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GUIA DE ESTUDOS DE PRÁTICAS ON-LINE


PRÉVIAS OU PÓS-MÓDULO
REFERENTES A 12H/AULA DE ESTUDOS EM
SALA DE AULA INVERTIDA

DIMENSIONAMENTO E RESTAURAÇÃO DE
PAVIMENTOS FLEXÍVEIS
MBA EM ENGENHARIA RODOVIÁRIA
PROF. DR. JOAO PAULO SOUZA SILVA

IPOG – INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E GRADUAÇÃO


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Todos os direitos quanto ao conteúdo desse material didático são reservados


ao(s) autor(es).
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/// APRESENTAÇÃO

O pavimento flexível é uma estrutura composta por várias camadas sobre a


superfície final da terraplanagem, destinada a resistir aos esforços oriundos do
tráfego de veículos e do clima e a garantir aos usuários melhores condições de
rolamento, com conforto, economia e segurança. Ele é apenas um dos tipos de
pavimento existentes, são eles: rígidos, semirrígidos e flexíveis.
E ele se diferencia dos demais por apresentar deformação elástica significativa
sob o carregamento aplicado em todas as camadas e, portanto, a carga se
distribui em parcelas aproximadamente iguais entre elas.

O objetivo desta publicação é colocar ao alcance dos estudantes de MBA em


Engenharia Rodoviária, uma coletânea informações originárias de notas de
aula, normas técnicas brasileiras (ABNT e DNIT), capítulos de livros, manuais
técnicos do DNIT e apostilas disponíveis em bancos de dados bibliográficos. A
compilação das informações possibilita aos alunos o acompanhamento sobre
os assuntos, e serve como fonte bibliográfica para questionar, aprofundar e
consolidar os conhecimentos. Além disso, os conteúdos são aplicáveis a
estudos mais elaborados que sejam requeridos no exercício de suas atividades
profissionais, tais como o dimensionamento e restauração de pavimentos
flexíveis.

A formação na área não se encerra no módulo de Dimensionamento e


Restauração de Pavimentos Flexíveis, mas é complementada por outros
módulos temáticos que tratam de geometria, drenagem, dimensionamento de
pavimentos rígidos, dentre outros.

Bons estudos!!!

Prof. Dr. João Paulo Souza


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/// PROGRAMA DAS PRÁTICAS PRÉVIAS ON-LINE (Se esse não


é seu primeiro módulo) – Valor 3,0 pontos e 12h/aula
/// PROGRAMA DAS PRÁTICAS PÓS-MÓDULO ON-LINE (Se
esse é seu primeiro módulo) – Valor 3,0 pontos e 12h/aula
Nesta etapa do desenvolvimento do módulo, você vai aprender ou ainda
relembrar alguns aspectos da Engenharia Rodoviária, já trabalhados em nível
de graduação, acerca de conteúdos sobre Estudo de tráfego para
determinação no número N, de modo a subsidiar conhecimentos prévios para
dimensionamento do pavimento flexível. Deste modo, objetivo desta atividade é
apresentar e aplicar os conteúdos para solucionar um problema de engenharia
real que será apresentado ao final do material.

/// OBJETIVO GERAL

 Proporcionar aos alunos a aprender e/ou relembrar conceitos, teorias e


o desenvolvimento de capacidades e habilidades acerca estudo de
tráfego para determinação do número N, usado no dimensionamento do
pavimento flexível.
/// OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Trazer o mecanismo de Sala de aula invertida, onde há uma inversão da
lógica do modelo de ensino-aprendizagem. Os estudantes entendem os
conceitos antes da aula, ou seja, os conteúdos são propostos pelo
professor e o aluno estuda o material baseado nos roteiros
disponibilizados e preparados especificamente para essa finalidade.
A ideia principal é que o aluno entenda a matéria através de recursos virtuais
em casa e, na sala de aula, ele já entende o mínimo sobre assunto que será
desenvolvido.
O Aluno no papel de protagonista: o aluno se torna um agente bem mais
responsável e ativo com o aprendizado, aprimorando seu engajamento nos
conteúdos.
2) Aplicação dos princípios da Engenharia de Tráfego para determinação
do número “N” (número de passadas do eixo padrão);
3) Conhecer e aplicar de forma prática normas técnicas referentes ao
dimensionamento de pavimentos flexíveis.

Conheça como esse Guia de Acompanhamento de Aula foi organizado.


Unidade 1: Estudo de Tráfego para determinação do número “N”
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/// PROFESSOR DO MÓDULO


João Paulo Souza Silva, graduado em Engenharia Civil e graduação em
Tecnologia em Infraestrutura de Vias, além de Mestrado, Doutorado e Pós-
doutorado em Engenharia Civil, com ênfase em Geotecnia e Pavimentação.
Atua principalmente em projetos, construção e manutenção de
empreendimentos rodoviários.
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UNIDADE 1 – ESTUDO DE TRÁFEGO PARA DETERMINAÇÃO


DO NÚMERO “N”

O OBJETIVO DESSA UNIDADE É TRAZER UMA COMPILAÇÃO


DE INFORMAÇÕES ACERCA DO ESTUDO DE TRÁFEGO PARA
COMPOSIÇÃO DO NÚMERO “N”.

Ao final dos estudos, você deverá ser capaz de: interpretar os principais
parâmetros técnicos que são utilizados na composição do número “N”.

1. VEÍCULOS DE PROJETO
Sgundo o Manual de Estudos de Tráfego do DNIT (DNIT, 2006), para fins de
projeto é necessário examinar todos os tipos de veículos em circulação,
selecionando-os em classes e estabelecendo a representatividade dos
tamanhos dos veículos dentro de cada classe. A grande variedade de veículos
existentes conduz à escolha, para fins práticos, de tipos representativos, que
em dimensões e limitações de manobra, excedam a maioria dos de sua classe.
A estes veículos é dada a designação de veículos de projeto, os quais são
definidos como veículos cujo peso, dimensões e características de operação
servirão de base para estabelecer os controles do projeto de rodovias e suas
interseções.

O Manual de Projeto de Interseções, DNIT, 2005, classifica os veículos usuais


em cinco categorias, a serem adotadas em cada caso conforme as
características predominantes do tráfego:

VP- Representa os veículos leves, física e operacionalmente assimiláveis ao


automóvel, incluindo minivans, vans, utilitários, pick-ups e similares.

CO- Representa os veículos comerciais rígidos, não articulados. Abrangem os


caminhões e ônibus convencionais, normalmente de dois eixos e quatro a seis
rodas.

O - Representa os veículos comerciais rígidos de maiores dimensões. Entre


estes incluem-se os ônibus urbanos longos, ônibus de longo percurso e de
turismo, bem como caminhões longos, frequentemente com três eixos (trucão),
de maiores dimensões que o veículo CO básico. Seu comprimento aproxima-se
do limite máximo legal admissível para veículos rígidos.

SR - Representa os veículos comerciais articulados, compostos de uma


unidade tratora simples (cavalo mecânico) e um semirreboque. Seu
comprimento aproxima-se do limite máximo legal para veículos dessa
categoria.
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RE - Representa os veículos comerciais com reboque. É composto de uma


unidade tratora simples, um semirreboque e um reboque, frequentemente
conhecido como bitrem. Seu comprimento é o máximo permitido pela
legislação.

O DNIT apresenta uma classificação para os veículos, de acordo com o


número de eixos:

Figura 1- Rodotrem

Figura 2- Classificação de veículos em função do número de eixos

 C = veículo simples (caminhão ou ônibus) ou veículo trator + reboque;


 S = veículo trator (cavalo mecânico) + semirreboque;
 I = veículo trator + semirreboque com distância entre eixos > 2,40 m
(eixos isolados);
 J = veículo trator + semirreboque com um eixo isolado e um eixo em
tandem;
 D = combinação dotada de 2 (duas) articulações;
 T = combinação dotada de 3 (três) articulações;
 Q = combinação dotada de 4 (quatro) articulações;
 X = veículos especiais;
 B = ônibus.

-Exemplo:
3C = caminhão simples com 3 eixos

3C3 = caminhão simples com 3 eixos + 1 reboque com 3 eixos

2S3 = caminhão trator (cavalo mecânico) com 2 eixos + semi-reboque com 3 eixos

2I2 = caminhão trator com 2 eixos + semi-reboque com 2 eixos isolados

3D3 = caminhão simples com 3 eixos + reboque especial com 3 eixos

3Q4 = caminhão simples com 3 eixos + 2 reboques com 4 eixos - treminhão

3T6 = caminhão trator com 3 eixos + 2 ou 3 semi-reboques com 6 eixos - rodotrem ou


tri- trem
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3X6 = caminhão trator com 3 eixos + reboque com 6 eixos - carga excepcional

Para os veículos simples existem as classes:

2CB – exclusiva para ônibus dotado de 2 (dois) eixos, sendo o traseiro de rodagem
dupla.

3CB - exclusiva para ônibus dotados de conjunto de eixos traseiro duplo, um com 4
(quatro) e outro com 2 (dois) pneumáticos;

4CB - exclusiva para ônibus dotados de 2 (dois) eixos direcionais;

4CD - exclusiva para caminhões dotados de 2 (dois) eixos direcionais.

As tabelas a seguir trazem os principais veículos adotados na classificação do


DNIT.
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Tabela 1 – Veículos utilizados na classificação do Manual de Estudos de


Tráfego (DNIT, 2006)
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Tabela 2 – Veículos utilizados na classificação do Manual de Estudos de


Tráfego (DNIT, 2006)
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Tabela 3 – Veículos utilizados na classificação do Manual de Estudos de


Tráfego (DNIT, 2006)
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Tabela 4 – Veículos utilizados na classificação do Manual de Estudos de


Tráfego (DNIT, 2006)
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Tabela 5 – Veículos utilizados na classificação do Manual de Estudos de


Tráfego (DNIT, 2006)

2. TIPOS DE CAMINHÃO PARA CARGA PESADA NO BRASIL


Todos os tipos de caminhão para carga pesada, também conhecidos como
carretas, transportam grandes quantidades de produtos. Por conta disso, são
veículos longos e que possuem mais de dois eixos para suportar a carga.

Eles possuem a força motriz, a roda de tração e o motor em uma parte do


veículo, conhecida como cavalo mecânico. A carga fica em outro
compartimento, que é ligado ao cavalo mecânico, para que o transporte possa
ser realizado.

São diversos os tipos de caminhão para carga pesada e podem ser


identificados pelo número de eixos que possuem. Eles estão divididos em 7
tipos:
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2.1 Cavalo mecânico


O caminhão chamado de cavalo mecânico, também conhecido como
extrapesado, é aquele que possui um eixo simples com apenas 2 rodas de
tração. É usado com vários tipos de semirreboques, dependendo da carga a
ser transportada.

Figura 3- Cavalo Mecânico (Fonte: https://blog.cargobr.com )

2.2 Cavalo mecânico trucado


O cavalo mecânico trucado possui dois eixos, o que o diferencia do tipo acima
apresentado. Normalmente, é utilizado para cargas mais pesadas que
precisam estar melhor distribuídas pela carreta.
Também transporta diversos tipos de semirreboques.

Figura 4- Cavalo Mecânico trucado (Fonte: https://blog.cargobr.com )

2.3 Carreta 2 eixos


A carreta 2 eixos possui a mesma característica do cavalo mecânico trucado,
no entanto, seu comprimento é de, no máximo, 18,15 metros, suportando um
peso máximo bruto de 33 toneladas. A característica específica desse veículo é
que a carroceria também possui 2 eixos, por isso, o seu nome.
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Figura 5- Carreta 2 eixos (Fonte: https://blog.cargobr.com )

2.4 Carreta 3 eixos


Esse tipo de carreta usa no cavalo mecânico 2 eixos, mas o semi-reboque é
triplo. O uso de 3 eixos na parte em que a carga é acondicionada, permite que
sejam carregadas até 41,5 toneladas de peso bruto. Seu comprimento máximo
também é de 18,15 metros.

Figura 6- Carreta 3 eixos (Fonte: https://blog.cargobr.com )

2.5 Carreta cavalo trucado


A carreta cavalo trucado é parecida com a de 3 eixos, no entanto, suporta até
45 toneladas de peso bruto. Ela também mantém o comprimento máximo de
18,15 metros.

Figura 7- Carreta cavalo trucado (Fonte: https://blog.cargobr.com )

2.6 Bitrem
O bitrem, também conhecido como treminhão, segue o modelo do cavalo
trucado, mas possui em todo sua extensão 7 eixos. Esse veículo suporta 57
toneladas de peso bruto e, como o nome diz, traciona dois semirreboques.
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Figura 8- Bitrem (Fonte: https://blog.cargobr.com )

2.7 Rodotrem
O rodotrem é ainda maior do que os outros tipos de caminhão para carga
pesada apresentados até agora.
Também possui dois semirreboques, mas suporta até 74 toneladas de peso
bruto em seus 9 eixos de sustentação.

Figura 9- Rodotrem (Fonte: https://blog.cargobr.com )


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3. EIXO SIMPLES PADRÃO (ESP)


Sempre ouvimos falar em “Eixo Padrão” ou “Eixo Padrão Rodoviário”, mas
afinal o que significa isso?

O Eixo Simples Padrão Rodoviário é o eixo utilizado para o dimensionamento


de um pavimento. Como em uma via ou rodovia trafegam diferentes tipos de
veículos como ônibus, caminhões, carretas, utilitários e de passeio, e com
variadas cargas em seus eixos, introduziu-se o conceito de Eixo Padrão
Rodoviário.

Ele é um eixo simples de duas rodas de cada lado e com as seguintes


características:
Carga por eixo: 8,2tf = 80kN
Carga por roda: 2,04tf = 20kN
Pressão de enchimento dos pneus: 5,6 kgf/cm2
Pressão de contato pneu/pavimento: 5,6 kgf/cm2
Afastamento entre pneus, por roda: 32,4cm
Raio da área de contato pneu/pavimento: 10,8cm

Figura 10- Eixo Simples Padrão (Fonte: www.pedreirão.com.br )


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Figura 11- Eixo Simples Padrão

Assim, para o efeito do dimensionamento de pavimentos temos dois


parâmetros:
“n” = Número de eixos que solicitam o pavimento durante o período de projeto
Número “N” = Número de repetições de carga equivalente a um Eixo Padrão
de 8,2t (eixo padrão rodoviário). O Número “N” é parâmetro mais importante na
maioria dos métodos de dimensionamento de pavimentos.

É importante salientar que para o cálculo do número “N”, apenas os


veículos comerciais são considerados.

4. FATOR DE EQUIVALENTE DE OPERAÇÃO (FEO)

Fator equivalente de operação (FEO) referente a um dado eixo é o número de


ESP (Eixo Simples Padrão) equivalente ao eixo considerado.

A classificação dos veículos vai indicar o quão destrutivas as cargas aplicadas


pelos mesmos serão para o pavimento. Essa resposta é indicada pelo
parâmetro conhecido como Fator de Veículo.

O Fator de Veículo vai indicar o quanto cada tipo de veículo representa em


relação a um eixo padrão de 8,2 toneladas. Dessa forma é necessário que haja
uma transformação para cada um desses tipos, levando em consideração sua
frequência na contagem volumétrica, quantidade de eixos e a carga aplicada
em cada um desses eixos.

O quadro de fabricantes de Veículos indicado pelo DNIT apresenta cada tipo


de veículo com sua respectiva carga por eixo, no molde exemplificado na
Figura abaixo.
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Figura 12- Carga por eixo nos veículos.

Os eixos podem ser do tipo ESRS (Eixo Simples Roda Simples) com 6
toneladas, ESRD (Eixo Simples Roda Dupla) com 10 toneladas, ETD (Eixo
Tandem Duplo) com 17 toneladas e ETT (Eixo Tandem Triplo) com 25,5
toneladas. As siglas para cada tipo de veículo com suas respectivas cargas são
mostradas abaixo.
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Figura 13- Tipo e composição de cada veículo.

4.1 Limites Legais – LEI DA BALANÇA

As tolerâncias aplicadas sobre os limites de peso bruto total e peso bruto


transmitido por eixo dos veículos fiscalizados nas Operações de Pesagem, em
adequação às regras estabelecidas na Lei no 14.229 de 21 de outubro de
2021, passam a vigorar da seguinte forma:

Fica permitida, na pesagem de veículos de transporte de carga e de


passageiros, a tolerância máxima de:

a) 5% (cinco por cento) sobre os limites de peso bruto total ou peso bruto
total combinado;
b) 12,5% (doze inteiros e cinco décimos por cento) sobre os limites de peso
bruto transmitido por eixo de veículos à superfície das vias públicas;

Na prática, ficará da seguinte forma:

Nesse caso, a realização das leituras e verificação de pesagem dos veículos


de carga e passageiros devem ser realizados da seguinte forma:
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Entretanto, a devida Lei no 14.229 de 21 de outubro de 2021, entrou em


vigência e ainda não está regulamentado tais limites e requisitos técnicos às
configurações de veículos de carga com PBT regulamentado igual ou inferior a
50 toneladas para peso por eixo pelo CONTRAN com informações do
fabricante dos veículos.

Aos veículos de carga e passageiros com configurações de carga e


passageiros com limite regulamentado PBT superior à 50 toneladas devem
seguir procedimentos atuais que já eram realizados rotineiramente, onde será
necessária a alteração da verificação do limite legal para 12,50% no peso por
eixo.

A seguir, mostramos a representação esquemática do peso máximo admitido


por eixo ou conjunto de eixos. Vale ressaltar que foi adotado o percentual de
tolerância por eixo de 12,5%, conforme determina a Lei no 14.229 de 21 de
outubro de 2021.
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23
24

4.2 Como determinar o Fator Equivalente de Operação (FEO)?

Para determinar o FEO, é necessário conhecer previamente as cargas por eixo


de cada veículo estudado. A partir daí, utiliza-se os ábacos abaixo, que são
disponibilizados no Manual de Pavimentação do DNIT (Publicação 719 de
2006).

Importante saber se o eixo analisado é do tipo Simples ou Tandem (duplo ou


triplo).

Exercício Resolvido
Qual a carga que o veículo abaixo poderá transportar? Qual o Fator
Equivalente de Operação (FEO) do caminhão abaixo?

RESPOSTA
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O primeiro eixo é simples e portanto leva 6t. O segundo, com 4 pneus, leva 10.
Os eixos três, quatro e cinco são um conjunto, portanto levam 25,5t. Logo, o
caminhão poderá transportar 6+10+25,5 = 41,5t

Entretanto, é importante considerar que poderá ter uma carga extra,


considerando a Lei da Balança.

Agora, é possível determinar para cada eixo qual o FEO respectivo, ou seja:

Eixo 1 – Eixo Simples (ES), Roda Simples (RS), 6t. LOGO, FE = 0,278

Eixo 2 – Eixo Simples (ES), Roda Dupla (RD), 10,0t. LOGO, FE = 3,289

Eixo 3 – Eixo Triplo (ET), Roda Dupla (RD), 25,5t. LOGO, FE = 9,3
Obs.: Note que o Eixo triplo é um eixo do tipo TANDEM.
Assim, o Fator Equivalente de Operação FINAL do veículo será o somatório de
todos os Fatores Equivalentes para cada eixo do veículo, ou seja:

FEO =  FEOi
FEO do veículo 2S3  0,278 + 3,289 + 9,3 = 12,867

5. FATOR DE VEÍCULO (FV)

Por meio do tipo de veículo, calcula-se um fator de equivalência de carga para


cada eixo, cujos valores somados representa o fator total do veículo. Cada fator
calculado deve ser multiplicado pela frequência do respectivo tipo de veículo e
o somatório dos resultados representará o Fator de Veículo (FV).

Exemplo: Determinar o Fator de Veículo (FV) para o tráfego apresentado


abaixo.
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Taxa de crescimento anual = 3%


Período de Projeto = 15 anos
Após observar os dados da tabela acima, é possível determinar a carga por
eixo de cada veículo, conforme mostrado na tabela abaixo.

Agora, é possível determinar os fatores de equivalência de carga para cada


eixo de cada veículo.

O Eixo Simples (ES) Roda Simples (RS), com 6t de peso, tem FEO = 0,278,
como pode ser visto no ábaco abaixo.

O Eixo Simples (ES) Roda Dupla (RD), com 10t de peso, tem FEO = 3,289,
como pode ser visto no ábaco abaixo.

O Eixo Duplo (ED) Roda Dupla (RD), com 17t de peso, tem FEO = 8,549, como
pode ser visto no ábaco abaixo.

O Eixo Triplo (ET) Roda Dupla (RD), com 25,5t de peso, tem FEO = 9,3, como
pode ser visto no ábaco abaixo
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Então, agora é possível determinar o Fator de Veículo. Note que o FEO do


veículo, é a soma dos FEO’s de todos os eixos. Por exemplo, o veículo 2C, tem
FEO = 0,278 + 3,289  3,567
O FV do veículo 2C é igual ao produto do FEO pela porcentagem de
participação no tráfego, ou seja:

Tipo de
Quantidade % (ESRS) (ESRD) (EDRD) (ETRD) FEO do veículo
Veículo
2C 400 70,80% 0,278 3,289 - - 3,567
3C 100 17,70% 0,278 - 8,549 - 8,827
2S2 50 8,85% 0,278 3,289 8,549 - 12,116
2S3 15 2,65% 0,278 3,289 - 9,3 12,867
100,00
TOTAL 565 - - - - -
%

O VEÍCULO 2C, possui ESRS (FEO = 0,278) e RSRD (FEO = 3,289)  FEO
total desse veículo = 3,567
Então, o ESRS do veículo 2C possui participação de x% no tráfego total
avaliado:
0,278 --------- x %
3,567 --------- 70,80%
Logo, x = 5,52% (mostrado na planilha abaixo)

Tipo de Quantidad FE FE FE FE do
% FE(ESRS)
Veículo e (ESRD) (EDRD) (ETRD) veículo

2C 400 70,80%
5,52 65,28% 70,80%
%
3C 100 17,70% 0,56% 17,14% 17,70%
2S2 50 8,85% 0,20% 2,40% 6,24% 8,85%
2S3 15 2,65% 0,06% 0,68% 1,92% 2,65%
100,00
TOTAL 565 6,34% 68,36% 23,39% 1,92% 100,00%
%

Assim, é possível determinar todos os FE’s de todos os tipos de eixos que


participam do tráfego avaliado. Isso pode ser observado na tabela acima.

FV = (FE do tipo de eixo) x (%FE total do tipo de eixo)

FV do tráfego = Soma FV’s de todos os eixos


Os resultados podem ser observados abaixo.
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FATOR DE VEÍCULO (FV) do tráfego analisado

FATOR DE VEÍCULO (FV) do tráfego analisado


FV do
FV (ESRS) FV(ESRD) FV (EDRD) FV (ETRD)
tráfego
0,0176 2,2484 1,9993 0,1785 4,444

6. DETERMINAÇÃO DO VOLUME TOTAL DE VEÍCULOS –


CONSIDERANDO PROGRESSÃO ARITMÉTICA

Para obter o Volume total de veículos que irá atuar na vida total de projeto, é
necessário primeiro determinar o Volume médio de veículos, aplicando a
seguinte equação:

Vm=
VMD corrigido 2+
[ ( )]
P∗t
100
2

Onde:
Vm = média de veículos atuando no pavimento na vida de projeto;
VMD corrigido = VMD após verificar quantas faixas de rolamento existem,
usando a tabela abaixo.
P = Vida útil de projeto
t = taxa de crescimento anual
Importante ressaltar que se houver mais de uma faixa de tráfego num mesmo
sentido, o VMD deve ser corrigido usando as equações da tabela abaixo.

Número de faixas num só sentido VMD corrigido (VMD’)


1 VMD’ = 0,50 * VMD
2 VMD = 0,42 * VMD
3 VMD = 0,37 * VMD

Após determinar Vm, então é possível calcular o número total de veículos que
irá atuar no pavimento num só sentido de tráfego, usando a seguinte equação:

Vt = 365 x P x Vm

EXEMPLO: Num determinado projeto, de uma Rodovia com duas faixas de


tráfego (uma de cada lado, ou seja, faixa simples), a quantidade de Veículos
Médio Diário (VMD) obtido por contagem volumétrica, indicou VMD = 565
29

veículos comerciais passando por dia nas duas direções (ida e volta). A taxa de
crescimento anual do tráfego a ser considerado é de 3,0% e vida útil do projeto
15 anos.

Taxa de crescimento anual = 3%


Período de Projeto = 15 anos

Como saber qual a quantidade de veículos a ser


computado no cálculo?
RESPOSTA:
Neste caso, a quantidade de faixas de tráfego = 2 (1 ida e 1 volta); então, o
número de faixas num só sentido = 1; portanto a equação que deve ser usada
é:
VMD corrigido = 0,5 * VMD; logo Vm = 0,5 * 565  VMD corrigido = 283

Vm=
[ ( )] 
VMD corrigido 2+
P∗t
100
2

Vm=
[ ( )]  Vm = 346
283 2+
15∗3 ,0
100
2

Logo, Vt = 365 x P x Vm  Vt = 365 x 15 x 346  1.894.350 veículos

7. DETERMINAÇÃO DO VOLUME TOTAL DE VEÍCULOS –


CONSIDERANDO PROGRESSÃO GEOMÉTRICA

O Volume total de tráfego (Vt) é determinado da seguinte forma:

[( ) ]
P
t
365 Vi 1+ −1
100
Vt =
t
100
Onde:
Vt = Volume total de tráfego
30

Vi = Volume inicial de tráfego


t = taxa de crescimento anual
P = Período de crescimento (tempo de projeto)
EXEMPLO: Calcular o Volume Total de Tráfego para as condições abaixo:

Taxa de crescimento anual = 3%


Período de Projeto = 15 anos

[( ) −1]
15
3
365∗565 1+
100
Vt =  3.835.561 veículos que provavelmente
3
100
passarão no pavimento ao longo de 15 anos.

8. CÁLCULO DO NÚMERO “N”

O número N (ou Nt) é o número de repetições do eixo padrão simples (ESP)


durante a vida de projeto de P anos de um pavimento.

Se considerado crescimento ARITMÉTICO do tráfego, então deve ser usado


Vm para o cálculo do “N”; logo:

Vm=
VMD corrigido 2+
[ 100 )]
( P∗t e então determinar
2
Vt = 365 x P x Vm
Logo após, determinar:
N = Vt x FV

Se considerado crescimento GEOMÉTRICO do tráfego, então deve ser usado


Vt:

[( ) ]
P
t
365 Vi 1+ −1
100
Vt =
t
100
31

N = Vt x FV
PASSO 6 – CÁLCULO DO “N” DE PROJETO

PARA CRESCIMENTO ARITMÉTICO = Vt = 1.894.350 veículos e FV = 4,615


(obtido no PASSO 2)
N = Vt x FV
N = 1.894.350 x 4,615
N = 8.742.425 passagens do Eixo Padrão Simples ao longo de 15 anos
N = 8,42 x 10^6
PARA CRESCIMENTO GEOMÉTRICO = Vt = 3.835.561 veículos e FV =
4,615 (OBTIDO NO PASSO 2)
N = Vt x FV
N = 3.835.561 x 4,615
N = 17.701.114 passagens do Eixo Padrão Simples ao longo de 15 anos
N = 1,7 x 10^7
N = 1,77 x 10^7  esse será o valor que deve
ser usado para o projeto de dimensionamento do
pavimento, independente do método CBR ou
MeDiNa
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ORIENTAÇÕES SOBRE A ATIVIDADE


AVALIATIVA ON-LINE
PRÉVIA – Se esse não for seu primeiro
módulo
PÓS-MÓDULO – Se esse for seu primeiro
módulo

Valor: 3,0 pontos na média


Carga horária: 12h/aula
Aqui você vai encontrar todas as instruções acerca da atividade avaliativa
prévia, também conhecida como práticas prévias on-line.
Título da atividade: Estudo de tráfego para dimensionamento de
pavimento flexível rodoviário
Objetivo da atividade: ao final da atividade, espera-se que o estudante
consiga resolver um problema prático e real de engenharia envolvendo
conteúdo e conceitos acerca do estudo de tráfego, com base nos manuais do
DNIT.
Descrição da atividade: para resolver a questão-problema, é necessário que
o estudante tenha feito um estudo dos conteúdos relacionados na Unidade I
neste Guia. Além disso, é desejável que o estudante busque na literatura
referenciada, maiores detalhes para reforçar seus estudos. Os conhecimentos
adquiridos, são itens fundamentais para que o problema seja interpretado,
resolvido e analisado de maneira fundamentada em princípios da Engenharia
Rodoviária.
Como deverá ser o arquivo que o estudante deverá entregar?
1º - Resolva a questão-problema, utilizando blocos de anotações manuais ou
eletrônicos, planilhas eletrônicas, gráficos, tabelas, etc.
2º - Prepare um arquivo ÚNICO em formato PDF com tudo que você resolveu:
cálculos, análises e conclusões.
3º - Após resolver a questão-problema, o estudante deverá acessar o Portal do
Aluno, e dentro do AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, localizar a
atividade:
a) Prévia do Módulo Dimensionamento e Restauração de Pavimentos
Flexíveis – se esse não for seu primeiro módulo
b) Pós-Módulo de Dimensionamento e Restauração de Pavimentos
Flexíveis – se esse for seu primeiro módulo na Pós-graduação
33

Siga rigorosamente as instruções de postagem que foram lançadas no sistema,


bem como o prazo institucional.
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ATIVIDADE AVALIATIVA

ESTUDO DE TRÁFEGO PARA DETERMINAÇÃO DO


NÚMERO “N” DE PROJETO
Deseja-se projetar um pavimento flexível para uma Rodovia Federal, pista
DUPLA, que apresenta os seguintes parâmetros:

a) Trata-se de projeto de obra de pavimentação de rodovia com pavimento


flexível
b) VMD: 1104 veículos/dia (obtido na contagem de tráfego)
c) Distribuição de tráfego em classe de carga:

d) A taxa de crescimento de tráfego é de 3,0% ao ano.


e) vida útil do pavimento igual a 10 anos.

Pede-se determinar o parâmetro “N” que será utilizado para


dimensionamento da estrutura do pavimento, seguindo as
recomendações do DNIT.
Após obtenção do valor de “N”, é importante que seja feita uma análise
desse resultado, de modo que se possa compreender e ter uma
expectativa de como o projeto deverá ser pensado.

VOCÊ PRECISA FAZER OS CÁLCULOS E


APRESENTÁ-LOS.
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AQUI SÃO ENUMERADAS ALGUMAS DICAS PARA


RESPONDER OS QUESTIONAMENTOS
É importante ressaltar que aqui vai apenas algumas DICAS de como
iniciar a análise do problema. Caso o aluno opte por não seguir as
sugestões, não tem problema, desde que responda de maneira adequada
o que foi proposto no problema.

VOCÊ PRECISA FAZER OS CÁLCULOS!!!!!


PASSO 1 - Após observar os dados da tabela acima, é possível determinar a
carga por eixo de cada veículo, conforme mostrado na tabela abaixo.

PASSO 2 - Após utilização das curvas dos ábacos é possível determinar os o


Fator Equivalente de Operação (FEO).

PASSO 3 - Após determinar FV, agora deve ser determinado Vt.

PASSO 4 - CONSIDERANDO CRESCIMENTO ARITMÉTICO DO TRÁFEGO:

Neste caso, verifique a quantidade de faixas de tráfego (ida e volta); determine


então, o número de faixas num só sentido. Lembre-se da tabela abaixo!

Número de faixas num só sentido VMD corrigido (VMD’)


1 VMD’ = 0,50 * VMD
2 VMD = 0,42 * VMD
3 VMD = 0,37 * VMD

Determine Vm, por meio da equação abaixo

Vm=
[ ( )]
VMD corrigido 2+
P∗t
100
2

AGORA pode determinar Vt = 365 x P x Vm

PASSO 5 – CONSIDERANDO CRESCIMENTO GEOMÉTRICO DO


TRÁFEGO, USE A EQUAÇÃO ABAIXO:

[( ) ]
P
t
365 Vi 1+ −1
100
Vt =
t
100

PASSO 6 – CÁLCULO DO “N” DE PROJETO


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PARA CRESCIMENTO ARITMÉTICO = use o Vt baseado no Vm, ou seja Vt


= 365 x P x Vm
Use o FV que você já calculou, OBTIDO NO PASSO 2
Agora determine N, usando a equação abaixo:
N = Vt x FV
N = XXXXXXXXXX passagens do Eixo Padrão Simples ao longo de 15
anos
N = X,XX x 10^x

PARA CRESCIMENTO GEOMÉTRICO = Vt = obtido no Passo 5 e FV =


obtido no PASSO 2

Agora determine N, usando a equação abaixo:


N = Vt x FV
N = XXXXXXXXXX passagens do Eixo Padrão Simples ao longo de 15
anos
N = X,XX x 10^x
PASSO 7 – FAÇA UMA ANÁLISE E CONCLUSÃO DE SEU ESTUDO

Seja criativo e técnico ao mesmo tempo. Busque respaldo na literatura, mas


também emita opinião acerca das análises feitas por você.

POR EXEMPLO:
1) MOSTRE OS CÁLCULOS DO NÚMERO “N”, MAS NÃO ENVIE A
PLANILHA COMO RESPOSTA DE SUA ATIVIDADE! FAÇA VOCÊ MESMO
SUAS ANÁLISES. NÃO É OBRIGATÓRIO FAZER NO COMPUTADOR,
PODE SER FEITO À MÃO TAMBÉM!
2) O QUE REPRESENTA FISICAMENTE ESSE RESULTADO DE "N"?
3) COM ESSE "N" ESSE PAVIMENTO SERÁ CLASSIFICADO COMO DE
TRÁFEGO LEVE, MODERADO OU ELEVADO? ISSO TEM ALGUMA
INFLUÊNCIA NO DIMENSIONAMENTO DO PAVIMENTO FLEXÍVEL? O QUE
SERIA?

O TRABALHO ENVIADO SEM MOSTRAR OS


CÁLCULOS NÃO TERÁ NOTA TOTAL NO
EXERCÍCIO.
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/// PARA FINALIZAR

Estudamos na Unidades I, os principais elementos utilizados na determinação


do estudo de tráfego, de modo a subsidiar a construção do número “N”, que por
sua vez será usado no dimensionamento do Pavimento flexível rodoviário.
Pudemos também relembrar conceitos sobre estudo de tráfego, lei da balança,
veículos de carga rodoviários e como os mesmos podem afetar no
desempenho do pavimento rodoviário.
Isso traz maior segurança para o profissional atuar na área de maneira
eficiente e eficaz.

Prof. Dr. João Paulo Souza Silva


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/// REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


B., MOTTA, L. M. G da, CERATTI, J. A. P. e BARBOSA, J. S. Pavimentação
Asfáltica: Formação Básica para Engenheiros. Rio de Janeiro, Patrocínio da
Petrobrás S.A⁄ABEDA, 2006.

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES - DNIT. Manual de Pavimentação.


Publicação IPR 719, 2006.

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES - DNIT. Manual de Estudos de Tráfego.


Publicação IPR 723, 2006.

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES - DNIT. Quadro de fabricantes de


veículos. Coordenação geral de operações rodoviárias, 2022. Disponível em
https://www.gov.br/dnit/pt-br/rodovias/operacoes-rodoviarias/pesagem/
QFV2012ABRIL.pdf

SENÇO, Wlastermiller de. Manual de Técnicas de Pavimentação. Editora Pini


Ltda, São Paulo, Volumes 1 e 2, 2003.

SOUZA, Murilo Lopes de. Método de projeto de pavimentos flexíveis. 3ª


edição. Rio de Janeiro, IPR, 1981. Publicação IPR 667

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