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AøRøLøSø “União Fraternal” 3011


Federada ao Grande Oriente do Brasil
Jurisdicionada ao Grande Oriente de São Paulo

Diferenças ritualísticas entre o Primeiro e o Segundo Grau


Ao se tornar um companheiro maçom, facilmente são identificadas algumas diferenças entre os dois
rituais, principalmente se compararmos as cerimônias de ingresso aos dois graus.

A primeira diferença refere-se ao nome da própria cerimônia. Enquanto para se ingressar no Grau de
Aprendiz, ela se chama Iniciação, nas demais passagens de grau, ela é chamada de Elevação. Isso
porque Iniciação é feita somente uma única vez, quando um profano é admitido no Primeiro Grau
da Ordem, ou seja, é onde se inicia o aprendizado maçom. Nas demais passagens, ele já é um
maçom e apenas é feita a elevação do seu conhecimento, do seu aprendizado.

Na cerimônia de Iniciação do Primeiro Grau, consegue-se observar mais uma diferença entre os dois
Graus. Enquanto na cerimônia de Iniciação o profano passa pela Câmara de Reflexões, na elevação ao
Segundo Grau, ele vai diretamente para o Templo. Isso é devido ao fato de que na primeira, pelo fato
do candidato ainda ser um profano, é necessário que ele passe o tempo na Câmara de Reflexões para
morrer como profano, para somente depois poder renascer como maçom. Isto não faria sentido algum
durante a elevação ao Segundo Grau, uma vez que o candidato à elevação já é um irmão.

Na cerimônia de Iniciação, a entrada do candidato ao Templo é feita estando este com a vista
vendada, enquanto que na cerimônia de Elevação, isso não acontece. O candidato é vendado na
Iniciação pois, como não se sabe se ele será aprovado e passará nas provas, dessa forma os símbolos,
sinais e ritualística da cerimônia são preservados. Nesse mesmo ímpeto, são preservadas as identidades
dos Maçons presentes no Templo, principalmente de conhecidos ocasionais, o que poderia resultar em
problemas de ordem familiar, profissional, político ou doutrinária. Simbolicamente, a vista do profano
deve ser protegida da luz originária do Oriente. A venda sobre os olhos do candidato representa
também as trevas e os preconceitos do mundo profano. Já na cerimônia de Elevação, como o
candidato já é um Aprendiz, ele não vive mais nessas trevas e por isso não necessita mais de ter os
olhos vendados. Ele já conhece os trabalhos, os sinais, a ritualística do Templo, assim como já conhece
seus irmãos. Se por acaso estiver presente um conhecido que não faça parte do quadro regular da
Loja, como o Aprendiz já fez um juramento de manter em segredo todo o acontecido internamente
em Loja, isso também não será problema. Simbolicamente, a Vista do irmão Aprendiz que está sendo
elevado já é suficientemente forte para suportar a luz que vem do Oriente.

Durante a cerimônia de Iniciação, o candidato realiza três viagens dentro do Templo, enquanto que
na cerimônia de Elevação são cinco as viagens. Isso acontece porque durante a cerimônia de
Iniciação, o profano deve passar pelas provas dos quatro elementos do mundo antigo: terra, ar,
água e fogo (Enquanto ele passa por 3 provas - ar, água e fogo - dentro do templo, a prova da terra
é feita na Câmara de Reflexões). Como o Aprendiz já passou por essas provas, na cerimônia de
Elevação ele deve conhecer o uso das ferramentas do 2º Grau, representadas pelas viagens. São
quatro viagens de trabalho e uma de meditação. As viagens do Companheiro não tem obstáculos
físicos e são operativos e intelectual procurando a conquista das disciplinas cerebrais.

Ainda na cerimônia de Iniciação, o profano sofre um interrogatório, sendo submetido a diversas


perguntas sobre assuntos de interesse à Maçonaria, como a crença ou não em Deus. Na cerimônia
de Elevação não existem perguntas feitas ao Aprendiz. Isso acontece pois, durante a Iniciação, antes
da aprovação e do ingresso do candidato na Ordem, a Loja precisa ter conhecimento dos
pensamentos do profano e saber se estão de acordo com os princípios praticados pela Ordem.
Como durante a Elevação, o Aprendiz já é conhecido da Loja, não é necessário o questionamento.
ä Uma outra diferença refere-se à idade do candidato. Enquanto o Aprendiz tem 3 anos, o
Companheiro tem 5. Três anos corresponde ao tempo necessário, na antiguidade, para o preparo
do Aprendiz e portanto o porque da sua idade. A idade do Companheiro significa que ele está mais
avançado no caminho maçônico do que o Aprendiz, tendo ainda um longo caminho a percorrer,
além de fazer referência à quintessência (ou quinto elemento, o espírito) e os 5 sentidos.

Existe a diferença entre os sinais de Aprendiz e o de Companheiro. Ambos os sinais referem-se ao


juramento do grau, onde no de Companheiro é acrescido o compromisso de amar fervorosa e
dedicadamente seus irmãos e, ainda reafirma a sinceridade da promessa feita, estando com sua mão
esquerda levantada.

A Marcha do Grau também é distinta entre os dois graus. Enquanto a de Aprendiz possui 3 passos, a
do Companheiro tem 5. Esses números se referem, como já dito acima, na idade do candidato e estão
presentes em vários momentos da ritualística do grau, como nas batidas e no Toque, por exemplo.

Ainda na marcha, além do número de passos ser diferente entre os dois graus, a direção também se
difere: enquanto os passos da marcha do Aprendiz tem somente uma direção, a do Companheiro se
desvia de direção. Essa diferença simboliza o fato de que a direção do Aprendiz deve ser única e
retilínia, pois, como não possui grandes conhecimentos, ele poderia ser perder ao desviar-se e não
conseguir mais achar o caminho de volta. O Companheiro já tem instrução suficiente para marchar em
mais de uma direção, desde que seja sempre em linha reta definida pela ordem. Esse desvio representa
que se algo nos desvia a afetividade, pode-se retornar à linha reta pela razão. Outros significados para
esse desvio seria de que o Companheiro se desvia da reta para tomar a Luz dos Mestres e retorna
levando-a aos irmãos Aprendizes; ou ainda de que o Companheiro maçom é capaz de sair em busca
da verdade em outros caminhos e sempre voltar com mais conhecimento para o seu próprio caminho.

As Palavras Sagradas também se diferem entre os dois graus. Enquanto a do Aprendiz simbolizar
força, moral e apoio, a do Companheiro significa estabilidade, firmeza. As duas representam ainda a
respectiva coluna de entrada no Templo.

A forma de transmissão da Palavra Sagrada é diferente entre o 1º e o 2º Grau. Como o Aprendiz não
sabe ler nem escrever, somente soletrar, para dar a Palavra Sagrada é necessária que essa transmissão
seja feita letra por letra, precisando que quem a pede lhe dê a primeira letra, para que ele dê a
segunda e assim por diante. O Companheiro não possui mais a total ignorância e é capaz de passar a
Palavra Sagrada antes de receber, fazendo a transmissão por sílabas e não mais por letras.

Ainda em se tratando de palavras, nota-se que enquanto no grau de Companheiro existe a Palavra de
Passe, no grau de Aprendiz isso não acontece. Isso simboliza o fato de que, de acordo com a tradição
antiga, o Aprendiz ficava 5 anos cerrado dentro do Templo para só então passar por 2 anos de
observação por parte dos Companheiros e Mestres, sem nunca se comunicar com o mundo profano.
Caso ele deixasse o Templo, jamais voltaria a ele, não sendo necessária, portanto a Palavra de Passe.

Outra diferença notada entre os dois graus é a própria abertura do Livro da Lei. Enquanto no grau
de Aprendiz o Livro da Lei é aberto no Salmo 133 e lidos os versículos 1, 2 e 3, no grau de
Companheiro é aberto em Amós, cap. 7, e lidos os versículos 7 e 8. Enquanto no primeiro é
elogiada a fraternidade que deve existir entre os Irmãos, no segundo é criticado os que não usam o
prumo nas construções, ou seja, sem o uso das ferramentas que dão estabilidade durante a
construção, os Templos irão cair, simbolizando a perda da moral, a preguiça, a soberbia, a hipocrisia
religiosa, corrupção, costumes impuros, entre outros.

A forma de se colocar o Esquadro e o Compasso são diferentes também. No grau de Aprendiz


sobrepõe-se o Esquadro e o Compasso sobre o Livro da Lei, onde o primeiro fica com as pontas
ä voltadas para o Ocidente cobertas pelas pernas do outro, que apontam para o Oriente, simbolizando
que, no Aprendiz, a parte material sobrepõe-se, por enquanto, à parte espiritual. No grau de
Companheiro, o Esquadro e o Compasso são sobrepostos entrelaçados sobre o Livro da Lei, onde o
compasso, estando com as pontas voltadas para o Ocidente, fica com a ponta que aponta para o Sul
sobre o esquadro e a outra sob o mesmo. Isso simboliza que no Companheiro a parte espiritual
começa a se sobrepor à parte material, sendo que esse destacamento se dá na parte do Sul (que
recebe a luz do Sol), ficando o norte ainda nas trevas.

No painel do Grau de Aprendiz, as colunas B e J são encimadas por 3 romãs, enquanto que no do
Grau de Companheiro, a coluna B é encimada por um globo terrestre e a coluna J por um globo
celeste. As romãs, no primeiro grau, simbolizam a fraternidade, a união e a igualdade entre os maçons,
à procura de Deus e à ajuda aos seus semelhantes, lembrando os outros valores dos maçons. Os
globos presentes do painel do Grau de Companheiro simbolizam a universalidade da Ordem.

Ainda no Painel, nota-se que a Loja de Companheiro possui janelas, enquanto que a de Aprendiz
não. O painel de Aprendiz não possui janelas pois sua Loja deve ser iluminada unicamente pela luz
que vem do Oriente. No de Companheiro a Loja é iluminada por 3 janelas situadas no Oriente, no
Sul e no Ocidente. No norte não existe janela, pois a luz nunca vem dessa direção, uma vez que o
norte continua em trevas (não recebe a luz do Sol), com sua parte material sobreposta à espiritual,
como simbolizada pela posição do compasso e do esquadro sobre o Livro da Lei.

Outra diferença notada é a posição da aba do avental. Enquanto o Aprendiz usa com a aba
levantada, o Companheiro a usa abaixada. Simbolicamente a aba do avental do Aprendiz fica
levantada para protegê-lo dos cascalhos da pedra bruta que está sendo debastada e para mostrar
que a parte espiritual (representada pelo triângulo do avental) ainda não faz parte material
(representada pelo retângulo), ajudando a sempre lembrar que a primeira parte deve estar sempre
acima da segunda. O Companheiro já não precisa de proteção, pois já concluiu o desbaste da pedra
bruta e, por já ter o espírito penetrado na matéria.

Essas diferenças ritualísticas servem para, em cada Grau, o Maçom estar sempre atento ao simbolismo
presente na Loja e com a ajuda deles ter o seu conhecimento cada vez mais desenvolvido.

Rodrigo Lavieri Mendes


CøMø

São Paulo, 8 de dezembro de 2010.

Bibliografia:
– Ritual 2º Grau – Companheiro Maçom - Rito Escocês Antigo e Aceito - Grande Oriente do Brasil, 2009
– Simbolismo do Segundo Grau - Rizzardo da Camino - Editora Madras/São Paulo, 2009
– Dicionário Ilustrado da Maçonaria – Sebastião Dodel dos Santos – Biblioteca Maçônica, 1984

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