUA APOSTA DE
CUIDADOS EM SAÚDE.

O entendimento da clínica do AT atravessa o tempo e o espaço, de seu estado


embrionário ao que se conhece na atualidade, tal dispositivo transitou por diversas
nomenclaturas, incluindo: amigo qualificado, atendente terapêutico, atendente
psiquiátrico, auxiliar psiquiátrico, dentre outros. O que está em jogo na dinâmica de sua
estruturação são as semelhanças de atribuições entre as funções citadas, dialogando
com os movimentos de reforma psiquiátrica que aconteceram na Europa e América
Latina no entremeio das décadas de 1950 e 1970 (FERRO et al., 2018). Trata-se de
uma aposta no cuidado desinstitucionalizado, se fazendo entre o dentro e o fora das
instituições psiquiátricas, compondo a essência da ética que movimenta o dispositivo
clínico que hoje se conhece enquanto Acompanhamento Terapêutico (NOGUEIRA,
2009).
Se fôssemos fazer uma genealogia do acompanhamento terapêutico,
seria importante identificar algumas das forças que conduziram à invenção
dessa prática no campo da saúde: a produção dos psicofármacos no final da
década de 1940; a experiência do hospital-dia e das comunidades terapêuticas
a partir dos anos 50 e o início das discussões em torno da reforma psiquiátrica
que culminam com a criação do Movimento de Luta Antimanicomial (SILVA;
SILVA, 2006, p. 216).

Aproximando-se dos movimentos referentes ao contexto latino-americano,


Pulice, Manson e Teperman (2005) destacam a experiência crítica ao modelo
manicomial na Argentina durante a década de 1960, período que demarca as primeiras
aproximações das práxis que hoje orientam o AT enquanto dispositivo clínico-político.
Os primeiros registros do termo “Acompanhamento Terapêutico” ocorrem no Centro de
Estudos e Abordagem Múltipla em Psiquiatria (CETAMP), clínica do Dr. Eduardo Kalina,
local em que surge a primeira publicação intitulada “Acompañantes Terapéuticos y
pacientes psicóticos” (1985) (BENATTO, 2014).
Reconhecendo este percurso na realidade brasileira, Benatto (2014) destaca,
ainda, as experiências clínicas referentes as atuações como “atendente psiquiátrico” na
Clínica Pinel em Porto Alegre – nos anos de 1960 e 1970 – e como “auxiliar
psiquiátrico” no Rio de Janeiro pela Clínica Villa Pinheiros – no final da década de 1960
–, sendo esta última orientada a partir dos saberes produzidos pela psicanálise.
Segundo o mesmo, as nomenclaturas mudaram, mas a função da atuação foi
preservada, sendo o termo “Acompanhamento Terapêutico” assumido no Brasil em
meados das décadas de 1970 e 1980, constituindo-se, desde então, como forte campo
de produção teórico-prático.
Por falar em história, inevitavelmente é necessário destacar alguns pontos
referentes ao contexto político que se encontrava o Brasil durante a travessia do AT
pelo seu dentro e fora. Segundo Velozo e Serpa Júnior (2006), a saúde e os hospitais
psiquiátricos eram previdenciários, sendo necessário o uso de convênios para ter
acesso, ainda, a uma atenção precária e sem comprometimento com direitos e
dignidade de seus usuários. A partir de 1980, o que se observa é um alinhamento de
movimentos sociais em prol da redemocratização do país, destacando aqui os de
Reforma Psiquiátrica e de Luta Antimanicomial, no período em que o Brasil ainda
respirava os últimos sufocos da ditadura militar, momento de repressão e autoritarismo
que se estendeu de 1964 a 1985.
Historicamente as narrativas por trás da gestação do Movimento de Reforma e
da clínica do AT encontram intersecções e marcos temporais que aproximam um
discurso do outro. Ao recordar a travessia clínica desse dispositivo clínico-político pelo
Brasil, Velozo e Serpa Júnior (2006), citando Reis (1995), destacam o fechamento da
clínica Vila Pinheiros como ponto de aproximação do dessa clínica em questão com o
processo de reestruturação da assistência à saúde no Brasil.
Ainda segundo estes, isso ocorre porque neste lugar havia uma função
denominada “auxiliar psiquiátrico” – uma espécie de embrião da clínica do AT, se
observada do tempo de cá – que, quando as portas da instituição se fecham, continua a
ser representada por uma categoria de profissionais que passam a sustentar alguns
vínculos e atuar a partir de convites de psiquiatras e psicanalistas para seus pacientes,
geralmente em situação de crise, fora e evitando o contexto institucional (REIS, 1995
apud VELOZO; SERPA, 2006).
Desse momento em diante, começam a surgir equipes de auxiliares psiquiátricos
no Rio de Janeiro, reconhecendo-se como “acompanhante terapêutico” (at) por volta de
1980. Por conta das aproximações com a psicanálise, algumas orientações éticas
influenciam o olhar clínico, sendo a própria alteração do termo que nomeia a
experiência clínica, uma tentativa de demarcar um lugar, uma posição de escuta em
relação aos desejos do sujeito, estabelecendo transferências a partir da relação de
confiança e parceria no trabalho (RIBEIRO, 2002)
O AT se configura, assim, como uma prática clínica que exige do terapeuta o
abandono das suposições teóricas da “neutralidade” ou, ainda, da posição de “blasé”
frente às questões que o sujeito coloca em discurso, na medida em que o convida a
imergir, junto ao acompanhado, em seu campo vivencial, na busca angustiosa por
maneiras e resoluções que transpassam a relação entre o usuário e o seu meio
comunitário (FERRO et al., 2018).
Por se tratar de uma clínica em conformidade com os processos de
desinstitucionalização, em sua essência, o AT também escapa de enquadramentos e
da rigidez do método, dando lugar para a angústia do “não-saber”, mola propulsora da
constituição de sua própria técnica, que surge a partir da relação que se estabelece
entre os envolvidos, se distanciando da redundância de “(...) um conjunto rígido de
regras que aprisionem acompanhante e acompanhado em um modelo a ser seguido,
sem que a singularidade do que ali aconteça seja levada em consideração” (RIBEIRO,
2009, p. 80).
Dessa forma, a experiência da clínica do AT possibilita a troca entre o que é
definitivo nos intercâmbios sociais com aquilo que é constitutivo dos próprios
atendimentos. Seu cuidado se faz em espaço aberto, com interdisciplinaridade e
trânsito pela cidade, apropriando-se do lugar, da convivência, fazendo-se presente na
habitação e na coletividade, compreendendo os contratos de cidadania a partir de seu
exercício, sem que haja, no entendimento deste último, uma definição a partir de
demarcações territoriais de áreas, identidades e/ou saberes (FIORATI; SAEKI, 2008).
Diante do cenário de transformações nas práticas de cuidados em saúde e da
busca por abordagens mais integrais e humanizadas, a clínica do Acompanhamento
Terapêutico se apresenta como dispositivo que incide sobre os modos de vida e
produção de subjetividade a partir dos territórios existenciais que circulam usuários e
sujeitos, acompanhando, também, o compasso dos movimentos e transformações das
práticas de saúde, alinhando-se aos princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB)
e, consequentemente, do Sistema Único de Saúde (SUS) (ECKER; PALOMBINI, 2021).
A prática do AT toma as ruas como dispositivo clínico, se fazendo do ambiente
urbano como cenário das suas intervenções. Nessa abordagem, a cidade torna-se
parte importante do processo terapêutico, influenciando a experiência da clínica. A
interação entre o terapeuta e o ambiente urbano resulta em uma teia de significados
que se entrelaçam, criando territórios em constante movimento no tempo e no espaço.
Esses territórios permitem uma diversidade de expressões singulares que coexistem no
contexto coletivo (SILVA; SILVA, 2006, REIS NETO; TEIXEIRA PINTO; OLIVEIRA,
2013).
É por via da aposta de um cuidado que facilite processos terapêuticos nos
contextos comunitários de vida que a clínica do AT abre espaço para experimentações
e legitimação de modos de ser e estar no mundo, demarcando um lugar para a
diferença, disponibilizando uma terapêutica cambiante, em movimento, ao passo em
que valoriza experiências distintas das já conhecidas do modelo fabril das instituições
de tratamento psiquiátrico (PALOMBINI, 2008).

3 A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) E SUA PARTICIPAÇÃO NOS


PROCESSOS DE SAÚDE.

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), anunciada em 2011 por meio da


portaria nº 3.088 pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), foi pensada em uma
dinâmica que envolvesse sujeito e corpo comunitário no processo de acolhimento e
acompanhamento de cuidados referentes a sofrimentos psíquicos e/ou transtornos
mentais no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), daí entendeu-se que as
intervenções necessitariam ser atravessadas de contexto e implantadas à política
pública nos seus níveis de atenção, reconhecendo, neste processo, as demandas que
advém do próprio sujeito, familiares, coletivos e territórios (CHIAVERINI et al., 2011).
No que diz respeito às suas diretrizes, a RAPS se embasa nas articulações
propostas pelos princípios do SUS, mais especificamente, ao referir-se direitos
humanos, equidade, combate de estigmas e preconceitos, garantia do acesso e da
qualidade dos serviços prestados, atenção humanizada e estratégias de cuidado. Não
diferente, estas são atividades pensadas e realizadas no território, envolvendo
estratégias de Redução de Danos (RD) e apostas na integralidade do cuidado. Estas
propostas são articuladas com os serviços de base territorial e comunitária, contando,
também, com a participação dos usuários no processo de construção e gestão da
política em si. Isso expressa o percurso por outro paradigma de saúde, avançando no
entendimento de que a loucura possa ser vista, compreendida e acolhida nas variadas
expressões de seu sofrimento, posicionando politicamente o seu lugar (FERRO et al.,
2018).
Para que se torne viável o paradigma de saúde proposto, a RAPS aposta em
pontos de articulação de serviços descentralizados, se distribuindo pelo SUS entre os
campos da atenção básica em saúde – Unidade Básica de Saúde; Consultórios de Rua;
Atenção Residencial de Caráter Transitório; Centros de Convivência – atenção
psicossocial especializada – Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em suas
diversas modalidades – atenção de urgência e emergência – Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU 192); Sala de Estabilização; Unidade de Pronto Atendimento
(UPA); atenção hospitalar à urgência/pronto socorro, entre outros – atenção residencial
de caráter transitório – Unidade de Recolhimento; Serviços de Atenção em Regime
Residencial – atenção hospitalar – enfermaria especializada em Hospital Geral; serviço
Hospitalar de Referência para Atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental
e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas – estratégias
de desinstitucionalização – Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) – e reabilitação
psicossocial (BRASIL, 2011).
Assim, o território é lido como campo possível para um cuidado pautado em
liberdade, cidadania e garantia de direitos. Isso significa reconhecer sujeitos inseridos
em uma conjuntura político-social, onde processos psíquicos e adoecimentos são
observados a partir de um paradoxo caleidoscópico que demarca contradições e
ambiguidades a partir dos próprios dispositivos estatais e políticas públicas desenhadas
para a organização da população em termos territoriais. Há de se reconhecer aqui,
também, as fragilidades por trás de cadastros, fichas de acompanhamento, visitas
domiciliares e categorizações populacionais, haja vista que estas práticas de controle
podem acabar por fixar e segmentar os usuários à medida que o Estado adentra no
território (HILLESHEIM; BERNARDES, 2014).
Ainda no que tange esta questão, Hillesheim e Bernardes (2014) apontam como
problema a noção de território das políticas públicas ainda ser restrita a um recorte
geográfico, sem considerar um território existencial subjetivo. Ao considerar os últimos
termos, são evidenciadas as complexidades da dinâmica territorial, incluindo o uso dos
recursos, migrações, desigualdades regionais, interesses, saberes, formalidades,
informalidades, legalidades, ilegalidades, sujeitos e conflitos que compõem as
condições socioespaciais de um determinado local. Essa postura e olhar envolvem uma
compreensão mais abrangente das dinâmicas territoriais e das políticas públicas,
visando promover uma prática terapêutica mais contextualizada e inclusiva.
No que se refere ao território e o modo com que as políticas de saúde têm se
organizado no cenário atual, Velozo e Serpa Júnior (2006), citando Delgado (2002),
chamam atenção, justamente, para a divisão do sistema atual de saúde mental em três
níveis e a atenção especial que é direcionada para o setor hospitalar, pois acreditam
que isso dificulta a construção de uma rede abrangente e dinâmica. Nesses termos,
devemos buscar soluções locais para os problemas, tornando a equipe de tratamento a
referência central, em vez de depender exclusivamente dos serviços médicos.
Nesse contexto, Campos e Soares (2005) indicam que “há uma sobrecarga que
não está sendo tratada, da qual ninguém se ocupa. A desinstitucionalização chama as
famílias a participar, mas não cria mecanismos que ajudem a aliviar a sobrecarga” (p.
234), ressaltando assim a demanda por estratégias da reforma que contemplem
também estes familiares, ou seja, que os auxilie na promoção dos cuidados básicos e a
exercer seu papel primordial de favorecer a ressocialização (p.665).
Paralelamente a isso, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são
importantes para essa nova arquitetura de serviços de saúde mental, mas deve-se ter o
devido cuidado para não centralizar excessivamente a assistência nesses dispositivos e
correr o risco de se fechar enquanto instituição. Precisamos nos deslocar até onde está
o problema, participar ativamente das situações e promover encontros e conexões
(CAVALCANTI, 1992 apud VELOZO; SERPA, 2006).

4 RAPS E AT: PENSANDO LIMITES E POSSIBILIDADES.

Com o pontapé dos movimentos e primeiros passos a caminho de um novo


desenho de assistência, Velozo e Serpa Júnior (2006) destacam como experiências
relevantes para o campo da Saúde Mental “(...) o trabalho realizado pela equipe do
NAPS do município de Santos-SP (1989), do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
Prof. Luiz da Rocha Cerqueira, em São Paulo (1987)” (p.323) e o I Encontro Sobre o
Tratamento das Psicoses em Instituição, ocorrido em junho de 1989 no Instituto de
Medicina Social da UERJ, oportunidade em que, além da discussão a respeito das
práticas em instituições e manejo do tratamento de sofrimentos psíquicos graves, se
discute “(...) a possibilidade de inserção dos acompanhantes terapêuticos na rede
pública, como recurso intermediário entre o ambulatório e a internação hospitalar”
(p.323), em conformidade com “A Casa”, Hospital-Dia privativo de São Paulo que já
havia adotado a mesma medida.
Em 1998, período posterior às leis orgânicas que instituem e fundamentam o
Sistema Único de Saúde (SUS), Velozo e Serpa Júnior (2006) apontam que, na cidade
de Porto Alegre, um protocolo de cooperação é celebrado entre a prefeitura do
município e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, visando a implantação de
um projeto que disponibilizasse o Acompanhamento Terapêutico como estratégia
possível na rede municipal. Estes destacam, ainda, o Programa de Desospitalização,
elaborado pelo município de Belo Horizonte no ano 2000, sob as diretrizes
estabelecidas na portaria SMSA/SUS – BH n. 004/2000 e orientado especialmente para
casos de internações de longa permanência em hospitais psiquiátricos, ressaltando o
AT como saída e estratégia clínica.
No ano seguinte é celebrada a Lei federal 10.216 (BRASIL, 2001), responsável
pela garantia de direitos e proteção das pessoas com transtornos mentais, respeitando
a prioridade de seu atendimento nos serviços comunitários de saúde, promovendo a
substituição do modelo de tratamento asilar pelo de cuidado humanizado e comunitário.
Daí em diante, o que se observa é um processo gradual e expansivo de um novo
paradigma clínico para a Saúde Mental, sendo o AT, conforme destacado em alguns
momentos do texto, uma presença ética no desenho e ações desse projeto.
Em contraponto, embora as articulações clínico-políticas que fundamentam a
clínica do AT e a RAPS tangenciem uma similaridade, muitas vezes atuando de forma
colaborativa no campo das políticas de saúde mental, ainda não há uma estruturação
metodológica potente o suficiente que possibilite a incorporação do AT na
regulamentação e política abrangente do SUS. Embora RAPS e AT apresentem
semelhanças no cuidado ofertado, há de se reconhecer os problemas que impedem a
sua incorporação pela rede pública. Para além de suas divergências metodológicas e
operacionais, se reconhece uma barreira sempre presente nos equipamentos de
atenção à saúde mental, destacando a captação de recursos humanos como principal
eixo (FERRO et al., 2018).
Estes também compreendem, ainda, que a estrutura e gestão se mostram
insuficientes para trabalhar com tal proposta quando se questionam: “como um gestor
de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) pode, por exemplo, dedicar 1, 2, 3,
horas semanais de um de seus profissionais para acompanhar de maneira próxima
somente um usuário?” (FERRO et al., 2018, p.68). Ou, ainda: “como empreender, com
recursos humanos limitados, a proposta do AT e, com isso, ampliar as possibilidades de
cuidado comunitário aos usuários dos serviços de saúde mental?” (p.68).
Reconhecidamente, Ferro et al. (2014) apontam, por meio das experiências
relatadas na literatura, uma predominância (e possibilidade) do AT nos serviços a partir
do vínculo mantido com outras instituições, geralmente prestados na forma de estágios
obrigatórios e projetos de extensão, ressaltando a própria experiência dos
pesquisadores com um dispositivo pelo vínculo da Universidade Federal do Paraná.
Embora some forças com a Rede de Atenção, o vínculo que se estabelece a partir
dessa lógica é frágil e limitado pelo próprio recorte temporal do período letivo. Estes,
citam ainda, como exemplo, o estágio do curso de Terapia Ocupacional, organizado
“temporalmente em 4 meses, o que impõe certas limitações na experiência de utilização
do dispositivo” (p.69).
A partir disso, e pensando em saídas dentro da realidade político-econômica em
questão, uma aposta possível seria a ampliação de parcerias institucionais, ressaltando
cursos de pós-graduação em Acompanhamento Terapêutico e formações vinculados
aos equipamentos de Saúde Mental do SUS, algo que, de um lado possibilitaria a
continuidade da qualificação de profissionais at e, do outro, a disponibilidade de
recursos humanos para atender as demandas dos equipamentos contemplados como
campo de prática (FERRO et al., 2018).
É este o nosso grande desafio: perceber que nossas práticas são
datadas historicamente, que estamos produzindo cotidianamente perplexidades
e incoerências, mas que, através de nossas implicações com os diferentes
movimentos sociais que se espalham pelo mundo, podemos criar novos
dispositivos de intervenção, novos espaços, novos saberes e novos sujeitos.
Esse desafio está colocado, e muitas práticas, em seus microespaços, tentam
avançar e, efetivamente, estão conseguindo produzir territórios onde a crítica, o
questionamento, a criatividade, a multiplicidade se encontram presentes
(COIMBRA, 1995, apud SILVA; SILVA, 2006, p. 61).

Ainda partindo de um recorte da própria experiência com a prática de AT em um


equipamento de saúde público, Ferro et al. (2018) apontam alguns problemas práticos
da inserção nos serviços que dialogam com outras literaturas, a saber, Nogueira (2009)
apud Ferro et al. (2018), quando se refere a questão temporal e fragilidade do vínculo
nos estágios. Ademais, os autores ainda apontam outros problemas em relação à
própria organização e gestão do serviço por parte dos profissionais em questão.
Assim, são reconhecidas fragilidades no estabelecimento do Projeto Terapêutico
Singular (PTS) por parte dos profissionais de referência – ferramenta que norteia as
ações e intervenções na saúde de cada sujeito acompanhado – o que
despotencializava a prática do AT, pois deixava os estagiários alheios às ações que
deveriam ser trabalhadas, quando não pela insegurança em agir, pela impulsividade
que interferia em resultados mais à frente (FERRO et al., 2018).
O que se observava a partir da experiência relatada era um subaproveitamento
da vivência do AT, reconhecendo-se a necessidade de maior diálogo entre equipe de
referência e corpo de estagiários que complementavam as ações do serviço, tanto no
que se referia a situação dos casos, como no próprio momento do desligamento. Como
saída, se propôs uma “transmissão do vínculo”, na tentativa de reduzir o impacto da
distância entre acompanhado e acompanhante, percebendo-se que esse contato ficaria
“mais focado nos objetivos e na função do estagiário/AT do que propriamente na
pessoa, com a consciência de que as figuras permanentes são o supervisor e o
professor orientador (FERRO et al., 2018, p.71).
Embora com essas questões – e tratando-se de rede pública –, a clínica do AT
se mostra potente articuladora nas ações de saúde mental, pois, ainda de acordo com
Ferro et al. (2018), a partir desse dispositivo, a própria equipe de referência pode ter
acesso a intervenções individuais intra e extra institucionais, fortalecendo o trabalho em
rede com potencialidades do território, somando-se ao próprio levantamento de dados
sobre o caso, contando com aproximações institucionais, inclusive da rede de atenção
social do usuário.
5 CONCLUSÃO

O paradigma clínico-político do AT parece assentar de forma orgânica e


sincrônica com as propostas de cuidado que fundamentam a portaria da RAPS.
Conforme apontam Ferro et al. (2014), esta clínica propõe, em sua perspectiva ética,
uma atenção aproximada aos usuários, reconhecendo suas variadas demandas,
movimentando-se de forma crítica e articulada às necessidades desses indivíduos.
Trata-se de uma clínica que “circula pela cidade, atravessa serviços de saúde, de lazer,
de cultura, moradias, para encontrar e responder ao que lhe é mais imprescindível e
caro – as demandas do usuário” (p.610).
Trata-se de um dispositivo que se apresenta como um modelo de intervenção
que visa promover a inclusão social e o fortalecimento dos vínculos sociais das pessoas
em sofrimento psíquico, atuando diretamente nos territórios e contextos de vida dos
sujeitos. Por se tratar de uma clínica que se desloca e se localiza de forma sócio
histórica, a terapêutica do AT se faz não apenas no bordado intersetorial da rede de
serviços e/ou políticas públicas, mas, também, pelo modo com que o AT se relaciona
com a existência do acompanhado, tendo acesso às demandas de saúde que se
expressam na complexidade das relações que o produzem, sendo possível uma
atenção psicossocial, mesmo se tratando de uma clínica que não se amarra,
puramente, aos saberes da Psicologia (PALOMBINI, 2017).
Dessa forma, ao considerar as tramas possíveis que são teatralizadas nos
espaços públicos (os “palcos” da cidade), a clínica do AT se utiliza de discursos como
roteiro de suas práxis, sendo estes englobados e expressos a partir de gestos, ações,
intervenções, documentos, imagens, objetos, instituições, políticas, saberes e formas
de organização social, demarcando a função presentificada deste fazer clínico. Na ação
de seu movimento, o AT oferece um passeio transitório por diferentes atos, cenários e
elencos, proporcionando uma releitura dos laços sociais, territoriais e familiares dos
atores envolvidos (VELOZO; SERPA JÚNIOR, 2006).
Portanto, a clínica do AT supera, também, uma visão meramente geográfica do
território e considera sua dimensão subjetiva. Através disto, busca promover uma
prática terapêutica inclusiva e comprometida com a liberdade, cidadania e direitos,
levando em conta as complexidades e especificidades contextuais do território
enquanto espaço de vivência e interações sociais (HILLESHEIM; BERNARDES, 2014).
Reconhecer os seus limites enquanto dispositivo (e acesso diferenciado quando
se trata da divisão público/privado) se faz necessário, também, para que uma aposta
seja feita na inventividade e criatividade dentro dos serviços públicos, já que “o AT
surge não como uma prática concorrente, mas mesmo como a possibilidade da
efetivação de um tratamento verdadeiramente concreto, objetivo e humanizador no
campo da Saúde Mental” (FERRO et al., 2018, p. 73).
Partindo daí, entende-se que as políticas públicas têm como objetivo a garantia
de melhorias das condições de vida da população, tomando como via de ações o
combate às iniquidades, buscando equalizar situações sociais desiguais e promover a
autonomia das subjetividades. Nesse sentido, o exercício dos Direitos Sociais (DS)
torna-se um valor coletivo sólido para a promoção da saúde na prática clínica (ECKER;
PALOMBINI, 2021).
Em resumo, é preciso adotar uma abordagem flexível e abrangente na saúde
mental, superando as limitações do modelo atual. Valorizar a equipe de tratamento,
promover encontros, criar novos espaços e estabelecer conexões diretas são
estratégias cruciais para alcançar uma assistência integral e efetiva. Suplementando a
proposta, “(...) os acompanhantes produzem alianças humanas com pessoas que
possuem o direito de construir um lugar possível para si próprias e que necessitam
participar do fluxo da vida” (VELOZO; SERPA, 2006, p.335).
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