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БАХТИН, М. М. [BAKHTIN, M. M.

] К
вопросам методологии эстетики. Проблема
BAKHTIN, M. O PROBLEMA формы, содержания и материала в словесном
DO CONTEÚDO, DO художественном творчестве [Questões de
MATERIAL E DA FORMA NA metodologia estética. O problema da forma, do
CRIAÇÃO LITERÁRIA. IN: conteúdo e do material na criação artística
______. QUESTÕES DE verbal]. Собрание сочинений t. 1.
LITERATURA E ESTÉTICA (A Философская эстетика 1920х годов [Obras
TEORIA DO ROMANCE). 3. ED. reunidas vol. 1. Estética filosófica dos anos
SÃO PAULO: EDITORA DA 1920]. Org. S. G. Botcharóv, N. I. Nikoláev.
Moscou: Издательство русские словари/Языки
UNESP, 1993[1988]. P. 13-70.
славянской культуры, 2003[192-]. p. 265-325,
707-878.
No Brasil, esse texto foi traduzido e
publicado na coletânea “Questões de
O Problema do literatura e estética (A Teoria do Romance)”
Conteúdo, do em 1988 a partir da edição russa de 1975. A
Material e da primeira parte do título “Questões de
Forma na Criação metodologia estética da criação verbal” não
Literária constava dessa tradução, e o encontramos no
volume I de “M. M. Bakhtin. Obras
reunidas” (2003). Esse título é acompanhado
de uma pequena introdução ao artigo, de
aproximadamente uma página, após a qual
aparece o nome conhecido no Brasil: “O
problema da forma, do conteúdo e do
material na criação artística verbal”
Questões de escrito em 1924, mas editado e
metodologia estética publicado pela primeira vez por
da criação verbal. I O Kójinov em 1975 e republicado nas
problema da forma,
obras reunidas em 2003. Nesse
do conteúdo e do
material na criação ensaio Mikhail Bakhtin estabelece
artística verbal uma interlocução com o
formalismo russo, conhecido,
sobretudo em sua primeira fase, por
priorizar a forma linguística como a
essência da arte literária em
detrimento de seu contexto social,
histórico e ideológico.
FORMALISTAS
RUSSOS???
Constituição do Formalismo Russo
Inverno de 1914-15 Final de 1916 e início de 1917 -
Círculo Linguístico de Sociedade para o Estudo da
Moscou, de Língua Poética - OPOYAZ, de
orientação orientação mais poetológica e
funcionalista: Roman literária: Viktor Chklóvski (1893-
Jakobson (1896-1982), 1984), Iourii Tiniánov (1894-1943),
Piotr Bogatyrev (1893- Boris Eikhenbáum (1886-1859), Lev
1971), Guéorgui Iakubínski (1892-1946), Viktor
Vinokour (1896-1947), Vinográdov (1895-1969), Viktor
Ossip Brik (1888-1945), Jirmúnski (1891-1971) e outros, da
Borís Tomachévski Universidade de São Petersburgo
(1890-1957)
Projeto comum dos dois grupos
O projeto comum desses dois grupos era “criar
uma ciência literária autônoma a partir das
qualidades intrínsecas do material literário”
(Eikhenbáum, 2001[1965], p. 31)

“especificadores” do objeto artístico literário, a


fim de apreender suas leis internas regulares e
sistemáticas.
3 fases
1ª fase: de 1915-1916 até 1921-1922, sob a influência direta da arte
construtivista ou da arte cubofuturista dos anos 1910

2ª fase: funcionalista ou de análise textual imanente vai até meados


dos anos 1920 (Crítica de Medviédev cobre esses dois períodos)

3ª fase: sociologia da linguagem e uma teoria da cultura para dar


conta de questões da inserção histórica e comunicativa do texto
artístico em seu contexto e na vida literária.
Rejeição à estética
Os formalistas propunham, na primeira fase de sua
produção, a libertação da poética em relação a
preocupações estéticas “o positivismo científico que
caracteriza os formalistas: uma recusa de premissas
filosóficas, de interpretações psicológicas e estéticas,
etc. O estado mesmo das coisas demandava que nos
separássemos da estética filosófica e das teorias
ideológicas da arte”(Eikhenbáum, 2001[1965], p. 35.)
Linguagem poética X Linguagem prático-codidiana

(i) A linguagem poética como alteração planejada da


linguagem, em contraposição à natureza circunstancial da
linguagem cotidiana;
(ii) A precedência da forma sobre o conteúdo, com o intuito
não mais de reproduzir o mundo, mas, ao contrário, de
produzi-lo - toda alteração da forma significa também a
revelação de um novo conteúdo;
(iii) A emancipação da palavra das suas aplicações e usos
cotidianos ou práticos, com vistas a eliminar os
automatismos decorrentes desses usos – desautomatização
Objetivo central do ensaio

Analisar os principais conceitos


e problemas da poética [=teoria
literária] com base em uma
estética sistemática geral.
Crítica ao isolamento da arte
Em especial da obra de arte verbal ou literária
da unidade ou dos outros campos (ético,
cognitivo, religioso) da cultura humana.
Segundo Bakhtin, na poética esse isolamento
ocorreu por meio da adesão à linguística.
Tentativa de compreender o objeto estético com base em
seu material (cores, mármore, palavra, som etc.)

Bakhtin propõe que a essência do objeto


estético está na atividade do artista-autor-
criador e do espectador com a obra artística, ou
seja, o locutor e o destinatário são aspectos
constitutivos do objeto estético.
Outra reflexão essencial é a proposição de que o objeto
estético vive nas fronteiras dos diversos campos da
cultura: ético, cognitivo (científico), político, religioso.
Nesse âmbito, Bakhtin propõe que “todo fenômeno cultural é
concreto e sistemático, ou seja, ocupa uma certa posição essencial
em relação à realidade preexistente de outras atitudes
culturais”[Каждое явление культуры конкретно-систематично, т.
е. занимает какую-то существенную им действительности
позицию по отношению к преднаходимой им других культурных
установок (…)] (2003[1924], p. 285). Com isso, o contexto de uma
obra artística inclui sua relação com obras anteriores que formam seu
contexto histórico mais amplo.
O próprio termo “contexto” aparece na seção
“III. O problema do material” [III. Проблема
Материала], quando Mikhail Bakhtin, ao
abordar a palavra como material da literatura,
trata do objeto da linguística - a língua [язык]
- e propõe o conceito de enunciado
[высказывание]:
A linguística é uma ciência apenas na medida em que ela domina seu objeto:
a língua. A língua da linguística se define por um pensamento puramente
linguístico. O enunciado concreto único é sempre dado em um contexto
axiológico-semântico cultural - na ciência, na arte, na política etc., ou no
contexto de uma situação pessoal e cotidiana única; apenas nesses contextos
um enunciado é vivo e percebido: ele é verdadeiro ou falso, bonito ou feio,
sincero ou falso, direto, cínico, com autoridade etc.; enunciados neutros não
existem nem podem existir, mas a linguística os vê apenas como um
fenômeno da língua, relaciona-os apenas com a unidade da língua, mas não
como uma unidade do conhecimento, da prática cotidiana, da história, do
caráter da pessoa etc. (BAKHTIN, 2023[1924]), p. 300, grifos nossos,
tradução nossa- BAKHTIN, M. O Problema do Conteúdo, do Material e da Forma na
Criação Literária. In: ______. Questões de Literatura e estética (A Teoria do Romance). 3.
ed. São Paulo: Editora da UNESP, 1993[1988]. p. 46.
Empregado três vezes, o “contexto” é concebido
como dimensão/parte inalienável do conceito de
“enunciado” e compreende as esferas ou campos
da cultura e da vida, em que o enunciado assume
uma posição axiológico-semântica.
Até onde sabemos, é nessa passagem que o conceito de
enunciado - desenvolvido no âmbito do método
sociológico por Mikhal Bakhtin, Pável Medviédev e
Valentin Volóchinov, na segunda metade dos anos
1920, e da metalinguística proposta por Mikhail
Bakhtin nos anos 1950 - adquire seus primeiros
contornos explícitos em contraste com a linguística da
época:
a contraposição entre língua, como objeto
da linguística, e o enunciado
corresponderá ao contraponto entre
linguística e método
sociológico/metalinguística;
a contraposição entre a neutralidade da
língua e a não neutralidade do enunciado
será expandida na oposição entre palavra
neutra e signo ideológico, no caráter
valorado das relações dialógicas
ocorridas no interior de e entre os
enunciados.
QUAIS FORAM AS
QUESTÕES, OS CONCEITOS
MAIS INSTIGANTES PARA
VOCÊS?

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