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Plano de Capítulos

Francisco Cancela

O que é o Plano de Capítulos?


É um documento que apresenta uma possível estrutura da escrita do Trabalho de
Conclusão de Curso, com indicação sintética e preliminar de temas, objetivos, fontes e
metodologias presentes em cada capítulo.

Qual a importância do Plano de Capítulos?


Orientar o trabalho de pesquisa, possibilitando dimensionar os resultados
alcançados e as demandas ainda existentes, além de otimizar tempo na hora de realizar a
crítica documental e a escrita do texto final.

Como se inicia a elaboração do Plano de Capítulos?


O primeiro passo é pensar num sumário do seu trabalho. Em segundo lugar,
deve-se identificar qual objetivo de cada capítulo. Depois, apresenta-se os conceitos
e/ou autores que serão utilizados para auxiliar no entendimento da questão trabalhada.
Por fim, indica-se as fontes históricas e a operação metodológica que será realizada para
a coleta de informações.

Onde se encaixa o Plano na estrutura do Projeto de Pesquisa?


O Plano vai substituir o capítulo de metodologia. Afinal, nele será apresentado
todo procedimento metodológico da pesquisa histórica.

EXEMPLO DE PLANO DE CAPÍTULO


Fonte: CANCELA, Francisco. As vilas de índios da Capitania de Porto Seguro: um
estudo sobre as experiências de inserção dos índios na sociedade colonial (1758 –
1820). Salvador: Universidade Federal da Bahia (Projeto de Doutorado), 2008.

A tese está estruturada em cinco capítulos. Optei por organizá-los através de


critérios cronológicos, estabelecendo recortes vinculados aos projetos de colonização
elaborados e executados durante o período do final do século XVIII e início do século
XIX. Neste texto, preferi apenas demonstrar como o objeto de pesquisa será interpelado
e como será possível sintetizar, dentro de uma estrutura narrativa, as respostas vindas
das fontes e interpretadas pelas reflexões teóricas.

Capítulo 1 – A conquista e colonização de Porto Seguro: de 1500 à segunda metade


do século XVIII
O primeiro capítulo terá como objetivo analisar o processo de conquista e
colonização da Capitania de Porto Seguro, de 1500 até a segunda metade do século
XVIII. O foco da abordagem histórica estará direcionado às relações estabelecidas entre
europeus e os povos indígenas, tendo em vista identificar e problematizar as diferentes
visões e funções assumidas pelos índios na colonização da Capitania de Porto Seguro.
Para tanto, organizaremos este capítulo em alguns tópicos, que serão estruturados a
partir das mudanças das relações interétnicas ao longo do tempo, utilizando como
principal referencial teórico-metodológico o trabalho produzido por Alexander
Marchant sobre as relações econômicas entre índios e europeus no Brasil, no período de
1500-15801.
Para elaboração deste capítulo, dispomos de um conjunto variado de fontes. Em
primeiro lugar, destacam-se os relatos produzidos no ano de 1500 pelos integrantes da
esquadra cabralina. Estas fontes serão interpeladas numa perspectiva de identificar e
análisar etnograficamente os habitantes do novo território, além de problematizar as
visões e impressões que europeus e indígenas construíram frente o primeiro contato
oficial2. Em segundo lugar, dialogaremos com a produção dos cronistas do século XVI,
tendo em vista construir um panorama geral do movimento da conquista e colonização
da Capitania de Porto Seguro, principalmente durante as cinco primeiras décadas
quinhentistas3. Em terceiro lugar, faremos uso das cartas dos jesuítas escritas pelos
padres do Colégio de São Salvador de Porto Seguro, que apresentam informações
importantes sobre o processo de aldeamento dos índios, os hábitos e costumes dos
indígenas, a economia local, o comportamento dos colonos e a escravização dos índios4.
Além destas, trabalharemos com outras fontes administrativas que evidenciam a
dinâmica da ocupação territorial, os conflitos coloniais e a ação política dos colonos,

1
MARCHANT, Alexander. Do escambo à escravidão. São Paulo: Ed. Nacional, 1980.
2
PEREIRA, Paulo Roberto (org.). Os três testemunhos do descobrimento do Brasil: Carta de Caminha,
Carta de Mestre João e Relação do Piloto Anônimo. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1999.
3
GÂNDAVO, Pero de Magalhães de. História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos
Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004; SOUSA, Gabriel Soares de. Notícias do Brasil. Lisboa:
Alfa, 1989.
4
NAVARRO, Azpilcueta. Cartas Jesuíticas. São Paulo: Editora da USP, 1988.
destacando-se, entre estas, o processo inquisitorial movido contra o Capitão Donatário
de Porto Seguro e as Cartas Régias enviadas para as autoridades coloniais da Capitania5.
Estas fontes possuem algumas características em comum. De um lado, elas foram
geradas durante o processo de conquista e colonização da América portuguesa,
possuindo informações e idéias vinculadas a este processo. Do outro, foram escritas por
exclusivamente europeus, prevalecendo visões eurocêntricas sobre os povos indígenas.
Diante destas condições, para o diálogo com estas fontes será necessário o uso de
“filtros” das informações, sendo útil o cruzamento de fontes, a procura da
contextualização da produção do documento e a identificação do seu autor e seus
interesses.

Capítulo 2 – A Capitania de Porto Seguro no contexto do reformismo ilustrado


O segundo capítulo terá como objetivo identificar e problematizar a política
indigenista criada durante o reinado de D. José I, sob orientação do Marquês de Pombal,
bem como analisar o processo de recepção e implantação da nova política indigenista na
Capitania de Porto Seguro. Este capítulo estará dividido em quatro tópicos, que
contemplarão discussões sobre as seguintes temáticas: o contexto histórico, a política
indigenista e a aplicação da política indigenista em Porto Seguro. No primeiro tópico,
pretendemos realizar uma análise da conjuntura do Império Lusitano, destacando
aspectos econômicos e sociais. Em seguida, buscaremos fazer uma discussão sobre a
política indigenista pombalina, identificando traços de mudança e continuidade frente a
política indigenista anterior. Do ponto de vista metodológico, nestes dois primeiros
tópicos, realizaremos pesquisas bibliográficas e documentais, dando destaque à nova
historiografia sobre a época pombalina e a um conjunto de leis sobre a questão
indígena6.
O terceiro tópico se dedicará à análise das primeiras experiências de criação das
vilas de índios em Porto Seguro, quando os antigos aldeamentos jesuíticos foram
transformados em vilas de índios, e o quarto, por sua vez, analisará a criação da
Ouvidoria de Porto Seguro, bem como de seus impactos na consolidação da política

5
DOCUMENTOS HISTÓRICOS, PROCESSO INQUISITORIAL E AUTORIZAÇÃO DE ENTRADAS
6
MAXWELL, Kenned. Marquês de Pombal: o paradoxo do iluminismo. São Paulo: Paz e Terra, 1996;
TENGARRINHA, José (org.). História de Portugal; revisão técnica Maria Helena Ribeiro Cunha. – 2.
ed., ver. e ampl. – Bauru, SP: EDUSC; São Paulo, SP: UNESP; Portugal, PT: Instituto Camões, 2001;
FALCON, Francisco. A época pombalina. São Paulo, Ática, 1982; BEOZZO, José Oscar. Leis e
Regimentos das Missões. Política indigenista no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1983; CUNHA,
Manuela Carneiro. Legislação indigenista do século XIX. São Paulo: Edusp, 1993; NETO, Moreira.
Índios da Amazônia, de maioria a minoria. Petrópolis, Vozes, 1988.
indigenista pombalina na região. Para alcançar estas metas, pretendemos realizar dois
tipos de pesquisa: de um lado a bibliográfica, dando destaque aos trabalhos publicados
na Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e nas obras clássicas sobre
História da Bahia7; do outro, a pesquisa documental, dialogando com algumas fontes
administrativas, destacando-se as Cartas Régias redigidas para orientar a transformação
dos aldeamentos jesuíticos em vilas e as Instruções encaminhadas para a criação da
Nova Ouvidoria de Porto Seguro8.

Capítulo 3 – As vilas de índios de Porto Seguro: história, geografia e política


O terceiro capítulo da será intitulado As vilas de índios de Porto Seguro:
história, geografia e política. Nele pretendemos identificar, analisar e problematizar as
características geográficas, políticas e étnicas de cada vila de índios da Capitania de
Porto Seguro. Organizaremos o capítulo em dois tópicos. No primeiro, procuraremos
distinguir as diferenças entre o modo de organização social, econômica e política de um
aldeamento indígena (jesuítico, particular ou da Coroa) e modo de organização social,
econômica e política uma vila de índio. A importância deste tópico está na necessidade
de identificar o momento diferente de convívio interétnico vivido pelos povos indígenas
no período analisado. No segundo tópico, buscaremos apresentar cada vila de índios de
Porto Seguro, destacando: a) uma síntese da sua história; b) os aspectos importantes do
seu povoamento; c) as condições geo-ecológicas do seu território; d) os interesses
políticos e econômicos que envolveram sua criação. Neste tópico, utilizaremos como
fonte: a Relação sobre as Vilas e Rios da Capitania de Porto Seguro, elaborada por
Tomé Couceiro de Abreu em 1764; a Descrição de toda Costa desta Capitania de Porto
Seguro, feita pelo Capitão-mor João da Silva em 1804, o Mapa descritivo da Capitania
de Porto Seguro, de 1813, escrito pelo Ouvidor José Marcelino da Costa e os Autos de
criação das vilas9.

7
BARROS, Francisco Borges de. Penetração das terras baianas. Anais do APMEB. Salvador: IOF, 1920;
CERQUEIRA SILVA; Inácio Accioli. Memórias históricas e políticas da Província da Bahia. Salvador:
IOF, 1931; Kátia Mattoso, Bahia: A Cidade do Salvador e seu mercado no século XIX. São Paulo:
Hucitec, 1978; VILHENA, Luis Santos. A Bahia no Século XVIII. Bahia: Itapuã, 1969.
8
Provisão Real que estabelece a transformação da aldeia de São João em Vila Nova de Trancoso, em 22
de novembro de 1758. APEB. Seção Colonial e Provincial. Maço 603, cad. 35; Instruções dadas pelo
Marquês de Pombal a Thomé Couceiro de Abreu, quando mandou por este magistrado criar a Ouvidoria
de Porto Seguro, em 30 de abril de 1763. Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, n. 42,
1916, p. 63-69.
9
AHU – Projeto Resgate. Relação sobre as Vilas e Rios da Capitania de Porto Seguro, pelo Ouvidor
Tomé Couceiro de Abreu – doc. 6430; AHU – Projeto Resgate. Mappa e descrição da Costa, Rios e sus
terrenos, de toda a Capitania de Porto Seguro e até onde pode chegar sumacas, lanchas e canoas em
seus fundos, feito e examinado pelo Capitão-mor João da Silva Santos – doc. 27113; BNRJ –
Ao final deste capítulo pretendemos alcançar os diferentes processos de
povoamento das vilas de índios, construindo, a partir desta análise, categorias
explicativas para o processo de ocupação territorial. Até o presente momento, por
exemplo, temos três tipos de povoamento: os decorrentes de antigos aldeamentos
jesuíticos (Vilas Verde e Trancoso), o decorrente de aldeamento particular (Vila de
Belmonte) e os de áreas estratégicas semi-povoadas (Vilas do Prado e de Alcobaça). Ao
mesmo tempo, buscaremos deixar claras as diferenças entre viver em aldeamentos e
viver em vilas de índios.

Capítulo 4 – Os sujeitos das vilas de índios: atores, relações e conflitos


Este capítulo terá como objetivo identificar os atores sociais que viviam nas vilas
de índios, dando destaque às condições legais e sociais de suas vivências e ao conjunto
de relações que foram forjadas no cotidiano. Organizaremos o capítulo em três tópicos,
sendo cada um dedicado a uma categoria genérica de sujeitos, que julgamos importante
para o estudo das experiências dos povos indígenas nas vilas de índios.
O primeiro tópico será dedicado aos índios. Neste ponto, pretendemos identificar
e analisar as etnias que habitavam as vilas de índios de Porto Seguro, destacando suas
características lingüísticas, sociais, políticas, espirituais e históricas. Até o presente
momento, conseguimos identificar algumas etnias do tronco lingüístico Macro-Jê, com
leve predominância dos índios Maxacali, Pataxó, Malali e Menhãns. Para atingir este
objetivo, será de fundamental importância o diálogo com a etnologia e a lingüística,
aproveitando produções de pesquisas acadêmicas que têm se dedicado ao tema há mais
de 50 anos10. Além disso, também faremos uso de relatos e crônicas dos viajantes que

Manuscritos. Descrição do Mapa Topográfico da Comarca de Porto Seguro, com algumas observações
tendentes ao melhoramento da mesma Comarca, feita por ordem da Mesa do desembargo do Paço, em
provisão de 25 de Agosto de 1813 – Localização: I-28,29,10; APEB – Dossiê sobre aldeamentos e
missões indígenas. Carta de aplicação da Provisão Real que mandou criar a Vila de Trancoso – maço:
603; BNRJ – Manuscritos. Relação dos Autos da criação da Vila Nova do Prado, da Capitania de Porto
Seguro – Localização: I – 5, 2, 29, nº 11; BNRJ – Manuscritos. Translado dos autos da criação da Vila
Nova de Belmonte, sobre a barra do Rio Grande na Capitania de Porto Seguro – Localização: I – 5, 2,
29, nº 12; AHU – Projeto Resgate. Autos de criação, medição e demarcação da nova Vila Viçosa, na
Capitania de Porto Seguro – doc. 8555; AHU – Projeto Resgate. Autos da criação, medição e
demarcação da nova Vila de Alcobaça, na Capitania de Porto Seguro – doc. 8578; IHGB – Autos de
ereção e criação da nova Vila de Porto Alegre. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v.
3, 1914, p. 515-594; IHGB – Auto de criação desta nova Vila do rio de São Mateus, que mandou fazer o
Doutor Desembargador Ouvidor Geral desta Comarca e Capitania de Porto Seguro, Tomé Couceiro de
Abreu. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v. 3, 1914, p. 515-594.
10
DENIS, Ferdinand. Os maxacalis. São Paulo: Conselho Estadual da Cultura, 1979; PEREIRA,
Deuscreide. Alguns aspectos gramaticais da língua Maxakali. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte:
UFMG, 1991; FABRE, Alain. Diccionario etnolinguistico de los pueblos indegenas sudamericanos.
México: Autônoma, 2005; MÉTRAUX, Alfred, NIMUENDAJÚ, Curt. The Mashakali, Patashó, and
observaram etnograficamente os habitantes das vilas de índios de Porto Seguro entre o
final do século XVIII e inicio do XIX.11
O segundo tópico se ocupará dos não-índios. De acordo com as informações
retiradas de algumas fontes, os não-índios em Porto Seguro estavam distribuídos em
grupos bastante diversificados, destacando-se os colonos brancos e pardos, os escravos
africanos e crioulos e os degredados brancos, negros e pardos. Estes não-índios
construíram trajetórias diferentes e se relacionaram de forma distinta com os povos
indígenas. Por meio do confronto entre várias correspondências de autoridades
coloniais, buscaremos identificar os não-índios e analisar as relações sociais forjadas no
cotidiano. Parte deste tópico já foi produzido e publicado na Revista Espaço
Ameríndio12.
No último tópico, buscaremos identificar e analisar a principal autoridade colonial
das vilas: os diretores de índios. A partir de uma investigação detalhada das Provisões
Régias, conseguimos identificar os nomes de alguns diretores das oito vilas de índios de
Porto Seguro. Em Vila Verde, por exemplo, Manuel Lopes de Oliveira ocupou o cargo
de diretor por quase trinta anos. Certamente, neste longo período uma trajetória de vida
foi forjada, caracterizada por conflitos, autoritarismo, privilégios e mediações. Nossa
intenção é cruzar os dados já recolhidos com outras fontes, buscando identificar e
analisar a trajetória de alguns destes sujeitos. Após esta identificação, o caminho que
seguiremos estará pautado no método onomástico, proposto pelo historiador italiano

Malalí linguistic families. In: STEWARD, Julian H. (Ed.). Handbook of South American indians. v. 1.
New York : Cooper Square Publishers, 1963; NIMUENDAJÚ, Curt. Índios Maxakali In: --------. Textos
indigenistas. São Paulo : Loyola, 1982. p. 209-18. (Publicado também na Revista de Antropologia, São
Paulo : USP, v. 6, n. 1, p. 53-61, 1958); PARAÍSO, Maria Hilda. Amixocori, Pataxó, Monoxó,
Kumanoxó, Kutatoi, Maxacali, Malali e Makoni: povos indígenas diferenciados ou subgrupos de uma
mesma nação? Uma proposta de reflexão. Caxambu: ANPOCS, 1992 (a); URBAN, Greg. A História da
cultura brasileira segundo as línguas nativas. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos
Índios no Brasil. – São Paulo: Cia das Letras,1992.
11
VILHENA, Luís dos Santos. A Bahia no Século XVIII. Salvador: Editora Itapuã, 1969, v. 2;
LINDLEY, Thomas. Narrativa de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1969; WIED-
NEUWIED, Maximilian Prinz von. Viagem ao Brasil. São Paulo: Edusp, 1989; SAINT-HILAIRE,
Auguste de. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Tradução de Vivaldi Moreira.
Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975; NAVARRO, Luis Tomás. Tinerário da Viagem que fez
por terra da Bahia ao Rio de Janeiro. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v. 7, 1866,
p. 433-68.
12
CANCELA, Francisco Eduardo Torres. A presença de não-índios nas vilas de índios da Capitania de
Porto Seguro: relações interétnicas, territórios multiculturais e reconfiguração de identidade – reflexões
iniciais. Revista Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 42-61, jun./dez., 2007. Disponível em
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/EspacoAmerindio/article/viewFile/2545/1467.
Carlo Ginzburg13. Para tanto, pesquisaremos o acervo de inventários e testamentos do
Arquivo Público da Bahia, que serão explorados neste primeiro semestre de 2008.

Capítulo 5 – As instituições nas vilas de índios: controle, domínio e contatos


Este capítulo se chamará As instituições nas vilas de índios: controle, domínio e
contatos e terá como principais objetos de análise as Câmaras Municipais, as escolas
laicas e a Igreja. A intenção deste capítulo será analisar as estratégias coloniais de
inserção dos índios na sociedade colonial por meio destas instituições, que ficaram
responsáveis pela imposição de regras de convivências, introdução do índio nas esferas
de poder colonial, socialização das crianças indígenas na nova sociedade e controle das
práticas religiosas. Para além de analisar as estruturas de subordinação e dominação,
pretendemos também estudar as relações sociais que foram engendradas por estas: as
adaptações e reações dos povos indígenas à ação colonial.
Dividiremos este capítulo em três tópicos, sendo cada um dedicado a uma
instituição específica. O primeiro tratará das Câmaras Municipais, cujo principal ponto
de partida será as regras de convivências impostas aos índios das vilas através das
“Posturas Municipais”14. Todas as vilas de índios tinham suas leis municipais que
estabeleciam normas para o funcionamento do comércio, da utilização/preservação do
espaço urbano e dos recursos naturais das vilas, além da regulamentação do
comportamento social, tais como hábitos habitacionais e de higiene. Ao desvendar as
regras de convivência procuraremos mostrar não só o modelo de vida planejado pela
colonização, mas, também, identificar as práticas sociais dos indígenas que mais
incomodavam os portugueses. No que tange à participação dos índios nas Câmaras
Municipais, buscaremos entender a nova proposta de administração das vilas de índios,
apresentadas nas Instruções que orientaram a criação da Ouvidoria de Porto Seguro.
Segundo este documento, o modelo jesuítico de administração das aldeias, pautado na
exclusão dos indígenas do governo local, produziu conseqüências duplamente
prejudiciais: de um lado, possibilitou a perda de “toda aquella imensidade de almas”; de
outro, garantiu a conservação “em brutalidade de todos aquelles homens”. A saída
estava na construção de um processo de colonização que deveria “aproveitar toda
aquella gente que ainda resta(va)”. Por isso, a Coroa exigiu que se introduzisse “sempre
13
GINZBURG, Carlo. O nome e o como...
14
Até este estágio da pesquisa encontramos duas Posturas Municipais: a da Vila de Porto Alegre e a de
Vila Viçosa. A semelhança entre os dois documentos nos leva a supor que o conteúdo das Posturas não se
alterava em sua essência e, por isso, as outras vilas de índios de Porto Seguro devem ter tido regras de
convivência semelhantes às das vilas citadas.
ao menos metade dos officiaes das Camaras de hua Nação de Índios naturaes daquellas
terras”15. Para entender esta nova proposta de administração das vilas de índios,
precisamos refletir sobre a relação destas disposições com os objetivos e demandas
metropolitanas, buscando responder as seguintes perguntas: qual era a intenção da
Coroa em inserir os índios na administração colonial? Seria apenas uma estratégia de
dominação pautada na cooptação das lideranças indígenas ou esta atitude refletia
somente uma conseqüência do pensamento iluminista? Além disso, é preciso levar em
consideração que nem sempre as leis foram devidamente cumpridas, pois tensões,
conflitos e interesses limitaram ou modificaram a forma de aplicação da legislação. E,
tendo em vista esta realidade, pretendemos identificar como se deu a participação dos
índios nas Câmaras, interrogando: primeiro, se, de fato, os indígenas participaram da
administração colonial; segundo, se participaram, em quais cargos; terceiro, se existia
algum tipo de conflito ou mediação; e, quarto, qual era a relação que os indígenas
inseridos na administração mantinham com os outros índios. Para tanto, dialogaremos
com os termos de vereação da Câmara da Vila de Porto Alegre e com as
correspondências entre autoridades coloniais16.
O segundo tópico deste capítulo será dedicado a análise do papel das escolas nas
vilas de índios. Segundo ordenava o Diretório dos Índios, cada vila deveria ter uma
escola para ensinar aos índios a Doutrina Cristã, a leitura, a escrita e alguns ofícios. A
educação ficaria a cargo de um professor laico, geralmente assumido pelos escrivães das
Câmaras. Em Porto Seguro, as Instruções para o governo dos índios indicavam regras
de funcionamento pedagógico das escolas indígenas, determinando os livros que
deveriam ser utilizados, os horários de estudo, os métodos de ensino e o calendário
escolar. Pretendemos cruzar esta legislação com as correspondências das autoridades
para saber como se deu o funcionamento destas escolas, buscando identificar o papel
destas experiências na sociabilidade das crianças indígenas.
O último tópico do terceiro capítulo abordará a vigilância sobre a religião,
utilizando como fontes os registros de duas visitas pastorais realizadas na Comarca de
Porto Seguro nos anos de 1785 e 1795. A partir desta documentação, pretendemos

15
Instruções dadas pelo Marques de Pombal a Thomé Couceiro de Abreu, quando mandou por este
magistrado criar a Ouvidoria de Porto Seguro. Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
Salvador, v. 42, 1916, p. 63.
16
APEB – Senado. Câmara da Vila de São José de Porto Alegre: termo de vereação, posse e juramento –
maço: 485-3.
analisar as formas de religiosidade dos índios e as preocupações e estratégias elaboradas
pela ação colonial para impor a religião católica.17

Capítulo 6 – A vida econômica das vilas de índios


O sexto capítulo tem como título A vida econômica das vilas de índios de Porto
Seguro. Nele, pretendemos identificar e problematizar o modelo de produção proposto
pelas determinações pombalinas, vinculando-o às demandas econômicas da Metrópole e
às condições sociais de Porto Seguro. Em seguida, procuraremos analisar a economia
vivida, destacando o lugar dos índios na produção econômica das vilas, suas relações
com os brancos, com os meios de produção, além de analisar o comércio nessas vilas e a
forma de pagamento do trabalho indígena.
No primeiro tópico, buscaremos identificar a economia projetada pela Coroa
portuguesa. Para tanto, recorreremos à pesquisa documental, utilizando como fontes o
Diretório dos Índios e as Instruções para o governo dos índios da Capitania de Porto
Seguro18. No Diretório dos Índios, entre os parágrafos 35 e 73, podemos identificar
propostas de fomento às relações comerciais, sua regulamentação e estratégia de
incentivo, além de orientações sobre o trabalho indígena, sobretudo no que tange à
remuneração, distribuição e controle da mão-de-obra. Nas Instruções para o governo
dos índios da Capitania de Porto Seguro, por sua vez, encontramos orientações
específicas sobre as relações de produção, destacando a organização do trabalho, o uso
da terra e as formas de pagamento19. A partir do diálogo com estas fontes, mostraremos
o modelo da economia planejada pela política metropolitana.
O segundo tópico será dedicado a analisar a economia vivida, destacando os
aspectos gerais do trabalho indígena nas vilas. Para iniciar esta análise, pretendemos
realizar um balanço demográfico das vilas de índios de Porto Seguro. A partir dos

17
Esta documentação encontra-se no Arquivo da Cúria do Rio de Janeiro, onde pesquisamos durante uma
semana no mês de março de 2007. Contudo, pretendemos retornar a este Arquivo, pois existiam alguns
documentos que estavam em restauração e, possivelmente, já estão disponíveis para consulta. Além das
visitas Pastorais, temos esperança em encontrar livros de batismos e casamentos. Através do primeiro
podemos analisar as relações de compadrio e a incorporação de rituais católicos na cultura indígena. E,
por outro lado, através do segundo, podemos perceber as redes de sociabilidade, inclusive traçando uma
explicação sobre o processo de miscigenação forçada e voluntária dos índios de Porto Seguro.
18
Instruções para o governo dos índios da Capitania de Porto Seguro, que os meus Directores hão de
praticar em tudo aquilo que se não encontrar com o Directorio dos Índios do Gram Pará (a) José
Monteiro. Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Oficinas Gráficas da
Biblioteca, V. 32, 1914, p. 372-379.
19
Ver o anexo 2, que expõe a forma de pagamento aos índios destinado à soldada. A referida fonte
possibilita a construção de outras tabelas que demonstram a forma de pagamento ao trabalho indígena em
Porto Seguro.
dados contidos no Mapa da enumeração da gente e povo desta Capitania da Bahia,
elaboraremos tabelas que retratarão quantitativa e qualitativamente o perfil da
população que habitava as vilas de índios de Porto Seguro20. O anexo 3, por exemplo,
representa a situação da Vila de Alcobaça, em 1780.21 Nela podemos perceber dois fatos
que chamam a atenção: de um lado, a maioria da população desta vila tem a idade
adulta; de outro, a população feminina é superior à masculina. Todos dois fatores se
explicam pela forma segundo a qual a produção se organizou nas vilas, priorizando o
uso dos moradores indígenas como trabalhadores diretos e direcionados para atividades
domésticas e agrícolas. Além destes aspectos, outros serão analisados, pois acreditamos
que as informações demográficas podem identificar quem produzia na economia
colonial.
Ainda no segundo tópico, identificaremos os diversos empregos e ofícios dos
índios de Porto Seguro. Até o presente momento, temos indicações de que os indígenas
eram empregados na lavoura de mandioca, na pesca e no corte de madeiras. Ao mesmo
tempo, existiam alguns índios especializados em ofícios, tais como construção naval,
tecelagem, sapataria e olaria. Entre as fontes que serão consultadas neste tópico,
destacamos: as correspondências dos Ouvidores de Porto Seguro, a Diligência sobre o
corte do pau-brasil encontrado na Capitania de Porto Seguro22, Auto da inquirição de
testemunhas a que procedeu o Ouvidor interino e Sargento-mor Francisco Dantas
Barbosa, para se informar do estado e civilização dos índios23 e os relatos e crônicas dos
viajantes. Acreditamos que o confronto destas fontes possibilitará a identificação e a
análise das relações econômicas, sempre buscando respostas às perguntas de quem
produzia, como produzia e para quem produzia.
O último tópico será dedicado à análise da vida comercial das vilas de índios. Nas
correspondências entre autoridades, encontramos algumas evidências que nos levam a

20
AHU – Projeto Resgate. Mapa da enumeração da gente e povo desta Capitania da Bahia, pelos
fregueses das suas Comarcas, com a distinção de 4 classes das idades pueril, juvenil, varonil e avançada,
em cada sexo, com o numero dos velhos com mais de 90 anos, dos nascidos, dos mortos e dos fogos,
conforme o permitiram as listas que se tiraram do ano pretérito; no que é de notar que aqui não se
incluem 11 freguesias das Minas e Sertão do Sul, que passaram às jurisdição secular da Capitania das
Gerais, ainda que se conservam na eclesiástica da Bahia. Doc. 10701
21
Em anexo, Tabela 2: Distribuição etária da população da Vila de Alcobaça, segundo o sexo, 1780. Com
as informações contidas nesta fonte, poderemos construir análise demográficas de todas as vilas indígenas
de Porto Seguro, no ano de 1780, destacando a distribuição etária da população por sexo, a taxa de
natalidade e mortalidade e a comparação entre as povoações de índios e as de brancos.
22
APEB – Correspondência recebida de autoridades diversas. Diligência sobre o pau-brasil encontrado
na Capitania de Porto Seguro. Doc. 209.
23
AHU – Projeto Resgate. Auto da inquirição de testemunhas a que procedeu o Ouvidor interino e
Sargento-mor Francisco Dantas Barbosa, para se informar do estado e civilização dos índios. 19 de
setembro de 1803. Doc. 26334.
supor que estas vilas ocupavam um papel de destaque na folha geral de comercialização
da Capitania de Porto Seguro. As informações até agora extraídas indicam que o uso do
trabalho indígena, principalmente na plantação de mandiocas, possibilitou a formação
de um excedente tão grande que forjou a criação de um seleto grupo de comerciantes
nas Vilas de Caravela, Viçosa e São Mateus, principais porto da região. Os documentos
que evidenciam este fato precisam de um tratamento mais cuidadoso, segundo o qual
suas informações deverão ser sistematizadas e cruzadas com dados de outras fontes24.
Barickman analisou a economia da Capitania de Porto Seguro no final do século
XVIII e início do XIX. O caminho metodológico construído e as hipóteses levantadas
nesse trabalho são pontos de partida para a escrita desse capítulo. A principal tese do
autor é a de que a Metrópole pretendia criar uma nova categoria de colono aproveitando
o grande contigente de indígenas existente em Porto Seguro. Estes novos colonos foram
classificados de “índio-camponês”, que tinham como caracterítica a sedentariedade e a
preocupação com a produtividade, sendo o funcionamento da economia movido pela
“combinação de coerção, assimilação cultural e supervisão intensa”25.

Capítulo 7 – A política indígena nas vilas de índios: faces da resistência e da


sobrevivência
O penúltimo capítulo se chamará A política indígena nas vilas de índios de Porto
Seguro. Segundo Manuela Carneiro da Cunha, os índios foram atores políticos de sua
própria história e, por isso, forjaram uma política indígena própria, caracterizada por
uma diversidade de ações que deslizavam da rebelião à adaptação à ordem colonial,
dependendo dos interesses e das condições em jogo. Neste capítulo, pretendemos
descrever e analisar as diversas políticas construídas pelos índios nas vilas de Porto
Seguro.
Para atingir este objetivo, necessitaremos reler algumas fontes, depositando um
novo olhar sobre elas. Um exemplo deste exercício pode ser identificado a partir das
correspondências dos Ouvidores. Em 1775, por exemplo, o Ouvidor de Porto Seguro, o
Dr. José Xavier Machado, enviou uma carta ao Rei de Portugal, dando informações

24
AHU – Projeto Resgate. Mappa dos navios que entraram e sahiram do porto da Capitania de Bahia em
1806 – doc. 29771; AHU – Projeto Resgate. Requerimentos de Antonio Soares da Costa e outros donos e
mestres de embarcações, que do porto de Caravelas e de outros portos de Porto Seguro negociavam em
mantimentos para a Praça da Bahia, nos quais reclamavam contra os excessivos direitos exigidos pela
Administração do Celleiro Público – doc. 30065; ANRJ – Série Interior. Mappa dos navios que entraram
e sahiram do Porto da Capitania da Bahia em 1808 – Notação: IJJ2 – 292.
25
BARICKMAN, B. J. “The indians”, “Wild Heathens”, and settlers in Souther Bahia in the late
Eighteenth and early Nineteenth Centuries. Americas, 51, v. 3, p. 325-368, 1995.
sobre sua intervenção naquela Capitania. Ao tratar da Vila do Prado, explicitou um
comportamento interessante dos seus moradores indígenas:
A respeito dos índios não tem sido possível refreá-los no uso em
particular da sua bárbara linguagem, ainda que no público a vão acautelando
e abstendo-se dos vícios da ebriedade e ociosidade26.

Como indica o Ouvidor, os indígenas souberam usar o espaço privado como um


reduto de manutenção da sua língua, criando espaços próprios de identidade étnico-
cultural no território criado e planejado pelos portugueses.
Outra fonte promissora são as cartas patentes. Em algumas delas, encontramos
uma situação inusitada: índios solicitavam e conquistavam cargos à Coroa por causa dos
seus serviços prestados tanto na defesa do Estado, quanto na contribuição de
descimentos. O caso de Domingos Gomes Morim é exemplar. Em 1794, solicitou ao
Governador da Bahia o cargo de Capitão-mor da vila de São Mateus, argumentando seu
papel de destaque na chefia dos índios daquela vila.27
Por fim, temos um caso de fuga coletiva dos índios Menhãs da Vila de Belmonte
para a de Poxim, localizada na Capitania vizinha de Ilhéus. Através do Auto que
mandou fazer o Ouvidor Tomé Couceiro de Abreu pretendemos refletir o papel da fuga
na resistência indígena, utilizando como referencial as análises das fugas de escravos
africanos28.
Segundo argumenta Eduardo Silva, a fuga não pode ser banalizada, pois “é um ato
extremo e sua simples possibilidade marca os limites da dominação, mesmo para o mais
acomodado dos escravos e o mais terrível dos senhores, garantindo-lhes espaço para a
negociação no conflito”29. Por outro lado, John Monteiro, ao analisar as fugas de índios
na Capitania de São Vicente durante o século XVII, observou que, apesar de se
caracterizar como uma resistência ao sistema da escravidão indígena, a fuga também
indicava um movimento paradoxal de integração avançada dos índios à sociedade
colonial, pois a “maior parte dos índios identificados nos documentos como fugidos
achava-se, de fato, em outras propriedades da região”30.

26
AHU – Projeto Resgate. Carta do Ouvidor de Porto Seguro, José Xavier Machado Monteiro, dirigida
ao Rei, na qual relata o sucessivo desenvolvimento desta Capitania. Documento nº. 8787.
27
AHU – Projeto Resgate. Requerimento do Capitão-mor Domingos Gomes Morim, no qual pede a
confirmação régia da patente. Documento 16836.
28
AHU – Projeto Resgate. Auto que mandou fazer o Ouvidor Tomé Couceiro de Abreu. Doc. 6521.
29
SILVA, Eduardo; REIS, João José. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São
Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 63.
30
MONTEIRO, John. Negros da Terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo:
Companhia das Letras, 1994, p. 181-182.
Capítulo 8 – A Capitania de Porto Seguro no contexto da violência e militarização:
guerras justas, quartéis e destacamentos
O último capítulo da tese pretende analisar o processo de superação definitiva da
política indigenista pombalina na Capitania de Porto Seguro, que resultou na aplicação
de um novo modelo de conquista e colonização. Este novo modelo apresentava três
características básicas: primeiro, a busca de uma nova atividade econômica,
especialmente a pecuária, que exigia a liberação de terras da posse de índios; segundo,
na abertura de comércio com Minas Gerais, através da criação de estradas e caminhos,
que exigia o deslocamento dos índios para as picadas nas matas, pois eram a principal
mão-de-obra para esta atividade; terceiro, na militarização da região como forma de
combater os índios não-aldeados, sendo necessário a criação de quartéis e
destacamentos para onde foram deslocados parte dos índios que antes viviam nas vilas.
A execução desta nova política indigenista foi pautada no uso direto da violência, uma
vez que a partir de 1808 a decretação de Guerra Justa aos índios bravos havia retornado
na legislação indigenista.
Para este capítulo, dialogaremos com a vasta e rica correspondência produzida
pelo Ouvidor José Marcelino da Costa. A principal preocupação será evidenciar como a
nova política indigenista interferiu na vivência dos índios das vilas de Porto Seguro,
gerando um momento de instabilidade, esvaziamento demográfico e terror. Esta parte da
pesquisa é a que está mais atrasada no quesito disponibilidade de fonte, mas as
consultas aos catálogos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro mostram a grande
quantidade de documentos sobre o assunto em questão.

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