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Apostilado- 1
1
historicidade da existência humana.1 1 – Conforme defende Wieacker (1967, p.
4), “[a] missão cognitiva da história do direito – como a de qualquer outra
história – não se fundamenta no material previamente estabelecido dos dados
e factos históricos e na sua utilidade para o presente, mas na historicidade da
nossa própria existência. Na medida, porém, em que a história do direito acaba
por recorrer necessariamente quanto a esta questão, à própria experiência do
direito, 146 Vol. 12 – n. 23 e 24, 2012 Justiça & História DUTRA, Guilherme
Miranda Produzir História do Direito é encarar o Direito segundo uma
perspectiva que rompe com o absolutismo típico de qualquer ciência – afinal,
no momento em que enxergamos o Direito como realidade histórica, devemos
aceitar sua submissão ao devir histórico, submetendo-se à fluidez
característica dos elementos sociais aos quais é integrado2 . Portanto, o
historicismo é, no pensar de Nelson Saldanha, um relativismo, mas que nem
por isso afasta o homem de valores profundos e permanentes3 . Como
exemplo mais contundente dessa característica, podemos citar o Direito Penal,
que, como afirma Paolo Grossi (2004, p. 65), é a área jurídica que se elevou
“como modelo de juridicidade exatamente por consistir na plena expressão da
potestade punitiva”. Assim, enquanto direito mais cruamente e severamente
sancionador, o Direito Penal submete-se às experiências sociais de forma
direta. A compreensão acerca do que é lícito ou ilícito sofre variações no tempo
e no espaço sob a influência de diversos atores sociais: como exemplos, a
sociedade civil, que clama por alguma modificação legislativa diante de
determinado evento que provoca clamor popular (em geral no recrudescimento
da lei penal)4 , ou ainda, influências tornam-se seu objecto quaisquer domínios
da história em que, em geral, possa ser encontrada a experiência humana do
direito. Ela acaba por ser a História, sob o ponto de vista da experiência
humana do direito”. 2 – “Vejamos o seu integracionismo, a lucidez de perceber
o parentesco indissociável do Direito (em seu devir histórico) com a religião, a
política, a linguagem” (SALDANHA, 1978, p. 35). 3 – “O historicismo é sem
dúvida um relativismo, mas de alicerce crítico-cultural. Significa a negação de
todo dogmatismo intemporalizante, embora se enganem os que pensam que
com isto ele desliga o homem de valores profundos e mesmo permanentes.
Negação de imagens totalmente estáticas e rígidas da realidade humana. Na
afirmação do fluir dos acontecimentos e da relativização dos valores e das
2
instituições, o historicismo faz o reencontro do homem consigo mesmo dentro
do próprio fluir, no qual se continuam e se refazem as raízes da experiência
humana. […] E sendo filosofia de mudar o historicismo não pode ficar parado
em conceitos hirtos: tem de se refazer, de se reformular, de se rever, numa
insatisfação cuja faina, sempre vã e sempre fértil, tem de acompanhar a própria
história. (SALDANHA, 1978, p. 72-73). 4 – Exemplo emblemático dessa
situação foi aquela que se seguiu ao assassinato da atriz Daniella Perez, filha
da novelista Glória Perez. A Lei n. 8.930/1994, que incluiu o homicídio
qualificado na Lei dos Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/1990), é usualmente
atribuída à pressão popular advinda da alta exposição midiática dada ao caso.
147 Justiça & História Vol. 12 – n. 23 e 24, 2012 O Direito frente a sua
historicidade: novas concepções de História e de História do Direito
decorrentes de um projeto político organizado com vistas a determinada
consequência social, uma das funções centrais da organização do aparato
penal pelo Estado. Por isso, encarando a mutabilidade das categorias penais
por meio da História do Direito, vemos um exemplo de manifestação concreta
do relativismo acima referido (ainda que não seja o único), e que desnuda a
fluidez das categorias jurídicas e da aplicação do Direito como um todo. Acerca
do tema, António Hespanha (1978, p. 7) apresenta o seguinte exemplo:
“Quando hoje aquilo que foi indubitavelmente 'legítimo' (do ponto de vista
político) é equiparado a 'crime', por falta de uma oportuna cobertura jurídica, e
daí se extraem consequências politicamente relevantes; como quando actos
que se tornaram indubitavelmente 'ilegítimos' (do mesmo ponto de vista) são
considerados 'lícitos', por falta de adequada cobertura jurídica de sua punição,
nós adquirimos a trágica demonstração de que essa realidade indócil e fugidia
é mesmo um 'instrumento', isto é, tem mesmo que ver com a realidade social e
com a sua transformação.” No entanto, ainda que seja inegável a função da
História do Direito para a compreensão do fenômeno jurídico, sua
desvalorização é recorrente no mundo acadêmico. A disciplina ainda está
usualmente ausente nos currículos de muitas faculdades de Direito e, quando
presente, é relegada à condição de propedêutica, faltando o aprofundamento
adequado.5 Porém, 5 – Conforme Saldanha (1978, p. 47-48): “Se verificarmos,
portanto, o conteúdo da ciência jurídica contemporânea (incluídos nessa
palavra os séculos XIX e XX, adotando-se provisoriamente o sentido infracrítico
3
dos compêndios), vemos que de um modo geral a história jurídica ainda é
tratada mais como um ponto de referência, como depósito de exemplos. Se
tirarmos as grandes obras decididamente historiográficas que se escreveram
do romantismo para cá, vemos que para a forma, para a elaboração da Ciência
do Direito, o fato histórico vem tendo, praticamente, apenas aquela função. O
ponto de vista sistemático 148 Vol. 12 – n. 23 e 24, 2012 Justiça & História
DUTRA, Guilherme Miranda mesmo diante dessa situação, qualquer estudante
ou pesquisador do Direito está acostumado a redigir o que Ana Lucia Sabadell
(2003) chama de “inevitável escorço histórico” no início de seus trabalhos
acadêmicos, que, segundo ela, é “uma forma de pensamento que é
testemunha de uma concepção equivocada sobre a história e o direito”. O
intrigante reside no fato de que, por um lado, o Direito vira as costas para o seu
estudo histórico, enxergando-o ora como simples método auxiliar, ora como
mera curiosidade a ser pincelada no início da graduação. Por outro lado,
procura na História alguma forma de justificativa para sua existência, o que se
mostra evidente pelos estudos históricos frequentemente realizados no início
de diversos trabalhos jurídicos, e cujas pretensões não ficam exatamente
claras. Infelizmente, essa tendência a tecer considerações históricas nas
introduções dos textos produzidos no âmbito do Direito não leva, em geral, a
uma tão necessária valorização do estudo da História do Direito como um
campo autônomo sério. A prática comum, na verdade, é a repetição do
discurso sobre História apresentado por outros juristas (muitos deles de
décadas muito anteriores), deixando-se de buscar a interpretação acurada que
apenas o contato com as fontes primárias e a bibliografia especializada poderia
proporcionar. Limitante é o fato que, obviamente, um estudo sério de História
pode levar tanto tempo (ou mais) que a própria pesquisa jurídica que o cientista
do Direito tenta empreender. Não se pode enxergar nessa repetição de
esboços históricos apenas um fato benigno na produção científica, pois
subjacentes a ela encontram-se ideias danosas. O elemento mais incômodo é
a forma mecânica de exposi- ção legislativa usualmente adotada, transmitindo
uma posição continuísta- -simplificadora (SABADELL, 2003), ignorando as
rupturas inerentes aos processos históricos. Como alertou o historiador Marc
Bloch (2001, p. 55) acerca da antítese central do estudo da História, “[o] tempo
verdadeiro é, por natureza, um continuum. É também perpétua mudança”. A
4
tão conhecida obsessão do pensamento jurídico com o Direito Romano é
evidência predomina plenamente; e no caso de certas referências históricas, a
impressão que temos é a de que surgem quase como um troféu, uma
curiosidade complacentemente exibida pelo ponto de vista conceitual
triunfante”. 149 Justiça & História Vol. 12 – n. 23 e 24, 2012 O Direito frente a
sua historicidade: novas concepções de História e de História do Direito clara
de como certos juristas às vezes esquecem de produzir uma História crítica,
preferindo o conforto da presunção de que, indubitavelmente, uma linha
invisível nos une a esses seres humanos que viveram há 2000 anos atrás, e
que as respostas que deram à sua sociedade são suficientes para dar conta
dos nossos problemas.6 Apesar do cenário pouco favorável à História do
Direito que se delineia, diversos juristas-historiadores posicionam-se de forma
diversa, estabelecendo, por meio da sua produção teórica, uma contraposição
importante às características citadas que obscurecem a autonomia dessa área
do conhecimento. Para tanto, buscam subsídios teóricos nos novos formatos
de produção do conhecimento histórico que se tornaram possíveis no século
XX, estreitando os laços com a História, ao mesmo tempo que fortalecem a
ideia de autonomia da História do Direito. Rupturas epistemológicas na História
e na História do Direito Embora busque sua autonomia, é inegável que a
História do Direito não pode prescindir das formas metodólogicas e dos
conceitos teóricos da História. Ainda que não seja apenas uma extensão da
ciência histórica, é na História que devemos procurar as ferramentas centrais
para um método de investigação histórica no Direito. Em geral, o argumento
correntemente utilizado no âmbito do Direito é de que a História do Direito é
apenas uma das maneiras de estudar a realidade jurídica, ao lado de outras
(SALDANHA, 1978, p. 47). Assim, numa perspectiva conservadora, podemos
admitir a existência autônoma do fenômeno jurídico e, em uma das suas
facetas, encaramos sua historicidade como um dos seus predicados, que seria
teoricamente enfrentado por meio da História do Direito. 6 – Trata-se, na
verdade, de eco das escolhas teóricas da Escola Histórica do Direito do século
XIX, conforme defende Nelson Saldanha (1978, p. 47): “Ao 'tomar' o Direito
romano como ponto de referência, a historiografia jurídica oitocentista projetava
sobre as realidades jurídicas de Roma conceitos e significados que a
sistematização do saber jurídico moderno tinha alcançado: projetava-os para
5
'rever' e reentender o passado jurídico”. 150 Vol. 12 – n. 23 e 24, 2012 Justiça
& História DUTRA, Guilherme Miranda Porém, essa definição mostra-se
insuficiente no momento em que admitimos o Direito como historicidade, como
“o modo mais significativo que uma comunidade tem de viver a sua história”
(GROSSI, 2004, p. 18). Em uma metáfora poética e pertinente, o historiador
Paolo Grossi (2004, p. 68) chega a definir o Direito como “História viva”. Afinal,
compartimentar o Direito e circunscrever seu caráter histórico a apenas mais
uma das suas possíveis áreas de estudo é ignorar o fato de que a História
atravessa o fenômeno jurídico em todas as suas dimensões, visto ser
impossível pensar um Direito longe dela e da sociedade. Obviamente, não se
defende que a História do Direito seja capaz de explicar completamente o
fenômeno jurídico, prescindindo das outras áreas. Afinal, o seu objeto
permanece delimitado: cabe a ela, em sentido geral, investigar as formas da
experiência jurídica dos homens no tempo (VARELA, 2000, p. 179). Porém, a
historicidade jurídica não pode ser preocupação exclusiva de uma História do
Direito isolada das outras áreas do conhecimento. Defende-se que até mesmo
uma teoria “geral” do Direito não pode ser apenas estrutural e sistemática,
devendo também ser histó- rica, na medida em que necessita entender a
formação de suas próprias bases, e incluir este entendimento em sua
autoconsciência epistemológica (SALDANHA, 1978, p. 105). Assim, a História
do Direito assume a função de colocar o Direito em contato com a sua própria
historicidade, que não apenas o adjetiva, mas constitui elemento substancial da
sua existência. Dessa forma, soaria incoerente classificarmos a História do
Direito como subdivisão da ciência histórica, face às suas características e
funções específicas para a própria ciência jurídica. No entanto, maior
contrassenso seria decretar independência completa entre essas duas áreas
do conhecimento, visto que ambas compartilham métodos e objetos. Em suma,
e simplificadamente, admitimos que a História do Direito, embora conte com
alguns pressupostos teóricos próprios, deve buscar na ciência histórica o seu
instrumental, mantendo-se atenta às discussões que ali se desenvolvem
(VARELA, 2000, p. 179). Porém, como adverte Paolo 151 Justiça & História
Vol. 12 – n. 23 e 24, 2012 O Direito frente a sua historicidade: novas
concepções de História e de História do Direito Grossi (1993, p. 8-9), ela não
deve se dissolver na História Social7 , de forma que o historiador do Direito não
6
deve esquecer que o jurídico está imerso no social, cabendo-lhe, na mesma
intensidade, reconstruir aquele jurídico na sua especificidade (GROSSI, 2006a,
p. 25). Evidentes os laços que unem a ciência histórica à História do Direito,
devemos aceitar que aquela, como ciência-raiz, transmite seus pressupostos
metodológicas a esta, e faz ecoar suas mudanças, mesmo que indiretamente.
O historiador José Reinaldo de Lima Lopes (2008, p. 2) cita, ao elencar razões
para as recentes modificações de paradigmas na História do Direito, a Escola
francesa dos Annales como definidora nesse processo. Embora diversas
tenham sido as revoluções no pensamento histórico no século XX, a gerada
por esse movimento intelectual reverberou de forma tão profunda que o próprio
formato de História passível de ser escrita ampliou-se após essa ruptura
epistemológica. Assim, torna-se impossível não mencionar, mesmo 7 – “Il
problema è, cioè, anzitutto, epistemologico. Se noi crediamo – e io lo credo
fermamente – che il giuridico sia una dimensione autonoma della sfaccettata e
complessa realtà sociale; se crediamo – e io lo credo fermamente – che non si
debba spegnere la storia del diritto in una vaga e fumosa storia sociale; se
teniamo – e io ci tengo fermamente – a segnare con precisione confini e
contenuti del nostro oggetto conoscitivo, allora è semplicemente un atto di
coerenza elementare la conoscenza degli strumenti di analisi scientifica
appropriati a percepirlo, valorizzarlo, definirlo. Né si dica che insistere su questa
valenza ‘tecnica’significhi indulgere a una visione formalistica e riduttiva della
ricchezza storica, e risecchisca lo storico del diritto in un analista di forme
avulse dall`incandescenza complessa del reale. Che lo storico del diritto, da
giurista qual è, maneggi gli strumenti tecnici del giurista, vuol dir soltanto che
egli deve maneggiar strumenti specifici e adeguati a valorizzare soprattutto una
dimensione del sociale.” [Tradução livre: O problema é, antes de tudo,
epistemológico. Se nós acreditarmos – e eu acredito firmemente – que o
jurídico seja uma dimensão autônoma da multifacetada e complexa realidade
social; se acreditarmos – e eu acredito firmemente – que não se deve apagar a
História do Direito em uma história social vaga e esfumaçada; se nos
propormos – e eu me proponho firmemente – a assinalar com precisão os
limites e fronteiras do nosso objeto, então é simplesmente um ato de coerência
elementar o conhecimento dos instrumentos de análise científica apropriados
para percebê-lo, valorizá-lo, defini-lo. Também não se diga que insistir sobre
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esse valor “técnico” significa ser indulgente com uma visão formalista e
redutora da riqueza histórica, que limita o historiador do direito a um analista de
forma avulsa da incandescência complexa da realidade. Que o historiador do
direito, tal qual o jurista, maneje os instrumentos técnicos do jurista quer
somente dizer que ele deve manejar instrumentos específicos e adequados à
valorização sobretudo de uma dimensão social.] 152 Vol. 12 – n. 23 e 24, 2012
Justiça & História DUTRA, Guilherme Miranda que superficialmente, o
pensamento de Marc Bloch, Lucien Febvre, Fernand Braudel, entre outros, que
desenvolveram concepções revolucionárias sobre a História, bem como
permitiram a criação de novas áreas possíveis de investigação dentro da
ciência histórica (LOPES, 2008, p. 2).
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UNIDADE 2
Direito Primitivo
Caracteres gerais dos direitos dos povos sem escrita direitos não
escritos = quase não há formulação de regras jurídicas abstratas pela limitação
que a falta de escrita causa. direitos numerosos= existem vários sistemas
jurídicos porque cada comunidade tem seu próprio costume, vive isolada, raros
contatos com os vizinhos, vive dos seus próprios recursos, sistema de
economia fechada, autárquica, quer dizer , sem trocas com outros grupos. A
extensão das comunidades que tinham o seu direito próprio é muito variável:
por vezes um clã, mais freqüentemente uma etnia. relativamente diversificado:
há diferenças muitas vezes importantes, por vezes mínimas de um costume
para outro: solidariedade familiar ou clãnica, ausência de propriedade
imobiliária e de responsabilidade individual, etc. Nas sociedades arcaicas, o
direito está ainda fortemente impregnado de religião. A distinção entre regra
religiosa e regra jurídica é muitas vezes difícil, porque o homem vive no temor
constante dos sobrenaturais, chamada de “indiferenciação”- religião, moral,
direito, etc – estão ainda aí confundidas. Estes direitos são místicos e por
conseqüência irracionais; assim, no domínio das provas de justiça, recorre-se
muitas vezes ao ordálio, quer dizer ao “julgamento de Deus”. Direitos em
nascimento: distingue-se ainda mal o que é jurídico do que não é jurídico. Não
existem instituições tais como são definidas nos sistemas romanistas ou de
common law, por exemplo a noção de justiça, de regra de direito (rule of law),
de lei imperativa de responsabilidade individual. Atualmente, sob a influência
de estudos realizados por etnólogos e dos sociólogos, admite-se que os
costumes dos povos sem escrita têm um caráter jurídico porque existem aí
meios de constrangimento para assegurar o respeito das regras de
comportamento. Admite-se assim que não existe uma noção universal e
eterna de justiça, podendo esta noção variar com o tempo e com o espaço.
Nos sistemas arcaicos de direito é justo tudo aquilo que interessa para a
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manutenção da coesão do grupo social, e não o que tende para o respeito dos
direitos individuais: tendência a procurar a conciliação para resolver todo o
conflito no seio do grupo. A função de julgar não consiste em resolver um
litígio, mas em tentar obter o acordo das partes por concessões recíprocas.
Negociações que podem durar dias, e também a ausência de qualquer noção
de autoridade do caso julgado. O direito não apareceria senão com a
organização de um poder político diferenciado do das hierarquias ligadas ao
parentesco e capaz de assegurar a regulação social por um aparelho jurídico
de normalização, de prevenção e de repressão. Na fase de pré-direito, esta
regulação não resulta senão da tendência dos grupos sociais a conformarem-
se com a tradição, a aderirem às maneiras de viver do grupo pelo medo da
reprovação social, da censura do grupo, e sobretudo das forças sobrenaturais.
A passagem do pré-direito ao direito corresponde geralmente à passagem do
comportamento inconsciente puramente reflexo ao comportamento consciente,
refletido, senão inteligente. Fontes de direito a)Em todos os direitos dos
povos sem escrita, a fonte do direito é quase exclusivamente o costume =
“direitos consuetudinários” Por exemplo: obediência. b)Nos grupos sociais
relativamente evoluídos, acontece que aqueles que detêm o poder impõem
regras de comportamento, dando ordens de caráter geral e permanente.
Leis, mas são leis não escritas, estas são repetidas em intervalos mais ou
menos regulares para assegurar o seu conhecimento e respeito.
UNIDADE 3
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Direito Egípcio- mesopotâmico- Hebreu
Direito Mesopotâmio
Existe um lugar no mundo onde quase tudo que acreditamos serem atos
civilizados nasceu, e este lugar é o crescente fértil, lugar onde o homem dividiu
as horas, criou edificações, o Estado de governo as escolas e o principal a
escrita, todas essas conquistas foram os povos da Mesopotâmia que criaram,
sendo a escrita uma das maiores invenções dessa gente.
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O código de Hammurabi foi constituído com base nos códigos anteriores, e
decisões de casos, ou seja, jurisprudência.
A pena de talião não é uma lei, mas sim uma interpretação do que seria a lei,
nesta linha de raciocínio quem cometeu o delito irá ser punido com a mesma
intensidade a quem foi praticado o delito. A pena de talião não era aplicada a
um escravo, pois este era um bem, sendo aplicado apenas o ressarcimento
material. Já no direito hebraico em deuteronômio 19,21 diz assim: “que teu olho
não tenha piedade. Vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão,
pé por pé” sendo este princípio aplicado de forma mais amena que no direito
mesopotâmio.
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Direito Hebreu
As principais leis mosaicas esta divididas nos cinco primeiros livros da bíblia
Gênesis, Exodo, Levítico, Números e Deuteronômio, que é chamado de
Pentateuco, para os judeus o Pentateuco significa o próprio Deus
falando (Thora).
Estupro: “se um awilum amarrou a esposa de outro awilum, que ainda não
concebeu um homem e more na casa de seu pai, dormiu em seu seio e o
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surpreenderem, este awuilum será morto, mas a mulher libertada”. Código de
Hammurabi Artigo 130.
Escravo: “se uma divida pesa sobre um awuilum e ele vendeu sua esposa,
filho ou sua filha ou os entregou em serviço pela divida, durante três anos
trabalharam na casa de seu comprador ou daquele que os têm em sujeição, no
quarto ano será concedida a sua libertação”. Código de hammurabi artigo 117.
Agressão contra os pais: “Se um filho bateu em seu pai, cortarão a sua mão”
(Art. 195).
Estupro: “Quando um homem for achado deitado com mulher que tenha
marido, então ambos morrerão o homem que se deitou com a mulher, e a
mulher; assim tirarás o mal de Israel. Quando houver moça virgem, desposada,
e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela, Então trarão ambos à
porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto
não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou a mulher do seu
próximo; assim tirarás o mal do meio de ti.E se algum homem no campo achar
uma moça desposada, e o homem a forçar, e se deitar com ela, então morrerá
só o homem que se deitou com ela;Porém à moça não farás nada. A moça não
tem culpa de morte; porque, como o homem que se levanta contra o seu
próximo, e lhe tira a vida, assim é este caso.Pois a achou no campo; a moça
desposada gritou, e não houve quem a livrasse. Deuteronômio 22,23-27.
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Escravo: Quando teu irmão hebreu ou irmã hebréia se vender a ti, seis anos te
servirá, mas no sétimo ano o deixarás ir livre. E, quando o deixares ir livre, não
o despedirás vazio. Liberalmente o fornecerás do teu rebanho, e da tua eira, e
do teu lagar; daquilo com que o SENHOR teu Deus te tiver abençoado lhe
darás. Deuteronômio 15, 12-14.
Processo: Uns homens, filhos de Belial, que saíram do meio de ti, incitaram os
moradores da sua cidade, dizendo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que
não conhecestes;
Brigas: “Se dois brigarem, ferindo um ao outro com pedra ou com o punho, e o
ferido não morrer, mas cair de cama, se ele tornar a levantar-se e andar fora,
apoiado em seu bordão, então será absolvido aquele que o feriu; somente lhe
pagará o tempo que perdeu e o fará curar-se totalmente” (Êx 21:18-19).
Agressão contra os Pais: “Quem ferir seu pai ou sua mãe será morto”
(Êx21:15). Vê-se que, em relação ao Código de Hamurábi, a Lei Mosaica era
mais severa, pois punia o filho agressor com a morte.
E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça; e a cidade e todo o seu
despojo queimarás totalmente para o SENHOR teu Deus, e será montão
perpétuo, nunca mais se edificará.
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dilúvio, a qual se assemelha à história bíblica, não só em sua idéia central, que
aliás é difundida pelo mundo inteiro, mas também em certos detalhes.
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UNIDADE 4
1. O DIREITO NA GRÉCIA.
Tendo aparecido em meados do século VII a. C., a moeda foi logo adotada
pelos gregos, contribuindo para incrementar o comércio e permitir a
acumulação de riquezas. Com o aparecimento dos plutocratas como uma nova
classe, a aristocracia perdeu o poder econômico, embora ainda mantivesse o
poder político, que seria por ela controlado, contudo finalmente retirado com as
reformas introduzidas pelos legisladores e tiranos.
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Retirar o poder das mãos da aristocracia com leis escritas foi o papel dos
legisladores. Coube-lhes compilar a tradição e os costumes, modifica-los e
apresentar uma estrutura legal em forma de leis codificadas.
Sólon não só cria um Código de leis, que alterou o Código criado por Drágon,
como também procede a uma reforma institucional, social e econômica. No
campo econômico, Sólon reorganiza a agricultura, incentivando a cultura da
oliveira e da vinha e ainda a exportação do azeite. No aspecto social, entre a s
várias medidas, são de particular interesse aquelas que obrigavam os pais a
ensinarem um ofício aos filhos; caso contrario, estes ficariam desobrigados de
os tratarem na velhice; a eliminação de hipotecas por dívidas e a libertação dos
escravos pelas mesmas e a divisão da sociedade em classes. Atrai também
artífices estrangeiros com a promessa de concessão de cidadania.
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O que levou os gregos a utilizarem a nova tecnologia da escrita para escrever e
publicar leis na forma de inscrições públicas tem sido motivos de controvérsias.
A explicação até agora mais predominante tem sido a de que o povo grego, em
determinado ponto da História, começou a exigir leis escritas para assegurar
melhor justiça por parte dos Juízes. O propósito seria o de remover o conteúdo
das leis do controle de um grupo restrito de pessoas e coloca-lo em lugar
aberto, acessível a todos.
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1.1. O Direito Grego Antigo.
Como leis públicas temos as que regulam as atividades e deveres políticos dos
cidadãos, as atividades religiosas, a economia, finanças, vendas, aluguéis, o
processo legislativo, relações entre as cidades, construção de navios, dívidas
etc.
Algo notável no direito grego era a clara distinção entre lei substantiva e lei
processual. Enquanto a primeira é o próprio fim que a administração da justiça
busca, a lei processual trata dos meios e dos instrumentos pelos quais o fim
deve ser atingido, regulando a conduta e as relações dos tribunais e dos
litigantes com respeito à litigação em si, enquanto que a primeira determina a
conduta e as relações com respeito aos assuntos litigados.
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práticas que se tornaram comuns, no direito grego, como alternativas a um
processo judicial normal: a arbitragem privada e a arbitragem pública. A
arbitragem privada era um meio alternativo mais simples e mais rápido,
realizado fora do Tribunal, de se resolver um litígio, sendo arranjada pelas
partes envolvidas que escolhiam os árbitros entre pessoas conhecidas e de
confiança. Nesse caso, o árbitro (ou árbitros) não emitia um julgamento, mas
procurava obter um acordo, uma conciliação, entre as partes. A arbitragem
privada corresponderia a nossa moderna mediação.
Exemplos de ações públicas: contra oficial que se recusa a prestar contas, por
impiedade, contra oficial por aceitar suborno, contra estrangeiro pretendendo
ser cidadão, por registro falso etc.
No direito grego não havia magistrado que iniciasse um processo, não havia
ministério público que sustentasse a causa da sociedade. Em princípio cabia à
pessoa lesada ou a seu representante legal intentar o processo,fazer a citação,
tomar a palavra na audiência, sem auxílio de advogado. A lei ateniense era
essencialmente retórica. Não havia advogado, juízes, promotores públicos,
apenas dois litigantes dirigindo-se a centenas de jurados.
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um dia, e os casos privados muito mais rápidos do que isto. Não era permitido
advogado profissional. O presidente da Corte não era um profissional
altamente remunerado, mas um oficial designado por sorteio.
O direito a um julgamento por um júri formado por cidadãos comuns (em vez de
pessoas tendo alguma posição especial e conhecimento especializado) é
comumente visto nos estados modernos como uma parte fundamental da
democracia. Foi uma invenção de Atenas.
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por exemplo 201 ou 501, por julgamento; o número total era sempre ímpar para
evitar empate. A votação era feita imediatamente após a apresentação dos
litigantes, sem deliberação. Não havia Juiz: um magistrado presidia o
julgamento, mas não interferia no processo.
Apesar de ser requerido por lei que os litigantes apresentassem seus próprios
casos aos jurados, era difícil cumprir essa lei, que aos poucos foi
transformando-se em lei morta. O júri regularmente permitia que um parente,
ou associado, auxiliasse um litigante. Alguns litigantes faziam uma breve
introdução e solicitavam que um amigo o representasse.
Por fim, vê-se que os gregos antigos não só tiveram um direito evoluído, como
influenciaram o direito romano e alguns dos nossos modernos conceitos e
práticas jurídicas: o júri popular, a figura do advogado, a diferenciação de
homicídio voluntário, involuntário e legítima defesa, a mediação e a arbitragem,
a gradação das penas de acordo com a gravidade dos delitos.
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2- Direito Romano
“A perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade não pode ser
negada, pela presença constante em inúmeros institutos jurídicos de nossa
época.
Além disso, qualquer estudo profundo de direito privado principia sempre por
introdução histórica que investiga as raízes romanas do assunto tratado.”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 57).
Então, de extrema relevância este artigo, o qual com certeza será responsável
para aprofundar o conhecimento no âmbito do Direito Privado. Passa-se então,
ao desenvolvimento do tema.
Os manuais de Direito Romano indicam que o Império Romano teve início com
a fundação da Cidade, em 753 a.C. e que o período histórico em que Roma foi
governada por reis foi chamado de realeza. Essa cidade teria sido governada
por sete reis até 510 a.C., ano considerado como fim desse período histórico.
Rômulo foi o primeiro rei, sendo considerado fundador lendário de Roma. Com
relação à época da fundação, considera-se ter sido “a cidade romana
constituída, no início, pelos componentes das tribos conhecidas pelos nomes
24
de ramnenses, tirienses e luceres” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 25), razão
pela qual Rômulo, conforme narra César Fiuza, “dividiu a cidade em três tribos:
Tities, Ramnes e Luceres” (FIUZA, 2007, p. 37).
Tendo em vista que nessas tribos havia apenas homens, Rômulo convidou os
sabinos, povo vizinho, constituído de indivíduos de ambos os sexos, para
festividades. Nessa ocasião, os romanos teriam raptado as pessoas do sexo
feminino, razão pela qual se iniciou uma guerra entre esses povos. Antes do
término da batalha, por influência das mulheres, os sabinos resolveram se
integrar aos romanos, junto à tribo dos Tities.
Sérvio Túlio, penúltimo rei dessa fase, ordenou o primeiro censo na história.
Ele “mandou fazer cadastro de todos, sendo que os censores vasculhavam
todos os cantos da cidade à procura de riqueza, para que se pudesse pagar
impostos e ampliar as receitas” (TAVARES, 2003, p. 8).
Vale ressaltar que o fim da realeza (510 a.C.) teve como marco a expulsão do
“último rex, Tarqüínio, o Soberbo, usurpador de poderes realmente imperiais”
(ENGELS, 2006, p. 143).
25
Até o reinado de Sérvio Túlio, a plebe não fazia parte da organização política
de Roma. Somente após essa ocasião - com as mudanças introduzidas por
esse rei - é que os plebeus ganham cidadania e “entram nos comícios
centuriatos, que se reúnem no Campo de Marte; pagam impostos e prestam
serviço militar” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 26).
A família patrícia era uma estrutura organizada, como se fosse uma pequena
sociedade com seu governo, chefiado unicamente pelo pai. Este, que exercia
as funções mais elevadas, sendo todos os demais membros submissos a ele.
Essa submissão se dava em todos os sentidos eis que o pater detinha, dentro
do lar, poderes ilimitados de pai, esposo, administrador, sacerdote e, até
mesmo, de um juiz cujas decisões nenhuma autoridade tinha o direito de
reforma.
Sendo assim, “no pai repousa o culto doméstico; quase pode dizer como o
hindu: “Eu sou o deus”. Quando a morte chegar, o pai será um ser divino que
os descendentes invocarão” (COULANGES, 2007, p. 93). Em caso de morte,
o lugar do pai “era ocupado pelo filho primogênito. Se não tivesse, adotava um.
O que não podia ocorrer era a vacância de seu lugar, sob pena de não se dar
continuidade ao culto familiar” (FIUZA, 2007, p. 40). E, “cada gens transmitia,
de geração em geração, o nome do antepassado e perpetuava-o com o mesmo
cuidado com que continuava o seu culto” (COULANGES, 2007, p. 119).
26
cujas decisões, conforme já mencionado, eram tomadas arbitrariamente pelo
detentor do poder patriarcal.
A religião tinha como base duas classes de deuses. Uma era inspirada na alma
humana, em que os deuses eram chamados de domésticos, manes ou lares.
Tratava-se dos ancestrais e, a eles, era feito o “culto doméstico, em que se
invocavam os antepassados para proteção. Levava-se-lhes comida e
prestavam-se-lhes orações” (FIUZA, 2007, p. 40).
Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. O rei
era o supremo sacerdote, chefe do exército, juiz soberano e protetor da plebe.
Seu cargo, que era “indicado por seu antecessor ou por um senador”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 27), era vitalício, mas não hereditário. Apesar
disso tudo, podia ser deposto, conforme a já mencionada expulsão ocorrida
com Tarqüínio, o Soberbo.
Nomeados dentre os chefes das gentes pelo rei, os “senadores, por serem os
mais velhos em suas gens, chamavam-se patres, pais. O conjunto deles
acabou formando o Senado (de senex, velho, ancião – conselho dos anciãos)”
27
(ENGELS, 2006, p. 139/140). E, o “poder, de fato, estava nas mãos dos patres-
familias, sendo o Senado sua representação máxima” (FIUZA, 2007, p. 41).
Então, a lei na fase da realeza teria surgido de forma gradativa e “como parte
da religião. As normas sobre direito de propriedade e de sucessão estavam
dispersas entre as regras relativas aos sacrifícios, à sepultura e ao culto dos
antepassados” (COULANGES, 2007, p. 206).
Foi nessa época que a diferença entre patrícios e plebeus já não se justificava.
Inclusive, por volta dos séculos IV e III a.C., “a plebe já ocupava todos os
cargos da magistratura, antes reservados só aos patrícios” (FIUZA, 2007, p.
54).
29
Na República, a organização social se modifica um pouco. As classes sociais
eram bem distintas: classe baixa (ou plebs urbana), escravos, Cavaleiros da
Ordem Eqüestre e a nobreza.
Já a classe baixa, ou plebs urbana, era a casta composta por plebeus pobres,
“com profissões menos prestigiosas: barbeiros, sapateiros, padeiros,
açougueiros, pastores, agricultores etc” (FIUZA, 2007, p. 53).
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“Os poderes sacerdotais do rei passaram ao rex sacrorum (rei das coisas
sacras) na República. Além dele, havia o Colégio de Pontífices, encabeçado
pelo pontifex maximus (sumo pontífice). Com o passar dos tempos, a pessoa
do rex sacrorum se tornou figurativa e quem exercia o poder sacerdotal era o
sumo pontífice” (FIUZA, 2007, p.48/49).
Já o Senado, que exercia funções consultivas, como por exemplo, ratificar leis
e decisões dos Comícios, “compõe-se de 300 patres, nomeados pelos
cônsules” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 31). “A partir de 312 a.C., os
censores passaram a nomear os senadores, normalmente, dentre antigos
cônsules. Até essa data eram indicados pelos cônsules” (FIUZA, 2007, p. 47).
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2.2.5 Fontes do direito
Das leis escritas, fundamental mencionar sobre a Lei das XII Tábuas,
considerada até mesmo como sendo fonte de todo o direito privado. Elas
“foram escritas em meio a uma evolução social; foram os patrícios que as
fizeram, mas a pedido e para uso da plebe” (COULANGES, 2007, p. 334). Esse
pedido foi feito através de protestos e revoltas populares.
Diante do caráter tipicamente romano da Lei das XII Tábuas, ocorreu imediata
aceitação e, assim que publicadas, passaram a regular as relações do povo de
32
Roma.Há autores que afirmam de modo diferente, que essa Lei teria sido fruto
de compilação dos costumes da época.
“Chama-se alto império (27 a.C. a 284 d.C.) ou principado (de princeps) o
período histórico que vai do reinado de Augusto até a morte de Diocleciano”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38). Nessa fase ocorreram revoltas de escravos
e vários conflitos entre as classes sociais. Esses acontecimentos levaram a
uma alteração política em Roma.
Vale ressaltar ainda que, nesta fase, “O imperador ou príncipe não governa
sozinho: partilha o poder com o senado, havendo, pois uma diarquia, (governo
de dois).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38).
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O consilium principis atuava como órgão consultor para o imperador, quando
este entendia necessário. Era integrado por amigos do imperador e juristas que
se destacavam na época.
Além disso, o Senado possui atribuições de poder eleitoral dos comícios, parte
do legislativo e administra as províncias senatoriais e o erário de Saturno.
Então, o senado perde independência e sua função de corpo consultivo.
Os comícios, também perdem atribuições, eis que não possuem mais seus
poderes legislativos, eleitorais e judiciários.
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As fontes do direito na fase do alto império são seis, conforme ensina José
Cretella Júnior: costume, lei, senatusconsultos, editos dos magistrados,
constituições imperiais e a jurisprudência.
Das leis escritas, ainda havia duas espécies: as leges rogatae, que assumem
grande importância, e as leges datae, que perdem relevância nessa época.
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Decreta são decisões que o imperador toma, como juiz, nos processos que lhe
são submetidos pelos particulares em litígio. São sentenças emanadas extra
ordinem, fugindo, pois, aos princípios da ordo judiciorum. Tomadas com
relação a um caso particular, passam, como os atuais acórdãos, a ser
invocados para situações iguais ou semelhantes, até que Justiniano, mais
tarde, lhes dá força de lei.
Rescripta são respostas dadas pelo imperador a consultas jurídicas que lhe
são feitas ou por particulares (subscriptio) ou por magistrados (epístula).”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 43).
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2.4.3 Fontes do direito
“foi no século XVI que o jurisconsulto francês Denis Godefroy reuniu todas
essas compilações em um só volume, dando-lhe o nome de Corpus Iuris
Civilis. A primeira edição é de 1583; a segunda, de 1604.” (FIUZA, 2007, p.
63).
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turcos, em 1453. Essa fase foi assim denominada em decorrência da capital,
que “era a cidade de Bizâncio, situada no Bósforo, estreito que liga Europa e
Ásia. No início do século IV, Constantino mudou seu nome para
Constantinopla. É hoje, a cidade de Istambul, na Turquia” (FIUZA, 2007, p. 63).
“No ano de 396 o Império Romano foi dividido, sendo Roma o centro do
Império Romano do Ocidente enquanto Constantinopla (Istambul) era o centro
do Império Romano do Oriente. Em 410 Roma foi pilhada por povos bárbaros,
e 476 é o marco fim do Império Romano do Ocidente. O Império Romano do
Oriente manteve-se até 1453, ano em que os turcos tomaram Constantinopla.”
(LIPPERT, 2003, p. 41).
40
Nesse período, após a primeira queda de Constantinopla, surgiram três
Estados: o Império de Nicéia, o Despotado do Épiro e o Império de Trebizona.
Desses,
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“Em seguida, a mando do imperador Basílio I (867 a 886), foram escritas as
Basílicas (do grego basilica, significando imperiais, reais). Foram terminadas
por seu filho, Leão VI (886 a 912). Compreendem 60 livros, divididos em títulos,
reunindo os textos do Digesto e do Código Novo, acompanhados de
comentários de juristas da época de Justiniano.” (FIUZA, 2007, p. 64).
Pode-se até afirmar que essas adaptações perduram até os dias atuais, eis
que, “a perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade não pode
ser negada, pela presença constante em inúmeros institutos jurídicos de nossa
época” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 57).
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